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Castanharo, Regina Célia TitottoA percepção <strong>de</strong> <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong> <strong>acerca</strong> <strong>dos</strong> papéisocupacionais e do futuro materno / Regina Célia Titotto Castanharo –Curitiba, 2011.115 f.: il. ; 30 cm.Orientadora: Professora Dra. Lillian Daisy Gonçalves WolffDissertação (mestrado) – Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação emEnfermagem, Setor <strong>de</strong> Ciências da Saú<strong>de</strong>, Universida<strong>de</strong>Fe<strong>de</strong>ral do Paraná. Área <strong>de</strong> Concentração: Prática Profissional.Inclui bibliografia1.Terapia ocupacional. 2. Adolescência. 3. Gravi<strong>de</strong>z naadolescência. 4. Atenção primária à saú<strong>de</strong>. 5. Papéis ocupacionais.I. Wolff, Lillian Daisy Gonçalves. II. Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná.III. Título.CDD 615.8515


Aos meus pais, que em to<strong>dos</strong> os momentos sacrificaram-se para investirem nos meus estu<strong>dos</strong> ecele<strong>br</strong>aram cada conquista minha.Ao meu marido Agnaldo por todo seu Amor e Acolhimento tão necessários ao longo <strong>de</strong>sses dois anos, semvocê eu não teria persistido.As minhas filhas Milena e Stella que apesar da inversão da or<strong>de</strong>m temporal, souberam compreen<strong>de</strong>r queeste era o meu momento, isso só se faz por Amor.


AGRADECIMENTOSA Deus, por ter me dado a necessida<strong>de</strong> do conhecimento e por me fazercompartilhá-lo.À Profª. D ra . Lillian Daisy Gonçalves Wolff, mais que uma orientadora, uma„Mestre‟ <strong>de</strong> presença acalentadora. O<strong>br</strong>igada por ter acreditado que eu conseguiria;por todo o tempo que me <strong>de</strong>dicou e pela doçura com que sempre me tratou. Comsua doce presença meus dias foram ilumina<strong>dos</strong>, repletos <strong>de</strong> saberes possibilita<strong>dos</strong>pela troca. Agra<strong>de</strong>ço a Deus por você existir e ser a pessoa especial colocada porele neste mundo.À Profª. D ra . Adriana Sparemberg <strong>de</strong> Oliveira, pela leitura cuida<strong>dos</strong>a querealizou no momento da qualificação <strong>de</strong>ste estudo e principalmente por todas assugestões que me ofereceu. Hoje compartilho com você minha Defesa. Você sabe oquão importante és para mim, presente em tantos momentos <strong>de</strong>cisivos <strong>de</strong> minhasescolhas.À Profª. D ra . Elizabeth Bernardino meu reconhecimento pela contribuição eincentivo em muitos momentos <strong>de</strong>ste trabalho.À Profª. D ra . Marilene Loewen Wall agra<strong>de</strong>ço a colaboração, orientação esugestões.Às professoras do Grupo <strong>de</strong> Pesquisa GPP GPS, Profª. D ra . Aida MarisPeres, Profª. D ra . Ana Maria Dvniewicz, Profª. D ra . Lilliana Müller Larocca, Profª. Ms.Carmen Elizabeth Kalinowsvki e Profª. Ms. Luciana Schle<strong>de</strong>r Gonçalves pelas suasdisponibilida<strong>de</strong>s em compartilhar suas experiências científicas nos momentos <strong>de</strong>incerteza, o que muito auxiliou no andamento <strong>de</strong>sta pesquisa.Às professoras do Curso <strong>de</strong> Mestrado em Enfermagem da Universida<strong>de</strong>Fe<strong>de</strong>ral do Paraná, pelo acolhimento ao „diferente‟.Ao Prof. Dr. Milton Carlos Mariotti, Chefe do Departamento <strong>de</strong> TerapiaOcupacional da UFPR, pelo incentivo e liberação para a realização do Curso <strong>de</strong>Mestrado.Ao Colegiado <strong>de</strong> Terapia Ocupacional da UFPR, por facilitar a flexibilização<strong>de</strong> horários e compreensão das necessárias ausências. Agra<strong>de</strong>ço a to<strong>dos</strong> vocês porme ensinarem no dia a dia o prazer da Docência.Em especial, agra<strong>de</strong>ço ao Prof. Dr. Renato Nickel pelos constantesincentivos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a minha chegada à UFPR.


Aos meus mais que amigos, professores Ms. Derivan Brito da Silva,Alessandro Rodrigo Tomasi Pedroso e Ana Beatriz Zimmermann, meus colegas <strong>de</strong>área que tanto me apoiaram.À Profª Ms. Rosibeth Del Carmen Muñoz Palm que comigo cele<strong>br</strong>ou asconquistas e me incentivou diante <strong>dos</strong> <strong>de</strong>safios. Você faz parte da minha história.Aos colegas da diretoria da ACTOEP, aqui representa<strong>dos</strong> pela Profª Ms.Mônica <strong>de</strong> Macedo Car<strong>dos</strong>o, que sempre souberam compreen<strong>de</strong>r as minhasnecessárias ausências às reuniões.Às colegas do Mestrado, em especial ao „grupo <strong>de</strong> fora‟ Renata, Thaíse,Ângela e Andréia, a companhia <strong>de</strong> vocês foi essencial. À Viviane Me<strong>de</strong>iros e LuísaKalinowski, tão queridas representantes <strong>de</strong> turma.À Leila Seiffert, enfermeira <strong>de</strong>dicada, e minha colega <strong>de</strong> to<strong>dos</strong> os momentos,vencemos mais essa batalha, não importou o tempo, mas a <strong>de</strong>dicação <strong>de</strong>profissionais que saíram da prática profissional para a pesquisa.A todas minhas colegas <strong>de</strong> Mestrado, vocês foram especiais no„acolhimento‟, cuidadoras natas.À mestranda Carolina Bolfe Poliquesi pela parceria e carinho constantes.À minha querida aluna <strong>de</strong> Iniciação Científica Elida Juliane Twerdochlib, portoda a <strong>de</strong>dicação, momentos <strong>de</strong> troca e apoio.Aos meus alunos, que me motivam a entrar em sala <strong>de</strong> aula com toda avolição; estar com vocês renova todas as minhas energias <strong>de</strong> vida.À enfermeira Josiane Lunardon, Coor<strong>de</strong>nadora do Programa Pré-Natal domunicípio <strong>de</strong> Colombo, por toda a gentileza e <strong>de</strong>dicação na parceria para aberturado meu campo <strong>de</strong> pesquisa.Às enfermeiras Elaine e Janete, Autorida<strong>de</strong>s sanitárias locais, responsáveispelas UBS CAIC e Alto Maracanã, pelo auxílio e <strong>de</strong>dicação à organização do campo,possibilitando a minha coleta <strong>de</strong> da<strong>dos</strong>.Às <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong>, hoje mães, que diante <strong>de</strong> tantos enfrentamentose adaptação <strong>de</strong> suas vidas se disponibilizaram a colaborar comigo. A vocês <strong>de</strong>dicomais do que este trabalho, <strong>de</strong>dico a minha crença na profissão Terapia Ocupacional.A to<strong>dos</strong> aqueles que <strong>de</strong> uma forma ou outra contribuíram para mais estaConquista!


... O estudo das "ciências da educação" não faz educadores.Educadores não po<strong>de</strong>m ser produzi<strong>dos</strong>.Educadores nascem.O que se po<strong>de</strong> fazer é ajudá-los a nascer.Para isso eu falo e escrevo: para que eles tenham coragem <strong>de</strong> nascer.Quero educar os educadores.E isso me dá gran<strong>de</strong> prazer porque não existe coisa mais importante que educar.Pela educação o indivíduo se torna mais apto para viver: apren<strong>de</strong> a pensar e a resolver os problemaspráticos da vida.Pela educação ele se torna mais sensível e mais rico interiormente, o que faz <strong>de</strong>le uma pessoa maisbonita, mais feliz e mais capaz <strong>de</strong> conviver com os outros....Rubem Alves


RESUMOCASTANHARO, R.C.T. A percepção <strong>de</strong> <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong> <strong>acerca</strong> <strong>dos</strong>papéis ocupacionais e do futuro papel materno. 114 fls. (Dissertação) Mestradoem Enfermagem. Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Enfermagem. Universida<strong>de</strong>Fe<strong>de</strong>ral do Paraná, 2011.Estudo <strong>de</strong>scritivo-exploratório <strong>de</strong> abordagem qualitativa <strong>de</strong>senvolvido mediantepesquisa participante no período <strong>de</strong> 2010 a 2011. Abordou-se o tema gravi<strong>de</strong>z naadolescência, consi<strong>de</strong>rada uma etapa do <strong>de</strong>senvolvimento humano com suaspeculiarida<strong>de</strong>s e permeada por uma série <strong>de</strong> transformações que envolvem fatoresbiológicos e culturais. Muitas <strong>adolescentes</strong> po<strong>de</strong>m vivenciar conflitos em relação asuas escolhas e <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> papéis em relação à futura maternida<strong>de</strong>. Sendoassim, o Terapeuta Ocupacional po<strong>de</strong> atuar junto às <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong>abordando a gestação e a maternida<strong>de</strong>, tendo como foco <strong>de</strong> investigação o<strong>de</strong>sempenho ocupacional. O cenário da pesquisa foi o Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> –SUS, especificamente a Atenção Básica à Saú<strong>de</strong>, i<strong>de</strong>ntificado na atuação doTerapeuta Ocupacional neste contexto. Neste estudo, utiliza-se o termo papelocupacional na perspectiva do Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Ocupação Humana – MOHO. A questãonorteadora foi: Como em um processo grupal <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong> percebem osseus papéis ocupacionais na gestação e o <strong>de</strong>senvolvimento futuro do papelmaterno? Buscou-se i<strong>de</strong>ntificar os papéis ocupacionais <strong>de</strong>sempenha<strong>dos</strong> pelas<strong>adolescentes</strong> no segundo e terceiro trimestres da gestação, mediante a Lista <strong>de</strong>i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> papéis ocupacionais, e favorecer a reflexão <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong><strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong> <strong>acerca</strong> <strong>de</strong> a percepção <strong>dos</strong> futuros papéis ocupacionais esua relação com a maternida<strong>de</strong>. Aplicou-se a técnica <strong>de</strong> Grupo em TerapiaOcupacional a um grupo <strong>de</strong> sete participantes, associada à metodologiaproblematizadora segundo o Método do Arco <strong>de</strong> Charlez Maguerez. Destaca-seentre os resulta<strong>dos</strong> a perda <strong>dos</strong> papéis <strong>de</strong> amigo e estudante, consi<strong>de</strong>ra<strong>dos</strong>pertinentes a essa fase <strong>de</strong> vida. Constatou-se também a incorporação do papel <strong>de</strong>cuidador, mem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> família e o papel materno, alicerça<strong>dos</strong> ao momento dagestação. A participação <strong>de</strong> <strong>adolescentes</strong> no grupo no contexto <strong>de</strong> uma Unida<strong>de</strong>Básica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, tendo como facilitadoras as dinâmicas grupais, problematizadas apartir da própria realida<strong>de</strong> e interesse das <strong>adolescentes</strong> promoveu a i<strong>de</strong>ntificação ereflexão <strong>de</strong> seus papéis ocupacionais no período da gestação, bem como daquelesrelaciona<strong>dos</strong> à perspectiva futura do papel materno. Conseguiu-se mobilizar umprocesso <strong>de</strong> mudança para as <strong>adolescentes</strong> visando favorecer o seu fortalecimento,a adaptação ativa à realida<strong>de</strong>, o rompimento <strong>de</strong> estereótipos, a redistribuição <strong>de</strong>papéis e uma atitu<strong>de</strong> positiva em relação às mudanças sofridas. Esta propostacontribui também para a prática profissional e à ciência da Terapia Ocupacional,oferecendo uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicação do MOHO no trabalho em grupo com apopulação-alvo.Palavras-chave: Terapia Ocupacional, Adolescência, Gravi<strong>de</strong>z na Adolescência,Atenção Primária à Saú<strong>de</strong>, Papéis Ocupacionais, Prática Profissional.


ABSTRACTCASTANHARO,R,C,T. The perception of pregnant adolescent about theoccupational roles and future maternal role. 114 fls. Dissertation (Master‟s <strong>de</strong>greein Nursing). Program of Graduation in Nursing, Fe<strong>de</strong>ral University of Paraná, 2011It is a <strong>de</strong>scriptive-exploratory study conducted through a qualitative approach<strong>de</strong>veloped during the years of 2010 and 2011. The main theme is adolescentpregnancy, which is consi<strong>de</strong>red as a phase of human <strong>de</strong>velopment with itspeculiarities, permeated by a sequence of changes that involve biological andcultural factors. Some adolescents may pass through conflicts related to theirchoices and performance roles related to the future maternity. Therefore, theoccupational therapist may approach pregnancy and maternity, focusing itsinvestigation and practice on occupational performance. The research field is theSistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SUS), concentrated on Health Primary Care and theoccupational therapist practice in this context. The term occupational role is used inthe Mo<strong>de</strong>l of Human Occupation (MOHO) perspective. Research main question is:How may pregnant adolescents in a group process perceive their occupational rolesduring the pregnancy period and the <strong>de</strong>velopment of the future maternal role? Theresearch goals are: to in<strong>de</strong>ntify the occupational roles performed by the adolescentsthroughout the second and third trimesters of gestation (according the OccupationalRole Checklist) and to facilitate a group reflection of pregnant adolescents about theperception of their future occupational roles and their relation to maternity. TheOccupational Therapy group technique was applied whit seven participants. Thatwas associated to the problem-centered methodology, according to the Method ofthe Arc, proposed by Charles Maguerez. The results show the loss of the roles offriend and stu<strong>de</strong>nt consi<strong>de</strong>red relevants to this phase of the life. They also<strong>de</strong>monstrate the incorporation of the role of caregiver, family member and thematernal role associated to the time of pregnancy. Participation of adolescents ingroups held on Primary Health Care context facilitated the i<strong>de</strong>ntification andreflection of their occupational roles during the gestation period and also those rolesrelated to the future maternity. A change process was promoted pursuingempowerment, active sense of adaptation to reality, stereotypes <strong>br</strong>eaking, rolesredistribution and positive attitu<strong>de</strong> towards the suffered changes. Moreover themethodological proposal contributes to professional practice and science, offering apossibility of the application of the MOHO in work groups with the target population.Keywords: Occupational Therapy, Adolescent, Adolescent Pregnancy, PrimaryHealth Care, Occupational Roles, Professional Practice.


LISTA DE ILUSTRAÇÕESQUADRO 1 -FIGURA 1 -QUADRO 2 –CARACTERIZAÇÃO DE CADA PARTICIPANTE DOSGRUPOS CAIC E ALTO MARACANÃ.................................MODELO LÓGICO E O DESENVOLVIMENTO DOPROCESSO GRUPAL EM TERAPIA OCUPACIONALCOM ADOLESCENTES GESTANTES................................DINÂMICA DAS ATIVIDADES COTIDIANASPREFERIDAS......................................................................414758QUADRO 3 –DINÂMICA DAS ATIVIDADES COTIDIANAS PRETERIDAS..... 58QUADRO 4 –ATIVIDADES COTIDIANAS PREFERIDAS EREALIZADAS.......................................................................59QUADRO 5 –ATIVIDADES COTIDIANAS PRETERIDAS, PORÉMREALIZADAS............................................................................... 59QUADRO 6 –QUADRO 7 –GRÁFICO 1 –GRÁFICO 2 –QUADRO 8 –QUADRO 9 –FOTOGRAFIA 1 –QUADRO 10 –RESULTADO DOS PAPÉIS OCUPACIONAIS E ÁREA DEOCUPAÇÃO IDENTIFICADOS NA DINÂMICA DASATIVIDADES COTIDIANAS.................................................TEMAS GERADOS NA DINÂMICA DAS ATIVIDADESCOTIDIANAS.......................................................................DISTRIBUIÇÃO DOS PAPÉIS OCUPACIONAIS DASPARTICIPANTES DA UBS CAIC E ALTO MARACANÃ......DISTRIBUIÇÃO DOS PAPÉIS OCUPACIONAIS DASPARTICIPANTES DA UBS CAIC E ALTO MARACANÃ......CONCEPÇÕES DAS PARTICIPANTES NA DINÂMICADO PAPEL FEMININO E MATERNO..................................TEMAS GERADOS NA DINÂMICA DO PAPEL FEMININOE MATERNO........................................................................AMOSTRA DOS CHAVEIROS CONFECCIONADOSPELAS PARTICIPANTES....................................................DEPOIMENTOS DAS PARTICIPANTES DO GRUPODA UBS CAIC NA DINÂMICA DOS PAPÉISOCUPACIONAIS DA ADOLESCENTE NA GESTAÇÃO .....6061646466676870


QUADRO 11 –QUADRO 12 -QUADRO 13 -QUADRO 14 -QUADRO 15 -QUADRO 16 -QUADRO 17 -DEPOIMENTOS DAS PARTICIPANTES DO GRUPO DAUBS ALTO MARACANÃ NA DINÂMICA DOS PAPÉISOCUPACIONAIS DA ADOLESCENTE NA GESTAÇÃO.....TEMAS RESULTANTES DA DINÂMICA DOS PAPÉISOCUPACIONAIS DA ADOLESCENTE NA GESTAÇÃO.....REGISTROS DOS GRUPOS UBS CAIC E ALTOMARACANÃ DURANTE A DINÂMICA DA GESTAÇÃO ESAÚDE.................................................................................CONCEPÇÕES DOS GRUPOS UBS CAIC E ALTOMARACANÃ DURANTE A DINÂMICA DA GESTAÇÃO ESAÚDE.................................................................................TEMAS GERADOS NA DINÂMICA DA GESTAÇÃO ESAÚDE.................................................................................PAPÉIS OCUPACIONAIS DESEMPENHADOS PELASADOLESCENTES GESTANTES NO PRESENTE EEXPECTATIVA DE DESEMPENHO FRENTE AO PAPELMATERNO...........................................................................ÁREAS DE OCUPAÇÃO ....................................................717375767777110


LISTA DE TABELASTABELA 1 -TABELA 2 -DISTRIBUIÇÃO DOS PAPÉIS OCUPACIONAIS AOLONGO DO TEMPO.............................................................DISTRIBUIÇÃO DO GRAU DE IMPORTÂNCIA DOSPAPÉIS OCUPACIONAIS.................................................... 6362


LISTA DE SIGLASACSAVDAIVDASLCRASDACPDACPRDACPTDACPTRDGSDPFMDPOAGDPOECAFCGFRDAGMOHOMSNASFOMSPHPNSisPrenatalSUSTCLEUBSUFPR- Agente Comunitário <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>- Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Vida Diária- Ativida<strong>de</strong>s Instrumentais da Vida Diária- Autorida<strong>de</strong> Sanitária Local- Centro <strong>de</strong> Referência <strong>de</strong> Assistência Social- Dinâmica das Ativida<strong>de</strong>s Cotidianas Preferidas- Dinâmica das Ativida<strong>de</strong>s Cotidianas Preferidas Realizadas- Dinâmica das Ativida<strong>de</strong>s Cotidianas Preteridas- Dinâmica das Ativida<strong>de</strong>s Cotidianas Preteridas Realizadas- Dinâmica da Gestação e Saú<strong>de</strong>- Dinâmica do Papel Feminino e Materno- Dinâmica <strong>dos</strong> Papéis Ocupacionais da Adolescente naGestação- Dinâmica <strong>dos</strong> Papéis Ocupacionais- Estatuto da Criança e do Adolescente- Fichas <strong>de</strong> Cadastramento das Gestantes- Fichas <strong>de</strong> Registro Diário <strong>de</strong> Atendimento as Gestantes- Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Ocupação Humana- Ministério da Saú<strong>de</strong>- Núcleo <strong>de</strong> Apoio à Saú<strong>de</strong> da Família- Organização Mundial da Saú<strong>de</strong>- Programa <strong>de</strong> Humanização no Pré-Natal e Nascimento- Sistema <strong>de</strong> Acompanhamento do Programa <strong>de</strong> Humanização noPré-Natal e Nascimento- Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>- Termo <strong>de</strong> Consentimento Livre e Esclarecido- Unida<strong>de</strong> Básica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>- Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná


SUMÁRIO1 INTRODUÇÃO.................................................................................................1.1 OBJETIVOS..................................................................................................2 A ATUAÇÃO DO TERAPEUTA OCUPACIONAL NA ATENÇÃO À SAÚDEDE ADOLESCENTES GESTANTES..................................................................2,1 ADOLESCÊNCIA...........................................................................................2.2 GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA.................................................................2.3 ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE, O PROGRAMA DE HUMANIZAÇÃO DOPRÉ-NATAL E NASCIMENTO E A TERAPIA OCUPACIONAL...................2.4 A TERAPIA OCUPACIONAL E O MODELO DA OCUPAÇÃOHUMANA – MOHO........................................................................................2.5 O PROCESSO GRUPAL PARA A TERAPIA OCUPACIONAL.....................3 MÉTODO..........................................................................................................3.1TIPO DE PESQUISA, MÉTODO E TÉCNICA................................................3.2 O LOCAL DA PESQUISA..............................................................................3.3 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA ..........................................................3.4 PARTICIPANTES DA PESQUISA.................................................................3.4.1 Grupo UBS CAIC........................................................................................3.4.2 Grupo UBS Alto Maracanã........................................................................3.5 COLETA DOS DADOS.................................................................................3.5.1 O Contrato Grupal......................................................................................3.6 O MODELO LÓGICO E O DESENVOLVIMENTO DO PROCESSOGRUPAL EM TERAPIA OCUPACIONAL COM ADOLESCENTESGESTANTES......................................................................................................3.7 O PROCESSO GRUPAL EM TERAPIA OCUPACIONAL COMADOLESCENTES GESTANTES........................................................................3.7.1 As Dinâmicas realizadas nos encontros....................................................3.7.1.1 Dinâmica das Ativida<strong>de</strong>s Cotidianas (DAC)............................................3.7.1.2 Dinâmica <strong>dos</strong> Papéis Ocupacionais (DPO)............................................3.7.1.3 Dinâmica do Papel Feminino e Materno (DPFM)...................................1518191922252830343435353639404142434650505151


3.7.1.4 A Dinâmica <strong>dos</strong> Papéis Ocupacionais da adolescente na gestação(DPOAG).............................................................................................................3.7.1. 5 A Dinâmica da Gestação e a Saú<strong>de</strong> (DGS)...........................................3.8 TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS......................................................4 ANÁLISE DOS RESULTADOS.......................................................................4.1 RESULTADOS DA DINÂMICA DAS ATIVIDADES COTIDIANAS (DAC)......4.2 RESULTADOS DA DINÂMICA DOS PAPÉIS OCUPACIONAIS (DPO).......4.3 RESULTADOS DA DINÂMICA DO PAPEL FEMININO E MATERNO(DPFM)..........................................................................................................4.4 RESULTADOS DA DINÂMICA DOS PAPÉIS OCUPACIONAIS DAADOLESCENTE NA GESTAÇÃO (DPOAG)................................................4.5 RESULTADOS DA DINÂMICA DA GESTAÇÃO E A SAÚDE (DGS)...........5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DAS DINÂMICASPROBLEMATIZADAS.........................................................................................6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................REFERÊNCIAS...................................................................................................DOCUMENTOS E OBRAS CONSULTADOS.....................................................APÊNDICES.......................................................................................................ANEXOS.............................................................................................................525354575762656874767891949798103


15INTRODUÇÃOEsta pesquisa insere-se na linha <strong>de</strong> pesquisa Políticas, Práticas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>e <strong>de</strong> Educação em Enfermagem do Programa <strong>de</strong> Pós - Graduação emEnfermagem da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná, cuja área <strong>de</strong> concentração é aPrática Profissional. Trata so<strong>br</strong>e o tema gravi<strong>de</strong>z na adolescência.Como etapa do <strong>de</strong>senvolvimento humano, a adolescência apresentapeculiarida<strong>de</strong>s, da mesma forma que as <strong>de</strong>mais: infância, a ida<strong>de</strong> adulta e a velhice.No presente estudo, optou-se pela <strong>de</strong>finição proposta pelo Estatuto da Criança e doAdolescente – ECA, caracterizando como adolescente o indivíduo entre doze e<strong>de</strong>zoito anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> (BRASIL, 1990).Até pouco tempo, a adolescência era reconhecida pela evolução <strong>de</strong> marcosbiológicos referente a mudanças corporais e os caracteres sexuais secundários do<strong>de</strong>senvolvimento. Entretanto, nas últimas décadas, intensificaram-se os estu<strong>dos</strong> e apreocupação com esta etapa <strong>de</strong> vida, que inclui além da aquisição da imagemcorporal <strong>de</strong>finitiva, a estruturação final da personalida<strong>de</strong>.Consi<strong>de</strong>rando a gravi<strong>de</strong>z na adolescência, Carvalho e Pinto (2009) apontamrecentes estu<strong>dos</strong> que i<strong>de</strong>ntificaram um percentual elevado <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z na faixaetária <strong>de</strong> 10 a 19 anos e, ainda, a não-utilização <strong>de</strong> méto<strong>dos</strong> contraceptivos e o<strong>de</strong>spreparo <strong>dos</strong> <strong>adolescentes</strong> diante <strong>de</strong> uma gravi<strong>de</strong>z, como parte do <strong>de</strong>poimento<strong>de</strong>sses sujeitos. Os autores também alu<strong>de</strong>m que a gravi<strong>de</strong>z na adolescência nemsempre é planejada, porém mesmo sendo consi<strong>de</strong>rada como um problema social e<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, muitas vezes inci<strong>de</strong> como uma escolha no momento <strong>de</strong> formação<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> do adolescente, principalmente no que se refere a sentimentos <strong>de</strong>pertença e pertinência em relação a um grupo.Diante do evento da gravi<strong>de</strong>z, muitas <strong>adolescentes</strong> po<strong>de</strong>m vivenciar conflitosem relação a suas escolhas e <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> papéis. Isso se justifica pelo fato <strong>de</strong>que uma nova i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> está por vir, <strong>de</strong>corrente da maternida<strong>de</strong>, até então nãointerligada à vivência e experiência com a sexualida<strong>de</strong>. Destaca-se que amaternida<strong>de</strong> é um papel social <strong>de</strong>senvolvido por indivíduos e po<strong>de</strong> ser exercido aolongo <strong>de</strong> sua vida. 11 No contexto do trabalho tratar-se-á a maternida<strong>de</strong> vivenciada por <strong>adolescentes</strong> do sexo feminino.


16Consi<strong>de</strong>rando a futura maternida<strong>de</strong> como emergência <strong>de</strong> um novo papelpara a adolescente gestante, o terapeuta ocupacional po<strong>de</strong> abordá-lo tendo comofoco <strong>de</strong> investigação o <strong>de</strong>sempenho ocupacional. Na área <strong>de</strong> Terapia Ocupacional,o <strong>de</strong>sempenho ocupacional refere-se à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o indivíduo realizar as tarefasque possibilitam a realização <strong>de</strong> papéis ocupacionais <strong>de</strong> maneira satisfatória eapropriada para o seu estágio <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, cultura e ambiente em que vive.Nessa perspectiva, Pedretti (2005) afirma que os papéis ocupacionais <strong>de</strong>senvolvemseem conjunto com as ocupações que o indivíduo <strong>de</strong>sempenha na socieda<strong>de</strong>.O Terapeuta Ocupacional tem como pressuposto o envolvimento equili<strong>br</strong>adoem ocupações como fator estruturante do dia-a-dia do indivíduo, contribuindo para asaú<strong>de</strong> e o bem-estar (AOTA, 2008). Para Carleto et al. (2010), segundo odocumento Estrutura e Prática da Terapia Ocupacional – Domínio e Processo –AOTA (2008), as ocupações são organizadas em áreas, sendo essas: as ativida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> vida diária, as ativida<strong>de</strong>s instrumentais <strong>de</strong> vida diária, o <strong>br</strong>incar, o lazer, aeducação, o trabalho, o sono e o <strong>de</strong>scanso e a participação social.Neste estudo, utiliza-se o termo papel ocupacional na perspectiva doMo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Ocupação Humana – MOHO 2 (KIELHOFNER, 1985), o qual se aplica ato<strong>dos</strong> os aspectos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho ocupacional.Nas últimas décadas o MOHO tem gerado uma estrutura crescente <strong>de</strong>pesquisas em Terapia Ocupacional, buscando a confiabilida<strong>de</strong> e a valida<strong>de</strong> dasavaliações <strong>de</strong>rivadas <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo e <strong>de</strong>terminando o resultado das intervençõesbaseadas so<strong>br</strong>e o mesmo; tais estu<strong>dos</strong> examinam os processos <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> ummo<strong>de</strong>lo na prática (KIELHOFNER, 2004).À luz <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo, o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> <strong>adolescentes</strong> frente à gestação po<strong>de</strong>ser compreendido e caracterizado por três subsistemas: Subsistema volitivo, quecompreen<strong>de</strong> a motivação pessoal, valores e interesses; Subsistema habitualreferente a hábitos e papéis; e Subsistema <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho, no qual as habilida<strong>de</strong>sda mente, do cére<strong>br</strong>o e do corpo trabalham juntas.Consi<strong>de</strong>rando o meio ambiente e a cultura na qual as <strong>adolescentes</strong><strong>gestantes</strong> <strong>de</strong>senvolvem seus papéis ocupacionais, busca-se, implicitamente,compreen<strong>de</strong>r sua influência e como esse meio e cultura são importantes aspectos aserem avalia<strong>dos</strong> pelo Terapeuta Ocupacional, <strong>de</strong>stacando que elementos <strong>de</strong>2 Utiliza-se nesta pesquisa a sigla MOHO, que advém da <strong>de</strong>nominação original em inglês Mo<strong>de</strong>l of Human Ocupation(KIELHOFNER, 1995).


17qualquer contexto <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho po<strong>de</strong>m influenciar na <strong>de</strong>cisão e na forma do„fazer‟ <strong>de</strong>ssas <strong>adolescentes</strong>. As <strong>de</strong>mandas e limitações <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminadoambiente <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas no processo <strong>de</strong> avaliação pelo TerapeutaOcupacional, principalmente sob os aspectos sociais nas quais estão envoltas.O MOHO enfatiza o meio ambiente como um espaço <strong>de</strong> oferta,oportunida<strong>de</strong>s, recursos, <strong>de</strong>mandas e limitações para o indivíduo. Nele sãoobservadas, percebidas e influenciadas as condutas, e são perpassa<strong>dos</strong> os valores,os interesses, os papéis, os hábitos <strong>de</strong> cada indivíduo.Especificamente, na Atenção Básica, o Terapeuta Ocupacional po<strong>de</strong>contribuir no atendimento à Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong> em seu território <strong>de</strong>moradia, respon<strong>de</strong>ndo às <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> estratégias efetivas <strong>de</strong> atenção à saú<strong>de</strong>junto a um programa pré-natal proposto pelo Ministério da Saú<strong>de</strong> nas Unida<strong>de</strong>sBásicas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (UBS).Nesse cenário <strong>de</strong> Atenção Básica à Saú<strong>de</strong>, mediante o domínio <strong>de</strong> técnicasem grupo, o Terapeuta Ocupacional apresenta-se habilitado para atuar com asdiferentes <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>ssa população. Conseqüentemente,<strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong> po<strong>de</strong>m i<strong>de</strong>ntificar seus diferentes papéis ocupacionais ebuscar, com o auxílio do terapeuta ocupacional, um <strong>de</strong>sempenho satisfatório emtodas as áreas <strong>de</strong> Ocupação.Tendo por base os referenciais teóricos do MOHO e <strong>de</strong> Grupo para aTerapia Ocupacional, e interligando-os à <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> ações educativas em saú<strong>de</strong>(DELFINO et al. 2004), consi<strong>de</strong>ra-se que mediante ativida<strong>de</strong>s grupais comindivíduos em situação <strong>de</strong> vida comum, po<strong>de</strong>-se constituir um método privilegiado<strong>de</strong> investigação-intervenção. Portanto, buscou-se nessa pesquisa respon<strong>de</strong>r àseguinte questão norteadora: Como em um processo grupal, <strong>adolescentes</strong><strong>gestantes</strong> percebem os seus papéis ocupacionais na gestação e o<strong>de</strong>senvolvimento futuro do papel materno?Consi<strong>de</strong>rando a população <strong>de</strong> <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong> adscritas a umaUnida<strong>de</strong> Básica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, propôs-se, mediante a aplicação da técnica <strong>de</strong> Grupo emTerapia Ocupacional proposta por Mosey (1970) e <strong>de</strong>scrita por Ballarin (2007)coor<strong>de</strong>nar um processo grupal que lhes facilitasse a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> seus papéisocupacionais no período da gestação e aqueles relaciona<strong>dos</strong> à perspectiva futura dopapel materno. Adicionalmente, mobilizou-se um processo <strong>de</strong> mudança para as<strong>adolescentes</strong> que favorecesse o seu fortalecimento, a adaptação ativa à realida<strong>de</strong>, o


18rompimento <strong>de</strong> pré-conceitos, a redistribuição <strong>de</strong> papéis e uma atitu<strong>de</strong> positiva emrelação às transformações vivenciadas.Além <strong>de</strong>ssa contribuição às <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong>, a motivação <strong>de</strong>ssapesquisa foi contribuir para a prática profissional e a ciência da Terapia Ocupacional,oferecendo uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicação do MOHO no trabalho em grupo comessa população, tendo em vista a inexistência <strong>de</strong> publicações so<strong>br</strong>e a aplicação<strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo em abordagens grupais com <strong>adolescentes</strong>.Os seguintes objetivos foram <strong>de</strong>linea<strong>dos</strong> a fim <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r a questãonorteadora <strong>de</strong>sta pesquisa.1.1 OBJETIVOS- I<strong>de</strong>ntificar os papéis ocupacionais <strong>de</strong>sempenha<strong>dos</strong> pelas <strong>adolescentes</strong> nosegundo e terceiro trimestres da gestação.- Favorecer a reflexão <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong> <strong>acerca</strong> <strong>de</strong> apercepção <strong>dos</strong> futuros papéis ocupacionais e sua relação com a maternida<strong>de</strong>.


