6 CONSIDERAÇÕES FINAIS148Inicialmente abordamos o tema central da pesquisa, ou seja, as drogas e seusefeitos no organismo, em seguida, <strong>de</strong>monstramos que o conceito <strong>de</strong> droga é algo queultrapassa as fronteiras da saú<strong>de</strong>, vai além, envolve facetas geopolíticas, econômicas efinanceiras. Assim, as drogas foram tratadas como verda<strong>de</strong>iras mercadorias, porqueestão organizadas <strong>de</strong>ntro dos parâmetros da economia <strong>de</strong> mercado, com oscilações eespeculações, no entanto não sofrem com variáveis da lei da oferta e <strong>de</strong>manda, tendo emvista que esta sempre se mantém porque é movida por <strong>um</strong> produto <strong>de</strong>corrente do vício.Tratamos da repressão, como forma <strong>de</strong> política pública antidrogas, mormenteos seus fundamentos, acertos e <strong>de</strong>sacertos. Também estudamos a prevenção,principalmente os seus elementos e sujeitos como parte integrante do processo, bemcomo as formas mais atuais <strong>de</strong> se trabalhar com prevenção, como, por exemplo, asre<strong>de</strong>s sociais, a redução <strong>de</strong> danos e o PROERD, enquanto programa educacional <strong>de</strong>resistência às drogas e a violência.Constatamos que os valores familiares estão per<strong>de</strong>ndo seu papel, comoreferência essencial na educação das crianças e adolescentes, fato este <strong>de</strong>vido à própriadinâmica do mercado capitalista, que da mesma forma que exclui, incluí a suamaneira, ou seja, ao mesmo tempo em que, explora e <strong>de</strong>semprega a classetrabalhadora, colocando seus sujeitos à margem da socieda<strong>de</strong>, oferece-lhes <strong>um</strong>a opçãoapenas para <strong>sobre</strong>viver, a do mercado informal e, não raro, a opção pelo crime. Diante<strong>de</strong>ssa situação lamentável, os referenciais familiares passaram a diluir-se em gran<strong>de</strong>parte da classe trabalhadora, e foram per<strong>de</strong>ndo espaço para os valores do grupo extrafamiliar.O grupo, como foi <strong>de</strong>monstrado, se forma privilegiadamente <strong>de</strong>ntro da escola.Assim para que <strong>um</strong> programa <strong>de</strong> prevenção às drogas tenha sucesso, é mister que sejaaplicado <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>um</strong> contexto escolar. Nesse sentido, o PROERD, enquantoprograma educacional <strong>de</strong> prevenção às drogas e à violência, é opção extremante
149salutar, tendo em vista que está organizado sistematicamente <strong>de</strong>ntro da escola e vemsendo aplicado nas vinte e sete capitais brasileiras e no distrito fe<strong>de</strong>ral.O resultado <strong>de</strong> nossa pesquisa <strong>de</strong>monstrou que o PROERD tem <strong>um</strong>a eficácia<strong>de</strong> 92%, ou seja, dos alunos investigados que freqüentaram o PROERD, apenas 8%afirmou que usou alg<strong>um</strong> tipo <strong>de</strong> droga após as ativida<strong>de</strong>s.Logicamente constatamos alg<strong>um</strong>as falhas, pequenas, face aos resultadosproduzidos pelo PROERD, mas que merecem ser apreciadas, principalmente a opiniãodos professores <strong>sobre</strong> a questão das drogas <strong>de</strong>ntro da escola. O resultado sugeriu queos professores estão pouco envolvidos com a problemática e preferem não se engajarem ações <strong>de</strong> prevenção, bem como relataram que não dispõem <strong>de</strong> conhecimentos paraenfrentar a questão. Houve dados, inclusive, que <strong>de</strong>monstraram que há professores quesofrem pressões <strong>de</strong> gangues e usuários <strong>de</strong> drogas.O PROERD, especificamente neste quesito, fundamenta suas ações no tripépolícia, comunida<strong>de</strong> e professor. No entanto, é preciso que o professor abrace a idéia ese alie com o policial instrutor em ações <strong>de</strong> prevenção <strong>de</strong>ntro da escola. Nas duasescolas que freqüentamos as ativida<strong>de</strong>s do PROERD, constatamos a falta <strong>de</strong>participação e interação dos professores.Com relação aos alunos, o objetivo principal <strong>de</strong> nossa pesquisa foi a <strong>de</strong>elaborar padrões <strong>de</strong> comportamentos, especificamente a motivação que leva ospesquisados a fazerem uso <strong>de</strong> drogas. O resultado sugeriu que o PROERD po<strong>de</strong>riatrabalhar com mais eficácia as questões da curiosida<strong>de</strong>, pressão <strong>de</strong> grupo, drogasinalantes, como o “moranguinho” e a cola <strong>de</strong> sapateiro.Também constatamos que o PROERD, por ser <strong>um</strong> programa <strong>de</strong> prevenção àsdrogas tão importante, <strong>de</strong>veria ser aplicado não somente nas quartas séries e sextasséries do ensino fundamental, mas também em outras séries, inclusive no ensinomédio, tendo em vista que gran<strong>de</strong> parte dos pesquisados que participou do PROERD eapós alguns anos teve alg<strong>um</strong> contato com drogas, afirmou não se lembrar dosconteúdos do PROERD.
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