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ROGÉRIO MIRANDA GOMES AS MUDANÇAS NO MUNDO DO ...

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103corporações de ofício, exerciam seu trabalho de maneira artesanal e independente eeram remunerados diretamente pelos consumidores de suas práticas. Outros, como nocaso das parteiras, exerciam um trabalho de cunho mais filantrópico-comunitário e aformação se dava diretamente pela transmissão oral entre as diferentes gerações.Dentre esses vários sujeitos dispersos realizadores das práticas que mais tarde seriamreunidas no campo do trabalho em saúde, destacam-se dois agentes principais: aquelede caráter mais erudito, filosófico-ideológico, que agia através de uma prática maisdiscursiva – os chamados físicos; e aqueles de caráter mais artesanal, com práticasmanuais, dentre os quais se destacam os cirurgiões. Os primeiros correspondiam aoque mais tarde viria se configurar nos médicos-clínicos enquanto os segundoscorrespondem, sob o capitalismo, aos futuros médicos-cirurgiões. Vejamos umaelucidativa descrição desses dois agentes:Por sua ação mecânica sobre o corpo humano, a cirurgia logo foi identificada a um tipo detrabalho físico. A medicina interna, por outro lado, revestiu-se de um caráter operacionalmenos nítido, sobretudo graças ao aparecimento do boticário, que tomou a si a tarefa demanipular as ervas e preparar as poções medicamentosas. A noção de trabalho chegou a serapartada do exercício da medicina interna e suas qualidades de saber, filosófico ou prático,foram mais reconhecidas e acentuadas. Desse modo condições peculiares à sociedademedieval puderam fazer de seus praticantes figuras que se defrontavam antagonicamente: ohumilde artesão face ao douto prestigioso, o homem da técnica face ao filósofo. (<strong>NO</strong>GUEIRA,1977: 25)Assim, se por um lado, os cirurgiões se incumbiam de um trabalhoessencialmente manual, prático, com fortes repercussões corporais, - cuidavam deferimentos externos, conseqüências de acidentes, guerras - por outro os físicosolhavam e agiam sobre o processo de adoecimento guiados por uma concepçãoessencialmente filosófica e metafísica acerca da saúde e da doença, tendo comoprincipal instrumento da prática o discurso. A formação dos últimos acontecia nasuniversidades, era de caráter erudito e apoiava-se no acesso às diversas áreas doconhecimento, enquanto que o cirurgião se formava através do trabalho nascorporações de ofício. Na hierarquia social o físico apresentava-se em uma posiçãosuperior à do cirurgião, pois “assim como o clérigo, com quem frequentemente estavaassociado, ele (o físico) era um intelectual orgânico da classe dominante. A primazia

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