1979), foram lançados os Dias Nacionais <strong>de</strong> <strong>Vacinação</strong> contra a doença.Houve <strong>um</strong> <strong>de</strong>clínio acentuado anos <strong>de</strong>pois, mas novas epi<strong>de</strong>mias ressurgiam.Na OPAS, novas diretrizes ambicionavam a erradicação da doença nasAméricas:O ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> Cuba e dos países do leste europeu, que tinham livrado suaspopulações da pólio, e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organização revelada pelosbrasileiros nos dias nacionais <strong>de</strong> vacinação mostravam que era possívelatingir aquela meta (Benchimol, 2001, p.353).Ainda segundo o autor, <strong>em</strong> meio a controvérsias com setores médicos esanitaristas que <strong>de</strong>monstraram oposição à política <strong>de</strong> imunização adotada,consi<strong>de</strong>rada autoritária, centralizada e verticalizada, e que <strong>de</strong>sviaria recursosda atenção primária à saú<strong>de</strong>, o Brasil alcança a erradicação da poliomielite <strong>em</strong>1994. A OPAS promoveu, entre 1992 e 1995, <strong>um</strong>a investigação comintelectuais contrários a essa política <strong>de</strong> imunização para avaliar os impactosdo PAI, presidida por <strong>um</strong> dos relatores da <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> Alma Ata (1978) 10 . Acomissão Taylor, até para surpresa <strong>de</strong> seus integrantes, concluiu que osprogramas <strong>de</strong> imunização tinham contribuído para o fortalecimento dossist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e difundido na socieda<strong>de</strong> a “cultura da prevenção” (p.356).Campanhas <strong>de</strong> erradicação <strong>de</strong> doenças como a varíola e a poliomieliteconcorreriam, por <strong>outro</strong> lado, para a consolidação <strong>de</strong> <strong>um</strong> sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> vigilânciaepi<strong>de</strong>miológica no país (Carvalho, 2001).O PNI integra hoje o Programa Ampliado <strong>de</strong> Imunizações da OMS econta com apoio técnico, operacional e financeiro do Unicef e contribuições doRotary Internacional e do PNUD (Programa das Nações Unidas para oDesenvolvimento). É gerenciado pela Coor<strong>de</strong>nação-Geral do ProgramaNacional <strong>de</strong> Imunizações da Secretaria <strong>de</strong> Vigilância <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> (Brasil, 2001c).No Brasil, segundo dados <strong>de</strong> doc<strong>um</strong>ento do Ministério da Fazenda(Brasil, 2003a), os gastos com saú<strong>de</strong> foram da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> R$ 23,25 bilhões <strong>em</strong>2001 (cerca <strong>de</strong> 1,9% do PIB) e <strong>de</strong> R$ 26,38 bilhões <strong>em</strong> 2002, equivalentes a2,0% do PIB. Na especificação dos valores, os relativos a vacinas estãoagrupados aos gastos com medicamentos (it<strong>em</strong> D – Medicamentos e Vacinas,p.31) e foram da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> R$ 779,8 milhões e R$ 1.103,2 milhões, <strong>em</strong> 2001 e10 A Conferência, realizada <strong>em</strong> 1978, teve como l<strong>em</strong>a “Saú<strong>de</strong> para todos” e ressaltou enfaticamente aimportância e sist<strong>em</strong>atizou ações <strong>de</strong> Atenção Primária à Saú<strong>de</strong>.
2002, respectivamente, que representam cerca <strong>de</strong> 3,4 e 4,2% do total dosgastos com saú<strong>de</strong> naqueles períodos. Os gastos da União com vacinasrepresentam, assim, <strong>um</strong>a parte <strong>de</strong>ssa pequena percentag<strong>em</strong> <strong>de</strong> gastos <strong>em</strong>saú<strong>de</strong> 11 .As vacinas aplicadas pelo PNI são fornecidas por laboratórios nacionaise estrangeiros 12 . Em meados da década <strong>de</strong> 1980 foi criado o Programa <strong>de</strong>Auto-suficiência Nacional <strong>em</strong> Imunobiológicos (PASNI) que se propunha asuperar as importações <strong>de</strong> vacinas <strong>em</strong> 1990, meta ainda não atingida.A oferta <strong>de</strong> vacinas no país, <strong>um</strong> espaço classicamente <strong>de</strong> abrangênciado setor estatal, v<strong>em</strong> crescent<strong>em</strong>ente sendo invadido pelo setor privado, quepassa a ter <strong>um</strong>a nova dinâmica a partir do licenciamento <strong>em</strong> 1986 da vacinacontra hepatite B, <strong>de</strong>senvolvida por engenharia genética. A própria instituiçãodo PNI e o crédito que a imunização alcançou junto à população contribuírampara o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sse setor. Vacinas são disponibilizadas <strong>em</strong> clínicasparticulares a preços acessíveis apenas a <strong>um</strong>a pequena parcela da população,criando <strong>um</strong> acesso diferenciado a vacinas mo<strong>de</strong>rnas 13 . É interessante ressaltarque do mercado total <strong>de</strong> vacinas, <strong>em</strong> 2000, <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 396 milhões <strong>de</strong> reais, oseguimento privado teve <strong>um</strong>a participação <strong>de</strong> 43%, porém com <strong>um</strong>a coberturab<strong>em</strong> inferior à do PNI. Os vol<strong>um</strong>es mobilizados nos dois setores ten<strong>de</strong>m a seaproximar <strong>em</strong> vista dos preços praticados pelo mercado privado <strong>de</strong> vacinas.