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Treino Locomotor com Suporte de Peso Corporal na Lesão Medular ...

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evisão<strong>Treino</strong> <strong>Lo<strong>com</strong>otor</strong> <strong>com</strong> <strong>Suporte</strong> <strong>de</strong> <strong>Peso</strong> <strong>Corporal</strong><strong>na</strong> Lesão <strong>Medular</strong> In<strong>com</strong>pleta<strong>Lo<strong>com</strong>otor</strong> Training with Body Weight-Support in In<strong>com</strong>plete Spi<strong>na</strong>l Cord InjuryRe<strong>na</strong>ta Teles Vieira 1 , Rafaela Machado <strong>de</strong> Gusmão Oliveira 2 , Camila AlvesNogueira Barros 2 , Leo<strong>na</strong>rdo Caixeta 3RESUMOObjetivo. O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho foi realizar uma revisão <strong>de</strong> literaturasobre o uso do treino lo<strong>com</strong>otor em pacientes portadores <strong>de</strong>lesão medular in<strong>com</strong>pleta, a fim <strong>de</strong> verificar os seus efeitos para a marcha<strong>de</strong>stes pacientes. Método. Foi realizada uma busca utilizando osbancos <strong>de</strong> dados medline, scielo e bvs a partir dos <strong>de</strong>scritores: bodyweight-support treadmill training (suporte parcial <strong>de</strong> peso <strong>com</strong> trei<strong>na</strong>mentoem esteira), lo<strong>com</strong>otor training (treino lo<strong>com</strong>otor), spi<strong>na</strong>lcord injury (lesão medular), gait (marcha). Todos os artigos coletadosnos últimos 18 anos foram a<strong>na</strong>lisados. Discussão. A lesão medularé uma grave síndrome neurológica que causa diversos <strong>com</strong>prometimentos,inclusive da marcha. Para aperfeiçoar este processo, <strong>de</strong>u-seinício à prática <strong>de</strong> reabilitação <strong>na</strong> esteira <strong>com</strong> suporte <strong>de</strong> peso corporal.A ampla utilização <strong>de</strong>sta técnica <strong>de</strong> reabilitação <strong>de</strong>ve-se a maiorfacilida<strong>de</strong> para o treino da marcha, a satisfação dos pacientes duranteo tratamento e, principalmente, aos bons resultados gerados. Conclusão.Um número significante <strong>de</strong> estudos mostrou que o treino <strong>de</strong>marcha <strong>com</strong> suporte <strong>de</strong> peso corporal é um meio seguro e confiável,e que surgiu para inovar a reabilitação funcio<strong>na</strong>l da marcha. Não háevidência científica para afirmar que o treino lo<strong>com</strong>otor <strong>com</strong> suporte<strong>de</strong> peso seja um método superior a outras terapias.Unitermos. Marcha, Ativida<strong>de</strong> Motora, Lesões da Medula Espinhal,Reabilitação.Citação. Vieira RT, Oliveira RMG, Barros CAN, Caixeta L. <strong>Treino</strong><strong>Lo<strong>com</strong>otor</strong> <strong>com</strong> <strong>Suporte</strong> <strong>de</strong> <strong>Peso</strong> <strong>Corporal</strong> <strong>na</strong> Lesão <strong>Medular</strong> In<strong>com</strong>pleta.ABSTRACTObjective. The objective was to perform a literature review on theuse of lo<strong>com</strong>otor training in patients with in<strong>com</strong>plete spi<strong>na</strong>l cord injuryin or<strong>de</strong>r to verify their effects for the running of these patients.Method. We performed the search portal’s medline, scielo and bvsfrom the key words: body weight-supported treadmill training - BW-STT, supported treadmill ambulation training - STAT, support ofbody weight - SPC, spi<strong>na</strong>l cord injury. Articles that could be collectedin full in the last 18 years were a<strong>na</strong>lyzed. Discussion. Spi<strong>na</strong>l cordinjury is a severe neurological syndrome that causes several serious<strong>com</strong>promises including the gait. To improve this process, it has begunthe practice of rehabilitation in connection with support of bodyweight. The wi<strong>de</strong> use of this technique for rehabilitation due to ease oftravel for training, the satisfaction of patients during treatment and,especially, the results generated. Conclusion. Studies show that hegait training with body weight support is a safe and reliable means thatappeared to innovate and functio<strong>na</strong>l rehabilitation of gait. There is noscientific evi<strong>de</strong>nce to assert that the BWSTT is a superior method toother therapies.Keywords. Gait, Motor Activity, Spi<strong>na</strong>l Cord Injuries, Rehabilitation.Citation. Vieira RT, Oliveira RMG, Barros CAN, Caixeta L. <strong>Lo<strong>com</strong>otor</strong>Training with Body Weight-Support in In<strong>com</strong>plete Spi<strong>na</strong>lCord Injury.Trabalho realizado <strong>na</strong> Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás, Goiânia-GO, Brasil.1. Fisioterapeuta, Doutoranda em Ciências da Saú<strong>de</strong> pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<strong>de</strong> Goiás, Goiânia-GO, Brasil.2. Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia Neurológica, Centro <strong>de</strong> EstudosAvançados e Formação Integrada - Goiânia-GO, Brasil.3. Médico Neuro-Psiquiatra, Doutor em Neurologia pela USP, Professor adjuntoda Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás, Goiânia-GO, Brasil.En<strong>de</strong>reço para correspondência:Re<strong>na</strong>ta T Vieira1ª Avenida, s/n - Setor Leste UniversitárioCEP 74605-020, Goiânia-GO, Brasil.E-mail: re<strong>na</strong>tavip5@hotmail.<strong>com</strong>RevisãoRecebido em: 04/06/10Aceito em: 20/10/10Conflito <strong>de</strong> interesses: não702Rev Neurocienc 2011;19(4):702-710


