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os desafios da interdisciplinaridade no trabalho pedagógico dos ...

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V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESI CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE08 a 10 de setembro de 2011UFS – Itabaiana/SE, BrasilOS DESAFIOS DA INTERDISCIPLINARIDADE NO TRABALHO PEDAGÓGICODOS LICENCIANDOS NA AMBIÊNCIA ESCOLAR: UM ESTUDO DAEXPERIÊNCIA PIBID/UESBFabrícia Peixoto de Souza (UESB) 1Daniele Farias Freire Raic (UESB) 2Ma<strong>no</strong>ela Mat<strong>os</strong> Pereira (UESB) 3RESUMOEste <strong>trabalho</strong> discute <strong>os</strong> desafi<strong>os</strong> p<strong>os</strong>t<strong>os</strong> ao <strong>trabalho</strong> interdisciplinar <strong>no</strong> Projeto InstitucionalMicrorrede de Ensi<strong>no</strong>-Aprendizagem-Formação, integrante do Programa Institucional deBolsas de Iniciação à Docência - PIBID, campus de Jequié-BA, desenvolvido com o apoio <strong>da</strong>Fun<strong>da</strong>ção e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES.Utiliza-se do estudo do tipo et<strong>no</strong>gráfico em duas escolas estaduais baianas, nível médio,parceiras <strong>no</strong> referido Programa. As análises feitas através de observação <strong>da</strong> prática e com <strong>os</strong>registr<strong>os</strong> realizad<strong>os</strong> pel<strong>os</strong> alun<strong>os</strong> bolsistas nas suas incursões pelas escolas, indicam comoprincipais desafi<strong>os</strong> para a efetivação de uma prática interdisciplinar: a falta de umalinhamento teórico-metodológico <strong>no</strong> desenvolvimento <strong>da</strong> microrrede; a ausência de umaefetiva articulação entre <strong>os</strong> subprojet<strong>os</strong>; a inexperiência d<strong>os</strong> sujeit<strong>os</strong> envolvid<strong>os</strong> com o<strong>trabalho</strong> escolar numa perspectiva interdisciplinar; a dificul<strong>da</strong>de na superação <strong>da</strong> visãonewtoniana-cartesiana em direção a um pensamento interdisciplinar. Assim, o PIBID permitea junção <strong>da</strong> teoria e <strong>da</strong> prática como processo contínuo para entender as deman<strong>da</strong>seducacionais.Palavras-chave: Integração. Interdisciplinari<strong>da</strong>de. Pesquisa.INTRODUÇÃONas últimas déca<strong>da</strong>s <strong>os</strong> estud<strong>os</strong> sobre a docência têm atraído o interesse de muit<strong>os</strong>pesquisadores <strong>os</strong> quais têm ampliado as discussões e <strong>os</strong> debates em tor<strong>no</strong> <strong>da</strong> questão. Numabreve digressão histórica podem<strong>os</strong> constatar que a formação docente pode ser compreendi<strong>da</strong>sob quatro enfoques: o conhecimento específico; a instrumetalização técnica; a politização do<strong>trabalho</strong> docente; e a compreensão d<strong>os</strong> saberes docentes.1 1 Graduan<strong>da</strong> em Pe<strong>da</strong>gogia <strong>da</strong> UESB e bolsista do PIBID/UESB, <strong>no</strong> campus de Jequié – BA, e-mail:peixotofabi@hotmail.com.2 2 Mestre em Educação. Professora Assistente do DCHL/UESB. Bolsista PIBID/UESB, <strong>no</strong> campus de Jequié-BA, e-mail:<strong>da</strong>nielefreire.uesb@gmail.com.3 3 Graduan<strong>da</strong> em Pe<strong>da</strong>gogia <strong>da</strong> UESB e bolsista do PIBID/UESB, <strong>no</strong> campus de Jequié – BA, e-mail: mana.mp@hotmail.com.ANAIS DO V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESGEPIADDE/UFS/ITABAIANAISSN 2176-70331


