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Anuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 1


EQUIPE TÉCNICACOORDENAÇÃO GERALClayton Ferreira Lino (Presidente do Instituto Amigos <strong>da</strong><strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>)COORDENAÇÃO EXECUTIVAJoão Lucílio R. de Albuquerque (Secretário Executivo doInstituto Amigos <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>)COORDENAÇÃO TÉCNICAHeloisa Dias (Coordenadora Técnica do Instituto Amigos<strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>)CONSULTORIA TÉCNICA:Wigold Bertolo SchafferMiriam ProchnowÍcaro CunhaRodrigo BandeiraMario Oscar CencigPatrícia Ferreira e LimaNilson MáximoPROGRAMAÇAO VISUAL E COMUNICAÇÃOFelipe Sleiman RizzattoDanilo Costa SilvaAPOIO TÉCNICOAna LopezBethania FichinoMarcelo AmaralMarcéu PereiraPedro CastroRaquel CorrêaFernando P. SantosLuan Vasco de FariasAPOIO LOGÍSTICO E OPERACIONALÂngela Marta CandidoLeiz <strong>da</strong> Silva RosaVitor SimõesAPOIO ADMINISTRATIVO- FINANCEIRO:Fernando Cesar Capello (Coordenador AdministrativoFinanceiro do Instituto Amigos <strong>da</strong> RBMA)PONTOS FOCAIS E COLABORADORES DA REDE RBMAPARA O PROGRAMA ANUÁRIO MATA ATLÂNTICARio Grande do SulAlexandre Diehl KrobJoana Braun BassiMaria Isabel ChiappettiSanta CatarinaEduardo MussattoParanáMariese Cagnin MuchailhPaulo PizziMato Grosso do SulFlavia Neri MouraLeonardo Tostes PalmaSão PauloLuis Alberto BucciRodrigo CastanhoRio de JaneiroAna Claudia ParaenseCarol MarquesLara Montinho <strong>da</strong> CostaEspírito SantoIara Gardênia MoreiraRoberta de SouzaMinas GeraisIvan Seixas BarbosaJanaina MendonçaManno AndradeMarcos OrtizSimone RibeiroGoiásFabiano Rodrigues MeloBahiaJean Francois TimmersMilene MaiaRenato CunhaSergipePaulo Cesar Umbelino de OliveiraValdineide Barbosa de Santana...AlagoasAfrânio MenezesAlex NazárioEsdras AndradePernambucoBruno PaesElba BorgesMaria <strong>da</strong>s Dores MeloMaria Vileide de Barros LiusParaíbaBoisbaudran ImperianoIerecê MariaRio Grande do NorteMaria Fátima RegoMary SorageCearáEdnaldo Viera do NascimentoJoão Bosco CarboginLeinad CarboginMaria Teresa Farias de MenezesPiauíTânia Maria Martins SantosRegião MarinhaFlavio Lima SilvaHudson T. PinheiroJoão Batista TeixeiraJosé Martins <strong>da</strong> Silva Jr.Kleber Grubel <strong>da</strong> SilvaRoberto SforzaMembros do CN-RBMAMembros dos Colegiados RegionaisMembros dos Comitês e Sub-comitês Estaduais


devem ser implementa<strong>da</strong>s e monitora<strong>da</strong>s de formaparticipativa.Assim, a partir <strong>da</strong> Conferência de Nagoya, a RBMAdefiniu que o foco principal do seu ProgramaAnuário <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> será o monitoramento e adivulgação dos <strong>resultados</strong>, do cumprimento ounão, <strong>da</strong>s Metas de Aichi – CDB 2020 nesse que éum dos mais ameaçados e ricos biomas brasileiros.Este é o maior desafio do Projeto Anuário <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong>: Monitoramento <strong>da</strong>s Metas de Aichi - CDB2020 iniciado em 2011, por meio <strong>da</strong> REDE RBMA, queenvolve cerca de 250 Instituições, governamentaise não governamentais, em 17 estados brasileiros ede colaboradores e parceiros estratégicos.Este projeto de maneira integra<strong>da</strong> com a políticanacional, coordena<strong>da</strong> pelo Ministério do MeioAmbiente objetiva fazer,, o acompanhamento ea avaliação do cumprimento dessas metas, comum recorte biomático. Mais do que isso, pretendecontribuir para criar mecanismos e fomentar ações,nacionais e subnacionais, no sentido de cumprire implementar os Objetivos e Metas de Aichi noDomínio <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e em suas regiões marinhasadjacentes.O ponto de parti<strong>da</strong> para este monitoramento foio documento de “Avaliação do Cumprimento <strong>da</strong>sMetas 2010 <strong>da</strong> CDB para o bioma <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>”,(Lino C.F. e Simões. L, 2010) elaborado pela parceriaentre WWF e RBMA, contando com a colaboraçãode diversas instituições e pesquisadores atuantesneste território, apresentado na COP 10 e jádisponibilizado no Site <strong>da</strong> RBMA.Para desenvolver o presente estudo o ConselhoNacional <strong>da</strong> RBMA contou com a colaboração de43 pontos focais <strong>da</strong> Rede RBMA nos 17 estados <strong>da</strong><strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, envolvendo membros dos ComitêsEstaduais, Colegiados Regionais e consultoresespecializados nos diversos temas tratados. Assim,além do pioneirismo de ser o primeiro bioma noâmbito global a iniciar sua avaliação atendendo oPlano Estratégico de Metas <strong>da</strong> CDB para 2020, a <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> passa a ter um documento realizado demaneira descentraliza<strong>da</strong> e participativa, que serviráde referência para seu permanente monitoramento.Com a espera<strong>da</strong> definição <strong>da</strong>s “metas nacionais debiodiversi<strong>da</strong>de” ain<strong>da</strong> este ano, a partir de 2013 o“Anuário <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> passará a incluir também aavaliação a partir de indicadores padronizados emnível nacional, bem como, sempre que disponível, omonitoramento dessas metas igualmente em ca<strong>da</strong>um dos 17 estados <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>.Trata-se de uma construção coletiva que só foipossível pela colaboração dos membros e parceiros<strong>da</strong> RBMA, o importante patrocínio <strong>da</strong> VALE, o apoio<strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção AVINA, bem como do Projeto “Proteção<strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> II”, que conta com apoio técnicoGIZ, apoio fi nanceiro através do KfW, por encargodo Ministério do Meio Ambiente, <strong>da</strong> Proteção <strong>da</strong>Natureza e Segurança Nuclear <strong>da</strong> Alemanha (BMU).A todos reiteramos nossos agradecimentos.CLAYTON FERREIRA LINOPresidente do Conselho Nacional <strong>da</strong><strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>


CONVENÇÃO SOBREDIVERSIDADE BIOLÓGICA (CDB)


iodiversi<strong>da</strong>de encontra<strong>da</strong> atualmenteA na Terra é o fruto de milhões de anosde evolução. Portanto, além de seu valor oupotencial para prover serviços e produtos aohomem, a diversi<strong>da</strong>de de espécies, ecossistemasegenética apresenta um valor intrínseco deexistência, que deve ser respeitado e conservado.Para melhor cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de foiaprova<strong>da</strong> em 1992, durante a Rio-92, a Convençãosobre Diversi<strong>da</strong>de Biológica (CDB). Comoanfitrião do evento e país detentor <strong>da</strong> maiorbiodiversi<strong>da</strong>de no Planeta, o Brasil foi o primeirosignatário <strong>da</strong> convenção, que foi ratifica<strong>da</strong> peloCongresso Nacional em 1994 e promulga<strong>da</strong>pelo Decreto 2.519 de 16 de março de 1998. ACDB é o arranjo de colaboração internacionalassumido pelas nações, para a conservação <strong>da</strong>diversi<strong>da</strong>de biológica, a utilização sustentávelde seus componentes e a repartição justa eequitativa dos benefícios derivados <strong>da</strong> utilizaçãodos recursos genéticos, mediante, inclusive,oacesso adequado aos recursos genéticosea transferência adequa<strong>da</strong> de tecnologiaspertinentes, levando em conta todos os direitossobre tais recursos e tecnologias, e mediante ofinanciamento adequado (“Convenção sobreDiversi<strong>da</strong>de Biológica - CDB”, 1992).ACDB é governa<strong>da</strong> pela Convenção <strong>da</strong>s Partes(ou Convention of the Parties – COP), que jáse reuniu 10 vezes. A COP 6 realiza<strong>da</strong> em Haia,Holan<strong>da</strong>, em maio de 2002, estabeleceu umprimeiro conjunto de metas para o período2002-2010, conheci<strong>da</strong> como a “Meta de 2010”que foi referen<strong>da</strong><strong>da</strong> pela Cúpula Mundial paraoDesenvolvimento Sustentável, realiza<strong>da</strong> emJohanesburgo, África do Sul, em setembrode 2002. A COP 6 também traçou um planoestratégico para guiar a implementação <strong>da</strong>“Meta de 2010” em nível nacional, regional eglobal com o objetivo de reduzir a per<strong>da</strong> <strong>da</strong>biodiversi<strong>da</strong>de e assegurar a continui<strong>da</strong>de deseus benefícios e sua repartição equitativa, alémde criar a Estratégia Global para Conservaçãode Plantas (GSPC), com o objetivo de deter,em longo prazo, a atual e contínua per<strong>da</strong> dediversi<strong>da</strong>de de plantas por meio de um conjuntode dezesseis metas globais.Anuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 9


Em fevereiro de 2004 em Kuala-Lumpur/Malásia, aCOP 7 aprovou o “Plano estratégico: avaliação futurade progresso” uma estrutura de metas e indicadoresglobais para orientar e monitorar a implementação<strong>da</strong> Meta <strong>da</strong> CDB para 2010. A CPO 8 realiza<strong>da</strong> emCuritiba, Paraná/Brasil, em março de 2006, atualizou ecomplementou a estrutura de metas e indicadores.Infelizmente, as avaliações apontam que o PlanoEstratégico 2002-2010 não foi efetivo e, de acordocom o Panorama <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de Global 1 , a metaacor<strong>da</strong><strong>da</strong> pelos governos do mundo não foi alcança<strong>da</strong>.Ao contrário:• as espécies antes aponta<strong>da</strong>s com risco deextinção estão, em geral, mais próximas <strong>da</strong> extinção;• a abundância de espécies de vertebrados, combase nas populações avalia<strong>da</strong>s, caiu quase um terço,entre 1970 e 2006, e continua caindo, especialmentenas regiões neotropicais;• áreas de habitat naturais continuam a diminuirem extensão e integri<strong>da</strong>de, apesar de alguns sucessosem diminuir o ritmo <strong>da</strong> destruição;• a agrobiodiversi<strong>da</strong>de continua sendo perdi<strong>da</strong>;• as cinco principais pressões que causamdiretamente a per<strong>da</strong> de biodiversi<strong>da</strong>de 2 continuam nomesmo nível ou estão ficando piores; e• a pega<strong>da</strong> ecológica <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de, ou seja,os impactos ambientais sobre o Planeta continuamcrescendo esponencialmente.Com base nas metas globais <strong>da</strong> CDB, o Brasil definiu,em 2006, 51 metas nacionais de biodiversi<strong>da</strong>de para2010, algumas <strong>da</strong>s quais mais ambiciosas que aquelas<strong>da</strong> Convenção. As metas nacionais foram aprova<strong>da</strong>spela Comissão Nacional de Biodiversi<strong>da</strong>de (CONABIO)em 2006, e publica<strong>da</strong>s por meio <strong>da</strong> ResoluçãoCONABIO no 3. A CONABIO, é a instância colegia<strong>da</strong>de caráter deliberativo e consultivo que coordena aimplementação dos compromissos assumidos pelopaís no âmbito <strong>da</strong> Convenção sobre Diversi<strong>da</strong>deBiológica bem como dos princípios e diretrizes <strong>da</strong>Política Nacional <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de – PNB.No geral, o alcance <strong>da</strong>s metas brasileiras também teveproblemas e muitas não foram alcança<strong>da</strong>s, apesar de terhavido avanços muito significativos, como o aumento1 SECRETARIADO DA CONVENÇÃO SOBRE DIVERSIDADE BIOLÓGICA, 2010a, p. 8.2 Per<strong>da</strong> de habitat, sobrexplotação, poluição, espécies exóticas invasoras e asmu<strong>da</strong>nças climáticas.<strong>da</strong> área sob proteção de uni<strong>da</strong>des de conservação ea que<strong>da</strong> do desmatamento. Das 51 metas nacionaispara 2010, pelo menos 34 (67%) tiveram 25% oumenos de êxito (BRASIL/MMA, 2010). Tivemos duasmetas totalmente alcança<strong>da</strong>s: redução de 25%dos focos de calor e disponibilização de listas deespécies em bancos de <strong>da</strong>dos permanentes.Na COP 10, realiza<strong>da</strong> no Japão em outubro de2010, foi assinado o Protocolo de Nagoya eforam estabeleci<strong>da</strong>s as 20 Metas de Aichi, quesão importante instrumento para avaliação documprimento do compromisso assumido pelospaíses. O Brasil teve um papel importante nadefinição <strong>da</strong>s Metas de Aichi, as quais, mesmosendo ambiciosas, tem uma preocupação com suafactibili<strong>da</strong>de.O panorama de implementação <strong>da</strong>s Metas de Aichina <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> é objeto desta publicação. Estepanorama é desenvolvido no âmbito do ProgramaAnuário <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong>


<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> (RBMA), que definiu um projetoespecifico para o monitoramento <strong>da</strong>s metas eindicadores contidos no Plano de Metas para 2020no bioma. O monitoramento tem como estratégiaenvolver diretamente o sistema de gestão <strong>da</strong> RBMAque é decentralizado nos 17 estados abrangidospela <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>. O projeto espera motivar asinstancias governamentais (Federal, Estaduais eMunicipais), organizações não governamentais,empresas priva<strong>da</strong>s e demais setores <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>decivil para ampliarem os avanços dos 5 objetivose 20 metas compromissa<strong>da</strong>s pelo Brasil, juntoa Conveção <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de (CDB) e para ocumprimento dos compromissos assumidospelo Brasil na COP 10, realiza<strong>da</strong> em outubro 2010(Nagoya, Japão), para a <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e regiõescosteiras e marinhas adjacentes.O ponto de parti<strong>da</strong> do projeto Anuário <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong>: Monitoramento <strong>da</strong>s Metas de Aichi(CDB) 2011-2020 foi o documento de avaliação documprimento <strong>da</strong>s Metas 2010 <strong>da</strong> CDB para o Bioma<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, elaborado em parceria entre o WWFe a RBMA 3 e o documento Metas de Aichi: Situaçãoatual no Brasil 4 , elaborado pela UICN, WWF-Brasil eIPÊ em 2011.3 Metas 2010 <strong>da</strong> CDB para o Bioma <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>: LINO, Clayton F.SIMÕES, Luciana L. (orgs.). RBMA, 2010. http://www.rbma.org.br/anuario/pdf/cdb2010.pdf4 Metas de Aichi: Situação atual no Brasil: Ronaldo Weigand Jr; DanielleCalandino <strong>da</strong> Silva; Danielade Oliveira e Silva. Brasília, DF: UICN, WWF-Brasi e IPÊ, 2011.Anuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 11


A MATA ATLÂNTICA


A<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, além de ser um dos maisimportantes hotspots de biodiversi<strong>da</strong>de doplaneta, é reconheci<strong>da</strong> como “patrimônio nacional”pela Constituição Federal. É o segundograndecomplexo de florestas tropicais em extensão <strong>da</strong>América do Sul e está localiza<strong>da</strong> predominantementeno território brasileiro, alcançando também parte dosterritórios <strong>da</strong> Argentina e do Paraguai. As diferentesformas de cobertura vegetal que a integram e sua áreade abrangência são defini<strong>da</strong>s pela Lei 11.428/2006e pelo Decreto 6.660/2008, que estabelecemas condições para a conservação, a proteção, aregeneração e a utilização <strong>da</strong> vegetação conti<strong>da</strong> naárea delimita<strong>da</strong> como <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> pelo mapa <strong>da</strong>“Área de Aplicação <strong>da</strong> Lei 11.428, de 2006”, do IBGE 1(Figura 1). O arcabouço legal é complementado porResoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente(CONAMA), que definem o que é vegetação primária esecundária e estabelecem os parâmetros técnicos parasua identificação. Segundo esses dispositivos legais, a<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> cobre cerca de 1.306.421 de km2, ou15% do território brasileiro, estendendo-se total ouparcialmente pelo território hoje ocupado por 3.517municípios de 17 estados brasileiros, (Tabela 1), ondese concentram cerca de 120 milhões de habitantes e asmaiores metrópoles do País.Com distribuição ao longo de mais de 23 graus delatitude sul é composta por uma série de fitofisionomias(tipos de vegetação), o que proporcionou umasignificativa diversificação ambiental e permitiu aevolução de um complexo biótico de natureza vegetale animal altamente rico em diversi<strong>da</strong>de de espécies,sendo considerado um dos mais ricos conjuntos deecossistemas em diversi<strong>da</strong>de biológica do mundo1 Segundo o “Mapa <strong>da</strong> Área de Aplicação <strong>da</strong> Lei 11.428, de 2006” do IBGE, a<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> contempla um conjunto de formações florestais e ecossistemas associados,bem como os encraves florestais e brejos de altitude interioranos: floresta ombrófiladensa; floresta ombrófila mista, também denomina<strong>da</strong> de mata de araucárias; florestaombrófila aberta; floresta estacional semidecidual; floresta estacional decidual; camposde altitude; áreas <strong>da</strong>s formações pioneiras, conheci<strong>da</strong>s como manguezais, restingas,campos salinos e áreas aluviais; refúgios vegetacionais; áreas de tensão ecológica; brejosde altitude interioranos e encraves florestais, representados por disjunções de florestaombrófila densa, floresta ombrófila aberta, floresta estacional semidecidual e florestaestacional decidual; áreas de estepe, savana e savana-estépica; e vegetação nativa <strong>da</strong>silhas costeiras e oceânicas.O número de municípios foi calculado a partir do Mapa <strong>da</strong> Área de Aplicação <strong>da</strong> Lei11.428/06, tomando como base <strong>da</strong>dos do IBGE de 2009, e inclui todos os municípiosque têm parte ou o todo de seus territórios incidentes nos limites <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>.Os estados são os seguintes: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais,Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande doNorte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe.Anuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 13


O histórico <strong>da</strong> colonização europeia no Brasil,especialmente no bioma <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, a partirde 1.500, foi pautado pela apropriação pre<strong>da</strong>tóriade recursos naturais. Num país de dimensõescontinentais e detentor de variados e exuberantesecossistemas, o desenvolvimento econômico seimplantou e se manteve por séculos sem qualquerpreocupação ou cui<strong>da</strong>dos ambientais. Todos osgrandes ciclos econômicos como a exploração dopau-brasil, o cultivo <strong>da</strong> cana-de-açúcar e o inicio<strong>da</strong> mineração do ouro, seguidos dos ciclos docafé e <strong>da</strong> industrialização, se valeram <strong>da</strong> lógica domaior ganho no curto prazo, resultando em forteconversão de ambientes naturais, fenômeno essemais intenso ao longo do litoral, onde se instalaramos primeiros núcleos de colonização, espaçosocupados originalmente pela <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>.A região <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> é responsávelatualmente, por cerca de 70% do PIB brasileiro,proveniente principalmente dos setores industriais,<strong>da</strong> agropecuária e de serviços. A <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>abriga ain<strong>da</strong> centenas de comuni<strong>da</strong>des tradicionais,incluindo cerca de 100 áreas indígenas e centenasde comuni<strong>da</strong>des tradicionais incluindo quilombos,comuni<strong>da</strong>des tradicionais de pescadores, caiçarase faxinalenses, entre outros, com uma ricacultura associa<strong>da</strong> a essa sociodiversi<strong>da</strong>de. Estaspopulações e os agricultores familiares utilizamdiversos produtos florestais, principalmente nãomadeireiros, gerando trabalho e ren<strong>da</strong> para suasfamílias.Tudo isso mostra a relevância <strong>da</strong> região <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> para conservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de epara a busca de um desenvolvimento sustentávelque seja capaz de conservar os recursos naturaise os serviços ecossistêmicos, e com isso gerardesenvolvimento econômico e garantir quali<strong>da</strong>dede vi<strong>da</strong> para esse grande contingente populacional.A seguir será apresentado o panorama atual <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> em relação a ca<strong>da</strong> um dos cinco objetivose 20 metas <strong>da</strong> CDB para 2020 e, sem a pretensãode esgotar o tema, serão ofereci<strong>da</strong>s algumasconclusões e recomen<strong>da</strong>ções para que essesobjetivos e metas sejam realmente alcançados.Área originial de <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> por Uni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Federação (UF)UF Área UF em Km2 Área originial de <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>Km2 %AL 27.933 14.529 52,01BA 567.295 177.924 31,36CE 146.348 4.878 3,33ES 46.184 46.184 100,00GO 341.290 10.687 3,13MS 358.159 51.536 14,39MG 588.384 281.311 47,81PB 56.585 6.743 11,92PE 98.938 17.812 18,00PI 252.379 22.907 9,08PR 199.709 193.011 96,65RJ 43.910 43.291 98,59RN 53.307 3.298 6,19RS 282.062 132.070 46,82SE 22.050 7.153 32,45SC 95.443 95.265 99,81SP 248.809 197.823 79,51Total 3.428.783 1.306.421 38,10Tabela 1. Área de abrangência original <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> em ca<strong>da</strong> um dos 17 estados


Figura 1. Mapa <strong>da</strong> Área de Aplicação <strong>da</strong> Lei 11.428 de 2006 do IBGEAnuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 15


PANORAMA DO CUMPRIMENTO DAS METAS DE AICHI -CDB 2020 NA MATA ATLÂNTICA:AVANÇOS, OPORTUNIDADES E DESAFIOS


Como citado anteriormente o Plano de Metas de Aichi é composto por 5 objetivos e 20 metasComo globais citado as quais anteriormente serão adequa<strong>da</strong>s o Plano de por Metas ca<strong>da</strong> de país Aichi por é composto meio <strong>da</strong> por definição 5 objetivos de Metas e 20 metas Nacionais globais de asBiodiversi<strong>da</strong>de. quais serão adequa<strong>da</strong>s O Brasil por ca<strong>da</strong> está país trabalhando por meio <strong>da</strong> neste definição sentido de Metas e metas Nacionais nacionais de Biodiversi<strong>da</strong>de. estarão estabeleci<strong>da</strong>sain<strong>da</strong> em 2012. Assim, no presente panorama focou-se nos Objetivos Estratégicos deO Brasilestá trabalhando neste sentido e as metas nacionais estarão estabeleci<strong>da</strong>s ain<strong>da</strong> em 2012. Assim, no presentepanorama focou-se nos Objetivos Estratégicos de Aichi e na análise sobre o quadro atual, tendências edesafios Aichi e na para análise seu cumprimento sobre o quadro na <strong>Mata</strong> atual, <strong>Atlântica</strong> tendências brasileira. e desafios para seu cumprimento na <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> brasileira.Anuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 17


OBJETIVO ESTRATÉGICO A. Tratar <strong>da</strong>s causas fun<strong>da</strong>mentais deper<strong>da</strong> de biodiversi<strong>da</strong>de fazendo com que preocupações combiodiversi<strong>da</strong>de permeiem governo e socie<strong>da</strong>de• Meta 1 - Até 2020, no mais tar<strong>da</strong>r, as pessoas terão conhecimentodos valores <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de e <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s que poderão tomarpara conservá-la e utilizá-la de forma sustentável.• Meta 2 - Até 2020, no mais tar<strong>da</strong>r, os valores <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de serãointegrados em estratégias nacionais e locais de desenvolvimento eredução de pobreza e em procedimentos de planejamento, sendoincorporados em contas nacionais, conforme o caso, e sistemas derelatoria.• Meta 3 - Até 2020, no mais tar<strong>da</strong>r, incentivos lesivos à biodiversi<strong>da</strong>de,inclusive os chamados subsídios perversos, terão sido eliminados oureformados, ou estarão em vias de eliminação visando minimizar ouevitar impactos negativos. Incentivos positivos para a conservaçãoe uso sustentável de biodiversi<strong>da</strong>de terão sido elaborados eaplicados, de forma consistente e em conformi<strong>da</strong>de com a CDB eoutros compromissos internacionais relevantes, levando em contacondições sócio-econômicas nacionais.• Meta 4 - Até 2020, no mais tar<strong>da</strong>r, governos, setor privado egrupos de interesse em todos os níveis terão adotado medi<strong>da</strong>s ouimplementado planos de produção e consumo sustentáveis e terãoconseguido restringir os impactos <strong>da</strong> utilização de recursos naturaisdentro de limites ecológicos seguros.


