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Vacinação: um outro olhar - Instituto de Estudos em Saúde Coletiva ...

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doença. Verificou que não adoeciam, mesmo se inoculadas posteriormentecom o vírus da varíola. Publicou suas observações e, mesmo <strong>em</strong> face <strong>de</strong>alg<strong>um</strong>as polêmicas 4 , a prática da “vacinação” se alastrou pelo mundo (Rosen,1994).Posteriormente, <strong>em</strong> finais do século XIX, Pasteur, <strong>em</strong> seus estudos –inicialmente sobre o cólera <strong>em</strong> galinhas – <strong>de</strong>senvolveu mais profundamente osconhecimentos acerca dos mecanismos da imunização (Rosen, 1994). E, <strong>em</strong>1885, ao <strong>de</strong>scobrir <strong>um</strong> imunizante contra a raiva, ratificou o termo vacina, dolatim vaccina, “<strong>de</strong> vaca” (Ferreira, 1999), <strong>em</strong> homenag<strong>em</strong> a Jenner.A vacina contra a varíola foi introduzida no Brasil no início do século XIX;entretanto, <strong>em</strong> 1904, <strong>um</strong>a nova lei recolocou a sua obrigatorieda<strong>de</strong>. Lei queprevia alg<strong>um</strong>as exigências: o “atestado <strong>de</strong> vacina” era requisitado <strong>de</strong> qu<strong>em</strong>buscasse <strong>em</strong>prego público, <strong>em</strong>prego doméstico, ou <strong>em</strong> fábricas. Sanções,como multas, também po<strong>de</strong>riam ser aplicadas aos que <strong>de</strong>sc<strong>um</strong>priss<strong>em</strong> a lei(Carvalho, 1987).Muito mais antiga era a prática <strong>de</strong> variolização. Des<strong>de</strong> t<strong>em</strong>pos r<strong>em</strong>otos,chineses e hindus retiravam secreção das vesículas <strong>de</strong> alguns doentes parainocular pessoas sãs, como forma <strong>de</strong> prevenir a doença. Porém esta prática,por <strong>outro</strong> lado, contribuía para a diss<strong>em</strong>inação <strong>de</strong> alg<strong>um</strong>as moléstias, como asífilis. A variolização era exercida no Brasil, no século XIX, por “práticos”, por“curan<strong>de</strong>iros” negros, inclusive durante os rituais do candomblé.Para muitos, a doença era provocada por divinda<strong>de</strong>s; o tratamento,portanto, caberia aos curan<strong>de</strong>iros e não à administração pública. Este foi mais<strong>um</strong> dos entraves à aceitação da vacinação <strong>em</strong> massa contra a varíola. NoBrasil, <strong>em</strong> finais do século XIX e início do século XX, o conflito entre o discursohigienista e as práticas populares <strong>de</strong> cuidados com a saú<strong>de</strong> se intensificaramcom a obrigatorieda<strong>de</strong> da vacina.Assim, <strong>em</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1904, durante <strong>um</strong>a s<strong>em</strong>ana, a cida<strong>de</strong> ficouconflagrada, com verda<strong>de</strong>iras batalhas campais (Anexo 3). No dia 13, <strong>em</strong> meioa tiroteios, combates <strong>de</strong> rua, 22 bon<strong>de</strong>s foram <strong>de</strong>struídos, mais <strong>de</strong> 1004 Entre elas, a versão <strong>de</strong> que as pessoas inoculadas com material das lesões <strong>de</strong> gado po<strong>de</strong>riam sofrer <strong>um</strong>processo <strong>de</strong> “vacalização” ou “minotaurização” (ilustração no Anexo 2). No século XIX, alg<strong>um</strong>ascamponesas francesas se recusavam a imunizar os filhos porque estes, ao contrair a doença, po<strong>de</strong>riamestar livres da convocação à guerra.

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