V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESI CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE08 a 10 de setembro de 2011UFS – Itabaiana/SE, BrasilO primeiro enfoque, fruto <strong>da</strong>s discussões recorrentes com maior visibili<strong>da</strong>de até <strong>os</strong>id<strong>os</strong> <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 60, vê na aquisição do conhecimento específico o cerne <strong>da</strong> formação doprofessor. Quanto maior o volume de conteúd<strong>os</strong> específic<strong>os</strong> acumulad<strong>os</strong>, melhor a quali<strong>da</strong>de<strong>da</strong> formação.O segundo, fun<strong>da</strong>do <strong>no</strong> pensamento educacional tecnicista, defende que a formaçãodocente deve constituir-se na apropriação <strong>da</strong>s melhores técnicas e <strong>da</strong>s tec<strong>no</strong>logias do ensi<strong>no</strong>.Pensa-se que ao propor aulas padroniza<strong>da</strong>s, pensamento homônimo, certa regulari<strong>da</strong>de elineari<strong>da</strong>de <strong>da</strong>r-se-á conta <strong>da</strong> formação do professor. Essa perspectiva, abraça<strong>da</strong> pela teoria docapital huma<strong>no</strong>, defende a fragmentação do conhecimento, a universalização e a padronizaçãod<strong>os</strong> currícul<strong>os</strong>. Ao mesmo tempo, p<strong>os</strong>tula-se uma neutrali<strong>da</strong>de que não mais cabe n<strong>os</strong>discurs<strong>os</strong> crític<strong>os</strong> e pós-crític<strong>os</strong>.Em contestação a concepção do tecnicismo educacional são fortalecid<strong>os</strong> <strong>os</strong> debatesem busca <strong>da</strong> dimensão política <strong>da</strong> formação docente. Por volta <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 80, <strong>os</strong> discurs<strong>os</strong>em defesa <strong>da</strong> educação crítica p<strong>os</strong>tulavam a necessária politização <strong>da</strong> formação do educador.Intensificaram-se as denúncias de uma prática pe<strong>da</strong>gógica sup<strong>os</strong>tamente neutra e, emcontrap<strong>os</strong>ição, anunciavam-se o caráter essencialmente político do <strong>trabalho</strong> docente. Tanta aresistência ao caráter tecninicista que, em alguns cas<strong>os</strong>, negavam-se ferrenhamente as técnicase quaisquer outras tec<strong>no</strong>logização do ensi<strong>no</strong>.A partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 80 <strong>os</strong> debates em tor<strong>no</strong> <strong>da</strong> docência ganham <strong>no</strong>v<strong>os</strong> contorn<strong>os</strong> e,com grandes contribuições pesquisadores internacionais e nacionais, como Tardiff, Pimenta eoutr<strong>os</strong>, ampliaram-se as profícuas discussões em tor<strong>no</strong> d<strong>os</strong> saberes <strong>da</strong> docência. Desde entãopassam a aparecer com maior contundência n<strong>os</strong> discurs<strong>os</strong> recorrentes à época, não umajustap<strong>os</strong>ição de interesses p<strong>os</strong>tulad<strong>os</strong> em déca<strong>da</strong>s anteriores, mas - e sobretudo! – a superaçãode prop<strong>os</strong>tas formativas <strong>no</strong> sentido <strong>da</strong> percepção e <strong>da</strong> compreensão do docente enquanto umsujeito situado em suas dimensões histórica e cultural.Discutir e incentivar a docência numa abor<strong>da</strong>gem em que a profissionali<strong>da</strong>de estejaevidente passou a ser o grande desafio n<strong>os</strong> curs<strong>os</strong> de licenciaturas. Como contribuir com aincursão d<strong>os</strong> licenciand<strong>os</strong> na ambiência <strong>da</strong> sua profissão? Como fomentar o pensamentocrítico-reflexivo-criativo fora do contexto de <strong>trabalho</strong>? Como pensar na profissionali<strong>da</strong>de d<strong>os</strong>sujeit<strong>os</strong>?ANAIS DO V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESGEPIADDE/UFS/ITABAIANAISSN 2176-70332