INTRODUÇÃOAs lesões medulares (LM) são cada vez mais frequentes<strong>de</strong>vido principalmente ao aumento da violênciaurba<strong>na</strong>. Dentre as principais causas, encontramos o aci<strong>de</strong>nte<strong>de</strong> trânsito e a agressão por arma <strong>de</strong> fogo. Os pacientesa<strong>com</strong>etidos, em sua maioria, são jovens, do sexomasculino, solteiros e resi<strong>de</strong>ntes em áreas urba<strong>na</strong>s 1 .As LM geram uma incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alto custo parao governo e acarreta importantes alterações no estilo <strong>de</strong>vida do paciente. Tais lesões causam perda parcial ou totalda motricida<strong>de</strong> e sensibilida<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> <strong>com</strong>prometimentovasomotor, intesti<strong>na</strong>l, vesical e sexual 2 . Além <strong>de</strong> suagravida<strong>de</strong> e irreversibilida<strong>de</strong>, as LM exigem um programa<strong>de</strong> reabilitação longo e oneroso, que <strong>na</strong> maioria das vezesnão leva à cura, mas à adaptação do indivíduo à suanova condição. Esse processo <strong>de</strong> reabilitação, no entanto,vai para além da prevenção dos danos causados pela lesãoe objetiva principalmente melhora da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vidaatravés da in<strong>de</strong>pendência funcio<strong>na</strong>l, melhora da autoestimae inclusão social <strong>de</strong>sses pacientes 1 .As lesões medulares são classificadas segundo doiscritérios: nível neurológico da lesão e lesão <strong>com</strong>pleta ouin<strong>com</strong>pleta. O nível neurológico da lesão é <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>dopelo mais caudal segmento sensitivo e motor preservadobilateralmente. Porém, o funcio<strong>na</strong>mento motor po<strong>de</strong>estar <strong>com</strong>prometido em nível diferente do sensorial e asperdas po<strong>de</strong>m ser assimétricas 3 .A recuperação da marcha é uma tarefa difícil e dispendiosa,os pacientes muitas vezes são incapazes <strong>de</strong> produzira força muscular necessária para manter a posturae caminhar 4 . Para estes casos, é necessário prover um suportepara proteger estes sujeitos <strong>de</strong> quedas por meio dossistemas convencio<strong>na</strong>is <strong>de</strong> ajuda para auxílio <strong>na</strong> marcha<strong>com</strong>o barras paralelas, muletas e bengalas, a quantida<strong>de</strong><strong>de</strong> peso aliviada não é constante e nem facilmente quantificável.Outro fato é que estes dispositivos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>mda força, controle <strong>de</strong> tronco e coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção dos pacientes.Além disso, o consumo energético do paciente <strong>com</strong> a utilização<strong>de</strong>stes auxílios para a marcha é maior. Assim, <strong>com</strong>estes dispositivos, muitas vezes, não se consegue gerar ascondições para um treino <strong>de</strong> marcha seguro e eficaz 5 .Restaurar a <strong>de</strong>ambulação quando o paciente apresentaprognóstico para a marcha, requer variadas técnicase geralmente exige assistência consi<strong>de</strong>rável do terapeutapara segurar o peso do paciente e aumentar seu equilíbrio.No treino <strong>de</strong> marcha convencio<strong>na</strong>l, muitas vezes, oresultado não satisfaz o paciente, <strong>com</strong> padrões assimétricos<strong>de</strong> movimento e principalmente, <strong>com</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong>percorrer maiores distâncias 6,7 . Para aperfeiçoar este processo,<strong>de</strong>u-se início à prática <strong>de</strong> reabilitação <strong>na</strong> esteira emais tar<strong>de</strong>, o treino <strong>de</strong> marcha <strong>na</strong> esteira <strong>com</strong> suporte <strong>de</strong>peso corporal (TMSPC) 8 .<strong>Treino</strong> <strong>de</strong> marcha <strong>na</strong> esteira <strong>com</strong> suporte <strong>de</strong> pesocorporal (body weight-supported treadmill training– BWSTT, supported treadmill ambulation training –STAT ou Laufband therapy) é um sistema <strong>de</strong> suspensão,o qual reduz a força resultante entre a força gravitacio<strong>na</strong>le a força <strong>de</strong> suspensão, diminuindo a carga sobre oaparelho musculoesquelético durante o treino <strong>de</strong> marchaem esteira. A suspensão segura parcialmente o peso dopaciente e <strong>com</strong> isso a marcha é facilitada 9,10 . A facilida<strong>de</strong>da marcha ocorre também <strong>de</strong>vido ao maior controle <strong>de</strong>tronco 11,12 , ao auxílio da marcha pela esteira 13 e ao auxíliodo terapeuta que po<strong>de</strong> atuar <strong>na</strong>s características da marchaque foram diagnosticadas <strong>com</strong>o <strong>de</strong>ficitárias 14 .A base teórica para o surgimento do TMSPC advém<strong>de</strong> estudos <strong>com</strong> gatos <strong>com</strong> lesão medular que passarampor este treino <strong>de</strong> marcha 15 . A partir <strong>de</strong>stes estudos,foi constatado que existia no sistema nervoso dos animaisum gerador <strong>de</strong> padrão central que era responsável por geraro padrão cíclico da marcha para estes animais, mesmo<strong>com</strong> pouco treino após a lesão medular 16-18 .Depois do sucesso da reabilitação <strong>com</strong> os animais,por volta dos anos 80, surgiram os primeiros estudos emseres humanos