(T<strong>em</strong>porão, 2003)Quanto à cobertura vacinal, segundo a OPAS (1998), o Brasil apresentaexpressiva porcentag<strong>em</strong> (86,97%) <strong>de</strong> municípios com cobertura contrapoliomielite maior ou igual a 80%. É superado, na América Latina e Caribe, porCuba (100%), Belize (100%), México (99,58%) e Uruguai (97,58).11 Segundo dados do PNI, os investimentos da União com imunobiológicos <strong>em</strong> 2000 foram <strong>de</strong> R$ 234milhões (Brasil, 2001d)12 Os principais laboratórios nacionais que compõ<strong>em</strong> o PASNI são Biomanguinhos/Fiocruz, <strong>Instituto</strong>Butantã, <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Tecnologia do Paraná, Fundação Ataulfo <strong>de</strong> Paiva, <strong>Instituto</strong> Vital Brasil e FundaçãoEzequiel Dias. Segundo Ga<strong>de</strong>lha e T<strong>em</strong>porão (1999), a indústria internacional <strong>de</strong> vacinas po<strong>de</strong> sercaracterizada como <strong>um</strong> oligopólio e, a partir do sucesso alcançado com a vacina contra hepatite B, “alógica <strong>em</strong>presarial passou a se inserir na área <strong>de</strong> forma dominante” (p.21).13 Para crianças, a vacina contra hepatite B, <strong>em</strong> clínicas particulares no Rio <strong>de</strong> Janeiro, custa <strong>em</strong> torno <strong>de</strong>R$ 45 a R$ 55 cada dose (n<strong>um</strong> total <strong>de</strong> três doses); a vacina contra hepatite A custa entre R$ 70 e R$ 85cada dose (são necessárias duas doses); contra pne<strong>um</strong>oco, entre R$ 270 e R$ 280 (para crianças atédois anos são necessárias duas doses, acima <strong>de</strong> dois anos <strong>um</strong>a dose); a vacina contra influenza custa<strong>em</strong> torno <strong>de</strong> R$ 28 a R$ 35 a dose (para crianças são necessárias duas doses) e contra varicela, <strong>em</strong> doseúnica, o preço fica aproximadamente entre R$ 120 e R$ 125. Dados obtidos através <strong>de</strong> contato telefônicoda pesquisadora com clínicas privadas <strong>de</strong> imunização na cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro, junho <strong>de</strong> 2004.
- Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANE
- Page 4: Vacinação: um outro olhar - Mães
- Page 9: SUMÁRIOLista de tabelas e quadros
- Page 12 and 13: RESUMOA pesquisa procurou levantar
- Page 15 and 16: INTRODUÇÃOA vacinação, particul
- Page 17 and 18: condições de nutrição, de vida
- Page 19 and 20: doença. Verificou que não adoecia
- Page 21 and 22: de crianças em países periférico
- Page 23: Em 1974, foi aprovado na Assembléi
- Page 28 and 29: descritor específico, não mais av
- Page 30 and 31: Ao analisar o financiamento do sist
- Page 33 and 34: REFERENCIAL TEÓRICONão tem doutor
- Page 35 and 36: na elaboração de suas condutas, n
- Page 37 and 38: suscetíveis a mudanças, à intera
- Page 39 and 40: Discutir em que sentido a experiên
- Page 41 and 42: se logrou com o conjunto dos funcio
- Page 43 and 44: Frente à analise do processo de ob
- Page 45 and 46: espostas dadas (Brasil, 1998). Foi
- Page 47: Houve um incremento de 26% na gravi
- Page 51 and 52: Ao lado de outros procedimentos, es
- Page 53 and 54: sua modificação implica em mudan
- Page 55 and 56: ... Melhor prevenir do que remediar
- Page 57 and 58: Em ação há mais de 30 anos, o PN
- Page 59 and 60: cognição “prevenção” incorp
- Page 61 and 62: Para Sá (1996), é no sistema peri
- Page 63 and 64: Durante a fase de observação foi
- Page 65 and 66: A imensa maioria das mães foi orie
- Page 67 and 68: A imensa maioria (96,82%) das mães
- Page 69 and 70: Tb/BCG 09 08Tétano 15 07Meningite
- Page 71 and 72: Gestantes e mães segundo a possibi
- Page 73 and 74: Novamente, elementos como “preven
- Page 75 and 76:
CONSIDERAÇÕES FINAISO núcleo cen
- Page 77 and 78:
Como foi observado acima, o sistema
- Page 79 and 80:
Atualmente, a descontextualização
- Page 81 and 82:
tecnologias médico-sanitárias e,
- Page 83:
Camadas da população secularmente
- Page 86 and 87:
BENCHIMOL, J. L. (coord.) Febre ama
- Page 88 and 89:
DUARTE, E.C. et al. Epidemiologia d
- Page 90 and 91:
OPAS, Organización Panamericana de
- Page 92 and 93:
VERGÈS, P. Evocation de l’argent
- Page 94 and 95:
ANEXO 1Calendário básico de vacin
- Page 96 and 97:
ANEXO 2“Minotaurização”Gravur
- Page 98 and 99:
Oswaldo Cruz e seu exército de mat
- Page 102 and 103:
ANEXO 5Teste de Evocação e Questi
- Page 104:
ANEXO 6Carta de apresentação às