E ste objetivo trata <strong>da</strong> produção e disponibilização doconhecimento e <strong>da</strong> mobilização <strong>da</strong>s forças nacionais,para que tanto o governo em sentido amplo, assimcomo a socie<strong>da</strong>de em geral, enten<strong>da</strong>m a importância eo valor <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de e assumam compromissos naspolíticas públicas e nas ações do dia-a-dia na busca dodesenvolvimento sustentável.Para tratar <strong>da</strong>s causas fun<strong>da</strong>mentais <strong>da</strong> per<strong>da</strong> debiodiversi<strong>da</strong>de o conhecimento e a concientização sobrea sua importância e valor é fun<strong>da</strong>mental. As pessoasbem informa<strong>da</strong>s são capazes de mobilizar e influenciardecisões individuais e coletivas, <strong>da</strong>s pequenas escolhasde consumo às grandes decisões sobre investimentos epolíticas públicas. Supõe-se que um maior conhecimentosobre os valores <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de levará a melhoresdecisões, apesar de sabermos que o conhecimento nãoé o único fator a influenciar as decisões, e até mesmoos valores individuais, já que as pessoas tendem a tervalores consistentes com seus interesses. Até mesmo oconhecimento tem seu potencial transformador limitadopela priori<strong>da</strong>des individuais, que tendem a valorizar asinformações que reforçam seus interesses e negar asinformações cujo reconhecimento possa lhes causarprejuízos ou,ain<strong>da</strong> que aparentemente, reduzir beneficios.Assim, a conservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de depende tambémde um encadeamento de interesses na socie<strong>da</strong>de quereforce, de forma positiva, a interdependência entre aspessoas e a biodiversi<strong>da</strong>de 1 .A PERCEPÇÃO DA SOCIEDADE E DO GOVERNOSOBRE A BIODIVERSIDADEAtualmente há uma certa unanimi<strong>da</strong>de no discursoambiental e até os maiores degra<strong>da</strong>dores usam empúblico o discurso de que são a favor de preservar omeio ambiente. No entanto, na prática do dia-a-dia, umgrande número de pessoas acha que preservação domeio ambiente é importante desde que não afete o seuterritório, comprometa seus benefícios ou o lucro dosseus negócios. A alteração desta postura passa portantopor uma profun<strong>da</strong> transformação nos campos <strong>da</strong> cultura,<strong>da</strong> economia e do quadro jurídico institucional de forma aque sejam reduzidos os atuais estímulos ao uso pre<strong>da</strong>tóriodo território e seus recursos, ao consumo irresponsávele, ao mesmo tempo valorizado o conceito e a prática <strong>da</strong>1 UICN, WWF-BRASIL e IPÊ. Metas de Aichi: Situação atual no Brasil. Ronaldo WeigandJr; Danielle Calandino <strong>da</strong> Silva; Danielade Oliveira e Silva. Brasília, DF: UICN, WWF-Brasie IPÊ, 2011.Anuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 19


sustentabili<strong>da</strong>de. Neste quadro é fun<strong>da</strong>mental quese disponha de informação sobre a importância <strong>da</strong>Biodiversi<strong>da</strong>de e dos serviços ambientais por elagerados e conhecimento sobre os efeitos nefastos<strong>da</strong> degra<strong>da</strong>ção e do mau uso dos ecossistemas e doterritório para a socie<strong>da</strong>de como um todo.Um exemplo de interdependência malcompreendi<strong>da</strong> e mal resolvi<strong>da</strong> em muitas áreas<strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> é a relação causa/efeito <strong>da</strong>ocupação de áreas frágeis e de risco, áreas essassujeitas a enchentes e deslizamentos. Grandeparte <strong>da</strong>s pessoas que moram nesses locais nãocompreendem ou não aceitam (por interesse ounecesi<strong>da</strong>de) que enquanto continuarem morandonessas áreas vão continuar sujeitas às per<strong>da</strong>seconômicas e até <strong>da</strong> própria vi<strong>da</strong>. O mais grave éque nos momentos de tragédias, os governantes,na maioria dos casos, se colocam como “salvadores”,liberando verbas e realizando obras meramentepaliativas e, sem atacar as ver<strong>da</strong>deiras causas. Damesma forma, na maioria dos casos, a imprensaque cobre tais tragédias trata a questão comsuperficiali<strong>da</strong>de sem apontar a causa do problema,que é a ocupação indevi<strong>da</strong>, na maioria <strong>da</strong>s vezesilegal, dessas áreas. O Jurista e atual Ministro doSuperior Tribunal de Justiça, Antonio HermannBenjamin, chama atenção para essa questão ediz que “a ocorrência de chuvas torrenciais e aconsequente elevação do nível de água dos riachose rios é natural, sempre existiu e sempre existirá.Ou seja, onde houve enchente uma vez, mais cedoou mais tarde haverá novamente. Se sabemosque é assim e sempre foi, o comportamento maisinteligente – e barato – é prevenir. Não há fórmulamais eficiente do que respeitar as áreas de risco edeixar de ocupá-las” 2 .Pesquisas de opinião nacional mostram que osbrasileiros, em geral, estão informados sobre abiodiversi<strong>da</strong>de e sobre os principais problemasambientais <strong>da</strong> atuali<strong>da</strong>de. Na pesquisa “O que osbrasileiros pensam sobre a biodiversi<strong>da</strong>de?”, umainiciativa do Ministério do Meio Ambiente, emparceria com WWF-Brasil, Funbio (Fundo Nacionalpara a Biodiversi<strong>da</strong>de), Natura e realiza<strong>da</strong> em 2006pelo Instituto Vox Populi com coordenação do ISER(Instituto de Estudos <strong>da</strong> Religião), a destruição <strong>da</strong>s2 <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> - Patrimônio Nacional dos Brasileiros - Prefácio. MMA, 2010Figura 2. Gráfico demonstrativo a respeito do conhecimento dosbrasileiros sobre a destruição <strong>da</strong>s florestasFigura 3. Gráfico demonstrativo do principal problema ambiental doBrasil, segundo a pesquisa “O que os brasileiros pensam sobre a biodiversi<strong>da</strong>de”( MMA, WWF, Funbio,Natura, Instituto Vox Populi e ISER)


florestas foi aponta<strong>da</strong> como “muito grave para oBrasil” por 76% dos 2.200 entrevistados (Figura 2 )(com mais de 16 anos, moradores de áreas urbanase rurais). Quando esse percentual é somado aosque avaliaram o problema como “grave”, esteíndice sobe para 98%. Desmatamento e queima<strong>da</strong>sapareceram como o principal problema ambientaldo Brasil, com 65% <strong>da</strong>s citações (Figura 3), seguidosde poluição/contaminação de rios, lagos e lagoas,com 43%. Entre os biomas mais ameaçados, surgemAmazônia (38%) e <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> (18%). Mu<strong>da</strong>nçasclimáticas, que em 2001 apareciam como “problemaque afeta grande parte do mundo” para apenas23% dos entrevistados, chegaram a 43% em 2006.O problema é considerado grave ou muito gravepor 76% dos brasileiros.A pesquisa de 2006 foi foca<strong>da</strong> na biodiversi<strong>da</strong>de,mas apresentou um extenso painel sobre opinião,conhecimento e atitude <strong>da</strong> população brasileiraperante temas correlatos. Sobre o conceito debiodiversi<strong>da</strong>de, ele era conhecido por 43% dosentrevistados. Entre esses, o nível de familiari<strong>da</strong>dechega a 84% entre pessoas com nível superior.Pesquisas mais recentes mostram que talconcientização vem crescendo junto à opiniãopública brasileira integrando a conservação <strong>da</strong>sflorestas à crescente preocupação com as mu<strong>da</strong>nçasclimáticas.Pesquisa CNI/Ibope “Retratos <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>deBrasileira: Meio Ambiente 3 ” , divulga<strong>da</strong> em04.05.2012, apontou que 65% <strong>da</strong> populaçãoconsidera a mu<strong>da</strong>nça do clima como umproblema muito grave e que deve ser enfrentadourgentemente. Em 2009, o índice foi de 47% (Figura4). A maioria (79%) associa o problema às açõesrealiza<strong>da</strong>s pelo homem e apenas 16% dizem que sedeve a um processo natural <strong>da</strong> terra. O percentual <strong>da</strong>população que se preocupa com o meio ambientede uma forma geral também aumentou de 80%, em2010, para 94%, em 2011 (Figura 5). Para 44% dosentrevistados, a preservação deve ter priori<strong>da</strong>desobre o crescimento econômico, enquanto 40%dizem que é possível conciliar os dois.3 RETRATOS DA SOCIEDADE BRASILEIRA: MEIO AMBIENTEhttp://www.cni.org.br/portal/<strong>da</strong>ta/pages/FF80808136AD2BEA01371940B71E-74DB.htm#ConteudoFigura 4.Gráfico demosntrativo do problema ambiental a ser enfrentadourgentemente pelos brasileiros, segundo pesquisa CNI/Ibope.Figura 5. Gráfico demonstrativo <strong>da</strong> evolução do percentual <strong>da</strong> populaçãoque se preocupa com o meio ambiente.Anuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 21


O desmatamento é o problema mais preocupantepara 53% dos entrevistados. Em segui<strong>da</strong> está apoluição <strong>da</strong>s águas, cita<strong>da</strong> por 44%, e as mu<strong>da</strong>nçasclimáticas, com 30%. Contudo, mais de 40% dizemque as iniciativas em prol <strong>da</strong> preservação do meioambiente se mantiveram inaltera<strong>da</strong>s, seja por partedo governo, <strong>da</strong>s empresas ou mesmo <strong>da</strong> população.Do total, 71% afirmam evitar o desperdício de águae 58% procuram economizar energia. Emboraa maioria (52%) diz estar disposta a pagar maiscaro por produtos ambientalmente corretos,apenas 18% dão priori<strong>da</strong>de a produtos “verdes”ou embalagens recicláveis. Mais <strong>da</strong> metade <strong>da</strong>população (59%) separa algum tipo de lixo e 67%Pesquisa (CNI/Ibope) – Retratos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de Brasileira: Meio AmbienteMu<strong>da</strong>nça ClimáticaAcham que as Mu<strong>da</strong>nças Climáticas são causa<strong>da</strong>s por problemasrelacionados pelas ações realiza<strong>da</strong>s pelo homemAcham que as Mu<strong>da</strong>nças Climáticas são causa<strong>da</strong>s por processonatural79%16%Preservação Ambiental ecrescimento econômicoAcham que a preservação ambiental deve ter priori<strong>da</strong>de sobre ocrescimento econômico44%Acham que é possível conciliar os dois 40%Desmatamento é o problema que mais preocupa 53%Poluição <strong>da</strong>s águas é o problema que mais preocupa 44%Mu<strong>da</strong>nças climáticas é o problema que mais preocupa 30%Acham que as iniciativas em prol <strong>da</strong> preservação do meioambiente se mantiveram inaltera<strong>da</strong>s nos últimos anos40%Preservação Ambiental econscientizaçãoEvitam desperdício de água 71%Economizam energia 58%Tem disposição de pagar mais caro por produtos ambientaiscorretos52%Priorizam produtos “verdes” ou embalagens recicláveis 18%Separam lixo 59%Consideram a reciclagem muito importante 67%Não tem acesso a coleta seletiva de lixo 48%Tabela 2. Conhecimento <strong>da</strong> população sobre meio ambiente e problemas ambientail


consideram a reciclagem muito importante para omeio ambiente. No entanto, 48% afirmam não teracesso à coleta seletiva de lixo (Tabela 2).Os <strong>resultados</strong> dessas pesquisas mostram que demaneira geral a população já tem informaçõessobre a importância do meio ambiente e <strong>da</strong>biodiversi<strong>da</strong>de e, além de estar preocupa<strong>da</strong> e maisconsciente, a maioria <strong>da</strong> população também estádisposta a fazer a sua parte para a solução dosproblemas. Cabe destacar que a grande maioria dosentrevistados nestas pesquisas de carater nacionalsão moradores <strong>da</strong> area <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> onde seconcentra cerca de 2/3 <strong>da</strong> população brasileira.RISCO DE RETROCESSOSe por um lado a Socie<strong>da</strong>de tem mostrado umacrescente preocupação e mobilização em relação àconservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de e do ambiente emgeral, por outro, os poderes executivos e legilastivoparecem an<strong>da</strong>r na contramão <strong>da</strong> opinião <strong>da</strong> maioriados brasileiros. Documento lançado em 06.03.2012,por um conjunto de ONGs e Movimentos Sociais 4 ,organizações essas que apoiam o desenvolvimentonão destrutivo e estão preocupa<strong>da</strong>s com apreservação do equilíbrio socioambiental no país,entre elas o ISA, WWF, SOS <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, Imazone Ipam, aponta que “o Brasil vive um retrocessosem precedentes na área socioambiental, o queinviabiliza a possibili<strong>da</strong>de do país continuaravançando na direção do desenvolvimento comsustentabili<strong>da</strong>de e ameaça seriamente a quali<strong>da</strong>dede vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s populações atuais e futuras”.O documento aponta que tem havido prejuízospara as atribuições de órgãos como o CONAMA ea redução dos poderes do IBAMA na fiscalizaçãoe licenciamento. Outro problema apontado, quereflete diretamente na conservação <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> foi a extinção do Núcleo <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> doMinistério do Meio Ambiente, criado no ano 2000 eque desde então tratava dos assuntos relacionadosao bioma, além de organizar anualmente a SemanaNacional <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> em conjunto com a Redede ONGs <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e a <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong><strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>. Entre os retrocessos e problemas4 RETROCESSOS DO GOVERNO DILMA NA AGENDA SOCIOAMBIENTAL- http://www.socioambiental.org/banco_imagens/pdfs/SOBRE_OS_RETROCES-SOS_DO_GOVERNO_DILMA_final_6mar2012.pdfapontados no documento <strong>da</strong>s ONGs destaca-setambém a proposta de alteração do Código Florestal.Entre os retrocessos e problemas apontadosno documento destacam-se a discussão semparticipação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, inclusive dos cientístas,<strong>da</strong> proposta de alteração do Código Florestal.O texto de Código Florestal aprovado no CongressoNacional e sancionado com vetos parciais pelaPresidente <strong>da</strong> República, desfigura a legislação deproteção às florestas, concedendo anistia ampla paradesmatamentos irregulares cometidos até julho de2008 e instituindo a impuni<strong>da</strong>de que estimularáo aumento do desmatamento. Além de anistiar arecuperação <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> Legal para imóveis comaté 4 módulos fiscais, para completar o retrocesso,a Presidente editou a Media Provisória 571/2012anistiando também a recuperação de Áreas dePreservação Permanente (matas ciliares) em até80% em relação ao parâmetros anteriores (30 a 500metros em ca<strong>da</strong> margem do rio a depender de sualargura) passando-os para 5 a 100 metros em ca<strong>da</strong>margem dos rios em todo o País. A Lei 12.651, de 25de maio de 2012, que substituiu o Código Florestalde 1965, afronta estudos técnicos de muitos dosmelhores cientistas brasileiros, que se manifestamchocados com o desprezo aos alertas feitos sobreos erros grosseiros e desmandos evidentes <strong>da</strong>proposta aprova<strong>da</strong> e sanciona<strong>da</strong>. As mu<strong>da</strong>nçasaprova<strong>da</strong>s no Código Florestal são particularmentenefastas para a <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> pois colocarão emrisco as possibili<strong>da</strong>des de recuperação.Nota pública sobre o novo Código FlorestalBrasileiro, divulga<strong>da</strong> em 28.05.2012, pelo ComitêBrasil em Defesa <strong>da</strong>s Florestas e do DesenvolvimentoSustentável, que reúne mais de 160 instituiçõessocioambientalistas, além <strong>da</strong> CNBB, CUT, OAB, Fórumde ex-Ministros do Meio Ambiente, instituições depequenos agricultores e comuni<strong>da</strong>des tradicionais 5 ,avalia que “o governo brasileiro perdeu a5 O Comitê em Defesa <strong>da</strong>s Florestas e do Desenvolvimento Sustentável écoordenado por: ABONG;CNBB; Coalizão SOS Floresta (Amigos <strong>da</strong> Terra - Amazônia;APREMAVI; FLORESPI; Fun<strong>da</strong>ção O Boticário;Greenpeace; ICV; IMAFLORA; IPAM;ISA; SOS <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>; WWF-Brasil; Socie<strong>da</strong>de Chauá; SPVS); Comissão Brasileirade Justiça e Paz – CBJP; CNS; Comitê Inter-Tribal; CONIC; CUT; FETRAF; FNRU;FASE;FBOMS; FETRAF; Fórum de Mu<strong>da</strong>nça Climática e Justiça Social; Fórum ex--Ministros Meio Ambiente; GTA;IDS; INESC; Instituto Ethos; Jubileu SUL; OAB; RedeCerrado; Rede <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>; REJUMA; Via Campesina (ABEEF, CIMI, CPT, FEAB,MAB, MMC, MST, MPA, MPP e PJR).Anuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 23


oportuni<strong>da</strong>de de não ceder à pressão ruralistae apontar para o desenvolvimento sustentávele social”. A edição <strong>da</strong> MP 571/2012 devolveu aoCongresso Nacional a decisão sobre o futuro <strong>da</strong>sflorestas, o que será feito apenas após a Rio+20,quando os setores mais atrasados certamente vãoquerer reduzir ain<strong>da</strong> mais a proteção. Neste sentido,o Comitê Brasil em Defesa <strong>da</strong>s Florestas alerta que“a mobilização <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de deve continuar apressionar o Congresso e o Governo Federal contraa anistia aos desmatadores”.A forte ameaça à legislação ambiental construí<strong>da</strong> nasúltimas déca<strong>da</strong>s e o enfraquecimento institucional<strong>da</strong>s instâncias responsáveis pela articulação <strong>da</strong>proteção, uso sustentável e restauração <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> reflete o atual descompasso entre amobilização <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de e as políticas públicas anível federal. Este descompasso é o fato de maiorrelevância no que tange à conservação <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> e demais biomas brasileiros nestes doisúltimos anos, comprometendo o desejado avançono cumprimento dos objetivos <strong>da</strong> CDB.A paralisia depois de seguidos avanços, na agen<strong>da</strong><strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças climáticas também preocupa.Entre 2005 e 2010 o Brasil vinha <strong>da</strong>ndo passosdecisivos ano após ano para avançar a agen<strong>da</strong> deenfrentamento <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças climáticas no cenárionacional e internacional. Esse esforço culminou,em 2009, com a acerta<strong>da</strong> definição de metas pararedução de gases de efeito estufa incorpora<strong>da</strong>s naLei <strong>da</strong> Política Nacional de Mu<strong>da</strong>nças Climáticasque pautaram a vira<strong>da</strong> de posição <strong>da</strong>s economiasemergentes. A regulamentação <strong>da</strong> lei em 2010determinou a construção dos planos setoriaispara redução de emissões em 2011. Porém o quese viu em 2011 foi uma forte retração <strong>da</strong> agen<strong>da</strong> enenhum dos planos setoriais previstos foi finalizadoe levado à consulta pública.A SOCIEDADE NA LUTA POR AVANÇOSPara evitar os retrocessos atualmente em curso ebuscar avanços nas políticas públicas a participaçãoe pressão <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de é fun<strong>da</strong>mental. Comoexemplo bem sucedido nas últimas duas déca<strong>da</strong>spode-se apontar a luta <strong>da</strong> Rede de ONGs <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> em conjunto com enti<strong>da</strong>des como aFun<strong>da</strong>ção SOS <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e a <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong><strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>,entre outras, em buscado aprimoramento <strong>da</strong> legislação. Estas enti<strong>da</strong>deselegeram como uma de suas principais bandeirasa aprovação de uma lei específica para a <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong>., finalmente sanciona<strong>da</strong> em 2006. ARede, Cria<strong>da</strong> durante a Rio-92, representandohoje mais de 300 ONGs filia<strong>da</strong>s, também é aprincipal protagonista <strong>da</strong> permanente campanhapelo Desmatamento Zero na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>. Noâmbito regional, merecem destaque entre outras,a atuação <strong>da</strong> Associação de Proteção <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> do Nordeste – AMANE e a campanha <strong>da</strong>Rede Ambiental do Piauí (Reapi), que juntamentecom a Rede de ONGs <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e outrasinstituições vem promovendo a anos a campanhaem defesa <strong>da</strong> Serra Vermelha, última grande florestado Nordeste, ameaça<strong>da</strong> por grileiros e carvoeiros aserviço <strong>da</strong>s siderúrgicas, visando transformá-la emum Parque Nacional. O mesmo ocorre nas regiõessul, sudeste e centro-oeste com dezenas de ONGs etambem instituições governamentais e acadêmicasdesenvolvendo projetos e campanhas em defesa<strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>.Pode-se observar alguns exemplos de campanhas eprojetos realizados, como:• Campanhas Fauna <strong>da</strong>s Gerais (A Gerencia deProteção à Fauna, Flora e Bioprospecção do InstitutoEstadual de Florestal de Minas Gerais);• Projeto de Adequação socioeconômica eambiental de proprie<strong>da</strong>des rurais – SEAPA-MG;• Instalação de Centros de Educação para aconservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> (Murici – AL/Serra do Urubu – PE);Recentemente a Rede de ONGs <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>,a Fun<strong>da</strong>ção SOS <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e a <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong><strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, juntamente comoutras redes socioambientais e institutições deâmbito nacional como as cita<strong>da</strong>s anteriormente,vem concentrando esforços no impedimento dodemanche <strong>da</strong> legislação ambiental, especialmenteo Código Florestal e a Lei <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>. Istoreflete um grande envolvimento e mobilização <strong>da</strong>socie<strong>da</strong>de que vive na região <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> navalorização e proteção <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de brasileira.Pode se destacar também nos ultimos dois anoso trabalho de organização e reconhecimento <strong>da</strong>sRedes de Mosaicos de Áreas Protegi<strong>da</strong>s que vemtrabalhando para a difusão e a implementaçãodeste instrumento de gestão integra<strong>da</strong> do território.


Outras redes sociais volta<strong>da</strong>s à gestão de áreasprotegi<strong>da</strong>s na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e ecossistemasassociados vem sendo organiza<strong>da</strong>s e implementa<strong>da</strong>sa exemplo <strong>da</strong> Rede de Gestores de Uni<strong>da</strong>desde Conservação do Corredor Central do <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong>, a Rede de Gestores <strong>da</strong>s UCs <strong>da</strong>s RegiõesNordeste e Sul, a Rede Mangue <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>,os Colegiados Regionais e Comitês Estaduais <strong>da</strong>RBMA, a Coalização Abrolhos e o Grupo ConexãoAbrolhos-Trintade vinculado a RBMA, que vemtrabalhando para a conservação e uso sustentável<strong>da</strong> região costeira-marinha.MONITORAMENTO E MAPEAMENTOMOSTRAM A REALIDADE DA MATA ATLÂNTICANo final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1980, a Fun<strong>da</strong>ção SOS <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong>, o INPE e o IBAMA selaram um acordo pararealizar o primeiro mapeamento sobre a situaçãodos remanescentes florestais <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>utilizando imagens de satélites. Desde aquelaépoca, vem sendo alcançados avanços importantesdo ponto de vista <strong>da</strong> análise <strong>da</strong> paisagem emonitoramento <strong>da</strong> evolução <strong>da</strong> cobertura vegetalnativa <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>.Esse trabalho 6 , que vem sendo sistematicamenteatualizado e também melhorado em termos deescala, vai ser melhor abor<strong>da</strong>do no Objetivo 2.No âmbito governamental, o Projeto de Conservaçãoe Utilização Sustentável <strong>da</strong> Diversi<strong>da</strong>de BiológicaBrasileira 7 , mapeou todos os biomas brasileiros naescala 1:250.000 com imagens do ano 2000 (PROBIO2007).O contínuo monitoramento <strong>da</strong> coberturavegetal <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> há mais de 20 anos e o6 As duas edições do Atlas <strong>da</strong> Evolução dos Remanescentes Florestaise Ecossistemas Associados no Domínio <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, correspondentes aosperíodos de 1985-1990 e 1990-1995, apresentaram os primeiros mapeamentosrealizados nesta região, a partir de análises de imagens TM/Landsat, em dezestados abrangidos pela <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, <strong>da</strong> Bahia ao Rio Grande do Sul, respectivamentenas escalas 1:1.000.000 e 1:250.000. A Fun<strong>da</strong>ção SOS <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e oInstituto Nacional de Pesquisas Espaciais lançaram, ain<strong>da</strong> outros quatro Atlas, como mapeamento na escala 1:50.000, referentes aos anos de 1995-2000, 2000-2005,2005-2008 e 2008-2010.7 O mapeamento realizado pelo Projeto de Conservação e Utilização Sustentável<strong>da</strong> Diversi<strong>da</strong>de Biológica Brasileira (Probio), foi uma iniciativa <strong>da</strong> Secretariade Biodiversi<strong>da</strong>de e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, o escala utiliza<strong>da</strong> nomapeamento foi 1:250.000.aperfeiçoamento <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s imagens desatélite e dos métodos de análise tem permitidoa geração de informações fun<strong>da</strong>mentais para amelhor definição de estratégias de conservação.Nesta direção, por iniciativa <strong>da</strong> Secretaria deBiodiversi<strong>da</strong>de e Florestas do Ministério do MeioAmbiente, encontra-se em execução pela Funcate/INPE um novo projeto de mapeamento de todosos remanescentes de vegetação nativa primáriae secundária (florestais e não florestais) em to<strong>da</strong> aárea delimita<strong>da</strong> no Mapa <strong>da</strong> Área de Aplicação <strong>da</strong> Lei11.428, de 2006. Este trabalho, na escala 1:50.000,com base em imagens de resolução espacial de 2,5e 10 metros, está mapeando todos os fragmentosde vegetação nativa superiores a 3 ha e deverá estarconcluído no segundo semestre de 2012.PRODUTOS SUSTENTÁVEIS DA MATAATLÂNTICAEsforços também têm sido feitos para quantificar,nacionalmente, a contribuição <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>depara a economia como, por exemplo, o estudodesenvolvido pelo MMA e o Programa <strong>da</strong>sNações Uni<strong>da</strong>s para o Meio Ambiente (PNUMA)sobre a contribuição econômica <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des deconservação para a economia nacional (MEDEIROS,R. et al., 2011). Disponibilizando informações comopor exemplo que as uni<strong>da</strong>des de conservação doBrasil impedem a emissão de carbono equivalenteas R$ 96 bilhões, por ano.Outro exemplo é o Plano Nacional de Promoção <strong>da</strong>sCadeias de Valor dos Produtos <strong>da</strong> Sociobiodiversi<strong>da</strong>de– PNPSB do qual participam MMA, MDA, MDS eCONAB como principais gestores além de parceiroscomo governos dos estados, SEBRAE, a <strong>Reserva</strong><strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e integrantes <strong>da</strong>scadeias de valor nas regiões de atuação do Plano. Aidéia é fortalecer as cadeias de valor dos principaisprodutos <strong>da</strong> sociobiodiversi<strong>da</strong>de brasileira pormeio de fomento a Arranjos Produtivos Locais ede ferramentas como garantia de preço mínimo,aquisição de alimentos pelo Governo e inserçãodestes produtos na alimentação escolar (mercadosinstitucionais).A inserção <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> se deu pela inclusão<strong>da</strong> piaçava, explora<strong>da</strong> no litoral <strong>da</strong> Bahia, nas dezcadeias prioritárias do Plano Nacional e, mais tarde,Anuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 25