a partir dos trabalhos <strong>de</strong> Lois Finch e HuguesBarbeau 12,19-23 .Historicamente o TMSPC está vinculado a a<strong>com</strong>etimentosneurológicos, sendo utilizado primeiro parapacientes <strong>com</strong> aci<strong>de</strong>nte vascular cerebral 11,24 e lesadosmedulares 20,23 , <strong>de</strong>pois iniciou o tratamento <strong>de</strong> diversasdoenças neurológicas e ortopédicas. A ampla utilização<strong>de</strong>sta técnica <strong>de</strong> reabilitação <strong>de</strong>ve-se a maior facilida<strong>de</strong>para o treino da marcha, a satisfação dos pacientes duranteo tratamento e principalmente, aos bons resultadosgerados 25 .Com esta nova opção <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> para a recuperaçãoda marcha, este estudo teve por objetivo realizar umarevisão <strong>de</strong> literatura sobre o uso do treino lo<strong>com</strong>otor emrevisãoRev Neurocienc 2011;19(4):702-710703


evisãoportadores <strong>de</strong> lesão medular in<strong>com</strong>pleta a fim <strong>de</strong> verificaro seu efeito nestes pacientes.MÉTODOPara este estudo <strong>de</strong> revisão foi realizada uma buscautilizando os bancos <strong>de</strong> dados Medline, Scielo, BVS,além <strong>de</strong> revistas, sites e congressos brasileiros da área <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>. Foram selecio<strong>na</strong>dos artigos a partir dos <strong>de</strong>scritores:body weight-support treadmill training (suporte parcial<strong>de</strong> peso <strong>com</strong> trei<strong>na</strong>mento em esteira), lo<strong>com</strong>otor training(treino lo<strong>com</strong>otor), spi<strong>na</strong>l cord injury (lesão medular),gait (marcha). Os artigos datados <strong>de</strong> 1991-2009 foramselecio<strong>na</strong>dos. Os critérios para inclusão dos artigos incluíam:artigos origi<strong>na</strong>is escritos em português, inglês e/ouespanhol, mostrar intervenção do TMSPC em pacientes<strong>com</strong> lesão medular in<strong>com</strong>pleta por qualquer etiologia.RESULTADOSForam encontrados 47 artigos. Foram excluídos osartigos que apresentavam pacientes <strong>com</strong> classificações ASIAA e/ou B 26 , artigos <strong>com</strong>parando o suporte <strong>de</strong> peso corporalmanual <strong>com</strong> o robótico e artigos associando a utilização <strong>de</strong>drogas ao treino <strong>de</strong> marcha <strong>na</strong> esteira <strong>com</strong> SPC tambémforam excluídos. Restando após todos os critérios da exclusão:21 artigos. Todos os artigos encontrados estão listadono Quadro 1, <strong>com</strong> seus respectivos métodos e resultados.DISCUSSÃODezesseis dos vinte e um artigos encontrados20,22,27-35,39,39,41-43 <strong>de</strong>monstraram que o tratamento <strong>com</strong>TMSPC em LM in<strong>com</strong>pleta (ASIA C e D) apresenta algumefeito positivo sobre os parâmetros espaciais e temporaisda marcha, <strong>com</strong>o simetria, consumo <strong>de</strong> O 2(menordispêndio <strong>de</strong> energia), cadência, coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção motora, balançodos braços, funcio<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> motora, <strong>com</strong>primentodo passo, distância percorrida e velocida<strong>de</strong> da marcha.Os artigos remanescentes apontaram outros efeitosdo TMSPC, além <strong>de</strong> características da marcha. Melhora<strong>na</strong> regulação sanguínea da glicose 37 , ausência ou poucamelhora <strong>na</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida 40,42 , alteração eletromiográficaem músculos principais da marcha 45 e aumento da fibramuscular foram também observados após o TMSPC.Um estudo recente 45 , o uso <strong>de</strong> TMSPC teve resultado<strong>de</strong>sfavorável <strong>com</strong>parada ao treino <strong>de</strong> convencio<strong>na</strong>l <strong>com</strong>habilida<strong>de</strong>s motoras.Dos 21 artigos ora revisados, somente três 28,29,39apresentaram uma metodologia <strong>com</strong> ensaio clínico randomizadoe/ou um estudo experimental <strong>com</strong> mais <strong>de</strong> 20pacientes. As outras pesquisas eram relatos <strong>de</strong> caso, casocontrole,estudo piloto e/ou estudo experimental <strong>com</strong>menos <strong>de</strong> 20 pacientes. Isto <strong>de</strong>monstra, que apesar <strong>de</strong>muitos resultados positivos do TMSPC, ainda falta evidênciascientíficas <strong>com</strong>probatória <strong>de</strong>sses efeitos.Quadro 1Pesquisas envolvendo a intervenção do TMSPC em LM in<strong>com</strong>pletaAUTORES MÉTODO RESULTADOS8 pacientes <strong>com</strong> LM in<strong>com</strong>pleta (<strong>com</strong> 5-20 anos pós-lesão),1- Werning et al. (1992) 27 tempo <strong>de</strong> tratamento foi <strong>de</strong> 1 ½ a 7 meses <strong>com</strong> sessões <strong>de</strong> 30-60 min. (5x/sema<strong>na</strong>). Uso do TPMSPC iniciado <strong>com</strong> 40%do peso corporal.89 pacientes (44 <strong>na</strong> fase crônica e 45 <strong>na</strong> fase aguda) <strong>com</strong> LM2- Werning et al. (1995) 28 in<strong>com</strong>pleta foram <strong>com</strong>parados <strong>com</strong> 64 pacientes controle. Otratamento <strong>com</strong> TMSPC teve uma média <strong>de</strong> 10.5 sema<strong>na</strong>s(3-20 sema<strong>na</strong>s), <strong>com</strong> sessão <strong>de</strong> 30 min (5x/sema<strong>na</strong>).Homem <strong>com</strong> 28 anos, LM em C5-C6 in<strong>com</strong>pleta há 7 meses,<strong>de</strong>ambulante in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte por 46 m. Realizou TMSPC3- Gardner et al. (1998) 20 <strong>com</strong> 40% do peso corporal inicialmente, por 6 sema<strong>na</strong>s (3xpor sema<strong>na</strong>) <strong>com</strong> 16 sessões totais (20 min., cada)35 pacientes <strong>com</strong> LM in<strong>com</strong>pleta em fase crônica realizaramo TMSPC por uma média <strong>de</strong> 12 sema<strong>na</strong>s (sessão <strong>de</strong> 30 min.