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ROGÉRIO MIRANDA GOMES AS MUDANÇAS NO MUNDO DO ...

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163mesmo. A sensação descrita no cotidiano dos serviços, principalmente aquelesresponsáveis por uma assistência mais extensiva 26 ao conjunto da população, é a deeternamente “dar murro em ponta de faca”. A questão não está em perceber o impactode algumas práticas que colaboram para tratar uma doença de determinada pessoa, issoé perceptível. A questão está no reconhecimento de que a restrição do trabalho emsaúde a essa dimensão, não tem promovido um processo de produção de autonomiadas pessoas em seus “modos de andar a vida”, além de não estar apresentando impactosignificativo sobre as condições gerais de saúde da população. Pensamos que são essascontradições, postas pelas limitações da clínica em responder aos problemas concretoscolocados pela realidade do trabalho em saúde, que abrem espaços para a estruturaçãode serviços assistenciais em saúde não direcionados hegemonicamente pela lógica da“consultação”. Já se conformam como conceitos “consensuais” as idéias de que osserviços devem passar a abordar as questões da saúde e da doença de forma a unirpráticas de caráter preventivo àquelas tradicionais curativas; a importância de atuaçãosobre coletivos com semelhante leque de determinantes de saúde-doença (idosos,adolescentes, trabalhadores de determinado setor, “grupos de risco” etc.); em casosmais avançados, preconiza-se o uso de indicadores epidemiológicos como“direcionadores” das práticas e dos recursos em saúde. Enfim, são exemplos de que otrabalho em saúde tem criado outros mecanismos para apreensão de como o social lheadentra, para além da dimensão individualizante e naturalizante presente naabordagem restrita aos aspectos anatomofisiológicos do corpo, abordagem que se dáatravés da clínica. No entanto, esse processo não se apresenta de forma harmoniosavisto queAs ações programáticas de saúde não tratam do mesmo problema que a Medicina, no plano doconhecimento e das técnicas, mas como tratam do mesmo problema no plano da realidadesocial, encontram-se contraditoriamente opostas à Medicina, sempre que esta última forapresentada como portadora única da verdade e das únicas soluções adequadas para aquelemesmo problema. Sua efetivação como proposta depende, portanto, antes de mais nada, darelativização daquele monopólio médico, o que é antes uma questão político-ideológica doque científica (MENDES-GONÇALVES; SCHRAIBER; NEMES, 1990: 46).26 Como os serviços de Atenção Básica do SUS, por exemplo.

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