192 A ATUAÇÃO DO TERAPEUTA OCUPACIONAL NA ATENÇÃO À SAÚDE DEADOLESCENTES GESTANTESEste capítulo trata da fundamentação para o <strong>de</strong>senvolvimento da pesquisa.São aborda<strong>dos</strong> conceitos e temas relaciona<strong>dos</strong> à gravi<strong>de</strong>z na adolescência e àatenção à saú<strong>de</strong> no pré-natal realizado na Atenção Básica à Saú<strong>de</strong>, contemplando ainserção e prática profissional do Terapeuta Ocupacional. Na última seçãoapresenta-se o Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Ocupação Humana, como referencial teórico <strong>de</strong>staproposta <strong>de</strong> investigação-intervenção junto a <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong>.2.1 ADOLESCÊNCIAA adolescência <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rada como uma etapa do <strong>de</strong>senvolvimentohumano com suas peculiarida<strong>de</strong>s, da mesma forma que a infância, a ida<strong>de</strong> adulta ea velhice (CARVALHO; PINTO, 2009). No presente estudo, optou-se pela <strong>de</strong>finiçãoproposta pelo Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (BRASIL, 1990, p.11):[...] art. 2 o Consi<strong>de</strong>ra-se criança, para os fins da Lei, a pessoa até doze anos<strong>de</strong> ida<strong>de</strong> incompletos, e adolescente aquela entre doze e <strong>de</strong>zoito anos <strong>de</strong>ida<strong>de</strong>.Parágrafo único: nos casos expressos em Lei, aplica-se excepcionalmenteeste Estatuto às pessoas entre <strong>de</strong>zoito e vinte e um anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>(BRASIL, 1990, p.11).No período da adolescência ocorre todo o processo <strong>de</strong> maturação doindivíduo. Entretanto, é impossível compreendê-lo <strong>de</strong> modo isolado <strong>dos</strong> aspectosbiológicos, psicológicos, sociais e culturais, uma vez que são indissociáveis, e oconjunto <strong>de</strong> suas características confere unida<strong>de</strong> ao fenômeno da adolescência(OSÓRIO, 1992).Enquanto etapa do <strong>de</strong>senvolvimento humano, a adolescência é permeadapor uma série <strong>de</strong> transformações que envolvem fatores biológicos e culturais.


21escola, grupo <strong>de</strong> amigos e pelas práticas culturais. Enfim, pela história <strong>de</strong>sseindivíduo no meio social (CARVALHO; PINTO, 2009).A adolescência não se caracteriza por ser a única etapa que apresentaproblemas, mas to<strong>dos</strong> <strong>adolescentes</strong> passam por um momento <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>,confusão, irritação e oscilações comportamentais e emocionais (BERGER, 2003).Todavia, é comum esse período do <strong>de</strong>senvolvimento humano ser permeado <strong>de</strong>dificulda<strong>de</strong>s, tanto para o próprio adolescente como para seus familiares, pelo fatodaquele sentir-se inseguro e, muitas vezes, necessitar <strong>de</strong> enfrentamento e <strong>de</strong>discordar da realida<strong>de</strong> do adulto. Todavia, essas inquietações são pertinentes paraque o adolescente possa reconhecer-se pela diferenciação do adulto. Destaca-seque a maturação biológica ocorre <strong>de</strong> forma acelerada, porém a cognitiva epsicológica po<strong>de</strong>m esten<strong>de</strong>r-se até a fase adulta (BERGER, 2003).A perda da segurança em relação aos pais, que já não são maisconsi<strong>de</strong>ra<strong>dos</strong> „heróis‟ pelos <strong>adolescentes</strong>, faz com que busquem em seus grupossociais e, entre seus pares, a segurança que outrora vinha da família (CARVALHO;PINTO 2009).Conseqüentemente, com sua visão <strong>de</strong> mundo afetada pela busca <strong>de</strong> umlugar, embora sem ainda apresentar a maturação psicológica para suas própriasescolhas, o adolescente procura respon<strong>de</strong>r às expectativas <strong>dos</strong> que estão em seuentorno e que ocorrem por diferentes <strong>de</strong>mandas, quer sejam da família, <strong>dos</strong> amigos,da escola ou da própria comunida<strong>de</strong>.Consi<strong>de</strong>rando essas transformações, os autores afirmam que ocorre aaquisição <strong>de</strong> novas capacida<strong>de</strong>s cognitivas e também novas responsabilida<strong>de</strong>s emrelação a papéis sociais. Nesse sentido, Hagedorn (2007) <strong>de</strong>fine papel social como:“[...] aquele que <strong>de</strong>signa a relação, a responsabilida<strong>de</strong> ou o status <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> umacultura ou grupo que dirige o envolvimento do indivíduo em certas ocupações,ativida<strong>de</strong>s ou tarefas relacionadas ao papel por longos perío<strong>dos</strong>” (HAGEDORN,2007, p. 36 -37).Assim, gradualmente, a adolescente <strong>de</strong>para-se com a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>conquistar sua autonomia para respon<strong>de</strong>r às novas <strong>de</strong>mandas sociais,<strong>de</strong>senvolvendo a capacida<strong>de</strong> para a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões, exercitando o julgamentoe regulando o seu próprio comportamento. Nessa perspectiva, o fato <strong>de</strong> pertencer aum grupo, ao mesmo tempo em que po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado como um suporte ao


22adolescente, po<strong>de</strong> lhe gerar angústias, principalmente no que tange à aceitação <strong>de</strong>novos valores.Entre as situações que também po<strong>de</strong>m gerar angústia ao adolescente<strong>de</strong>staca-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lidar com a sua sexualida<strong>de</strong>. Enfatiza-se que asescolhas feitas pelos <strong>adolescentes</strong> nesse processo <strong>de</strong> busca <strong>de</strong> autonomia e daprópria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> influenciarão seu comportamento sexual. Nesse sentido,observam-se dois fatores <strong>de</strong>terminantes do comportamento sexual a partir <strong>de</strong>padrões <strong>de</strong> resposta sexuais próprias: o caráter hereditário que garante areprodução, e a influência social so<strong>br</strong>e a expressão da sexualida<strong>de</strong> do indivíduo.Adicionalmente, Osório (1992) refere que a gradativa adaptação docomportamento sexual do adolescente às suas necessida<strong>de</strong>s biológicas acarretaoutra or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> conseqüências in<strong>de</strong>sejáveis, tais como a incidência <strong>de</strong> doençassexualmente transmissíveis e o crescente aumento <strong>de</strong> concepções na adolescência.2.2 GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIAQuando a gravi<strong>de</strong>z representa um fenômeno significativo no cotidiano <strong>dos</strong>envolvi<strong>dos</strong>, sejam os <strong>adolescentes</strong> do sexo feminino ou masculino, po<strong>de</strong> alterar orumo e as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>senvolvimento físico e social. Diante disso,Gonçalves e Godói (2009) apontam para o abandono escolar, envolvido num ciclo:gravi<strong>de</strong>z na adolescência – baixa escolarida<strong>de</strong> – subemprego – lar <strong>de</strong>sfeito –po<strong>br</strong>eza – nova gravi<strong>de</strong>z (GONÇALVES; GODÓI, 2009).Para Heilborn e Brandão (2006) a gravi<strong>de</strong>z na adolescência tem sidoapontada como um “problema social”. Ter um filho antes <strong>dos</strong> 19 anos, décadasatrás, não era consi<strong>de</strong>rado um assunto <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m pública. Ocorreram ao longo dotempo mudanças no padrão <strong>de</strong> fecundida<strong>de</strong> da população feminina <strong>br</strong>asileira, asre<strong>de</strong>finições na posição social da mulher. Em relação à escolarização eprofissionalização, novas expectativas são geradas. Também o fato <strong>de</strong> a maioria <strong>dos</strong>nascimentos ocorrer fora <strong>de</strong> uma relação conjugal chama atenção <strong>dos</strong> profissionaisenvolvi<strong>dos</strong> com essa população.Quando a adolescente <strong>de</strong>para com a realida<strong>de</strong> e não se reconhece nela,po<strong>de</strong> sofrer e angustiar-se. Muitas vezes, busca liberar-se <strong>dos</strong> laços afetivos e da


23<strong>de</strong>pendência familiar, experiência que po<strong>de</strong> representar um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio. Nessecaso, po<strong>de</strong> buscar a entrada para outros grupos, <strong>de</strong>ntro <strong>dos</strong> quais precisa conquistarstatus, um lugar.Ao engravidar, Schwartz et al. (2008. sp,) <strong>de</strong>stacam que a adolescenteconvive com dois fenômenos estressores, que ocorrem sinergicamente: aadolescência e a gestação. Afirmam ainda, que “a adolescência, por si só, implicainvestimentos pessoais e sociais para lidar com as mudanças físicas e emocionais,mas também com o posicionamento social, familiar e sexual” (SCHWARTZ et al.,2008. sp).Todavia, o casamento e a maternida<strong>de</strong> para a adolescente gestante po<strong>de</strong>mser consi<strong>de</strong>ra<strong>dos</strong> como fenômenos que favorecem sua libertação do contextofamiliar. Po<strong>de</strong>m ser vistos como vias <strong>de</strong> acesso mais rápido à fase adulta, segundoSchwartz et al. (2008); ainda que a opção pela gravi<strong>de</strong>z encerre o ônus dailegitimida<strong>de</strong> social da maternida<strong>de</strong> precoce, atribuída freqüentemente a suairresponsabilida<strong>de</strong> relativa à expressão da sexualida<strong>de</strong> pela adolescente.Por sua vez, diante da gestação a adolescente sente-se <strong>de</strong>safiada a adquirirmaior in<strong>de</strong>pendência e responsabilida<strong>de</strong> so<strong>br</strong>e sua própria condição e so<strong>br</strong>e oscuida<strong>dos</strong> que se fazem necessários a esta fase da vida. Nesse momento atransição, que se estabelece entre o estar sob cuidado e o cuidar <strong>de</strong> outrem, acabaacontecendo no local <strong>de</strong> coabitação familiar, geralmente atrelado a uma<strong>de</strong>pendência sócio-econômica.Entretanto, a gravi<strong>de</strong>z na adolescência po<strong>de</strong> também ser consi<strong>de</strong>rada umaafronta aos princípios morais <strong>dos</strong> familiares. Nessa perspectiva, Schwartz et al.(2008) explicam que esse tipo <strong>de</strong> percepção advém <strong>de</strong> um clima social que atribui ascondições insatisfatórias <strong>de</strong> vida em socieda<strong>de</strong> à dissolução moral, à falta <strong>de</strong>autorida<strong>de</strong> na família, à re<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> papéis <strong>de</strong> gênero e ao exercício dasexualida<strong>de</strong> em novos termos.Ao contrário, o apoio mútuo entre as pessoas do mesmo grupo socialoferece a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreensão da gravi<strong>de</strong>z pela própria adolescente, bemcomo <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>sdo<strong>br</strong>amentos, numa perspectiva sociocultural permeada pelasolidarieda<strong>de</strong> <strong>dos</strong> mem<strong>br</strong>os da família (SCHWARTZ et al., 2008, sp.). Os autoresjustificam essa afirmação, consi<strong>de</strong>rando que a <strong>de</strong>cisão pela maternida<strong>de</strong> faz comque, na maioria das vezes, a adolescente aceite o apoio familiar, tendo em vista assuas necessida<strong>de</strong>s relacionadas às dimensões tais como: materiais, <strong>de</strong> informação,


24afetiva, que lhe permitem o enfrentamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>safios no <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> papéiscomo estudante, trabalhador, e na convivência com o companheiro e sua família,sem conseqüências que interrompam sua trajetória <strong>de</strong> vida e o seu processo <strong>de</strong>individualização.Observa-se que ao se sentirem empo<strong>br</strong>ecidas <strong>de</strong>sse cuidado intrafamiliardurante a gestação, as <strong>adolescentes</strong> po<strong>de</strong>m reduzir os seus contatos sociais eenfraquecer os vínculos <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>. Consi<strong>de</strong>rando, pois, a importância do apoiogrupal conforme <strong>de</strong>scrita por Osório (1997), a afiliação grupal atua como suportepara o adolescente. Essa idéia é corroborada por Schwartz et al. (2008) que<strong>de</strong>stacam a efetivida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> vínculos parentais ou <strong>de</strong> pessoas próximas, comosuporte para as dúvidas e as inquietações íntimas, mais fáceis <strong>de</strong> seremcompartilhadas com pessoas da mesma ida<strong>de</strong> e ambiente socioeconômico do quecom profissionais, especialmente quando são poucos os espaços para escuta emanifestações <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s.A gravi<strong>de</strong>z na adolescência, para Ximenes Neto et al. (2007), po<strong>de</strong> levar à<strong>de</strong>struição <strong>de</strong> planos e ao adiamento <strong>de</strong> sonhos, favorecendo à adolescente umasituação <strong>de</strong> (<strong>de</strong>s) ajustamento social, familiar e escolar, ou levá-la a um momento <strong>de</strong>crises que, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do grau <strong>de</strong> ajuste da personalida<strong>de</strong>, ela po<strong>de</strong> sair <strong>de</strong>ssacrise fortalecida ou caminhar para <strong>de</strong>pressão, tentativa <strong>de</strong> aborto ou suicídio.(XIMENES NETO et al. 2007, p. 282).Consi<strong>de</strong>rando a gravi<strong>de</strong>z na adolescência sob uma nova perspectiva,Brandão e Heilborn (2006) <strong>de</strong>stacam que a partir das mudanças estabelecidas nasrelações intergeracionais, no contexto familiar e na sexualida<strong>de</strong>, ao invés <strong>de</strong>associá-la à reprodução <strong>de</strong> padrões tradicionais <strong>de</strong> inserção à vida adulta, ela é:... consi<strong>de</strong>rada um evento contingente ao processo <strong>de</strong> autonomia das<strong>adolescentes</strong>. Isso significa que o processo <strong>de</strong> aprendizado e construção daautonomia pessoal nessa fase da vida po<strong>de</strong> implicar certos <strong>de</strong>sdo<strong>br</strong>amentosimprevistos, como a gravi<strong>de</strong>z, que redundam em reor<strong>de</strong>namento datrajetória juvenil e familiar (BRANDÃO; HEILBORN, 2006. p.1422).Contudo Yazlle (2006) sustenta a idéia <strong>de</strong> que a gravi<strong>de</strong>z po<strong>de</strong> ser bemtolerada pelas <strong>adolescentes</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que elas recebam assistência pré-natala<strong>de</strong>quada, ou seja, precocemente e <strong>de</strong> forma regular, durante todo o período


25gestacional. O autor refere que nem sempre é o que acontece em grupos <strong>de</strong> prénatalna atenção básica à saú<strong>de</strong>, em razão <strong>de</strong> vários fatores, que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> adificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> reconhecimento e aceitação da gestação pela jovem até a sua própriadificulda<strong>de</strong> para o agendamento da consulta inicial.Por conseguinte, reconhece-se a importância e necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um trabalho<strong>de</strong> acolhimento e acompanhamento da gestante adolescente nos espaços <strong>de</strong>Atenção à Básica à Saú<strong>de</strong>.Nessa perspectiva, Yazlle (2006) aponta o <strong>de</strong>sempenho ocupacional comouma questão relevante a ser trabalhada com a adolescente durante o período <strong>de</strong>gestação, o qual é, apropriadamente, o objeto da prática profissional do TerapeutaOcupacional. Refere também que ocorrem efeitos negativos para a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vida das jovens que engravidam, com prejuízos ao seu crescimento pessoal eprofissional. Exemplifica, <strong>de</strong>stacando um estudo so<strong>br</strong>e o abando <strong>dos</strong> estu<strong>dos</strong> naadolescência, durante o segundo grau <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>, evi<strong>de</strong>nciando que oabandono <strong>dos</strong> estu<strong>dos</strong> ocorre em 47% <strong>dos</strong> casos <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z na adolescência e queapenas 5% <strong>de</strong> <strong>adolescentes</strong> que não engravidam nesse período abandonam aescola. Essa situação justifica a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> avaliações quantitativas equalitativas, principalmente nos países em <strong>de</strong>senvolvimento, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>verificação da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> veiculação <strong>de</strong> informações <strong>de</strong> medidas preventivasdirecionadas aos grupos mais vulneráveis.Ao trabalhar com essa população, o Terapeuta Ocupacional por meio <strong>de</strong>avaliações <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho e contextos, <strong>de</strong>tecta possíveis efeitos negativos e buscana interação com as <strong>adolescentes</strong> discutir e ressignificar <strong>de</strong> forma participativa ospapéis <strong>de</strong>senvolvi<strong>dos</strong> nessa etapa <strong>de</strong> vida.2.3 ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE, O PROGRAMA DE HUMANIZAÇÃO DO PRÉ-NATAL E NASCIMENTO E A TERAPIA OCUPACIONALNa Atenção Básica à Saú<strong>de</strong> ocorre o contato preferencial e inicial <strong>dos</strong>usuários com o Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SUS). Este nível <strong>de</strong> atenção à saú<strong>de</strong>consi<strong>de</strong>ra o sujeito em sua singularida<strong>de</strong>, na complexida<strong>de</strong>, na integralida<strong>de</strong> e nainserção sociocultural, buscando a promoção <strong>de</strong> sua saú<strong>de</strong>, a prevenção e o


26tratamento <strong>de</strong> doenças, assim como a redução <strong>de</strong> danos ou sofrimentos que possamcomprometer suas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> viver <strong>de</strong> modo saudável (MAGALHÃES;OLIVEIRA, 2008).A Integralida<strong>de</strong> é um <strong>dos</strong> princípios doutrinários da política do Estado<strong>br</strong>asileiro para a saú<strong>de</strong> – o Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SUS), que se <strong>de</strong>stina aconjugar ações direcionadas à materialização da saú<strong>de</strong> como direito e como serviço.Como eixo prioritário <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, a integralida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser analisada emtrês dimensões: da organização <strong>dos</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, do conhecimento e práticas<strong>dos</strong> trabalhadores nos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e da formulação <strong>de</strong> políticasgovernamentais com participação <strong>dos</strong> atores sociais envolvi<strong>dos</strong> na produção docuidado.Por sua vez, a integralida<strong>de</strong> como <strong>de</strong>finição legal e institucional é concebidacomo um conjunto articulado <strong>de</strong> ações e serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, preventivos e curativos,individuais e coletivos, em cada caso, nos níveis <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong> do sistema. Aoser constituída como ato em saú<strong>de</strong>, nas vivências cotidianas <strong>dos</strong> sujeitos nosserviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, tem germinado experiências que produzem transformações navida das pessoas, cujas praticas eficazes <strong>de</strong> cuidado em saú<strong>de</strong> superam os mo<strong>de</strong>losi<strong>de</strong>aliza<strong>dos</strong> para sua realização. A<strong>de</strong>mais, a integralida<strong>de</strong> do cuidado, naperspectiva <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> atenção à saú<strong>de</strong>, tem como direcionalida<strong>de</strong> o cuidadocentrado no usuário.Destaca-se que o Ministério da Saú<strong>de</strong> (2005) propõe o Programa <strong>de</strong>Humanização no Pré-Natal e Nascimento – PHPN, tendo como objetivo o resgate daatenção obstétrica integrada, qualificada e humanizada, articulando estado,municípios e unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> nessas ações. As Unida<strong>de</strong>s Básicas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> -UBS possuem as Fichas <strong>de</strong> Cadastramento das Gestantes (FCG) e as Fichas <strong>de</strong>Registro Diário <strong>de</strong> Atendimento às Gestantes (FRDAG), sendo consi<strong>de</strong>rada aprimeira consulta o cadastramento da gestante e o mínimo <strong>de</strong> cinco consultasdurante o pré-natal. Cada gestante recebe o Cartão Gestante com o número <strong>de</strong>cadastro no Sistema <strong>de</strong> Acompanhamento do Programa <strong>de</strong> Humanização no Pré-Natal e Nascimento – SisPrenatal (BRASIL, 2005).Esse cartão <strong>de</strong>ve conter todas as informações pertinentes à gestante, comoa data da última menstruação, a data da consulta, sendo que essas estarão sob oacompanhamento do profissional que realiza as consultas pré-natais, médicos e/ouenfermeira.


27A Assistência Pré-Natal objetiva a sensibilização da equipe que acompanhao pré-natal para o PHPN, consi<strong>de</strong>rando seus fundamentos e a importância <strong>de</strong>humanizar e qualificar a atenção às <strong>gestantes</strong>, sob as repercussões positivas <strong>de</strong>maior a<strong>de</strong>são ao pré-natal, melhor qualida<strong>de</strong> da assistência e melhores resulta<strong>dos</strong>obstétricos e perinatais com a mãe e o recém nascido saudáveis (BRASIL, 2005).O Terapeuta Ocupacional é um profissional dotado <strong>de</strong> formação nas áreas<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e social. Sua intervenção compreen<strong>de</strong> avaliar o indivíduo no seu<strong>de</strong>sempenho. A base <strong>de</strong> suas ações compreen<strong>de</strong> abordagens e/ou condutasfundamentadas em critérios avaliativos, consi<strong>de</strong>rando o indivíduo, a família, acomunida<strong>de</strong> em geral, e coor<strong>de</strong>nadas <strong>de</strong> acordo com o processo terapêuticoimplementado (MAGALHÃES; OLIVEIRA, 2008).A formação generalista e humanista do Terapeuta Ocupacional permite-lhe ainserção em serviços da Atenção Básica à Saú<strong>de</strong>, contribuindo também emativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gestão, organização e execução <strong>de</strong> procedimentos clínicos,diretamente relaciona<strong>dos</strong> à redução <strong>dos</strong> indicadores básicos. As diretrizes do Núcleo<strong>de</strong> Apoio à Saú<strong>de</strong> da Família – NASF compreen<strong>de</strong>m a atuação do TerapeutaOcupacional sob essa perspectiva (BRASIL, 2009).Ao consi<strong>de</strong>rar o <strong>de</strong>sempenho ocupacional como o campo <strong>de</strong> atuação doTerapeuta Ocupacional, Magalhães e Oliveira (2008) têm a ativida<strong>de</strong> humana comoum processo criativo, criador, lúdico, expressivo, evolutivo, produtivo e <strong>de</strong>automanutenção. Adicionalmente, concebem o homem como um ser práxico, e aação do Terapeuta Ocupacional interfere em seu cotidiano com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>proporcionar-lhe qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, respeitando a sua completu<strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>ran<strong>dos</strong>eu estado psicológico, social, laborativo e <strong>de</strong> lazer, entre outros.Todavia, ações coletivas em grupo possibilitam o <strong>de</strong>senvolvimento natural<strong>de</strong> um espaço para o movimento da promoção da saú<strong>de</strong> por meio <strong>de</strong> um processo<strong>de</strong> ensino-aprendizagem. As ações educativas em saú<strong>de</strong> mediante ativida<strong>de</strong>sgrupais com indivíduos em situação <strong>de</strong> vida comum po<strong>de</strong>m se constituir num métodoprivilegiado <strong>de</strong> investigação-intervenção (DELFINO et al., 2004).Ao correlacionar <strong>de</strong>sempenho, ocupação e papéis, Hagedorn (2007) refereque para sustentar o <strong>de</strong>sempenho ao longo do tempo, o indivíduo <strong>de</strong>ve preservaruma imagem mental da autoparticipação no papel ocupacional no passado, presentee futuro. Desta forma, a autora consi<strong>de</strong>ra a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> planejamento por partedo indivíduo, mediante a organização <strong>de</strong> suas funções mentais em relação ao


28<strong>de</strong>sempenho, a fim <strong>de</strong> que o mesmo ocorra por um tempo prolongado. Para tanto asocupações são consi<strong>de</strong>radas como um comportamento humano organizado, o qualtem um nome e um papel associado. O trabalho, o lazer, o <strong>br</strong>incar são exemplos<strong>de</strong>ssas ocupações.Segundo a autora, o MOHO <strong>de</strong>staca em sua taxonomia papéis, rotinas ehábitos no subsistema da habituação, organizando assim a forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho,que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> domínios motor, <strong>de</strong> processamento, <strong>de</strong> comunicação/interação e <strong>de</strong>interação social (HAGEDORN, 2007).A concepção <strong>de</strong> ocupação é <strong>de</strong>finida no MOHO como:A ativida<strong>de</strong> dominante <strong>dos</strong> seres humanos que inclui comportamentossérios, passatempos produtivos e diverti<strong>dos</strong>, criativos e festivos. É oresultado do processo evolucionário que culmina em necessida<strong>de</strong>sbiológicas e sociais para ativida<strong>de</strong>s tanto divertidas quanto produtivas(HAGEDORN, 2007, p. 29).A ocupação humana segundo o MOHO, na perspectiva <strong>de</strong> Ferrari (1991), évista com o uma tendência inata e espontânea <strong>de</strong> exploração e domínio pelohomem. “Através da ocupação o homem interage com o meio ambiente, produz nelemodificações e é por ele influenciado, logo, a formação e a manutenção da cultura<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m diretamente da ocupação humana” (FERRARI, 1991, p.17).Para compreen<strong>de</strong>r o significado das ocupações para <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong>e <strong>de</strong> que maneira elas <strong>de</strong>senvolvem seus principais papéis ocupacionais, nestapesquisa buscamos o aporte teórico do MOHO, para avaliar no contexto da AtençãoBásica à Saú<strong>de</strong> o seu <strong>de</strong>sempenho ocupacional em um processo grupal.2.4 A TERAPIA OCUPACIONAL E O MODELO DA OCUPAÇÃO HUMANA – MOHOO Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Ocupação Humana - MOHO (KIELHOFNER, 1970) buscacaracterizar como a ocupação humana é motivada, adapta padrões e é realizada.Esse mo<strong>de</strong>lo trata <strong>de</strong> sistemas, consi<strong>de</strong>rando que o ser humano envolvido naocupação expressa uma complexa interação <strong>de</strong> aspectos, que não po<strong>de</strong>m ser


29compreendi<strong>dos</strong> quando vistos separadamente (KIELHOFNER, 2004). Caracterizatrês subsistemas interliga<strong>dos</strong> entre si para produzir o <strong>de</strong>sempenho ocupacional:Subsistema volitivo, incluindo a motivação pessoal, valores e interesses; Subsistemahabitual, referente aos hábitos e papéis; e, Subsistema <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho, no qual ashabilida<strong>de</strong>s da mente, do cére<strong>br</strong>o e do corpo trabalham em conjunto.Segundo o autor, o envolvimento do indivíduo com a ocupação, ocorre<strong>de</strong>ntro do ambiente, que fornece feedback e informação constantemente, os quaisinfluenciam <strong>de</strong> forma íntima e dinâmica os três subsistemas e seu produto – o<strong>de</strong>sempenho ocupacional.Os fenômenos volição, habituação e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho po<strong>de</strong>m seravalia<strong>dos</strong> pelo Terapeuta Ocupacional por meio do MOHO. A volição relaciona-se àmotivação do indivíduo frente à realização <strong>de</strong> uma ocupação. Ela compreen<strong>de</strong> aexperiência, interpretação, antecipação e a eleição <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s em constanteinteração para que novas ocupações sejam eleitas e o processo dinâmico seestabeleça.O MOHO <strong>de</strong>staca a volição como um processo contínuo, no qual ospensamentos e sentimentos ocorrem em um <strong>de</strong>terminado tempo, à medida que aspessoas experimentam, interpretam, antecipam e elegem suas ocupações.A habituação se refere ao processo pelo qual este indivíduo organizapadrões ou rotinas da ocupação. Os hábitos são <strong>de</strong>fini<strong>dos</strong> como tendênciasfamiliares e ambientais adquiridas pelo homem para respon<strong>de</strong>r e <strong>de</strong>sempenhar-seem <strong>de</strong>terminadas e freqüentes situações. A repetição <strong>de</strong> ações estabelece umpadrão, <strong>de</strong>finindo os hábitos, assim como situações ambientais constantes. Essespadrões <strong>de</strong> ações refletem na internalização <strong>de</strong> papéis, que <strong>de</strong>fine o comportamentosocial do indivíduo.A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho refere-se às habilida<strong>de</strong>s físicas ou mentaissubjacentes a um <strong>de</strong>sempenho ocupacional. O indivíduo envolve-se comexperiências subjetivas e componentes objetivos (físicos e mentais) para<strong>de</strong>senvolver sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> „fazer‟, o que resulta em seu <strong>de</strong>sempenho noambiente. (KIELHOFNER, 2004).Po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar através <strong>dos</strong> conceitos <strong>de</strong> volição, habituação ecapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho, que <strong>adolescentes</strong> internalizam os papéis vivencia<strong>dos</strong>ao longo <strong>de</strong> seu ciclo <strong>de</strong> vida, e também em novas experiências como a gravi<strong>de</strong>z e amaternida<strong>de</strong>. Conseqüentemente, pressupõe-se que é possível avaliar o


30<strong>de</strong>sempenho ocupacional da adolescente gestante, a partir da i<strong>de</strong>ntificação <strong>dos</strong>papéis vivencia<strong>dos</strong> em seu cotidiano, e a percepção da gestação e do futuro papelsocial da maternida<strong>de</strong>.Sintetizando a partir do conceito <strong>de</strong> papéis ocupacionais, <strong>de</strong>scrito porPedretti (2005), esses se <strong>de</strong>senvolvem associa<strong>dos</strong> a ocupações que o indivíduo<strong>de</strong>sempenha na socieda<strong>de</strong>, e ao olhar do Terapeuta Ocupacional, faz-se necessárioque a realização <strong>de</strong>sses papéis ocorra <strong>de</strong> maneira satisfatória e apropriada para oestágio <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, a cultura e o ambiente do indivíduo.As ações do Terapeuta Ocupacional po<strong>de</strong>m ocorrer <strong>de</strong> forma individual ecoletiva. Destaca-se nesta pesquisa a importância do trabalho em grupo com<strong>adolescentes</strong>.2.5 O Processo Grupal para a Terapia OcupacionalO conceito <strong>de</strong> grupo em Terapia Ocupacional parte <strong>de</strong> retrospectiva históricada Psiquiatria, originando-se pelos conceitos <strong>de</strong> tratamento moral, com Pinel eMeyer (1962) e Simon (1973). Esses autores consi<strong>de</strong>ravam a interação <strong>dos</strong>pacientes diante <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> trabalho. Porém, mesmo diante <strong>de</strong>ssa interaçãotais grupos não eram consi<strong>de</strong>ra<strong>dos</strong> terapêuticos. Nos EUA, Howe e Schartezbergapontam, para a Década <strong>de</strong> 30 do Século XX, a utilização <strong>de</strong> Grupos em TerapiaOcupacional, consi<strong>de</strong>rando-se os preceitos da ocupação como ferramentainstitucional. Com o evento <strong>dos</strong> neurolépticos na Década <strong>de</strong> 50 e a amenização <strong>dos</strong>sintomas, os pacientes passaram interagir. Nessa mesma época, a TerapiaOcupacional <strong>de</strong>terminou-se em enten<strong>de</strong>r e <strong>de</strong>screver os processos <strong>dos</strong> indivíduos esuas ativida<strong>de</strong>s terapêuticas (MAXIMINO, 2001).Na Década <strong>de</strong> 80 do Século XX, no Brasil os estu<strong>dos</strong> so<strong>br</strong>e gruposganharam ênfase com os trabalhos <strong>de</strong> Benetton, Ferrari, Maximino, Te<strong>de</strong>sco,Ballarin e Samea (BALLARIN, 2007) e as diferentes formas <strong>de</strong> atendimento grupalforam caracterizadas na prática <strong>de</strong> Terapeutas Ocupacionais <strong>de</strong>ste período,consi<strong>de</strong>rando diferentes faixas etárias e clientela (BALLARIN, 2007).Para a Terapia Ocupacional, o grupo é tido como um contexto em que osparticipantes “[...] têm a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> experimentar outras formas <strong>de</strong> se relacionar


31e <strong>de</strong> vivenciar situações inéditas relativas ao fazer, possibilitando que a ação ganheum sentido e um significado” (BALLARIN, 2007, p.40).A autora refere que há diversos grupos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s constituí<strong>dos</strong> emdiferentes instituições e serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, com objetivos e propósitos específicos,que po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>termina<strong>dos</strong> pela sua estrutura <strong>de</strong> organização, número <strong>de</strong>participantes, critérios <strong>de</strong> encaminhamento, avaliação e seleção <strong>dos</strong> participantes,<strong>de</strong>stacando que para ser um grupo terapêutico se faz necessária à presença <strong>de</strong> umTerapeuta Ocupacional para preparar e planejar o grupo, na função <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nador.Consi<strong>de</strong>rando o Terapeuta Ocupacional como coor<strong>de</strong>nador, <strong>de</strong>fine que ele temcomo objetivos facilitar aos participantes a experiência <strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong> serelacionar e vivenciar situações inéditas, relacionadas ao próprio ato do fazer epossibilitando que a ação ganhe sentido e sentimento (BALLARIN, 2005).Tendo como referência a classificação <strong>de</strong> Benetton (1991), há dois tipos <strong>de</strong>dinâmica relaciona<strong>dos</strong> ao uso <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s: o grupo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s e a ativida<strong>de</strong>grupal. No grupo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, cada participante realiza sua ativida<strong>de</strong> e mantémcom o Terapeuta Ocupacional uma relação individual. Na ativida<strong>de</strong> grupal, osintegrantes do grupo realizam uma única ativida<strong>de</strong> em conjunto, e compete aoTerapeuta Ocupacional manter a relação grupal (BENETTON, 1991).Dando <strong>de</strong>staque aos grupos ditos não-verbais, Ferrari (1991) <strong>de</strong>screve queas ativida<strong>de</strong>s utilizadas pelo Terapeuta Ocupacional são recursos mediadores darelação paciente-terapeuta-grupo. Caracteriza-se neste tipo <strong>de</strong> grupo „aexperimentação <strong>de</strong> diferentes fazeres como forma <strong>de</strong> comunicação, a liberação <strong>de</strong>conteú<strong>dos</strong> internos‟, na perspectiva psicanalítica.Para Castro et al. (2001), as ativida<strong>de</strong>s lúdicas, expressivas e artísticasoferecem ao indivíduo experiências que po<strong>de</strong>m transformar, por meio <strong>de</strong>imaginação, os elementos do cotidiano numa nova configuração. Em sua pesquisa,a citação das autoras nos favorece a compreensão do processo criativo:Narrativas, jogos, construção <strong>de</strong> objetos e diversificadas produções sãoelementos que po<strong>de</strong>m ser compartilha<strong>dos</strong> e participam, em essência, <strong>dos</strong>relacionamentos que usamos ao tecer a intrincada teia <strong>de</strong> significado que éa ‘tessitura real da vida humana’, facilitadores da criação <strong>de</strong> uma novarealida<strong>de</strong>. (CASTRO et al., 2001, p.52, grifo das autoras).