-4- Werning et al. (1998) 29 5x/sema<strong>na</strong>) e 41 pacientes <strong>com</strong> LM in<strong>com</strong>pleta <strong>na</strong> fase agudarealizaram TMSPC por uma média <strong>de</strong> 10 sema<strong>na</strong>s (sessão <strong>de</strong>30 min.-5x/sema<strong>na</strong>).• A distância percorrida aumentou <strong>de</strong>pois do treino.O fenômeno importante observado foi que paciente<strong>com</strong> ativida<strong>de</strong> voluntária ausente em membro emrepouso conseguiu <strong>de</strong>ambular por 100 a 200 m ( automatismolo<strong>com</strong>otor).• Pacientes adquiriram marcha in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, e pacienteque já <strong>de</strong>ambulavam melhoraram a velocida<strong>de</strong> e o<strong>de</strong>sempenho da marcha. Apesar disso, houve poucamelhora <strong>na</strong> ativida<strong>de</strong> muscular voluntária.• Melhora do <strong>de</strong>sempenho <strong>na</strong> corrida e da cadênciada marcha.• Melhora <strong>na</strong> função passando <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>irante para <strong>de</strong>ambulante.E <strong>de</strong>ambulantes melhoraram a velocida<strong>de</strong>e endurance da marcha, além <strong>de</strong> manter os ganhospor um período prolongado após o treino.704Rev Neurocienc 2011;19(4):702-710


Quadro 1continuação.AUTORES MÉTODO RESULTADOSEstudo Piloto <strong>com</strong> 5 pacientes <strong>com</strong> LM in<strong>com</strong>pleta(fase subaguda-2mesespós-lesão) lesão entre C2 e T-10.Todos par-5- Nymark et al. (1998) 30 ticipantes realizaram o TMSPC por 36 sessões (1 hora cada)ao longo <strong>de</strong> 3 meses.Realizaram o TMSPC em 3 pacientes <strong>com</strong> lesão in<strong>com</strong>pletaASIA C e D.• Caso 1- Homem <strong>de</strong> 20 anos, lesão em T-5, ASIA C,um mês após o evento, <strong>com</strong> músculos chaves pontuadosem 2 <strong>de</strong> 50 em membros inferiores.6- Bherman, Harkema(2000) 31 • Caso 2- Homem <strong>de</strong> 43 anos, lesão em C6, 8 mesesapós o trauma, ASIA D, músculos chaves. pontuadosem 32 <strong>de</strong> 50.• Caso 3- Homem <strong>de</strong> 45 anos, lesão T-9 ASIA D <strong>com</strong>músculos chaves <strong>de</strong> MMII pontuados <strong>de</strong> 46/50.Estudo Piloto realizado <strong>com</strong> 3 homens <strong>com</strong> LM in<strong>com</strong>pleto,7- Protas et al. (2001) 32 nível torácico. 2 casos ASIA D e 1 caso ASIA C. TMSPC foirealizado <strong>com</strong> início em 40 % do peso corporal <strong>com</strong> sessões<strong>de</strong> 20 minutos 5x/sema<strong>na</strong> durante 3 meses.Avaliaram a TMSPC associado à eletroestimulação em nervo8- Field-Fote et al (2001) 33 fibular. 19 pacientes <strong>com</strong> LM ASIA C <strong>com</strong> menos 1 ano póslesão.Aduração do tratamento foi <strong>de</strong> 3 meses (3x/sema<strong>na</strong>)<strong>com</strong> sessões <strong>de</strong> 1.5 hora.Avaliaram o efeito do TMSPC associado à Eletroesitmulaçâo9- Field-Fote et al. (2002) 22 em nervo fibular. 14 casos e 3 controles <strong>com</strong> LM ASIA C,lesão abaixo <strong>de</strong> T-10, <strong>com</strong> media <strong>de</strong> 70 meses pós-lesão.12sema<strong>na</strong>s <strong>de</strong> tratamento (3x/sema<strong>na</strong>) <strong>com</strong> total <strong>de</strong> 36 sessões.10- Júnior et al. (2003) 34 Utilizaram TMSPC em 6 pacientes <strong>com</strong> LM entre C4-T9,<strong>com</strong> média <strong>de</strong> lesão <strong>de</strong> 5.5 anos.12 indivíduos <strong>com</strong> LM in<strong>com</strong>pletas (ASIA C e D), queestavam em uma fase aguda. O tempo <strong>de</strong> tratamento <strong>com</strong>11- Postans et al. (2004) 35 TMSPC associado à eletroestimulação foi <strong>de</strong> quatro sema<strong>na</strong>s(5 sessões/sema<strong>na</strong>) <strong>com</strong> sessões <strong>de</strong> 25 minutos, da mesmaforma ocorreu no período controle realizado <strong>com</strong> fisioterapiaconvencio<strong>na</strong>l.12- Stewart et al.(2004) 36 Estudaram 9 pacientes <strong>com</strong> LM ASIA C que realizaram 68sessões <strong>de</strong> TMSPC (3x/sema<strong>na</strong>). Tempo da sessão não foi relatado.Iniciaram <strong>com</strong> 65±3% do peso corporal13- Philps et al. (2004) 37 Estudaram 9 pacientes <strong>com</strong> LM, ASIA C e fizeram o tratamento<strong>com</strong> TMSPC por 6 meses (3x/sema<strong>na</strong>) <strong>com</strong> 68 sessõestotais Iniciaram <strong>com</strong> 65±3% do peso corporal.A<strong>na</strong>lisou um paciente <strong>de</strong> 55 anos, <strong>com</strong> lesão em C6-7, ASIAD, <strong>de</strong>ambulava há 3 anos <strong>com</strong> um andador <strong>com</strong> rodas e uma14- Behrman et al. (2005) 38 órtese AFO direita. Foram realizadas 45 sessões <strong>de</strong> treino lo<strong>com</strong>otor,sendo 5 sessões por sema<strong>na</strong>, 30 min. <strong>de</strong> treino <strong>com</strong>SPC, 20 min. <strong>de</strong> caminhada no solo e treino <strong>de</strong> <strong>de</strong>ambulação<strong>na</strong> <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>.27 pacientes <strong>com</strong> LM in<strong>com</strong>pleta <strong>com</strong> mais <strong>de</strong> um ano <strong>de</strong>15- Field-Fote et al. (2005) 39 lesão, lesão abaixo <strong>de</strong> T-10 receberam o tratamento <strong>com</strong>TMSP, durante 12 sema<strong>na</strong>s (5x/sema<strong>na</strong>) <strong>com</strong> sessões <strong>de</strong> 60minutos.Estudo caso controle <strong>com</strong>posto por 3 homens <strong>com</strong> LM crônica(>4 anos <strong>de</strong> lesão), 2 ASIA C e 1 ASIA D. Realizaram16- Effing et al. (2006) 40 o TMSPC por 12 sema<strong>na</strong>s (5x/sema<strong>na</strong>) <strong>com</strong> sessão <strong>de</strong> 30minutos.