É importante vacinar as crianças. Até a gente mesmo é importante vacinar quandoestá grávida, a médica pe<strong>de</strong> no pré-natal. (16 anos, fl<strong>um</strong>inense, 8ª série doensino fundamental, estudante, n) – 47Pra manter o cartãozinho da criança s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> dia. Tomar todas as vacinas. Quandovir aquelas epi<strong>de</strong>mias não ter perigo da criança pegar as doenças. (21 anos;cearense, há <strong>um</strong> ano no Rio; ensino médio completo; pr. dom) – 86Outros conteúdos, como <strong>um</strong>a visão moral, ou <strong>de</strong> chamar àresponsabilida<strong>de</strong> mães omissas que não levam seus filhos a vacinarapareceram <strong>em</strong> suas falas:As mães não <strong>de</strong>v<strong>em</strong> esquecer <strong>de</strong> vacinar os filhos ... E que o governo continue aoferecer esse trabalho porque é importante, muito importante. (35 anos,fl<strong>um</strong>inense, ensino médio completo, pr. dom, n) – 20Nunca esqueça <strong>de</strong> vacinar seu filho. Disso <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> o futuro <strong>de</strong>le. (20 anos,fl<strong>um</strong>inense, ensino médio incompleto, estudante, n) – 24T<strong>em</strong> mãe que n<strong>em</strong> liga, não vai <strong>em</strong> médico. T<strong>em</strong> que ir ao médico, tomar vacinas. (25anos, paranaense, no Rio há dois anos, ensino médio incompleto, pr. dom) – 77Que nunca atrasass<strong>em</strong> a vacina. Porque t<strong>em</strong> mãe que não dá. T<strong>em</strong> preguiça <strong>de</strong> dar.(26 anos, paraibana-interior, há 9 anos no Rio, ensino fundamental completo,<strong>em</strong>pregada doméstica) – 121
CONSIDERAÇÕES FINAISO núcleo central <strong>de</strong> <strong>um</strong>a representação – neste estudo, os el<strong>em</strong>entos“prevenção” e “proteção” – <strong>de</strong>termina <strong>um</strong>a percepção do objeto <strong>de</strong> maneiramuito mais importante do que todos os <strong>outro</strong>s el<strong>em</strong>entos levantados pelosindivíduos (Abric, 1994; Sá, 1996). Na representação social, ele exerce <strong>um</strong>afunção geradora que dá significação, valor, sentido à representação e <strong>um</strong>afunção organizadora, que <strong>de</strong>termina os laços que os el<strong>em</strong>entos darepresentação estabelec<strong>em</strong> entre si. Ele não está sujeito ao contexto<strong>em</strong>inent<strong>em</strong>ente imediato, mas sim ao “contexto global – histórico, social,i<strong>de</strong>ológico – que <strong>de</strong>fine as normas e valores dos indivíduos e grupos” (Abric,2003, p.376).Assim, a imunização é percebida como “prevenção” e “proteção” <strong>de</strong>ntro<strong>de</strong> <strong>um</strong> contexto <strong>em</strong> que, nos últimos trinta anos principalmente, envolveu ainstituição do PNI, as diretrizes e apoios financeiros internacionais, os DiasNacionais <strong>de</strong> <strong>Vacinação</strong> (<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1980) e toda a sua veiculação nos meios <strong>de</strong>comunicação, a ampliação da re<strong>de</strong> básica e impl<strong>em</strong>entação do SUS,garantindo a oferta <strong>de</strong> imunizantes diariamente <strong>em</strong> diversas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vacinação na re<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e a receptivida<strong>de</strong> das mães e sua experiência comos benefícios da vacinação.Os contextos mais imediatos, reveladores da realida<strong>de</strong> concreta sãoexpressos no sist<strong>em</strong>a periférico – os el<strong>em</strong>entos “bom”, “cuidado”,“responsabilida<strong>de</strong>”, neste caso. São el<strong>em</strong>entos adaptativos, condicionais,avaliativos, cont<strong>em</strong>plam <strong>um</strong>a varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> situações do cotidiano e guardam<strong>um</strong>a relação dialética com os do núcleo central. Assim, são entendidos comocondicionais na medida <strong>em</strong> que, <strong>em</strong> contraste, os el<strong>em</strong>entos do núcleo centralsão prescrições absolutas, incondicionais, essenciais. Estão, portanto, maisligados ao dia-a-dia das mães: as representações “bom”, “cuidado” e“responsabilida<strong>de</strong>” <strong>de</strong>terminam a tomada <strong>de</strong> posição mais imediata; a <strong>de</strong>cisão<strong>de</strong>, naquele dia, naquele momento, levar os filhos a vacinar, concretizando oentendimento mais essencial que têm da vacinação, as percepções (dosist<strong>em</strong>a central) “prevenção” e “proteção”.
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