pela identificação de outras três cadeias de grandeimportância, tanto do ponto de vista econômicocomo <strong>da</strong> conservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de: a polpa<strong>da</strong> juçara, o pinhão e a erva mate. Atualmente estãosendo fomentados Arranjos Produtivos Locais quetrabalham com estes produtos e, ao mesmo tempo,estão sendo elabora<strong>da</strong>s as diretrizes para o manejosustentável de ca<strong>da</strong> um deles para assegurarque o apoio governamental de fato resulte emconservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de pelas populaçõesque deles dependem para sobreviver.Para reforçar o uso sustentável e o consumode produtos sustentáveis <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> foicriado, no âmbito <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> o Programa Mercado <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> quevisa ca<strong>da</strong>strar e colocar em evidência produtossustentáveis <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>e aumentar a ren<strong>da</strong> dos empreendimentos quedeles vivem. Este programa tornou-se referência doPNPSB para as cadeias de valor <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> eaju<strong>da</strong> a identificar empreendimentos que possamse beneficiar de oportuni<strong>da</strong>des de comunicação ecomercialização por meio <strong>da</strong> inserção <strong>da</strong> Praça <strong>da</strong>Sociobiodiversi<strong>da</strong>de em eventos e feiras nacionaise internacionais.No seu planejamento estratégico, o ProgramaMercado <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> relaciona os seus objetivosaos “Objetivos e às Metas de Aichi”, especialmente aoObjetivo A - Meta 1 - Conscientizar as pessoas sobreo valor <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de, Meta 2 - Integrar os valores<strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de no desenvolvimento e Meta 4- Produção e consumo sustentáveis; ao ObjetivoC - Meta 13 - Conservação <strong>da</strong> agrobiodiversi<strong>da</strong>dee ao Objetivo E - Meta 18 - Respeito às populaçõese conhecimentos tradicionais.em 2011 o Programajá atendia a mais de 3000 empreendimentos e,em2012 tem inicio a certificação dos primeiros 20produtos com o Selo Mercado <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>.Pode-se notar a existência de várias ativi<strong>da</strong>desvolta<strong>da</strong>s a utilização sustentável dos recursosnaturais e geração de ren<strong>da</strong> em alguns estadosabrangidos pela <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, como por exemploo Ceará com o cultivo e beneficiamento sustentávelde algas marinhas nos municípios de Icapuí e Trari,realizado pela Fun<strong>da</strong>ção Brasil Ci<strong>da</strong>dão/Terramar;e a implantação de sistemas agroflorestais earranjos produtivos do Mel, Flores tropicais e Caféde Floresta, realizado pela Secretaria Estadual deDesenvolvimento Agrário/CEPEMA, CooperativaCONCAFÉ e Associação APEMB.Entre essas ativi<strong>da</strong>des podemos destacar tambemo projeto para a geração de ren<strong>da</strong> apoiado pelosPostos Avançados <strong>da</strong> RBMA em Alagoas, o qualpossibilitou o desenvolvimento de 55 projetos,beneficiando 5.534 famílias vincula<strong>da</strong>s à associaçõese cooperativas, assegurando ren<strong>da</strong> mínima mensalde R$ 500,00 (quinhentos reais) por família.Acesso à informação aju<strong>da</strong> a criar consciênciasobre importância <strong>da</strong> conservação <strong>da</strong>biodiversi<strong>da</strong>deUm aspecto fun<strong>da</strong>mental para promover aimportância e o valor <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de e dosserviços ecossistêmicos junto aos governantes eà socie<strong>da</strong>de em geral é a produção de materiaisde divulgação em linguagem acessível. Nestesentido, com regulari<strong>da</strong>de vem sendo lança<strong>da</strong>sdiversas publicações para auxiliar na compreensão<strong>da</strong> importância <strong>da</strong> conservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de,além de mostrar formas e métodos de recuperaçãoambiental <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>. Dentre as maisrecentes podem-se destacar, pelo Ministério doMeio Ambiente: a) <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> - PatrimônioNacional dos Brasileiros, 408p, 2010; b) <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> - Manual de Adequação Ambiental, 91p,2010; c) Pagamentos por Serviços Ambientais na<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>: lições aprendi<strong>da</strong>s e desafios, 272p,2011.Dentre as diversas publicações realiza<strong>da</strong>spelos governos dos estados abrangidos pela<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e devi<strong>da</strong>mente referenciadosna bibliografia, pode-se destacar: Livro BiotaMinas – Diagnóstico <strong>da</strong> Conhecimento sobre abiodiversi<strong>da</strong>de no Estado de Minas Gerais; ChecklistFlora de Alagoas; Inventário dos remanescentesflorestais de Alagoas;Áreas e Ações Prioritárias paraa Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>no Estado do Espírito Santo. A publicação “Cadernode Indicadores - Dimensão Ambiental”,do ProgramaBiota-MS que comtemplou áreas protegi<strong>da</strong>s,recursos hídricos, animais ameaçados de extinção,espécies exóticas invasoras, queima<strong>da</strong>s e incêndiosflorestais para todo o estado,incluindo ecossistemas<strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> .


Também diversas ONGs,instituiçõesacadêmicas,redes institucionais e empresascontribuíram recentemente com importantespublicações e material de divulgação sobre a<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> . A título de exemplo pode-se citara Série Cadernos <strong>da</strong> RBMA que ,desde 1994 tratade temas diversos de conservação,conhecimentoe desenvolvimento sustentável no bioma , aspublicações do Pacto pela Restauração <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> e do Diálogo Florestal.CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕESÉ inequívoco que no Brasil, e em particular na<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, houve significativos avanços, nasúltimas déca<strong>da</strong>s, no aumento e na consoli<strong>da</strong>ção doconhecimento sobre a biodiversi<strong>da</strong>de e tambémna implementação de ações para a sua proteção,conservação e recuperação, graças à ação deinúmeras universi<strong>da</strong>des, centros de pesquisa, órgãosgovernamentais, Ministério Público, empresas,imprensa, ONGs e movimentos sociais. Esse avançose reflete inclusive nos <strong>resultados</strong> <strong>da</strong>s pesquisas deopinião pública nacional cita<strong>da</strong>s.As instituições de ensino e pesquisa, empresas,igrejas, movimentos populares, organizações sociais,imprensa, Ministério Público, Judiciário e ONGssocioambientais têm papel fun<strong>da</strong>mental, tanto nacobrança de coerência e ações proativas do governos,quanto na disseminação do conhecimento sobre abiodiversi<strong>da</strong>de para a população em geral.O crescimento <strong>da</strong> Internet e <strong>da</strong>s redes sociais apontapara um papel decisivo desses meios de comunicaçãonos próximos anos. Um exemplo <strong>da</strong> força dessasnovas ferramentas de comunicação foi a Campanha“VetaTudoDilma” pedindo o veto total do CódigoFlorestal aprovado no Congresso, que virou umfenômeno nas redes sociais.Embora a Presidência<strong>da</strong> República tenha feito apenas vetos parciais ecomplementado as medi<strong>da</strong>s por meio de polêmicamedi<strong>da</strong> provisória ,que segundo vários analistasconsoli<strong>da</strong> retrocessos na área ambiental brasileira,otema ganhou repercução nacional e certamente serápauta política importante nas próximas eleições umavez que apontou uma grande defazagem entre oque pensa a socie<strong>da</strong>de e o que decidem os políticosque a representa.O que é indiscutível é o fato de quecom o advento <strong>da</strong>s redes sociais conta-se com novosinstrumentos para a informação ,concientizaçãoe mobilização <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de em defesa de umdesenvolvimento mais sustentável.É necessário ca<strong>da</strong> vez mais fortalecer a interdependênciaentre desenvolvimento e biodiversi<strong>da</strong>de, aumentandosua valorização e levar informações sobre o quefazer, como fazer, quando e onde ca<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>dão podeatuar para <strong>da</strong>r sua parcela de contribuição na defesa,conservação ou restauração <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de e dosrecursos naturais.Anuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 27


OBJETIVO ESTRATÉGICO B. Reduzir as pressões diretas sobrebiodiversi<strong>da</strong>de e promover o uso sustentável.• Meta 5 - Até 2020, a taxa de per<strong>da</strong> de todos os habitats nativos, inclusiveflorestas, terá sido reduzi<strong>da</strong> em pelo menos a metade e, na medi<strong>da</strong> dopossível, leva<strong>da</strong> a perto de zero, e a degra<strong>da</strong>ção e fragmentação terão sidoreduzi<strong>da</strong>s significativamente.• Meta 6 - Até 2020, o manejo e captura de quaisquer estoques de peixes,invertebrados e plantas aquáticas serão sustentáveis, legais e feitos comaplicação de abor<strong>da</strong>gens ecossistêmicas, de modo a evitar a sobrexploração,colocar em prática planos e medi<strong>da</strong>s de recuperação para espécies exauri<strong>da</strong>s,fazer com que a pesca não tenha impactos adversos significativos sobreespécies ameaça<strong>da</strong>s e ecossistemas vulneráveis, e fazer com que os impactos<strong>da</strong> pesca sobre estoques, espécies e ecossistemas permaneçam dentro delimites ecológicos seguros.• Meta 7 - Até 2020, áreas sob agricultura, pscicultura e silviculturaserão maneja<strong>da</strong>s de forma sustentável, assegurando a conservação <strong>da</strong>biodiversi<strong>da</strong>de.• Meta 8 - Até 2020, a poluição, inclusive resultante de excesso de nutrientes,terá sido reduzi<strong>da</strong> a níveis não prejudiciais ao funcionamento de ecossistemase <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de.• Meta 9 - Até 2020, espécies exóticas invasoras e seus vetores terão sidoidentifica<strong>da</strong>s, espécies prioritárias terão sido controla<strong>da</strong>s ou erradica<strong>da</strong>se medi<strong>da</strong>s de controle de vetores terão sido toma<strong>da</strong>s para impedir suaintrodução e estabelecimento.• Meta 10 - Até 2015, as múltiplas pressões antropogênicas sobre recifesde coral e demais ecossistemas impactados por mu<strong>da</strong>nças de clima ouacidificação oceânica terão sido minimiza<strong>da</strong>s para que sua integri<strong>da</strong>de efuncionamento sejam mantidos.


Este objetivo trata <strong>da</strong> redução <strong>da</strong> pressão sobre abiodiversi<strong>da</strong>de e ao mesmo tempo <strong>da</strong> promoção douso sustentável. Neste item serão abor<strong>da</strong><strong>da</strong>s questõesrelaciona<strong>da</strong>s ao mapeamento e monitoramento <strong>da</strong>evolução <strong>da</strong> cobertura vegetal nativa <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>,os principais vetores <strong>da</strong> destruição na atuali<strong>da</strong>de e asua interação com a zona costeira e marinha.MAPEAMENTO E MONITORAMENTOA <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> é a ecorregião brasileira maisaltera<strong>da</strong> em razão <strong>da</strong> drástica redução <strong>da</strong> sua áreaoriginal. Levantamento incluindo todos os tiposde vegetação e também todos os remanescentes(estágios inicial, médio e avançado de regeneração evegetação primária) realizado em 2008 pelo Centrode Sensoriamento Remoto do IBAMA, apontou aexistência de 26,5% de remanescentes de vegetaçãonativa, sendo 21,6% de fisionomias florestais e 4,9%de não-florestais, incluindo algumas áreas de contatocom floresta (CSR/IBAMA 2010). Outro levantamento,realizado pela Fun<strong>da</strong>ção SOS <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e INPE,indica a existência de meros 7,90% <strong>da</strong> área originalem remanescentes de mata (manguezal, restinga eflorestas) bem conservados com extensão acima de100 hectares (um quilômetro quadrado) 1 , distribuídosem 18.397 polígonos (Figura 6).Esses <strong>da</strong>dos apontam que a fragmentação <strong>da</strong>vegetação nativa <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> é um processoextremamente crítico, em seus vários ecossistemas,com fragmentos predominantemente dispersos, nãoraramente distantes uns dos outros, comprometendoo fluxo gênico e, por conseguinte, a manutenção desua diversi<strong>da</strong>de biológica. Parte dos remanescentesse encontra em proprie<strong>da</strong>des priva<strong>da</strong>s, localiza<strong>da</strong>sem regiões serranas e de difícil acesso paraaproveitamento agropecuário, principalmente no Sule Sudeste do País. Essa dificul<strong>da</strong>de de acesso dificultouo desenvolvimento de ativi<strong>da</strong>des agropecuárias econtribuiu para conservação dessas áreas.O monitoramento <strong>da</strong> evolução <strong>da</strong> cobertura vegetalnativa <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, realizado sistematicamente1 Atlas dos Remanescentes Florestais <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, 2010-2011: http://webcall.riweb.com.br/sos/29052012/material/290512_atlas2010-2011_sintese.pdf -“Este número de (7,90%) totaliza os fragmentos acima de 100 hectares, ou 1 km2, e têmcomo base remanescentes florestais de 16 dos 17 Estados onde ocorre (AL, PE, SE, RN,CE, PB, BA, GO, MS, MG, ES, RJ, SP, PR, SC e RS).Anuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 29


desde 1985 pela Fun<strong>da</strong>ção SOS <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>em conjunto com o INPE, aponta redução dedesmatamento para todos os períodos analisadosem relação aos períodos anteriores (Tabela 3).No entanto, o desmatamento zero definido pelaCONABIO para 2010 ain<strong>da</strong> não foi alcançado.Segundo <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> SOS <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>/INPE 2 , emmédia, no período 2008-2010, a taxa anual dedesmatamento apresentou uma que<strong>da</strong> de 21%2 ATLAS DOS REMANESCENTES FLORESTAIS DA MATA ATLÂNTICA PERÍODO2008-2010 (http://mapas.sosma.org.br/site_media/download/atlas_2008-10_relatorio%20final_versao2_julho2011.pdf)O mapeamento <strong>da</strong> SOS/INPE não inclui osremanescentes florestais em estágio inicial de regeneração e os remanescentes de algunsecossistemas associados à <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> como os campos de altitude e os refúgiosvegetacionais.PeríodoDesmatamento - hectares1985-1990 466.9371990-1995 500.3171995-2000 445.9522000-2005 174.8282005-2008 102.9382008-2010 31.1952010-2011 13.312Total 1.735.479Tabela 3. Evolução do desmatamento <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>FONTE: SOS <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>/INPE (Atlas dos Remanescentes Florestais<strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, 2010-2011: http://webcall.riweb.com.br/sos/29052012/material/290512_atlas2010-2011_sintese.pdfem relação ao período anterior do estudo (2005– 2008). Este levantamento, que incluiu áreasde 9 estados (GO, MG, ES, RJ, SP, MS, PR, SC, RS)apontou o desmatamento de 31.195 hectares deremanescentes florestais, vegetação de restingae de manguezal e mostrou que alguns estadoscontinuam desmatando mais que outros.Em alguns estados houve uma significativa reduçãodo desmatamento, em outros o incremento foi muitopronunciado. Os casos mais graves identificadosforam os dos Estados de Minas Gerais, Paraná e SantaCatarina. O Estado de Minas Gerais perdeu umaárea equivalente à de 12,5 mil campos de futebol– aumento de 15% em relação aos <strong>da</strong>dos de 2005a 2008. Ain<strong>da</strong> em Minas Gerais, o município Portodos Volantes, no Vale do Jequitinhonha, registrousozinho 3,2 mil hectares de desmatamento, mais queo dobro <strong>da</strong> devastação soma<strong>da</strong> dos estados do Riode Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, EspíritoSanto e Goiás no mesmo período. Já no período2010-2011, a SOS <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e o INPE apontamum total desmatado de 13.212 hectares, indicandonova que<strong>da</strong> no desmatamento. No total houve umaque<strong>da</strong> 18% em relação ao levantamento de 2010,quando o desmatamento atingiu 31.195 hectares.Éentrentanto alarmante o fato de que apenas doisestados, o de Minas Gerais (com 6.339 hectares) e o<strong>da</strong> Bahia (com 4.686 hectares), responderem juntospor 83% de todos os desmatamentos <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> no periodo (Tabela 4).UFÁrea UFÁrea Original doBioma% UF Remanescentes FlorestaisDecremento(período 2010-2011)2010 20111º MG 58.697.565 27.235.854 46% 3.087.045 6.3392º BA* 56.557.948 18.875.099 33% 2.408.648 4.4933º MS 36.193.583 6.366.586 18% 969.684 5884º SC 9.591.012 9.591.012 100% 2.322.891 5685º ES 4.614.841 4.614.841 100% 512.590 3646º SP 24.873.203 16.918.918 68% 2.642.468 2167º RS 28.403.078 13.759.380 48% 1.132.084 1118º PR 20.044.406 19.667.485 98% 2.429.652 719º RJ 4.394.507 4.394.507 100 861.086 9210º GO 34.127.082 1.051.422 3% 33.617 33* Estado parcialmente avaliadoTabela 4. Desflorestamento no período de 2010-2011 (em ha)FONTE: SOS <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>/INPE (Atlas dos Remanescentes Florestais <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, 2010-2011: http://webcall.riweb.com.br/sos/29052012/material/290512_atlas2010-2011_sintese.pdf)


Figura 6. Mapa dos remanescentes de vegetação nativa <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>Anuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 31


A que<strong>da</strong> constante no ritmo de desmatamento éresultado <strong>da</strong> legislação específica mais rigorosapara a <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> (Decreto 750/93 e atualmentea Lei <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> – Lei 11.428/06 e o Decreto6.660/08) e uma atuação mais firme de órgãosde fiscalização e do Ministério Público, além deinúmeras campanhas de educação ambiental porparte de ONGs e órgãos públicos.VETORES DO DESMATAMENTOSegundo o Ministério do Meio Ambiente 3 , mesmoque o ritmo geral de desmatamento tenhadiminuído de forma consistente, os números dodesmatamento ain<strong>da</strong> são alarmantes e totalmenteinjustificáveis se considerado o grau de destruiçãojá atingido pela <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>. São diversos osfatores que ain<strong>da</strong> impactam e contribuem com adegra<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>. Um deles é o avanço<strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des sem que haja um planejamento e àmercê <strong>da</strong> especulação imobiliária, especialmentenas ci<strong>da</strong>des ao longo do litoral. A consequênciadisso é a destruição de ecossistemas e desastressocioambientais com loteamentos inteiros sendoatingidos por deslizamentos de terra <strong>da</strong>s encostascom alta declivi<strong>da</strong>de ou sofrendo com inun<strong>da</strong>ções,por terem se instalado em áreas de preservaçãopermanente nas margens dos rios.Há também grandes obras e empreendimentoscomo as hidrelétricas, que ain<strong>da</strong> são planeja<strong>da</strong>ssem considerar devi<strong>da</strong>mente a importância dosecossistemas naturais pre- servados. Um exemplorecente é a hidrelétrica de Barra Grande na baciado Rio Uruguai, na divisa de Santa Catarina como Rio Grande do Sul, cujo lago inundou mais de6.000 hectares de <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, sendoaproxima<strong>da</strong>mente 3.000 hectares de florestaprimária. Outro exemplo, que ain<strong>da</strong> pode serevitado, é o conjunto de hidrelétricas previstas paraa bacia do rio Ribeira de Iguape, na divisa de SãoPaulo com o Paraná.Outra ativi<strong>da</strong>de impactante principalmente noCeará, Rio Grande do Norte, Paraiba, nas regiõesNordestes é a carcinicultura, criação de camarãoem cativeiro, que muitas vezes é implanta<strong>da</strong> emáreas de manguezais e restingas, suprimindo o3 <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> - Patrimônio Nacional dos Brasileiros (MMA, 2010).ecossistema natural e limitando a atuação <strong>da</strong>população tradicional, que vive <strong>da</strong> catação decaranguejos.Existem ameaças também vin<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des demineração, especialmente na região sul de SantaCatarina e áreas de Minas Gerais e Espírito Santo,que causam impactos ambientais negativos emuitas vezes suprimem remanescentes florestais eecossistemas associados à <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>. O avançode monoculturas extensivas agrícolas e de árvoresexóticas ain<strong>da</strong> vem sendo feito sem o devidocui<strong>da</strong>do ambiental e planejamento em algumasregiões,especialmente na Bahia, Espírito Santo eMinas Gerais, promovendo desmatamento. Nosestados de Santa Catarina, Paraná e Bahia, ain<strong>da</strong>ocorre a exploração madeireira seletiva de espéciesameaça<strong>da</strong>s de extinção, mesmo sendo essa umaativi<strong>da</strong>de ilegal. Na Bahia, existe um ver<strong>da</strong>deiroindustrianato (indústria do artesanato) que usacomo matéria-prima, espécies ameaça<strong>da</strong>s deextinção.Outro vetor importante de destruição é odesmatamento ou corte <strong>da</strong> vegetação nativapara a produção de carvão vegetal, utilizado nassiderúrgicas. Essa ativi<strong>da</strong>de ilegal tem suprimidoremanescentes dos encraves de florestas estacionaisdeciduais e semideciduais, principalmente nointerior de Minas Gerais, Bahia e Piauí. Tal ativi<strong>da</strong>demuitas vezes conta com a complacência dos órgãosambientais federais e estaduais.Por fim, não se pode deixar de mencionar que a <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> ain<strong>da</strong> não está livre <strong>da</strong> captura e do tráficode seus animais silvestres e <strong>da</strong> caça indiscrimina<strong>da</strong>em algumas regiões, problemas estes de difícilcontrole.A MATA ATLÂNTICA E A MITIGAÇÃO DOSEFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICASO auge <strong>da</strong> exploração irracional e conversão deecossistemas naturais <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> para outrosusos do solo aconteceu no século XX. Recente estudopublicado na revista Global Biogeochemical Cyclese realizado por Marcos Costa, do Departamentode Engenharia Agrícola <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federalde Viçosa (UFV), e por Christiane Leite, também <strong>da</strong>


UFV, Britaldo Soares Filho e Letícia Hissa, do Centrode Sensoriamento Remoto <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federalde Minas Gerais (UFMG) 4 estima que o Brasil emitiu17,2 bilhões de tonela<strong>da</strong>s de carbono (Gt-C) poresse motivo entre 1940 e 1995, período no qual,segundo eles, a área ocupa<strong>da</strong> pela agropecuáriamais do que dobrou, de 106 milhões para 219milhões de hectares. A maior parte dessas emissõesfoi produzi<strong>da</strong> pela ocupação e destruição <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> (43%) e do Cerrado (29%). A Amazôniaaparece com 25% do total emitido no período(Tabela 5).Emissões históricas de carbono produzi<strong>da</strong>s pela ocupação edestruição <strong>da</strong>s florestas no BrasilBiomas %<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 43%Cerrado 29%Amazônia 25%Tabela 5. Emissões históricas de carbono produzi<strong>da</strong>s pela ocupaçãoe destruição <strong>da</strong>s florestas no Brasil.A que<strong>da</strong> no ritmo do desmatamento a partir dosanos 1990, mostra que é possível reverter essatendência de emissão de carbono. Além <strong>da</strong> que<strong>da</strong>do desmatamento, em alguns estados, no mesmoperíodo começou um processo de regeneração<strong>da</strong> floresta, especialmente em locais onde amecanização para a agricultura é inviável comonas regiões montanhosas <strong>da</strong> Serra Geral e Serrado Mar. Nesses locais as florestas começaram areocupar espaços. Dados do Inventário Florestal <strong>da</strong>Vegetação Natural do Estado de São Paulo, realizadopelo Instituto Florestal de São Paulo, indicaramque, no período de 1991 a 2001, a área de <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> na região do Litoral paulista aumentou2%, passando de 1.176.565,63 para 1.200.229,16hectares 5 . Fenômeno semelhante vem ocorrendonos estados do RS, SC, PR, RJ e ES.Dados do Inventário Florístico Florestal de Santa4 Das emissões históricas do País, 72% vieram <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e doCerrado (http://www.esta<strong>da</strong>o.com.br/noticias/impresso,<strong>da</strong>s-emissoes-historicas--do-pais-72-vieram-<strong>da</strong>-mata-atlantica-e-do-cerrado-,869192,0.htm)5 Instituto Florestal aponta aumento <strong>da</strong> área de <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> no Litoralde SP (http://www.cetesb.sp.gov.br/Noticentro/2006/09/25_mata.pdf)Catarina 6 apontam que o estado, integralmenteinserido na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, possui atualmente36,8% de cobertura florestal e que as florestassecundárias em estágio sucessional médio eavançado de regeneração representam 90% dessesremanescentes. Esse <strong>da</strong>do é relevante do ponto devista de inversão <strong>da</strong> curva de carbono, visto que acaptura de carbono é maior na vegetação secundáriaem regeneração em razão do crescimento maisacelerado <strong>da</strong>s árvores. Já do ponto de vista <strong>da</strong>biodiversi<strong>da</strong>de os <strong>da</strong>dos do mesmo Inventárioapontam que as florestas abrigam ain<strong>da</strong> grandenúmero de espécies mas com baixa frequência deindivíduos por espécie, principalmente <strong>da</strong>quelasque exigem boas condições ambientais, ondecerca de 32% <strong>da</strong>s espécies estão com menos de10 indivíduos amostrados no estado (Sevegnani &Reis, 2011).A CERTIFICAÇÃO FLORESTALA certificação florestal deve garantir que a madeirautiliza<strong>da</strong> em determinado produto é oriun<strong>da</strong>de um processo produtivo manejado de formaecologicamente adequa<strong>da</strong>, socialmente justae economicamente viável, e no cumprimentode to<strong>da</strong>s as leis vigentes. Na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> temmerecido destaque os processos de certificação deflorestas planta<strong>da</strong>s, que tem orientado as ativi<strong>da</strong>des<strong>da</strong> silvicultura e com isso diminuído o impactosobre as áreas de florestas nativas.A certificação é uma garantia de origem que servetambém para orientar o comprador atacadista ouvarejista a escolher um produto diferenciado e comvalor agregado, capaz de conquistar um público maisexigente e, assim, abrir novos mercados. Ao mesmotempo, permite ao consumidor consciente a opçãode adquirir produtos que não degra<strong>da</strong>m o meioambiente e contribuem para o desenvolvimentosocial e econômico <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des florestais.Para isso, o processo de certificação deve assegurara manutenção <strong>da</strong> floresta, bem como o emprego ea ativi<strong>da</strong>de econômica que a mesma proporciona.No Brasil os padrões mais utilizados para acertificação são os do FSC (Conselho de Manejo6 http://www.iff.sc.gov.br/images/stories/pdf/IISeminario/lucia_mauricio_sintese.pdfAnuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 33