• Melhora <strong>na</strong> Amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Movimento e <strong>na</strong>s medidascinemáticas (temporais e espaciais) da marcha. Maior<strong>de</strong>scarga <strong>de</strong> peso em MMII.• Caso 1- Melhorou velocida<strong>de</strong> da caminhada e in<strong>de</strong>pendênciaem casa, passando a usar ape<strong>na</strong>s umabengala para mobilida<strong>de</strong>. -Após o treino <strong>com</strong>pleto,progrediu para ASIA D e os músculos chaves melhorarampara 38/50.• Caso 2- Após o trei<strong>na</strong>mento, permaneceu em ASIAD <strong>com</strong> melhora da pontuação dos músculos chavespara 34/50. -Após treino <strong>com</strong>pleto, se tornou <strong>de</strong>ambulante<strong>com</strong> muletas por tempo integral. Melhora <strong>na</strong>velocida<strong>de</strong> da marcha, no equilíbrio, risco <strong>de</strong> queda equalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.• Caso 3- Não obteve mudança <strong>na</strong> classificação e noescore motor da ASIA, melhorou par subir escadas e avelocida<strong>de</strong> da marcha.• Todos os 3 pacientes adquiriram melhora <strong>na</strong> velocida<strong>de</strong>da marcha e eficiência, diminuição do consumo <strong>de</strong>O2 em 68%.A função muscular não sofreu alteração.• Indivíduo <strong>com</strong> alguma capacida<strong>de</strong> para <strong>de</strong>ambulaçãose beneficia do TMSPC associado à eletroestimualação<strong>com</strong> melhora velocida<strong>de</strong> da marcha.• Pacientes caminharam <strong>com</strong> uma velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 84%superior a inicial e melhoraram a coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção motora.• Melhora <strong>na</strong> velocida<strong>de</strong> da marcha, distância percorridae aumento no tamanho dos passos.• Uma sensação <strong>de</strong> aquecimento cansaço muscular <strong>na</strong>região <strong>de</strong> quadríceps, glúteos médios, íliopsoas e tibialanterior.• O grupo que recebeu TMSPC obteve melhor resultadono <strong>de</strong>sempenho e <strong>na</strong> velocida<strong>de</strong> da marcha <strong>com</strong>paradaao controle. Além disso, a espasticida<strong>de</strong> e aforça muscular não sofreram diferenças após ambosos tratamentos.• Aumento <strong>na</strong> área <strong>de</strong> fibra muscular do tipo I e IIa.Melhora do perfil lipídico (diminuição do LDL).Semalteração da gordura corporal.• Melhorou a regulação da glicose sanguínea (aumentoda tolerância à glicose) e aumento da sensibilida<strong>de</strong> àinsuli<strong>na</strong>• Evoluiu <strong>de</strong> <strong>de</strong>ambulação domiciliar <strong>com</strong> auxílio <strong>de</strong>órtese para <strong>de</strong>ambulação <strong>com</strong>unitária <strong>com</strong> uso <strong>de</strong>muletas, além <strong>de</strong> melhorar a velocida<strong>de</strong> da macha,tor<strong>na</strong>ndo mais simétrica, <strong>com</strong> balanço <strong>de</strong> membrossuperiores, coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção e passos a<strong>de</strong>quados. A quantida<strong>de</strong><strong>de</strong> passos medidos durante 24 horas tambémaumentou.• Melhora observada <strong>na</strong> velocida<strong>de</strong> da marcha, <strong>com</strong>primentodo passo e simetria.• Houve peque<strong>na</strong> melhora <strong>na</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.revisãoRev Neurocienc 2011;19(4):702-710705


evisãoQuadro 1continuação.AUTORES MÉTODO RESULTADOSEstudo prospectivo randomizado simples cego <strong>com</strong> 2 grupos12 pacientes cada. Todos pacientes <strong>com</strong> LM in<strong>com</strong>pletaASIA C e D <strong>com</strong> pelo menos 12 meses pós-lesão. Foram17- Lucareli et al. (2007) 41 realizadas 30 sessões (2x/sema<strong>na</strong>) durante 4 meses <strong>com</strong>TMSPC, e no grupo controle fisioterapia convencio<strong>na</strong>l omesmo procedimento foi realizado.Avaliaram o uso do TMSPC em 12 pacientes <strong>com</strong> LM ASIA18- Lucareli et al. (2008) 42 C e D, <strong>de</strong>ambulantes, mais <strong>de</strong> 12 meses pós-lesão.O tratamentoteve duração <strong>de</strong> 4 meses(30 sessões <strong>de</strong> 30 min., cada),2x/sema<strong>na</strong>.Realizaram TMSPC <strong>com</strong> uma criança <strong>de</strong> 4 anos e meio <strong>com</strong>LM in<strong>com</strong>pleta ASIA C lesão C-7, 3 meses <strong>de</strong> lesão, ca<strong>de</strong>irante<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, pontuação motora <strong>de</strong> 4/50 entre músculos19- Behrman et al. (2008) 43 chaves. O tratamento foi <strong>de</strong> 16 meses, <strong>com</strong> total <strong>de</strong> 76 sessões<strong>de</strong> 20 a 30 minutos <strong>de</strong> TMSPC.Avaliaram 4 pacientes <strong>com</strong> LM ASIA C. Todos pacientesiniciaram o tratamento <strong>com</strong> TMSPC. Logos <strong>de</strong>pois, 2 <strong>de</strong>lesreceberam o tratamento <strong>com</strong> treino <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s (andar em20- Musselman et al.