32Com o foco no contexto <strong>de</strong> atendimento em grupo, embasada no referencialda psicodinâmica e do manejo grupal, Ballarin (2001) <strong>de</strong>senvolveu um estudo teóricoclínico so<strong>br</strong>e a Terapia Ocupacional, em que <strong>de</strong>fine grupo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s comoaquele em que reúne indivíduos diante do Terapeuta Ocupacional com o propósito<strong>de</strong> viabilizar experiências relativas ao fazer, o qual é essencialmente terapêutico. Aautora complementa que o fazer incorpora os elementos – “[...] a escolha e aindicação da ativida<strong>de</strong>, a realização propriamente dita, o produto final -, bem como arelação que se estabelece ao longo do processo terapêutico ocupacional, entre oterapeuta, o paciente e o grupo, são <strong>de</strong> fundamental importância” (BALLARIN, 2005,p. 68).Este estudo apóia-se nos princípios do „fazer terapêutico‟, em que oTerapeuta Ocupacional consi<strong>de</strong>ra a importância <strong>de</strong> que no contexto grupal, asexperimentações <strong>de</strong> outros fazeres e a vivência <strong>de</strong> situações inéditas atribuem umnovo significado ao seu cotidiano (BALLARIN, 2005).Nessa perspectiva, o Terapeuta Ocupacional usa <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong> paracoor<strong>de</strong>nar, tendo como papel fundamental o <strong>de</strong> mediador <strong>de</strong>sses grupos emdiferentes contextos. Para que o grupo se estabelece a autora <strong>de</strong>staca a importânciado Contrato Grupal, no qual “[...] o grupo estabelece aspectos relativos ao tempo <strong>de</strong>atendimento, ao número <strong>de</strong> atendimentos por semana, horário, como aespecificida<strong>de</strong> do fazer humano e o setting <strong>de</strong> atendimento” (BALLARIN, 2007, p.40). A autora <strong>de</strong>fine o setting terapêutico como o local que <strong>de</strong>ve possibilitar o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> diversas ativida<strong>de</strong>s e é influenciado pelas características doprofissional que o coor<strong>de</strong>na, o qual é responsável pela preparação do ambiente e<strong>dos</strong> recursos materiais para que o grupo venha a acontecer.Consi<strong>de</strong>rando que o MOHO busca explicar o modo como as ocupações sãomotivadas aos indivíduos, os quais as realizam e adotam padrões, busca-seenten<strong>de</strong>r como o processo grupal <strong>de</strong> <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong> favorece seu<strong>de</strong>sempenho, tendo como mediador <strong>de</strong>ssas relações o Terapeuta Ocupacional. Oenvolvimento <strong>de</strong> <strong>adolescentes</strong> com o grupo, permeado por fatores motivacionais,propicia um campo <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> saberes, referencia conceitos comuns e favorece areflexão, permitindo avaliar o <strong>de</strong>sempenho ocupacional sob uma nova ótica,caracterizada pelas similarida<strong>de</strong>s e idiossincrasias.Ainda, autores como Ballarin (2005) e Benetton (1991) alu<strong>de</strong>m que o settingterapêutico <strong>de</strong> um grupo possui as características <strong>de</strong> seus mem<strong>br</strong>os e do terapeuta


33que coor<strong>de</strong>na esse processo, tornando-se um ambiente rico em experimentações do„fazer‟ humano.O MOHO fundamenta-se na capacida<strong>de</strong> do indivíduo valorar e eleger suasocupações, por meio <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s ocupacionais, <strong>de</strong>cididas em um curto prazo,tendo início, meio e fim, organizando assim um „papel ocupacional‟, adquirindonovos hábitos e empreen<strong>de</strong>ndo um novo projeto <strong>de</strong> vida (KIELHOFNER, 2004).Nesse sentido, e em relação à realização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s significativas, Ferrari(1999) <strong>de</strong>staca o uso <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s artísticas ou expressivas envoltas pela dinâmicaestabelecida na relação triádica terapeuta-paciente-ativida<strong>de</strong>s. Desta forma, ampliaseo espaço para a construção <strong>de</strong> caminhos associativos que, por meio da repetiçãoe criação <strong>de</strong> novas formas, torna-se um elemento constitutivo do espaço <strong>de</strong>historicida<strong>de</strong> (FERRARI, 1999). Assim, o indivíduo é capaz <strong>de</strong> criar a sua própriahistória, mediante a realização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s no processo terapêutico.Entretanto, o papel ocupacional será internalizado pelo indivíduo quandoesse incorporar uma posição social e pessoalmente <strong>de</strong>finida, envolvendo umconjunto <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s e comportamentos na socieda<strong>de</strong>.A seguir, apresenta-se a metodologia para a utilização do MOHO em umprocesso <strong>de</strong>senvolvido em grupo <strong>de</strong> <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong>, <strong>de</strong> modo a alcançar osobjetivos da pesquisa.


343 MÉTODONeste capítulo apresenta-se o método que orientou o <strong>de</strong>senvolvimento dainvestigação-intervenção, na perspectiva do Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Ocupação Humana - MOHO.São <strong>de</strong>scritas informações so<strong>br</strong>e o tipo <strong>de</strong> pesquisa, método e técnica, o local <strong>de</strong>pesquisa, aspectos éticos, sujeitos, critérios <strong>de</strong> inclusão e exclusão, coleta,tratamento e análise <strong>de</strong> da<strong>dos</strong>.3.1 TIPO DE PESQUISA, MÉTODO E TÉCNICATrata-se <strong>de</strong> um estudo <strong>de</strong>scritivo-exploratório <strong>de</strong> abordagem qualitativa<strong>de</strong>senvolvido mediante pesquisa participante segundo o referencial <strong>de</strong> Brandão(2006). Esse referencial foi escolhido tendo em vista que “[...] a investigação datemática geradora <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong> não apenas os da<strong>dos</strong> darealida<strong>de</strong> vivida como também a percepção que as pessoas têm <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong>”(BRANDÃO, 2006, p. 30). Logo, partiu-se da premissa <strong>de</strong> que não é possívelconhecer a realida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> sujeitos a não ser que o pesquisador participe com ossujeitos da construção do conhecimento (BRANDÃO, 2006).Conseqüentemente, utilizou-se o Método do Arco <strong>de</strong> Charles Maguerezelaborado por Bor<strong>de</strong>nave e Pereira (1982), <strong>de</strong>scrito por Berbel (1998). Esse métodoé esquematizado por cinco etapas que se <strong>de</strong>senvolvem a partir da realida<strong>de</strong> ou umrecorte da realida<strong>de</strong>: Observação da Realida<strong>de</strong>; Pontos-Chave; Teorização;Hipóteses <strong>de</strong> Solução e Aplicação à Realida<strong>de</strong> (prática). Segundo Berbel (1998),como método <strong>de</strong> ensino, <strong>de</strong> estudo e <strong>de</strong> trabalho po<strong>de</strong> ser utilizado sempre que sejaoportuno, em situações em que os temas estejam relaciona<strong>dos</strong> com a vida emsocieda<strong>de</strong>.Como técnica <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> da<strong>dos</strong> utilizou-se a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Grupo emTerapia Ocupacional, consi<strong>de</strong>rado como um contexto em que os participantes têm apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> experimentar outras formas <strong>de</strong> se relacionar e <strong>de</strong> vivenciarsituações inéditas relativas ao fazer, possibilitando que a ação ganhe um sentido eum significado (BALLARIN, 2007).


353.2 O LOCAL DA PESQUISAA pesquisa foi <strong>de</strong>senvolvida no Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do município <strong>de</strong>Colombo - PR, nas Unida<strong>de</strong>s Básicas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>: CAIC São Miguel e Alto Maracanã.A UBS CAIC São Miguel possui infra-estrutura necessária as dinâmicasgrupais <strong>de</strong>senvolvidas durante a pesquisa, pois conta com um auditório da Escola<strong>de</strong> Ensino fundamental do complexo CAIC, anexo a ela, com os recursos físicos <strong>de</strong>iluminação, espaço e ventilação a<strong>de</strong>qua<strong>dos</strong>, assim como mobiliário e sanitáriospróximos.A UBS Alto Maracanã utiliza o espaço do Centro <strong>de</strong> Referência <strong>de</strong>Assistência Social – CRAS Maracanã, equipamento da comunida<strong>de</strong> próximo à UBSe que se <strong>de</strong>stina a ofertar serviços e ações <strong>de</strong> proteção básica; o CRAS possui afunção <strong>de</strong> gestão territorial da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> assistência social básica, promovendo aorganização e articulação das unida<strong>de</strong>s a ele referenciadas e o gerenciamento <strong>dos</strong>processos nele envolvi<strong>dos</strong>. O serviço dispõe também <strong>de</strong> recursos físicos <strong>de</strong>iluminação, espaço e ventilação a<strong>de</strong>qua<strong>dos</strong>, assim como mobiliário e sanitáriospróximos. Foi-nos cedido o espaço da Brinquedoteca para a realização do ProcessoGrupal com <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong>. As unida<strong>de</strong>s se localizam próximas a terminais<strong>de</strong> ônibus urbano, e apresentam boa acessibilida<strong>de</strong> às <strong>gestantes</strong>.3.3 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISAO projeto <strong>de</strong> pesquisa foi apresentado às Autorida<strong>de</strong>s Sanitárias Locais –ASL das UBS CAIC São Miguel e Alto Maracanã; e à Secretaria Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>do município <strong>de</strong> Colombo – região metropolitana <strong>de</strong> Curitiba, e sua concordância seefetivou mediante a assinatura do Termo <strong>de</strong> Concordância. Após foi aprovado peloComitê <strong>de</strong> Ética em Pesquisa do Setor <strong>de</strong> Ciências da Saú<strong>de</strong>, sob o registro CAAE5871.0.000.091-10 (ANEXO 3).No primeiro encontro da pesquisadora com as <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong>, aproposta <strong>de</strong> pesquisa foi apresentada e explicada segundo o Termo <strong>de</strong>Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE. Após a assinatura da adolescente ou


36responsável, foram coleta<strong>dos</strong> da<strong>dos</strong> mediante a Lista <strong>de</strong> I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> Papéisocupacionais (ANEXO 1), ao qual foram atribuí<strong>dos</strong> códigos i<strong>de</strong>ntificadores dasparticipantes; sendo os mesmos referentes a nomenclatura <strong>de</strong> flores, mantendo-seos princípios éticos da confi<strong>de</strong>ncialida<strong>de</strong>.Conforme o Artigo 7º da Lei Nº 4.553 <strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 2002, quedispõe so<strong>br</strong>e a salvaguarda <strong>de</strong> da<strong>dos</strong>, informações, documentos e materiaissigilosos, o portfólio grupal produzido pelas participantes <strong>de</strong> pesquisa ficará sobposse da pesquisadora por um período <strong>de</strong> cinco anos. Também foi respeitada avulnerabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa população, consi<strong>de</strong>rando que as participantes da pesquisaforam <strong>adolescentes</strong>, com ida<strong>de</strong> entre 12 e 18 anos.O período <strong>de</strong> realização da pesquisa compreen<strong>de</strong>u os meses <strong>de</strong> Março <strong>de</strong>2011 a Novem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 2011.3.4 PARTICIPANTES DA PESQUISAAs participantes da pesquisa foram <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong> usuárias doSistema Único <strong>de</strong> Colombo-PR. Os critérios <strong>de</strong> inclusão foram: estar cadastrada noPrograma Pré-Natal das UBS CAIC ou Alto Maracanã, ter ida<strong>de</strong> entre 12 a 18 anos,estar entre o segundo e terceiro trimestres da gestação e residir na área <strong>de</strong>a<strong>br</strong>angência da UBS. As <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong> emancipadas foram solicitadas aassinar o Termo <strong>de</strong> Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE. No caso <strong>de</strong><strong>adolescentes</strong> não-emancipadas, um responsável direto assinou o TCLE, e aadolescente assinou seu assentimento incluso, a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>clarar concordância nasua participação (APÊNDICE 1).Não foram incluídas as <strong>adolescentes</strong> que estivessem fora da faixa etáriaprevista entre 12 e 18 anos, não estivessem participando do Programa Pré-Natal daUBS, não possuíssem cadastro em uma das referidas UBS, não aceitassemparticipar ou não residissem na área <strong>de</strong> a<strong>br</strong>angência da UBS.As participantes da pesquisa foram indicadas por profissionais <strong>de</strong> referênciadas duas UBS contempladas por este estudo: CAIC e Alto Maracanã, respeitandoos critérios <strong>de</strong> inclusão e exclusão propostos na pesquisa. O Quadro 1 apresenta acaracterização <strong>de</strong> cada participante <strong>dos</strong> grupos CAIC e Alto Maracanã.


37Participantes da UBS CAIC- Orquí<strong>de</strong>a (O) é uma adolescente <strong>de</strong> 16 anos, que resi<strong>de</strong> com os avós paternos. Está no 3º mês dagestação. Mantém namoro (SIC Orquí<strong>de</strong>a) com o pai <strong>de</strong> seu filho e preten<strong>de</strong> morar junto a ele.Abandonou o Ensino Médio <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que foi transferida para o período noturno, no início do presenteano. A avó não quer que ela estu<strong>de</strong> a noite, por que a região em que mora é muito violenta. Estáaguardando o bebê nascer para buscar uma vaga diurna em outro colégio. Não trabalha, realiza asativida<strong>de</strong>s instrumentais <strong>de</strong> vida diária para auxiliar a avó. A gravi<strong>de</strong>z não foi planejada, mas bemaceita por ela e pelo parceiro, o qual já possui dois filhos, oriun<strong>dos</strong> <strong>de</strong> relacionamento anterior.- Rosa (R) é uma adolescente que recém completou 18 anos. Freqüenta o segundo ano do EnsinoMédio no período noturno e trabalha como recepcionista <strong>de</strong> um restaurante. Resi<strong>de</strong> com o parceiroem união estável, com quem vive há mais <strong>de</strong> cinco anos. Está no 6º mês da gestação, a qual não foiplanejada, porém já era i<strong>de</strong>alizada pelo casal. O parceiro já possui uma filha oriunda <strong>de</strong> umrelacionamento anterior. Rosa <strong>de</strong>senvolve todas as ativida<strong>de</strong>s pertinentes a sua ida<strong>de</strong>, inclusiveorganiza-se para o acompanhamento no Programa Pré-natal nos dias <strong>de</strong> folga do trabalho.- Jasmim (J) é uma adolescente <strong>de</strong> 15 anos. Abandonou o Ensino Fundamental na 5ª série, nãotrabalha. Resi<strong>de</strong> atualmente com o namorado na casa <strong>dos</strong> pais <strong>de</strong>le, pois a sogra resolveu “trazê-lapara morar junto <strong>de</strong>vido à situação precária da residência da mãe <strong>de</strong> J, justificando que não gostaria<strong>de</strong> ter seu filho morando naquele lugar” (SIC sogra). Entrou no 4º mês <strong>de</strong> gestação e passará a seracompanhada pela UBS em razão <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> risco. A gravi<strong>de</strong>z não foi planejada, porémassumida pelo parceiro. Percebeu-se a voz ativa da sogra nessa <strong>de</strong>cisão a levar J para morar com afamília. A sogra acompanhou a jovem nesse primeiro encontro. Nesse domicílio Jasmim não possuímuitas atribuições, permanecendo muitas vezes em ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> lazer, sono e repouso, e poucoenvolvimento nas ativida<strong>de</strong>s instrumentais <strong>de</strong> vida diária (AIVD), segundo informação da sogra econfirmada pela adolescente.Participantes da UBS Alto Maracanã- Tulipa (T) é uma adolescente <strong>de</strong> 16 anos. Não está estudando e nem trabalhando. Resi<strong>de</strong> com oparceiro, o sogro e a cunhada, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> uma suspeita <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z, anterior a atual gestação. Está noquarto mês da gestação, a qual não foi planejada, porém afirma que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a primeira suspeita já era<strong>de</strong>sejada, principalmente em razão <strong>de</strong> seu companheiro ter vivenciado uma união anterior, sem terfilhos. É responsável por algumas AIVDs no domicílio, realizando algumas tarefas e dividindo outrascom a cunhada, “fato que gera estresse na relação com a mesma” (SIC participante); i<strong>de</strong>ntificadopelas diferentes formas e concepções do fazer <strong>de</strong> ambas. Alega sentir-se mais autônoma na casa <strong>de</strong>sua mãe ou avó, on<strong>de</strong> ao chegar po<strong>de</strong> realizar as mesmas tarefas sem intromissão <strong>dos</strong> outros (SICparticipante).- Violeta (V) também é uma adolescente <strong>de</strong> 16 anos. Não está estudando e <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> trabalhar comodiarista em razão <strong>de</strong> mal-estar gerado pela gravi<strong>de</strong>z, como hipotensão e <strong>de</strong>smaios (SIC participante).Resi<strong>de</strong> com o parceiro, a sogra e cunhada, enquanto aguarda o final da construção <strong>de</strong> sua própriacasa no mesmo terreno que a da sogra. Está no terceiro mês <strong>de</strong> gestação, também não planejada,mas segundo ela, <strong>de</strong>sejada pelo companheiro, que tem uma diferença <strong>de</strong> 16 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> para coma mesma; e ainda não possui filhos. Também refere “que entre as suas irmãs foi a que engravidoucom mais ida<strong>de</strong>” (SIC participante). “Reclama da falta <strong>de</strong> autonomia na casa da sogra, que a<strong>de</strong>sautoriza perante o companheiro, alegando que ela não sabe fazer as coisas direito” (SICparticipante).QUADRO 1- CARACTERIZAÇÃO DE CADA PARTICIPANTE DOS GRUPOS CAIC E ALTOMARACANÃ (continua)FONTE – O autor (2011)


38- Margarida (M) é uma adolescente com 15 anos. Estuda e não trabalha. Resi<strong>de</strong> com a mãe e irmãosmais novos. Mantém contato com o pai da criança para obter auxílio financeiro das <strong>de</strong>spesas<strong>de</strong>correntes da gestação. Não preten<strong>de</strong> unir-se ao mesmo, <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong> ele possuir outra família.Na casa da mãe tem poucas responsabilida<strong>de</strong>s, tendo a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> passar várias horas do diacom suas amigas. “Refere cumprir medida sócio-educativa em razão <strong>de</strong> conflitos com a lei” (SICparticipante).- Lírio (L) é uma adolescente <strong>de</strong> 16 anos, é casada no civil. Resi<strong>de</strong> em casa própria com o marido.Concluiu o Ensino Fundamental e não preten<strong>de</strong> continuar os estu<strong>dos</strong>. Não trabalha. Tem atribuiçõesjunto à Igreja da qual seu pai é pastor, fazendo parte do Coral. A gravi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> quatro meses não foiplanejada, mas já era esperada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o casamento, uma vez que não fazia uso <strong>de</strong> contraceptivospor questões religiosas. “Refere gostar das atribuições domésticas e estar feliz com a gravi<strong>de</strong>z,porque <strong>de</strong>ixou seu pai muito feliz pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser avô” (SIC participante). Também refereótima convivência com sua família <strong>de</strong> origem.QUADRO 1- CARACTERIZAÇÃO DE CADA PARTICIPANTE DOS GRUPOS CAIC E ALTOMARACANÃ (conclusão)FONTE – O autor (2011)As <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong> participantes da pesquisa são em sua maioriaoriundas <strong>de</strong> famílias <strong>de</strong> nível socioeconômico baixo e famílias monoparentais 3 ,resi<strong>de</strong>ntes em regiões periféricas ao município <strong>de</strong> Colombo – PR (O, R, J, T, V, M eL). Apenas uma das participantes é casada no civil (L). Outra mantém união estávelhá mais <strong>de</strong> cinco anos (R), quatro mantém união recente com o parceiro coabitandono domicílio familiar <strong>de</strong>sse (O, J, T e V). Uma única participante se mantém solteira(M). A média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> das <strong>adolescentes</strong> é <strong>de</strong> 16,3 anos. Em relação à escolarizaçãouma freqüenta o Ensino Médio (R), e outra freqüenta o Ensino Fundamental (M). Amaioria abandonou a escolarização no Ensino Fundamental (O, J, T e V) e uma oconcluiu (L). Em relação à qualificação profissional, apenas a participante quefreqüenta o Ensino Médio (R) tem emprego registrado e uma (V) realiza trabalhoinformal, sob a prestação <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> diarista. As <strong>de</strong>mais ainda não possuemqualificação profissional para a<strong>de</strong>ntrar ao Mercado <strong>de</strong> Trabalho.3 O artigo da Constituição Fe<strong>de</strong>ral, 226, § 4º dispõe “[...] enten<strong>de</strong>-se, também, como entida<strong>de</strong> familiar a comunida<strong>de</strong> formadapor qualquer <strong>dos</strong> pais e seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes”


393.4.1 Grupo UBS CAICA partir <strong>de</strong> uma primeira reunião junto à Autorida<strong>de</strong> Sanitária Local (ASL),realizou-se um levantamento <strong>de</strong> <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong> na área <strong>de</strong> a<strong>br</strong>angência daUBS no Sistema <strong>de</strong> Acompanhamento do Programa <strong>de</strong> Humanização no Pré-natal eNascimento (Sis-Prenatal) da UBS CAIC. Em uma segunda reunião com a ASL e osACS responsáveis pelo território da UBS CAIC, foram i<strong>de</strong>ntificadas 12 <strong>adolescentes</strong>que po<strong>de</strong>riam participar da pesquisa; sendo assim foram confecciona<strong>dos</strong> pelapesquisadora 12 convites, que indicavam o nome da pesquisa, data, local e horáriopara o primeiro encontro.Os convites foram entregues pelas ACS e as mesmas solicitaram um prazo<strong>de</strong> 15 dias para o primeiro encontro, a fim <strong>de</strong> que pu<strong>de</strong>ssem encontrar as<strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong> em seus domicílios por meio <strong>de</strong> busca ativa. Cabe ressaltarque, pelo fato <strong>de</strong> essa UBS não possuir Estratégia <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família (ESF), asACS teriam que buscá-las no território, pois apenas tinham o en<strong>de</strong>reço das mesmase não as conheciam.Para que fosse possível confirmar a presença das <strong>adolescentes</strong> aosencontros foram disponibiliza<strong>dos</strong> pelas ACS os seus telefones <strong>de</strong> contato.O primeiro encontro com as participantes da pesquisa ocorreu nas<strong>de</strong>pendências do Auditório da Escola <strong>de</strong> Ensino Fundamental do complexo CAIC.Compareceram as <strong>adolescentes</strong> Rosa e Orquí<strong>de</strong>a. As ACS justificaram que amaioria das <strong>adolescentes</strong> não foi encontrada em seus domicílios e que outras já nãoresidiam na área <strong>de</strong> a<strong>br</strong>angência da UBS.A pesquisadora e observadora foram apresentadas às participantes, assimcomo os objetivos da pesquisa; proce<strong>de</strong>ndo-se à leitura conjunta do TCLE. Naseqüência, uma das <strong>adolescentes</strong>, por ser consi<strong>de</strong>rada emancipada realizou aassinatura do TCLE e a outra assentiu, levando-o consigo para a assinatura <strong>dos</strong>responsáveis diretos. Propiciou-se uma discussão em grupo para i<strong>de</strong>ntificação dasprincipais questões a serem trabalhadas por esse grupo.


403.4.2 Grupo UBS Alto MaracanãA apresentação da pesquisa foi realizada em reunião com a ASL e a técnica<strong>de</strong> enfermagem da UBS Alto Maracanã, responsáveis pelo Programa Pré-natal epelas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas no território da UBS. Foram i<strong>de</strong>ntificadas pela ASLnos registros do SisPrenatal 22 <strong>adolescentes</strong> que po<strong>de</strong>riam participar da pesquisa.Sendo assim, a ASL solicitou às ACS que fosse realizada a entrega <strong>de</strong> convites,previamente confecciona<strong>dos</strong> pela pesquisadora, às prováveis participantes. Nestes,havia indicação do nome da pesquisa, data, local e horário para o primeiro encontro.Uma semana após a entrega <strong>dos</strong> convites, foi realizado o primeiro encontronas <strong>de</strong>pendências da Brinquedoteca do CRAS Maracanã; espaço acordado pelaASL e a responsável técnica <strong>de</strong>sta unida<strong>de</strong> para a realização do processo grupal.Estavam presentes quatro <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong>, resi<strong>de</strong>ntes no território da UBSAlto Maracanã, contando também com a participação <strong>de</strong> oito ACS, a ASL, aAssistente Social do CRAS e uma mãe responsável por uma das <strong>adolescentes</strong>. Esseencontro teve como objetivo a apresentação da pesquisa e o estabelecimento doContrato grupal. As presenças das ACS, da ASL e da representante do CRASMaracanã foram significativas para o estabelecimento da parceria entre a UBS, oCRAS e a pesquisadora com as <strong>adolescentes</strong> para o <strong>de</strong>senvolvimento da pesquisa.A pesquisa foi apresentada e realizou-se à leitura conjunta do TCLE, após asua assinatura pelas <strong>adolescentes</strong> e por uma das responsáveis. A seguir, propiciouseuma discussão coletiva a fim <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar as principais questões a seremtrabalhadas pelo grupo.As <strong>de</strong>mais <strong>adolescentes</strong> que receberam os convites entregues pelas ACSpara a participação no Grupo não compareceram. As ACS relataram que algumas<strong>adolescentes</strong> não foram encontradas, ou mudaram <strong>de</strong> en<strong>de</strong>reço, e outras não<strong>de</strong>monstraram interesse em participar. Algumas também alegaram ativida<strong>de</strong>sprofissionais realizadas no mesmo horário.Inicialmente, previa-se que haveria um grupo e „<strong>de</strong>z‟ encontros para arealização <strong>de</strong> cinco dinâmicas grupais, sendo que estas po<strong>de</strong>riam ocorrer em um oumais encontros. Todavia, foi necessário que se constituísse um segundo grupo (<strong>de</strong>quatro participantes), pelo fato <strong>de</strong> o primeiro contar somente com três participantes.A diminuição das participantes do primeiro grupo ocorreu pelo fato <strong>de</strong> que uma das


41<strong>adolescentes</strong> interrompeu sua participação <strong>de</strong>vido à incompatibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> horário e aoutra <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> pertencer à área <strong>de</strong> a<strong>br</strong>angência da UBS, após ser encaminhadapara a Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Mulher, por se tratar <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> risco.3.5 COLETA DOS DADOSA técnica para coleta <strong>de</strong> da<strong>dos</strong> foi a <strong>de</strong> Grupo em Terapia Ocupacional,<strong>de</strong>senvolvida no período <strong>de</strong> Março a Agosto <strong>de</strong> 2011. No <strong>de</strong>senvolvimento doprocesso grupal, a pesquisadora <strong>de</strong>senvolveu seus principais papéis comofacilitadora, coor<strong>de</strong>nadora, mo<strong>de</strong>radora, articuladora, e também foi a responsávelpela coleta <strong>de</strong> da<strong>dos</strong>. A pesquisadora foi quem coor<strong>de</strong>nou e favoreceu as dinâmicasgrupais, atuou como mo<strong>de</strong>radora, em alguns momentos, e articuladora das questõesapresentadas pelas <strong>adolescentes</strong> ou grupo, com vistas a levá-las a reflexionar<strong>acerca</strong> <strong>de</strong> seus processos relacionais, suas vivências e seu <strong>de</strong>sempenhoocupacional, bem como a participar em cada etapa, ativamente.A pesquisadora contou com o apoio <strong>de</strong> uma estudante <strong>de</strong> graduação, ligadaao Programa <strong>de</strong> Incentivo <strong>de</strong> Bolsas para a Iniciação Científica (PIBIC), que<strong>de</strong>sempenhou a função <strong>de</strong> Co-terapeuta, como previsto na Técnica <strong>de</strong> Grupo emTerapia Ocupacional. Ela assumiu a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> registrar no diário <strong>de</strong>Campo o que não era verbal: as posturas corporais, os gestos, os silêncios, etc. Opré-requisito para a seleção da aluna foi que estivesse matriculada no Curso <strong>de</strong>Terapia Ocupacional, no quinto período ou nos subseqüentes, e que já tivesseaprovação na disciplina <strong>de</strong> Processos Grupais, e ainda, que fosse aprovada naseleção para o PIBIC. A aluna em questão <strong>de</strong>senvolveu seu projeto <strong>de</strong> iniciaçãocientífica so<strong>br</strong>e A Gravi<strong>de</strong>z e adolescência, como bolsista da Fundação Araucária –PR, em 2011.Conforme foi previsto no projeto da pesquisa, o número <strong>de</strong> encontros foiampliado <strong>de</strong>vido às necessida<strong>de</strong>s grupais. Houve cinco encontros para o grupoCAIC e sete encontros para o Grupo Alto Maracanã. O prazo <strong>de</strong> permanência das<strong>adolescentes</strong> nas dinâmicas grupais <strong>dos</strong> Grupos CAIC e Grupo Maracanã variou <strong>de</strong>três a seis meses.