Florestal) e do CERFLOR (Certificação Florestal). OFSC está discutindo e pretende aprovar até o finalde 2012 os padrões de certificação para plantiosflorestais em pequena escala (Padrão SLIMF), o queirá incluir milhares de pequenos proprietários narede de certificação, ampliando em muito o alcancedos seus benefícios.A MATA ATLÂNTICA E A ZONA COSTEIRA EMARINHAQuando se trabalha com recorte territorial, nestecaso a região <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> conforme definidono “Mapa <strong>da</strong> Área de Aplicação <strong>da</strong> Lei 11.428, de2006” do IBGE, é importante compreender asinter-relações entre os diversos biomas, seja naexistência de ecótonos e zonas de transição, sejana funcionali<strong>da</strong>de ecológica entre eles, ou ain<strong>da</strong>nas implicações deriva<strong>da</strong>s <strong>da</strong> utilização/ocupaçãoque um gera no outro. Conforme informaçõesdisponibiliza<strong>da</strong>s no Caderno nº 40 <strong>da</strong> Série RBMA -Conservação Marinha e Ordenamento Pesqueiro, azona costeira e marinha do Brasil se estende por maisde 8.500 km, abrangendo 17 estados, 14 dos quais- 6.750 km, do PI ao RS integram a <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>,e mais de quatrocentos municípios, distribuídosdesde a região equatorial ao norte até os marestemperados do sul do país. Parte significativa destevasto território brasileiro, integra a <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong><strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, principalmente após suaredelimitação consoli<strong>da</strong><strong>da</strong> na Fase VI.A diversi<strong>da</strong>de de condições climáticas eoceanográficas resulta na existência de uma grandevarie<strong>da</strong>de de ecossistemas e ambientes, cobrindo afaixa costeira, o mar territorial e a zona econômicaexclusiva. Os manguezais, estuários e marismas,os campos de dunas, restingas, praias arenosas,costões rochosos e lagoas costeiras, os recifes decorais, de algas calcárias, cânions submarinos e osdiferentes tipos de fundos marinhos, de lamosos abiodetríticos, abrigam inúmeras espécies de florae fauna, muitas endêmicas, outras compartilha<strong>da</strong>sinternacionalmente, tendo, no entanto, um númerosignificativo destas ameaça<strong>da</strong>s de extinção.O tamanho do litoral brasileiro e a varie<strong>da</strong>dede ecossistemas e espécies existentes levaramao equivocado senso comum de um potencialinesgotável para exploração dos recursos e à adoçãode políticas de desenvolvimento dissocia<strong>da</strong>s <strong>da</strong>spremissas de sustentabili<strong>da</strong>de, resultando, porexemplo, na atual situação de sobrexplotação paracerca de 80% de seus recursos pesqueiros.Nesta vasta e diversifica<strong>da</strong> região do territóriobrasileiro coexistem, na maioria <strong>da</strong>s vezes de formanão harmônica, inúmeras ativi<strong>da</strong>des econômicas esociais basea<strong>da</strong>s no uso e apropriação dos recursosnaturais e dos espaços territoriais. Inúmerosempreendimentos têm sido anunciados e estãoem processo de implantação ao longo do litoral,reunindo estruturas portuárias offshore, terminaisferroviários e aeroviários, pátios logísticos na


etroárea para armazenamento de cargas diversase processamento e transbordo de minérios e adelimitação de espaços para a implantação deplantas siderúrgicas e usinas térmicas.A implantação de empreendimentos hoteleiros eresidenciais em áreas com potencial turístico semlevar em consideração a preservação dos recursosnaturais, tem implicações tanto na substituiçãode ambientes naturais por áreas com paisagensaltera<strong>da</strong>s e destina<strong>da</strong>s ao uso de visitantes everanistas, quanto na transformação <strong>da</strong> estruturasocial e fundiária de comuni<strong>da</strong>des litorâneas. Estas,em muitos casos, são desloca<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s proximi<strong>da</strong>desdo litoral para locali<strong>da</strong>des mais interioranas,implicando em dificul<strong>da</strong>des de acesso ao mar e a suafonte original de sustento, no caso dos pescadorese marisqueiros.A carcinicultura, têm gerado a supressão de áreasde manguezais, a contaminação <strong>da</strong>s águas porefluentes e a intensificação de conflitos sociaisentre pescadores, marisqueiros e empreendedores.Estas situações atingiram níveis críticos nos estados<strong>da</strong> região nordeste, com consequências sociais eambientais graves.Na plataforma continental e região oceânica, aexploração e produção de óleo e gás natural tem sidoobjeto de grande expansão na última déca<strong>da</strong>. Pormeio dos leilões de blocos petrolíferos pela AgênciaNacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis- ANP, vastas áreas têm sido concedi<strong>da</strong>s paraempresas nacionais e internacionais, em to<strong>da</strong>s asbacias sedimentares marinhas, desde o Rio Grandedo Sul até o Amapá. Algumas dessas áreas já setransformaram em campos de produção, com ainstalação de plataformas petrolíferas e sistemas deescoamento por gasodutos interligados as estaçõesde tratamento de gás e por meio de oleodutos ounavios aliviadores, que destinam a produção de óleopara refinarias no continente ou para a exportação.Os blocos exploratórios, por sua vez, deman<strong>da</strong>minúmeras ativi<strong>da</strong>des de perfuração de poços elevantamentos de <strong>da</strong>dos sísmicos marítimos paraa prospecção de reservatórios de óleo e gás. Coma descoberta <strong>da</strong>s jazi<strong>da</strong>s localiza<strong>da</strong>s na chama<strong>da</strong>cama<strong>da</strong> do pré-sal, a perspectiva é de grandeincremento dessas ativi<strong>da</strong>des no médio e longoprazos.As ativi<strong>da</strong>des petrolíferas, além dos impactosdiretos sobre os fundos marinhos e biota associa<strong>da</strong>em decorrência <strong>da</strong>s instalações de plataformas esistemas de extração e escoamento do óleo e gás,dos impactos sobre espécies ameaça<strong>da</strong>s e recursospesqueiros resultantes dos levantamentos de<strong>da</strong>dos sísmicos e <strong>da</strong> intensificação do tráfego naval,implicam ain<strong>da</strong> em impactos e conflitos significativosde ordem social. Estes se manifestam na áreamarinha pela apropriação de espaços originalmenteutilizados pelas ativi<strong>da</strong>des pesqueiras, com maiorintensi<strong>da</strong>de sobre as pescarias artesanais e depequena escala, em função <strong>da</strong> limita<strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>dede deslocamento e <strong>da</strong> maior dependência depesqueiros tradicionais. Na zona costeira,e porconsequência na <strong>Mata</strong> Atlãntica, as implicaçõesdecorrem <strong>da</strong> implantação de estruturas portuáriase plantas de processamento e tratamento de óleo egás, que resultam na supressão e transformação deambientes naturais e na alteração <strong>da</strong> estrutura sociale econômica <strong>da</strong>s populações costeiras, com efeitosnegativos mais intensos naquelas comuni<strong>da</strong>destradicionais e dependentes <strong>da</strong> conservação dosambientes naturais.Algumas ações vem sendo implementa<strong>da</strong>s parareduzir o impacto sobre a biodiversi<strong>da</strong>denas nasáreas costeiro/marinhas. O Plano Nacional deÁreas Protegi<strong>da</strong>s (PNAP) prevê o uso de áreas deexclusão <strong>da</strong> pesca dentro ou fora de Uni<strong>da</strong>des deConservação como um dos componentes de umsistema representativo de áreas protegi<strong>da</strong>s. Esseinstrumento de gestão pesqueira é geralmenteaplicado pelas 18 <strong>Reserva</strong>s Extrativistas (RESEX)marinhas federais em partes estratégicas de suasáreas, bem como pelas Áreas de Proteção Ambientalmarinhas.O Brasil também criou algumas áreas protegi<strong>da</strong>scom áreas ve<strong>da</strong><strong>da</strong>s à pesca, continua a monitorare fiscalizar a produção pesqueira, e aumentouseus esforços de monitoramento por satélite <strong>da</strong>sgrandes embarcações pesqueiras. O Ministério doMeio Ambiente publicou em 2004 uma InstruçãoNormativa listando as espécies ameaça<strong>da</strong>s e sobreexplota<strong>da</strong>sde invertebrados aquáticos e peixes eexigiu a preparação e implementação de planos derecuperação. Entretanto, os relatórios sobre esforçode captura indicam que os estoques pesqueiroscontinuam em declínio. Embora a pesca marinhaAnuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 35


contribua com 63% <strong>da</strong> produção pesqueira anualtotal do país, pelo menos 80% desses recursos estãoatualmente sobrexplotados ou esgotados (REVIZEE,2006)Na revisão delimitação e zoneamento <strong>da</strong> RBMA –Fase VI atenção especial foi <strong>da</strong><strong>da</strong> aos ecosssistemascosteiros e marinhos, ampliando em 20% (16 milkm²) seu território marinho e aprovando a criaçãodo Colegiado Mar RBMA e o Programa Costa e Mar,que centra sua atuação no processo de criaçãode uni<strong>da</strong>des de conservação, mosaicos de áreasprotegi<strong>da</strong>s e políticas públicas de conservaçãomarinha e ordenamento pesqueiro.Destacam-se também iniciativas estaduais paraproteger os estoques pesqueiros, tais como a doEstado de São Paulo, que criou três APAs Marinhasem 2008 e na Bahia o convênio entre o Ministério <strong>da</strong>Pesca, CI-Brasil e a ONG Ecomar que vem trabalhandono Programa de Monitoramento Pesqueiro <strong>da</strong>RESEX Corumbau, Canavieiras e Cassurubá, alémdo entorno do PARNAM dos Abrolhos, tendo comoobjetivo monitorar a produção pesqueira nestasuni<strong>da</strong>des.Alguns estudos realizados por pesquisadores do Brasile exterior com apoio <strong>da</strong> Conservação Internacional(CI-Brasil) e financiado pelo Programa “Ciências paraa Gestão de Áreas Marinhas Protegi<strong>da</strong>s” na regiãode Abrolhos, BA e ES, comprovam a importância <strong>da</strong>preservação e conexão entre manguezais e recifesde corais, que são excenciais para o ciclo de vi<strong>da</strong> deespécies de alto valor comercial.Com vistas a promover a conservação e o usosustentável desses recursos costeiros e marinhos,bem como a proposição de diversas áreas protegi<strong>da</strong>s,varias iniciativas ganharam força nos últimos anos.Neste sentido destacam-se a formação <strong>da</strong> “CoalizãoAbrolhos”, que reune diversas ONGs e cientistas e oGrupo Conexão Abrolhos –Trin<strong>da</strong>de (CAT) formadopor iniciativa <strong>da</strong> RBMA e constituido por organizaçõesgovernamentais e não governamentais dos estados<strong>da</strong> Bahia e do Espírito Santo, com a finali<strong>da</strong>de depromover a conservação e uso sustentável de to<strong>da</strong>a biota associa<strong>da</strong> à cadeia montanhosa submersaexistente entre Abrolhos,Vitória e Arquipélago deTrin<strong>da</strong>de-Martim Vaz, consubstancia<strong>da</strong> na proposta<strong>da</strong> primeira <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> Marinha no Brasil.Existem muitas outras iniciativas regionais como oPrograma de Proteção <strong>da</strong> Lagosta no Ceará, o qualtem como objetivo respeitar o periodo de defeso,cultivo e manejo sustentável do Banco de AlgaMainhas – Fun<strong>da</strong>ção Brasil Ci<strong>da</strong>dão- Icapuí.ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORASAs espécies exóticas invasoras são atualmenteconsidera<strong>da</strong>s a segun<strong>da</strong> maior causa de per<strong>da</strong> dediversi<strong>da</strong>de global, só perdendo para a supressãode habitats.As espécies exóticas invasoras são espécies que,pelo processo de contaminação biológica, setornam dominantes, alterando a fisionomia e afunção dos ecossistemas naturais, levando aspopulações nativas à per<strong>da</strong> de espaço e ao declíniogenético (BECHARA, 2003) 7 .Um diagnóstico <strong>da</strong>s espécies exóticas invasorasatuais e potenciais, realizado pelo PROBIO em2005 com base em entrevistas com profissionaisde meio ambiente, agricultura e áreas relaciona<strong>da</strong>s,registrou 171 dessas espécies, <strong>da</strong>s quais 63 (37%)são espécies animais e 108 (63%) são espéciesvegetais (Brasil/MMA, 2010).Das 171 espécies exóticas invasoras identifica<strong>da</strong>s,76% foram introduzi<strong>da</strong>s propositalmente no país(ou em um bioma diferente de sua distribuiçãooriginal), na maior parte com objetivos econômicos.Exemplos dessas espécies são o caramujo giganteafricano (Achatina fulica), javali (Sus scrofa) e ocapim anone (Eragotis plana) (PROBIO, 2005, citadopor Brasil/MMA, 2010). A importação de plantasde uso ornamental e de animais de estimação é aprincipal causa de introdução de espécies exóticas(24%). Programas de melhoramento genético deforrageiras foram responsáveis por 13% de espéciesinvasoras, e os de uso florestal por 9% (PROBIO,2005, citado por Brasil/MMA, 2010). No ambientemarinho, em 2008 Brasil/MMA (2008) identificou58 espécies exóticas, sendo nove espécies (16%)considera<strong>da</strong>s invasoras, 21 (36%) estabeleci<strong>da</strong>s e 28(48%) detecta<strong>da</strong>s no ambiente natural.7 RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA DE RESTINGAS CONTAMINADAS POR PINUSNO PARQUE FLORESTAL DO RIO VERMELHO, FLORIANÓPOLIS, SC - http://www.ipef.br/servicos/teses/arquivos/bechara,fc-m.pdf


Uma <strong>da</strong>s espécies florestais que apresentamproblemas de invasão em algumas <strong>da</strong>s tipologiasvegetais <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, principalmente nasrestingas e campos de altitude é o Pinus. Segundoa ONG The Nature Conservancy, o gênero Pinus éum dos principais gêneros de plantas invasoras e asespécies mais problemáticas são: P. elliottii Engelm.,P. tae<strong>da</strong> L., P. radiata D. Don, P. pinea L., P. patula Schl.& Cham., P. rigi<strong>da</strong> Mill. e P. thunbergii Parl. (TNC,2001).Os <strong>da</strong>nos causados à biodiversi<strong>da</strong>de e às paisagenspela invasão do Pinus são particularmente gravesquando atingem as uni<strong>da</strong>des de conservaçãolocaliza<strong>da</strong>s em regiãos de campos nativos ou nasrestingas.Ain<strong>da</strong> são poucas as ações concretas de contrôlee erradicação <strong>da</strong>s espécies exóticas invasoras.Um exemplo é o “Programa do estado do Paranápara Espécies Exóticas Invasoras”, constituído porquatro componentes: Coordenação e Integração;Prevenção, Erradicação, Controle e Monitoramento;Capacitação Técnica e Informação Pública e BaseLegal e Políticas Públicas. Editou em 2007, comrevisão em 2009, a “Lista de Espécies ExóticasInvasoras do Paraná”. Além disso, editou normascom políticas para prevenção e controle de EspéciesExóticas Invasoras no estado (Portarias 192/05 e125/09).Na Região Nordeste foi realizado pela AMANE(Associação para a Proteção <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>do Nordeste) o diagnóstico de espécies exóticasinvasoras <strong>da</strong> Estação Ecológica de Murici - Alagoas,Parque Estadual de Dois Irmãos e Estação Ecológicade Caetés – Pernambuco, visando erradicar,controlar e prevenir espécies exóticas invasoras.Há em outros estados levantamentos e pesquisasde espécies exóticas invasoras, como por exemplo,na Bahia, no relatório técnico sobre espéciesinvasoras no Corredor Central <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>,que avaliou em 2011 problemas relacionados aespécies exóticas invasoras, no Parque Nacionaldo Descobrimento, Parque Nacional do Pau Brasil,Parque Nacional do Alto Cariri, <strong>Reserva</strong> Biológicade Una, <strong>Reserva</strong> Particular Nova Angélica – Una eParque Estadual Serra do Conduru.Foi realiza<strong>da</strong> pela Universi<strong>da</strong>de Federal <strong>da</strong> Bahia umaAnuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 37


pesquisa sobre macrofauna bentônica introduzi<strong>da</strong>no Brasil, que alem de realizar a compilação dosregistros de organismos bentônicos exóticos nopaís, estudou sua origem e distribuição atual.Este estudo resultou na identificação <strong>da</strong> presençade espécies exóticas em 24 estados brasileiros,especialmente naqueles onde estão localizadosgrandes portos.No caso do Rio de Janeiro, por exemplo, estadototalmente incluído na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, foram lista<strong>da</strong>s432 espécies exóticas <strong>da</strong>s quais 109 considera<strong>da</strong>sinvasoras, permitindo o avanço na elaboração deuma minuta de regulamentação para o controledessas espécies.CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕESOs <strong>da</strong>dos sobre a redução sistemática dos índicesde desmatamento nos últimos 20 anos, apontamo grande acerto de algumas políticas públicasadota<strong>da</strong>s no Brasil nas últimas déca<strong>da</strong>s. No entanto,ain<strong>da</strong> há diversos vetores de desmatamento queprecisam ser controlados. Os <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> que<strong>da</strong> dodesmatamento mostram uma relação direta como aprimoramento <strong>da</strong> legislação que regula o uso econservação <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, que culminou naaprovação <strong>da</strong> Lei <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> (Lei 11.428/06),a qual protegeu todos os remanescentes devegetação primária e de vegetação secundária emestágio inicial, médio e avançado de regeneração.


A legislação, além de contribuir decisivamentena redução dos índices de desmatamento, está<strong>da</strong>ndo uma chance, em função <strong>da</strong> proibição <strong>da</strong>supressão e exploração florestal generaliza<strong>da</strong>, paraos fragmentos de vegetação nativa remanescentesrecuperarem sua estrutura e biodiversi<strong>da</strong>de.Além <strong>da</strong> implementação eficiente <strong>da</strong> legislação queregula a conservação e uso <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, parareduzir a taxa de per<strong>da</strong> de todos os habitats nativos,incluindo as florestas e outras formas de vegetaçãonativa, é também fun<strong>da</strong>mental que o Brasil cumpraimediatamente as Metas de Aichi (CDB)2020para a criação de áreas protegi<strong>da</strong>s, ampliando-assignificativamente de forma representativa emtodos os ecossistemas terrestres e na zona costeira emarinha. Da mesma forma é importante que o paíselabore os zoneamentos com a definição de aptidãode áreas, em consonância com as fragili<strong>da</strong>des dosecossistemas e relevância dos serviços ambientaisprestados, de forma a potencializar a conservaçãoe os usos sustentáveis e minimizar as per<strong>da</strong>s <strong>da</strong>diversi<strong>da</strong>de biológica e social.De forma complementar à legislação e aosprogramas de educação ambiental, algumasiniciativas voluntárias como a certificação florestalaju<strong>da</strong>m a criar uma consciência de produção econsumo sustentável no seio <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. Taisiniciativas são importantes e devem ser apoia<strong>da</strong>s eestimula<strong>da</strong>s em outros setores <strong>da</strong> economia.A discussão dos <strong>da</strong>nos causados à biodiversi<strong>da</strong>depelas espécies exóticas invasoras é relativamentenova no Brasil. Da mesma forma, ain<strong>da</strong> são poucasas ações concretas de contrôle e erradicação dessasespécies. O contrôle e erradicação <strong>da</strong>s espéciesexóticas invasoras deve tornar-se uma priori<strong>da</strong>depara os gestores de uni<strong>da</strong>des de conservação.Além disso, esse tema deve ser tratado de formainterinstitucional, envolvendo os governos,instituições de pesquisa, iniciativa priva<strong>da</strong> e ONGse deve fazer parte dos planos nacionais, estaduais emunicipais de meio ambiente.Os avanços já alcançados apontam paraperspectivas de mu<strong>da</strong>nças significativas nos hábitosde consumo e no padrão de uso dos recursosnaturais. Por isso é fun<strong>da</strong>mental que a proteção<strong>da</strong>s florestas, a redução dos desmatamentos, ocontrole de espécies exóticas invasoras, a criaçãoe implementação de uni<strong>da</strong>des de conservaçãoterrestes e marinhas, o desenvolvimento de novastecnologias que reduzam a emissão de poluentes ea adoção de fontes alternativas e limpas de energiaentrem efetivamente na ordem do dia e nas políticaspúblicas.Anuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 39


Objetivo estratégico C: Melhorar a situação de biodiversi<strong>da</strong>deprotegendo ecossistemas, espécies e diversi<strong>da</strong>de genética• Meta 11 - Até 2020, pelo menos 17% de áreas terrestres e de águascontinentais e 10% de áreas marinhas e costeiras, especialmenteáreas de especial importância para biodiversi<strong>da</strong>de e serviçosecossistêmicos, terão sido conservados por meio de sistemas de áreasprotegi<strong>da</strong>s, geri<strong>da</strong>s de maneira efetiva e eqüitativa, ecologicamenterepresentativas e satisfatoriamente interliga<strong>da</strong>s e por outras medi<strong>da</strong>sespaciais de conservação, e integra<strong>da</strong>s em paisagens terrestres emarinhas mais amplas.• Meta 12 - Até 2020, a extinção de espécies ameaça<strong>da</strong>s terá sidoevita<strong>da</strong> e sua situação de conservação, em especial <strong>da</strong>quelas sofrendomaior declínio, terá sido melhora<strong>da</strong>.• Meta 13 - Até 2020, a diversi<strong>da</strong>de genética de plantas cultiva<strong>da</strong>s, deanimais criados e domesticados e de varie<strong>da</strong>des silvestres, inclusivede espécies de valor socioeconômico e ou cultural, terá sido manti<strong>da</strong>e estratégias terão sido elabora<strong>da</strong>s e implementa<strong>da</strong>s para minimizara per<strong>da</strong> de variabili<strong>da</strong>de genética.