(2009) 44 diferentes superfícies, treino <strong>de</strong> marcha <strong>com</strong> obstáculo, andarlongas distâncias e outros) e o restante continuou <strong>com</strong> oTMSPC. Na terceira fase do tratamento, inverteu-se a or<strong>de</strong>mdo tratamento. Cada fase do tratamento teve duração <strong>de</strong> 3meses, 1 hora cada sessão (5x/sema<strong>na</strong>).9 pacientes <strong>com</strong> LM ASIA C e D <strong>com</strong> mais <strong>de</strong> 8 meses póslesãoe 8 pacientes saudáveis realizaram uma média <strong>de</strong> 1421- Gorassini et al. (2009) 45 sema<strong>na</strong>s <strong>de</strong> TMSPC , <strong>com</strong> sessões <strong>de</strong> 1 hora, por 5 vezespor sema<strong>na</strong>.• Aumento da velocida<strong>de</strong> distância percorrida, cadência,<strong>com</strong>primento do passo, tempo total <strong>de</strong> ciclo e diminuiçãodo tempo <strong>de</strong> apoio <strong>na</strong> marcha. O TMSPCfoi mais efetivo que a fisioterapia convencio<strong>na</strong>l nosparâmetros cinemáticos da marcha.• Houve melhora nos parâmetros temporo-espaciaisda marcha, mas não houve melhora <strong>na</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vida.• Logo após o 1º mês <strong>de</strong> tratamento apresentou: passosvoluntários, progredindo <strong>com</strong> habilida<strong>de</strong> para <strong>de</strong>ambular<strong>com</strong> andador <strong>com</strong> rodas. No fi<strong>na</strong>l do treino lo<strong>com</strong>otor,andava in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, <strong>com</strong> melhora significativada velocida<strong>de</strong> da marcha. Não houve mudançano escore dos músculos chaves.• Não houve melhora no equilíbrio estático e/ou dinâmico.A velocida<strong>de</strong> da marcha melhorou durante otratamento <strong>com</strong> habilida<strong>de</strong>s motoras, sendo superiorao TMSPC.• Músculo tibial anterior e iquiotibial apresentarammaior ativação <strong>na</strong> eletromiografia.Recuperar a marcha é uma tarefa difícil e dispendiosa,os pacientes muitas vezes são incapazes <strong>de</strong> produzira força muscular necessária para manter a postura e caminhar4 . Restaurar a <strong>de</strong>ambulação requer variadas técnicase geralmente exige assistência consi<strong>de</strong>rável do terapeutapara segurar o peso do paciente e aumentar seu equilíbrio.No treino <strong>de</strong> marcha convencio<strong>na</strong>l, muitas vezes, oresultado não satisfaz o paciente, <strong>com</strong> padrões assimétricos<strong>de</strong> movimento e, principalmente, <strong>com</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong>percorrer maiores distâncias 6,7 .A base teórica para o surgimento do TMSPC advémdos estudos <strong>com</strong> gatos <strong>com</strong> lesão medular que passarampor este treino <strong>de</strong> marcha 15 . A partir <strong>de</strong>stes estudos,foi constatado que existia no sistema nervoso dos animaisum centro gerador <strong>de</strong> padrão que era responsável por geraro padrão cíclico da marcha para estes animais <strong>com</strong> umpouco <strong>de</strong> treino mesmo após a lesão medular 16-18 .Este treino tem o objetivo <strong>de</strong> gerar um padrão centrale foi criado para aperfeiçoar o processo da marcha,<strong>de</strong>u-se então, início à prática <strong>de</strong> reabilitação <strong>na</strong> esteira e,mais tar<strong>de</strong>, o treino <strong>de</strong> marcha <strong>na</strong> esteira <strong>com</strong> suporte <strong>de</strong>peso corporal (TMSPC) 8 .Existe uma maior facilida<strong>de</strong> para o uso do TMSPCdo que o treino <strong>de</strong> marcha convencio<strong>na</strong>l <strong>na</strong> esteira 11 . Estafacilida<strong>de</strong> é gerada pelo apoio <strong>de</strong> tronco que o suportegera 12 . Com este apoio <strong>de</strong> tronco, existe maior segurançasem o risco ou temor <strong>de</strong> queda pelo paciente 46 . A suspensãopermite uma variação <strong>na</strong> carga que os membrosinferiores irão suportar, gerando a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o pacientecaminhar <strong>na</strong>s condições que são necessárias paraque ele possa realizar este movimento 24,33 .Se por um lado a lesão medular po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>arimportantes <strong>com</strong>prometimentos à lo<strong>com</strong>oção huma<strong>na</strong>,por outro, estudos recentes <strong>de</strong>monstram respostas efetivasao trei<strong>na</strong>mento em esteira rolante, <strong>com</strong> suporte <strong>de</strong>peso corporal, resultando <strong>na</strong> melhora dos padrões lo<strong>com</strong>otores,tanto em animais 47,48 <strong>com</strong>o seres humanos <strong>com</strong>lesão medular in<strong>com</strong>pleta 49,50 .A medula integra-se a informação supra-espinhalaferente e <strong>com</strong> prática repetitiva po<strong>de</strong> melhorar o output706Rev Neurocienc 2011;19(4):702-710


