ROGÃRIO MIRANDA GOMES AS MUDANÃAS NO MUNDO DO ...
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18isso, ganham notoriedade expressões que remetem a essa mudança de período, como,por exemplo, “pós-modernidade”, “pós-industrial” 1 , entre outras. Vários fatores sãoelencados para evidenciar essa transformação, entre eles: uma maior automatização doprocesso industrial; o surgimento de um modelo de acumulação flexível; umacrescente liberação da força de trabalho; a comunicação e a inter-relação crescentesentre diferentes etnias, povos; a constituição de formas atípicas de relações de trabalhopara além da contradição capital/trabalho; entre outros.Não consiste em nosso objetivo nesse estudo discutir os vários aspectos citadosacima – eles, por si só, justificariam várias outras dissertações - embora pensemosserem fundamentais para uma melhor compreensão do período histórico em quevivemos. Devemos, no entanto, responder a uma questão: em tempos de tantos “pós-”,que, em última instância, significam “pós-trabalho”, como se justifica um esforço emelaborar um estudo que tenha como objeto o processo de trabalho? Maisespecificamente um aspecto do processo de trabalho, a qualificação? Para responder aessa questão, justificando dessa forma esse estudo, pensamos ser fundamentalexplicitar qual a nossa compreensão acerca do trabalho humano e quais asconseqüências que essa concepção enseja. Assim estaremos, a nosso ver, fornecendoelementos que podem tornar a análise das questões apontadas acima mais rica econstituída de um caráter de totalidade. Cabe, portanto, explicitarmos porque nodecorrer dessa dissertação fazemos da qualificação do trabalho – mais especificamentedo trabalho em saúde - nosso objeto de estudo.Como explicitamos anteriormente, temos no materialismo dialético o nossométodo-guia por entendermos ser este o que mais fidedignamente consegue nos darelementos para apreender o real em sua totalidade. Não significa que por termos ummétodo eficiente consigamos necessariamente apreender todas as “múltiplasdeterminações” do real; significa, no entanto, que podemos desenvolver o potencial defazê-lo. Ao expor isso estamos demonstrando que estaremos recorrendo no decorrer da1 São inúmeras as novas denominações dadas ao atual período histórico. Algumas delas são: sociedadedo tempo livre e/ou sociedade do conhecimento (MANSELL, 1996; MASI, 1999), sociedade pósindustrial(BELL, 1973; GORZ, 1994), economia em rede (CASTELLS, 1998), sociedade dainformática e/ou da informação (SCHAFF, 1995; LOJKINE, 1995). (citados por POCHMANN, 2001).
19discussão acerca do processo de trabalho às categorias marxianas acerca do trabalho eda realidade social como auxílio à difícil tarefa de apreensão da qualificação dotrabalho em saúde em toda sua complexidade.Pois bem, como nosso estudo acerca do trabalho passa necessariamente pelaanálise da sociedade humana em seu desenvolvimento histórico, cabe, inicialmente,definir aquele que para nós é o primeiro pressuposto da história humana. Estamos nosreferindo à existência concreta do ser humano enquanto tal. Para discutirmoselementos da sociedade humana é necessário que o ser humano exista. E aqui surge aprimeira questão a ser resolvida pela humanidade. A existência do ser humano não édada; precisam os seres humanos produzir as condições da sua existência a partir doque encontram na natureza. Por isso, para Marx e Engels (2002) os homensproduzindo os meios de produção da sua existência constituem o primeiro AtoHistórico, ou seja, o primeiro ato da história da humanidade. Logo toda a construçãodas sociedades humanas se edificará sobre essa necessidade fundante do ser: produziros meios de produção da sua existência. Para realizar esse ato fundamental o homemprecisa se valer daquilo que encontra disponível para tal, qual seja, a natureza. É apartir da relação estabelecida com a natureza que os homens produzirão as condiçõespara a sua existência. Porém, no decorrer da história, os homens não conseguiramrealizar esse processo de maneira isolada, individual. Pelas suas própriascaracterísticas físicas limitadas, a associação entre os homens surge como necessidadehistórica para a realização desse Ato Histórico. A esse processo de relação que oshomens estabelecem entre si e com a natureza a fim de produzirem sua existênciadenominamos genericamente trabalho. O trabalho diferencia-se das ações produzidaspor outros animais visando a sobrevivência, pois o homem, antes de executar umaação prática, elabora em sua mente o projeto a ser executado, planeja o ato. Em relaçãoa essa particularidade exclusiva da espécie humana, o caráter teleológico do trabalho,já é amplamente conhecida essa clássica passagem do autor, onde diz que “o quedistingue o pior arquiteto da melhor abelha é que ele figura na mente sua construçãoantes de transformá-la em realidade. No fim do processo de trabalho aparece umresultado que já existia antes idealmente na imaginação do trabalhador.”(MARX,
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18isso, ganham notoriedade expressões que remetem a essa mudança de período, como,por exemplo, “pós-modernidade”, “pós-industrial” 1 , entre outras. Vários fatores sãoelencados para evidenciar essa transformação, entre eles: uma maior automatização doprocesso industrial; o surgimento de um modelo de acumulação flexível; umacrescente liberação da força de trabalho; a comunicação e a inter-relação crescentesentre diferentes etnias, povos; a constituição de formas atípicas de relações de trabalhopara além da contradição capital/trabalho; entre outros.Não consiste em nosso objetivo nesse estudo discutir os vários aspectos citadosacima – eles, por si só, justificariam várias outras dissertações - embora pensemosserem fundamentais para uma melhor compreensão do período histórico em quevivemos. Devemos, no entanto, responder a uma questão: em tempos de tantos “pós-”,que, em última instância, significam “pós-trabalho”, como se justifica um esforço emelaborar um estudo que tenha como objeto o processo de trabalho? Maisespecificamente um aspecto do processo de trabalho, a qualificação? Para responder aessa questão, justificando dessa forma esse estudo, pensamos ser fundamentalexplicitar qual a nossa compreensão acerca do trabalho humano e quais asconseqüências que essa concepção enseja. Assim estaremos, a nosso ver, fornecendoelementos que podem tornar a análise das questões apontadas acima mais rica econstituída de um caráter de totalidade. Cabe, portanto, explicitarmos porque nodecorrer dessa dissertação fazemos da qualificação do trabalho – mais especificamentedo trabalho em saúde - nosso objeto de estudo.Como explicitamos anteriormente, temos no materialismo dialético o nossométodo-guia por entendermos ser este o que mais fidedignamente consegue nos darelementos para apreender o real em sua totalidade. Não significa que por termos ummétodo eficiente consigamos necessariamente apreender todas as “múltiplasdeterminações” do real; significa, no entanto, que podemos desenvolver o potencial defazê-lo. Ao expor isso estamos demonstrando que estaremos recorrendo no decorrer da1 São inúmeras as novas denominações dadas ao atual período histórico. Algumas delas são: sociedadedo tempo livre e/ou sociedade do conhecimento (MANSELL, 1996; M<strong>AS</strong>I, 1999), sociedade pósindustrial(BELL, 1973; GORZ, 1994), economia em rede (C<strong>AS</strong>TELLS, 1998), sociedade dainformática e/ou da informação (SCHAFF, 1995; LOJKINE, 1995). (citados por POCHMANN, 2001).