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ROGÉRIO MIRANDA GOMES AS MUDANÇAS NO MUNDO DO ...

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164Sempre é importante lembrar que há outros fatores “tensionadores” dasnormatizações/protocolos que não devem ser confundidos com o estranhamento talcomo o caracterizamos. Entre esses fatores estão as tentativas de manutenção deinteresses corporativos dos médicos que aparecem sob a bandeira de defesa daautonomia profissional. Autonomia 27 de base liberal, expressão da forma artesanal deprodução da medicina, há muito superada pela medicina tecnológica(<strong>DO</strong>NNANGELO, 1975; SCHRAIBER, 1993). Medicina tecnológica que vem sendosubordinada progressivamente ao trabalho coletivizado organizado sob influência deoutras ciências e métodos não necessariamente circunscritos à racionalidade médica.Por isso devemos ter extrema precaução e analisarmos profundamente discursos econcepções exaltadoras da ampliação da autonomia do trabalhador sob o trabalho emsaúde nos tempos atuais. A autonomia, que já constituiu elemento superestruturalnecessário à qualificação do médico, nos dias atuais tende a se constituir comoexpressão ideológica que tenta conter as mudanças necessárias, e já em curso, notrabalho em saúde. Isso porque significa a tentativa de manutenção não mais possívelde uma condição de trabalhador artesanal, controlador individual do processoassistencial em saúde através da hegemonia da racionalidade médica e através docontrole hierárquico sobre os demais trabalhadores da saúde. Possibilidade que odesenvolvimento material do trabalho vem descartando a cada dia. Essa condiçãocontribuía para a manutenção de posto de elevada autoridade e valorização social,aspectos importantes para dar legitimidade ao papel que exercem os médicos comointelectuais legitimadores das relações sociais hegemônicas através do processo denormalização social. Por isso, concordamos com ROCHA (2000: 125), quando diz que“a medicina não é vítima unilateral neste processo social de transformações, mas porefeito dessa mesma determinação estrutural se constitui ela própria em sujeito quecontribui para a recriação sob nova forma das estruturas... que a presidem”.27 Referimo-nos aqui sobremaneira ao corporativismo dos médicos, porém é sabido que os apegos aoideal de profissão e a concorrência entre os trabalhadores sob as relações capitalistas dão margem paraa consolidação das mais diversas apresentações dos corporativismos. No caso da enfermagem, porexemplo, que historicamente luta para terem legitimadas práticas que lhes foram delegadas pelotrabalho médico, os enfermeiros, através de seus conselhos, criam mecanismos vários a fim de impedirque técnicos de enfermagem possam ter legitimadas como de seu campo de atuação práticas que, coma coletivização do trabalho, lhes foram delegadas pelos enfermeiros.

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