V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESI CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE08 a 10 de setembro de 2011UFS – Itabaiana/SE, BrasilPartindo <strong>da</strong>s questões supracita<strong>da</strong>s foi elaborado o projeto institucional Microrredede Ensi<strong>no</strong>-Aprendizagem-Formação, vinculado ao Programa Institucional de Bolsas deIniciação à Docência - PIBID, financiado pela Fun<strong>da</strong>ção Coordenação de Aperfeiçoamento dePessoal de Nível Superior – CAPES e pela Universi<strong>da</strong>de Estadual do Sudoeste <strong>da</strong> Bahia –UESB. O projeto em tela é comp<strong>os</strong>to por subprojet<strong>os</strong> desenvolvid<strong>os</strong> em diferenteslicenciaturas. A saber: 1) O processo formativo do pe<strong>da</strong>gogo e a escola de educação básica:microrrede ensi<strong>no</strong>-aprendizagem-formação; 2) Licenciaturas <strong>da</strong> UESB e interdisciplinari<strong>da</strong>deem educação do campo; 3) O processo formativo do professor de Língua Portuguesa namicrorrede ensi<strong>no</strong> – aprendizagem – formação; 4) Microrrede ensi<strong>no</strong>-aprendizagem –formação: um diálogo com <strong>os</strong> saberes necessári<strong>os</strong> e experiment<strong>os</strong> <strong>da</strong> área <strong>da</strong>s CiênciasBiológicas; e 5) Problematizando o Ensi<strong>no</strong> de Matemática: <strong>trabalho</strong> articulado na microrredeensi<strong>no</strong>-aprendizagem-formação.O projeto institucional articula <strong>os</strong> subprojet<strong>os</strong> em tor<strong>no</strong> do objetivo comum propondoa<strong>os</strong> estu<strong>da</strong>ntes <strong>da</strong>s licenciaturas a vivencia e a experiência <strong>da</strong> prática pe<strong>da</strong>gógica numaambiência concreta <strong>no</strong> “chão <strong>da</strong>s escolas” estreitando <strong>os</strong> laç<strong>os</strong> entre o ensi<strong>no</strong> superior e aeducação básica. Para tanto, traz como prop<strong>os</strong>ta formativa a práxis pe<strong>da</strong>gógicaconsubstancia<strong>da</strong> na uni<strong>da</strong>de teoria-prática, num constante movimento; na prop<strong>os</strong>ta deintervenção visa a construção de uma prática pe<strong>da</strong>gógica interdisciplinar entre as licenciaturasem Pe<strong>da</strong>gogia, Letras, Biologia e Matemática, contribuindo efetivamente com odesenvolvimento d<strong>os</strong> sujeit<strong>os</strong> do processo: para <strong>os</strong> licenciand<strong>os</strong>, a oportuni<strong>da</strong>de de estar <strong>no</strong>campo de <strong>trabalho</strong> <strong>da</strong> profissão; para <strong>os</strong> professores colaboradores <strong>da</strong> educação básica, umimportante diálogo com a universi<strong>da</strong>de num contínuo processo de formação edesenvolvimento profissional; e, para <strong>os</strong> alun<strong>os</strong> do ensi<strong>no</strong> médio, a oportuni<strong>da</strong>de deampliação de espaç<strong>os</strong> de aprendizagens diversifica<strong>da</strong>s.O PIBID/UESB tem em sua formatação a parceria com Colégio Estadual Luiz VianaFilho (CELVF) e Instituto de Educação Régis Pacheco (IERP), visando a constituição de umamicrorrede de ensi<strong>no</strong>-aprendizagem-formação capaz de fomentar n<strong>os</strong> sujeit<strong>os</strong> envolvid<strong>os</strong> oolhar sensível a<strong>os</strong> saberes <strong>da</strong> docência e à dinâmica e à ambiência escolares em suas práticascotidianas. Tais vivências, sustenta<strong>da</strong>s pelo movimento <strong>da</strong> ação-reflexão-ação, permitem queeste <strong>trabalho</strong> se configure enquanto um <strong>trabalho</strong> de pesquisa participante.ANAIS DO V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESGEPIADDE/UFS/ITABAIANAISSN 2176-70333