423.5.1 Contrato GrupalNo primeiro encontro <strong>de</strong> ambos os grupos, a proposta <strong>de</strong> pesquisa foiapresentada às <strong>adolescentes</strong> e explicada segundo o Termo <strong>de</strong> Consentimento Livree Esclarecido – TCLE (APÊNDICE 1). Foi lhes explicado que haveria<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> dinâmicas <strong>de</strong> grupo em que as <strong>adolescentes</strong> vivenciariamsituações relacionadas a sua condição <strong>de</strong> gestante e <strong>de</strong> futura mãe. Também foi ummomento em que a pesquisadora explicou so<strong>br</strong>e a participação das <strong>adolescentes</strong>nas dinâmicas grupais, e so<strong>br</strong>e a assinatura do TCLE por elas, ou seusresponsáveis, bem como so<strong>br</strong>e seu assentimento, caso <strong>de</strong>sejassem participarefetivamente (APÊNDICE 1).Assim, as <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong> firmaram acordo, verbal e coletivo, <strong>de</strong>participação nas dinâmicas grupais. Em conjunto, a pesquisadora e o grupo<strong>de</strong>finiram o horário, local, dia da semana e duração das dinâmicas. O horário e o diada semana variaram conforme a disponibilida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> participantes. Todavia, aduração <strong>dos</strong> encontros variou no período entre 1h30min a 2h00min, conforme oplanejado, anteriormente.A pesquisadora explicou que haveria flexibilida<strong>de</strong> no número <strong>de</strong> dinâmicas<strong>de</strong> grupo e quanto aos conteú<strong>dos</strong> a serem aborda<strong>dos</strong>, <strong>de</strong> modo a respeitar asnecessida<strong>de</strong>s e ritmo do grupo. Após as assinaturas <strong>dos</strong> TCLE, foi atribuído umcódigo i<strong>de</strong>ntificador para cada participante, mantendo-se os princípios éticos daconfi<strong>de</strong>ncialida<strong>de</strong>. Cada adolescente optou por ser i<strong>de</strong>ntificada por um nome <strong>de</strong> flor.Os encontros para as dinâmicas grupais subseqüentes foram realiza<strong>dos</strong> emconformida<strong>de</strong> com os combina<strong>dos</strong> do grupo, respeitando os requisitos da Técnica<strong>de</strong> Grupo em Terapia Ocupacional e do Método do Arco <strong>de</strong> Maguerez. Houve umnúmero variado <strong>de</strong> dinâmicas relacionadas a cada temática, e cada etapa doMétodo do Arco po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>senvolvida nas dinâmicas <strong>de</strong> forma isolada, ou emconjunto com as <strong>de</strong>mais.O <strong>de</strong>senvolvimento do Processo Grupal em Terapia Ocupacional com<strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong>, <strong>de</strong> acordo com o método apresentado nessa seção, foisintetizado em um mo<strong>de</strong>lo lógico, que explicita o Processo grupal e a aplicação dasetapas do Método do Arco <strong>de</strong> Maguerez em cada uma das cinco dinâmicaspropostas.


433.6 O DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO GRUPAL EM TERAPIAOCUPACIONAL COM ADOLESCENTES GESTANTESTendo como referencial o Grupo em Terapia Ocupacional, como espaço <strong>de</strong>experimentações e relacionamentos e vivências do „fazer humano‟; buscou-seutilizá-lo como Técnica <strong>de</strong> Coleta <strong>de</strong> Da<strong>dos</strong>, associando-o à metodologiaproblematizadora segundo o Método do Arco <strong>de</strong> Charles Maguerez (BORDENAVE;PEREIRA, 1982), o qual compreen<strong>de</strong> cinco etapas distintas, que foram<strong>de</strong>senvolvidas subseqüentemente, em todas as cinco dinâmicas para cada temática.Observação da Realida<strong>de</strong> aconteceu a partir da verificação da realida<strong>de</strong>social e concreta; consi<strong>de</strong>rando o reconhecimento da evidência da gravi<strong>de</strong>z eacompanhamento em Programa Pré-Natal <strong>de</strong> <strong>adolescentes</strong> adscritas a uma Unida<strong>de</strong>Básica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> – UBS. Após a explicação da pesquisa e leitura conjunta do TCLE,foi realizada a assinatura do documento pelas <strong>adolescentes</strong> e responsáveis eestabelecido o contrato grupal. A primeira dinâmica realizada foi a Dinâmica dasAtivida<strong>de</strong>s Cotidianas (Seção 3.7.1.1), na qual as <strong>adolescentes</strong> proce<strong>de</strong>ram à suaapresentação e registraram as ativida<strong>de</strong>s preferidas e preteridas do seu cotidiano.No segundo encontro a Dinâmica <strong>dos</strong> Papéis Ocupacionais (Seção 3.7.1.2),consistiu na apresentação e preenchimento da Lista <strong>de</strong> I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> PapéisOcupacionais pelas próprias <strong>adolescentes</strong> (CORDEIRO, 2005), após leitura eorientações por parte da pesquisadora. Esta última ativida<strong>de</strong> ocorreu no primeiroencontro na UBS CAIC, mas na UBS Maracanã, foi necessário mais um encontropara viabilizá-la, <strong>de</strong>vido ao grupo possuir um número maior <strong>de</strong> participantes. Ospapéis ocupacionais i<strong>de</strong>ntifica<strong>dos</strong> pelas participantes foram registra<strong>dos</strong> quanto aoseu <strong>de</strong>sempenho e importância no cotidiano das <strong>adolescentes</strong>. Os registros foramreserva<strong>dos</strong> para a composição futura do portfólio grupal.A terceira dinâmica, do Papel Feminino e Materno (Seção 3.7.1.3) <strong>de</strong>stacoua reflexão <strong>dos</strong> papéis feminino e materno por meio <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> expressiva eartesanal.A quarta dinâmica realizada foi a Dinâmica <strong>dos</strong> Papéis Ocupacionais daadolescente na gestação (Seção 3.7.1.4), utilizando uma ativida<strong>de</strong> lúdica como


44facilitadora da problematização <strong>dos</strong> significa<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> papéis ocupacionais e do papelmaterno elenca<strong>dos</strong> nas dinâmicas anteriores.E por último, a Dinâmica da Gestação e a Saú<strong>de</strong> (seção 3.7.1.5), que visoutornar concreto o <strong>de</strong>sejo das participantes em conhecer o Processo da Gestação ecorrelacioná-lo ao processo vivenciado.Todas as dinâmicas partiram do Contrato grupal, consi<strong>de</strong>radas peloProcesso Grupal em Terapia Ocupacional e respeitando os princípios do MOHO –volição, habituação e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho.Na segunda etapa, que é a <strong>dos</strong> Pontos-Chave, as <strong>adolescentes</strong> reunidasem grupo foram incentivadas a refletir. Primeiramente, so<strong>br</strong>e as possíveis causas daexistência do problema em estudo – Gravi<strong>de</strong>z na adolescência e DesempenhoOcupacional. Esta etapa realizada em todas as dinâmicas foi norteada porperguntas disparadoras como: Quais ativida<strong>de</strong>s você realiza no seu cotidiano?Quais as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sua preferência? Qual ativida<strong>de</strong> você não gosta e tem querealizar? Quais os papéis ocupacionais que você <strong>de</strong>sempenha hoje? O que mudouapós a gravi<strong>de</strong>z? Quais papéis você gostaria <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhar no futuro? O que é agravi<strong>de</strong>z para você? O que é ser mãe para você? Das respostas emergiramtemáticas que posteriormente foram trabalhadas em grupo com as <strong>adolescentes</strong><strong>gestantes</strong>, tais como: preferências por ativida<strong>de</strong>s, os papéis ocupacionais exerci<strong>dos</strong>,o papel feminino e o papel materno, a percepção <strong>de</strong>las so<strong>br</strong>e a gestação e amaternida<strong>de</strong>.A terceira etapa foi a Teorização, na qual ocorreu a investigaçãopropriamente dita. As <strong>adolescentes</strong>, após problematizar a questão gravi<strong>de</strong>z,discutiram e i<strong>de</strong>ntificaram em todas as dinâmicas, por meio <strong>de</strong> referencial teóriconorteador ofertado pela pesquisadora, ações e programas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>stina<strong>dos</strong> aelas, bem como as ocupações esperadas e pertinentes a sua faixa etária,contextualizando assim, o seu <strong>de</strong>sempenho ocupacional. Nesta etapa, asinformações obtidas foram compiladas em portfólio por meio <strong>de</strong> registros e imagensfotográficas. O objetivo da construção coletiva do portfólio foi registrar a reflexão das<strong>adolescentes</strong>. Para a pesquisadora, ele serviu como coleta <strong>de</strong> da<strong>dos</strong> <strong>acerca</strong> <strong>de</strong>reflexões das <strong>adolescentes</strong> relativas à temática em estudo, as suas percepçõesso<strong>br</strong>e os papeis ocupacionais <strong>de</strong>senvolvi<strong>dos</strong> e o <strong>de</strong>sempenho futuro do papel


45materno, e <strong>de</strong>mais da<strong>dos</strong> oriun<strong>dos</strong> <strong>de</strong> cada encontro, os quais subsidiaram oplanejamento <strong>dos</strong> próximos encontros.A quarta etapa foi a das Hipóteses <strong>de</strong> solução. Todo o estudo foiconcebido para fornecer elementos as <strong>adolescentes</strong> a fim <strong>de</strong> que percebessem, <strong>de</strong>modo crítico, as possíveis soluções para as problemáticas i<strong>de</strong>ntificadas por elas emcada dinâmica, e para que reorganizassem seu cotidiano, com uma perspectiva <strong>de</strong>futuro. Esta etapa foi norteada por perguntas disparadoras elaboradas pelas<strong>adolescentes</strong> junto à pesquisadora como: O quê eu gostaria <strong>de</strong> saber <strong>acerca</strong> dagravi<strong>de</strong>z? O que eu gostaria <strong>de</strong> mudar em relação aos papéis ocupacionais que<strong>de</strong>senvolvo? Como posso enten<strong>de</strong>r a transformação do meu corpo e a minhagestação? Exemplos como estes auxiliaram a discussão e elaboração das hipótesesque foram aplicadas na etapa seguinte.A quinta e última etapa foi a Aplicação à realida<strong>de</strong>, na qual as <strong>de</strong>cisõestomadas <strong>de</strong>veriam ser executadas ou encaminhadas. Nessa etapa, os componentessocial e político estavam mais presentes, trazendo a realida<strong>de</strong> vivenciada pelas<strong>adolescentes</strong> <strong>de</strong> forma objetiva e vinculada aos papéis que <strong>de</strong>senvolviam no seucotidiano. A prática que correspon<strong>de</strong> a essa etapa implica um compromisso das<strong>adolescentes</strong> com a transformação da própria realida<strong>de</strong>. Tal compromisso foisustentado pelas participantes por meio do contrato grupal, apoiando-se umas àsoutras nas tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões planejadas para o futuro.Segundo Berbel (1996, p.144), "[...] os indivíduos observam no meio osproblemas e para o meio levarão uma resposta <strong>de</strong> seus estu<strong>dos</strong>, visandotransformá-lo em algum grau” (BERBEL, 1996). Sob esta ótica, nesta pesquisaconsi<strong>de</strong>rou-se o termo „estudo‟ como o processo reflexivo <strong>acerca</strong> da realida<strong>de</strong>vivenciada pelas <strong>adolescentes</strong>, alicerçado nas dinâmicas grupais por meio daTécnica <strong>de</strong> Grupo em Terapia Ocupacional, consi<strong>de</strong>rando a relação das<strong>adolescentes</strong> permeada pelo “fazer terapêutico” proposto por Ballarin (2005).


463.7 O MODELO LÓGICO E O DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO GRUPAL EMTERAPIA OCUPACIONAL COM ADOLESCENTES GESTANTESO <strong>de</strong>senvolvimento do Processo Grupal em Terapia Ocupacional com<strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong>, <strong>de</strong> acordo com o método apresentado nessa seção, foisintetizado num mo<strong>de</strong>lo lógico, que explicita a aplicação das etapas do Método doArco <strong>de</strong> Maguerez em cada uma das cinco dinâmicas propostas. No Mo<strong>de</strong>lo Lógicoobserva-se também que as dinâmicas se integram subsequencialmente epromovendo o aprofundamento da problematizarão com vistas ao alcance <strong>dos</strong>objetivos do Processo Grupal previstos nesta pesquisa.As Figuras 1 a 3, <strong>de</strong>monstram como todas as dinâmicas foram realizadasmediante as etapas do Método do Arco <strong>de</strong> Maguerez, constituindo assim o Mo<strong>de</strong>loLógico.


DIAGRAMA DO MODELO LÓGICO DO PROCESSO GRUPAL EM TERAPIA OCUPACIONAL COM ADOLESCENTESGESTANTESI DINÂMICA DAS ATIVIDADES COTIDIANAS - Conhecimento das <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong> e o seu cotidianoObservação daRealida<strong>de</strong>Conhecer as<strong>adolescentes</strong> eo seu cotidiano.Pontos-chave Teorização Hipóteses <strong>de</strong>SoluçãoSituações problema:O Processo Grupal eCada adolescente tergravi<strong>de</strong>z,a reflexão daciência <strong>de</strong> seusadolescência eGravi<strong>de</strong>z no cotidianointeresses nas situaçõesinteresses.das <strong>adolescentes</strong>.problematizadas –Gravi<strong>de</strong>z e adolescência.Aplicação à Realida<strong>de</strong>Expressão <strong>de</strong>soluções àsquestões <strong>de</strong>preferências einteresses e comolidar com aso<strong>br</strong>igações diárias.I I DINÂMICA DOS PAPÉIS OCUPACIONAIS DA ADOLESCENTE - I<strong>de</strong>ntificando os papéis ocupacionais <strong>de</strong>senvolvi<strong>dos</strong> no cotidiano das <strong>adolescentes</strong><strong>gestantes</strong>Observação daPontos -chave Teorização Hipóteses <strong>de</strong>Aplicação à Realida<strong>de</strong>SoluçãoRealida<strong>de</strong>I<strong>de</strong>ntificar ospapéisocupacionais<strong>de</strong>senvolvi<strong>dos</strong>pelas<strong>adolescentes</strong>Papéis abandona<strong>dos</strong>e papéis <strong>de</strong>seja<strong>dos</strong>.Conceito <strong>de</strong> papelsocial e ocupacional.Planejar a retomada<strong>de</strong> papéis e como<strong>de</strong>senvolver novospapéis.Retomada <strong>dos</strong>papéis <strong>de</strong>estudante etrabalhador.Preparação para opapel materno.Reconhecimento do papel <strong>de</strong>Mem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> família.47


ObservaçãoRealida<strong>de</strong>I<strong>de</strong>ntificar opapel socialfeminino e opapel materno.daIII DINÂMICA Do PAPEL FEMININO E MATERNO - Reconhecendo o papel <strong>de</strong> Mulher e MãePontos -chave Teorização Hipóteses <strong>de</strong> Solução Aplicação à Realida<strong>de</strong>Incorporação doComo me sinto hoje?O significado <strong>de</strong> serIntegrar a rotina ospapel <strong>de</strong> Mulher eO que espero doadolescente, sernovos papéis sociaismãe às suas rotinas.futuro papel materno?mulher e ser mãeem equilí<strong>br</strong>io aosI<strong>de</strong>ntificação dopara as <strong>adolescentes</strong>.<strong>de</strong>mais papéispapel <strong>de</strong> Mulher emocupacionais.fase adulta.IV DINÂMICA DOS PAPÉIS OCUPACIONAIS DA ADOLESCENTE NA GESTAÇÃO - Re-significando os papéis ocupacionais no cotidiano da gestanteadolescenteObservação daRealida<strong>de</strong>I<strong>de</strong>ntificar ediscutir osdiferentes papéisocupacionais.Pontos -chave Teorização Hipóteses <strong>de</strong> Solução Aplicação à Realida<strong>de</strong>O que faço hoje, oO que preciso paraIncluir na rotina pessoalBusca pelo exercício <strong>dos</strong>que <strong>de</strong>ixei <strong>de</strong> fazer, o<strong>de</strong>senvolver comos papéis consi<strong>de</strong>ra<strong>dos</strong>papéis ocupacionaisque quero fazer nocompetência osimportantes,abandona<strong>dos</strong>futuro em relaçãopapéis elenca<strong>dos</strong>a<strong>de</strong>quando-a para(estudante e trabalhador).aos papéiscomo importantes.atingir os objetivosPlanejamento do futuroocupacionais?traça<strong>dos</strong>.alicerçado à maternida<strong>de</strong>e ao casamento.48


V DINÂMICA DA GESTAÇÃO E A SAÚDE – Assumindo e preparando-se para o Papel Materno <strong>de</strong> modo saudávelObservaçãoRealida<strong>de</strong>daPontos -chave Teorização Hipóteses <strong>de</strong> Solução Aplicação à Realida<strong>de</strong>Como conceboa gestação e o<strong>de</strong>senvolvimento do meu bebê.Quem é o ser queestá sendo gerado<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim?Como acontece oprocesso <strong>de</strong>gestação?Compreen<strong>de</strong>r oprocesso <strong>de</strong> gestaçãoe o <strong>de</strong>senvolvimentodo bebê.Como cuidar da minhasaú<strong>de</strong> para que minhagravi<strong>de</strong>z sejaPerceber suaspróprias mudançascorporais, o<strong>de</strong>senvolvimento dobebê e a importânciado acompanhamentopré-natal.I<strong>de</strong>ntificando aimportância do prénatal.A<strong>de</strong>quandoos hábitos e rotinasno planejamento damaternida<strong>de</strong> e aocasamento.saudável.Adaptar-se àgestação.FIGURAS 1, 2, 3 – DIAGRAMA DO MODELO LÓGICO DO PROCESSO GRUPAL EM TERAPIA OCUPACIONAL COM ADOLESCENTES GESTANTESDINÂMICAS 1,2,3,4, E 5FONTE – O autor (2011)49


503.7.1 As Dinâmicas realizadas nos encontrosAs dinâmicas realizadas com os grupos da UBS CAIC e UBS AltoMaracanã, inicialmente sofreram alterações, consi<strong>de</strong>rando o fator tempo edisponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> permanência das participantes no primeiro encontro.3.7.1.1 Dinâmica das Ativida<strong>de</strong>s Cotidianas (DAC)Com os grupos da UBS CAIC e UBS Alto Maracanã foi proposta a Dinâmicadas Ativida<strong>de</strong>s Cotidianas a fim <strong>de</strong> reconhecer as preferências e interesses das<strong>adolescentes</strong> em relação as suas ativida<strong>de</strong>s cotidianas, consi<strong>de</strong>rando os princípiosdo MOHO – volição, habituação e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho. A dinâmica consistia<strong>de</strong> quatro frases disparadoras: EU GOSTO, EU NÃO GOSTO, EU GOSTO E FAÇOe EU NÃO GOSTO E FAÇO. As <strong>adolescentes</strong> registraram, individualmente, suaspreferências e interesses, como também as ativida<strong>de</strong>s preteridas, porém realizadasem seu cotidiano; sendo as observações registradas pela pesquisadora e aobservadora em diário <strong>de</strong> campo, e os registros individuais foram compila<strong>dos</strong> noportfólio grupal.Após o registro individual, as <strong>adolescentes</strong> realizaram a leitura <strong>de</strong> seusescritos e <strong>de</strong>bateram <strong>acerca</strong> <strong>de</strong> preferências e predileções das ativida<strong>de</strong>s cotidianas,norteadas pelos princípios do MOHO.O primeiro encontro da UBS Alto Maracanã contou com a presença dapesquisadora, quatro <strong>adolescentes</strong>, a mãe <strong>de</strong> uma das <strong>adolescentes</strong>, oito ACS e aASL. Foi realizada a apresentação <strong>de</strong> to<strong>dos</strong> os presentes e estabeleceu-se ocontrato grupal. O TCLE foi lido conjuntamente e assinado pelas <strong>adolescentes</strong> eresponsáveis presentes. Em seguida, a Dinâmica das ativida<strong>de</strong>s cotidianas foirealizada e <strong>de</strong>batida como no encontro da UBS CAIC, porém em razão <strong>de</strong> umnúmero maior <strong>de</strong> <strong>adolescentes</strong> e a presença das ACS e ASL, a ativida<strong>de</strong> prolongouse,tornando a reflexão das <strong>adolescentes</strong> mais aprofundada.


51Os registros individuais da dinâmica foram organiza<strong>dos</strong> para a futuracomposição do portfólio grupal, assim como foram realiza<strong>dos</strong> os registros em diário<strong>de</strong> campo pela pesquisadora e observadora.Em ambos os grupos respeitando o contrato grupal, novo encontro foimarcado, em data e horário comumente acorda<strong>dos</strong>.3.7.1.2 Dinâmica <strong>dos</strong> Papéis Ocupacionais (DPO)No segundo encontro da UBS CAIC e da UBS Alto Maracanã foiapresentado as participantes o instrumento: LISTA DE IDENTIFICAÇÂO DEPAPÉIS OCUPACIONAIS. O instrumento originalmente elaborado na língua inglesapor Oakley, Kielhofner e Barris em 1995 e traduzido e adaptado culturalmente parao português por Cor<strong>de</strong>iro (2005), visa obter a percepção do indivíduo em suaparticipação nos principais papéis ocupacionais ao longo da vida, bem como o grau<strong>de</strong> importância atribuído aos mesmos papéis (KIELHOFNER, 2004). A versãoutilizada nesta pesquisa encontra-se em anexo (ANEXO 1).Para aten<strong>de</strong>r o objetivo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar valores atribuí<strong>dos</strong> aos papéisocupacionais <strong>de</strong> estudante, trabalhador, voluntário, cuidador, serviçosdomésticos, mem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> família, amigo, religioso, passatempo amador eparticipação em organizações, o instrumento auto-aplicável foi preenchido pelasparticipantes. Ao final da ativida<strong>de</strong>, os principais papéis i<strong>de</strong>ntifica<strong>dos</strong> pelas<strong>adolescentes</strong> foram discuti<strong>dos</strong> e registra<strong>dos</strong> pela pesquisadora e a observadora emdiário <strong>de</strong> campo, assim como, posteriormente, os da<strong>dos</strong> foram trata<strong>dos</strong> em planilhaeletrônica versão Beta 4, elaborada por Cor<strong>de</strong>iro (2005). As listas foram compiladasao portfólio grupal.3.7.1.3 Dinâmica do Papel Feminino e Materno (DPFM)No terceiro encontro da UBS CAIC e UBS Alto Maracanã foi realizada umadinâmica grupal envolvendo a ativida<strong>de</strong> expressiva e artesanal <strong>de</strong> confecção <strong>de</strong> dois


52chaveiros em peças <strong>de</strong> bijuteria. Tal ativida<strong>de</strong> visou caracterizar a fase daadolescência e a futura maternida<strong>de</strong>, possibilitando a criação e expressão dasparticipantes, dando <strong>de</strong>staque ao presente e ao futuro almejado. No encontro daUBS CAIC apenas duas <strong>adolescentes</strong> participaram e no encontro da UBS AltoMaracanã foram três as participantes. Esta dinâmica foi retomada no quartoencontro da UBS Alto Maracanã com duas participantes que não pu<strong>de</strong>ramcomparecer ao encontro anterior.A dinâmica propiciou <strong>de</strong>stacar a feminilida<strong>de</strong> e a aproximação com o papelmaterno, e viabilizar às <strong>adolescentes</strong> reflexões <strong>acerca</strong> do futuro, seus i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> vidae relacionamento afetivo envolvendo o parceiro ou familiar próximo.O referencial teórico norteador da dinâmica foi Hagedorn (2007), tendocomo <strong>de</strong>staque o conceito <strong>de</strong> papéis sociais, em foco: ser adolescente e ser mulhere mãe.As participantes confeccionaram dois chaveiros pertinentes aos papéis – umprimeiro referente a ser adolescente e mulher e o outro ao ser mulher e mãe.O papel feminino e o papel materno foram discuti<strong>dos</strong> pelas participantesdurante a execução da técnica artesanal <strong>de</strong> confecção <strong>de</strong> bijuteria e seus relatosforam registra<strong>dos</strong> pela pesquisadora e a observadora em diário <strong>de</strong> campo. Umaamostra <strong>dos</strong> dois mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> chaveiros foi fotografada para registro no portfólio(Fotografia 1). Os assuntos discuti<strong>dos</strong> nesse encontro <strong>de</strong>finiram a temática dopróximo encontro, assim como sua dinâmica.3.7.1.4 A Dinâmica <strong>dos</strong> Papéis Ocupacionais da adolescente na gestação (DPOAG)Essa Dinâmica utilizou o Jogo <strong>dos</strong> Papéis Ocupacionais, adaptado daativida<strong>de</strong> lúdica – Jogo da Vida, e seguiu a temática <strong>de</strong>senvolvida nos encontrosanteriores; visando propiciar a discussão <strong>dos</strong> principais papéis ocupacionais<strong>de</strong>sempenha<strong>dos</strong> pelas <strong>adolescentes</strong>, suas preferências e também as dificulda<strong>de</strong>senfrentadas para <strong>de</strong>senvolver tais papéis. O número <strong>de</strong> encontros variou em razãoda presença das <strong>adolescentes</strong> aos encontros.A cada papel apresentado na seqüência do Jogo <strong>de</strong> tabuleiro as<strong>adolescentes</strong> questionavam umas as outras so<strong>br</strong>e as temáticas apresentadas no


53jogo, propiciando uma discussão <strong>acerca</strong> <strong>de</strong> impressões e opiniões das <strong>adolescentes</strong>em relação ao papel em <strong>de</strong>staque, favorecendo pontos <strong>de</strong> vista similares oudiscordantes; com respeito à singularida<strong>de</strong> das <strong>adolescentes</strong>.As temáticas <strong>de</strong>stacadas no jogo foram: Namoro, Relacionamento,Trabalho, Estudo, Família, Amigos, Gravi<strong>de</strong>z, Filhos e Cuidado com a Saú<strong>de</strong>.Como aporte teórico, utilizou-se o conceito <strong>de</strong> Brincar, segundo Reilly(1974), consi<strong>de</strong>rado como “[...] veículo fundamental para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>capacida<strong>de</strong>s, habilida<strong>de</strong>s, interesses e hábitos <strong>de</strong> competição e cooperação,necessários para a competência na vida adulta” (REILLY, 1974 apud REZENDE,2009, p. 57). O Processo Grupal em Terapia Ocupacional, proposto por Ballarin(2004), também compôs o aporte teórico <strong>de</strong>ssa dinâmica, consi<strong>de</strong>rando o grupocomo facilitador da discussão <strong>acerca</strong> <strong>de</strong> temáticas evi<strong>de</strong>nciadas no encontroanterior.Objetivou-se fortalecer o conceito <strong>dos</strong> papéis atribuí<strong>dos</strong> e <strong>de</strong>staca<strong>dos</strong> pelas<strong>adolescentes</strong>, promover a discussão <strong>de</strong> suas concepções <strong>acerca</strong> <strong>dos</strong> papéis ereferendar seus principais papéis ocupacionais.A problematização <strong>de</strong>ssas temáticas e papéis, após extensa discussãopelas participantes <strong>dos</strong> Grupos da UBS CAIC e Alto Maracanã, possibilitou suscitarnas participantes o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r a concepção e gravi<strong>de</strong>z, e correlacionarcom o processo vivido. Para tanto a pesquisadora e observadora propuseram àsparticipantes a apresentação <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>os científicos que tratam <strong>de</strong>ssa questão.Portanto, para o encontro subseqüente foi proposta a Dinâmica da Gestação eSaú<strong>de</strong> (DGS).3.7.1. 5 A Dinâmica da Gestação e a Saú<strong>de</strong> (DGS)No quarto e quinto encontro da UBS CAIC e no sexto e sétimo encontro daUBS Alto Maracanã, foi utilizado o recurso audiovisual – Desenvolvimento daGravi<strong>de</strong>z - Da concepção ao nono mês; sendo esse uma série da DiscoveryChannel (YOUTUBE, 2011), composta por cinco ví<strong>de</strong>os científicos que tratam <strong>de</strong>s<strong>de</strong>


54a concepção até o <strong>de</strong>senvolvimento do bebê, as transformações da gravi<strong>de</strong>z e asrelações <strong>de</strong> cuidado com a saú<strong>de</strong>.Consi<strong>de</strong>rando o recurso audiovisual como ativida<strong>de</strong> educativa em saú<strong>de</strong>,buscou-se elucidar às participantes o processo <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z e seu significado doponto <strong>de</strong> vista pessoal.Foram realiza<strong>dos</strong> dois registros pelas participantes, um relativo aoconhecimento e concepção da gravi<strong>de</strong>z antes <strong>de</strong> assistir ao ví<strong>de</strong>o, e outro após otérmino do mesmo.A ativida<strong>de</strong> necessitou um numero maior <strong>de</strong> encontros, em razão do tempo<strong>de</strong> duração <strong>dos</strong> ví<strong>de</strong>os e também na UBS Alto Maracanã por não estarem presentesao encontro todas as <strong>adolescentes</strong> <strong>de</strong> uma só vez.Foram discutidas as principais dúvidas e as i<strong>de</strong>ntificações das <strong>adolescentes</strong>com o processo <strong>de</strong> gestação vivenciado.Os temas emergentes <strong>de</strong>ssa ativida<strong>de</strong> foram; Minha saú<strong>de</strong>, atransformação do meu corpo, o <strong>de</strong>senvolvimento do meu bebê, as implicaçõesda minha condição <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para a saú<strong>de</strong> do bebê, o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> vivenciar omomento do nascimento e conhecer o bebê e a responsabilida<strong>de</strong>.Como sustentação teórica <strong>de</strong>ssa dinâmica, utilizou-se o processo grupal emTerapia Ocupacional, para possibilitar a discussão so<strong>br</strong>e a temática Gravi<strong>de</strong>z efutura maternida<strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>rando o interesse e a forma como o grupo se organizoupara abordá-las.3.8 TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOSInicialmente foram caracteriza<strong>dos</strong> o local da pesquisa e o contratoestabelecido com os profissionais <strong>de</strong> cada uma das UBS e <strong>dos</strong> equipamentoscomunitários utiliza<strong>dos</strong> para os encontros com as participantes, os quais foramapresenta<strong>dos</strong> no presente capítulo.Na seqüência foram tabula<strong>dos</strong> os da<strong>dos</strong> psicossociais da populaçãoestudada – <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong>, e elaborada a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> cada dinâmicarealizada nos encontros grupais.


