ROGÃRIO MIRANDA GOMES AS MUDANÃAS NO MUNDO DO ...
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44que a própria manufatura trará em si o germe de sua superação. Dentre as muitasoficinas que a manufatura criou, uma será especial: a manufatura de ferramentas.Nessa manufatura serão produzidas, por artesãos, as primeiras máquinas e estas ao semostrarem eficientes e tornarem-se hegemônicas eliminarão o trabalho manual comofundamento da produção. Somente com a maquinaria controlando o processo deprodução poder-se-á dizer que o trabalho encontra-se realmente subsumido ao capital.2.5 OS IMPACTOS DA MAQUINARIA E DA GRANDE INDÚSTRIA SOBRE AQUALIFICAÇÃO DO TRABALHOA mão daquele martelonunca muda de compasso.Mas tão igual sem fadiga,Mal deve ser de operário;ela é por demais precisapara não ser mão de máquina,e máquina independentede operação operária. (...)que, sem nenhum coração,vive a esgotar, gota a gota,o que o homem, de reserva,possa ter na íntima poça.(MELO NETO, 1997: 319,321)Após a mudança que a divisão manufatureira provocou no processo de trabalho,principalmente em seu aspecto subjetivo (a força de trabalho), a grande revoluçãodesencadeada pela grande indústria teve como objeto os meios de trabalho. É com odesenvolvimento da maquinaria que o capital consegue retirar do trabalhador o papelcentral no processo de produção e, consequentemente, consolida-se a subsunção realdo trabalho ao capital. Para entendermos melhor como se deu esse processo,recorreremos seguidamente ao capítulo XIII do livro I de O Capital, no qual Marx fazuma profunda e elucidativa análise dessa transição.Um primeiro aspecto abordado pelo autor e que é fundamental para acompreensão desse nível de revolução provocado pela grande indústria é a distinçãoentre ferramenta e maquinaria. Marx contesta a concepção simplista de que
45ferramentas e máquinas correspondessem essencialmente ao mesmo objeto, separadosapenas pelo nível de desenvolvimento tecnológico, ou seja, rejeita a idéia segundo aqual a máquina seria apenas uma ferramenta complexa, e a ferramenta uma máquinasimples. Contesta também a tese de que a diferença se encontra na força motriz: ouseja, que a ferramenta seria movida pela força humana, enquanto que a máquina seriamovida de outras formas. Segundo ele, a distinção deve ser observada principalmenteno papel que uma e outra desenvolvem no processo produtivo. Embora ambasrepresentem historicamente diferentes formas de apresentação dos meios de trabalho,ocorre uma mudança qualitativa na transformação da ferramenta em máquina.Enquanto aquela cumpre o papel de instrumento a serviço do trabalhador para aexecução de determinadas tarefas, a máquina coloca o trabalhador a seu serviço para aação sobre o objeto de trabalho.Das partes constituintes de toda maquinaria – motor, transmissão e máquinaferramenta - foi da máquina-ferramenta que partiu a revolução industrial do séculoXVIII. Essa transformação consistiu basicamente na reunião de diversas ferramentas,que eram utilizadas pelo artesão ou por uma série de trabalhadores em um determinadoprocesso de produção, que foram acopladas a um mecanismo único. Ou seja, namaioria das vezes, as próprias ferramentas utilizadas pelo artesão ou pelo trabalhadorparcelar “passaram a ser utilizadas” pela máquina. “Quando a ferramenta propriamentedita se transfere do homem para um mecanismo, a máquina toma o lugar da simplesferramenta”. (MARX, 2001: 430). Esse mecanismo único, inicialmente, em muitoscasos, teve como força motriz o próprio homem, pois, a revolução industrial seapodera primeiro das ferramentas, deixando para o trabalhador aquela função. Porém,com o passar do tempo, a força humana como forma de propulsão mostra-se limitadapara a produção industrial e desenvolvem-se outras formas de propulsão mais potentese regulares como o vapor e, mais tarde, os combustíveis vários. É essa transformação,dos instrumentos de trabalho do homem em ferramentas incorporadas a um aparelhomecânico, que propiciará aos meios de trabalho a emancipação dos limites próprios daorganicidade humana. Um trabalhador somente podia operar um número reduzido deinstrumentos simultaneamente, com uma velocidade também limitada sendo que,
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