V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESI CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE08 a 10 de setembro de 2011UFS – Itabaiana/SE, BrasilO projeto institucional Microrrede Ensi<strong>no</strong>-Aprendizagem-Formação apresenta ainterdisciplinari<strong>da</strong>de como prop<strong>os</strong>ta teórico-metodológica. Entretanto, durante odesenvolvimento <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des esta tem se m<strong>os</strong>trado ao mesmo tempo enquanto desejo edesafio a ser compreendido e superado. Afinal, o que se entende e o que se pretende porinterdisciplinari<strong>da</strong>de?Sem dúvi<strong>da</strong>, a questão formula<strong>da</strong> tor<strong>no</strong>u-se o objeto de estudo d<strong>os</strong> subprojet<strong>os</strong> comdestaque, sobretudo, para o de Pe<strong>da</strong>gogia. Tentar compreender e explicar o que se entende e oque se pretende com a interdisciplinari<strong>da</strong>de na prática escolar passou a ser o grande desafiod<strong>os</strong> bolsistas vinculad<strong>os</strong> ao subprojeto O processo formativo do pe<strong>da</strong>gogo e a escola deeducação básica: microrrede ensi<strong>no</strong>-aprendizagem-formação. Nesse sentido, o PIBID/UESBabriu-se enquanto espaço fun<strong>da</strong>mental de formação docente na e pela pesquisa permitindoolhares mais comprometid<strong>os</strong> com o <strong>trabalho</strong> pe<strong>da</strong>gógico de quali<strong>da</strong>de social.MICRORREDE ENSINO-APRENDIZAGEM-FORMAÇÃO: A INTEGRAÇÃODISCIPLINAR NUMA BUSCA INTERDISCIPLINARQuando buscam<strong>os</strong> compreender o sentido <strong>da</strong> prática interdisciplinar é comumtentarm<strong>os</strong> uma sup<strong>os</strong>ta interrelação de um <strong>da</strong>do conhecimento a outro, de modo que não n<strong>os</strong>parece ficar claras as fronteiras entre diferentes camp<strong>os</strong> de conhecimento. Assim, para iníciode conversa é importante explicitar que reconhecem<strong>os</strong> e reafirmam<strong>os</strong> as particulari<strong>da</strong>des queenvolvem as disciplinas e, portanto, de seus conheciment<strong>os</strong> específic<strong>os</strong>. Entretanto,acreditam<strong>os</strong> que a construção do conhecimento só se constitui enquanto uma produçãoamplamente dialoga<strong>da</strong> e articula<strong>da</strong> com as diversas áreas do saber. Foi, portanto, com opressup<strong>os</strong>to do indispensável diálogo entre as diversas áreas do saber que surgiu e seconsolidou na microrrede a necessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> articulação entre <strong>os</strong> subprojet<strong>os</strong> que sãoconstituíd<strong>os</strong> pelas áreas de Letras, Biologia, Matemática, media<strong>da</strong>s pela Pe<strong>da</strong>gogia, entendi<strong>da</strong>enquanto a ciência que estu<strong>da</strong> a educação.Essa articulação se por um lado não aceita a desvalorização d<strong>os</strong> conteúd<strong>os</strong>específic<strong>os</strong> de nenhuma <strong>da</strong>s áreas, por outro visa subsidiar uma prática interdisciplinar. Assimse p<strong>os</strong>iciona Aranha:ANAIS DO V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESGEPIADDE/UFS/ITABAIANAISSN 2176-70334


V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESI CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE08 a 10 de setembro de 2011UFS – Itabaiana/SE, BrasilQuando a escola se abre em um <strong>no</strong>vo olhar para Educação que ministra, ap<strong>os</strong>sibili<strong>da</strong>de de elaborar um Projeto Interdisciplinar começa a tomar forma,tornando-se mais concreta. A Interdisciplinari<strong>da</strong>de passa, então, a não sermais vista como a negação <strong>da</strong> disciplina. Ao contrário, é justamente nadisciplina que ela nasce. Muito mais que destruir as barreiras que existementre uma e outra, a interdisciplinari<strong>da</strong>de propõe sua superação. Umasuperação que se realiza por meio do diálogo entre as pessoas que tornam adisciplina um movimento de constante reflexão, criação – ação. Ação quedepende, antes de tudo, <strong>da</strong> atitude <strong>da</strong>s pessoas. É nelas que habita – ou – nãouma