específicos on<strong>de</strong>, por <strong>um</strong> lado, houve <strong>um</strong>a oferta <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> imunizaçãoamplamente organizada e difundida pelo país, e por <strong>outro</strong>, a percepção dasmães aos benefícios que a imunização, na prática, há décadas, v<strong>em</strong> trazendoàs crianças.Em programas como o <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> hipertensão, por ex<strong>em</strong>plo,i<strong>de</strong>ntifica-se que <strong>de</strong>terminados hábitos alimentares, se<strong>de</strong>ntarismo e estressesão fatores agravantes para as complicações cardiovasculares. Vale ressaltarque, no país, a socieda<strong>de</strong> está estruturada <strong>de</strong> forma a potencializar essesfatores – <strong>um</strong>a estrutura social altamente <strong>de</strong>sigual, competitiva, violenta eestressante; com forte apelo cons<strong>um</strong>ista, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> ao uso <strong>de</strong> automóveis eprodutos que minimizam esforço físico <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância (televisão, vi<strong>de</strong>ogame)ao cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> alimentos industrializados altamente calóricos; apenas paracitar alguns. Nesse contexto, <strong>de</strong>legar a mudança <strong>de</strong> hábitos exclusivamente aopaciente possivelmente por si só não atingirá os objetivos almejados.A observância a programas como o <strong>de</strong> hipertensão e <strong>de</strong> AIDS v<strong>em</strong>sendo objeto <strong>de</strong> recentes estudos (Cardoso, 2002, Guimarães, 1998) e seapresentam <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> contextos próprios. Cardoso (2002) verificou diferençasentre as representações sociais <strong>de</strong> pacientes que a<strong>de</strong>r<strong>em</strong> ao tratamento comanti-retrovirais e os não a<strong>de</strong>rentes e que este conhecimento po<strong>de</strong>ria contribuirpara a elaboração <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> prevenção. Guimarães (1998) salientouque a percepção <strong>de</strong> pacientes <strong>de</strong> que a etiologia da hipertensão arterial“essencial” está ligada ao seu cotidiano <strong>de</strong> conflitos e dificulda<strong>de</strong>s, e nãoapenas a hábitos <strong>de</strong> vida, t<strong>em</strong> sido ainda pouco valorizada.Nesse sentido, infere-se que a experiência com a observância àvacinação está inserida n<strong>um</strong> contexto bastante diverso daqueles relativos àobservância <strong>de</strong> <strong>outro</strong>s programas como os <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> hipertensão arterial e<strong>de</strong> AIDS.Vale ressaltar também que as mães estabelec<strong>em</strong> <strong>um</strong>a relação positiva –ativa e confiante – com o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>em</strong> relação à vacinação <strong>de</strong> seusfilhos. Em que pes<strong>em</strong> as marchas e contra-marchas na impl<strong>em</strong>entação do SUSe as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s regionais, a imunização infantil se apresenta com gran<strong>de</strong>aceitação pela população, estabelecendo-se como <strong>um</strong>a ação que incorporou
tecnologias médico-sanitárias e, no seu âmbito específico, os sentidos <strong>de</strong>eqüida<strong>de</strong> e universalização, tão caros às proposições do SUS, po<strong>de</strong>m servisl<strong>um</strong>brados (T<strong>em</strong>porão, 2003b). O que, se por <strong>um</strong> lado é <strong>um</strong> dado altamentepositivo da realida<strong>de</strong> sanitária do país, por <strong>outro</strong>, coloca <strong>em</strong> evidência asinsuficiências que o SUS apresenta <strong>em</strong> outras ações.A segunda discussão colocada refere-se ao entendimento <strong>de</strong>“conhecimento”. Teriam as mães pouco conhecimento sobre vacinas, como foia conclusão <strong>de</strong> trabalhos <strong>de</strong> pesquisa anteriormente citados <strong>em</strong> 1981 e 1998?Po<strong>de</strong>-se conjecturar que <strong>em</strong> 1981, com <strong>um</strong> nível <strong>de</strong> impl<strong>em</strong>entação doPNI ainda incipiente, <strong>um</strong>a experiência ainda restrita com imunização, as mãestivess<strong>em</strong> ainda poucos conhecimentos sobre o assunto. Porém, <strong>um</strong> dosel<strong>em</strong>entos fundamentais à baixa cobertura no início da implantação do PNI eraainda a sua limitada abrangência, a incipiente re<strong>de</strong> básica difundida no paísque limitava o acesso e a oferta <strong>de</strong> imunobiológicos.Mas <strong>em</strong> 1998, com níveis <strong>de</strong> cobertura próximos a 90%, os“conhecimentos” po<strong>de</strong>riam ser consi<strong>de</strong>rados restritos?O conhecimento, o saber popular é essencialmente prático. Um saberque orienta o cotidiano das pessoas, fruto <strong>de</strong> sua experiência <strong>de</strong> vida, mas quetambém busca guardar <strong>um</strong>a relação com o saber erudito, na medida <strong>em</strong> queessa relação interfira no seu dia-a-dia.No caso das ações <strong>de</strong> imunização, chegou-se à conclusão neste estudoque os el<strong>em</strong>entos “prevenção” e “proteção”, utilizados pelas mães, são muitopróximos aos do saber acadêmico, no caso, da Epi<strong>de</strong>miologia. Perceber que asvacinas proteg<strong>em</strong> as crianças, previn<strong>em</strong> doenças, certamente não é <strong>um</strong>processo que envolva elevado nível <strong>de</strong> abstração, ao contrário, e ainda com aexperiência ac<strong>um</strong>ulada pelas mães nesse período, é algo altamente objetivo,plausível, <strong>de</strong> fácil assimilação. E não estiveram <strong>em</strong> discussão os fundamentosimunológicos <strong>de</strong>sse processo. Seria necessário? Quais os “conhecimentos”que a mãe <strong>de</strong>ve ter?Para orientar sua prática – garantir a vacinação <strong>de</strong> seus filhos, hánecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saber qual o intervalo entre <strong>um</strong>a dose e outra se a data dapróxima vacina está apontada no Cartão da Criança? As mães <strong>de</strong>veriam saber
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