Quanto ao núcleo central, po<strong>de</strong>mos avaliar também que as multíparastêm <strong>um</strong>a experiência mais concreta com os filhos que já receberam imunizaçãoe não apresentaram as doenças, ficando assim “protegidos”. Já as nulíparasnão passaram, pessoalmente, por essa experiência e evocaram com maiorfreqüência <strong>um</strong>a palavra <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m mais geral como “prevenção”.Buscou-se, na seqüência, com a análise <strong>de</strong> alg<strong>um</strong>as perguntas doquestionário, esten<strong>de</strong>r a avaliação <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s e práticas das mães acerca davacinação.Assim, são apresentados alguns resultados obtidos com a aplicação doquestionário. Inicialmente, as perguntas fechadas com respostas <strong>de</strong> freqüênciasimples e, <strong>de</strong>pois as <strong>de</strong>mais, abertas, <strong>em</strong> que se procurou levantar seusconteúdos.Os dados da Tabela 9 informam que tanto a experiência pessoal efamiliar como os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> têm <strong>um</strong> papel fundamental na orientaçãoquanto à vacinação. As nulíparas referiram principalmente sua experiênciapessoal ou familiar, ao passo que as multíparas aludiam aos serviços <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>, muitas vezes citando o nome da instituição (Hospital do Andaraí, eMaternida<strong>de</strong>s Carmela Dutra, Oswaldo Nazareth e Pro-Matre) ou mesmo doprofissional (dra. Vânia, por ex<strong>em</strong>plo) ou ainda referindo-se ao serviço <strong>de</strong> prénatal.Possivelmente, essa diferença se explica pelo fato <strong>de</strong> que para asnulíparas, durante a gestação, as orientações e experiências são repassadas<strong>de</strong> forma mais marcante pelas ligações no núcleo familiar e no círculo <strong>de</strong>amiza<strong>de</strong>s. Para as multíparas, <strong>um</strong>a l<strong>em</strong>brança mais nítida da primeiravacinação do recém-nascido po<strong>de</strong> estar ligada à instituição on<strong>de</strong> a aplicaçãoocorreu, nas primeiras horas <strong>de</strong> vida, como v<strong>em</strong> sendo prática <strong>de</strong> rotina,recent<strong>em</strong>ente, <strong>em</strong> alg<strong>um</strong>as unida<strong>de</strong>s.Tabela 9Gestantes e mães segundo informaçõessobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vacinação.N % M % t %Experiência pessoal/familiar 48 76,1 22 32,8 70 53,8Mídia 10 15,9 03 4,5 13 10,0Serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> 05 8,0 42 62,7 47 36,2Total 63 100 67 100 130 100
Durante a fase <strong>de</strong> observação foi constatado que alg<strong>um</strong>as mães serecusavam a segurar o filho durante a vacinação, <strong>de</strong>legando esta tarefa paramaridos, avós, amigas. A observação, durante várias horas, por dias seguidos,das reações das crianças e das mães quanto aos aspectos dolorososenvolvidos nas ações <strong>de</strong> vacinação foi <strong>um</strong> dos fatos relevantes daquel<strong>em</strong>omento do trabalho <strong>de</strong> campo. O alivio da dor e o conforto dos recémnascidosv<strong>em</strong> sendo objeto <strong>de</strong> estudo (Guinsburg, 1999) e <strong>de</strong> práticas <strong>em</strong>alg<strong>um</strong>as unida<strong>de</strong>s neonatais que visam à h<strong>um</strong>anização do atendimentorealizado pela equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Já se preconiza, <strong>em</strong> alg<strong>um</strong>as unida<strong>de</strong>s, ooferecimento do aleitamento materno no momento da vacinação ou da punçãovenosa 35 , quando se observa <strong>um</strong> maior conforto para o recém-nascido,evi<strong>de</strong>nciado pela não ocorrência <strong>de</strong> choro. A “marca do cuidado h<strong>um</strong>anizado”(Bordin, 2001, p.218) também <strong>de</strong>ve ser estendido às salas <strong>de</strong> vacina, on<strong>de</strong> acriança experimenta <strong>um</strong> “estresse biológico e psicossocial”, segundo a autora.Tabela 10Gestantes e mães segundo <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> segurar o filho na vacinação.N % M % t %Eu segurei, segurarei 49 80,3 53 79,1 102 79,7Não segurei, não segurarei 12 19,7 11 16,4 23 18,0Com o segundo, eu - - 03 4,5 3 2,3segurareiTotal 61 100 67 100 128 100Tabela 11Gestantes e mães segundo os motivos paranão segurar os filhos na vacinação.N % M % t %Medo 07 50,0 12 80 19 65,5Pena / dó 07 50,0 03 20 10 34,5Total 14 100 15 100 29 100Esta pergunta ocorreu, portanto, durante o processo <strong>de</strong> observação. Aavaliação <strong>de</strong> <strong>um</strong> conjunto mais amplo <strong>de</strong> mães, no entanto, indicou que amaioria se encarrega da tarefa, <strong>em</strong> que pes<strong>em</strong> os sentimentos <strong>de</strong> medo, pena35 No Hospital Maternida<strong>de</strong> Fernando Magalhães (SMS-RJ) o contato pele-a-pele e o aleitamento maternovêm sendo incentivados, com base <strong>em</strong> literatura publicada sobre os efeitos benéficos do leite materno, <strong>de</strong>seus componentes, da sucção com glicose e o contato direto com o bebê (Blass, 1996; Blass, Ciamitaro,1994; Stevens, Taddio, Ohlsson, Einarson, 1997), com resultados práticos expressivamente satisfatórios.
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