ação, um Projeto Interdisciplinar. (MOREIRA JOSÉ, p. 8)Dessa forma, a prop<strong>os</strong>ta interdisciplinar que pretendem<strong>os</strong> encontrou seu primeiroobstáculo: a definição do eixo interdisciplinar. Deveríam<strong>os</strong> pensar em temáticas comuns Àsdiferentes áreas? O eixo interdisciplinar deveriam ser as competências? Quem sabe o objetivoformativo?... muitas indefinições!Pensar em garantir as especifici<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s disciplinas numa p<strong>os</strong>tura interdisciplinartor<strong>no</strong>u-se o ponto conflitivo <strong>da</strong> pesquisa. Esse primeiro desafio permitiu desenvolver umolhar curi<strong>os</strong>o entre <strong>os</strong> bolsistas e, diante dele, tor<strong>no</strong>u-se imprescindível um exaustivo estudobibliográfico e <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de em sua complexi<strong>da</strong>de preocupando-n<strong>os</strong> com a garantia <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>desem desvinculá-la do todo indivisível. Nesse momento, amparamo-n<strong>os</strong> em Freire, ao atestarque[...] não há ensi<strong>no</strong> sem pesquisa e pesquisa sem ensi<strong>no</strong>. Esses que-fazeres seencontram um <strong>no</strong> corpo do outro. Enquanto ensi<strong>no</strong> continuo buscando,reprocurando. Ensi<strong>no</strong> porque busco, por que in<strong>da</strong>go e me in<strong>da</strong>go. Pesquisopara constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo.Pesquiso para conhecer o que ain<strong>da</strong> não conheço e comunicar ou anunciar a<strong>no</strong>vi<strong>da</strong>de. (FREIRE, 1996, p.29)Assim, a Microrrede Ensi<strong>no</strong>-Aprendizagem-Formação ofereceu ao bolsistaspesquisadoresum oportu<strong>no</strong> momento de reflexão sobre o papel <strong>da</strong> pesquisa como eixoprovocador e mediador <strong>da</strong>s aprendizagens. Nesse momento do <strong>trabalho</strong> <strong>os</strong> saberes <strong>da</strong>docência iam de reconstituindo. A vivência na ambiência escolar, o aprofun<strong>da</strong>mento docampo teórico explicativo e <strong>os</strong> desafi<strong>os</strong> ali instalad<strong>os</strong> levaram-n<strong>os</strong> ao replanejamento den<strong>os</strong>sas ações em direção a uma prop<strong>os</strong>ta efetivamente interdisciplinar. Buscam<strong>os</strong>, pois, asinterfaces entre as disciplinas.ANAIS DO V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESGEPIADDE/UFS/ITABAIANAISSN 2176-70335


V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESI CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE08 a 10 de setembro de 2011UFS – Itabaiana/SE, BrasilTrabalhar com interfaces na prática educativa modifica a forma de pensar <strong>os</strong>diferentes saberes e conteúd<strong>os</strong> isolad<strong>os</strong> e hierarquizad<strong>os</strong> recolocando-<strong>os</strong> numa perspectivaproblematiza<strong>da</strong>, integra<strong>da</strong> e dialoga<strong>da</strong>. Definiu-se, então – sem pretender uma hierarquização- o segundo desafio à construção de uma prática interdisciplinar: a dificul<strong>da</strong>de em rompercom paradigma newtonia<strong>no</strong>-cartesia<strong>no</strong> do conhecimento. Segundo Lück,O paradigma p<strong>os</strong>itivista tem estabelecido uma visão dicotomizadora <strong>da</strong>reali<strong>da</strong>de, segundo a qual a reali<strong>da</strong>de ou é isso ou aquilo. Por exemplo: ocomportamento seria resultado de processament<strong>os</strong> intern<strong>os</strong> à pessoa(Psicologia) ou de influências externas (Sociologia). A aprendizagem doalu<strong>no</strong> seria orienta<strong>da</strong> por seus process<strong>os</strong> interiores (Psicologia <strong>da</strong>Aprendizagem) ou pela organização do ensi<strong>no</strong> (Metodologia). Essa visão <strong>da</strong>reali<strong>da</strong>de