N este objetivo será abor<strong>da</strong><strong>da</strong> a importância enecessi<strong>da</strong>de de legislação nacional para <strong>da</strong>refetivi<strong>da</strong>de às metas assumi<strong>da</strong>s internacionalmente.Outro tema que será tratado neste ítem é a riqueza <strong>da</strong>biodiversi<strong>da</strong>de de fauna e flora e as espécies ameaça<strong>da</strong>sde extinção. Será também abor<strong>da</strong><strong>da</strong> a situação <strong>da</strong>s áreasprotegi<strong>da</strong>s e <strong>da</strong>s espécies ameaça<strong>da</strong>s de extinção, doistemas totalmente interligados, visto que proteger áreasé a estratégia mais efetiva de garantir a proteção <strong>da</strong>sespécies de flora e fauna e sua variabili<strong>da</strong>de genética nolongo prazo.Os objetivos e metas <strong>da</strong> CDB são um importante balizador,mas sua efetivi<strong>da</strong>de depende sempre de legislaçãointerna nos países, para ser atingi<strong>da</strong>. No caso <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong>, as metas <strong>da</strong> CDB já encontram respaldo emum conjunto de normas legais que podem garantir o seuefetivo cumprimento. A Constituição Federal em 1988consolidou alguns princípios já antecipados pelo CódigoFlorestal de 1965, determinando, no artigo 225, quetodos têm o direito fun<strong>da</strong>mental a um meio ambienteecologicamente equilibrado, cabendo ao Estado e àsocie<strong>da</strong>de, em regime de cooperação, preservá-lo para aspresentes e futuras gerações, o que deverá ser efetuado<strong>da</strong> seguinte forma: a) preservação e restauração dosprocessos ecológicos essenciais e promoção do manejoecológico dos ecossistemas; b) preservação <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>dee integri<strong>da</strong>de do patrimônio genético; c) criação emto<strong>da</strong>s as uni<strong>da</strong>des <strong>da</strong> Federação, de espaços territoriais eseus componentes a serem especialmente protegidos; e)promoção <strong>da</strong> educação ambiental em todos os níveis deensino e também através <strong>da</strong> conscientização pública paraa preservação do meio ambiente; e) proteção <strong>da</strong> faunae flora, ve<strong>da</strong>ndo as práticas que coloquem em risco suafunção ecológica, provoquem a extinção de espécies ousubmetam os animais à cruel<strong>da</strong>de.Os espaços territoriais especialmente protegidos incluemas Uni<strong>da</strong>des de Conservação preconiza<strong>da</strong>s pela Lei9.985/2000 que instituiu o Sistema Nacional de Uni<strong>da</strong>desde Conservação (SNUC), além de outras categorias deáreas protegi<strong>da</strong>s, como as <strong>Reserva</strong>s Legais e Áreas dePreservação Permanente previstas no Código Florestal 1 ,as Terras Indígenas,os Quilombos e, no caso <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong>, todos os remanescentes de vegetação nativaprotegidos pela Lei 11.428/2006. Este conjunto de áreas,se bem implementado, poderá garantir o cumprimento1 A redução <strong>da</strong> proteção e a dispensa de recuperação de APPs e RL trazi<strong>da</strong>s pelaLei 12.651/12 e pela MP 571/12, consituem sério risco à conservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de ecumprimento <strong>da</strong>s metas <strong>da</strong> CDB-2020.Anuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 41


<strong>da</strong>s metas <strong>da</strong> CDB e, por conseguinte, a proteção<strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de e do fluxo gênico, dos serviçosecossistêmicos e a mitigação <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nçasclimáticas, além de oferecer quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> ebem-estar para a população.LEGISLAÇÃO BRASILEIRA RESPALDA OSOBJETIVOS E METAS DA CDB NA MATAATLÂNTICAUma <strong>da</strong>s primeiras normas de proteção ambientalno Brasil surgiu com o Decreto Federal 23.793, de1934, que instituiu o Código Florestal brasileiro,elaborado com a colaboração de diversosnaturalistas, preocupados, já naquela época, com aconservação <strong>da</strong>s funções básicas dos ecossistemasnaturais e cientes <strong>da</strong> importância de se conservartodos os tipos de vegetação nativa e não apenasaquelas que pudessem oferecer lenha ou madeirapara a indústria madeireira.Uma <strong>da</strong>s maiores inovações do Código Florestal 2de 1934 foi a criação de um regime diferenciadopara as florestas e demais formas de vegetaçãonativa do País, que foram eleva<strong>da</strong>s à condição de“bens de interesse comum a todos os habitantes”,condicionando o exercício do direito de proprie<strong>da</strong>deà sua utilização racional. No âmbito do CódigoFlorestal de 1934 foi instituído o Conselho FlorestalFederal, órgão que teve papel relevante na criaçãode vários parques nacionais. No mesmo ano de 1934a Constituição incumbiu o Estado de proteger “asbelezas naturais e monumentos de valor históricoou artístico” (artigo 10), trazendo assim a baselegal para a criação de uni<strong>da</strong>des de conservaçãono Brasil (Urban 1998 e Araújo 2007). Nos cincoanos seguintes foram criados os primeiros parquesnacionais brasileiros: Itatiaia, em 1937, e Iguaçue Serra dos Órgãos, em 1939, todos protegendoecossistemas <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>.Entre 1945 e 1964, uma lista de importantesáreas protegi<strong>da</strong>s federais foi cria<strong>da</strong>, a maior parte<strong>da</strong>s quais na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, incluindo reservasdestina<strong>da</strong>s à conservação de espécies ameaça<strong>da</strong>s,como o primeiro refúgio de vi<strong>da</strong> silvestre, emSooretama, no Espírito Santo (Drummond 1997).São elas: a Floresta Nacional do Araripe-Apodi e o2 Histórico do Código Florestal - http://www.sosflorestas.com.br/historico.phpParque Nacional de Paulo Afonso, ambas na regiãoNordeste; os parques nacionais de Aparados <strong>da</strong>Serra (RS e SC), Ubajara (CE), Caparaó (MG e ES),Sete Ci<strong>da</strong>des (PI) 3 , São Joaquim (SC), Tijuca (RJ), SeteQue<strong>da</strong>s (PR) e Monte Pascoal (BA) (Araújo 2007) 4 .Ain<strong>da</strong> na déca<strong>da</strong> de 1950 surgiram também osprimeiros parques estaduais,especialmente noEstado de São Paulo,á exemplo do Parque estadualTurístico do Alto Ribeira(PETAR) e o P.E.Carlos Botelhoconservando importantes áreas de <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> ediversas espécies ameaça<strong>da</strong>s de extinção.Em 1962, foi formado um grupo de trabalho noâmbito do Ministério <strong>da</strong> Agricultura para elaboraruma proposta de “novo” Código Florestal, quefinalmente foi sancionado em 1965, através <strong>da</strong>Lei Federal 4.771, vigente até 25.05.2012, quandofoi substituído pela Lei 12.651/12 e pela MP571/12. O então “Novo Código Florestal” manteveos pressupostos e objetivos do Código de 1934e contemplou a criação de parques e florestasnacionais como medi<strong>da</strong> de manejo <strong>da</strong>s fisionomiasflorestais e instituiu as áreas de preservaçãopermanente, que inclui espaços situados nasmargens de corpos d’água, em topos de morro,encostas íngremes, entre outros. Nessas áreas éproibi<strong>da</strong> a supressão <strong>da</strong> vegetação, exceto noscasos de utili<strong>da</strong>de pública, interesse social ou paraativi<strong>da</strong>des eventuais de baixo impacto. Além <strong>da</strong>sáreas de preservação permanente instituiu-se areserva legal referente a uma porcentagem dosimóveis rurais que devem manter a vegetaçãonativa. Na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, esse índice é de 20%. A Leide Proteção à Fauna (Lei 5.197/1967) proibiu a caçano país e previu a criação de reservas biológicas,abrindo importante frente para a proteção <strong>da</strong> faunasilvestre.O impacto político <strong>da</strong> Conferência de Estocolmo,em 1972, levou o governo brasileiro a criar aSecretaria Especial de Meio Ambiente (Sema) que,atuando paralelamente ao Instituto Brasileiro deDesenvolvimento Florestal (IBDF), estabeleceunovas categorias de áreas protegi<strong>da</strong>s: as estaçõesecológicas, as reservas ecológicas, as áreas deproteção ambiental e as áreas de relevante interesse3 A Floresta Nacional do Araripe-Apodi e o Parque Nacional Sete Ci<strong>da</strong>des(PI), são os únicos fora <strong>da</strong> região <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>.4 O Parque Nacional de Paulo Afonso acabou sendo extinto pelo governomilitar, em 1968, para a construção <strong>da</strong> usina hidrelétrica de mesmo nome, instala<strong>da</strong>no rio São Francisco e o P.N. de Sete Que<strong>da</strong>s teve posteriormente o mesmo fimpara a construção <strong>da</strong> Hidrelétrica de Itaipú..


ecológico. Entre 1969 e 1974, um novo lote deparques e reservas federais foi decretado, três dosquais na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>: os Parques Nacionais <strong>da</strong>Serra <strong>da</strong> Bocaina (RJ) e <strong>da</strong> Serra <strong>da</strong> Canastra (MG) ea <strong>Reserva</strong> Biológica de Poço <strong>da</strong>s Antas (RJ) (Araújo2007). Paralelamente, estados como São Paulo,Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Suldecretaram importantes uni<strong>da</strong>des de conservaçãoestaduais ao longo <strong>da</strong>s déca<strong>da</strong>s de 1970 e1980,dentre os quais o P.E.<strong>da</strong> Serra do Mar,em SãoPaulo ,a maior UC de <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> no Brasil,commais de 310.000 hectares..A Lei 6.938/1981 estabeleceu a Política Nacionaldo Meio Ambiente, seus objetivos e instrumentose constituiu o Sistema Nacional do Meio Ambiente(Sisnama), tendo como órgão superior o Conselhode Governo e órgão consultivo e delibetarivo oConselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).Os órgãos executores são o Ministério do MeioAmbiente e suas instituições vincula<strong>da</strong>s a nívelfederal e os órgãos e enti<strong>da</strong>des de meio ambientedos Estados, do Distrito Federal, dos Territóriose dos Municípios, bem como as fun<strong>da</strong>ções demeio ambiente instituí<strong>da</strong>s pelo Poder Público,responsáveis pela proteção e melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>deambiental.A Constituição Federal em 1988 considerou aFloresta Amazônica brasileira, a <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, aSerra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a ZonaCosteira como patrimônio nacional, e determinouque sua utilização seja feita dentro de condiçõesque assegurem a preservação do meio ambiente,inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.A Conferência <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s sobre MeioAmbiente e Desenvolvimento, realiza<strong>da</strong> no Riode Janeiro, em 1992, desencadeou um amploprocesso de construção de consensos em tornode compromissos globais com a conservação dosrecursos naturais, deflagrando processos nacionaispara a construção de políticas de proteção e uso<strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de. A adesão do governo brasileiroà Convenção sobre Diversi<strong>da</strong>de Biológica (CDB),durante a Rio-92, ensejou a criação do ProgramaNacional <strong>da</strong> Diversi<strong>da</strong>de Biológica (PRONABIO), sobo qual foram executados diversos projetos visandoa conservação, o uso sustentável e a repartição debenefícios advindos <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de 5 .Em 1998, foi sanciona<strong>da</strong> a Lei de Crimes Ambientais(Lei 9.605), tratando <strong>da</strong>s penas aplicáveis àscondutas lesivas ao meio ambiente. No ano 2000foi sanciona<strong>da</strong> a Lei 9.985, instituindo o SistemaNacional de Uni<strong>da</strong>des de Conservação <strong>da</strong> Natureza(SNUC), e, em 2006, após 14 anos de tramitação, aLei <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> (Lei 11.428), dispondo sobrea utilização e proteção <strong>da</strong>s diferentes formaçõesflorestais e ecossistemas associados 6 .A primeira norma legal específica para a <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> foi o Decreto 99.547/90, que proibiu to<strong>da</strong>e qualquer supressão de vegetação nativa nestaecorregião, substituído em 1993 pelo Decreto 750.Esse Decreto definiu legalmente o domínio <strong>da</strong><strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, incluindo diversas e diferentesformações florestais e ecossistemas associados,e determinou a proteção dos remanescentes <strong>da</strong>vegetação primária nativa, bem como <strong>da</strong> vegetaçãosecundária em regeneração.A Lei Federal 11.428, conheci<strong>da</strong> como Lei <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong>, aprova<strong>da</strong> após 14 anos de tramitaçãono Congresso Nacional e sanciona<strong>da</strong> em 22de dezembro de 2006, tem por objetivo maiorpreservar os remanescentes de vegetação nativa5 O Programa Nacional de Diversi<strong>da</strong>de Biológica (PRONABIO) foi criadoem 1994 no âmbito do Ministério do Meio Ambiente e obteve recursos do FundoGlobal para o Meio Ambiente (GEF), administrado pelo Banco Mundial, destinados àexecução do Projeto de Conservação e Utilização Sustentável <strong>da</strong> Diversi<strong>da</strong>de BiológicaBrasileira (PROBIO). O PROBIO visa <strong>da</strong>r efetivi<strong>da</strong>de aos compromissos contidosna CDB, entre os quais, o estabelecimento de áreas protegi<strong>da</strong>s para promover aconservação in situ dos recursos biológicos existentes em território nacional6 Dispositivos <strong>da</strong> Lei 11.428/06 foram regulamentados pelo Decreto6.660/08 e a área de <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> foi delimita<strong>da</strong> pelo Mapa <strong>da</strong> Área de Aplicação<strong>da</strong> Lei 11.428/06, do IBGE.Anuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 43


<strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> no país e criar meios para quea floresta e os ecossistemas associados voltem acrescer onde hoje estão praticamente extintos.O Decreto 6.660, de 21 de novembro de 2008,regulamentou a Lei 11.428/06, consoli<strong>da</strong>ndo,assim, a legislação protetora <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> aoestabelecer “o que”, “como” e “onde” pode haverintervenção ou uso sustentável nos remanescentesde vegetação nativa. O Decreto 6.660/08 tambémdetalhou quais são as formações florestais nativase ecossistemas associados que integram a <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong>. To<strong>da</strong>s as tipologias de vegetaçãoprotegi<strong>da</strong>s pela Lei <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> sãodelimita<strong>da</strong>s no “Mapa <strong>da</strong> Área de aplicação <strong>da</strong> Lei11.428 de 2006”, do IBGE. O arcabouço de normasprotetoras <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> é complementado porum conjunto de resoluções do Conselho Nacionaldo Meio Ambiente (CONAMA), que definem avegetação primária e secundária e estabelecem osparâmetros técnicos para sua identificação.A Lei <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> ampliou a proteção além doslimites estritos <strong>da</strong>s áreas de preservação permanentee reserva legal estabeleci<strong>da</strong>s pelo Código Florestal,vinculando essa proteção aos remanescentes devegetação nativa, com graus variáveis em funçãodo estágio em que se encontra a vegetação. EssaLei regula a conservação, proteção, regeneraçãoe utilização não apenas dos remanescentes devegetação nativa no estágio primário, mas tambémnos estágios secundário inicial, médio e avançadode regeneração.Como já citado anteriormente nos últimos anoshouve no Brasil uma clara mu<strong>da</strong>nça de rumosna política de desenvolvimento priorizandoseo crescimento econômico em detrimento deuma visão de sustentabili<strong>da</strong>de que se refletia atéentão na legislação brasileira e cujos avançoscolocaram o país na liderança mundial no camposocioambiental.Tal mu<strong>da</strong>nça foi especialmentenotável na fragilização <strong>da</strong>s instituições federais demeio ambiente e no claro retrocesso <strong>da</strong> legislaçãoambiental.O caso emblemático desse processo foio do Código Florestal alterado e desfigurado noCongresso Nacional.A Lei 12.651/12 <strong>da</strong>í resultante e a Medi<strong>da</strong> Provisória571/12 que modificaram o Código Florestal, emlinhas gerais, mantiveram os parâmetros anterioresde Áreas de Preservação Permanente e <strong>Reserva</strong> Legalapenas para áreas ain<strong>da</strong> conserva<strong>da</strong>s. Inovam, parapior, em relação às chama<strong>da</strong>s áreas de ocupação jáconsoli<strong>da</strong><strong>da</strong>, anistiando a recuperação de <strong>Reserva</strong>Legal para os imóveis que com até 04 módulosfiscais que tenham sido desmatados antes de junho2008, e, <strong>da</strong> mesma forma, anistiam em até 80% arecuperação de Áreas de Preservação Permanentedesmata<strong>da</strong>s até 22 de junho de 2008. Essasmu<strong>da</strong>nças no Código Florestal são particularmentenefastas para a <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, pois como apontamas principais instituições científicas do paíscolocarão em risco as possibili<strong>da</strong>des de recuperaçãoe interligação dos milhares de fragmentos isolados,aumentando o efeito de bor<strong>da</strong>, comprometendoa biodiversi<strong>da</strong>de, o fluxo gênico <strong>da</strong>s espécies eaumentando o risco de extinção. Afetam tambéma quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s pessoas, pois aumentamos riscos de erosão, enchentes, desbarrancamentose diminuem a oferta de serviços ecossistêmicosessenciais como a proteção <strong>da</strong> água e do clima.A BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICAApesar <strong>da</strong> intensa destruição e <strong>da</strong> reduzi<strong>da</strong> área deremanescentes de vegetação nativa, estima-se que a<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> ain<strong>da</strong> acolha cerca de 20 mil espéciesvegetais, o que representa, aproxima<strong>da</strong>mente,40% <strong>da</strong>s espécies identifica<strong>da</strong>s no país e númerosuperior ao total encontrado na Europa (12.500espécies) e América do Norte (17.000 espécies).Estudos realizados na Serra do Conduru, no sul <strong>da</strong>Bahia, nos anos 1990, apontaram a existência de 454espécies de árvores por hectare (Jardim Botânicode Nova Yorque e CEPLAC), número superior aorecorde registrado na Amazônia peruana em 1986,de 300 espécies por hectare – <strong>da</strong>do que eleva a<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> à condição de região que detém amaior diversi<strong>da</strong>de de árvores em todo o mundo poruni<strong>da</strong>de de área (LINO et al.,2008).No entanto, essa imensa riqueza de espécies ain<strong>da</strong>sofre ameaças e corre riscos de extinção. A ListaOficial <strong>da</strong>s Espécies <strong>da</strong> Flora Brasileira Ameaça<strong>da</strong>sde Extinção (MMA, 2008) 7 , relaciona 472 espécies,quatro vezes mais que a lista anterior de 1992. Das472 espécies <strong>da</strong> flora <strong>da</strong> Lista Oficial, 276 espécies(mais de 50%) são <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, incluindo7 Instrução Normativa MMA no 6, de 23 de setembro de 2008.


aquelas que ao longo do tempo foram as maisexplora<strong>da</strong>s economicamente, como o pau-brasil(Caesalpinia echinata), o palmito-juçara (Euterpeedulis), a araucária (Araucaria angustifolia), ojequitibá (Cariniana ianeirensis), o jaborandi(Pilocarpus jaborandi), o xaxim (Dicksoniasellowiana), o jacarandá-<strong>da</strong>-bahia (Dalbergia nigra),o jacarandá (Machaerium obovatum), o jacarandábranco(Swartzia pickelii), a canela-preta (Ocoteacatharinensis), a canela-sassafrás (Ocotea odorifera),a imbuia (Ocotea porosa) e várias orquídeas ebromélias. A Lista Oficial apresenta ain<strong>da</strong> 1.079espécies considera<strong>da</strong>s com deficiência de <strong>da</strong>dos,cuja maioria também é <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, muitas<strong>da</strong>s quais igualmente foram objeto de intensaexploração econômica insustentável ao longo dotempo.Em relação à fauna os levantamentos disponíveisindicam que as diferentes fitofisionomias vegetais<strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> abrigam 849 espécies de aves,370 espécies de anfíbios, 200 espécies de répteis,270 de mamíferos e 350 espécies de peixes.Vários componentes dessa diversi<strong>da</strong>de de faunaencontram-se ameaçados de extinção. É o caso de185 vertebrados, dos quais 118 espécies de aves,16 de anfíbios, 38 de mamíferos e 13 de répteis.Estima-se, ain<strong>da</strong>, a existência de 59 espécies depeixes ameaçados nas bacias hidrográficas do lestebrasileiro, entre a foz do rio São Francisco e o nortede Santa Catarina.Alguns estados possuem lista de espécies <strong>da</strong> faunae flora ameaça<strong>da</strong>s de extinção, a exemplo de MinasGerais que em 2010 revisou a lista de espécies<strong>da</strong> fauna ameaça<strong>da</strong> publica<strong>da</strong> na DeliberaçãoNormativa Copam no 147.A <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> também se destaca pela diversi<strong>da</strong>dede espécies endêmicas – isto é, espécies que sedesenvolvem apenas em uma determina<strong>da</strong> regiãoem todo o planeta. É o caso <strong>da</strong>s 73 espécies demamíferos, entre as quais, 21 espécies e subespéciesde primatas – incluindo dois gêneros de primatasameaçados, os mico-leões e os muriquis (Rylands,A.B., Fonseca, G.A.B., Leite, Y.L.R. & Mittermeier, R.A.,1996). A situação dos endemismos é especialmentecrítica, por se tratar de espécies únicas que habitamáreas restritas apenas nessa região. Espécies própriasde ambientes singulares <strong>da</strong> zona costeira e marinha,como os recifes de coral, mangues e restingas, estãoseriamente ameaça<strong>da</strong>s face à degra<strong>da</strong>ção causa<strong>da</strong>por ativi<strong>da</strong>des urbanas e industriais (MMA 2010).Por isso, a <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> integra atualmente a listados 25 hotspots de biodiversi<strong>da</strong>de reconhecidosno mundo – regiões que perderam ao menos 70%de sua cobertura vegetal original, mas que abrigamjuntas, mais de 60% de to<strong>da</strong>s as espécies terrestresdo planeta (Galindo-Leal & Câmara 2005).UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA MATAATLÂNTICAA per<strong>da</strong> de habitat é a causa mais importanteque leva as espécies ao estado de ameaça deextinção. A situação atual de redução de habitate fragmentação <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> torna o quadroespecialmente grave. Isso reforça a importância dosinvestimentos do Brasil no aumento significativo donúmero e extensão de áreas protegi<strong>da</strong>s em todosos biomas 8 . Apesar <strong>da</strong> existência de um adequadoarcabouço de legislação, infelizmente na <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> ain<strong>da</strong> estamos longe de atingir a meta de17% de áreas efetivamente protegi<strong>da</strong>s em Uni<strong>da</strong>desde Conservação (UCs), preconiza<strong>da</strong> pela Convençãosobre Diversi<strong>da</strong>de Biológica – CDB.Estimativas feitas pelo Ministério do Meio Ambiente(MMA) e parceiros 9 , apontam que 10.029.712hectares (7,6%) <strong>da</strong> área original <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>estão inseridos em uni<strong>da</strong>des de conservação,incluindo as de uso sustentável (Tabela 6). O <strong>da</strong>dopreocupante é que meros 2,6% <strong>da</strong> área original(3.486.343 ha) <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> estão inseridos emcategorias de uni<strong>da</strong>des de conservação do grupo deproteção integral. As UCs de uso sustentável somam6.543.369, dos quais 6.380.172 estão em Áreasde Proteção Ambiental (APAs), categoria menosrestritiva ao uso direto. O baixo grau de restrição aouso em APAS pode ser facilmente observado vistoque apenas 41,6% <strong>da</strong> área total <strong>da</strong>s APAs ain<strong>da</strong> estácoberta com vegetação nativa nos diversos estágiosde regeneração, o restante são áreas converti<strong>da</strong>spara agricultura, pecuária, silvicultura ou outros8 Quarto relatório nacional para a convenção sobre diversi<strong>da</strong>de biológica:Brasil /Ministério do Meio Ambiente. Brasília: MMA, 2011.9 As análises foram feitas com base na Área de <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> delimita<strong>da</strong>pelo Mapa <strong>da</strong> Área de Aplicação <strong>da</strong> Lei 11.428/06, na escala de 1:1.000.000, tomandocomo base as cartas de vegetação do Projeto RADAM Brasil (escalas 1:1.000.000e 1:250.000).Anuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 45


usos. Essas estimativas foram feitas considerandoas uni<strong>da</strong>des de conservação federais, estaduaise municipais devi<strong>da</strong>mente inscritas no Ca<strong>da</strong>stroNacional de Uni<strong>da</strong>des de Conservação (CNUC) até04 de abril de 2012.Segundo essas estimativas, há cerca de 24 milhõesde hectares de remanescentes de <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>localizados fora de uni<strong>da</strong>des de conservação,número muito superior ao total protegido emUCs que é de cerca de 5,8 milhões de hectares.Considerando que ain<strong>da</strong> ocorrem ativi<strong>da</strong>desque desmatam ou degra<strong>da</strong>m essa vegetação,sem desmerecer a proteção conferi<strong>da</strong> por outrascategorias de áreas protegi<strong>da</strong>s como terrasindígenas, áreas de preservação permanente ereserva legal, é urgente que os governos federal,estaduais e municipais criem novas uni<strong>da</strong>des deconservação, principalmente de proteção integral,como parques, que tem se mostrado uma formaeficiente de proteger esses raros remanescentes(91% <strong>da</strong> área dos parques <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> sãocobertos por remanescentes de vegetação nativa)e ain<strong>da</strong> podem ter o uso público, fomentando assima economia regional com o ecoturismo.Apesar de estar claro que a criação de novas uni<strong>da</strong>desde conservação é extremamente importante eurgente, a atual conjuntura aponta para um caminhoinverso, tanto no nível federal, quanto na maioriados estados e municípios. No ano de 2011 não foicria<strong>da</strong> nenhuma nova uni<strong>da</strong>de de conservaçãofederal e, numa atitude inédita, o executivo editoue o Congresso Nacional aprovou (em 29 de maio de2012) a Medi<strong>da</strong> Provisória nº 558 que excluiu 86 milhectares de sete Uni<strong>da</strong>des de Conservação federaisna Amazônia para abrigar canteiros e reservatóriosde quatro grandes barragens, nos rios Madeira eTapajós. Além de não ter havido prévia realizaçãode estudos técnicos e debate público sobre ashidrelétricas do Tapajós, a Constituição Federalestabelece que a alteração e supressão de áreasprotegi<strong>da</strong>s só poderia se <strong>da</strong>r através de lei, o quelevou a Procuradoria Geral <strong>da</strong> República a impetrarAção Direta de Inconstitucionali<strong>da</strong>de (ADI) junto aoSupremo Tribunal Federal contra o uso de Medi<strong>da</strong>Provisória pela Presidente.As grandes obras de infraestrutura têm contribuídoNúmero e área de uni<strong>da</strong>des de conservação na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> por categoriaCategoria Número de UCs Área na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> (hectares) % sobre área total de UCsProteção integralEstação Ecológica 38 265.127 2,6Monumento Natural 13 35.917 0,4Parque Nacional (Estadual e Municipal) 155 2.887.048 28,8<strong>Reserva</strong> Biológica 25 221.675 2,2Refúgio de Vi<strong>da</strong> Silvestre 23 76.576 0,8Subtotal 254 3.486.343 35,0Uso sustentávelÁrea de Proteção Ambiental 155 6.380.172 63,6Área de Relevante Interesse Ecológico 17 22.271 0,2Floresta Nacional (Estadual) 25 34.602 0,4<strong>Reserva</strong> de DesenvolvimentoSustentável7 19.430 0,2<strong>Reserva</strong> Extrativista 13 75.320 0,8<strong>Reserva</strong> Particular do PatrimônioNatural57 11.574 0,1Subtotal 274 6.543.369 65,2Total (PI+US) 528 10.029.712 100Fonte: MMA 2012Tabela 6. Número e área de uni<strong>da</strong>des de conservação na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>


