O conceito <strong>de</strong> representações coletivas ficou eclipsado por cerca <strong>de</strong>meio século, sendo retomado por Serge Moscovici, no início da década <strong>de</strong>1960, com seu livro “A representação social da psicanálise”.Moscovici (2001) apresenta <strong>um</strong> histórico do conceito <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as análisesrealizadas por Simmel com a idéia <strong>de</strong> representação individual a Durkheim,consi<strong>de</strong>rado por ele “verda<strong>de</strong>iro inventor do conceito” (p. 47), com a concepção<strong>de</strong> representações coletivas. Segundo ele, estas também foram trabalhadaspor <strong>outro</strong>s autores como Lévy-Bruhl, que se <strong>de</strong>bruçou sobre representações dopensamento primitivo; Piaget ao se <strong>de</strong>dicar ao conhecimento do pensamentoinfantil e Freud quando <strong>de</strong>senvolveu as teorias da sexualida<strong>de</strong> infantil. Já ointeresse <strong>de</strong> Moscovici se centrou sobre as representações sociais <strong>de</strong> grupos,categorias, setores <strong>de</strong> classe <strong>de</strong>finidos da socieda<strong>de</strong> cont<strong>em</strong>porânea.A TRS articula <strong>um</strong> conjunto <strong>de</strong> conceitos para assimilar os el<strong>em</strong>entoscognitivos e sociais envolvidos na representação. É i<strong>de</strong>ntificada como <strong>um</strong>apsicossociologia do conhecimento que, ao estudar objetos <strong>de</strong> pesquisa, analisaos aspectos cognitivos da comunicação, da linguag<strong>em</strong>, do discurso,contextualizando-os <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>um</strong>a situação, <strong>de</strong> <strong>um</strong>a prática <strong>de</strong>terminada pelaespecificida<strong>de</strong> histórica, i<strong>de</strong>ológica, cultural e social daqueles grupos, classes,setores da socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> questão. Assim, é <strong>de</strong> interesse da TRS o estudo dosfenômenos que têm relevância cultural ou espessura e pertinência social, comoquestões can<strong>de</strong>ntes da vida cotidiana, t<strong>em</strong>as polêmicos, objetos socialmentevalorizados (Sá, 1998).De acordo com esta teoria, as RS são construídas e compartilhadas paraque os sujeitos domin<strong>em</strong> a realida<strong>de</strong>, se comuniqu<strong>em</strong>, estabeleçam entre siligações e trocas. Segundo Moscovici (1978), elasnos revelam que os indivíduos, <strong>em</strong> sua vida cotidiana, não são apenasessas máquinas passivas para obe<strong>de</strong>cer a aparelhos, registrar mensagens ereagir às estimulações exteriores, <strong>em</strong> que os quis transformar <strong>um</strong>aPsicologia Social s<strong>um</strong>ária, reduzida a recolher opiniões e imagens (p.56).Nesse sentido, a TRS veio contrapor-se a <strong>um</strong>a perspectiva tradicional,baseada no estudo dos reflexos individuais, behaviorista, da psicologia socialnorte-americana e inglesa. Ela enfatiza o papel criador, criativo dos indivíduos
na elaboração <strong>de</strong> suas condutas, nas relações que estabelec<strong>em</strong>cotidianamente.As RS são <strong>um</strong>a forma <strong>de</strong> saber prático que liga <strong>um</strong> sujeito a <strong>um</strong> objeto.Saber, forma <strong>de</strong> conhecimento, que guarda relação e referência com o sabererudito, com a realida<strong>de</strong> e o imaginário (Jo<strong>de</strong>let, 2001; Moscovici, 1978).No estudo das RS, é buscada <strong>um</strong>a visão <strong>de</strong> totalida<strong>de</strong> significante, <strong>em</strong>que três questionamentos se colocam: “Qu<strong>em</strong> sabe e <strong>de</strong> on<strong>de</strong> sabe?” “O que ecomo sabe?”, “Sobre o que sabe e com que efeitos?” (Jo<strong>de</strong>let, 2001, p. 33)As RS, construídas e compartilhadas por <strong>de</strong>terminado “sujeito”, têm <strong>um</strong>conteúdo formado por imagens, atitu<strong>de</strong>s, informações sobre o objeto dado. Esão s<strong>em</strong>pre as representações <strong>de</strong> algo para alguém. São elaborações dosenso com<strong>um</strong> com características significantes e inventivas, que buscam tornaro insólito, o não familiar <strong>em</strong> familiar.Os indivíduos part<strong>em</strong> do seu cabedal específico <strong>de</strong> conhecimentos eexperiências; com ele realizam reelaborações para a construção <strong>de</strong>representações que integr<strong>em</strong> o novo ao seu cotidiano (Ma<strong>de</strong>ira, 2001).As RS estão marcadas pela posição que esse sujeito ocupa nasocieda<strong>de</strong>, na economia, na cultura. Assim, se consi<strong>de</strong>ra que “o sujeito, sendo<strong>um</strong> sujeito social, faz intervir na sua elaboração idéias, valores e mo<strong>de</strong>los queele traz do grupo ao qual pertence ou das i<strong>de</strong>ologias veiculadas na socieda<strong>de</strong>”(Jo<strong>de</strong>let, 1984, p.17). Ou ainda, “o lugar, a posição social que eles ocupam ouas funções que ass<strong>um</strong><strong>em</strong> <strong>de</strong>terminam os conteúdos representacionais e suaorganização, por meio da relação i<strong>de</strong>ológica que mantêm com o mundo social”(Jo<strong>de</strong>let, 2001, p.32).Dois processos, objetivação e ancorag<strong>em</strong>, se articulam na TRS visandoa transformação <strong>de</strong> <strong>um</strong> conhecimento <strong>em</strong> representação e a forma como essarepresentação interfere e transforma o social.A objetivação é <strong>um</strong> processo <strong>de</strong> seleção, <strong>de</strong> “enxugamento”, <strong>de</strong>concretização, <strong>de</strong> “figuração” <strong>de</strong> <strong>um</strong>a idéia, <strong>de</strong> <strong>um</strong> conceito posto <strong>em</strong> questão eestabelece <strong>um</strong>a relação dialética com a ancorag<strong>em</strong>, que é o processo <strong>de</strong>enraizar, <strong>de</strong> dar sentido à idéia, <strong>de</strong> relacionar o conceito apresentado a <strong>um</strong>
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