leva a que se vejam p<strong>os</strong>síveis soluções de problemas como sendop<strong>os</strong>síveis mediante intervenções setoriza<strong>da</strong>s e dissocia<strong>da</strong>s entre si. (LÜCK,1994, p.45)Compreender esse paradigma como sugere Lück requer despreendermo-n<strong>os</strong> desup<strong>os</strong>tas ver<strong>da</strong>des, historicamente cristaliza<strong>da</strong>s <strong>no</strong> processo de internalização <strong>da</strong>saprendizagens, e envi<strong>da</strong>r esforç<strong>os</strong> na tessitura de <strong>no</strong>v<strong>os</strong> paradigmas. Afinal, se não seconsegue implementar uma prática interdisciplinar num paradigma p<strong>os</strong>itivista é o momento depropor <strong>no</strong>vas práticas ou de reformarm<strong>os</strong> o pensamento? Será mesmo a interdisciplinari<strong>da</strong>deuma busca estéril, como asseveram <strong>os</strong> p<strong>os</strong>itivistas?Sabem<strong>os</strong> <strong>da</strong> importância e <strong>da</strong> acertivi<strong>da</strong>de desses questionament<strong>os</strong>. Outr<strong>os</strong>sim, essenão será o motivo <strong>da</strong>s discussões que seguem uma vez que neste <strong>trabalho</strong> objetivam<strong>os</strong>compreender e explicar <strong>os</strong> desafi<strong>os</strong> p<strong>os</strong>t<strong>os</strong> a uma prática interdisciplinar na ambiência escolar.A INTEGRAÇÃO DOS SUBPROJETOS NO ESPAÇO ESCOLAR: A CAMINHADAPartindo <strong>da</strong> idéia de integração entre as áreas de conhecimento prop<strong>os</strong>ta pelaMicrorrede Ensi<strong>no</strong>-Aprendizagem-Formação, debruçamo-n<strong>os</strong> <strong>no</strong> replanejamento de n<strong>os</strong>sasações e, após um a<strong>no</strong> de inquietações, buscas e prop<strong>os</strong>ições, foi p<strong>os</strong>sível definir algumasações articula<strong>da</strong>s entre <strong>os</strong> subprojet<strong>os</strong>. Não ousam<strong>os</strong> naquele momento p<strong>os</strong>icionarmo-n<strong>os</strong>como interdisciplinares, haja vista a insegurança que ora pairava. De uma coisa tínham<strong>os</strong> aconvicção: não queríam<strong>os</strong> uma prop<strong>os</strong>ta desarticula<strong>da</strong>, fragmenta<strong>da</strong> e isola<strong>da</strong>. Buscávam<strong>os</strong> oANAIS DO V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESGEPIADDE/UFS/ITABAIANAISSN 2176-70336


V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESI CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE08 a 10 de setembro de 2011UFS – Itabaiana/SE, Brasilinício <strong>da</strong> integração. Percebíam<strong>os</strong> na caminha<strong>da</strong> que contestar o que está p<strong>os</strong>to pela escolamoderna envolve um processo de desconstrução, re<strong>no</strong>vação e reflexão <strong>da</strong> própriaepistemologia d<strong>os</strong> sujeit<strong>os</strong>, tratando-se concomitantemente de propor e assumir uma atitudeinterdisciplinar (FAZENDA, 2005).Com as ações integra<strong>da</strong>s foi p<strong>os</strong>sível compreender as causas de alguns d<strong>os</strong>problemas <strong>da</strong> escola apontad<strong>os</strong> pelo estudo do tipo et<strong>no</strong>gráfico. Víam<strong>os</strong> com outr<strong>os</strong> olh<strong>os</strong> aindisciplina, a falta de parceria entre a família e escola, a desmotivação pelo estudo, o grandeíndice de falta de alguns alun<strong>os</strong> durante o a<strong>no</strong> letivo e a dificul<strong>da</strong>de de ler, produzir einterpretar text<strong>os</strong> d<strong>os</strong> alun<strong>os</strong>.Os problemas observad<strong>os</strong> somad<strong>os</strong> a continua<strong>da</strong> busca pela compreensão <strong>da</strong>interdisciplinari<strong>da</strong>de, levaram-n<strong>os</strong> a definir o n<strong>os</strong>so eixo integrador, o