55Para este estudo a pesquisadora e a observadora registraram em diário <strong>de</strong>campo, após cada dinâmica <strong>de</strong> grupo: notas teóricas, metodológicas, e <strong>de</strong>observação, com o propósito <strong>de</strong> retratar a sua percepção so<strong>br</strong>e a dinâmica dogrupo, as quais foram tabuladas em planilhas eletrônicas.A metodologia da coleta <strong>de</strong> da<strong>dos</strong> foi organizada consi<strong>de</strong>rando-se aObservação Participante, como a “... parte essencial do trabalho <strong>de</strong> campo napesquisa qualitativa, tendo a figura do observador como responsável pela coleta <strong>de</strong>da<strong>dos</strong> no cenário cultural da pesquisa” (MINAYO, 2010, p.274-275).O diário <strong>de</strong> campo, segundo a mesma autora, é o instrumento que registraas observações do pesquisador, suas impressões pessoais, as impressões <strong>de</strong>comportamentos contraditórios, assim como as manifestações <strong>dos</strong> interlocutoresquanto aos aspectos investiga<strong>dos</strong>.Os da<strong>dos</strong> da Lista <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> Papéis Ocupacionais foramalimenta<strong>dos</strong> em planilha eletrônica – Versão Beta 4 (Cor<strong>de</strong>iro, 2005), que gerougráficos e tabelas que foram apresenta<strong>dos</strong> nos resulta<strong>dos</strong>.Os registros <strong>dos</strong> relatos e imagens das ativida<strong>de</strong>s realizadas durante asdinâmicas grupais foram compila<strong>dos</strong> em um portfólio grupal, organizado pelapesquisadora e a observadora.To<strong>dos</strong> os da<strong>dos</strong> coleta<strong>dos</strong> foram submeti<strong>dos</strong> à análise <strong>de</strong> conteúdo <strong>de</strong>finidapor Bardin (1979) como:Um conjunto <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> comunicação visando obter, porprocedimentos sistemáticos e objetivos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrição do conteúdo dasmensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência <strong>de</strong>conhecimentos relativos às condições <strong>de</strong> produção/reprodução <strong>de</strong>stasmensagens (BARDIN, 1979, p.42)Dentre os tipos <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> conteúdo, <strong>de</strong>scritos por Minayo (2010), nesteestudo utilizou-se a Análise Temática, em que o tema é a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> significação <strong>de</strong>um texto analisado, portanto visa-se <strong>de</strong>sco<strong>br</strong>ir os núcleos <strong>de</strong> sentido que compõema comunicação. A unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> significação, segundo Bardin (1979, apud Minayo,2010, p. 315) é consi<strong>de</strong>rada como “[...] o tema que se liberta naturalmente <strong>de</strong> umtexto analisado segundo critérios relativos à teoria que serve <strong>de</strong> guia à Leitura”.Portanto toda análise da pesquisa foi realizada baseada nos princípios do MOHO,


56<strong>de</strong>stacando o conceito <strong>de</strong> papel ocupacional e as <strong>de</strong>finições das áreas <strong>de</strong> ocupaçãoe Grupo para a Terapia Ocupacional.Este Mo<strong>de</strong>lo Lógico do Processo Grupal em Terapia Ocupacional comAdolescentes Gestantes associa a técnica <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> da<strong>dos</strong> pelo Grupo emTerapia Ocupacional e o referencial norteador do MOHO, integra<strong>dos</strong> ao Método doArco. A utilização da metodologia problematizadora em cada dinâmica <strong>de</strong> grupo,favoreceu a organização <strong>dos</strong> registros, relatos e <strong>de</strong>poimentos das participantes emcada dinâmica em quadros, que foram analisa<strong>dos</strong> e nos quais foram elencadasunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> significação após leitura exaustiva <strong>dos</strong> relatos. Dessa forma constituiuseo Corpus da análise, sendo to<strong>dos</strong> os documentos compila<strong>dos</strong> a<strong>de</strong>qua<strong>dos</strong> paradar respostas aos objetivos da pesquisa. Seguindo a metodologia da análisetemática foram <strong>de</strong>terminadas as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> registro (palavras-chave e frases) e asunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> contexto (<strong>de</strong>limitação do contexto e compreensão da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>registro). A metodologia foi aplicada em to<strong>dos</strong> os registros das dinâmicas <strong>de</strong> gruporealizadas com as participantes da pesquisa.Na seqüência proce<strong>de</strong>mos à categorização <strong>dos</strong> registros, resultando emexpressões significativas <strong>acerca</strong> do conteúdo analisado. Nesta etapa as unida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> registro receberam um código i<strong>de</strong>ntificador em cada dinâmica, constituindo dainicial do codinome <strong>de</strong> cada participante e o número relativo à dinâmica em que foiextraído o dado.


574 ANÁLISE DOS RESULTADOSNeste capítulo são apresenta<strong>dos</strong> os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> mediante o<strong>de</strong>senvolvimento do processo grupal, <strong>de</strong>scrito no capítulo so<strong>br</strong>e o método.Os da<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> nas dinâmicas <strong>dos</strong> dois grupos – Grupo UBS CAIC eGrupo UBS Alto Maracanã – são aborda<strong>dos</strong> em conjunto.Apresenta-se a análise do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cada dinâmica do processogrupal na seqüência em que elas ocorreram e foram registradas no portfólio grupal.Essa opção pautou-se na preservação da forma como elas ocorreram, favorecendoa compreensão da logicida<strong>de</strong>, a temporalida<strong>de</strong>, e a exemplificação <strong>dos</strong> resulta<strong>dos</strong>obti<strong>dos</strong>, <strong>de</strong> acordo com o Mo<strong>de</strong>lo Lógico.4.5 RESULTADOS DA DINÂMICA DAS ATIVIDADES COTIDIANAS (DAC)Dinâmica utilizada com o objetivo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar as principais ativida<strong>de</strong>s<strong>de</strong>senvolvidas no cotidiano das <strong>adolescentes</strong> e suas preferências. Organizada emum quadro dividido em quatro partes, <strong>de</strong>stinou-se ao registro das ativida<strong>de</strong>scotidianas preferidas e preteridas pelas participantes e as ativida<strong>de</strong>s preferidas epreteridas realizadas por essas.O primeiro encontro da UBS CAIC contou com a participação dapesquisadora, observadora e as <strong>adolescentes</strong> Rosa e Orquí<strong>de</strong>a e o segundoencontro com as participantes Orquí<strong>de</strong>a e Jasmim. Já no primeiro encontro da UBSAlto Maracanã participaram a pesquisadora e as <strong>adolescentes</strong> Tulipa, Violeta,Margarida e Lírio.Questões que surgiram Grupo CAIC e Alto Maracanã, mediante a Dinâmicadas Ativida<strong>de</strong>s Cotidianas, são apresentadas com as respectivas Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>significado para análise, nos quadros 2 e 3.


58ATIVIDADES PREFERIDAS - EU GOSTO (DACP))ORQUÍDEA - “Cuidar <strong>de</strong> mim” 1 “Sono 2 e repouso 3”JASMIM - “De sair” 1VIOLETA - “Caminhada 1, jogar vôlei 2, futebol 3” “Comer frutas 4, salada 5 e tudo o que for colorido6 e principalmente ver<strong>de</strong>s 7” “Ouvir hinos evangélicos 8 e ir a igreja to<strong>dos</strong> os dias 9” “Adoro cozinhar10” “Gosto <strong>de</strong> trabalhar 11”.MARGARIDA - “Comer 1, dormir 2, sair com minhas amigas 3” “Brincar com meu cachorrinho 4”“Assistir televisão 5” “Escutar rádio 6”.LÍRIO - “Gosto <strong>de</strong> ir à igreja 1” “Gosto <strong>de</strong> cantar 2” “Gosto <strong>de</strong> estar com meu esposo 3” “Gosto <strong>de</strong>estar reunido com a família 4” “Gosto <strong>de</strong> cuidar da minha gravi<strong>de</strong>z 5” “Gosto <strong>de</strong> fazer o pré-natal 6”“Gosto <strong>de</strong> ser caprichosa 7, etc” “Gosto <strong>de</strong> jogar vi<strong>de</strong>ogame com meu pai 8”.QUADRO 2 – DINÂMICA DAS ATIVIDADES COTIDIANAS PREFERIDAS (DACP)FONTE: O autor (2011)ATIVIDADES PRETERIDAS – EU NÃO GOSTO (DACPT)ORQUÍDEA - “Participar <strong>de</strong> associação” 1JASMIM - “De ir ao médico” 1VIOLETA - “Receber or<strong>de</strong>ns das outras pessoas a minha volta em casa 1 a não ser o meu esposo 2”“Acordar muito cedo 3 e sem necessida<strong>de</strong> 4” “Não gosto <strong>de</strong> coisas sem pé 5e nem cabeça 6” “Quemexam nas minhas coisas sem minha or<strong>de</strong>m 7, sem exceção, até o meu esposo 8”.TULIPA - “Detesto acordar cedo” 1“Não gosto <strong>de</strong> <strong>br</strong>igas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa” 2“Não gosto <strong>de</strong> andarmuito”3 “Não gosto <strong>de</strong> lavar louça” 4“Não gosto <strong>de</strong> comer cenoura 5 e nem berinjela” 6“Não gosto <strong>de</strong>dormir tar<strong>de</strong>” 7MARGARIDA - “Acordar cedo” 1 “De ir para escola” 2 “Limpar a casa” 3LÍRIO - “De bagunça” 1 “De não ter nada pra fazer” 2 “De <strong>br</strong>iga” 3 “De que a família fique <strong>de</strong>sunida” 4QUADRO 3 – DINÂMICA DAS ATIVIDADES COTIDIANAS PRETERIDAS (DACPT)FONTE: O autor (2011)Na seqüência, outras questões que surgiram mediante a Dinâmica dasAtivida<strong>de</strong>s Cotidianas, relativas às Ativida<strong>de</strong>s preferidas e preteridas, porémrealizadas pelas participantes <strong>dos</strong> Grupos CAIC e Alto Maracanã, são apresentadasnos quadros 4 e 5, com as respectivas Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> significado para análise:


59ATIVIDADES PREFERIDAS REALIZADAS - EU GOSTO E FAÇO (DACPR)ORQUÍDEA - “Passear” 1“Brincar” 2JASMIM - “De assistir“ (TV) 1VIOLETA - “Dormir” 1 “Comer minhas frutas 2 e verduras” 3 “Minhas caminhadas” 4TULIPA - “Gosto <strong>de</strong> passear to<strong>dos</strong> os finais <strong>de</strong> semana” 1“Gosto <strong>de</strong> assistir filmes” 2“Gosto <strong>de</strong>participar <strong>de</strong> consultas pra ver meu filho” 3“Gosto <strong>de</strong> comer frutas” 4MARGARIDA - “Cuidar do meu cachorro” 1“Cuidar do meu mano” 2 “Comer 3, dormir 4 e sair” 5LÍRIO - “Dormir até mais tar<strong>de</strong> quando não tem nada pra fazer” 1 “Gosto <strong>de</strong> limpar a minha casa” 2“De passar a mão na minha barriga para o nenê, saber que eu sempre estarei com ele” 4QUADRO 4 – DINÂMICA DAS ATIVIDADES COTIDIANAS PREFERIDAS E REALIZADAS (DACPR)FONTE: O autor (2011)ATIVIDADES PRETERIDAS, PORÉM REALIZADAS - EU NÃO GOSTO E FAÇO (DACPTR)ORQUÍDEA - “Limpar a casa” 1 “Cuidar da casa <strong>dos</strong> outros” 2JASMIM - “Limpar a casa” 1VIOLETA - “Receber or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> outras pessoas em casa” 1 “Lavar louça 2 mais lavo” 3 “Não gosto <strong>de</strong>do<strong>br</strong>ar roupa 4, mais tenho que do<strong>br</strong>ar” 5TULIPA - “Não gosto 1 mais tenho que fazer exames <strong>de</strong> sangue” 2 “Ás vezes tenho que acordarcedo” 3MARGARIDA - “Limpar a casa” 1 “Ir para escola” 2 “Acordar cedo” 3 “Limpar o cocô do cachorro” 4LÍRIO - “Não gosto <strong>de</strong> conversar com pessoa falsas” 1 “Carne <strong>de</strong> frango” 2 “De passar roupa” 3 “Depessoas metidas” 4QUADRO 5 – DINÂMICA DAS ATIVIDADES COTIDIANAS PRETERIDAS, PORÉM REALIZADAS(DACPTR)FONTE: O autor (2011)Consi<strong>de</strong>rando as ativida<strong>de</strong>s preferidas e preteridas pelas participantesdurante a Dinâmica das ativida<strong>de</strong>s cotidianas, buscou-se correlacioná-las aos papéisocupacionais e áreas <strong>de</strong> ocupação, obe<strong>de</strong>cendo ao referencial do MOHO e aterminologia uniforme da Terapia Ocupacional, organiza<strong>dos</strong> no Quadro 6.


60RESULTADO DOS PAPÉIS OCUPACIONAIS E ÁREAS DE OCUPAÇÃO IDENTIFICADOS NADINÂMICA DAS ATIVIDADES COTIDIANASPapéis Ocupacionais Preferi<strong>dos</strong>- Mem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> família (T1,2,4,7,8 e L1,3)- Papel religioso (V8,9 e L1)- Passatempo Amador (J1; V2,3; T4,9; M3,5,6 eL8)- Serviços domésticos (V4,5,6,7,10; T5,6,11,12 eM1)- Trabalhador (V11)Área <strong>de</strong> OcupaçãoAVD (O1,2,3; V1; L5,6 e M2)SONO E REPOUSO (O 2, 3 e M 2)Papéis Ocupacionais preferi<strong>dos</strong> e realiza<strong>dos</strong>- Passatempo Amador (O1,2; J1;T1,2 e M5)- Serviços Domésticos (M1 e L3)Área <strong>de</strong> OcupaçãoAVD (V1,2,3,4; T5; M4 e L1)SONO E REPOUSO (V 1; M 4; L 1)Papéis Ocupacionais Preteri<strong>dos</strong>- Mem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> família (V1; T2;L3,4)- Estudante (M2)- Serviços Domésticos (V7; T3; M3 e L1)- Participação em Organização (O1)Área <strong>de</strong> OcupaçãoAVD (J1; V3,4; T1,3,5,6)Papéis ocupacionais preteri<strong>dos</strong>, porémrealiza<strong>dos</strong>- Estudante (M2)- Mem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> Família (V1 e L1,4)- Serviços Domésticos (O1,2; J1; V1; L2,3,4,5 eM1,4)Área <strong>de</strong> OcupaçãoAVD (T2)QUADRO 6 - RESULTADO DOS PAPÉIS OCUPACIONAIS E ÁREA DE OCUPAÇÃOIDENTIFICADOS NA DINÂMICA DAS ATIVIDADES COTIDIANAS, SEGUNDO O MOHOFONTE: O autor (2011)Observa-se entre as ativida<strong>de</strong>s preferidas o <strong>de</strong>staque para os papéis -Passatempo Amador (J, V, T, M e L) e Serviços domésticos (V,T e M), porémquando se verificam as ativida<strong>de</strong>s preferidas e realizadas no cotidiano dasparticipantes observa-se um <strong>de</strong>créscimo significativo no <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>sses papéis(O. J, T, M e L). Portanto, infere-se que as <strong>adolescentes</strong> não fazem o que maisgostam.Há um contraponto, pois quando se consi<strong>de</strong>ra o papel Serviços domésticossob a ótica <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s preteridas, o mesmo não é significativo (V, T, M e L).Porém, quando se observam as ativida<strong>de</strong>s preteridas e realizadas o mesmo papelganha <strong>de</strong>staque (O, J, V, L e M). Logo, as <strong>adolescentes</strong> realizam serviçosdomésticos que não apreciam.No Quadro 7, apresentam-se os temas i<strong>de</strong>ntifica<strong>dos</strong> na Dinâmica dasAtivida<strong>de</strong>s Cotidianas:


61PapéisOcupacionais/Área <strong>de</strong> ocupaçãoMem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> famíliaTemasCompanhia da FamíliaParticipantesDACP -T 1, 2, 3 e L 1Companhia do esposo/parceiroDACP - T 7, 8 e L 3Relação familiar conflituosaDACPTR - V 1; T 2, L 3, 4Religioso Religião como fundamental DACP -V 8, 9 e L 1Estudante Ambiente escolar conflituoso DACPT - M 2DACPTR - M 2Amigo Relações conflituosas <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> DACPTR - V 1; L 1, 4Trabalhador Trabalho como realização pessoal DACP - V 11ParticipaçãoassociaçãoemPassatempo AmadorNão participação em ativida<strong>de</strong>scomunitáriasRealização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s esportivas e<strong>de</strong> LazerServiços Domésticos Cuida<strong>dos</strong> com domicílio (limpar,AVDcozinhar)Cuidar <strong>de</strong> si por meio <strong>de</strong> hábitossaudáveis (DACP, DACPT, DACPR eDACPTR)DACPT - O 1DACP - J 1; V 2, 3; T 4, 9; M 3, 5, 6e L 8DACPR - O 1, 2; J 1; T 1,2; M 5DACP - V 7; T 3,11; M 3 e L 1DACPR - M 1; L 3DACP - O 1; V 4, 5, 6, 7, 10; T 5, 6,12; M1 e L5,6.DACPT – J1 E T5,6.DACPR – V2,3,4 e T5,6DACPTR – T1,2 e L2Sono e Repouso Descanso como necessida<strong>de</strong> DACP - O 2, 3 e M 2DACPR - V 1; M 4; L 1QUADRO 7 – TEMAS GERADOS NA DINÃMICA DAS ATIVIDADES COTIDIANASFONTE – O autor (2011)Destaca-se a preferência e importância para as participantes das Ativida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> Vida Diária – AVD, voltadas ao próprio cuidado, assim como para as ativida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> Lazer, i<strong>de</strong>ntificadas no papel ocupacional Passatempo Amador. Essas ativida<strong>de</strong>ssão pertinentes à etapa da adolescência.


624.2 RESULTADOS DA DINÂMICA DOS PAPÉIS OCUPACIONAIS (DPO)A lista <strong>de</strong> I<strong>de</strong>ntificação <strong>dos</strong> Papéis Ocupacionais foi utilizada neste estudodurante o segundo encontro com as participantes da UBS CAIC e UBS AltoMaracanã como forma <strong>de</strong> avaliação da pesquisadora e observadora em relação aospapéis <strong>de</strong>senvolvi<strong>dos</strong> pelas participantes e o grau <strong>de</strong> importância que essasatribuem a cada papel. Favoreceu também a percepção das participantes <strong>acerca</strong> <strong>de</strong>seu próprio <strong>de</strong>sempenho ocupacional e gerou temas que foram discuti<strong>dos</strong> nasdinâmicas grupais.Ao utilizar esse recurso, obtiveram-se os resulta<strong>dos</strong> apresenta<strong>dos</strong> naseqüência por meio <strong>de</strong> tabelas e gráficos, visando elucidar a compreensão do leitor.A Tabela 1 apresenta os percentuais relativos aos <strong>de</strong>z papéis ilustra<strong>dos</strong> noinstrumento, assim como a localização temporal <strong>de</strong> sua execução. O instrumento foipreenchido pelas sete <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong> participantes <strong>de</strong>sta pesquisa.TABELA 1: DISTRIBUIÇÃO DOS PAPÉIS OCUPACIONAIS AO LONGO DO TEMPOPapéis Ocupacionais Passado Presente FuturoEstudante 100% 29% 57%Trabalhador 29% 14% 86%Voluntário 14% 14% 14%Cuidador 43% 86% 43%Serviço Doméstico 86% 86% 71%Amigo 86% 43% 57%Mem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> Família 86% 86% 86%Religioso 57% 29% 29%Passatempo/Amador 71% 14% 43%Part. em Organizações 14% 0% 14%FONTE: O autor (2011)Há <strong>de</strong>staque no tempo Passado para os papéis <strong>de</strong> estudante, amigo, epassatempo amador, em contraponto aos mesmos papéis no tempo Presente, sendono presente o papel <strong>de</strong> serviço doméstico e mem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> família os únicos papéismanti<strong>dos</strong>. No Futuro o papel <strong>de</strong> trabalhador ganha <strong>de</strong>staque.Na seqüência, a Tabela 2 apresenta o grau <strong>de</strong> importância atribuído pelasparticipantes aos mesmos papéis ocupacionais.


63TABELA 2 - DISTRIBUIÇÃO DO GRAU DE IMPORTÂNCIA DOS PAPÉIS OCUPACIONAISPapéis OcupacionaisNenhuma Importância Alguma importância Muita importâncian % n % n %Estudante 0 0% 1 14% 6 86%Trabalhador 0 0% 3 43% 4 57%Voluntário 3 43% 2 29% 2 29%Cuidador 0 0% 0 0% 7 100%Serviço Doméstico 0 0% 2 29% 6 86%Amigo 0 0% 6 86% 2 29%Mem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> Família 0 0% 0 0% 7 100%Religioso 2 29% 3 0% 3 43%Passatempo/Amador 1 14% 5 71% 1 14%Participante em Organizações 5 71% 2 29% 0 0%FONTE: O autor (2011)Nesta tabela on<strong>de</strong> se atribui o grau <strong>de</strong> importância aos papéis observa-se queo papel <strong>de</strong> Participante em organizações não é consi<strong>de</strong>rado como importante paraas participantes no tempo passado. No tempo presente o papel <strong>de</strong> Amigo, pertinentea essa etapa <strong>de</strong> vida é caracterizado como <strong>de</strong> alguma importância, assim como oPassatempo Amador (Lazer). Já o papel <strong>de</strong> Estudante, Cuidador, Serviço domésticoe Mem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> Família ganham <strong>de</strong>staque na perspectiva <strong>de</strong> futuro como muitoimportantes.Ao relacionar a Tabela 1 e Tabela 2 po<strong>de</strong>-se constatar que ao papel <strong>de</strong>Estudante as participantes não atribuíram importância, porém, 100% <strong>de</strong>las<strong>de</strong>sempenharam esse papel no passado. O mesmo po<strong>de</strong> ser observado quando seanalisa o papel <strong>de</strong> Mem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> família, ao qual novamente as participantes nãoatribuíram importância, porém 86% <strong>de</strong>las o consi<strong>de</strong>rou no passado. Esses da<strong>dos</strong>serão mais explora<strong>dos</strong> na discussão.O Gráfico 1 elucida com mais ênfase a distribuição <strong>dos</strong> papéis ocupacionaisdas participantes no passado, presente e futuro.


64Estudante100Participante em organizações80Trabalhador60Passatempo/Amador4020VoluntárioPassado0PresenteReligiosoCuidadorFuturoMem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> FamiliaServiço domésticoAmigoGRÁFICO 1 – DISTRIBUIÇÃO DOS PAPÉIS OCUPACIONAIS DAS PARTICIPANTES DA UBS CAICE ALTO MARACANÃFONTE: O autor (2011)O Gráfico 2 apresenta o grau <strong>de</strong> importância atribuído aos papéisocupacionais pelas participantes.Participante emorganizaçõesPassatempo/AmadorReligiosoMem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> FamiliaEstudante100806040200TrabalhadorVoluntárioCuidadorServiço domésticoNenhumaImportânciaAlgumaImportânciaMuitaImportânciaAmigo.GRÁFICO 2 - ATRIBUIÇÃO DE IMPORTÂNCIA AOS PAPÉIS OCUPACIONAIS PELASPARTICIPANTES DA UBS CAIC E ALTO MARACANÃFONTE: O autor (2011)Foram i<strong>de</strong>ntifica<strong>dos</strong> papéis ocupacionais não significativos à etapa daadolescência e contextos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho das participantes, sendo esses o papel<strong>de</strong> Voluntário e Participação em Organizações.Consi<strong>de</strong>rando o <strong>de</strong>sempenho <strong>dos</strong> papéis ao longo do tempo e suaimportância, constataram-se perdas e ganhos <strong>de</strong> papéis ocupacionais, assim como


65os papéis contínuos e ausentes no <strong>de</strong>sempenho ocupacional das participantes. Ospapéis ocupacionais mais <strong>de</strong>staca<strong>dos</strong> na aplicação do instrumento – Lista <strong>de</strong>I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> Papéis Ocupacionais foram o <strong>de</strong> Estudante e <strong>de</strong> Amigo;constata<strong>dos</strong> pelo abandono <strong>de</strong>sses papéis. Em relação à importância atribuída ospapéis <strong>de</strong> Cuidador e Mem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> Família ganham <strong>de</strong>staque, i<strong>de</strong>ntificada nosregistros apresentadas na dinâmica anterior, so<strong>br</strong>e a importância do futuro papelmaterno estar relacionado ao cuidar e pertencer a uma família.4.3 RESULTADOS DA DINÂMICA DO PAPEL FEMININO E MATERNO (DPFM)Nessa dinâmica participou durante o terceiro encontro a participanteOrquí<strong>de</strong>a (UBS CAIC), e no quarto e quinto encontro as participantes Tulipa,Margarida e Violeta (UBS Alto Maracanã).Tendo como base a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Ferrari (1999), <strong>de</strong>stacamos nessa dinâmicao uso <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> expressivas, consi<strong>de</strong>rando a significação e a construção <strong>de</strong> umespaço <strong>de</strong> histórias pessoais, permitido pela criação <strong>de</strong> objetos pertinentes atemática geradora <strong>de</strong> reflexão – gravi<strong>de</strong>z associada aos papéis feminino e materno.Alicerçada também aos conceitos <strong>de</strong> Castro et al. (2001, p. 52), asativida<strong>de</strong>s expressivas favorecem a “... recomposição <strong>de</strong> universos <strong>de</strong> subjetivaçãoe ressingularização <strong>dos</strong> sujeitos ...”, uma vez que permitem o compartir <strong>de</strong>experiências e favorecem a comunicação entre pessoas.Por meio do vínculo estabelecido no processo grupal, os dois gruposiniciaram a construção do objeto – chaveiro, utilizando peças <strong>de</strong> bijuteria, escolhidaspelas próprias participantes, finalizando nos produtos: chaveiro feminino e chaveiromaternida<strong>de</strong>. O primeiro correspon<strong>de</strong>u à i<strong>de</strong>ntificação com o feminino – Seradolescente e ser mulher; o segundo ao <strong>de</strong>sempenho futuro da maternida<strong>de</strong> – Sermulher e mãe.Durante a confecção <strong>dos</strong> chaveiros, as falas das <strong>adolescentes</strong> foramregistradas pela observadora e organizadas em diário <strong>de</strong> campo, resultando noQuadro 8, no qual os papéis feminino e materno estão registra<strong>dos</strong> e assinala<strong>dos</strong> emunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> significado.


66Papel FemininoOrquí<strong>de</strong>a - “Ser adolescente para mim é bom, 1 é ter bastante responsabilida<strong>de</strong> 2 ser vai<strong>dos</strong>a 3 e terbastante atitu<strong>de</strong>”. 4Margarida - OBS: Adolescente não se manifestou so<strong>br</strong>e o papelVioleta - “Não se preocupar com o corpo, 1 gravi<strong>de</strong>z não atrapalha” 2Tulipa - “De adolescente eu só tenho a ida<strong>de</strong>”. 1 “Quero antecipar as fases, 2 ser mãe, 3 ter filho nafaculda<strong>de</strong>”.4Papel materno:Orquí<strong>de</strong>a - “Estar grávida para mim é ter uma responsabilida<strong>de</strong> 1a... é muito bom 2b porque vocênão imagina como vai ser”. 3c “Que meu bebê tenha bastante saú<strong>de</strong> 4d, que ele estu<strong>de</strong>”.5e “Ser umaboa mãe... 6f”Margarida - “To<strong>dos</strong> sabiam que eu estava grávida 1a menos eu”.2b “Ela quer tanto a neta”. 3c“ Nãogosto <strong>de</strong>ssa cor 4d, mas será pra ela mesmo”. 5e “Eu não vou ficar com ele (chaveiro)” 6fVioleta – “É muito bom, 1a o melhor presente que Deus po<strong>de</strong>ria ter me dado”. 2b “Para mim é algomaravilhoso 3c e especial”4dTulipa – “Maternida<strong>de</strong> dá orgulho 1a... levanta” 2b (auto-estima)QUADRO 8 – CONCEPÇÕES DAS PARTICIPANTES NA DINÂMICA DO PAPEL FEMININO EMATERNO (DPFM)FONTE: O autor (2011)A dinâmica pautou-se nos conceitos do MOHO, portanto foram consi<strong>de</strong>ra<strong>dos</strong>os princípios <strong>de</strong> volição, habituação e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho das participantes.Tal ativida<strong>de</strong> proporcionou às participantes expressarem suas concepções<strong>acerca</strong> da adolescência, <strong>de</strong> sua feminilida<strong>de</strong> e da futura maternida<strong>de</strong>. As falasapresentadas no Quadro 8 representam os significa<strong>dos</strong> atribuí<strong>dos</strong> aos papéisocupacionais e ao papel materno durante sua realização.Os temas que emergiram <strong>de</strong>ssa Dinâmica foram: Feminilida<strong>de</strong>,aproximação com o papel materno, i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> vida e relacionamento afetivoenvolvendo familiar próximo.O Quadro 9 apresenta os temas i<strong>de</strong>ntifica<strong>dos</strong> na Dinâmica do PapelFeminino e Materno.


67TemasParticipantesFeminilida<strong>de</strong>Aproximação ao papel maternoI<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> vidaRelacionamento afetivo com familiarDPFM O 3, V1DPFM 01a,2b,6f; M1a,2b; V1a,2b,3c,4d e T1a,2bDPFM O3c,4d e 5eDPFM M3c,5eQUADRO 9 – TEMAS GERADOS NA DINÂMICA DO PAPEL FEMININO E MATERNO (DPFM)FONTE: O autor (2011)Duas das <strong>adolescentes</strong> da UBS Alto Maracanã (Violeta e Tulipa) <strong>de</strong>stacaramas expectativas <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong> junto ao companheiro, pois conquistam com osmesmos a relação afetiva que não foi possível com os pais ou padrastos. Alu<strong>de</strong>mtambém a impotência das mães frente aos companheiros em <strong>de</strong>fesa das filhas.“Com o meu marido é diferente, vou dar ao meu filho tudo o que não tive,principalmente amor” (Violeta e Tulipa). Há um <strong>de</strong>staque para a pertinência familiar.As <strong>adolescentes</strong> foram criadas por madrinhas, avós ou irmãos mais velhos (Violeta,Tulipa e Orquí<strong>de</strong>a), em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> que<strong>br</strong>as <strong>de</strong> vínculos da família nuclear, oupelo abandono da função materna.Três das <strong>adolescentes</strong> mantém relação <strong>de</strong> afeto e companhia com a figuramaterna (Lírio, Tulipa e Violeta), uma <strong>de</strong>sconhece o para<strong>de</strong>iro da mãe (Orquí<strong>de</strong>a) euma resi<strong>de</strong> com a mãe investindo nela todo o afeto (Margarida). Outras duas vivemcom autonomia, sem <strong>de</strong>pendência financeira e afetiva das figuras parentais (Jasmime Rosa).Nesta dinâmica, a ativida<strong>de</strong> expressiva e artesanal possibilitou o surgimento<strong>de</strong> falas voltadas ao tema Pertinência familiar, consi<strong>de</strong>rando o papel Mem<strong>br</strong>o <strong>de</strong>família e a importância do papel Materno, como relação <strong>de</strong> afeto ao processovivenciado: a gravi<strong>de</strong>z.O recurso da ativida<strong>de</strong> expressiva e artesanal para a construção <strong>de</strong> doischaveiros, envolveu a motivação das participantes para à discussão <strong>dos</strong> papéis<strong>de</strong>scritos, além da i<strong>de</strong>ntificação do objeto <strong>de</strong>corativo à etapa <strong>de</strong> vida – adolescência.Este objeto foi observado como parte integrante <strong>dos</strong> acessórios utiliza<strong>dos</strong> pelasparticipantes em seu cotidiano, pois sempre carregavam consigo as chaves <strong>de</strong> casa,ambiente tão significativo e discutido pelas participantes nas dinâmicas anteriores –


68o sonho da casa própria e a constituição <strong>de</strong> um novo núcleo familiar, por meio dagravi<strong>de</strong>z e futura maternida<strong>de</strong>.A Fotografia 1 foi uma amostra escolhida para representar essa dinâmica.FOTOGRAFIA 1 – AMOSTRA DOS CHAVEIROS CONFECCIONADOS PELAS PARTICIPANTES NADINÃMICA DO PAPEL FEMININO E MATERNO.FONTE: O autor (2011)4.4 RESULTADOS DA DINÂMICA DOS PAPÉIS OCUPACIONAIS DAADOLESCENTE NA GESTAÇÃO (DPOAG)A dinâmica <strong>dos</strong> Papéis Ocupacionais da adolescente na gestaçãoaconteceu durante o quarto encontro com a participante Orquí<strong>de</strong>a -UBS CAIC equarto e quinto encontros com as participantes Margarida, Tulipa e Violeta - UBSAlto Maracanã.


