Vacinação: um outro olhar - Instituto de Estudos em Saúde Coletiva ...

se logrou com o conjunto dos funcionários, acredita-se que essa interpretaçãofoi minimizada.A pesquisadora esteve atenta ao tipo de relação estabelecida com ocampo, com os funcionários e mães, no sentido de procurar não alterar adinâmica do serviço, nem dificultar o trabalho dos funcionários, mas criar umclima de mútua colaboração. Buscou-se perceber não só as questões queeram colocadas pelo trabalho de pesquisa, mas também as atribulações,preocupações cotidianas das atividades dos funcionários e a ansiedade dasmães em relação à vacinação de seus filhos, assim como relacionamento entrefuncionários e mães.Procurou-se ficar alerta para a tendência, que pode existir e por vezesocorre, de as pessoas – funcionários e mães, no caso – procurarem agir,responder como acreditam que o observador espera que ajam; de falarem oque o pesquisador quer ouvir (Tura, 2003) e, assim, que suas condutas fossemalteradas pelo processo de observação (Pereira, 2003).Observou-se a dinâmica da assistência e efetivação das ações deimunização, bem como relações que se estabelecem entre as mães e o serviçode saúde; entre elas e seus filhos no momento da aplicação da vacina. Essetrabalho permitiu à pesquisadora uma aproximação mais longa, mais informalcom os sujeitos, contribuindo para uma interação com o ambiente e um estudopreliminar do campo, como destaca Vianna (2003). Essa experiência subsidioua construção do questionário, que foi aplicado às mães.A pesquisadora esteve presente em um Dia Nacional de Vacinaçãocontra Poliomielite, em que a unidade toda se prepara para a aplicação daSabin em larga escala, administrando também outras vacinas que estivessematrasadas. Geralmente, esse dia acontece em um sábado e assim não sómães, mas outros familiares – particularmente os pais – também participam daação, que se conforma quase num ato cívico, em que todos se mobilizam e semostram coletivamente conscientizados da importância da imunização.Num certo momento, depois de responder que a criança já haviacompletado cinco anos, uma mãe ralhou com o filho:“Não falei, você é teimoso...”