que definim<strong>os</strong> comoeixo interdisciplinar: a pesquisa. Definim<strong>os</strong>, pois, que a atitude interdisciplinar estava tambémem assumir a pesquisa como o eixo de todo o <strong>trabalho</strong> do PIBID/UESB. Daí o <strong>trabalho</strong>interdisciplinar começou a desenhar o seu alinhamento teórico-metodológico n<strong>os</strong> subprojet<strong>os</strong>,cuja tessitura deu-se tími<strong>da</strong> e vagar<strong>os</strong>amente.O enfrentamento desses desafi<strong>os</strong> permitiu-n<strong>os</strong> refletir e aprofun<strong>da</strong>r as deman<strong>da</strong>s <strong>da</strong>n<strong>os</strong>sa formação. Sem dúvi<strong>da</strong>, o repertório d<strong>os</strong> saberes <strong>da</strong> docência foi alterado.A pouca vivência e a inexperiência em práticas pe<strong>da</strong>gógicas interdisciplinaresconstituem mais um d<strong>os</strong> desafi<strong>os</strong> p<strong>os</strong>t<strong>os</strong> a prática interdisciplinar identificad<strong>os</strong> neste <strong>trabalho</strong>.A INTERDISCIPLINARIDADE EM CONSTRUÇÃO: A UTOPIA NECESSÁRIAAo iniciar o <strong>trabalho</strong>, acreditávam<strong>os</strong> que uma prática interdisciplinar se sustentariaapenas por práticas integra<strong>da</strong>s e dialoga<strong>da</strong>s. No decorrer d<strong>os</strong> estud<strong>os</strong>, percebíam<strong>os</strong> o queFazen<strong>da</strong> (2005) de<strong>no</strong>mina de atitude interdisciplinar, ou seja , a vivência e o exercício <strong>da</strong>interdisciplinari<strong>da</strong>de. Se <strong>no</strong> início o grupo questionava o significado <strong>da</strong> interdisciplinari<strong>da</strong>de,agora, passad<strong>os</strong> quase dois an<strong>os</strong>, a pergunta se refaz. As perguntas agora são: fazem<strong>os</strong>interdisciplinari<strong>da</strong>de ou integração? Como pensar, efetivamente, em interdisciplinari<strong>da</strong>de <strong>no</strong>contexto escolar e, sobretudo, na formação docente?ANAIS DO V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESGEPIADDE/UFS/ITABAIANAISSN 2176-70337


V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESI CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE08 a 10 de setembro de 2011UFS – Itabaiana/SE, BrasilPara Ferreira, “[...] Não há interdisciplinari<strong>da</strong>de se não há intenção consciente, clarae objetiva por parte <strong>da</strong>queles que a praticam. Não havendo intenção de um projeto, podem<strong>os</strong>dialogar, inter-relacionar e integrar sem, <strong>no</strong> entanto estarm<strong>os</strong> trabalhandointerdisciplinarmente” (In: FAZENDA, 2005, p. 34). Essa reflexão feita pela autora, com aqual concor<strong>da</strong>m<strong>os</strong>, fez-n<strong>os</strong> continuar n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> estud<strong>os</strong> e n<strong>os</strong>sas aprendizagens em busca <strong>da</strong>atitude interdisciplinar. Sem dúvi<strong>da</strong>, dem<strong>os</strong> <strong>os</strong> primeir<strong>os</strong> pass<strong>os</strong> na direção do alcance den<strong>os</strong>sas intenções iniciais.Já não pensam<strong>os</strong> em práticas isola<strong>da</strong>s e efetivamente neutras, em relação à questãoeducacional, social e cultural d<strong>os</strong> sujeit<strong>os</strong> envolvid<strong>os</strong>, mas em atitudes interdisciplinaresintegra<strong>da</strong>s. Assim, o alcance de uma prática estritamente interdisciplinar requer mu<strong>da</strong>nçasgra<strong>da</strong>tivas na prática pe<strong>da</strong>gógica e na esfera do espaço escolar. Nesse âmbito, estam<strong>os</strong>pensando na atuação docente com intervenções didáticas relaciona<strong>da</strong>s e significativas.Compreendendo as utopias como práticas p<strong>os</strong>síveis, construí<strong>da</strong> de forma dialoga<strong>da</strong>, através