69Adaptado da ativida<strong>de</strong> lúdica “Jogo da Vida”, o Jogo <strong>dos</strong> Papéisocupacionais consistiu em um jogo <strong>de</strong> tabuleiro tendo como principais casas asseguintes temáticas: Namoro/Relacionamento, Trabalho, Estudo, Família,Amigos, Gravi<strong>de</strong>z, Filhos, Saú<strong>de</strong>, i<strong>de</strong>ntificadas nas dinâmicas aplicadasanteriormente ao grupo. Os papéis elenca<strong>dos</strong> foram: Estudante, trabalhador,mem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> família, amigo, namorada, cuidador, e as temáticas das perguntas aserem respondidas ao se alcançar essas casas estavam voltadas às áreas <strong>de</strong>Ocupação: AVDs, AIVDs, Trabalho, Educação, Brincar, Lazer, Sono e repouso eParticipação Social, <strong>de</strong> acordo com o documento Domínio e Processo da TerapiaOcupacional, <strong>de</strong> Carleto et. al (2011), apresentadas no Anexo 2.Como jogo <strong>de</strong> tabuleiro as regras estabelecidas foram: a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>participação, o jogar o dado para i<strong>de</strong>ntificar as casas a serem <strong>de</strong>slocadas erespon<strong>de</strong>r as questões da casa sorteada no jogo, visando interagir por meio dasrespostas <strong>dos</strong> <strong>de</strong>mais jogadores, a fim <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r as questões apresentadas;<strong>de</strong>ssa forma promoveu-se um <strong>de</strong>bate entre os jogadores. A ativida<strong>de</strong> lúdica nãotinha o objetivo <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> (ganhar ou per<strong>de</strong>r), mas da interação entre seusparticipantes, promovendo o diálogo e reflexão <strong>dos</strong> mesmos.Nesse mesmo contexto a ativida<strong>de</strong> lúdica ocorreu como facilitadora <strong>dos</strong>processos criativos das participantes, permitindo a subjetivação e ressingularizaçãodas participantes, segundo os conceitos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s lúdicas <strong>de</strong> Castro et al.(2001).Dessa dinâmica grupal, surgiram <strong>de</strong>poimentos das participantes, que estãoregistra<strong>dos</strong> no Quadro 10, respeitando-se o sorteio e a or<strong>de</strong>nação <strong>dos</strong> temasapresenta<strong>dos</strong> nas casas do jogo.


70GRUPO UBS CAICOrquí<strong>de</strong>aPapel <strong>de</strong> Cuidador e papel materno (AIVD)“Estar grávida para mim é ter uma responsabilida<strong>de</strong> 1 ... é muito bom 2 porque vocênão imagina como vai ser”. 3 “Que meu bebê tenha bastante saú<strong>de</strong> 4, que eleestu<strong>de</strong>”.5“Ser uma boa mãe... 6”Serviços domésticos (AIVD - cuidar do domicilio )“Hoje eu limpo a casa 7, faço comida”.8Papel <strong>de</strong> estudante, amigo e trabalhador“Eu <strong>de</strong>ixei <strong>de</strong> estudar 9, <strong>de</strong> sair com os amigos 10”. “ ... voltar a estudar 11 e ter umbom emprego 12”Papel <strong>de</strong> Mem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> família - papel do parceiro e seu próprio papel“Que meu marido possa alcançar to<strong>dos</strong> os seus objetivos 13, ter uma casa própria 14e ser um bom pai”. 15 “Sonho que minha volte 16 e eu tenha minha casa”. 17Papel Social e Autocuidado -(AVD)“Ser adolescente para mim é bom 18, é ter bastante responsabilida<strong>de</strong> 19, ser vai<strong>dos</strong>a20 e tem que ter bastante atitu<strong>de</strong>”. 21JasmimPapel <strong>de</strong> Mem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> família e papel <strong>de</strong> estudante“Meu maior sonho é ter minha própria casa 1e terminar meus estu<strong>dos</strong>”. 2Papel <strong>de</strong> Mem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> família - papel do parceiro“Que meu companheiro seja um bom pai 3, ser trabalhador 4 e um bom namorado”. 5Serviços domésticos -AIVD – cuidar do domicilio“Hoje eu limpo a casa ...“ 6Papel <strong>de</strong> amigo e estudante“... mas não saio com meus amigos 7 e também não estudo”. 8Papel Materno – AIVD - Ter um filho na própria concepção“Ter um bebê saudável”. 9 “Estar grávida para mim é ser responsável”. 10Papel social e papel <strong>de</strong> estudante“Ser adolescente é sair com os amigos 11 ... é bom para mim ... 12 é bom passarpor essa fase”.13QUADRO 10 – DEPOIMENTOS DAS PARTICIPANTES DO GRUPO UBS CAIC DURANTEDINÂMICA DOS PAPÉIS OCUPACIONAIS DA ADOLESCENTE NA GESTAÇÃOFONTE – O autor (2011)No Grupo UBS CAIC, evi<strong>de</strong>ncia-se o papel <strong>de</strong> mem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> família vinculadoao papel do esposo/companheiro como pai, trabalhador e provedor dasnecessida<strong>de</strong>s futuras do filho e do casal.Também se constata a busca pela formação <strong>de</strong> um novo lar e uma novafamília, com autonomia <strong>dos</strong> vínculos parentais.


71O papel <strong>de</strong> adolescente é <strong>de</strong>stacado na relação com os amigos, masi<strong>de</strong>ntifica-se a perda <strong>de</strong>ssas figuras, porém alia-se aos fatores responsabilida<strong>de</strong>,vaida<strong>de</strong> e atitu<strong>de</strong>, sendo consi<strong>de</strong>rada a adolescência uma fase boa.GRUPO UBS ALTO MARACANÃTulipaAVD – Autocuidado e Gravi<strong>de</strong>z“Cuidar da saú<strong>de</strong> é importante sempre 1 antes 2, durante 3 e <strong>de</strong>pois”. 4“Realização 5, felicida<strong>de</strong> 6, capricho com você 7, com a casa 8, responsabilida<strong>de</strong>”.9Papel Materno e <strong>de</strong> cuidador - AIVD“Ser mãe é tudo o que eu sonhava 10, <strong>de</strong>pois que eu casava”.11“O bebê precisa <strong>de</strong> carinho 12 e atenção 13, eu não tive 14, pro filho não vaifaltar”.15Papel <strong>de</strong> Mem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> família (Concepção do parceiro e <strong>dos</strong> familiares)“Lá ninguém se ama 16, ninguém se respeita 17, quando respeita é porque queralgo em troca”. 18“Para ele significa muita alegria 19, satisfação 20, realização 21, orgulho 22”.“No começo o bebê era um estorvo para a família”. 23“Na família se antes você estava esquecida 24, <strong>de</strong>pois que engravida 25... todomundo lem<strong>br</strong>a”. 26“Pai eu procuro bastante no meu marido 27 e meu sogro 28, porque eu nunca tivepai”. 29“É comum levar uns cascu<strong>dos</strong> na orelha 30 quando fala bobagem pro marido” 31“O meu marido é diferente 32, vou dar pro meu filho tudo o que não tive 33,principalmente amor” 34. “Meu marido vai dar amor <strong>de</strong> pai”. 35 “Minha madrinha mecriou um tempo 36, pois minha mãe não conseguiu 37 quando separou do meu pai”38VioletaPapel Materno e <strong>de</strong> cuidador – AIVD/ Para o parceiro“O mais importante no momento 1, mas eu sempre sonhava”. 2“Orgulho 3, tenho um filho”. 4“Companheirismo 5, você está triste 6 e fala Meu filho”. 7“Tudo que a gente não recebeu, 8 a gente vai dar”. 9Papel <strong>de</strong> Mem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> família“Cuidado é da parte <strong>de</strong>le (marido)”. 10“Com o nenê, 11 todo mundo vem na minha barriga, 12 esqueceram <strong>de</strong> mim”. 13“Eu abaixo a cabeça em sinal <strong>de</strong> respeito 14 quando ele me repreen<strong>de</strong> 15, mesmomagoada”. 16QUADRO 11 – DEPOIMENTOS DAS PARTICIPANTES DO GRUPO ALTO MARACANÃ DURANTEDINÂMICA DOS PAPÉIS OCUPACIONAIS DA ADOLESCENTE NA GESTAÇÃO (continua)FONTE – O autor (2011)


72MargaridaMargaridaPapel Materno e <strong>de</strong> cuidador“To<strong>dos</strong> sabiam que eu estava grávida 1 menos eu”. 2“Eu cuido do meu irmãozinho <strong>de</strong> 9 anos”. 3Papel <strong>de</strong> Mem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> família“Não é o mais importante, 4 eu gostaria <strong>de</strong> ter um companheiro, 5 mas não o pai dacriança 6 no momento 7 ... é importante”. 8“Família é respeito as diferentes opiniões, 9 e tem que ser diferente com os maisvelhos”. 10“Ele (o pai da criança) 11 me apóia com dinheiro para os exames 12 e na gravi<strong>de</strong>z”.13“Quero a sorte que eu tive ...14 pois a mãe que tenho”. 15“Com meu pai era difícil ...”. 16“Minha mãe tem o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ser avó,17 ter um neto da filha mais velha,18 pois émais responsável ter um filho”. 19QUADRO 11 – DEPOIMENTOS DAS PARTICIPANTES DO GRUPO ALTO MARACANÃ DURANTEDINÂMICA DOS PAPÉIS OCUPACIONAIS DA ADOLESCENTE NA GESTAÇÃO (conclusão)FONTE – O autor (2011)No Grupo UBS Alto Maracanã, constatam-se <strong>de</strong>poimentos similares aos dasparticipantes do outro grupo, porém se ressaltam os conflitos familiares vivencia<strong>dos</strong>pelas participantes, a não i<strong>de</strong>ntificação com os papéis paternos e maternosobserva<strong>dos</strong> no contexto familiar; não surgindo <strong>de</strong>poimentos so<strong>br</strong>e o papel <strong>de</strong>adolescente.Nos dois grupos po<strong>de</strong>-se i<strong>de</strong>ntificar o significado e a importância atribuí<strong>dos</strong>aos papéis <strong>de</strong>sempenha<strong>dos</strong> pelas participantes; foca<strong>dos</strong> no tempo presente,caracterizam-se pela singularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada participante no processo gestacional epelas novas atribuições no cotidiano após a gravi<strong>de</strong>z; enquanto essas sereconhecem como <strong>adolescentes</strong>, esposas/companheiras, filhas, donas <strong>de</strong> casa efuturas mães.Os temas i<strong>de</strong>ntifica<strong>dos</strong> nesta dinâmica são <strong>de</strong>staca<strong>dos</strong> pelos papéisocupacionais <strong>de</strong>sempenha<strong>dos</strong> pelas participantes e são apresenta<strong>dos</strong> no Quadro12.


73DINÂMICA DOS PAPÉIS OCUPACIONAIS DA ADOLESCENTE NA GESTAÇÃO (DPOAG)Ser cuidadorSer mãePARTICIPANTESTEMAS Orquí<strong>de</strong>a Jasmim Margarida Tulipa VioletaSeresposa/companheiraPertencer a uma famíliaRelações familiaresconflituosasSer cuidada porfamiliares/esposo/compa-nheiroExpectativas comrelação ao futuro dofilhoSer adolescenteExpectativas quantoao futuro doesposo/companheiroTer uma casa e cuidar<strong>de</strong>laEstudar_DPOAGO6_DPOGA___DPOGAM3 _ _DPOGAO16,17 _ ___DPOAGO4,5DPOGAO18,19,20,21DPOAGO13,15DPOAGO7,8,17DPOGAO9,11__DPOGA J9DPOGADPOAGT10,12,13DPOAGV3,4,5,6,7M4,5,6,7,8 _ _DPOGAM16DPOGAM11,12,13,14,15DPOGAM17,18,19DPOAGT36, 37,38 _DPOAGT14,16,17,23,29,30,31DPOAGT24,25,26,27,28DPOAGT15,32,33,34,35DPOAGV13,14,15,16DPOAGV10,11,12DPOAGV8,9J11,12,13 _ _ _DPOGAJ3,4,5DPOGA_DPOAGT11,19,20,2122J1,6 _ _ _DPOGASer Amigo DPGOA O10 DPOGA J7J2,8 _ _ __ _ _Trabalhar DPOGA O12 _ _ _ _Cuidar da saú<strong>de</strong> egravi<strong>de</strong>z_ _ _DPOAGT1,2,1,4QUADRO 12 – TEMAS RESULTANTES DA DINÂMICA DOS PAPÉIS OCUPACIONAIS DAADOLESCENTE NA GESTAÇÃO (DPOAG)FONTE – O autor (2011)Obs.: O travessão indica ausência <strong>de</strong> dado so<strong>br</strong>e <strong>de</strong>terminado tema.*Destaque em negrito para os temas mais relevantes às participantes.__


744.5 RESULTADOS DA DINÂMICA DA GESTAÇÃO E A SAÚDE (DGS)Após a discussão <strong>dos</strong> temas advin<strong>dos</strong> da dinâmica anterior, utilizando aativida<strong>de</strong> Jogo <strong>dos</strong> Papéis, as participantes i<strong>de</strong>ntificaram a importância <strong>de</strong> conhecero processo da Gestação, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a concepção até o nono mês. A pesquisadora eobservadora selecionaram ví<strong>de</strong>os da série “O guia completo da Gravi<strong>de</strong>z – daconcepção ao 9º mês” - apresentada pelo canal Discovery Channel. Composta porcinco ví<strong>de</strong>os, a série é um documentário elucidativo da Gravi<strong>de</strong>z, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o momentoda concepção até o 9º mês <strong>de</strong> gestação, enriquecido por <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> <strong>gestantes</strong>e profissionais da área da Saú<strong>de</strong>.Participaram da ativida<strong>de</strong> na UBS CAIC apenas a adolescente Orquí<strong>de</strong>a ena UBS Alto Maracanã, as <strong>adolescentes</strong> Margarida em um primeiro encontro eTulipa e Violeta em um segundo encontro.A proposta do ví<strong>de</strong>o foi alicerçada ao <strong>de</strong>sejo das <strong>adolescentes</strong> em conhecerprofundamente o seu processo gestacional, enten<strong>de</strong>r as transformações corporais,as alterações hormonais, o <strong>de</strong>senvolvimento do em<strong>br</strong>ião e feto e a importância doacompanhamento pré-natal e os cuida<strong>dos</strong> com a saú<strong>de</strong>. Ao início da apresentaçãodo ví<strong>de</strong>o foram solicita<strong>dos</strong> às <strong>adolescentes</strong> os registros <strong>de</strong> suas concepções <strong>acerca</strong>da gravi<strong>de</strong>z e posteriormente o registro <strong>de</strong> sua compreensão do ví<strong>de</strong>o.Posteriormente foi realizado um <strong>de</strong>bate so<strong>br</strong>e as percepções das<strong>adolescentes</strong> <strong>acerca</strong> da Temática: Concepção e gestação.Os registros realiza<strong>dos</strong> pelas participantes na primeira ativida<strong>de</strong> estãocompila<strong>dos</strong> e organiza<strong>dos</strong> no Quadro 13.


75UBSParticipanteConcepção da gravi<strong>de</strong>zantes do ví<strong>de</strong>oConcepção da gravi<strong>de</strong>z apóso ví<strong>de</strong>oCAICOrquí<strong>de</strong>a“Quero saber como o bebêfica na barriga 1, se a gentecorre algum risco”. 2“Foi muito bom”.1“A minha avó 2 disse assim: 3eu tive sete e não sei”.4AltoMaracanãVioleta“A gravi<strong>de</strong>z mudou bastantea minha vida 1principalmente no meutrabalho 2 eu gostava <strong>de</strong>trabalhar fora <strong>de</strong> casa 3 e jánão posso”.4“Ver como o corpo está 6 ecomo fica após a gestação”7“Não precisa se preocuparcom o corpo” 8 (estética)“Sem dúvida é uma experiênciamaravilhosa 1 e muitogostosa”.2“Eu fui quem engravidou maistar<strong>de</strong> em casa 3, minha irmãtinha 13 anos” 4“Mudou na minha alimentação5, no meu sono 16, aconvivência com meu esposo7, minha sogra 8, minha mãe”.9“A minha rotina no meu dia adia” 10AltoMaracanãTulipa“Uma nova vida, 1 tanto pramim quanto pro bebê”.2“Estar ciente que aquilo ali 4<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> você”5“Dá medo até <strong>de</strong> andar”6“De tanta felicida<strong>de</strong> quevocê tem 7, você passa a termedo”8“Maior medo é <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong>ser mãe” 9(per<strong>de</strong>r o bebê)“Eu queria ser mãe nova 10,para ser avó nova” 11“Filho às vezes é autoestima 12(...) é meu” 13“Acho que a formação do babyé muito especial 1, pois a cadasegundo uma vida se<strong>de</strong>senvolve <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> você 2 equando o bebê começa acrescer 3 e se mexer 4 é muitoespecial”. 5“O apoio da mãe 6 e do marido7está me <strong>de</strong>ixando maisconfiante” 8“Ele sempre quis ser pai” 9“Estudar você po<strong>de</strong> fazer avida toda” 10AltoMaracanãMargarida“È um momento em quevocê passa a ter umaresponsabilida<strong>de</strong> maior”. 1“É o ato <strong>de</strong> se gerar um novoser, 1 uma nova vida”.2QUADRO 13 – REGISTROS DOS GRUPOS UBS CAIC E ALTO MARACANà DURANTE ADINÂMICA DA GESTAÇÃO E A SAÚDEFONTE: O autor (2011)O Quadro 14 apresenta as concepções das participantes do Grupo CAIC eAlto Maracanã, durante a discussão da temática: Concepção e Gravi<strong>de</strong>z.


76UBS Participantes ConcepçõesCAICOrquí<strong>de</strong>a “Ter uma responsabilida<strong>de</strong>”. 1“É muito bom 2 porque você não imagina como vai ser”.3AltoMaracanãAltoMaracanãVioletaTulipa“A gravi<strong>de</strong>z mudou bastante a minha vida”.1“Mudou a minha rotina no dia a dia 2, a minha alimentação 3, o meusono 4, a convivência com meu esposo 5, minha mãe 6, sogra 7,etc”.“Uma nova responsabilida<strong>de</strong> 1, é uma gran<strong>de</strong> alegria 2, pois ter umnovo motivo pra viver 3, pra estar sempre atenta!”.4“Eu acho muito interessante à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> outravida 5, e ver aquele bebezinho 6 e imaginar que já fomos como esta7 tão <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> mim 8, crescendo 9 e já não tão mais<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte”. 10“Ver que o meu baby esta bem 11e que ele vai nascer saudável 12pra mim e muito importante 13, ter o apoio do meu marido 14 e daminha mãe 15 foi o que me fez acreditar que ser mãe 16, comcerteza 17e muito bom”. 18“Quando a gente vê 19 ou ouve 20 é muito emocionante 21, e saberque as mãos 22, pés 23, olhos 24, e órgãos estão crescendo 25 dáum alívio 26, pois a saú<strong>de</strong> está conforme o exigido”.27AltoMaracanãMargarida“Para mim gravi<strong>de</strong>z é um momento 1 em que você passa a ter umaresponsabilida<strong>de</strong> maior”.2“Em meu caso eu fiquei um pouco mais responsável 3, coisa queantes eu não tinha”.4“E também é o ato <strong>de</strong> se gerar um novo ser 5, uma nova vida”.6QUADRO 14 – CONCEPÇÕES DOS GRUPOS UBS CAIC E ALTO MARACANÃ DURANTE ADINÂMICA DA GESTAÇÃO E A SAÚDEFONTE: O autor (2011)Os temas que emergiram <strong>de</strong>ssa dinâmica foram: Minha saú<strong>de</strong>, atransformação do meu corpo as implicações da minha condição <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> paraa saú<strong>de</strong> do bebê, o <strong>de</strong>senvolvimento do meu bebê, o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> vivenciar omomento do nascimento e conhecer o bebê, a responsabilida<strong>de</strong> e dinâmicafamiliar. Estes temas são apresenta<strong>dos</strong> no Quadro 15.Finalizam-se os resulta<strong>dos</strong> com o Quadro 16, on<strong>de</strong> se apresenta umasíntese <strong>dos</strong> papéis ocupacionais <strong>de</strong>sempenha<strong>dos</strong> pelas <strong>adolescentes</strong> no presente ea expectativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho futuro do papel materno. Essa síntese foi elaboradacom da<strong>dos</strong> extraí<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> registros no portfólio referentes a todas as dinâmicasgrupais.


77TEMASDINÂMICA DA GESTAÇÃO E A SAÚDE (DGS)PARTICIPANTESORQUÍDETULIPA VIOLETA MARGARIDAAMinha saú<strong>de</strong> emeu filhoDesenvolvimentodo bebêExpectativanascimentodo_ DGS T27 DGS V3,4 _DGS O2,3DGST2,3,5,6,7,8,9,10,11,19,20,21,22,23,24,25,26DGS V1,2 DGS M5,6_ DGS T12,13 _ _Responsabilida<strong>de</strong> DGS O1 DGS T1,4,16,17,18Dinâmica Familiar _ DGS T14,15 DGS V5,6,7QUADRO 15 - TEMAS GERADOS NA DINÂMICA DA GESTAÇÃO E A SAÚDE (DGS)FONTE – O autor (2011)_DGS_M1,2,3,4ParticipantesPapéis Orquí<strong>de</strong>a Rosa Jasmim Tulipa Violeta Margarida LírioEstudante Não Sim Não Não Não Sim NãoTrabalhador Não Sim Não Não Não Não NãoMem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> famíliaFilhaEsposaSimSimSimSimSimSim---SimSimSimSimSimSimSimSimNãoSimSimSimCuidador <strong>de</strong> irmãos Sim Não Não Não Não Sim NãoServiço doméstico Sim Sim Sim Sim Sim Sim SimAmigo Não Sim Não Sim Sim Sim NãoReligioso Não Não Não Não Sim Não SimPassatempoNão Não Não Não Não Sim SimAmador (Lazer)Participação em Não Não Não Não Não Não NãoOrganizaçãoPapel maternofuturo Sim Sim Sim Sim Sim Sim _QUADRO 16 - PAPÉIS OCUPACIONAIS DESEMPENHADOS PELAS ADOLESCENTESGESTANTES NO PRESENTE E EXPECTATIVA DE DESEMPENHO FRENTE AO PAPELMATERNO.FONTE - O autor (2011)Obs.: O travessão indica ausência <strong>de</strong> dado so<strong>br</strong>e <strong>de</strong>terminado papel ocupacional ou futuro papelmaterno.


785 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DAS DINÂMICAS PROBLEMATIZADASÀ luz do Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Ocupação Humana - MOHO, pautado nos princípiosvolição, habituação e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho, que <strong>de</strong>ram aporte teórico aoProcesso grupal vivenciado pelas participantes nas Dinâmicas <strong>de</strong> grupo, buscou-seenten<strong>de</strong>r qual é a percepção das <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong> <strong>acerca</strong> <strong>dos</strong> papéisocupacionais e do futuro papel maternos em seu cotidiano.Consi<strong>de</strong>rando o cenário da Atenção Básica à Saú<strong>de</strong> como espaço <strong>de</strong>atuação do Terapeuta Ocupacional po<strong>de</strong>-se compreen<strong>de</strong>r sua contribuição noatendimento à Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong> em seu território <strong>de</strong> moradia,visando respon<strong>de</strong>r às <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> estratégias efetivas <strong>de</strong> atenção à saú<strong>de</strong> junto aum programa pré-natal proposto pelo Ministério da Saú<strong>de</strong> nas Unida<strong>de</strong>s Básicas <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong> – UBS, em específico duas UBS da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Colombo - PR.Mediante a aplicação da técnica <strong>de</strong> Grupo em Terapia Ocupacionalproposta por Ballarin (2007), coor<strong>de</strong>nou-se um processo grupal que visou facilitar ai<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> seus papéis ocupacionais no período da gestação e aquelesrelaciona<strong>dos</strong> à perspectiva futura do papel materno. Também buscou-se mobilizarum processo <strong>de</strong> mudança para as <strong>adolescentes</strong> buscou favorecer o seufortalecimento, a adaptação ativa à realida<strong>de</strong>, o rompimento <strong>de</strong> pré-conceitos, aredistribuição <strong>de</strong> papéis e uma atitu<strong>de</strong> positiva em relação às transformaçõesvivenciadas.Observou-se, porém, que em relação ao estabelecimento do Processogrupal po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>stacar uma baixa a<strong>de</strong>são aos encontros. Por meio <strong>dos</strong> relatosiniciais das ACS e ASL observou-se que a maioria das <strong>adolescentes</strong> convidadas<strong>de</strong>monstrou não compreen<strong>de</strong>r a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comparecer ao encontro. Asprofissionais também referiram que <strong>adolescentes</strong> são refratárias aocomparecimento aos convites da UBS. Essa situação vem a corroborar comacha<strong>dos</strong> na literatura. Segundo Yazlle (2006), po<strong>de</strong>m ser i<strong>de</strong>ntifica<strong>dos</strong> váriosfatores, que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> reconhecimento e aceitação da gestaçãopela jovem até a sua própria dificulda<strong>de</strong> para o agendamento da consulta inicial,mesmo diante da sensibilização <strong>dos</strong> profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para o PHPN.Consi<strong>de</strong>rando a afiliação grupal, Carvalho (2006) refere que ao mesmotempo em que esta po<strong>de</strong> ser i<strong>de</strong>ntificada como suporte pelas <strong>adolescentes</strong>, po<strong>de</strong> serfator <strong>de</strong> exclusão. Po<strong>de</strong>-se justificar porque o seu grupo social <strong>de</strong> origem não está


79vivenciando pontualmente essa situação – a gravi<strong>de</strong>z, fazendo com que a motivaçãoda aproximação e filiação a <strong>de</strong>terminado grupo, já não seja a mesma, rompendoassim com os laços e levando as <strong>adolescentes</strong> a se <strong>de</strong>pararem com uma novai<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, similar a <strong>dos</strong> adultos que as cercam, permeada por outrasresponsabilida<strong>de</strong>s até então não vivenciadas.Inserir e manter as <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong> em grupo foi um compromisso dapesquisadora durante todo o processo da pesquisa, tendo a mesma o papel <strong>de</strong>coor<strong>de</strong>nadora e motivadora das relações que se estabeleceram no grupo. Anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> buscar nos grupos sociais, a segurança antes encontrada noambiente familiar apontadas por Carvalho e Pinto (2009), forneceu subsídios apesquisadora para criar um ambiente seguro, e torná-lo confiável para um „espaço<strong>de</strong> troca‟ <strong>de</strong> saberes e experiências, embasada por conceitos e técnicas grupais.Buscando corroborar com o referencial teórico estudado encontrou-se emCarvalho (2009) congruências ao consi<strong>de</strong>rar que associadas às mudançasfisiológicas e a maturação sexual, ocorrem também aquisição <strong>de</strong> novas capacida<strong>de</strong>scognitivas e as novas responsabilida<strong>de</strong>s quanto aos papéis sociais. Por conseguinte,a relação com o parceiro, estável ou não, impõe às <strong>adolescentes</strong> novas atribuiçõesno cotidiano, e muitas passam do status do “ser cuidada” para o “status <strong>de</strong>cuidadora”, vivenciando outros papéis e tendo que incorporá-los à sua rotina,consi<strong>de</strong>rando a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conquistar autonomia para respon<strong>de</strong>r as novas<strong>de</strong>mandas familiares e sociais.O Mo<strong>de</strong>lo Lógico proposto para o <strong>de</strong>senvolvimento do Processo Grupal comas <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong>, propiciou que o Grupo fosse um espaço <strong>de</strong>experimentações, relacionamentos e vivências do „fazer‟ das participantes, sendotodas as Dinâmicas problematizadas sob o aporte do Método do Arco <strong>de</strong> Maguerez.As Dinâmicas Grupais possibilitaram às <strong>adolescentes</strong> reflexionarem <strong>acerca</strong><strong>de</strong> suas preferências, predileções, i<strong>de</strong>ntificações e projetos <strong>de</strong> vida futura; pu<strong>de</strong>ramexperimentar novas formas <strong>de</strong> „fazer‟ e buscar transportar essas experiências ao seucotidiano, já empo<strong>de</strong>radas por <strong>de</strong>cisões discutidas em grupo.A princípio consi<strong>de</strong>rou-se a importância do estabelecimento do ContratoGrupal, acordado com o grupo, porém <strong>de</strong> forma flexibilizada para permitir aparticipação <strong>de</strong> todas as <strong>adolescentes</strong> que vieram ao primeiro encontro, porémconsi<strong>de</strong>rou-se que o mesmo sofreu alterações ao longo do Processo Grupal. Tal fatopo<strong>de</strong> ser justificado pelo impedimento <strong>de</strong> três <strong>adolescentes</strong> frequentarem o grupo


80em <strong>de</strong>terminadas datas e horários em que aconteciam os encontros, como tambéma alteração <strong>de</strong> en<strong>de</strong>reço resi<strong>de</strong>ncial, <strong>de</strong>ixando as participantes <strong>de</strong> residirem noterritório das UBS. Porém a pesquisa participante prevê a autonomia <strong>de</strong> participação<strong>dos</strong> sujeitos pesquisa<strong>dos</strong> (BRANDÃO, 2006). Resguardaram-se assim os princípioséticos previstos no TCLE.Destacando a primeira Dinâmica - Dinâmica das Ativida<strong>de</strong>s Cotidianas,como resultado foi i<strong>de</strong>ntificado a valorização do papel ocupacional Mem<strong>br</strong>o <strong>de</strong>Família. Constatou-se, no <strong>de</strong>staque dado a este papel, que a maioria dasparticipantes se encontram em momento <strong>de</strong> transição da família <strong>de</strong> origem parauma nova constituição familiar, junto ao esposo/companheiro; e que esta relaçãoestá fortalecida pela gravi<strong>de</strong>z, tenha sido a mesma planejada ou não. Observou-seque a maioria das <strong>adolescentes</strong> (O,R,T,V,J, L) <strong>de</strong>u ênfase ao afeto e i<strong>de</strong>ntificaçãocom essa nova etapa <strong>de</strong> vida, buscando respon<strong>de</strong>r ao <strong>de</strong>sejo doesposo/companheiro em ter um filho, como também as expectativas <strong>dos</strong> <strong>de</strong>maisfamiliares. Para as mesmas participantes ter um filho lhes atribuí um status <strong>de</strong>ntro donúcleo familiar, mesmo que inicialmente para algumas (O, T e J) a <strong>de</strong>scoberta dagravi<strong>de</strong>z tenha ocorrido <strong>de</strong> forma atribulada nessa relação. Apenas uma das<strong>adolescentes</strong> (M), ainda não havia se i<strong>de</strong>ntificado com a gravi<strong>de</strong>z, porém a mesmareferiu ter alcançado o status familiar diante da „responsabilida<strong>de</strong>‟ que a gravi<strong>de</strong>z e amaternida<strong>de</strong> impõem. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r às novas <strong>de</strong>mandas, tantofamiliar como social, motivou as participantes a <strong>de</strong>senvolver a capacida<strong>de</strong> para atomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões, julgamentos e regularem o seu próprio comportamento.Outro <strong>de</strong>staque <strong>de</strong>u-se em relação às Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Vida Diária – AVD,sendo enfatizado por todas as <strong>adolescentes</strong> o próprio cuidado por meio <strong>de</strong> hábitos<strong>de</strong> vida saudáveis, o que <strong>de</strong>nota uma <strong>de</strong>manda em preocupar-se com a própriasaú<strong>de</strong> e a saú<strong>de</strong> do futuro filho, assim como a realização das consultas do Pré-Natal e os respectivos exames realiza<strong>dos</strong> nessa fase da gestação.Consi<strong>de</strong>rando as afirmações das <strong>adolescentes</strong>, registradas na Dinâmica doPapel Feminino e Materno, as mesmas corroboram com o referencial <strong>de</strong> Schwartzet al .(2008), pois diante da gestação as <strong>adolescentes</strong> sentem-se <strong>de</strong>safiadas aadquirir maior in<strong>de</strong>pendência e responsabilida<strong>de</strong> so<strong>br</strong>e suas próprias condições eso<strong>br</strong>e os cuida<strong>dos</strong> que se fazem necessários a esta fase da vida. Observou-seainda, que esse momento <strong>de</strong> transição, estabelecido em estar sob cuidado e ocuidar <strong>de</strong> outrem, acaba acontecendo no local <strong>de</strong> coabitação familiar. Porém, no


81caso da maioria das participantes, essa transição ocorreu no domicílio da família doparceiro, estando intimamente ligada a uma <strong>de</strong>pendência sócio-econômica.Em relação ao papel Serviços Domésticos, quatro <strong>adolescentes</strong> (V,T,M eJ) relataram a perda <strong>de</strong> autonomia no novo domicílio. Dificulda<strong>de</strong>s relacionais comfamiliares do companheiro frente aos diferentes padrões do fazer, sustenta<strong>dos</strong> porhábitos e rotinas culturalmente diferenciadas, <strong>de</strong>spertaram às <strong>adolescentes</strong> o <strong>de</strong>sejo<strong>de</strong> residir apenas com o parceiro e assim constituir um novo núcleo familiar.Corroborando com este dado, i<strong>de</strong>ntificou-se que a inserção no grupo familiardo parceiro alterou muito a rotina das <strong>adolescentes</strong>, principalmente envolvendoquestões <strong>de</strong> autonomia diante das Ativida<strong>de</strong>s Instrumentais <strong>de</strong> Vida diária – AIVDs,a serem realizadas nesse domicílio. Tal alteração <strong>de</strong> rotina é apontada por Brandãoe Heilborn (2006) ao afirmarem que o processo <strong>de</strong> construção da autonomia pessoalnessa fase <strong>de</strong> vida, po<strong>de</strong> implicar em <strong>de</strong>sdo<strong>br</strong>amentos imprevistos, reor<strong>de</strong>nando atrajetória da adolescente e <strong>dos</strong> familiares.A Dinâmica das Ativida<strong>de</strong>s Cotidianas possibilitou as <strong>adolescentes</strong>expressarem através <strong>de</strong> registros, verbais e escritos, questões como:“Tenho que preparar o almoço pro meu marido e meu sogro, nahora certa, pois eles entram no trabalho <strong>de</strong>pois do almoço”. (O)“Minha cunhada diz que eu não faço nada direito, eu apenasfaço diferente <strong>de</strong>la”. (T)“Minha sogra adora <strong>de</strong>sfazer <strong>de</strong> mim na frente do meu esposo,tudo o que eu faço não está certo com o jeito <strong>de</strong>la fazer ... aíeu abaixo a cabeça e não respondo em respeito ao meuesposo”. (V)I<strong>de</strong>ntifica-se que a nova constituição familiar interfere na rotina anteriormenteestabelecida pelas <strong>adolescentes</strong>. Tornam-se uma afronta a esses novos familiaresos hábitos e costumes que as <strong>adolescentes</strong> trazem consigo, o que po<strong>de</strong> gerarconflitos, enfrentamentos ou sensação <strong>de</strong> impotência na resolução <strong>de</strong>ssaproblemática, situação apontada pelas participantes Tulipa e Violeta.