motor. Portanto, as ativida<strong>de</strong>s baseadas em terapia especificamenteprovêem ativação do sistema neuromuscularabaixo do nível da lesão <strong>com</strong> o objetivo <strong>de</strong> “retrei<strong>na</strong>r” osistema nervoso e recuperar tarefas motoras específicas 51 .Cientistas exami<strong>na</strong>ram o papel da medula <strong>de</strong> controlara caminhada e <strong>de</strong>scobriram que gatos <strong>com</strong> transecçãomedular média torácica <strong>com</strong>pleta po<strong>de</strong>riam voltara dar passos, resposta essa <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> intensa práticada tarefa <strong>de</strong> caminhar. O caminhar foi facilitado <strong>com</strong> aassistência manual <strong>com</strong> sustentação parcial do tronco, otreino envolvia aperfeiçoar uma marcha normal incluindoparâmetros <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> caminhada e apropriadacinemática 51 .Com o uso do TMSPC se obtém melhores resultados<strong>com</strong>parado ao treino convencio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> marcha 8,9,17,18,24 .Em um ensaio clínico randomizado (estudo piloto) 8 , osautores <strong>com</strong>pararam a intervenção fisioterapêutica convencio<strong>na</strong>l(sessões diárias e <strong>com</strong> três horas <strong>de</strong> duração)<strong>com</strong> o TMSPC (segunda a quinta <strong>com</strong> sessões <strong>de</strong> 20min.), em 15 pacientes que sofreram Aci<strong>de</strong>nte Cerebrovascular(AVC) <strong>na</strong> fase aguda (< <strong>de</strong> 6 sema<strong>na</strong>s). Comoparâmetros <strong>de</strong> avaliação foram usados: capacida<strong>de</strong> funcio<strong>na</strong>lda marcha, a velocida<strong>de</strong> obtida em 5 metros, a distânciapercorrida em 5 minutos e o dispêndio <strong>de</strong> energia(consumo <strong>de</strong> oxigênio-Vo 2). O tamanho da amostra nãopermitiu significante estatística, mas foi capaz <strong>de</strong> observargran<strong>de</strong>s diferenças <strong>na</strong> distância percorrida e no dispêndio<strong>de</strong> energia do grupo que receberam o TMSPC em relaçãoà fisioterapia convencio<strong>na</strong>l.Em outro estudo <strong>com</strong> pacientes pós-AVC, 43pacientes receberam o tratamento <strong>com</strong> TMSPC e 36pacientes foram tratados <strong>com</strong> treino <strong>de</strong> marcha convencio<strong>na</strong>l<strong>na</strong> esteira 9 . Os dois grupos foram atendidos por 6sema<strong>na</strong>s (2 sessões <strong>de</strong> 20 min por sema<strong>na</strong>). O equilíbrio,recuperação motora, velocida<strong>de</strong> e resistência da marchaforam <strong>com</strong>paradas. Houve diferenças estatísticas em todosos parâmetros, <strong>com</strong> melhores resultados no grupoque recebeu TMSPC. Conclui-se que a estratégia <strong>de</strong> iraumentando o peso corporal ao poucos <strong>na</strong> esteira é maisvantajosa, e melhor contribui para o equilíbrio e <strong>na</strong> capacida<strong>de</strong>da marcha quando <strong>com</strong>parada a treino convencio<strong>na</strong>l<strong>na</strong> esteira.Em pacientes <strong>com</strong> paralisia cerebral, o TMSPCmostrou também atuar <strong>na</strong>s habilida<strong>de</strong>s da marcha emotoras, postura, equilíbrio e melhora <strong>na</strong> pontuação<strong>na</strong> escala GMFM 17 (medida da função motora grossa).É importante notar neste estudo que <strong>de</strong> 10 pacientes, 6eram não-<strong>de</strong>ambulantes, o que <strong>de</strong>monstra a eficiência doTMSPC também em pacientes <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>na</strong> marcha.Na Doença <strong>de</strong> Parkinson, o TMSPC também obteveum melhor resultado que a fisioterapia convencio<strong>na</strong>l.Dez pacientes <strong>com</strong> DP foram a<strong>na</strong>lisados e observaramuma diferença estatística entre o grupo que recebeu oTMSPC e a fisioterapia convencio<strong>na</strong>l, em relação a melhora<strong>na</strong> pontuação total da UPDRS, ou seja, no <strong>de</strong>sempenhomotor e mobilida<strong>de</strong> da marcha, além <strong>de</strong> melhoraras ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vida diárias 18 .A TMSPC apresentou resultados negativos, nãosendo benéfico para a melhora da marcha. Foram estudados16 indivíduos <strong>com</strong> mais <strong>de</strong> 12 meses <strong>de</strong> AVC 7 . Otratamento durou 12 sema<strong>na</strong>s (4 vezes por sema<strong>na</strong>) <strong>com</strong>a realização <strong>de</strong> 90 minutos cada sessão. Um laboratórioda marcha foi usado <strong>com</strong> medidas cinemáticas da marcha<strong>com</strong> uso <strong>de</strong> um <strong>com</strong>putador e um programa Vicon370, além <strong>de</strong> sistema <strong>de</strong> dados em 3D. Em um grupo(9 pacientes) foi usado TMSPC associado <strong>com</strong> estimulaçãoelétrica, e o outro grupo (7 pacientes) somente oTMSPC. Neste último grupo, não houve ganhos estatisticamentesignificativos <strong>na</strong> marcha.Vinte e sete pacientes <strong>com</strong> LM in<strong>com</strong>pletas <strong>com</strong>mais <strong>de</strong> 1 ano do diagnóstico, <strong>com</strong> lesões acima <strong>de</strong> T-10 e<strong>com</strong> capacida<strong>de</strong> para dar pelo menos um passo <strong>com</strong> umadas per<strong>na</strong>s foram avaliados em um laboratório <strong>de</strong> marcha<strong>com</strong> 8 câmeras. Após 12 sema<strong>na</strong>s (5 sessões/sema<strong>na</strong>) <strong>de</strong>tratamento <strong>com</strong> TMSPC houve melhora <strong>na</strong> velocida<strong>de</strong>da marcha, no <strong>com</strong>primento