72americanos criarão novos conceitos i<strong>de</strong>ológicos e em nome da guerra ao narcotráficotomarão <strong>de</strong>cisões visando apenas seus interesses econômicos e políticas e nãohesitarão na intervenção <strong>de</strong> Estados Soberanos da América – Latina.Nesse sentido, José ARBEX JR, concluiu seu livro:Não por acaso, a Iniciativa Bush aconteceu após a invasão do Panamá, e apenas quatromeses <strong>de</strong>pois da primeira cúpula antidroga, realizada em Cartagena (cida<strong>de</strong> litorânea daColômbia). Tanto a iniciativa Bush quanto a “guerra ao narcotráfico” são expressões <strong>de</strong> <strong>um</strong>amesma estratégia, apenas aplicadas a planos distintos. O objeto da Iniciativa Bush são osmercados nacionais latino-americanos, tomados em sua complexida<strong>de</strong> estrutural, isto é, oconjunto <strong>de</strong> relações sociais, políticas e econômicas que colocam esses mercados emfuncionamento. A iniciativa Bush quer aprofundar ao máximo a <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong>ssesmercados em relação ao mercado americano... O objeto da “guerra ao narcotráfico” é ocontrole militar <strong>de</strong> regiões estratégicas que não estão, necessariamente, incorporadas aomercado, a não ser através do comércio <strong>de</strong> drogas. 130Se transportarmos esses conceitos para o Brasil, especificamente para aAmazônia Internacional, é evi<strong>de</strong>nte que <strong>de</strong>sperta interesses externos, mormente pelaimportância política e econômica e como reserva <strong>de</strong> matéria-prima.Seria como dividir a Doutrina Monroe (A América para os Americanos)aplicada no final do século XX, em três componentes: o político-econômico, <strong>de</strong>finidopela Iniciativa Bush, o militar-i<strong>de</strong>ológico, dado pela guerra ao narcotráfico e anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ampliação do capital. A invasão do Panamá foi apenas <strong>um</strong>a<strong>de</strong>monstração da i<strong>de</strong>ologia imperial Washington.Nada obsta visl<strong>um</strong>brar a possibilitada da ocorrência <strong>de</strong> novos Panamás,enquanto impor-se a lógica capitalista dos Americanos.Por isso, o problema das drogas nunca se baseou em consi<strong>de</strong>rações sanitárias,mas sim alternadamente em necessida<strong>de</strong>s políticas e econômicas e em nome <strong>de</strong>ssai<strong>de</strong>ologia, oscilam-se predomínios <strong>de</strong> tolerância e repressão, <strong>de</strong> permissivida<strong>de</strong> eperseguição, <strong>de</strong> tratamento do cons<strong>um</strong>idor como <strong>de</strong>linqüente ou enfermo e, assim,i<strong>de</strong>ologias são levantadas em nome do combate às drogas, mas que na verda<strong>de</strong> visa130 ARBEX JR, op. cit. pg. 82/83.
73outro foco, o permanente <strong>de</strong>sejo insaciável <strong>de</strong> acúmulo <strong>de</strong> capital e hegemoniapolítica.A economia da droga mostra que ela está distante <strong>de</strong> ser <strong>um</strong> incômodo para ocapitalismo, pois está estritamente organizada <strong>de</strong> acordo com as especulações daeconomia <strong>de</strong> mercado.As metas dos traficantes <strong>de</strong> drogas são metas especificamente capitalistas, istoé, captura <strong>de</strong> mercados, monopólio <strong>de</strong> preços e hegemonia <strong>sobre</strong> os ramos maislucrativos, <strong>de</strong>ntre eles inclusive, o <strong>de</strong> regiões inteiras do globo terrestre.Não é <strong>de</strong>mais lembrar que as gran<strong>de</strong>s empresas <strong>de</strong> Produtos Químicos, queestão estabelecidas em sua gran<strong>de</strong> parte nos Estados Unidos, são as que mais lucramcom a venda <strong>de</strong> seus produtos químicos e ins<strong>um</strong>os, os quais têm como principaiscompradores os traficantes <strong>de</strong> drogas colombianos, Peruanos e Bolivianos. 131O <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> narcóticos dos Estados Unidos (DEA – The Miami Herald,edição <strong>de</strong> 08 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1990) constatou que a Shell e a Móbil Oil são os maioresexportadores <strong>de</strong> produtos químicos para Colômbia, Peru e Bolívia, os quais sãoutilizados na fabricação da pasta base <strong>de</strong> cocaína. 132Diferentemente do Brasil, não há, nos Estados Unidos, <strong>um</strong> controle eficaz<strong>sobre</strong> a importação ou exportação <strong>de</strong> produtos químicos, ou pelo menos não háinteresse nesse sentido.Sobre o tema, Osvaldo COGGIOLA, explicita: “com a ‘guerra aonarcotráfico’, os EUA tratam <strong>de</strong> salvaguardar suas companhias químicas provedoras<strong>de</strong> ins<strong>um</strong>os para o processamento dos entorpecentes, propiciando, em geral, <strong>um</strong>a‘substituição <strong>de</strong> importações’ no gran<strong>de</strong> negócio <strong>de</strong> <strong>de</strong>struir a saú<strong>de</strong> e a integrida<strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>um</strong>a parte da população”. 133Pela facilida<strong>de</strong> em se controlar o preço do entorpecente, através da proibição edas políticas <strong>de</strong> repressão, o dinheiro aparece como <strong>um</strong> passe <strong>de</strong> mágica diante dos131 COGGIOLA, op. cit.132 Id.133 Id.
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