128partir do século XIX tornou-se o espaço que possibilitou a unificação e cooperação dosdiferentes trabalhadores, forjando as condições para a especialização e a fragmentaçãodos processos produtivos, continua como unidade produtiva principal. Porém, nos diasatuais, visualizam-se inúmeras formas de unidades produtivas em saúde, seguindo osmais variados critérios para estabelecimento. Existem, por exemplo, clínicas restritas àrealização de um ou vários procedimentos diagnósticos, enquanto outras restringem-seàs outras etapas parcelares do processo produtivo, como as consultas clínicas ouprocedimentos terapêuticos etc. Os serviços, no caso dos sistemas públicos de saúde,também passam a ser divididos e descentralizados com base em determinados critériosde hierarquia do processo assistencial. No caso do Sistema Único de Saúde - SUS, porexemplo, classificam-se as unidades produtivas com base nas formas e graus detecnologia, e nas práticas assistenciais executadas em cada local, por exemplo. Alémdisso, são cada vez mais freqüentes, no caso da iniciativa privada, mais de um capitalocupar a mesma unidade produtiva, cada qual dominando parcelas diferentes doprocesso produtivo. É o caso dos hospitais, cujo parte de exames complementares éterceirizada para uma empresa, a parte de limpeza para outra e assim sucessivamente.No caso do setor estatal brasileiro, essa tem sido uma via através da qual se procede àprivatização da assistência à saúde, ou seja, por meio da terceirização de etapas doprocesso produtivo representantes do capital passam a adentrar esse setor.Para os trabalhadores esse processo de fragmentação também temconseqüências importantes, sendo que a principal delas refere-se à pulverização daspossibilidades de organização unitária na luta por melhores condições salariais e detrabalho. A fragmentação no plano tecnológico expressa-se também no plano darepresentação sindical e política desse setor da classe trabalhadora. Com isso, atendência à precarização das relações trabalhistas é crescente.
1295.4 O PAPEL DA TEC<strong>NO</strong>LOGIA E SEUS IMPACTOS SOBRE AQUALIFICAÇÃO <strong>DO</strong> TRABALHO EM SAÚDEAntigamente, se morria. (...)Hoje, a morte está difícil.Tem recursos, tem asilos, tem remédios.Agora, a morte tem limites.E, em caso de necessidade,a ciência da eternidadeinventou a criônica.Hoje, sim, pessoal, a vida é crônica.(LEMINSKI, 2002: 186 -187)O conceito de tecnologia para os adeptos da teoria marxiana encontra-se nocampo da categoria de forças produtivas do trabalho. Dentro dessa categoria, Marxinclui todos os constituintes do processo de trabalho: o objeto (sobre o qual se atuacom vistas a um fim), o agente e os meios de trabalho (tecnologias, instrumentos,saberes). As mudanças referentes a qualquer desses elementos impacta o grau dedesenvolvimento das forças produtivas do trabalho, ou seja, altera o grau deprodutividade do trabalho. O que acontece na prática é que esses elementosapresentam-se dialeticamente interligados, e as transformações em um deles acabampor determinar transformações também nos outros. Por exemplo, à medida que mudamos instrumentos de trabalho, mudam consequentemente os conteúdos da qualificaçãodo trabalhador para exercer o processo de trabalho; agora ele deve aprender amanusear novos instrumentos. O contrário também ocorre, pois, à medida que otrabalhador atua sobre seu objeto qualificando-se, progressivamente cria novastécnicas e instrumentos de intervenção sobre o objeto de trabalho. Tendo analisado já oobjeto e o agente, centraremos agora nossa análise nos meios de trabalho.Como vimos anteriormente, o homem é um ser essencialmente prático, e éatravés de uma atividade essencialmente prática (o trabalho) que os homens entram emcontato e intervém sobre o mundo. É através dessa intervenção concreta sobre omundo que os homens o apreendem em seus diversos aspectos, e elaboram sobre essaintervenção a fim de aprimorá-la. Logo, o conhecimento acerca do trabalho advém dopróprio trabalho. O saber-fazer advém do fazer e porque é práxis, esse processo émovimento contínuo (VÁZQUEZ, 1986). Ao elaborar sobre sua intervenção prática,
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