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ROGÉRIO MIRANDA GOMES AS MUDANÇAS NO MUNDO DO ...

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167Nesse momento histórico, sob um modo de produção que, através da defesa dapropriedade privada, consolidou o indivíduo como expressão ideal da humanidade,assiste-se cada vez mais ao fenômeno que SARTRE (2002) denominou comoserialidade, ou seja, a incapacidade da união de indivíduos conformar umacomunidade. O sentimento cada vez mais presente, principalmente nos grandes centrosurbanos, de, ao mesmo tempo, “estar entre milhões de pessoas” e “estar só”, tende aser expressão desse fenômeno de “não pertencimento” que acomete os indivíduos. Sobdeterminadas relações sociais individualizantes, onde o trabalho social, que deveria serfator de reconhecimento dos sujeitos em seu gênero, torna-se fator de alienação, perdesea dimensão do vínculo com a espécie. Pois bem, como é possível advogar que essesentimento que é, em última instância, uma relação social (eu somente posso sentirmesó em relação a alguém ou a algum grupo) pode ser transmitido geneticamente?Não deve, no entanto, causar espanto ao leitor esse tipo “operação”, visto que, comovimos em capítulo anterior, esse é um dos papéis que cabe à racionalidade médica e aotrabalho em saúde sob as relações sociais capitalistas: além da reprodução da força detrabalho em seu aspecto infraestrutural (manter os corpos íntegros para o trabalho), areprodução no plano superestrutural, ou seja, o processo de normalização socialatravés do qual o social é subsumido ao biológico, procedendo-se à naturalização domesmo. Essa sua função é que faz da medicina, não uma disciplina das ciênciasnaturais como ela se reivindica, mas uma disciplina do social (LUZ, 1982; 2004a).Portanto, entender as ciências e a tecnologia como “boas” ou “ruins”, “corretas”ou “incorretas”, não nos ajuda em apreendê-las como o que de fato são: necessáriaspara a realização do trabalho sob certas relações sociais. A questão central relaciona-seao fato de que esse processo não se apresenta de maneira estática ou harmônica, pelocontrário, é movimento contínuo. Novas apresentações tecnológicas, novas “formas detrabalhar” surgem constantemente, em resposta às necessidades postas para o trabalho,e podem entrar em contradição com relações estabelecidas. Não somente no planomacro, mas também no plano das micro-realidades dos trabalhos concretos. Podemosver atualmente como desdobramentos desse desenvolvimento tecnológico progressivocomeçam a conformar contradições com relações hegemônicas estabelecidas no

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