deobjetiv<strong>os</strong> clar<strong>os</strong> e comuns para <strong>os</strong> sujeit<strong>os</strong> envolvid<strong>os</strong>.As fun<strong>da</strong>mentações teóricas n<strong>os</strong> estimulam em utopias necessárias para um <strong>trabalho</strong>interdisciplinar, sendo desafiador li<strong>da</strong>r com <strong>no</strong>vo e romper com paradigmas tradicionais, quereconhecem as disciplinas com saberes hierarquizad<strong>os</strong> e isolad<strong>os</strong>, em instâncias me<strong>no</strong>res emaiores <strong>no</strong> processo de aprendizagem.CONSIDERAÇÕES FINAISEm suma, <strong>os</strong> desafi<strong>os</strong> <strong>da</strong> interdisciplinari<strong>da</strong>de <strong>no</strong> <strong>trabalho</strong> pe<strong>da</strong>gógico d<strong>os</strong>licenciand<strong>os</strong> <strong>no</strong> espaço escolar são fortificad<strong>os</strong> por uma busca constante de estud<strong>os</strong> teóricometodológic<strong>os</strong>que p<strong>os</strong>sibilita compreender a dinâmica do próprio PIBID inserido naeducação básica.A busca dessa interação através de diálog<strong>os</strong> faz com que a equipe escolar reconheça<strong>no</strong> cotidia<strong>no</strong> <strong>da</strong> prática pe<strong>da</strong>gógica e <strong>da</strong>s intervenções didáticas a p<strong>os</strong>sibili<strong>da</strong>de e anecessi<strong>da</strong>de de ações que favoreçam a integração e interrelação <strong>da</strong>s disciplinas, contemplandouma reflexão <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de pelo aspecto crítico.ANAIS DO V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESGEPIADDE/UFS/ITABAIANAISSN 2176-70338


V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESI CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE08 a 10 de setembro de 2011UFS – Itabaiana/SE, BrasilNesse contexto, a n<strong>os</strong>sa caminha<strong>da</strong> é justificável pela junção <strong>da</strong> microrrede ensi<strong>no</strong> –aprendizagem - formação, pela qual n<strong>os</strong> permite acreditar nas utopias necessárias paraconstrução <strong>da</strong> interdisciplinari<strong>da</strong>de, como prop<strong>os</strong>ta ousa<strong>da</strong> e diferencia<strong>da</strong> do que já existe.REFERÊNCIASFAZENDA, Ivani C.A. Interdisciplinari<strong>da</strong>de: definição, projeto, pesquisa. In.: FAZENDA,Ivani C.A. (Org.) Práticas Interdisciplinares na Escola. 10 ed. São Paulo: Cortez, 2005.FERREIRA, Sandra L. Introduzindo a <strong>no</strong>ção de interdisciplinari<strong>da</strong>de. In.: FAZENDA,Ivani C.A. (Org.) Práticas Interdisciplinares na Escola. 10 ed. São Paulo: Cortez, 2005FREIRE, Paulo. Pe<strong>da</strong>gogia <strong>da</strong> auto<strong>no</strong>mia: saberes necessári<strong>os</strong> à prática educativa. SãoPaulo: Paz e Terra, 1996.JOSÉ, Mariana Aranha Moreira. As disciplinas e a interdisciplinari<strong>da</strong>de brasileira.LÜCK, Heloísa. Pe<strong>da</strong>gogia interdisciplinar: fun<strong>da</strong>ment<strong>os</strong> teóric<strong>os</strong>-metodológic<strong>os</strong>.Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.MACHADO, Vera Lúcia de Carvalho; MARAFON, Maria R<strong>os</strong>a Cavalheiro. Contribuiçãodo pe<strong>da</strong>gogo e <strong>da</strong> pe<strong>da</strong>goga e <strong>da</strong> pe<strong>da</strong>gogia para educação escolar: pesquisa crítica. SãoPaulo: Alínea, 2005.NÓVOA, A. Professor se forma na escola. Nova escola. mai. 2001. Disponível em:http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-continua<strong>da</strong>/professor-se-forma-escola-423256.shtml. Acesso em: 7 mar. 2011.VEIGA, I. P. A. (Org.). Lições de Didática. São Paulo: Papirus, 2006.ANAIS DO V FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADESGEPIADDE/UFS/ITABAIANAISSN 2176-70339

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