também de forma significativa para a extinção deespécies. Muitas vezes essa extinção acontece porfalta de informações, mas nem sempre. No caso<strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> pode-se citar o caso <strong>da</strong> broméliaDyckia distachya, que foi extinta <strong>da</strong> natureza pelolago <strong>da</strong> Hidrelétrica de Barra Grande (construí<strong>da</strong>no rio Pelotas na divisa entre SC e RS), mesmo comtodos os estudos apontando que isto iria acontecer,ou seja foi uma extinção “autoriza<strong>da</strong>”.No entanto algumas iniciativas positivas podemser destaca<strong>da</strong>s em alguns Estados que tem seempenhado na criação de novas uni<strong>da</strong>des deconservação. Em Minas Gerais, por exemplo , nosanos de 2010/2011 foram cria<strong>da</strong>s 15 Uni<strong>da</strong>des deConservação Estaduais (Tabela 7), aumentando aproteção <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> inclusive nos encravesde florestas estacionais (<strong>Mata</strong> Seca) e do Cerrado.Ain<strong>da</strong> em 2010/2011 foram instituí<strong>da</strong>s 27 RPPNs,totalizando 353.662,13 ha de áreas protegi<strong>da</strong>s emuni<strong>da</strong>des de conservação de uso sustentável ede proteção integral. As <strong>Reserva</strong>s Particulares doPatrimônio Natural refletem a articulação do Estadocom parceiros privados e a co-responsabili<strong>da</strong>dedestes na conservação ambiental. No ano de2011 a criação do P.E. <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> do Limoeiro, M.N.E.Várzea do Lageado e Serra do Raio e <strong>da</strong> APA AltoMucuri foram <strong>resultados</strong> de intensas manifestaçõespopulares em prol <strong>da</strong> criação destas uni<strong>da</strong>des deconservação. Cabe ressaltar ain<strong>da</strong> que dentro <strong>da</strong>smetas do Projeto Estruturador “Conservação doCerrado e Recuperação <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>”, a criaçãode áreas protegi<strong>da</strong>s excedeu a meta estipula<strong>da</strong> pelomesmo, sendo que a área cria<strong>da</strong> em 2011 totalizouem 346.188,69 ha.O Estado realiza também pesquisa sobre aefetivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> proteção dos biomas por Uni<strong>da</strong>desde Conservação, considerando as Metas <strong>da</strong> CDBe as Metas do Índice de Desempenho de PolíticaPública de Meio Ambiente (IDPA).Outro exemplo positivo de criação de áreasprotegi<strong>da</strong>s para proteção de espécies ameaça<strong>da</strong>sde extinção é a <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des de conservaçãona Floresta com Araucárias, nos anos de 2005 e2006, em Santa Catarina e no Paraná. Em outubrode 2005 foram cria<strong>da</strong>s na região oeste de SantaCatarina a Estação Ecológica <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> Preta com6.563,00 ha e o Parque Nacional <strong>da</strong>s Araucáriascom 12.841,00 hectares. No Paraná foram cria<strong>da</strong>sa <strong>Reserva</strong> Biológica <strong>da</strong>s Araucárias com 14.919,42hectares, a <strong>Reserva</strong> Biológica <strong>da</strong>s Perobas com8.716,00 hectares, o Refúgio de Vi<strong>da</strong> Silvestre dosCampos de Palmas com 16.582,00 hectares e oParque Nacional dos Campos Gerais com 21.286,00hectares. A criação dessas UCs foi resultado de umaação específica para tratar <strong>da</strong> proteção dos últimosremanescentes <strong>da</strong> Floresta Ombrófila Mista e doscampos de altitude associados, que estão entre asfitofisionomias mais ameaça<strong>da</strong>s <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>.A título de exemplo, no caso <strong>da</strong>s espéciesameaça<strong>da</strong>s de extinção, cabe destacar que as 10Florestas Nacionais existentes na região <strong>da</strong> FlorestaOmbrófila Mista (Floresta com Araucárias) nosUNIDADES DE CONSERVAÇÃO CRIADAS EM 2010 E 2011UCs Quanti<strong>da</strong>de Área (ha) % MG Total UCsPROTEÇÃO INTEGRALEstação Ecológica 1 1.157,86 0,00Parque Estadual 4 8.974,85 0,02Refúgio de Vi<strong>da</strong> Silvestre1 9.750,40 0,02Monumento Natural 8 5.151,71 0,01Total (ha) 25.034,81 0,04 14USO SUSTENTÁVELRPPN 27 3.478,43 0,01APA 1 325.148,88 0,55Total (ha) 328.627,31 28Total Geral 353.662,13 42Tabela 7. Uni<strong>da</strong>des de Conservação cria<strong>da</strong>s em Minas Gerais nos anos de 2010 - 2011Anuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 47


estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grandedo Sul, cria<strong>da</strong>s a partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1940 com oobjetivo de implantar reflorestamentos de araucáriapara suprir o mercado madeireiro, cumpremhoje um papel importantíssimo <strong>da</strong> conservaçãodessa fitofisionomia florestal e, principalmente,na conservação de espécies ameaça<strong>da</strong>s de flora efauna e na conservação <strong>da</strong> variabili<strong>da</strong>de genéticadessas espécies.No contexto atual <strong>da</strong> Floresta com Araucárias, esteconjunto de Florestas Nacionais representa espaçosvitais para a conservação e sobrevivência <strong>da</strong>biodiversi<strong>da</strong>de regional no longo prazo, incluindodiversas espécies ameaça<strong>da</strong>s de extinção <strong>da</strong> floracomo o pinheiro-brasileiro (Araucaria angustifolia),canela-preta (Ocotea catharinensis), canela-sassafrás(Ocotea odorifera), palmito (Euterpe edulis), xaxim(Dicksonia sellowiana) e a imbuia (Ocotea porosa) eespécies de valor comercial como a erva-mate (Ilexparaguariensis), entre muitas outras espécies desteecossistema. As Flonas também oferecem refúgioe abrigo a inúmeras espécies de animais, taiscomo o bugio-ruivo (Alouatta clamitans), sapinhonarigudo-de-barriga-vermelha(Melanophryniscusdorsalis), suçuarana (Puma concolor), lontra (Lutralongicaudis), morcego-borboleta-avermelhado(Myotis ruber), macuco (Tinamus solitarius),gavião-pombo-grande (Leucopternis polionotus),além de dezenas de outras espécies, muitas delasameaça<strong>da</strong>s de extinção, raras ou endêmicas. Esseexemplo mostra a importância de se proteger erecuperar áreas nas várias categorias de manejo.No caso dessas flonas é necessário que os pinusnelas plantados (3.517 ha) sejam cortados o quantoantes e os recursos advindos <strong>da</strong> comercializaçãosejam destinados a um fundo em benefício <strong>da</strong>recuperação dessas áreas com espécies nativas epara a manutenção <strong>da</strong>s próprias flonas e demaisuni<strong>da</strong>des de conservação do SNUC.No Rio de Janeiro em abril de 2011 foi criado oParque Estadual <strong>da</strong> Costa do Sol, juntamentecom a portaria definitiva de criação de 15 RPPNestaduais, resultando em 10 mil hectares de áreaprotegi<strong>da</strong> no estado, sendo apenas no grupo deproteção integral. O Programa de apoio a Uni<strong>da</strong>deMunicipais de Conservação – Pro-UC <strong>da</strong> Secretariade Estado do Ambiente, resultou na criação de seteAPAs Municipais (38.420 ha) e oito UCs municipaisde proteção integral (16.459 ha).A Associação Asa Branca no Estado do Ceará ajudoua criar 04 <strong>Reserva</strong>s Particulares do PatrimônioNatural (RPPN) na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, contribuindopara o aumento <strong>da</strong>s áreas protegi<strong>da</strong>s nesse biomaatravés do Projeto “Criação de uma rede de reservaspriva<strong>da</strong>s no Maciço de Baturité”, apoiado pela SOS<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>. As RPPNs cria<strong>da</strong>s são: <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong>Cultura Permanente - Aratuba/CE – área de 7,62ha;Sitio Passaredo – Pacoti/CE – área de 3,61ha; BeloMonte – Mulungu/CE – área de 15,70ha e Gália –Guaramiranga/CE – área de 55,98ha.Segundo levantamento <strong>da</strong>s Uni<strong>da</strong>des deConservação (UCs) <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> realizado pelaRede de Gestores de UCs do Centro de EndemismoPernambuco, conta-se hoje com 158 Uni<strong>da</strong>descria<strong>da</strong>s nos estados do Rio Grande do Norte,Paraíba, Pernambuco e Alagoas e treze novas áreasestão em processo de criação nos quatro estados(ALMEIDA, 2012), que cobrem ao todo uma área deaproxima<strong>da</strong>mente 490.000 ha.Em São Paulo também foram cria<strong>da</strong>s importantesUni<strong>da</strong>des de Conservação recentemente, a exemplodo Parque Estadual de Itaberaba, Parque Estadualde Itapetinga, Floresta Estadual de Atibaia, FlorestaEstadual de Guarulhos, Parque Estadual Restinga deBertioga e <strong>da</strong> Área de Relevante Interesse EcológicoItaguaré, além de cerca de 100.000 hectares deremanescentes estão sendo estu<strong>da</strong>dos para acriação de novas Ucs estaduais e municipais na<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, algumas em fase final como o P.E.Nascentes do Paranapanema com mais de 25.000hectares.A Tabela 9, mostra os estudos para criação de novasuni<strong>da</strong>des de conservação federais em an<strong>da</strong>mentono ICMBio/MMA . Alguns estudos estão concluídoshá anos e aguar<strong>da</strong>m apenas a assinatura do Decretopresidencial de criação, como é o caso do Refúgiode Vi<strong>da</strong> Silvestre do Rio Tibagi (PR), o Refúgio deVi<strong>da</strong> Silvestre do Rio <strong>da</strong> Prata (SC), o Refúgio de Vi<strong>da</strong>Silvestre do Rio Pelotas (SC/RS) e o Parque Nacionaldo Campo dos Padres (SC), entre outros. A grandemaioria dos estudos realizados ou em an<strong>da</strong>mentoprevê a criação de UCs de Proteção Integral. Isso,se concretizado, ampliaria significativamente opercentual de áreas protegi<strong>da</strong>s em categorias commaior restrição de uso, hoje insuficientementerepresenta<strong>da</strong>s no SNUC.Também importante para a efetiva conservaçãoe uso sustentável do Domínio <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> é a


UCs com Estudos concluídos e consultas públicas realiza<strong>da</strong>s Categoria Estado Proposta HectaresREBIO Bom Jesus/Serra <strong>da</strong> Custódia REBIO PR 34.178PARNA Guaricana / Rio Arraial PARNA PR 35.000RVS do Rio Tibagi RVS PR 23.152REBIO União – ampliação REBIO RJ 7.000RVS do Rio Pelotas RVS SC e RS 258.276RVS do Rio <strong>da</strong> Prata RVS SC e RS 33.591PARNA Descobrimento - ampliação PARNA BA 1.549PARNA Campo dos Padres PARNA SC 52.152Litoral Sul de Sergipe ou Mangabeiras RESEX SE 30.000Serra do Gan<strong>da</strong>rela PARNA MG 39.391Sub-total 514.289UCs com Estudos concluídos aguar<strong>da</strong>ndo realização de consultas públicas:Restingas Pratigi / Jataipeba RVS BA 6.784Serras do Baixão e Bonita RVS BA 37.169Serras do Itamarajú, Guaratinga, Jucuruçú MONA BA 197.033Wenceslau Ubaíra MONA BA 41.838Santo Antônio Belmonte PARNA BA 60.719Serra Geral de Santa Catarina RVS ou MONA SC 68.750Praia <strong>da</strong> Pipa MONA RN 11.103Serra dos Poncianos PARNA SP e MG 25.000Sub-total 342.902UCs com estudos em an<strong>da</strong>mentoBanhado do Maçarico e cordões litorâneos RVS RS 68.435Butiazal de Tapes e Lagoa do Casamento RVS RS 53.412Dunas e Lagoas de Cidreira PARNA RS 47.357Guaritas/Palmas e Rincão do Inferno RVS e MONA RS 239.872Parques de Pau-Ferro Não defini<strong>da</strong> RS 77.595Santo Antônio Belmonte RDS BA 39.131Massarandupió Não defini<strong>da</strong> BA 8.115Sítio do Conde, Costa Azul, <strong>Mata</strong> do Umbú RESEX BA 21.500Mangue Seco RVS BA 29.066Cordeiros Piripá Não defini<strong>da</strong> BA 63.272Bandeira / Pedra Azul RVS MG 13.935Bandeira / Mamoneira (Limoeiro) REBIO estadual MG 19.121Quadrado Pedra Azul, Mamoneira Não defini<strong>da</strong> MG 187.052Bandeira /Entufado baiano PARNA/REBIO BA / MG 27.072Bandeira / Itambé RVS BA 35.338Bandeira / Gravatazeiro (Complexo Santana Itapebi) RVS BA / MG 89.887Jequié Não defini<strong>da</strong> BA 66.086Serra Jibóia RVS BA 10.993Taquara REBIO BA 2.717Sub-total 1.099.956Total Geral 1.957.147Tabela 9. Uni<strong>da</strong>des de Conservação federais em estudo para criação na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>Anuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 49


criação de áreas protegi<strong>da</strong>s nas zonas costeiras emarinhas adjacentes,campo no qual o Brasil estáespecialmente deficitário.Neste sentido o Colegiado Mar <strong>da</strong> RBMA, ONGs,Coalizão Abrolhos e outras Redes Sociais semobilizaram e reivindicam dos governos federal,estaduais e municipais, maior empenho e priori<strong>da</strong>depara criar e ampliar também as uni<strong>da</strong>des deconservação costeiras e marinhas, visando cumpriras metas assumi<strong>da</strong>s internacionalmente pelogoverno brasileiro. Estes ecossistemas são os menosprotegidos do Brasil e estão entre os primeiros asentir efeitos <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças climáticas globais, sejapelo aquecimento ou pela acidificação <strong>da</strong> água domar. No ICMBio, entre as uni<strong>da</strong>des de conservaçãocujos processos de criação encontram-se em estágiomuito avançado e dependem de empenho porparte do governo federal e estaduais para se tornarreali<strong>da</strong>de, destacam-se: REVIS Peixe Boi (Ceará); APALitoral Leste (Ceará); REVIS Praia do Forte (Bahia);REVIS Arembepe (Bahia); Ampliação do PARNAMdos Abrolhos (Bahia); APA dos Abrolhos (Bahia/Espírito Santo); REVIS <strong>da</strong> Baleia Jubarte (EspíritoSanto); RDS Foz do Rio Doce (Espírito Santo); PARNA+ APA Ilha do Francês (Espírito Santo) e REVISBabitonga (Santa Catarina). A criação <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>desde conservação acima cita<strong>da</strong>s elevará de 1,57%para aproxima<strong>da</strong>mente 4,3% a área protegi<strong>da</strong> <strong>da</strong>Zona Econômica Exclusiva Brasileira, atingindo 43%<strong>da</strong> meta estabeleci<strong>da</strong> pelo Brasil junto à Convenção<strong>da</strong> Diversi<strong>da</strong>de Biológica.É importante mencionar que o Mapa de ÁreasPrioritárias para Conservação e Uso sustentávele Repartição de Benefícios <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>deBrasileira (Decreto n0 5092/2004), elaborado comampla participação <strong>da</strong>s instituições acadêmicas depesquisa, <strong>da</strong>s organizações não governamentais, dosdiversos setores <strong>da</strong> economia e dos órgãos públicosnos diversos níveis, tem sido uma importanteferramenta de apoio à criação de novas uni<strong>da</strong>desde conservação. Outros documentos estaduais sãotambém importantes a exemplo do Atlas <strong>da</strong> Faunaem Uni<strong>da</strong>des de Conservação - executado pelo IEFde Minas Gerais, o Projeto Biota/SP que identificouáreas prioritárias para criação de Ucs no Estado deSão Paulo,o Projeto RS Biodiversi<strong>da</strong>de no Rio Grandedo Sul,o Projeto Corredor Ecológico Central <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> na Bahia e Espírito Santo.


CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕESNão resta dúvi<strong>da</strong> de que a que<strong>da</strong> dos índices de desmatamento e o início <strong>da</strong> regeneração <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> está diretamente relacionado ao grande aprimoramento <strong>da</strong> legislação ambiental no Brasil,que começou com o Código Florestal, passando pela Constituição de 1988 até chegar à Lei <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> (Lei 11.428/06). A Lei <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> complementou o Código Florestal que protegia asáreas de preservação permanente e exigia uma reserva legal mínima de 20%, passando a protegertodos os remanescentes de vegetação primária e de vegetação secundária em estágio inicial, médioe avançado de regeneração, ain<strong>da</strong> existentes. O uso e supressão de vegetação primária ficou restritoapenas para obras e ativi<strong>da</strong>des de utili<strong>da</strong>de pública, práticas preservacionistas e pesquisa científica,ain<strong>da</strong> assim somente em casos em que não haja alternativa técnica e locacional. Na vegetaçãosecundária em estágio avançado de regeneração o uso e a supressão também ficou restrito a obras eativi<strong>da</strong>des de utili<strong>da</strong>de pública, práticas preservacionistas e pesquisa científica, além de loteamentose edificações e ativi<strong>da</strong>des minerárias e somente em casos em que não haja alternativa técnica elocacional. Nos estágios inicial e médio há também algumas hipóteses de supressão e uso por interessesocial e para atender necessi<strong>da</strong>des básicas de populações tradicionais e pequenos produtoresrurais. Em todos os casos de supressão de vegetação primária ou secun<strong>da</strong>äria em estágio médio eavançado, exceto supressão de estágio médio para pequenos produtores e populações tradicionais,terá que ser feita a compensação mediante destinação, de forma perpétua, de área equivalente àdesmata<strong>da</strong> para proteção. Outro aspecto de grande acerto <strong>da</strong> Lei <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> foi a proibiçãodefinitiva de to<strong>da</strong> e qualquer exploração madeireira com finali<strong>da</strong>de comercial (aí incluí<strong>da</strong>s as espéciesameaça<strong>da</strong>s de extinção) nos remanescentes de vegetação nativa em estágio avançado e primário e,com exceção de espécies pioneiras, também no estágio médio de regeneração. A legislação, alémde contribuir decisivamente na redução dos índices de desmatamento, está <strong>da</strong>ndo uma chance, emfunção <strong>da</strong> proibição <strong>da</strong> exploração florestal generaliza<strong>da</strong>, para os fragmentos de vegetação nativaremanescentes recuperarem sua estrutura e biodiversi<strong>da</strong>de.Desta forma, as normas legais já existentes para a <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> são capazes de garantir a efetivi<strong>da</strong>dedos objetivos e metas <strong>da</strong> CDB. Mesmo assim, ain<strong>da</strong> estamos longe de garantir a proteção efetiva depelo menos 17% de áreas terrestres e de águas continentais e 10% de áreas marinhas e costeiras emsistemas de áreas protegi<strong>da</strong>s.Neste sentido, para melhorar a situação <strong>da</strong> proteção <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de de fauna e flora e <strong>da</strong>diversi<strong>da</strong>de genética <strong>da</strong>s espécies, de acordo com o objetivo C <strong>da</strong> CBD, algumas estratégias e açõessão extremamente importantes e urgentes:a) ampliação do SNUC com a criação de novas Uni<strong>da</strong>des de Conservação, públicas (federais,estaduais e municipais) e priva<strong>da</strong>s, representativas de todos os ecossistemas;b) efetiva implementação <strong>da</strong> Lei <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e do Código Florestal com a conservação erecuperação <strong>da</strong>s áreas de preservação permanente e reserva legal, bem como a intensificação <strong>da</strong>fiscalização para cessar as ações de degra<strong>da</strong>ção ou desmatamento;c) implementação e fortalecimento <strong>da</strong> gestão <strong>da</strong>s Uni<strong>da</strong>des de Conservação existentes e <strong>da</strong>snovas a serem cria<strong>da</strong>s;d) estabelecimento de estratégias comuns de gestão de áreas protegi<strong>da</strong>s como a criação eefetivação de mosaicos de UCs, a gestão compartilha<strong>da</strong> de UCs entre poder público e organizações<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, entre outras;e) estabelecimento de fundos permanentes, administrados fora <strong>da</strong> conta única do tesouro, quegarantam recursos básicos para a implementação e gestão <strong>da</strong>s UCs;f) ampliação significativa dos recursos provenientes do tesouro nacional para garantir aefetivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> aplicação <strong>da</strong> legislação e a implementação, inclusive a regularização de áreas, <strong>da</strong>suni<strong>da</strong>des de conservação.Anuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 51


Objetivo estratégico D: Aumentar os benefícios de biodiversi<strong>da</strong>dee serviços ecossistêmicos para todos.• Meta 14 - Até 2020, ecossistemas provedores de serviços essenciais,inclusive serviços relativos a água e que contribuem à saúde, meiosde vi<strong>da</strong> e bem-estar, terão sido restaurados e preservados, levandoem conta as necessi<strong>da</strong>des de mulheres, comuni<strong>da</strong>des indígenas elocais, e de pobres e vulneráveis.• Meta 15 - Até 2020, a resiliência de ecossistemas e a contribuição<strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de para estoques de carbono terão sido aumenta<strong>da</strong>satravés de ações de conservação e recuperação, inclusive por meio<strong>da</strong> recuperação de pelo menos 15% dos ecossistemas degra<strong>da</strong>dos,contribuindo para mitigação e a<strong>da</strong>ptação à mu<strong>da</strong>nça climática epara o combate à desertificação.• Meta 16 - Até 2015, o Protocolo de Nagoya sobre Acesso a RecursosGenéticos e a Repartição Justa e Eqüitativa dos Benefícios Derivadosde sua Utilização terá entrado em vigor e estará operacionalizado,em conformi<strong>da</strong>de com a legislação nacional.


