po<strong>de</strong>-se dizer, estreita com o discurso acadêmico da Epi<strong>de</strong>miologia, que <strong>de</strong>fineas ações <strong>de</strong> imunização como ações <strong>de</strong> proteção específica, enquanto nível <strong>de</strong>prevenção primária. Segundo Pereira (2003), as ações <strong>de</strong> prevenção primária,que abrang<strong>em</strong> as <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> proteção específica (entre elas,a vacinação), são dirigidas à manutenção da saú<strong>de</strong>. Enquanto as <strong>de</strong> prevençãosecundária – que envolv<strong>em</strong> o diagnóstico e o tratamento precoces, e alimitação <strong>de</strong> dano – <strong>de</strong>stinam-se à fase patológica, <strong>de</strong> progressão da doença.As <strong>de</strong> prevenção terciária, <strong>de</strong> reabilitação, estão colocadas para a fase final doprocesso patológico, buscando a recuperação do indivíduo, o restabelecimento<strong>de</strong> seu potencial funcional.Para os el<strong>em</strong>entos do sist<strong>em</strong>a periférico, foram encontrados nodicionário (Ferreira, 1999) os seguintes sentidos: “cuidado” – precaução,cautela, <strong>de</strong>svelo, zelo, encargo, inquietação <strong>de</strong> espírito; “bom” – que t<strong>em</strong> todasas qualida<strong>de</strong>s a<strong>de</strong>quadas à sua natureza ou função, benigno, perfeito,completo; “responsabilida<strong>de</strong>” – qualida<strong>de</strong> ou condição <strong>de</strong> responsável;responsável - que respon<strong>de</strong> pelos próprios atos ou pelos <strong>de</strong> outr<strong>em</strong>.El<strong>em</strong>entos do sist<strong>em</strong>a periférico também foram revelados nas falas dasmultíparas, como o cuidado diário e o senso <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> que atribu<strong>em</strong>às mães, suplantando possíveis entraves <strong>em</strong>ocionais, <strong>de</strong> medo ou pena, o<strong>um</strong>esmo materiais, que pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> dificultar a observação do calendário vacinal.São percepções ligadas às experiências pessoais, inclusive as funções sociaisque atribu<strong>em</strong> à condição <strong>de</strong> ser mãe, manifestando sua ancorag<strong>em</strong> nocotidiano.Qu<strong>em</strong> ama cuida, e a vacina é <strong>um</strong>a forma <strong>de</strong> cuidar. Acho que n<strong>em</strong> é preciso falar.(23 anos, fl<strong>um</strong>inense, ensino médio completo, pr. dom) – 82Para ter amor ao filho, cuidando, prevenindo, vacinando, porque assim não teráprobl<strong>em</strong>as futuros. (27 anos; fl<strong>um</strong>inense do interior – Campos , há 4 anos nacida<strong>de</strong> do Rio; ensino médio completo; cabeleireira) – 91Porque a criança fica protegida, você fica mais segura. É importante que todas asmães tivess<strong>em</strong> essa responsabilida<strong>de</strong>. Acho que é importante porque ascrianças ficam imunes. Quando você é mãe t<strong>em</strong> que estar preparada para tudo e<strong>um</strong>a das responsabilida<strong>de</strong>s maiores é a vacina. (33 anos; cearense, há 10 anosno Rio; 5ª série do ensino fundamental, <strong>em</strong>pregada doméstica) - 69
Em ação há mais <strong>de</strong> 30 anos, o PNI disponibiliza na re<strong>de</strong> básica <strong>de</strong>atenção, <strong>em</strong> cerca <strong>de</strong> 26 mil postos <strong>de</strong> rotina <strong>de</strong> vacinação, <strong>um</strong>a ofertaorganizada, <strong>de</strong> fácil acesso, cotidiana, <strong>de</strong> <strong>um</strong> conjunto <strong>de</strong> imunizantes. Envolve<strong>em</strong> alg<strong>um</strong>as ocasiões, como nos Dias Nacionais <strong>de</strong> <strong>Vacinação</strong>, <strong>um</strong> processoefetivamente ativo, ampliado, com o trabalho <strong>de</strong> contatar as famílias, chegar àscrianças, efetuado pelos profissionais das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, por agentescomunitários.Os Dias Nacionais <strong>de</strong> <strong>Vacinação</strong> se suce<strong>de</strong>m há 24 anos, <strong>em</strong> duasetapas, com campanhas impactantes <strong>de</strong> mídia, <strong>em</strong> re<strong>de</strong> nacional – com aparticipação <strong>de</strong> personagens conhecidos do gran<strong>de</strong> público, que lhe inspir<strong>em</strong>confiança, admiração, respeito. Mais recent<strong>em</strong>ente foram privilegiados artistase atletas para as mensagens ao público.Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>em</strong> milhares <strong>de</strong> municípios do país foram, portanto,equipadas para oferecer esse serviço. Nos Dias Nacionais <strong>de</strong> <strong>Vacinação</strong>,mesmo unida<strong>de</strong>s que não oferec<strong>em</strong> o serviço rotineiramente acabam seintegrando a esta re<strong>de</strong> <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong> imunizantes, assim como escolas eentida<strong>de</strong>s. No dia 5 <strong>de</strong> junho, p.p., Dia Nacional <strong>de</strong> <strong>Vacinação</strong> contra aPoliomielite, foram mobilizadas mais <strong>de</strong> 400 mil pessoas, entre servidores dasaú<strong>de</strong> e voluntários, <strong>em</strong> 117 mil postos para a vacinação, segundo informe daSecretaria <strong>de</strong> Vigilância à Saú<strong>de</strong> (Brasil, 2001f). Uma gestante, n<strong>um</strong>a dasrespostas, já aconselhava:Que elas não per<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> a oportunida<strong>de</strong> das campanhas que s<strong>em</strong>pre acontec<strong>em</strong>. É<strong>um</strong>a prevenção b<strong>em</strong> eficaz. Uma gotinha só po<strong>de</strong> salvar <strong>um</strong>a vida. (24 anos,paraibana, 2º grau completo, há sete anos no Rio, pr. dom, n) – 48Ressalte-se ainda a experiência <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> famílias que não maisvivenciaram as angústias provocadas por alg<strong>um</strong>as afecções anteriormentei<strong>de</strong>ntificadas n<strong>um</strong> espectro <strong>de</strong> “doenças próprias da infância” que po<strong>de</strong>riamlevar seus filhos ao óbito ou a graves seqüelas 33 . Várias falas se referiram aessa experiência, que sinaliza mais <strong>um</strong>a vez a contextualização histórica esocial da representação.33 Nos dias <strong>de</strong> hoje, muitas mães e mesmo profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> – como médicos formados maisrecent<strong>em</strong>ente – não mais tiveram contato com moléstias como sarampo, coqueluche ou difteria, para citaralg<strong>um</strong>as doenças imunopreveníveis.
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