82De forma diferenciada, as participantes Orquí<strong>de</strong>a e Jasmim mostram-se maissubservientes, tentando a<strong>de</strong>quar-se à nova rotina sem impor os hábitos e costumesanteriormente adquiri<strong>dos</strong>. A primeira por estar se adaptando ao papel <strong>de</strong> cuidar doambiente domiciliar; e a segunda por não ter padrões <strong>de</strong> comparação <strong>de</strong> taisexigências, pois nunca possuiu essas atribuições no domicílio familiar <strong>de</strong> origem. Asparticipantes Lírio e Rosa, por residirem apenas com o companheiro, não trazem asmesmas questões, preservando a autonomia do “fazer” e mantendo seus hábitos ecostumes em uma nova rotina – a vida <strong>de</strong> casadas; diferente também da participanteMargarida, que contesta a própria rotina domiciliar, enfatizando as co<strong>br</strong>anças damãe em relação aos afazeres domésticos e as freqüentes críticas aos seus hábitos ecostumes. Nesta perspectiva, Schwartz et. al (2008) referem que a adolescência porsi só implica em mudanças e investimentos pessoais e sociais para lidar com oposicionamento familiar e social.Na Dinâmica <strong>dos</strong> Papéis Ocupacionais o papel Mem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> famíliaganhou <strong>de</strong>staque por ser exercido por todas as participantes, com exceção <strong>de</strong>Jasmim que não se reconheceu no mesmo durante o preenchimento do instrumento.Para os autores Schwartz et. al (2008) e Osório (1997), as <strong>adolescentes</strong> po<strong>de</strong>msentir-se empo<strong>br</strong>ecidas do cuidado familiar e necessitarem do apoio e suporte <strong>de</strong>familiares ou pessoas próximas para lidar com suas inquietações e angústias.O Papel Materno foi assinalado como Outros papéis, pelas participantesRosa e Violeta, as quais relataram ao grupo já se sentirem mães no atual momento.Para algumas <strong>adolescentes</strong>, segundo Schwartz et.al (2008) o casamento e agestação po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>ra<strong>dos</strong> como fenômenos que favorecem sua libertaçãodo contexto familiar.Na área <strong>de</strong> Ocupação AIVD, o papel <strong>de</strong> Cuidador era exercido pelasparticipantes Orquí<strong>de</strong>a e Margarida, sendo assim po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar que tal papelcaracteriza um status social à essas <strong>adolescentes</strong>, dando-lhes um lugar <strong>de</strong>ntro dacultura da própria família e comunida<strong>de</strong>. Também na área <strong>de</strong> Ocupação AVD, opapel Religioso foi assinalado por Violeta e Lírio, fazendo parte <strong>de</strong> sua rotinafreqüentar uma cerimônia religiosa, ao menos uma vez por semana. Para as duasparticipantes, esse papel é fundamental e apresenta-se <strong>de</strong>terminado pelas crenças evalores familiares atribuí<strong>dos</strong>. As participantes relataram se sentirem realizadas ao<strong>de</strong>sempenhar esse papel. Todavia as <strong>de</strong>mais não atribuíram valor e importância ao


83papel. As crenças e valores também atribuem um status <strong>de</strong>ntro da família ecomunida<strong>de</strong>.Ao consi<strong>de</strong>rar o papel ocupacional <strong>de</strong> Amigo, este foi i<strong>de</strong>ntificado como umadas principais perdas no cotidiano das <strong>adolescentes</strong>. Como se po<strong>de</strong> constatar naTabela 1 (p. 62) que contrapondo 86% do papel realizado no tempo passado,apenas 43% das participantes o realizam no tempo presente. Deixar <strong>de</strong> sair com osamigos, po<strong>de</strong> estar ligado ao fato <strong>de</strong> manter-se em casa para viabilizar as novasatribuições domésticas, mesmo que essas não sejam da preferência das<strong>adolescentes</strong>, porém se fazem necessárias ao momento. Ao mesmo tempoobservou-se que o <strong>de</strong>sligamento do ambiente escolar, a inserção em uma novafamília afastaram as <strong>adolescentes</strong> <strong>dos</strong> antigos amigos e que 57% resumem suasrelações aos mem<strong>br</strong>os da família do esposo/companheiro ou da família <strong>de</strong> origem.Consi<strong>de</strong>rando que todas as <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong> eram escolarizadas,observamos que no tempo presente e para a área <strong>de</strong> Ocupação Educação, o papel<strong>de</strong> Estudante foi mantido pelas participantes Rosa e Margarida durante período daaplicação do instrumento. Rosa está periodizada para concluir o Ensino Médio ealega que a gravi<strong>de</strong>z e o nascimento do filho não afetarão seus planos <strong>de</strong> formação.Já a participante Margarida tem a formação <strong>de</strong>terminada pelo Conselho Tutelar emrazão <strong>de</strong> medida sócio-educativa <strong>de</strong>corrente da vulnerabilida<strong>de</strong> social.Observa-se que muitas das <strong>adolescentes</strong> já haviam abandonado o papel <strong>de</strong>estudante, anteriormente à gestação, sendo que algumas não <strong>de</strong>monstramperspectivas <strong>de</strong> retomá-lo. Abandonaram o papel <strong>de</strong> Estudante antes da gravi<strong>de</strong>zas participantes Orquí<strong>de</strong>a, Tulipa, Violeta e Jasmim. A participante Lírio concluiu oEnsino Fundamental e consi<strong>de</strong>rou o nível <strong>de</strong> estudo suficiente no momento daaplicação do instrumento.Todas as <strong>adolescentes</strong> freqüentam ou freqüentaram o Ensino Público, nãohouve <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> aspiração pela Educação <strong>de</strong> Jovens e Adultos – EJA, paraa conclusão <strong>dos</strong> estu<strong>dos</strong>.Corroborando com estes da<strong>dos</strong>, tanto em relação ao papel <strong>de</strong> Amigo como o<strong>de</strong> Estudante, a afirmação <strong>de</strong> Ximenes Neto et al. (2007) enfatiza que a gravi<strong>de</strong>z naadolescência po<strong>de</strong> levar à <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> planos e o adiamento <strong>de</strong> sonhos,favorecendo à adolescente uma situação <strong>de</strong> (<strong>de</strong>s) ajustamento social, familiar eescolar. Momentos <strong>de</strong> crises, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do grau <strong>de</strong> ajuste da personalida<strong>de</strong>,


84po<strong>de</strong>m levar a adolescente a sair <strong>de</strong>sta crise fortalecida ou caminhar para<strong>de</strong>pressão, tentativa <strong>de</strong> aborto ou suicídio.Neste grupo em específico, as <strong>adolescentes</strong> <strong>de</strong>monstraram adaptação ativaà realida<strong>de</strong> imposta, buscando „ressignificar‟ em seu cotidiano as ativida<strong>de</strong>s e papéisocupacionais perdi<strong>dos</strong>, postergando a retomada <strong>dos</strong> mesmos, porém em umaperspectiva <strong>de</strong> planejamento futuro, i<strong>de</strong>ntificada na Tabela 1 (p.63) nos da<strong>dos</strong> -Papel <strong>de</strong> estudante realizado 100% no tempo passado, 29% no tempo presente e57% almejado para o futuro. Em um momento posterior, ao rediscutir este papel noúltimo encontro grupal, a participante Tulipa informou que retomou os estu<strong>dos</strong>, pormeio <strong>de</strong> um curso profissionalizante, o que exemplifica a adaptação e ressignificação<strong>de</strong>ste papel no seu cotidiano.Em relação à área <strong>de</strong> Ocupação Trabalho, o papel <strong>de</strong> Trabalhador eraexercido pela participante Rosa, no mercado formal <strong>de</strong> trabalho, e por Violeta nomercado informal. As <strong>de</strong>mais <strong>adolescentes</strong> nunca haviam exercido esse papel, enão estavam se qualificando para o mercado formal, sendo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da renda<strong>de</strong> familiares ou do companheiro. Em razão da ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> muitas participantes serinferior a 16 anos, a inclusão no mercado formal <strong>de</strong> trabalho, não é subsidiada pelalegislação <strong>br</strong>asileira. Porém consi<strong>de</strong>rando os fatores sócio-econômicos dapopulação estudada, po<strong>de</strong>-se constatar também, no último encontro da UBS AltoMaracanã, que a participante Violeta já havia retomado suas ativida<strong>de</strong>s comodiarista, estas estavam adiadas em razão da gravi<strong>de</strong>z. No inicio do Processo GrupalVioleta lamentava-se que, em razão do mal-estar sentido no início da gestação,havia abandonado esse papel. Consi<strong>de</strong>ra-se que tal ativida<strong>de</strong> é significativa para aparticipante, não apenas em conseqüência à remuneração, mas por sentirsatisfação ao realizá-la.Esse dado aponta para Ferrari (1991), quando afirma que por meio daocupação o indivíduo interage com o meio ambiente, produz nele modificações e épor ele influenciado. O ambiente é caracterizado pela cultura que essa participantemantém e que está ligada diretamente ao significado <strong>de</strong>ssa ocupação. Ao Trabalhoesta participante atribui o status <strong>de</strong> participação social.Na área <strong>de</strong> Ocupação Lazer, o papel <strong>de</strong> Passatempo amador foi apenasassinalado pelas participantes Margarida e Lírio. Entretanto, contatou-se a ausência<strong>de</strong> envolvimento em ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Lazer pelas <strong>de</strong>mais <strong>adolescentes</strong>; ainda que essepapel tenha sido assinalado como ativida<strong>de</strong> preferida por elas na Dinâmica das


85Ativida<strong>de</strong>s Cotidianas. Tais ativida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m implicar custo financeiro e virem arestringir a participação das <strong>adolescentes</strong>, no momento em que <strong>de</strong>terminam suaatenção à preparação para a maternida<strong>de</strong>. Esta exige reservas financeiras<strong>de</strong>stinadas à chegada do filho e a nova estruturação familiar, envolvendo as<strong>adolescentes</strong> nas tarefas domésticas, para as quais mantinham outra forma <strong>de</strong>organização, ou não lhes <strong>de</strong>spendiam tanto tempo. Durante a dinâmica constatou-seque as ativida<strong>de</strong>s domésticas foram registradas como ativida<strong>de</strong>s preteridas, porémrealizadas.Na área Participação Social, o papel <strong>de</strong> Amigo foi <strong>de</strong>stacado por Rosa e,novamente <strong>de</strong>monstrando que há restrição <strong>de</strong> relações fora do núcleo familiar. Opapel <strong>de</strong> Participante em Organizações não foi assinalado por nenhuma das<strong>adolescentes</strong>, consi<strong>de</strong>rando o próprio contexto social, assim como pelos mo<strong>de</strong>loscita<strong>dos</strong> pelo instrumento não serem compatíveis com a realida<strong>de</strong> vivida pelas<strong>adolescentes</strong>. Na lista <strong>de</strong> papéis ocupacionais, os exemplos <strong>de</strong> participação emorganização referem-se a clubes e organizações como o Rotary Club e Lions Club,que não se aplicam à realida<strong>de</strong> vivenciada pelas participantes <strong>de</strong>ste estudo. Nemem Organizações não governamentais ou associações <strong>de</strong> bairro e nem dasativida<strong>de</strong>s da Unida<strong>de</strong> Básica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> elas participam.Durante a realização da Dinâmica do Papel Feminino e Materno, aativida<strong>de</strong> expressiva e artesanal realizada pelas participantes permitiu-lhesexpressar o significado da Gestação e a importância <strong>de</strong> Ser Mulher e Ser Mãe. Apesquisadora consi<strong>de</strong>rou os princípios do MOHO a serem explora<strong>dos</strong> nestadinâmica. Principalmente, objetivou-se estimular a volição frente ao novo cotidiano,consi<strong>de</strong>rando que ela relaciona-se à motivação do indivíduo frente à realização <strong>de</strong>uma ocupação, compreen<strong>de</strong>ndo a experiência, interpretação, antecipação e aeleição <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s. A constante interação com o meio propicia a eleição <strong>de</strong> novasocupações, as quais ocorrem em um processo dinâmico (KIELHOFNER, 2004).Os da<strong>dos</strong> i<strong>de</strong>ntifica<strong>dos</strong> nesta dinâmica, organiza<strong>dos</strong> em temas, apontampara a relação com o esposo/companheiro, caracterizada pela Pertença epertinência familiar, manifestadas pela i<strong>de</strong>alização do afeto que as participantesnão encontraram no núcleo familiar <strong>de</strong> origem. Corroborando com Schwartz et al.(2008), ao se sentirem empo<strong>br</strong>ecidas <strong>de</strong> cuidado intrafamiliar durante a gestação,<strong>adolescentes</strong> po<strong>de</strong>m reduzir os seus contatos sociais e enfraquecer os vínculos <strong>de</strong>amiza<strong>de</strong>. A busca no parceiro para realizar este „cuidado‟ está retratada no dado:


86“Com o meu marido é diferente, vou dar ao meu filho tudo oque não tive, principalmente amor” (V e T).Ao Papel Materno as participantes <strong>de</strong>ram <strong>de</strong>staque à importância daGravi<strong>de</strong>z para o momento vivenciado, caracterizado principalmente pelaresponsabilida<strong>de</strong>. Os da<strong>dos</strong> a seguir, extraí<strong>dos</strong> do <strong>de</strong>poimento da participante O,retratam essa associação:“Estar grávida para mim é ter uma responsabilida<strong>de</strong>, é muitobom porque você não imagina como vai ser”. (O)“Que meu bebê tenha bastante saú<strong>de</strong>, que ele estu<strong>de</strong>”. (O)“Ser uma boa mãe...” (O)Estes da<strong>dos</strong> correlacionam-se a afirmação <strong>de</strong> Carvalho e Pinto (2009) emque muitas vezes a gravi<strong>de</strong>z inci<strong>de</strong> como uma escolha no momento <strong>de</strong> formação <strong>de</strong>i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> do adolescente, principalmente no que se refere a sentimentos <strong>de</strong>pertença e pertinência em relação a um grupo. Nessa perspectiva o status <strong>de</strong>cuidador, insere as <strong>adolescentes</strong> a um novo núcleo familiar, caracterizando o„pertencer‟ a um grupo, sendo uma via <strong>de</strong> acesso ao universo do adulto,reconhecido socialmente. Nesse momento as participantes sinalizam a importânciado „cuidar‟ e „ser cuidada‟. Novamente, diante <strong>de</strong>sta situação corrobora-se comBrandão e Heilborn (2006), ao afirmarem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um reor<strong>de</strong>namento datrajetória juvenil e familiar.A Dinâmica <strong>dos</strong> Papéis Ocupacionais, por se tratar <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong>lúdica, possibilitou às participantes momentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontração e „que<strong>br</strong>as <strong>de</strong> tabu‟para tratarem <strong>de</strong> aspectos mais íntimos <strong>de</strong> seu cotidiano. Dividir a experiência como grupo ao relatar suas singularida<strong>de</strong>s do „fazer‟, atribuindo aos seus diferentespapéis ocupacionais, permea<strong>dos</strong> por hábitos, valores e crenças, permitiu aexpressão das participantes <strong>acerca</strong> <strong>dos</strong> papéis já internaliza<strong>dos</strong>. Po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rara internalização <strong>dos</strong> papéis sob o referencial <strong>de</strong> Hagedorn (2007), que aponta paraaquele que <strong>de</strong>signa a relação, a responsabilida<strong>de</strong> ou o status <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma cultura,


87e motiva o indivíduo a envolver-se em ocupações, ativida<strong>de</strong>s ou tarefas por umlongo período.Nessa dinâmica os papéis que novamente <strong>de</strong>spontaram foram o papelmem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> família, cuidador e materno. O papel <strong>de</strong> mem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> família foivinculado ao papel do esposo/companheiro como pai, trabalhador e provedor dasnecessida<strong>de</strong>s futuras do filho e do casal. Os <strong>de</strong>poimentos das participantes T e Vrepresentam essa evidência:“Para ele significa muita alegria, satisfação, realização,orgulho”. (T)“Cuidado é da parte <strong>de</strong>le (marido)”. (V)A busca pela formação <strong>de</strong> um novo lar e uma nova família, com autonomia<strong>dos</strong> vínculos parentais, novamente foi <strong>de</strong>stacada pelas participantes, sendo osconflitos familiares constata<strong>dos</strong> no dado abaixo:“Lá ninguém se ama, ninguém se respeita, quando respeita éporque quer algo em troca”. (T)“Com o nenê, todo mundo vem na minha barriga, esqueceram<strong>de</strong> mim”. (V)“Eu abaixo a cabeça em sinal <strong>de</strong> respeito quando elerepreen<strong>de</strong>, mesmo magoada”. (V)meO papel <strong>de</strong> adolescente é caracterizado pela perda <strong>de</strong> relação com osamigos, porém integra os fatores responsabilida<strong>de</strong>, vaida<strong>de</strong> e atitu<strong>de</strong>, sendoconsi<strong>de</strong>rada a adolescência uma fase boa. O dado a seguir <strong>de</strong>staca o registro daparticipante Orquí<strong>de</strong>a.“Ser adolescente para mim é bom, é ter bastanteresponsabilida<strong>de</strong>, ser vai<strong>dos</strong>a e tem que ter bastante atitu<strong>de</strong>”.(O)


88A última dinâmica originou-se da escolha compartilhada do grupo, sendounânime em ambos os grupos a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer e compreen<strong>de</strong>r oprocesso da gravi<strong>de</strong>z vivenciado.Denominada Dinâmica da gestação e a saú<strong>de</strong>, a dinâmica possibilitou aosgrupos assistirem a uma série <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>os científicos so<strong>br</strong>e a gestação; <strong>de</strong>s<strong>de</strong> suaconcepção até o nono mês. As participantes registraram seu conhecimento <strong>acerca</strong>da gravi<strong>de</strong>z antes da apresentação <strong>dos</strong> ví<strong>de</strong>os e posteriormente suas concepções eassimilações do conteúdo apreendido. Propicio-se um <strong>de</strong>bate ao término <strong>dos</strong> ví<strong>de</strong>os,no qual se po<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar os seguintes temas: Minha saú<strong>de</strong> e meu filho, o<strong>de</strong>senvolvimento do bebê, vivenciar o nascimento, responsabilida<strong>de</strong> edinâmica familiar.Caracterizando o tema Minha saú<strong>de</strong> e meu filho, os registros dasparticipantes Violeta, Tulipa e Orquí<strong>de</strong>a:“Mudou na minha alimentação, no meu sono ...” (V)“Ver que o meu baby esta bem e que ele vai nascer saudávelpra mim e muito importante ...” (T)“Quero saber como o bebê fica na barriga, se a gente correalgum risco” (O).Em relação ao <strong>de</strong>senvolvimento do bebê, o registro da participante Tulipa,expressa sua importância:“Acho que a formação do baby é muito especial, pois a cadasegundo uma vida se <strong>de</strong>senvolve <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> você e quando obebê começa a crescer e se mexer é muito especial”. (T)A temática expectativa do nascimento, se expressa no registro daparticipante Tulipa:


89“Quando a gente vê ou ouve é muito emocionante, e saber queas mãos, pés, olhos, e órgãos estão crescendo dá um alívio”(T)O tema responsabilida<strong>de</strong> surge junto a Gravi<strong>de</strong>z, evi<strong>de</strong>ncia-se nosregistros das participantes Orquí<strong>de</strong>a e Margarida:“Ter uma responsabilida<strong>de</strong>”.(O)“Para mim gravi<strong>de</strong>z é um momento em que você passa a teruma responsabilida<strong>de</strong> maior” (M)Em relação à incidência do tema dinâmica familiar, observa-se que omesmo é i<strong>de</strong>ntificado pelo contexto em que as participantes vivem, como tambémpelo apoio obtido nas relações familiares.“Eu fui quem engravidou mais tar<strong>de</strong> em casa, minha irmã tinha13 anos” (V)“Eu queria ser mãe nova, para ser avó nova” (T)“O apoio da mãe e do marido está me <strong>de</strong>ixando mais confiante”(T)“Filho às vezes é auto estima (...) é meu” (T)Os da<strong>dos</strong> <strong>de</strong>sta dinâmica permitiram a compreensão <strong>de</strong> que, gradualmente,a adolescente <strong>de</strong>para-se com a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conquistar sua autonomia pararespon<strong>de</strong>r às novas <strong>de</strong>mandas sociais; como <strong>de</strong>staca Hagedorn (2007) novas<strong>de</strong>mandas exigem a aquisição <strong>de</strong> novas capacida<strong>de</strong>s cognitivas e também novasresponsabilida<strong>de</strong>s em relação aos papéis sociais a serem <strong>de</strong>sempenha<strong>dos</strong>. Adiscussão da gravi<strong>de</strong>z, viabilizada no Processo grupal, teve o propósito <strong>de</strong> <strong>de</strong>spertarperspectivas das <strong>adolescentes</strong>, a curto e longo prazo, da capacida<strong>de</strong> para a tomada<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões, exercitar o julgamento e regular o próprio comportamento. Infere-se


90que a permanência <strong>de</strong> quatro <strong>adolescentes</strong> até o final do Processo grupal, comparticipação efetiva em todas as dinâmicas ocorridas nos encontros foi <strong>de</strong>correntedo <strong>de</strong>spertar <strong>de</strong>ssas perspectivas. O compromisso grupal foi estabelecido pelocontrato do grupo e respeitado em todas as vivências. A i<strong>de</strong>ntificação dasparticipantes com outras <strong>adolescentes</strong> sob a mesma condição – a gravi<strong>de</strong>z e ospapéis ocupacionais e sociais pertinentes a essa etapa <strong>de</strong> vida, foram amplamenteexplora<strong>dos</strong> e <strong>de</strong>bati<strong>dos</strong> pelas participantes, que se sentiram acolhidas e preservadasnesse setting. As mudanças foram manifestadas e concretizadas a cada encontro, oque permitiu que novas ativida<strong>de</strong>s fossem eleitas e aprofundadas, preservando asingularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada uma das participantes, integrando ao contexto do grupo assimilarida<strong>de</strong>s e idiossincrasias que foram respeitadas, consi<strong>de</strong>rando a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong>grupo apresentada por Ballarin (2007), como um espaço <strong>de</strong> vivência eexperimentações na relação com o outro. Os princípios do MOHO – volição,habituação e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho subsidiaram as reflexões do grupo,alicerça<strong>dos</strong> pela metodologia problematizadora, propostas no Mo<strong>de</strong>lo Lógico.


916. CONSIDERAÇÕES FINAISNesta pesquisa, a realização das dinâmicas grupais proporcionou umambiente <strong>de</strong> reflexão e discussão coletiva entre os participantes <strong>acerca</strong> da temáticaGravi<strong>de</strong>z na Adolescência. O contrato grupal estabelecido com ambos os gruposcontribuiu com o objetivo <strong>de</strong> fornecer subsídios para reflexão mais crítica econsciente das participantes so<strong>br</strong>e o processo vivenciado – a Gravi<strong>de</strong>z e asativida<strong>de</strong>s cotidianas, sua importância e os papéis <strong>de</strong>sempenha<strong>dos</strong>. Buscou-seassim produzir mudanças reais <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>, preservando os valores e crençasmanifesta<strong>dos</strong> durante as dinâmicas.Ao consi<strong>de</strong>rar o MOHO e seus princípios <strong>de</strong> volição, habituação ecapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho, observou-se que ao preservar a singularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cadaparticipante, respeitando seus <strong>de</strong>sejos, compreen<strong>de</strong>ndo suas rotinas e apeculiarida<strong>de</strong> com que cada uma planeja o seu cotidiano, po<strong>de</strong>-se manter umvínculo grupal, fortalecido por um ambiente <strong>de</strong> conforto para que as expressões epercepções <strong>acerca</strong> do processo vivenciado fossem explicitadas.O Mo<strong>de</strong>lo Lógico para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um processo grupal emTerapia ocupacional na Atenção básica, sob o referencial do Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> OcupaçãoHumana, com <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong>, com o propósito <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar papéisocupacionais e o <strong>de</strong>sempenho futuro do papel materno, foi orientado pelametodologia problematizadora <strong>de</strong>senvolvida segundo o Método do Arco <strong>de</strong>Maguerez.O Processo Grupal permitiu o diálogo <strong>acerca</strong> <strong>dos</strong> conceitos relaciona<strong>dos</strong> ao<strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> papéis sociais e ocupacionais, gravi<strong>de</strong>z e adolescência, bem comoo compartir <strong>de</strong> experiências e o estimulo à reflexão, questionamentos e mudançascomportamentais. Este mo<strong>de</strong>lo foi essencial para compreen<strong>de</strong>r um processo <strong>de</strong>Terapia Ocupacional no cenário da Atenção Básica à Saú<strong>de</strong>, sob o referencial <strong>de</strong>Grupo, comprovando a eficácia <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s coletivas realizadas neste cenário etambém ampliando a participação e o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>cisório <strong>de</strong> usuários.Quanto à percepção das participantes po<strong>de</strong>-se compreen<strong>de</strong>r as práticas queelas tem para consigo, permeadas pelo processo <strong>de</strong> adolescer, bem como emrelação às novas experiências que se inserem em seu cotidiano, como a gestação, arelação com o parceiro, a afiliação e constituição <strong>de</strong> uma nova família e a


92organização <strong>de</strong> antigos e novos papéis, consi<strong>de</strong>rando a volição, habituação e acapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho.A busca por novos papéis ocupacionais nos leva a refletir so<strong>br</strong>e o universono qual esse processo se manifesta; consi<strong>de</strong>rando a importância <strong>de</strong>terminada porTerapeutas Ocupacionais ao processo <strong>de</strong> avaliação <strong>dos</strong> contextos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho<strong>dos</strong> indivíduos com os quais realizam seus procedimentos clínicos e <strong>de</strong> pesquisa.A<strong>de</strong>ntrar esse universo, sem a sutileza do observar, ouvir e refletir não nos permitiriacompreen<strong>de</strong>r a riqueza <strong>de</strong> informações que nos foram apresentadas. Comoprofissionais ao trabalhar com <strong>adolescentes</strong> precisamos estabelecer parcerias,contratos individuais e grupais, fortaleci<strong>dos</strong> por um clima <strong>de</strong> confiança e segurança,em que Terapeuta Ocupacional e participantes da pesquisa sintam-se integra<strong>dos</strong> aum objetivo comum. Nesta pesquisa po<strong>de</strong>-se respon<strong>de</strong>r aos objetivos: i<strong>de</strong>ntificar efavorecer a reflexão <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong> <strong>acerca</strong> <strong>dos</strong> papéisocupacionais e sua relação com a maternida<strong>de</strong>.Ao se consi<strong>de</strong>rar a gravi<strong>de</strong>z na adolescência como um problema, distanciase<strong>de</strong> sua compreensão; é necessário refletir so<strong>br</strong>e a prática profissional alicerçadaà pesquisa, em um esforço para encontrar respostas, numa perspectiva em que agravi<strong>de</strong>z na adolescência <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser um problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, mas sim umproblema <strong>de</strong> pesquisa com o propósito <strong>de</strong> intervenção.Tendo o MOHO como aporte teórico, analisando o cotidiano dasparticipantes por meio <strong>de</strong> seus princípios, conseguiu-se alcançar o statuscompreen<strong>de</strong>r e assim constatar como as participantes realizam seu próprio cuidadoe como estão se preparando para o cuidado <strong>de</strong> outrem, envoltas por atitu<strong>de</strong>s eações singulares, representadas por ações concretas, mas também subjetivas.Também se po<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r os principais vínculos estabeleci<strong>dos</strong> em seuscontextos familiar e social, assim como i<strong>de</strong>ntificar suas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> suporte.Como limite <strong>de</strong>sse estudo, infere-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> refletir so<strong>br</strong>e aspráticas profissionais <strong>de</strong>senvolvidas junto a essa população; consi<strong>de</strong>rando osestu<strong>dos</strong> <strong>de</strong> Yazlle (2006) ao sustentar que a gravi<strong>de</strong>z na adolescência po<strong>de</strong> ser bemtolerada, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que essas recebam a assistência pré-natal a<strong>de</strong>quada, propiciandoàs <strong>adolescentes</strong> o reconhecimento <strong>de</strong> seu processo, a aceitação e a disponibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> atenção por parte <strong>dos</strong> profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para o cuidado.Espera-se que esse estudo venha a contribuir como mo<strong>de</strong>lo possível <strong>de</strong> seraplicado para o propósito e ao público alvo ao qual se <strong>de</strong>stinou, em diferentes


93contextos, como a escola, a comunida<strong>de</strong> e em unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> diferentes níveis <strong>de</strong>assistência no Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, como ambulatórios, hospitais, centrosespecializa<strong>dos</strong> e centros <strong>de</strong> referência.A estrutura do Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> processo grupal po<strong>de</strong> ser aplicada com diferentespopulações, com o propósito <strong>de</strong> organizar e otimizar o <strong>de</strong>sempenho ocupacional,tanto no âmbito clínico e social.O Mo<strong>de</strong>lo também se mostrou útil para investigação cujo objeto seja asativida<strong>de</strong>s significativas para o <strong>de</strong>sempenho ocupacional satisfatório <strong>de</strong> indivíduos,tendo em vista a sua volição, habituação e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho.Particularmente, como terapeuta ocupacional há 27 anos, e docente há seisanos na disciplina <strong>de</strong> processos Grupais em Terapia Ocupacional no ensinosuperior, a pesquisadora po<strong>de</strong> concretizar, com a realização <strong>de</strong>sse estudo, a suaaspiração <strong>de</strong> teorizar e <strong>de</strong>screver um mo<strong>de</strong>lo viável <strong>de</strong> trabalho em grupo com<strong>adolescentes</strong>, fundamentado na produção científica correlata, mas também emconsonância com suas próprias crenças e valores profissionais.


