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Treino Locomotor com Suporte de Peso Corporal na Lesão Medular ...

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INTRODUÇÃOAs lesões medulares (LM) são cada vez mais frequentes<strong>de</strong>vido principalmente ao aumento da violênciaurba<strong>na</strong>. Dentre as principais causas, encontramos o aci<strong>de</strong>nte<strong>de</strong> trânsito e a agressão por arma <strong>de</strong> fogo. Os pacientesa<strong>com</strong>etidos, em sua maioria, são jovens, do sexomasculino, solteiros e resi<strong>de</strong>ntes em áreas urba<strong>na</strong>s 1 .As LM geram uma incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alto custo parao governo e acarreta importantes alterações no estilo <strong>de</strong>vida do paciente. Tais lesões causam perda parcial ou totalda motricida<strong>de</strong> e sensibilida<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> <strong>com</strong>prometimentovasomotor, intesti<strong>na</strong>l, vesical e sexual 2 . Além <strong>de</strong> suagravida<strong>de</strong> e irreversibilida<strong>de</strong>, as LM exigem um programa<strong>de</strong> reabilitação longo e oneroso, que <strong>na</strong> maioria das vezesnão leva à cura, mas à adaptação do indivíduo à suanova condição. Esse processo <strong>de</strong> reabilitação, no entanto,vai para além da prevenção dos danos causados pela lesãoe objetiva principalmente melhora da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vidaatravés da in<strong>de</strong>pendência funcio<strong>na</strong>l, melhora da autoestimae inclusão social <strong>de</strong>sses pacientes 1 .As lesões medulares são classificadas segundo doiscritérios: nível neurológico da lesão e lesão <strong>com</strong>pleta ouin<strong>com</strong>pleta. O nível neurológico da lesão é <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>dopelo mais caudal segmento sensitivo e motor preservadobilateralmente. Porém, o funcio<strong>na</strong>mento motor po<strong>de</strong>estar <strong>com</strong>prometido em nível diferente do sensorial e asperdas po<strong>de</strong>m ser assimétricas 3 .A recuperação da marcha é uma tarefa difícil e dispendiosa,os pacientes muitas vezes são incapazes <strong>de</strong> produzira força muscular necessária para manter a posturae caminhar 4 . Para estes casos, é necessário prover um suportepara proteger estes sujeitos <strong>de</strong> quedas por meio dossistemas convencio<strong>na</strong>is <strong>de</strong> ajuda para auxílio <strong>na</strong> marcha<strong>com</strong>o barras paralelas, muletas e bengalas, a quantida<strong>de</strong><strong>de</strong> peso aliviada não é constante e nem facilmente quantificável.Outro fato é que estes dispositivos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>mda força, controle <strong>de</strong> tronco e coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção dos pacientes.Além disso, o consumo energético do paciente <strong>com</strong> a utilização<strong>de</strong>stes auxílios para a marcha é maior. Assim, <strong>com</strong>estes dispositivos, muitas vezes, não se consegue gerar ascondições para um treino <strong>de</strong> marcha seguro e eficaz 5 .Restaurar a <strong>de</strong>ambulação quando o paciente apresentaprognóstico para a marcha, requer variadas técnicase geralmente exige assistência consi<strong>de</strong>rável do terapeutapara segurar o peso do paciente e aumentar seu equilíbrio.No treino <strong>de</strong> marcha convencio<strong>na</strong>l, muitas vezes, oresultado não satisfaz o paciente, <strong>com</strong> padrões assimétricos<strong>de</strong> movimento e principalmente, <strong>com</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong>percorrer maiores distâncias 6,7 . Para aperfeiçoar este processo,<strong>de</strong>u-se início à prática <strong>de</strong> reabilitação <strong>na</strong> esteira emais tar<strong>de</strong>, o treino <strong>de</strong> marcha <strong>na</strong> esteira <strong>com</strong> suporte <strong>de</strong>peso corporal (TMSPC) 8 .<strong>Treino</strong> <strong>de</strong> marcha <strong>na</strong> esteira <strong>com</strong> suporte <strong>de</strong> pesocorporal (body weight-supported treadmill training– BWSTT, supported treadmill ambulation training –STAT ou Laufband therapy) é um sistema <strong>de</strong> suspensão,o qual reduz a força resultante entre a força gravitacio<strong>na</strong>le a força <strong>de</strong> suspensão, diminuindo a carga sobre oaparelho musculoesquelético durante o treino <strong>de</strong> marchaem esteira. A suspensão segura parcialmente o peso dopaciente e <strong>com</strong> isso a marcha é facilitada 9,10 . A facilida<strong>de</strong>da marcha ocorre também <strong>de</strong>vido ao maior controle <strong>de</strong>tronco 11,12 , ao auxílio da marcha pela esteira 13 e ao auxíliodo terapeuta que po<strong>de</strong> atuar <strong>na</strong>s características da marchaque foram diagnosticadas <strong>com</strong>o <strong>de</strong>ficitárias 14 .A base teórica para o surgimento do TMSPC advém<strong>de</strong> estudos <strong>com</strong> gatos <strong>com</strong> lesão medular que passarampor este treino <strong>de</strong> marcha 15 . A partir <strong>de</strong>stes estudos,foi constatado que existia no sistema nervoso dos animaisum gerador <strong>de</strong> padrão central que era responsável por geraro padrão cíclico da marcha para estes animais, mesmo<strong>com</strong> pouco treino após a lesão medular 16-18 .Depois do sucesso da reabilitação <strong>com</strong> os animais,por volta dos anos 80, surgiram os primeiros estudos emseres humanos a partir dos trabalhos <strong>de</strong> Lois Finch e HuguesBarbeau 12,19-23 .Historicamente o TMSPC está vinculado a a<strong>com</strong>etimentosneurológicos, sendo utilizado primeiro parapacientes <strong>com</strong> aci<strong>de</strong>nte vascular cerebral 11,24 e lesadosmedulares 20,23 , <strong>de</strong>pois iniciou o tratamento <strong>de</strong> diversasdoenças neurológicas e ortopédicas. A ampla utilização<strong>de</strong>sta técnica <strong>de</strong> reabilitação <strong>de</strong>ve-se a maior facilida<strong>de</strong>para o treino da marcha, a satisfação dos pacientes duranteo tratamento e principalmente, aos bons resultadosgerados 25 .Com esta nova opção <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> para a recuperaçãoda marcha, este estudo teve por objetivo realizar umarevisão <strong>de</strong> literatura sobre o uso do treino lo<strong>com</strong>otor emrevisãoRev Neurocienc 2011;19(4):702-710703

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