N este objetivo serão discuti<strong>da</strong>s as formas de aumentaros benefícios <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de e dos serviçosecossistêmicos para todos, através <strong>da</strong> restauração deáreas degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s, pagamento por serviços ambientaise prevenção de catástrofes provoca<strong>da</strong>s por eventosclimáticos adversos. Também será abor<strong>da</strong>do o potencial<strong>da</strong> região <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> na mitigação dos efeitos <strong>da</strong>smu<strong>da</strong>nças climáticas através <strong>da</strong> regeneração e restauraçãode áreas, especialmente as Áreas de PreservaçãoPermanente (APPs) e <strong>Reserva</strong>s Legais irregularmenteocupa<strong>da</strong>s no passado. Serão também discutidos osaspectos relacionados ao acesso aos recursos genéticose a repartição dos benefícios derivados de sua utilização.A IMPORTÂNCIA DA BIODIVERSIDADE E DOSSERVIÇOS ECOSSISTÊMICOSOs serviços ecossistêmicos são prestados pela natureza deforma silenciosa, gratuita e continuamente e trazem umasérie de benefícios ao homem, mesmo que a maioria <strong>da</strong>spessoas sequer note ou saiba disso.Entre os serviços prestados pela natureza estão:• A regulação do clima, amenizando desastrescomo enchentes, secas e tempestades;• A manutenção do ciclo hidrológico, absorvendo,filtrando e promovendo a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água;• A prevenção <strong>da</strong> erosão do solo, mantendo suaestrutura e estabili<strong>da</strong>de;• A produção de oxigênio;• O provimento de espaços para moradia, cultivos,recreação e turismo;• A manutenção <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> qual ohomem retira elementos essenciais para a melhoria <strong>da</strong>agricultura, produção de medicamentos e cosméticos;• A manutenção de processos que a tecnologiahumana não domina e nem substitui como a polinização,a fotossíntese e a decomposição de resíduos;• A regulação <strong>da</strong> composição química dos oceanos.Mesmo diante <strong>da</strong> drástica redução, os recursos naturais<strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> ain<strong>da</strong> representam uma riquezaincomparável em termos de biodiversi<strong>da</strong>de e serviçosambientais, contribuindo para a manutenção <strong>da</strong> basedesustentação e desenvolvimento econômico e <strong>da</strong>quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> e bem-estar <strong>da</strong>s aproxima<strong>da</strong>mente 120milhões de pessoas que vivem em seus domínios. A <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> protege os solos e encostas <strong>da</strong> erosão, regula oclima nas ci<strong>da</strong>des e no campo, fornece polinizadores paraAnuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 53


a agricultura, protege nascentes e rios que fornecemágua potável para milhões de brasileiros, além deabrigar pela rara beleza cênica e diversi<strong>da</strong>de de suaspaisagens, 60 dos 96 polos de ecoturismo do Brasilcom atrativos naturais e culturais (MMA, 2010) 1 .Apesar do reconhecimento científico <strong>da</strong> sua riquezabiológica, inclusive internacionalmente, e de suarelevância socioeconômica para o país, a <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> está em situação crítica, exigindo açõesurgentes que envolvam os diversos segmentos<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de com vistas a assegurar a proteçãoefetiva dos remanescentes e a recuperação departe de sua cobertura original. As ações deconservação e recuperação devem ser feitas emescala mais ampla, ao nível <strong>da</strong> paisagem, de formaa promover a conexão entre fragmentos menoresa áreas maiores, como por exemplo as uni<strong>da</strong>des deconservação, utilizando as reservas legais e áreasde preservação permanente como corredores parao trânsito <strong>da</strong>s espécies. Para isso, além <strong>da</strong>s açõesfederais, a participação de proprietários particulares,populações tradicionais, pequenos produtores e dopoder público estadual e municipal é fun<strong>da</strong>mental.A RESTAURAÇÃO DE APPS E RESERVAS LEGAISEntre as áreas que mais provêm serviços essenciaisentre aqueles listados acima estão as “áreas depreservação permanente” (APPs), defini<strong>da</strong>s segundoo Código Florestal 2 . Essas áreas, localiza<strong>da</strong>s ao longodos corpos d’água, nas encostas íngremes e topos demorro são “especialistas” no provimento dos serviçosecossistêmicos essenciais. Estudo de SPAROVEK etal. (2011), que mapeou a extensão total <strong>da</strong>s APPsno Brasil (103 milhões de hectares) e a comparoucom sua cobertura vegetal, identificando um déficitde 44 milhões de hectares, ou 43%. Segundo essemesmo estudo a área degra<strong>da</strong><strong>da</strong> de reservas legaise de áreas de preservação permanente somam 87milhões de hectares, cerca de 10% do territórionacional. A região mais degra<strong>da</strong><strong>da</strong> é a <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong>, segui<strong>da</strong> <strong>da</strong> Caatinga e do Cerrado. Sepelo menos 15% dessas áreas fossem recupera<strong>da</strong>s1 Campanili, M.; Schaffer, W. B. <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> - Manual de AdequaçãoAmbiental. - Brasília - DF : MMA/SBF,2010.2 UICN, WWF-BRASIL e IPÊ. Metas de Aichi: Situação atual no Brasil.Ronaldo Weigand Jr; Danielle Calandino <strong>da</strong> Silva; Danielade Oliveira e Silva. Brasília,DF: UICN, WWF-Brasi e IPÊ, 2011.até 2020, representariam 13,5 milhões de hectares.Além disso, a recuperação é imprescindível paraa conexão de fragmentos florestais, ligação entreuni<strong>da</strong>des de conservação e recomposição de áreasprotegi<strong>da</strong>s. A redução <strong>da</strong> proteção e a dispensa derecuperação de até 80% <strong>da</strong>s APPs trazi<strong>da</strong>s pela Lei12.651/12 e pela MP 571/12, consituem sério risco àconservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de e cumprimento <strong>da</strong>smetas <strong>da</strong> CDB-2020.Restaurar APPs e <strong>Reserva</strong>s Legais é uma <strong>da</strong>sestratégias mais efetivas para enfrentar o problema<strong>da</strong> fragmentação <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, contribuindoao mesmo tempo com a mitigação <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nçasclimáticas, através <strong>da</strong> captura de carbono, e tambémpara a mitigação dos efeitos dos eventos climáticosextremos como secas e enchentes. A recuperaçãode tais áreas permite a conexão dos fragmentosatravés de formação de corredores ecológicos eé vital para a conservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de e orestabelecimento do fluxo gênico <strong>da</strong>s espécies.Uma <strong>da</strong>s iniciativas mais significativas nessesentido é a proposta do Pacto pela Restauração<strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, lançado em abril de 2009,que tem como meta a restauração florestal de 15milhões de hectares até o ano de 2050. Com maisde 200 membros, entre organizações <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>decivil, empresas, centros de pesquisa e órgãosgovernamentais, o Pacto pretende integrar esforçospara restaurar a <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> em larga escala ecom quali<strong>da</strong>de, promovendo simultaneamenteconservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de, geração detrabalho e ren<strong>da</strong>, adequação legal <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>desagropecuárias e provisão de serviços ambientaiscríticos para o desenvolvimento econômico e parao bem estar de mais de 120 milhões de pessoas(Figura7).Iniciativas como o Pacto têm mostrado que aformação de parcerias é fun<strong>da</strong>mental para oalcance <strong>da</strong>s metas estabeleci<strong>da</strong>s. Como exemplo,citamos dois setores <strong>da</strong> economia, o madeireiroe o agropecuarista, que enfrentam problemas eque poderiam se beneficiar mutuamente com arestauração florestal. O setor madeireiro alega queestá com falta de matéria prima florestal e falta deespaço para plantar florestas. Parte significativa dosetor agropecuarista está com passivo ambiental etem obrigação legal e terra suficiente para plantar


Figura 7. Áreas potenciais para restauração florestal- Pacto pela restauração <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>Anuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 55


florestas, muitas vezes terra subutiliza<strong>da</strong> e comnenhuma ou baixa produção pecuária ou agrícola.Com trabalho em parceria e colaboração mútua,poderá ser resolvido o problema de falta de matériaprimado setor madeireiro e o passivo ambientaldo setor agropecuarista, e ao mesmo tempo aconservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de, a mitigação <strong>da</strong>smu<strong>da</strong>nças climáticas e o provimento de serviçosambientais essenciais à socie<strong>da</strong>de. Para isso, énecessário vontade de dialogar e de buscar asolução mais adequa<strong>da</strong> para ca<strong>da</strong> região, de formaque todos saiam ganhando, pois plantar florestas éum ótimo negócio, não apenas para os madeireiros,agricultores ou pecuaristas, mas também para aeconomia como um todo e para a população <strong>da</strong>sci<strong>da</strong>des, que teria os serviços ambientais vitaisgarantidos.Existem vários métodos para a promoção <strong>da</strong>recuperação de áreas. A forma mais simples éinterromper o uso agrícola ou pecuário <strong>da</strong> áreae permitir ou conduzir a regeneração natural<strong>da</strong>s espécies nativas. Outra forma é através doplantio de espécies nativas ou ain<strong>da</strong>, através doplantio e <strong>da</strong> condução simultânea <strong>da</strong>s espéciesprovenientes de regeneração espontânea. NaResolução CONAMA 429/2011, que dispõe sobrea metodologia de recuperação <strong>da</strong>s áreas depreservação permanente, foram estabelecidos osprocedimentos metodológicos para a restauração erecuperação dessas áreas. As mesmas metodologiaspodem ser aplica<strong>da</strong>s na recuperação e restauração<strong>da</strong> reserva legal.A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO DAS ONGS NARESTAURAÇÃO FLORESTALA Rede de ONGs <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, que atualmentecongrega mais de 300 ONGs, teve papelfun<strong>da</strong>mental na aprovação e regulamentação <strong>da</strong> Lei<strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e também no acompanhamento<strong>da</strong>s políticas públicas federais e estaduais. DiversasONGs filia<strong>da</strong>s à Rede também desenvolvemtrabalhos de capacitação e restauração de áreasdegra<strong>da</strong><strong>da</strong>s de <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>. A Apremavi 3 emSanta Catarina, possui viveiro de mu<strong>da</strong>s nativasdesde 1987, onde produz aproxima<strong>da</strong>mente 7003 http://www.apremavi.org.br/mil mu<strong>da</strong>s/ano de mais de 100 espécies nativas,utiliza<strong>da</strong>s na recuperação de áreas de preservaçãopermanente e reservas legais nos estados de SantaCatarina e Paraná. Em Minas Gerais o InstitutoTerra 4 , fun<strong>da</strong>do em 1999 por Lélia Deluiz WanickSalgado e Sebastião Salgado, implantou umCentro de Educação e Recuperação Ambientalque capacita professores, alunos e pessoas <strong>da</strong>comuni<strong>da</strong>de, além de produzir mu<strong>da</strong>s nativas epromover a recuperação de áreas degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s. NaBahia o Grupo Ambientalista <strong>da</strong> Bahia (Gambá) 5realiza trabalhos de acompanhamento <strong>da</strong>spolíticas públicas, capacitação e recuperaçãode áreas de <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>. No Rio de Janeiro oInstituto Terra de Preservação Ambiental (ITPA) 6trabalha desde 1998 em favor de desenvolvimentosustentável e pela conservação de áreas emuni<strong>da</strong>des de conservação e na restauração deáreas degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s. Em Pernambuco a Associaçãopara a Proteção <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> do Nordeste -AMANE 7 desenvolve o Projeto Energia Verde, querealiza restauração de áreas degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s e fez acaracterização florística no principal fragmento doComplexo Florestal <strong>da</strong> Serra do Urubu, área ti<strong>da</strong>como prioritária para conservação e utilizaçãosustentável de biodiversi<strong>da</strong>de naquela região. EmSão Paulo o Instituto de Pesquisas Ecológicas – Ipê 8desenvolve os projetos “Abraço verde” e “Formacãode Corredores Ecológicos”, na região do Pontal doParanapanema. Ain<strong>da</strong> em São Paulo, a Fun<strong>da</strong>çãoSOS <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> desenvolve há mais de 10 anoso Programa Clickarvore que já implantou 1300projetos de restauração e ca<strong>da</strong>strou 36 viveirosde mu<strong>da</strong>s nativas, contemplando 350 municípiosem 10 estados. Além do Clickarvore a SOS <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> 9 também desenvolve o programa Florestasdo Futuro que já plantou mais de 2.3000.000mu<strong>da</strong>s. Também existem projetos desenvolvidospor comuni<strong>da</strong>des tradicionais como o Projeto deGestão Ambiental Participativa e DesenvolvimentoEconômico no Quilombo de Ivaporunduva, emparceria com o Instituto Socioambiental (ISA) 10 ,que promoveu o repovoamento de 200 ha defloresta com palmito jussara, além de desenvolver4 http://www.institutoterra.org/5 http://www.gamba.org.br/6 http://www.itpa.org.br/7 http://www.amane.org.br/8 http://www.ipe.org.br/9 http://www.sosmatatlantica.org.br/10 http://www.socioambiental.org/


ativi<strong>da</strong>des de produção de banana orgânica eturismo étnico-cultural. Além dos exemplos citados,inúmeras outras ONGs realizam bem sucedidostrabalhos de recuperação e restauração florestal na<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>.O TRABALHO DOS ESTADOS NARESTAURAÇÃO FLORESTALExistem também inicitivas estaduais como oProjeto de Proteção <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> (PROMATA)do Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais,que conta com apoio <strong>da</strong> cooperação alemã para odesenvolvimento e que tem realizado experiênciasde pagamento a proprietários rurais que conservemsuas florestas. Um dos trabalhos é no municípiode Baependi, localizado na região <strong>da</strong> Serra <strong>da</strong>Mantiqueira, no Sul do Estado, onde existem trêsimportantes uni<strong>da</strong>des de conservação: o ParqueEstadual <strong>da</strong> Serra do Papagaio, o Parque Nacionaldo Itatiaia e a Área de Proteção Ambiental <strong>da</strong>Mantiqueira. Desde 2007, foram recuperados cercade 2,9 mil hectares de áreas de florestas em cerca de240 áreas utilizando cerca de 2,3 milhões de mu<strong>da</strong>sproduzi<strong>da</strong>s nos viveiros familiares implantados naregião. Em 2010/2011, cerca de R$ 270 mil foramdestinados ao pagamento de 93 proprietáriosrurais <strong>da</strong> região. A iniciativa inspirou a Lei <strong>da</strong> BolsaVerde, aprova<strong>da</strong> pela Assembléia Legislativa deMinas Gerais em 2008. O Programa Bolsa verdeconcede incentivo financeiro aos proprietáriose posseiros, com objetivo apoiar a conservação<strong>da</strong> cobertura vegetal nativa em Minas Gerais,mediante pagamento por serviços ambientaisaos proprietários e posseiros que já preservam ouque se comprometem a recuperar a vegetação deorigem nativa em suas proprie<strong>da</strong>des ou posses.O Governo de Minas Gerais diante do desafio deinternalizar o Plano Estratégico para a Biodiversi<strong>da</strong>de2011-2020 propôs a elaboração do Plano Estadualde Proteção à Biodiversi<strong>da</strong>de que é um dos subprojetosque compõem o projeto estratégicoConservação <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, Cerrado e Caatingasob coordenação do Instituto Estadual de Florestal.No Paraná o Programa de Recuperação deambientes Degra<strong>da</strong>dos (Programa <strong>Mata</strong> Ciliar)coordenado pela Secretaria de Estado do MeioAmbiente e Recursos Hídricos - SEMA e executadopelo Instituto Ambiental do Paraná em parceria comos Municípios, Secretarias de Estado <strong>da</strong> Agriculturae do Planejamento e com forte inserção <strong>da</strong> iniciativapriva<strong>da</strong> já plantou mais de 3,8 milhões de mu<strong>da</strong>se promoveu a regeneração natural através doabandono de áreas de mais de 1.800 hectares. Asáreas recupera<strong>da</strong>s são principalmente nascentes emargens de rios. (Fonte: www.iap.pr.gov.br)Estes são apenas alguns exemplos de iniciativasem an<strong>da</strong>mento e que demonstram a viabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>restauração <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>.O PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAISUm dos mais importantes e modernos incentivospositivos para a conservação e recuperação<strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de é o pagamento por serviçosambientais ou ecossistêmicos. Uma <strong>da</strong>s primeirasnormas legais neste sentido veio em 2000,com a Lei do Sistema Nacional de Uni<strong>da</strong>des deConservação (SNUC), que instituiu a contribuiçãofinanceira para as UCs a ser paga pelas companhiasde distribuição de água e geração de energia, oupor outras companhias que usem água forneci<strong>da</strong>por uni<strong>da</strong>des de conservação. Esta é uma fontepotencial de ren<strong>da</strong> para as UCs, mas ain<strong>da</strong> necessita<strong>da</strong> regulamentação <strong>da</strong> lei para sua futura aplicação.Atualmente, no Brasil, as iniciativas de pagamentopor serviços ambientais se multiplicam rapi<strong>da</strong>mente,sejam eles privados: coordenados e financiadoscom recursos de empresas e ONGs; ou públicos:impulsionados e financiados por governos emseus diversos níveis (municipal, estadual e federal).Estudo do Ministério do Meio Ambiente publicadono livro Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA)na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>: lições aprendi<strong>da</strong>s e desafios(MMA, 2011), apontou a existência de 41 projetosde PSA relacionados com água, 33 com carbono e 5com biodiversi<strong>da</strong>de.No campo <strong>da</strong> proteção <strong>da</strong> água já existemprogramas de pagamento dos proprietários, aexemplo do município de Extrema, Minas Gerais,onde a prefeitura remunera produtores rurais quemantém ou recuperam as Áreas de PreservaçãoPermanente (APPs) nas microbacias do município.Outro exemplo está na Região Metropolitana de SãoPaulo, onde a Fun<strong>da</strong>ção O Boticário tem projeto queAnuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 57


eneficia quem preserva a <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>nas proprie<strong>da</strong>des na área de mananciais.O Sistema Ambiental Paulista, por meio deseus diversos órgãos, como a Secretaria deEstado do Meio Ambiente, tem promovido,no âmbito <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> doCinturão Verde, ações de criação emanutenção de incentivos positivos,para a conservação e recuperação<strong>da</strong> biodioversi<strong>da</strong>de, com incentivosfinanceiros como Pagamento por ServiçosAmbientais (Projeto Mina d’água), Projetode Recuperação de <strong>Mata</strong>s Ciliares, entrevários outros programas, projetos e açõesexistentes na agen<strong>da</strong> ambiental paulistaque estão em an<strong>da</strong>mento. O ProjetoMunicípio Verde e Azul também é outrainiciativa do Estado, bastante importante,pois além de promover incentivospara a proteção e uso sustentável <strong>da</strong>biodiversi<strong>da</strong>de nos municípios doEstado de São Paulo, também trabalha aintegração e articulação entre os órgãos<strong>da</strong>s esferas estaduais e municipais.No Paraná a Socie<strong>da</strong>de de Pesquisa emVi<strong>da</strong> Selvagem e Educação Ambiental(SPVS), desenvolve projeto em parceriacom a organização não-governamentalThe Nature Conservancy (TNC) e comempresas do setor elétrico e de automóveis,através do qual foi adquiri<strong>da</strong> uma áreade aproxima<strong>da</strong>mente 19.000 hectares naregião <strong>da</strong> Serra do Mar, que está sendoconserva<strong>da</strong>. Além <strong>da</strong> captura de carbono,que contribui para a minimização dosefeitos <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças climáticas, as áreasprotegi<strong>da</strong>s pela SPVS geram diversosoutros serviços ambientais, dentre os quaisse destacam: a manutenção <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>debiológica de plantas e animais; amanutenção <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de de ecossistemase dos processos ecológicos <strong>da</strong> região; ofornecimento de água de quali<strong>da</strong>de paraabastecimento <strong>da</strong> população urbana deAntonina (18 mil pessoas) e comuni<strong>da</strong>desde Ilha Rasa (600 pessoas), que captamágua nas reservas <strong>da</strong> SPVS.No Rio de Janeiro o Pagamento por ServiçosAmbientais promovido pela Agência <strong>da</strong>


Bacia do Rio Paraíba (AGEVAP), possibilitou que39 proprietários rurais, escolhidos por licitação,recebessem mensalmente o valor de R$10,00 a R$60,00 por hectare, para que mantivessem áreasplanta<strong>da</strong>s em suas proprie<strong>da</strong>des.Já existem, também, formas de pagamento pelaconservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de em outros estadoscomo a iniciativa de Minas Gerais, do Programa BolsaVerde instituído pela Lei 17.727, de 13 de agosto de2008, e regulamenta<strong>da</strong> pelo Decreto 45.113, de 05de junho de 2009 apoia a conservação <strong>da</strong> coberturavegetal nativa mediante pagamento por serviçosambientais aos proprietários e posseiros que jápreservam ou que se comprometem a recuperar avegetação de origem nativa em suas proprie<strong>da</strong>desou posses. O incentivo financeiro é proporcionalà dimensão <strong>da</strong> área preserva<strong>da</strong>. Recebe maisquem preservar mais até o limite de hectarescorrespondente a quatro módulos fiscais em seurespectivo município. Em 2010, seu primeiro anode operacionalização, o Programa Bolsa Verdedestinou mais de 5 milhões de reais e contemplou869 proprietários que receberam ca<strong>da</strong> uma a suaparcela deposita<strong>da</strong> em conta corrente.A conservação <strong>da</strong> beleza cênica <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>também começa a ser valoriza<strong>da</strong> como serviçoambiental, como no sul <strong>da</strong> Bahia, onde o InstitutoFloresta Viva e o Txai Resort desenvolvem umprojeto que remunera agricultores que conservamfragmentos <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, reconhecendo-oscomo atrativos para incrementar o turismo.Ain<strong>da</strong> em âmbito estadual o programa depagamentos por serviços ambientais do EspíritoSanto é um dos primeiros em todo o Brasil, com baseno Fundágua – Fundo Estadual de Recursos Hídricosdo ES, constituído por 3% dos recursos dos royaltiesde petróleo e gás natural recebidos pelo estado. Hádois projetos regionais em an<strong>da</strong>mento: Produtoresde Água e Florestas para Vi<strong>da</strong>, executados peloInstituto Estadual de Meio Ambiente (IEMA), e umprograma mais amplo em nível estadual, Reflorestar,lançado em 2011 ain<strong>da</strong> em fase inicial de execução,que conta com diversas enti<strong>da</strong>des parceiras, entreelas IEMA e o INCAPER.Em âmbito nacional, vem sendo discutido o Projetode Lei no 792/2007, que visa instituir uma PolíticaNacional de Pagamento por Serviços Ambientais,criar um programa nacional e um fundo de PSA.Embora a política nacional ain<strong>da</strong> esteja sendodiscuti<strong>da</strong> no âmbito federal, diversos estados emunicípios já aprovaram leis específicas para oPSA. É o caso Santa Catarina que aprovou a leiestadual sobre Pagamento por Serviços Ambientais(Lei 15.133/10) que estabeleceu o ProgramaEstadual de Pagamento por Serviços Ambientaiscom o objetivo de implementar o pagamento <strong>da</strong>sativi<strong>da</strong>des humanas de preservação, conservação,manutenção, proteção, restabelecimento,recuperação e melhoria dos ecossistemas quegeram serviços ambientais. Tais pagamentos se<strong>da</strong>rão por meio de três subprogramas: uni<strong>da</strong>des deconservação, formações vegetais e água.RELAÇÃO ENTRE SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOSE CATÁSTROFESPara garantir os serviços ecossistêmicos énecessário proteger ou recuperar as áreas queprotegem nascentes e fontes d’água, controlam aerosão, evitam desbarrancamentos, entre outras. Asáreas de preservação permanente, especialmenteaquelas situa<strong>da</strong>s nas margens dos cursos d’água enas encostas e topos de morro, montes, montanhase serras, geralmente são coincidentes com áreasque prestam relevantes serviços ecossistêmicos eao mesmo tempo são ambientalmente vulneráveise de risco, cuja ocupação com ativi<strong>da</strong>desagropecuárias ou com edificações compromete osserviços ecossistêmicos e a segurança <strong>da</strong> populaçãoresidente. O bem-estar <strong>da</strong>s populações humanassomente estará assegurado se estas populaçõesnão estiverem sujeitas aos riscos de enchentes,desbarrancamentos, falta d’água, poluição ou outrosdesequilíbrios ambientais e puderem desfrutar deuma paisagem harmônica e equilibra<strong>da</strong>.Isso só é possível se as áreas vulneráveis e derisco não estiverem ocupa<strong>da</strong>s com edificaçõesou ativi<strong>da</strong>des agropecuárias, e ao mesmo tempo,estiverem com a vegetação nativa devi<strong>da</strong>mentepreserva<strong>da</strong> e protegi<strong>da</strong>.Está fartamente comprovado que mesmo ospequenos riachos, principalmente aquelesAnuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 59


desprovidos <strong>da</strong> proteção <strong>da</strong> vegetação ciliar,transbor<strong>da</strong>m por ocasião de chuvas torrenciais e,<strong>da</strong> mesma forma os morros e encostas antropiza<strong>da</strong>s(ocupa<strong>da</strong>s por ativi<strong>da</strong>des agropecuárias, obras deinfraestrutura ou ci<strong>da</strong>des) são as mais suscetíveisa desbarrancamentos e deslizamentos, atingindoas pessoas que eventualmente moram ou ocupamáreas de preservação permanente. Exemplos nãofaltam, basta analisar os casos de catástrofes comoa que se abateu sobre a região serrana do Rio deJaneiro, no início de 2011, ou sobre o Vale do Itajaí,em Santa Catarina, no final de 2008.O jurista e atual ministro do Superior Tribunal deJustiça, Antonio Hermann Benjamim (Campanili &Schaffer, 2010) nos ensina que a melhor forma deprevenir os riscos é não ocupar essas áreas. “A únicamaneira de evitar os prejuízos socioeconômicos,inclusive a per<strong>da</strong> de vi<strong>da</strong>s humanas, provoca<strong>da</strong>s porenchentes e deslizamentos, é não ocupar ou morarem encostas com declivi<strong>da</strong>de acentua<strong>da</strong> e nasmargens de riachos e rios. Isso, que parece óbvio,infelizmente é ignorado por significativa parcela<strong>da</strong> população (e não se trata apenas <strong>da</strong> populaçãopobre), por grande parte <strong>da</strong>s autori<strong>da</strong>des etambém por meios de comunicação que cobremtais tragédias. Ain<strong>da</strong> há gente que acredita quecanalizar rios previne e evita enchentes, quandona reali<strong>da</strong>de arma ver<strong>da</strong>deiras bombas relógio quevão explodir mais adiante”.A título de exemplo, estudo do Ministério doMeio Ambiente realizado na área atingi<strong>da</strong> pelatragédia que se abateu sobre a região serrana doRio de Janeiro, em janeiro de 2011 (Schaffer etal., 2011), constatou que 92% <strong>da</strong>s áreas atingi<strong>da</strong>spelos deslizamentos tinham alguma interferênciaantrópica, seja na vertente, no sopé ou no topo domorro. O estudo também apontou que o número dedeslizamentos ocorridos em áreas com vegetaçãonativa bem conserva<strong>da</strong> representou apenas 8% dototal, sendo significativamente menor do que nasáreas antropiza<strong>da</strong>s (áreas agrícolas, pastagens, áreaspovoa<strong>da</strong>s). Da mesma forma, <strong>da</strong>s áreas atingi<strong>da</strong>spelas enchentes mais de 70% estavam dentro <strong>da</strong>sfaixas de preservação permenente preconiza<strong>da</strong>spelo Código Florestal em vigor à época.ACESSO A RECURSOS GENÉTICOS E AREPARTIÇÃO JUSTA E EQUITATIVA DOSBENEFÍCIOS DERIVADOS DE SUA UTILIZAÇÃOO Brasil tem sido pioneiro na promoção dosdireitos <strong>da</strong>s populações tradicionais em relação aosprodutos gerados a partir de seu conhecimento,conforme previsto no artigo 8j <strong>da</strong> CDB. A Medi<strong>da</strong>Provisória (MP) 2.186-16/2001, reconhece que oconhecimento tradicional associado é parte dopatrimônio cultural brasileiro e estabelece direitosàs comuni<strong>da</strong>des indígenas e locais. A cita<strong>da</strong> MPestabelece que o acesso ao patrimônio genético dopaís só poderá acontecer com autorização <strong>da</strong> Uniãoe que é ilegal utilizar o conhecimento tradicionalassociado sem a autorização <strong>da</strong>queles que o detéme do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético(CGEN) 11 .Desde o seu estabelecimento, o CGEN publicoudiversas Orientações Técnicas e 34 Resoluções paraa implementação adequa<strong>da</strong> <strong>da</strong> Medi<strong>da</strong> Provisória,to<strong>da</strong>s disponíveis eletronicamente em www.mma.gov.br/cegen. Até meados de 2009, mais de 200projetos solicitando acesso ao patrimônio genéticoe/ou conhecimentos tradicionais associadosforam aprovados pelo Conselho. As instituiçõesque recebem licenças de acesso são obriga<strong>da</strong>sa apresentar relatórios anuais ao CGEN e estãosujeitas à suspensão <strong>da</strong> licença e sansões legais se omau uso for identificado.Apesar <strong>da</strong> legislação significativa, o Brasil temcomo desafio efetivá-la e garantir ao mesmotempo o acesso aos recursos genéticos e os direitos<strong>da</strong>s populações tradicionais e povos indígenas.“As regras para a repartição de benefícios foramdefini<strong>da</strong>s pela Medi<strong>da</strong> Provisória 2.186-16/2001.Entretanto, como as regras para o cumprimento <strong>da</strong>11 O CGEN é um órgão colegiado, formado por MMA, Ministério <strong>da</strong> Ciênciae Tecnologia, Ministério <strong>da</strong> Saúde, Ministério <strong>da</strong> Justiça, Ministério <strong>da</strong> Agricultura,Pecuária e Abastecimento; Ministério <strong>da</strong> Defesa, Ministério <strong>da</strong> Cultura, Ministério<strong>da</strong>s Relações Exteriores, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e ComércioExterior, IBAMA, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro; ConselhoNacional de Pesquisas Tecnológicas, Instituto Nacional de Pesquisas <strong>da</strong> Amazônia,Embrapa, Fun<strong>da</strong>ção Oswaldo Cruz, Instituto Evandro Chagas, Fun<strong>da</strong>ção Nacional doÍndio, Instituto Nacional de Proprie<strong>da</strong>de Intelectual, e Fun<strong>da</strong>ção Cultural Palmares.Além disso, o CGEN incluiu a participação de outros setores, como comuni<strong>da</strong>desindígenas, comuni<strong>da</strong>des locais, ONGs sócio-ambientais, setor privado (empresas),setor acadêmico e Ministério Público Federal.