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98APÊNDICESApêndice 1 – Termo <strong>de</strong> Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE .......................99Apêndice 2 – Da<strong>dos</strong> <strong>de</strong>mográficos por gênero e ocupação (versão beta 4)...........101Apêndice 3 – Da<strong>dos</strong> <strong>de</strong>mográficos do estado civil (versão beta4)...........................102


99APÊNDICE 1TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDOEu, Regina Célia Titotto Castanharo, mestranda do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação emEnfermagem da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná, estou convidando sua filha/enteada a participar dapesquisa intitulada “Gravi<strong>de</strong>z na Adolescência e Desempenho Ocupacional”.A participação <strong>de</strong>la é <strong>de</strong> fundamental importância, pois é através das pesquisas queocorrem os avanços importantes em todas as áreas.O objetivo <strong>de</strong>sta pesquisa é compreen<strong>de</strong>r a percepção <strong>de</strong> <strong>adolescentes</strong> <strong>gestantes</strong> <strong>acerca</strong><strong>dos</strong> papeis ocupacionais e do <strong>de</strong>senvolvimento futuro do papel materno, a partir <strong>de</strong> dinâmicas emgrupo. Questões como:Quais mudanças ocorreram em sua rotina familiar, escolar e profissional após aconfirmação da gravi<strong>de</strong>z? Como você realiza sua rotina diária após a gravi<strong>de</strong>z? Ocorreu algumamudança nos seus papéis ocupacionais? Quais são suas expectativas frente à maternida<strong>de</strong>?O processo em grupo visa facilitar a percepção <strong>de</strong> mudanças e favorecer o enfrentamentofrente a estas mudanças, objetivando que a adolescente exerça seus papeis ocupacionais <strong>de</strong> formasatisfatória.Caso sua filha/enteada participe da pesquisa, será necessário estar cadastrada e participardo Programa pré-natal das Unida<strong>de</strong>s Básicas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> CAIC ou Alto Maracanã, encontrar-se nosegundo ou terceiro trimestre <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z. Ao todo serão <strong>de</strong>z encontros com a duração <strong>de</strong> 1:30h a2:00h, a cada quinze dias, durante o período <strong>de</strong> três a seis meses, na Unida<strong>de</strong> Básica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> oulocal da comunida<strong>de</strong> próximo à sua residência. Um cadastro será preenchido com seus principaisda<strong>dos</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação e as ativida<strong>de</strong>s realizadas por ela nas dinâmicas grupais serão fotografadas earquivadas em pasta do grupo. Haverá uma gravação durante as ativida<strong>de</strong>s do grupo, que serãoarquivadas e estarão preservadas junto à pesquisadora. A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong>la jamais será revelada, esuas contribuições ou opiniões em grupo serão utilizadas através <strong>de</strong> código.Para confirmar a participação <strong>de</strong> sua filha/enteada, ela <strong>de</strong>verá comparecer no CRASMaracanã - Rua Abel Scuissiato, 40 – Alto Maracanã, Fone: 3663-3966, para encontros semanaiscom a duração <strong>de</strong> 1h30 a 2h00, com o grupo participante da pesquisa. Estes encontros terão aduração <strong>de</strong> três a seis meses, respeitando o seu período <strong>de</strong> gestação e qualquer necessida<strong>de</strong> comoconsultas, exames serão justificáveis quando ocorrerem no mesmo horário.Os benefícios espera<strong>dos</strong> com este pesquisa são: favorecer a reflexão e a organização dasativida<strong>de</strong>s diárias no período da gestação.As pesquisadoras Regina Célia Titotto Castanharo, terapeuta ocupacional, mestranda doPrograma <strong>de</strong> Pós Graduação em Enfermagem da UFPR e sua orientadora Prof.ª Dr.ª Lillian DaisyGonçalves Wolff, professora do Programa <strong>de</strong> Pós-graduação em Enfermagem da UFPR po<strong>de</strong>rão sercontatadas para esclarecerem eventuais dúvidas a respeito <strong>de</strong>sta pesquisa, por meio <strong>dos</strong> telefonesComitê <strong>de</strong> Ética em Pesquisa do Setor <strong>de</strong> Ciências da Saú<strong>de</strong> da UFPRTelefone: (41) 3360-7259 e-mail: cometica.sau<strong>de</strong>@<strong>ufpr</strong>.<strong>br</strong>


100(41) 33613781, no horário das 8h às 12h e das 13h30 as 17h30 <strong>de</strong> segunda a sexta-feira, ou pelosemails: prof.retitotto@<strong>ufpr</strong>.<strong>br</strong> /ldgwolff@yahoo.com.<strong>br</strong>.Estão garantidas todas as informações que você e sua filha/enteada queiram, antesdurante e <strong>de</strong>pois do estudo.A participação <strong>de</strong> sua filha/enteada neste estudo é voluntária. Ela tem a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> serecusar a participar ou, se aceitar participar, retirar seu consentimento/assentimento a qualquermomento. Este fato não implicará na interrupção <strong>de</strong> seu atendimento na Unida<strong>de</strong>s Básicas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>CAIC ou Alto Maracanã, que está assegurado.As informações relacionadas ao estudo po<strong>de</strong>rão ser inspecionadas por autorida<strong>de</strong>s legais.No entanto, se qualquer informação for divulgada em relatório ou publicação, isto será feito sob formacodificada, para que a confi<strong>de</strong>ncialida<strong>de</strong> seja mantida.Os momentos <strong>de</strong> reflexão das dinâmicas <strong>de</strong> grupo serão gravadas, respeitando-secompletamente o anonimato. Tão logo a pesquisa termine, serão <strong>de</strong>sgravadas.Todas as <strong>de</strong>spesas necessárias para a realização da pesquisa não são da suaresponsabilida<strong>de</strong>. Você e sua filha/enteada não receberão nenhuma quantia em dinheiro por suaparticipação.Eu,_________________________________ li o texto acima e compreendi a natureza eobjetivo do estudo do qual minha filha/enteada foi convidada a participar. Entendi que ela é livre parainterromper sua participação no estudo a qualquer momento sem justificar sua <strong>de</strong>cisão e sem queesta <strong>de</strong>cisão afete seu atendimento nas Unida<strong>de</strong>s Básicas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> CAIC ou Alto Maracanã. Euentendi que a sua participação na pesquisa será sem custos para mim ou para minha filha/enteada,bem como não receberei nenhuma quantia em dinheiro pela participação <strong>de</strong>la na pesquisa.Eu,_________________________________ li o texto acima e compreendi a natureza eobjetivo do qual estou sendo convidada a participar. Entendi que sou livre para interromper minhaparticipação no estudo a qualquer momento sem justificar minha <strong>de</strong>cisão e sem que esta <strong>de</strong>cisãoafete meu atendimento nas Unida<strong>de</strong>s Básicas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> CAIC ou Alto Maracanã. Eu entendi que aminha participação na pesquisa será sem custos para mim ou minha família e que não recebereiqualquer quantia em dinheiro pela participação na pesquisa.Eu concordo voluntariamente em participar <strong>de</strong>ste estudo.Assinatura do sujeito <strong>de</strong> pesquisa: ________________________________Assinatura do responsável : _____________________________________Assinatura da pesquisadora: ______________________________________________________, _______________________________LocalDataComitê <strong>de</strong> Ética em Pesquisa do Setor <strong>de</strong> Ciências da Saú<strong>de</strong> da UFPRTelefone: (41) 3360-7259 e-mail: cometica.sau<strong>de</strong>@<strong>ufpr</strong>.<strong>br</strong>


101APÊNDICE 2DADOS DEMOGRÁFICOS POR GÊNERO E OCUPAÇÃO (VERSÃO BETA 4).Da<strong>dos</strong> Demográficos da Amostra X - OcupaçãoAtivo29%Inativo71%Da<strong>dos</strong> Demográficos da Amostra X - SexoMasculino0%Feminino100%


102APÊNDICE3DADOS DEMOGRÁFICOS DO ESTADO CIVIL (VERSÃO BETA4)D a d o s D e m o g r á fic o s d a A m o s t r a X - E s t a d oC a s a d oC iv ilV i ú v o0%14% S ep a r a d o0%D i v o r c i a d o0%S o l tei r o86%


103ANEXOSAnexo 1 – Lista <strong>de</strong> I<strong>de</strong>ntificação <strong>dos</strong> Papéis Ocupacionais.....................................104Anexo 2 – Áreas <strong>de</strong> Ocupação para a Terapia Ocupacional...................................110Anexo 3._.Termo <strong>de</strong> Aprovação do Comitê <strong>de</strong> Ética em Pesquisa..........................115


104ANEXO 1LISTA DE IDENTIFICAÇÃO DE PAPÉIS OCUPACIONAISData: ___/___/___Nome: _____________________________________ Ida<strong>de</strong>: _________Sexo: Masculino FemininoVocê é aposentado (a)? Sim NãoEstado civil: Solteiro Casado Separado Divorciado Viúvo______________________________________________________________O propósito <strong>de</strong>sta lista é i<strong>de</strong>ntificar os principais papéis em sua vida.A lista <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação, que é dividida em 2 partes, apresenta 10 papéis e <strong>de</strong>finecada um.


105PARTE 1Ao lado <strong>de</strong> cada papel, indique, marcando a coluna correspon<strong>de</strong>nte, se você<strong>de</strong>sempenhou o papel no passado, se você o <strong>de</strong>sempenha no presente, e seplaneja <strong>de</strong>sempenhá-lo no futuro. Você po<strong>de</strong> marcar mais <strong>de</strong> uma coluna para cadapapel. Por exemplo, se você foi voluntário no passado, não é voluntário no presente,mas planeja isto no futuro, <strong>de</strong>ve marcar as colunas passado e futuro.PAPEL PASSADO PRESENTE FUTUROESTUDANTE:Freqüentar escola <strong>de</strong> tempo parcial ouintegral.TRABALHADOR:Emprego remunerado <strong>de</strong> tempo parcialou integral.VOLUNTÁRIO:Serviços gratuitos, pelo menos uma vezpor semana, em hospital, escola,comunida<strong>de</strong>, campanha política, etc.CUIDADOR:Responsabilida<strong>de</strong>, pelo menos uma vezpor semana, em prestar cuida<strong>dos</strong> afilho, esposo(a), parente ou amigo.SERVIÇO DOMÉSTICO:Pelo menos uma vez por semana,responsável pelo cuidado da casaatravés <strong>de</strong> serviços como, por exemplo,limpeza, cozinhar, lavar, jardinagem, etc.AMIGO:Tempo empregado ou fazer alguma,pelo menos uma vez por semana, comamigo.MEMBRO DE FAMÍLIA:Tempo empregado ou fazer algumacoisa, pelo menos uma vez por


106semana, com um mem<strong>br</strong>o da família talcomo filho, esposo(a), pais ou outroparenteRELIGIOSO:Envolvimento, pelo menos uma vez porsemana, em grupos ou ativida<strong>de</strong>sfiliadas a sua religião. (excluindo-se oculto religioso)PASSATEMPO / AMADOR:Envolvimento, pelo menos uma vez porsemana, em ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> passatempoou como amador tais como costurar,tocar um instrumento musical,marcenaria, esportes, teatro,participação em clube ou time, etc.PARTICIPANTE EM ORGANIZAÇÕES:Envolvimento, pelo menos uma vez porsemana, em organizações tais comoRotary ou Lions Club, Vigilantes doPeso, etc.OUTRO:_________________________________Um papel não listado que você tenha<strong>de</strong>sempenhado <strong>de</strong>sempenha nomomento e/ou planeja para o futuro.Escreva o papel na linha acima emarque a(s) coluna(s)correspon<strong>de</strong>ntes(s).


107PARTE 2Os mesmos papéis são lista<strong>dos</strong> abaixo. Junto <strong>de</strong> cada papel, marque acoluna que melhor indica o valor ou importância que esse papel tem para você.Responda cada papel, mesmo que nunca o <strong>de</strong>sempenhou ou não planeja<strong>de</strong>sempenhá-lo.NENHUMAIMPORTANCIAALGUMAIMPORTÂNCIAMUITAIMPOTANCIAESTUDANTE:Freqüentar escola <strong>de</strong> tempo parcial ouintegral.TRABALHADOR:Emprego remunerado <strong>de</strong> tempo parcialou integral.VOLUNTÁRIO:Serviços gratuitos, pelo menos umavez por semana, em hospital, escola,comunida<strong>de</strong>, campanha política, etc.CUIDADOR:Responsabilida<strong>de</strong>, pelo menos umavez por semana, em prestar cuida<strong>dos</strong>a filho, esposo(a), parente ou amigo.SERVIÇO DOMÉSTICO:Pelo menos uma vez por semana,responsável pelo cuidado da casaatravés <strong>de</strong> serviços como, por exemplo,limpeza, cozinhar, lavar, jardinagem,etc.AMIGO:Tempo empregado ou fazer alguma,pelo menos uma vez por semana,com amigo.


108MEMBRO DE FAMÍLIA:Tempo empregado ou fazer algumacoisa, pelo menos uma vez porsemana, com um mem<strong>br</strong>o da famíliatal como filho, esposo(a), pais ou outroparenteRELIGIOSO:Envolvimento, pelo menos uma vezpor semana, em grupos ou ativida<strong>de</strong>sfiliadas a sua religião. (excluindo-se oculto religioso)PASSATEMPO / AMADOR:Envolvimento, pelo menos uma vezpor semana, em ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>passatempo ou como amador taiscomo costurar, tocar um instrumentomusical, marcenaria, esportes, teatro,participação em clube ou time, etc.OUTRO:___________________Um papel não listado que você tenha<strong>de</strong>sempenhado, <strong>de</strong>sempenha nomomento e/ou planeja para o futuro.Escreva o papel na linha acima emarquea(s)coluna(s)correspon<strong>de</strong>ntes(s).


109Gostaríamos <strong>de</strong> saber qual a sua opinião em relação ao questionário queacabou <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r. Assinale com um “X” a resposta das questões abaixo:1. Em relação ao tamanho do questionário, você acha que:( ) tem um bom tamanho( ) é curto( ) é longo( ) é muito longo2. Em relação aos enuncia<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> papéis, ou seja, o que cada questãoestava perguntando, você acha que:( ) são <strong>de</strong> fácil entendimento( ) alguns são confusos( ) quase to<strong>dos</strong> são confusos( ) to<strong>dos</strong> eles são <strong>de</strong> difícil entendimento3. Durante o tempo em que respon<strong>de</strong>u o questionário, você ficou com dúvidaquanto à resposta:( ) em nenhuma questão( ) em 1 ou 2 questões( ) em 3 ou 4 questões( ) em mais <strong>de</strong> 5 questõesSe houve dúvidas ou dificulda<strong>de</strong>s em respon<strong>de</strong>r aos papéis, gostaria queescrevesse qual o papel ou coluna (passado / presente / futuro ou nenhuma / pouca/muita importância) mais difícil para você e o porquê da sua dificulda<strong>de</strong>:_____________________________________________________________


110ANEXO 2QUADRO 17 – ÁREAS DE OCUPAÇÃOVários tipos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s cotidianas nas quais as pessoas, populações ou organizações seenvolvem, incluindo AVD, AIVD, <strong>de</strong>scanso e dormir, educação, trabalho, <strong>br</strong>incar, lazer e participaçãosocial.ATIVIDADES DE VIDADIÁRIA (AVDs)Ativida<strong>de</strong>s que são orientadaspara o cuidado do indivíduopara com seu próprio corpo(adaptado <strong>de</strong> ROGERS &HOLM, 1994, pp. 181-202).AVD também é chamadacomo ativida<strong>de</strong>s básicas davida diária (ABVD) eativida<strong>de</strong>s pessoais da vidadiária (APVD).Estas ativida<strong>de</strong>s são ―fundamentais para viver nomundo social; elas permitem aso<strong>br</strong>evivência básica e o bemestar‖(CHRISTIANSEN &HAMMECKER, 2001, p.156).QUADRO 17- Áreas <strong>de</strong> Ocupação (continua)FONTE – CARLETO et al.(2011)- Banho, tomar banho – Obter e utilizar os equipamentos para,ensaboar, enxaguar e secar as partes do corpo; manter a posiçãopara o banho; e transferir-se <strong>de</strong> e para posições <strong>de</strong> banho.- Controle <strong>de</strong> esfíncteres – Inclui o controle intencional e completo<strong>dos</strong> movimentos intestinal e urinário e, se necessário, uso <strong>de</strong>equipamento ou agentes para controle <strong>dos</strong> mesmos (UNIFORMDATA SYSTEM FOR MEDICAL REHABILITATION, 1996, pp. III-20,III-24).- Vestir-se – Selecionar as roupas e acessórios <strong>de</strong> acordo com ahora do dia, o clima e a ocasião; retirar as roupas <strong>dos</strong> locais em queestão guardadas; vestir-se e <strong>de</strong>spir-se a<strong>de</strong>quadamente <strong>de</strong> maneirasequencial; ajustar e fechar as roupas e sapatos, e aplicar eremover dispositivos pessoais, próteses ou órteses.- Comer – A habilida<strong>de</strong> para manter e manipular comida ou líqui<strong>dos</strong>na boca e engoli-los, comer e engolir são frequentemente usa<strong>dos</strong>intercambiavelmente‖ (AOTA, 2007b).- Alimentação – O processo <strong>de</strong> colocar, arranjar e trazer a comida(líquido) do prato ou copo até a boca, algumas vezes nomeado autoalimentação‖(AOTA, 2007b).- Mobilida<strong>de</strong> funcional – mover-se <strong>de</strong> uma posição ou lugar paraoutro (durante o <strong>de</strong>sempenho em ativida<strong>de</strong>s diárias), tais comomobilida<strong>de</strong> na cama, mobilida<strong>de</strong> na ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> rodas etransferências (ex., ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> rodas, cama, carro, banheira, vasosanitário, chuveiro, ca<strong>de</strong>ira, chão). Inclui <strong>de</strong>ambulação funcional etransporte <strong>de</strong> objetos.- Cuidado com equipamentos pessoais - Usar, limpar e manter itens<strong>de</strong> cuidado pessoal, tais como aparelho auditivo, lentes <strong>de</strong> contato,óculos, órteses, próteses, equipamentos adaptativos, e dispositivossexuais e contraceptivos.- Higiene pessoal e autocuidado – obter e usar suprimentos;remover pêlos do corpo (ex., uso <strong>de</strong> lâmina <strong>de</strong> barbear, tesouras,loções) aplicar e remover produtos <strong>de</strong> beleza, lavar, secar, pentear,mo<strong>de</strong>lar, escovar e pren<strong>de</strong>r o cabelo; cuidar das unhas (mãos epés); cuidar da pele, orelhas, olhos, e nariz, aplicar <strong>de</strong>sodorante;limpar a boca, escovar e passar fio <strong>de</strong>ntal nos <strong>de</strong>ntes; ou remover,limpar, e recolocar órtese e prótese <strong>de</strong>ntária.- Ativida<strong>de</strong> sexual - envolver-se em ativida<strong>de</strong>s que resultam emsatisfação sexual.- Uso do vaso sanitário – Obter e usar equipamentos; manejarroupas; manter posição no vaso sanitário; transferir-se para e dovaso sanitário; limpar o corpo; e cuidar das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>continência e <strong>de</strong> menstruação (incluindo catéteres, colostomias emanejo <strong>de</strong> supositórios).


111ATIVIDADESINSTRUMENTAIS DE VIDADIÁRIA (AIVDs)Ativida<strong>de</strong>s que apóiam a vidadiária <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa e nacomunida<strong>de</strong>que,frequentemente, requer maiorcomplexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interaçõesdo que o autocuidado usadona AVD.- Cuidado <strong>dos</strong> outros (incluindo seleção e supervisão <strong>de</strong>cuidadores) – Arranjar, supervisionar ou fornecer cuidado paraoutros.- Cuidado <strong>de</strong> animais - Arranjar, supervisionar ou fornecer cuidadopara com animais e serviços <strong>de</strong> animais- Educar criança – Fornecer o cuidado e supervisão que apóia asnecessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma criança.- Gerenciamento <strong>de</strong> comunicação – Enviar, receber e interpretaruma informação usando uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> sistemas eequipamentos, incluindo ferramentas para a escrita, telefones,máquinas <strong>de</strong> escrever, gravador áudio-visual, computadores,pranchas <strong>de</strong> comunicação, luzes <strong>de</strong> chamada, sistemas <strong>de</strong>emergência, escrita em Braille, dispositivos <strong>de</strong> telecomunicaçãopara sur<strong>dos</strong>, sistema <strong>de</strong> comunicação alternativa e assistentepessoal digital.- Mobilida<strong>de</strong> na comunida<strong>de</strong> – Mover-se na comunida<strong>de</strong> e usartransporte privado ou público, tais como dirigir, caminhar, pedalar,tomar ou passear <strong>de</strong> ônibus, táxi ou outro sistema <strong>de</strong> transporte.- Gerenciamento financeiro – Usar recursos fiscais, incluindométo<strong>dos</strong> alternativos <strong>de</strong> transação financeira, planejar e usarfinanças com objetivos a curto-prazo e a longo- prazo.- Gerenciamento e manutenção da saú<strong>de</strong> – Desenvolver,gerenciar e manter rotinas para saú<strong>de</strong> e promoção <strong>de</strong> bem-estar,tais como condicionamento físico, nutrição, diminuição <strong>dos</strong>comportamentos <strong>de</strong> risco para saú<strong>de</strong> e rotinas <strong>de</strong> medicação.- Estabelecimento e gerenciamento do lar – Obter e manter benspessoais, da casa e do ambiente (ex. casa, quintal, jardim,ferramentas, veículos), incluindo manutenção e reparação <strong>dos</strong> benspessoais (vestuário e itens da casa) e saber como procurar ajuda ouentrar em contato.- Preparo <strong>de</strong> refeição e limpeza – Planejar, preparar e servir comequilí<strong>br</strong>io, alimentos nutricionais e limpar os alimentos e utensílios<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> usá-los.- Costume religioso – Participar <strong>de</strong> religião, ― um sistemaorganizado <strong>de</strong> crenças, práticas, rituais, e símbolos <strong>de</strong>signa<strong>dos</strong> parafacilitar a proximida<strong>de</strong> com o sagrado ou transce<strong>de</strong>ntal‖(MOREIRA-ALMEIDA & KOENIG, 2006, p. 844).- Manutenção da segurança e emergência – Conhecer e<strong>de</strong>sempenhar procedimentos <strong>de</strong> prevenção para manter asegurança do ambiente assim como reconhecer subitamentesituações inesperadas <strong>de</strong> perigo e iniciar ações <strong>de</strong> emergência parareduzir o risco à saú<strong>de</strong> e a segurança.- Fazer compras – Preparar lista <strong>de</strong> compras (mercearia e outra);selecionar, adquirir e transportar itens; selecionar méto<strong>dos</strong> <strong>de</strong>pagamento e completar a transação financeira.QUADRO 17- Áreas <strong>de</strong> Ocupação (continua)FONTE – CARLETO et al.(2011)


112DESCANSO E SONOInclui ativida<strong>de</strong>s relacionadas para obter<strong>de</strong>scanso e sono restaurativo que apóiamsaú<strong>de</strong> e envolvimento ativo em outras áreas<strong>de</strong> ocupação.Descanso – Repouso e ações sem esforço queinterrompe a ativida<strong>de</strong> mental e física resultando emum estado <strong>de</strong> relaxamento (NURIT & MICHEL,2003, p.227).Inclui i<strong>de</strong>ntificação das necessida<strong>de</strong>s pararelaxar; reduzir o envolvimento nas taxas <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>s física, mental ou social; e envolvimentoem relaxamento ou outros esforços que restaurem aenergia, a calma e renova o interesse noenvolvimento.Sono – Uma série <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s resultantes em irdormir, permanecer adormecido e garantir saú<strong>de</strong> esegurança através da participação no sonoenvolvendo-se com o ambiente físico e social.- Preparação para dormir –(1) Envolver em rotinas que auto preparam para o<strong>de</strong>scansar confortável, tais como autocuidado e o<strong>de</strong>spir, ler ou escutar música para cair no sono,dizer boa noite para os outros, e meditar ou rezar;<strong>de</strong>terminar o período do dia e a quantida<strong>de</strong> dotempo para dormir ou o tempo necessário para<strong>de</strong>spertar; e estabelecer padrões para dormir queapóiam o crescimento e a saú<strong>de</strong> (padrões sãofreqüentemente pessoais e <strong>de</strong>termina<strong>dos</strong>culturalmente).QUADRO 17- Áreas <strong>de</strong> Ocupação (continua)FONTE – CARLETO et al.(2011)(2) Preparar o ambiente físico para perío<strong>dos</strong> <strong>de</strong>inconsciência, tais como fazer a cama ou o local emque irá dormir, garantir frescor/aquecimento eproteção; preparar o <strong>de</strong>spertador; segurança nacasa, tais como trancar a porta ou fechar as janelasou cortinas, e <strong>de</strong>sligar eletrônicos e as luzes.- Participação no dormir – Cuidar das necessida<strong>de</strong>spessoais para dormir tais como cessar as ativida<strong>de</strong>spara garantir o início do sono, soneca, sonho,sustentar o estado <strong>de</strong> dormir sem interrupção, ecuida<strong>dos</strong> noturnos para necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso dovaso sanitário ou hidratação. Negociar asnecessida<strong>de</strong>s e requerer <strong>de</strong> outros <strong>de</strong>ntro doambiente social. Interagir com aqueles que divi<strong>de</strong>mo espaço para dormir tais como as crianças ou pais,fornecer cuida<strong>dos</strong> noturnos tais como monitoraçãodo conforto e segurança <strong>dos</strong> outros tais como afamília enquanto dormem.


113EDUCAÇÃOInclui ativida<strong>de</strong>s necessárias para oaprendizado e participação em ambiente.TRABALHOInclui ativida<strong>de</strong>s necessárias para oenvolvimento remunerado em empregos ouativida<strong>de</strong>s voluntárias (MOSEY, 1996, p. 341).QUADRO 17- Áreas <strong>de</strong> Ocupação (continua)FONTE – CARLETO et al.(2011)- Participação na educação formal – Inclui ascategorias acadêmicas (ex., matemática, leitura,aquisição <strong>de</strong> titulação), não acadêmicas (ex., recreio,refeitório, corredores), extracurricular (ex., esportes,bandas, animação <strong>de</strong> torcidas, dança), eparticipação vocacional (pré vocacional evocacional).- Exploração das necessida<strong>de</strong>s ou interesseseducacionais pessoais informais (além daeducação formal) –I<strong>de</strong>ntificar tópicos e méto<strong>dos</strong> para obter informaçõesou habilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tópicos relaciona<strong>dos</strong>.- Participação pessoal informal na educação –Participar <strong>de</strong> aulas, programas e ativida<strong>de</strong>s queforneçam instrução/treinamento em áreasi<strong>de</strong>ntificadas <strong>de</strong> interesse.- Interesses e buscas por emprego – I<strong>de</strong>ntificaçãoe seleção <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho baseado embens, limitações, gostos e aversões relativas aotrabalho (adaptado <strong>de</strong> MOSEY, 1996, p. 342).- Procura e aquisição <strong>de</strong> emprego – I<strong>de</strong>ntificar erecrutar oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho; completar,submeter, e rever material a<strong>de</strong>quado a aplicação,preparar-se para entrevista; participar <strong>de</strong> entrevista emanter contato posterior; discutir so<strong>br</strong>e os benefíciosdo trabalho; e finalizar as negociações.- Desempenho no trabalho – Desempenho notrabalho inclui padrões e habilida<strong>de</strong>s no trabalho,gerenciamento do tempo; relacionamento com oscolegas, superiores e clientes; criação, produção edistribuição <strong>de</strong> produtos e serviços; iniciar, continuare completar o trabalho; e obediência as normas eprocedimentos <strong>de</strong> trabalho.- Preparação e a<strong>de</strong>quação para a aposentadoria –Determinar aptidões, <strong>de</strong>senvolver interesses ehabilida<strong>de</strong>s, e selecionar ativida<strong>de</strong>s não vocacionaisa<strong>de</strong>quadas.- Interesse por voluntariado – Determinar causasda comunida<strong>de</strong>, organizações ou oportunida<strong>de</strong>s paratrabalhos não remunera<strong>dos</strong> relaciona<strong>dos</strong> àshabilida<strong>de</strong>s pessoais, interesses, localida<strong>de</strong> e tempodisponível.- Participação em voluntariado – Desempenharativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho não remuneradas para obenefício <strong>de</strong> causas, organizações ou meios.


114BRINCARQualquer ativida<strong>de</strong> espontânea e organizadaque ofereça satisfação, entretenimento,diversão e alegria‖ (PARHAM &FAZIO,1997, p.252)LAZERUma ativida<strong>de</strong> não-o<strong>br</strong>igatória, motivadaintrinsecamente e realizada durante o tempolivre, ou seja, um tempo livre <strong>de</strong> ocupaçõeso<strong>br</strong>igatórias tais como o trabalho, oautocuidado e o sono‖ (PARHAM & FAZIO,1997, p.250).PARTICIPAÇÃO SOCIALPadrões <strong>de</strong> comportamento organiza<strong>dos</strong> quesão característicos e espera<strong>dos</strong> <strong>de</strong> umindivíduo ou <strong>de</strong> uma dada posição <strong>de</strong>ntro <strong>dos</strong>istema social‖ (MOSEY, 1996, p. 340).QUADRO 17- Áreas <strong>de</strong> Ocupação (conclusão)FONTE – CARLETO et al.(2011)- Brincar exploratório – I<strong>de</strong>ntificar ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><strong>br</strong>incar apropriadas, as quais po<strong>de</strong>m incluir o <strong>br</strong>incarexploratório, a prática <strong>de</strong> <strong>br</strong>incar, a <strong>br</strong>inca<strong>de</strong>ira, osjogos com regras, o <strong>br</strong>incar construtivo e simbólico(adaptado <strong>de</strong> BERGEN, 1988, pp.64-65).- Participação no <strong>br</strong>incar - participação no <strong>br</strong>incar;manter um equilí<strong>br</strong>io entre o <strong>br</strong>incar e as outrasáreas <strong>de</strong> ocupação; e obter, utilizar e conservar<strong>br</strong>inque<strong>dos</strong>, equipamentos e materiaisapropriadamente.- Exploração para o lazer – I<strong>de</strong>ntificar interesses,habilida<strong>de</strong>s, oportunida<strong>de</strong>s, e ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> lazerapropriadas.- Participação no lazer – planejar e participar <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> lazer apropriadas, manter equilí<strong>br</strong>iodas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> lazer com outras áreas <strong>de</strong>ocupação; e obter, usar; e manter equipamentos emateriais <strong>de</strong> maneira a<strong>de</strong>quada.- Comunida<strong>de</strong> - Envolvimento em ativida<strong>de</strong>s queresultem em interações sucedidas no nívelcomunitário (ex. vizinhança, organizações, trabalho,escola).- Família – Envolvimento em [ativida<strong>de</strong>s queresultam em] interações sucedidas em papéisfamiliares específicos <strong>de</strong>seja<strong>dos</strong> e/ou requeri<strong>dos</strong>.- Coleguismo, amiza<strong>de</strong> – Envolvimento emativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> níveis diferentes <strong>de</strong> intimida<strong>de</strong>,incluindo o envolvimento em ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejosexual.


Anexo 3Termo <strong>de</strong> Aprovação do Comitê <strong>de</strong> Ética em Pesquisa115

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