e simetria do passo 39 .Outra pesquisa a<strong>na</strong>lisou 12 indivíduos <strong>com</strong> LMin<strong>com</strong>pletas (ASIA C e D), que estavam em uma faseaguda 35 . Cada paciente foi em um momento o caso e emoutro momento controle. No período <strong>de</strong> controle, recebiamtratamento fisioterapêutico padrão e no controlerealizavam TMSPC, <strong>com</strong> o início <strong>de</strong> 40% <strong>de</strong> retirada dopeso corporal, associado <strong>com</strong> eletroestimulação. O tempo<strong>de</strong> tratamento foi <strong>de</strong> quatro sema<strong>na</strong>s (5 sessões/sema<strong>na</strong>)<strong>com</strong> sessões <strong>de</strong> 25 minutos para ambos os períodos <strong>de</strong>tratamento. O grupo que recebeu TMSPC obteve melhorresultado no <strong>de</strong>sempenho e <strong>na</strong> velocida<strong>de</strong> da marcha<strong>com</strong>parada ao controle. Além disso, a espasticida<strong>de</strong> e arevisãoRev Neurocienc 2011;19(4):702-710707


evisãoforça muscular não sofreram diferenças após ambos ostratamentos.Em um estudo prospectivo randomizado simplescego <strong>com</strong> 2 grupos <strong>de</strong> 12 pacientes <strong>com</strong> LM ASIA C e D,e pelo menos 12 meses <strong>de</strong> sequela, mostrou que no grupoque recebeu atendimento (30 sessões) <strong>com</strong> TMSPC obteveaumento <strong>na</strong> velocida<strong>de</strong> da marcha, distância, cadência,<strong>com</strong>primento do passo e tempo total do ciclo <strong>com</strong>paradoao grupo controle (fisioterapia convencio<strong>na</strong>l) 41 .Pacientes <strong>com</strong> LM in<strong>com</strong>pleta que receberam tratamento<strong>com</strong> TMSPC em um único hospital, e após revisão<strong>de</strong> todos os prontuários, chegou-se a conclusão queo uso do TMSPC é fi<strong>na</strong>nceiramente viável quando realizadospor um fisioterapeuta, 2 técnicos e um voluntáriobem trei<strong>na</strong>do 52 .O TMSPC também mostra resultados além damobilida<strong>de</strong> motora. Um estudo 36 <strong>com</strong> paciente <strong>com</strong> LMin<strong>com</strong>pletas (ASIA C) mostraram que após 6 meses <strong>de</strong>tratamento (3 sessões /sema<strong>na</strong>) houve melhora no perfillipídico <strong>com</strong> diminuição do LDL, aumento <strong>na</strong> área dafibra muscular do tipo I e IIa, mas não mostrou alteração<strong>na</strong> massa <strong>de</strong> gordura corporal. Foi observado em pacientes<strong>com</strong> LM in<strong>com</strong>pleta, melhora <strong>na</strong> regulação da glicosesanguínea (tolerância à glicose) e aumento <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong>à insuli<strong>na</strong> 37 .O TMSPC parece não prevenir a perda da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>óssea tanto <strong>na</strong> fase aguda 53 <strong>com</strong>o <strong>na</strong> fase crônica daLM 54 . A TPSPC mostrou também diminuição no gastoenergético 55 <strong>de</strong>monstrado por meio <strong>de</strong> menor consumo<strong>de</strong> oxigênio e diminuição da frequência cardíaca após otreino 8,20,32,56-59 . Isso acarreta em menor chance <strong>de</strong> eventotraumático <strong>com</strong>o parada cardíaca ou falta <strong>de</strong> ar duranteo treino e um menor cansaço durante e após o treino 12 .CONSIDERAÇÕES FINAISO treino <strong>de</strong> marcha <strong>com</strong> suporte <strong>de</strong> peso corporalé um meio seguro e confiável que surgiu para inovar areabilitação funcio<strong>na</strong>l da marcha. A maioria dos artigosa<strong>na</strong>lisados mostram que se obtêm melhores resultados<strong>com</strong> o treino <strong>de</strong> marcha <strong>com</strong> SPC do que <strong>com</strong> o treinoconvencio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> marcha, produzindo efeitos fisiológicose psicológicos favoráveis aos pacientes além <strong>de</strong> apresentaremmelhoras significativas das fases da marcha.Foi notado que os indivíduos que sofreram LMin<strong>com</strong>pleta e que apresenta uma capacida<strong>de</strong> neurológicapara <strong>de</strong>ambular, se beneficiam muito <strong>com</strong> o TMSPC.Esse benefício parece ser ainda melhor quando associado<strong>com</strong> eletroestimulação. Não foi encontrado benefíciosdo TMSPC para melhora da força muscular e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>óssea, <strong>com</strong>o também para diminuir a espasticida<strong>de</strong> e gorduracorporal. Há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mais estudos para <strong>com</strong>provara real efetivida<strong>de</strong> do TMSPC <strong>na</strong> LM in<strong>com</strong>pleta.REFERÊNCIAS1.Greve JM, Are SMJ. Reabilitação da lesão da medula espinhal. In: GreveJMA, Amatezzi MM. Medici<strong>na</strong> <strong>de</strong> reabilitação aplicada à ortopedia e traumatologia.São Paulo: Roca, 1999, p.323-24.2.Salvador LA, Tarnhovi EG. Estudo <strong>com</strong>parativo da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida em indivíduos<strong>com</strong> trauma raquimedular praticantes e não-praticantes <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>sfísicas, utilizando o questionário genérico SF-36. (última atualização: 05/2009;citado em: 05/2010). Disponível em: http:// www.wgate.<strong>com</strong>.br/ conteudo/medici<strong>na</strong>esau<strong>de</strong>/ fisioterapia/ traumato/ raquimedular/ raquimedular.htm.3.Ekman LL. 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