Nome Comum/Inglês Nome Científico Valor em U$$/Gramajararaca/jararaca Bothrops jararaca 433Urutu/urutu Bothrops altermatus 1,835Surucucu-pico-de-jaca/ bush master Lachesis muta muta 3,200Cora-ver<strong>da</strong>deira/coral snake Micrurus frontalis 31,300Aranha-marrom/ brown spider Loxosceles sp. 24,570Escorpião/yellow scorpion Tilyus serralatus 14,890Fonte RENCTAS 2002Tabela 10. Valor do mercado internacional do grama de substâncias extraí<strong>da</strong>s de alguns animais brasileiroslegislação são complexas e de difícil implementação,a repartição de benefícios ain<strong>da</strong> é incipiente. Desde2002, ano do início do funcionamento do CGEN,foram firmados e anuídos 25 contratos de repartiçãode benefícios” (BRASIL/MMA, 2010).As deficiências nos sistemas de controle efiscalização permitem ain<strong>da</strong> um intenso processode biopirataria envolvendo espécies <strong>da</strong> flora efauna, muitas delas <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>.Estudos realizados pela RENCTAS (Rede Nacionalde Combate ao Tráfico de Animais Silvestres) sobretráfico de animais brasileiros mostram que váriasespécies de serpentes aranhas, escorpiões, algunsinsetos e anfíbios, tem alto valor de mercado paraestudos biomédicos devido aos princípios ativosexistentes em seus venenos e em outras substânciasdeles extraí<strong>da</strong>s.É importante ressaltar que nem todo o tráfico deanimais e seus produtos são biopirataria, mas to<strong>da</strong>biopirataria é tráfico. Esta mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de movimentaaltos valores. O veneno de aranhas-armadeiras,Phoneutria sp., está sendo estu<strong>da</strong>do para <strong>da</strong>rorigem a um eficiente analgésico, e poderá valer US$4,000 o grama quando se tornar um medicamento(Coutinho, 2001).A Tabela 10 mostra o alto valor no mercadointernacional do grama de substâncias extraí<strong>da</strong>s dealguns animais brasileiros, todos eles encontradosna <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>.As cobras venenosas como as jararacas, (Bothropssp.), são de grande valor para o mercado biomédico(vide tabela). A Jararaca-ilhoa, Bothrops insularis,criticamente em risco de extinção, por ser endêmica<strong>da</strong> Ilha <strong>da</strong> Queima<strong>da</strong> Grande no Estado de SãoPaulo, tem como uma de suas principais ameaçaso comércio ilegal, com deman<strong>da</strong> para criação emcativeiro e estudos de seu veneno (Faria, 1999).Dentre os casos relatados para recursos <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> pode-se citar o veneno <strong>da</strong> Jacaraca(Bothrops jararaca) cuja ação contra a hipertensãofoi comprova<strong>da</strong> por uma pesquisa desenvolvi<strong>da</strong> noBrasil na déca<strong>da</strong> de 1970, e que deu origem à drogaCaptopril, patentea<strong>da</strong> pelo laboratório Squibb.Dentre as plantas estão o Jaborandi (Pilocarpuspennatifilius) exclusiva do Brasil, que teve suapatente registra<strong>da</strong> pela industria alemã Merk em1991, e a Espinheira Santa (Maytenus ilicifolia), típica<strong>da</strong>s regiões sudeste e sul <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e queteve um remédio que utiliza seu extrato patenteadopela empresa japonesa Nippon Mektron em 1996.O caso <strong>da</strong> Espinheira Santa é exemplar parademonstrar não apenas o processo de biopirataria epatenteamento de uma espécie sem consentimentodo país de origem, como também de desrespeitoao conhecimento tradicional associado, umavez que seu chá é um remédio popular paratratar de problemas estomacais, quali<strong>da</strong>de estademonstra<strong>da</strong> cientificamente desde a déca<strong>da</strong> de1920 por pesquisa que comprovou a ação <strong>da</strong> plantacontra úlcera.Foi também a partir do uso tradicional de umaespécie típica <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, a erva-baleeira(Cordia verbenacea) que foi produzido o primeiromedicamento fitoterápico totalmente desenvolvidono país a partir de planta nativa, o inflamatórioAcheflan, comercializado pelo laboratório brasileiroAché desde 2005.Neste caso houve pagamento pelos serviços dosAnuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 61


pesquisadores envolvidos (Universi<strong>da</strong>de Federal deSanta Catarina), mas não existe previsão de nenhumpagamento de Royalty para eles ou repartiçãode benefício para qualquer comuni<strong>da</strong>de cujoconhecimento tradicional seja associado ao uso <strong>da</strong>planta medicinal.Algumas normas legais e programas de governotêm contribuído para reforçar os direitoscomunitários sobre recursos genéticos, como oDecreto 6.047/2007 que estabelece a “PolíticaNacional de Desenvolvimento Sustentável dosPovos e Comuni<strong>da</strong>des Tradicionais”, o “Programa deAgrobiodiversi<strong>da</strong>de” coordenado desde 2008 peloMMA em conjunto com o MDA, o MDS, a CONAB e aEMBRAPA, bem como a Política Nacional de PlantasMedicinais e Fitoterápicos (2006), que estabeleceuas diretrizes e priori<strong>da</strong>de para garantir o uso seguroe racional desses produtos no país.Nos últimos anos também foram cria<strong>da</strong>s diversasResex e RDS na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, mas ain<strong>da</strong> nãoexiste um trabalho sistemático de identificação,mapeamento e reconhecimento formal <strong>da</strong>scomuni<strong>da</strong>des tradicionais. O reconhecimentodessas culturas, sua relação com o território eseus recursos naturais é questão-chave para aconservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de e atingimento <strong>da</strong>smetas de repartição de benefícios previstos nestecomponente.Para minimizar a per<strong>da</strong> <strong>da</strong> variabili<strong>da</strong>de genética,tanto de plantas cultiva<strong>da</strong>s, animais criados,domesticos e silvestres, se faz necessário aimplementação e criação de técnicas inovadoras quepossibilitem a criação de bancos de germoplasmavegetal e bando de germoplasma animal. Sabendose<strong>da</strong> importântica <strong>da</strong> variabili<strong>da</strong>de genética, estáprevisto no Ceará a instalação do primeiro bancode germoplasma ativo de essências florestais doestado, no Parque Bitânico de Ceará, uni<strong>da</strong>de emprocesso de adequação ao Sistema Nacional deUni<strong>da</strong>des de Conservação <strong>da</strong> Natureza (SNUC).CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕESO pagamento por serviços ambientais ouecossistêmicos é um dos incentivos positivosque podem contribuir muito para a proteção erecuperação de ecossistemas, especialmente narestauração <strong>da</strong>s áreas de preservação permanente(APPs) e <strong>Reserva</strong>s Legais. No caso <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>a recuperação de APPs e RLs é fun<strong>da</strong>mental parare-conenxão dos milhares de fragmentos devegetação nativa e poderá contribuir ao mesmotempo com a mitigação <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças climáticas,através <strong>da</strong> captura de carbono, a conservação<strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de e o restabelecimento do fluxogênico <strong>da</strong>s espécies, além <strong>da</strong> mitigação dos efeitosdos eventos climáticos extremos como secas eenchentes.A redução em até 80% <strong>da</strong>s faixas de APPs de matasciliares preconiza<strong>da</strong> pela Lei 12.651 e pela MP 571de 25 de maio de 2012, passando de 30-500 metrospara 5-100 metros em ca<strong>da</strong> margem (dependendo<strong>da</strong> largura do rio), coloca em risco a proteção <strong>da</strong>biodiversi<strong>da</strong>de, os recursos hídricos e o bem-estar<strong>da</strong>s populações humanas que dependem dosserviços ecossistêmicos dessas áreas.É fun<strong>da</strong>mental reverter esse retrocesso legislativoe apoiar e implementar programas de restauraçãoambiental em parceria entre enti<strong>da</strong>des públicase priva<strong>da</strong>s, universi<strong>da</strong>des, empresas florestais,organizações sociais, produtores rurais e outros, aexemplo <strong>da</strong>s propostas do Pacto pela Restauração<strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>.Os <strong>da</strong>dos também mostram que a região <strong>da</strong><strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, de vilã na emissão de carbono nopassado, tem hoje grande potencial de se tornaruma <strong>da</strong>s principais soluções para a correta equaçãodesse problema no Brasil. Para isso é necessáriomanter o rigor <strong>da</strong> legislação e implementá-la,principalmente zerar o desmatamento, aumentarsignificativamente a área protegi<strong>da</strong> em uni<strong>da</strong>desde conservação repressentativas de todos os


ecossistemas, não permitir a retoma<strong>da</strong> de qualquerexploração madeireira comercial nos remanescentese, ao mesmo tempo, exigir a recuperação <strong>da</strong>s Áreasde Preservação Permanente e <strong>Reserva</strong>s Legaisirregularmente degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s e ocupa<strong>da</strong>s comativi<strong>da</strong>des agropecuárias ou quaisquer outras.Também é necessário apoiar a pesquisa e ampliara assistência técnica visando a geração de novosconhecimentos e tecnologias, a exemplo dossistemas agroflorestais, para os diferentes ambientesusando espécies nativas com boa quali<strong>da</strong>degenética e fisiológica inclusive para produçãoeconômica. Outro aspecto relevante é ampliar eaperfeiçoar as linhas de crédito existentes e osprogramas de pagamento por serviços ambientais,para o fomento às ativi<strong>da</strong>des restauração comespécies nativas e sistemas agroflorestais voltadospara produção e recuperação ambiental.O trabalho <strong>da</strong>s ONGs na capacitação e difusãode informações sobre práticas ambientalmentecorretas e também na ação direta, seja na restauraçãode áreas, pesquisa e mobilização de parcerias é deextrema relevância e deve ser apoiado e fortalecido.Os estados e os municípios devem atuar ca<strong>da</strong>vez mais de forma proativa na conservação <strong>da</strong>biodiversi<strong>da</strong>de, ampliando e impementandosistemas estaduais de municipais de uni<strong>da</strong>des deconservação representativos dos seus territórios,além de prestarem auxilio aos proprietários deimóveis na adequação ambiental, especialmentequanto aos aspectos dos Código Florestal. Pelomenos uma uni<strong>da</strong>de de conservação por municípiodeve ser uma meta a ser atingi<strong>da</strong> até 2020.Para isso, em âmbito nacional, é necessário discutire aprovar o Substitutivo ao Projeto de Lei no792/2007, que visa instituir uma Política Nacionalde Pagamento por Serviços Ambientais e criar umprograma nacional e um fundo de PSA.Quanto aos recursos genéticos, dentre asestratégias prioritárias para o atingimento <strong>da</strong>smetas relativas ao acesso e repartição de benefícios<strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de e dos conhecimentos tradicionaisassociados destacam-se: a) a busca de um regimejurídico “suigeneris” de proteção aos conhecimentostradicionais que reconheça o pluralismo jurídico eos sistemas de representação peculiar dos povosindígenas e tradicionais e b) a delimitação de terrasindígenas e a criação de Áreas Protegi<strong>da</strong>s de UsoSustentável, especialmente <strong>Reserva</strong>s Extrativistas -RESEX e <strong>Reserva</strong>s de Desenvolvimento Sustentável– RDS, onde se identificam os recursos genéticosdo território, as comuni<strong>da</strong>des detentoras doconhecimento tradicional associado e se dispõede formas jurídicas mais simplificados paraassegurar o consentimento do acesso aos recursose conhecimentos associados, bem como parao estabelecimento de procedimentos justos derepartição de benefícios do uso desse Patrimônio.Anuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 63


Objetivo estratégico E: Aumentar a implementação por meiode planejamento participativo, gestão de conhecimento ecapacitação.• Meta 17 - Até 2015, ca<strong>da</strong> Parte terá elaborado, adotado comoinstrumento de política e começado a implementar uma estratégianacional de biodiversi<strong>da</strong>de e um plano de ação efetiva, participativoe atualizado.• Meta 18 - Até 2020, os conhecimentos tradicionais, inovações epráticas de comuni<strong>da</strong>des indígenas e locais relevantes à conservaçãoe uso sustentável <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de, e a utilização consuetudináriade recursos biológicos terão sido respeitados, de acordo com alegislação nacional e os compromissos internacionais relevantes, eplenamente integrados e refletidos na implementação <strong>da</strong> CDB coma participação plena e efetiva de comuni<strong>da</strong>des indígenas e locais emtodos os níveis relevantes.• Meta 19 - Até 2020, o conhecimento, a base científica e tecnologiasliga<strong>da</strong>s à biodiversi<strong>da</strong>de, seus valores, funcionamento, situação etendências, e as conseqüências de sua per<strong>da</strong> terão sido melhorados,amplamente compartilhados, transferidos e aplicados.• Meta 20 - Até 2020, no mais tar<strong>da</strong>r, a mobilização de recursosfinanceiros para a implementação efetiva do Plano Estratégico<strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de 2011-2020, oriundos de to<strong>da</strong>s as fontes e emconformi<strong>da</strong>de com o processo consoli<strong>da</strong>do e acor<strong>da</strong>do na Estratégiade Mobilização de Recursos, deverá ter aumentado substancialmenteem relação aos níveis atuais. Essa meta estará sujeita a alteraçõesdecorrentes <strong>da</strong>s avaliações <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de recursos a seremelabora<strong>da</strong>s e relata<strong>da</strong>s pelas Partes.


N este objetivo serão tratados os temas relativosà transversali<strong>da</strong>de e os planos de ação relativosa conservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de no âmbito <strong>da</strong>sdiferentes políticas públicas e diferentes esferasadministrativas. Também será abor<strong>da</strong><strong>da</strong> a importânciado conhecimento científico ligado à biodiversi<strong>da</strong>de e aseu compartilhamento. Além disso, serão discutidos osmecanismos de implementação <strong>da</strong>s políticas públicas taiscomo fundos e programas e as fontes de financiamento.A BIODIVERSIDE E AS POLÍTICAS PÚBLICASA Estratégia e Plano de Ação Nacionais de Biodiversi<strong>da</strong>depara 2020 estão em fase de elaboração através dosDiálogos <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de, um esforço que envolveórgãos governamentais e instituições não governamentaisdos diversos setores <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de.Atualmente, os principais indicadores de desenvolvimento(PIB e IDH) não incorporam os valores <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de.No entanto, pelo menos no papel, a Agen<strong>da</strong> Nacionalde Desenvolvimento (AND), aprova<strong>da</strong> pelo Conselho deDesenvolvimento Econômico e Social (CDES) preconizaque “a sustentabili<strong>da</strong>de ambiental e a proteção <strong>da</strong>biodiversi<strong>da</strong>de são, também, pressupostos do projetode desenvolvimento nacional e deverão presidir to<strong>da</strong>sas ações e iniciativas governamentais, empresariais e <strong>da</strong>socie<strong>da</strong>de civil organiza<strong>da</strong>” (BRASIL/CDES, 2007, p. 15).Uma <strong>da</strong>s diretrizes estratégicas <strong>da</strong> AND é “dotar o aparatopúblico nacional de efetiva capaci<strong>da</strong>de de fiscalizar omanejo, a conservação e a preservação dos recursosnaturais e <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de ambiental. Mobilizar to<strong>da</strong> acapaci<strong>da</strong>de de desenvolvimento cientifico e tecnológiconacional com vistas à produção de conhecimentos,concepções, métodos e tecnologias que possibilitem omanejo sustentado e a preservação dos nossos recursosnaturais” (BRASIL/CDES, 2007, p. 20).Entretanto, na prática, os esforços são incipientes, senão na direção oposta como apontam as avalições<strong>da</strong>s políticas públicas federais,e a biodiversi<strong>da</strong>decontinua sendo entendi<strong>da</strong> como restrição, e não base dodesenvolvimento.Até mesmo a agen<strong>da</strong> do clima, que por meio <strong>da</strong> Lei<strong>da</strong>Política Nacional de Mu<strong>da</strong>nças Climáticas – PNMC(BRASIL, 2009b), determinou a elaboração de planossetoriais que incorporem a redução <strong>da</strong>s emissões deAnuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 65


gases de efeito estufa (GEE) sofre de paralisia. Alémdisso a integração entre a PNMC e a biodiversi<strong>da</strong>deain<strong>da</strong> é fraca: por exemplo, os planos setoriais<strong>da</strong> PNMC poderiam acomo<strong>da</strong>r ações para aconservação e uso sustentável <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de.Assim, <strong>da</strong> mesma forma que o Ministério de Minase Energia (MME), Ministério do Desenvolvimento,Indústria e Comércio (MDIC), e o MAPA foramconvocados a elaborar planos setoriais para reduziras emissões de carbono, seria razoável que esses eoutros ministérios se debruçassem sobre a questão<strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de para a elaboração de planossetoriais para o desenvolvimento com reduzi<strong>da</strong>sper<strong>da</strong>s de habitat, espécies e diversi<strong>da</strong>de genética.O próprio governo federal reconhece que:A transversalização <strong>da</strong>s questões liga<strong>da</strong>s àbiodiversi<strong>da</strong>de permanece como um dos maioresdesafios. A Comissão Nacional de Biodiversi<strong>da</strong>de(CONABIO) faz parte do esforço para facilitaro diálogo com outros setores e aumentar aconsciência <strong>da</strong> importância <strong>da</strong> conservação <strong>da</strong>biodiversi<strong>da</strong>de, mas a penetração <strong>da</strong>s questões debiodiversi<strong>da</strong>de discuti<strong>da</strong>s por representantes <strong>da</strong>Comissão em outros setores é bem menos efetivado que se esperava.O projeto PROBIO II (Projeto Nacional deTransversalização <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de e Consoli<strong>da</strong>çãoInstitucional), atualmente sendo implementado,é um dos principais instrumentos para colocar emprática a integração <strong>da</strong>s questões <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>deem outros setores. O projeto envolve 10 agênciasgovernamentais dos setores ambiental, de saúde,agrícola, e ciência e tecnologia, ca<strong>da</strong> um comobjetivos relativos à biodiversi<strong>da</strong>de estabelecidosatravés do projeto (BRASIL/MMA, 2010).Os incentivos econômicos podem se tornar fortescondutores <strong>da</strong> economia rumo à sustentabili<strong>da</strong>de.No Brasil, infelizmente, os incentivos econômicospositivos ain<strong>da</strong> são incipientes. Um exemplo é oICMS 1 ecológico, uma estratégia que visa incentivaros municípios a aderirem à agen<strong>da</strong> <strong>da</strong> conservação.Privilegia os municípios com maior extensão deáreas protegi<strong>da</strong>s com uma receita adicional derecursos oriundos do ICMS. Para alguns municípios,essa receita é significativa.1 Imposto sobre Circulação de Mercadorias e ServiçosBaseado no art. 158 <strong>da</strong> Constituição, o Paraná foipioneiro na criação do ICMS Ecológico como formade “compensação”, aos municípios que possuíamgrandes áreas ain<strong>da</strong> cobertas com vegetaçãonativa sobre as quais existiam diversas restriçõeslegais para expandir suas ativi<strong>da</strong>des econômicas(clássicas). O pioneirismo do Paraná foi replicadoem outros estados <strong>da</strong> Federação, que passaram alegislar no mesmo sentido, ca<strong>da</strong> qual vinculandocritérios de repasse que melhor atendessem aosinteresses <strong>da</strong> população local e suas peculiari<strong>da</strong>des,tais como: existência de uni<strong>da</strong>des de conservação,áreas de manancial para abastecimento público,saneamento ambiental, coleta seletiva de lixo,preservação de patrimônio histórico, reservasindígenas e assim por diante (“Histórico no Brasil -ICMS ecológico”, [S.d.]).Em Minas Gerais o ICMS ecológico, instituído pela Lein.º 12.040, de 28 de dezembro de 1995, conheci<strong>da</strong>como Lei Robin Hood, usa três subcritérios pararepassar os recursos: saneamento básico; uni<strong>da</strong>dede conservação e índice de <strong>Mata</strong> Seca. O subcritériouni<strong>da</strong>des de conservação corresponde a 45,45%do percentual destinado ao meio ambiente,beneficiando os municípios que possuem em suaárea uni<strong>da</strong>des de conservação <strong>da</strong> natureza federais,estaduais ou municipais, de qualquer categoria demanejo de acordo com a Lei 9.985/2000 - SNUC,ca<strong>da</strong>stra<strong>da</strong>s pelo órgão competente. No ano de2011 foram repassados aos municípios ca<strong>da</strong>stradospara recebimento do ICMS Ecológico um total de R$66 milhões.No âmbito federal, exemplo interessante deincentivos positivos para a biodiversi<strong>da</strong>de é o PlanoNacional de Promoção <strong>da</strong>s Cadeias de Produtos <strong>da</strong>Sociobiodiversi<strong>da</strong>de (PNPSB)(BRASIL/MMA, [S.d.];CONAB, [S.d.]). A PGPM está sob a tutela do MAPAe é operacionalizado pela Companhia Nacional deAbastecimento (CONAB). O acompanhamento e aanálise <strong>da</strong>s operações têm a participação de umainstância de decisão envolvendo o MMA, MAPA,MDA, Ministério <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> (MF), Ministério doPlanejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) e aCONAB. Na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> quatro produtos estãoinclusos na lista <strong>da</strong> CONAB: pinhão, juçara, piaçavae erva-mate.O Plano Estratégico de Desenvolvimento <strong>da</strong>Cadeia Protutiva do Pescado no Mato Grosso do


Sul sistematiza a estratégia acor<strong>da</strong><strong>da</strong> no Território<strong>da</strong> Grande Dourados para o aumento <strong>da</strong> produçãode pescado de maneira sustentável, estabelecendoassim um período de defeso, onde fica proibi<strong>da</strong> aativi<strong>da</strong>de de pesca nos rios de MS, no periodo dereprodução <strong>da</strong>s principais espécies explora<strong>da</strong>s napesca comercial e esportiva.Quanto a incentivos que impactam negativamentea biodiversi<strong>da</strong>de, pode-se mencionar que ocrédito subsidiado do governo à economia,incluindo os empréstimos do Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico e Social (BNDES) eos recursos dos fundos constitucionais, pode ser<strong>da</strong>noso à biodiversi<strong>da</strong>de quando não incorporasalvaguar<strong>da</strong>s socioambientais. Mesmo o créditonormal, sem salvaguar<strong>da</strong>s, pode ser um incentivonegativo.Os principais bancos brasileiros aderiram aos“Princípios do Equador”, uma série de salvaguar<strong>da</strong>sambientais que devem ser aplica<strong>da</strong>s a grandesprojetos, mas o crédito agrícola, geralmente emvalores menores, não está sujeito aos mesmoscritérios. Por outro lado, o MMA e cinco bancosassinaram o Protocolo Verde: uma série decompromissos <strong>da</strong>s instituições financeiras com apromoção de práticas sustentáveis nos empréstimosconcedidos. No entanto, ain<strong>da</strong> que a <strong>Reserva</strong> Legala as Áreas de Preservação Permanente tenham sidolegalmente instituí<strong>da</strong>s pelo Código Florestal de 1965,muitos proprietários rurais não as preservaram. Aausência de penali<strong>da</strong>des, decorrentes de seu nãocumprimento, contribuiu para essa falta de adesãoà norma. Quando, finalmente em 2008, através doDecreto 6.514, criou-se um prazo e penali<strong>da</strong>despara quem não tivesse a <strong>Reserva</strong> Legal averba<strong>da</strong>,os setores ruralistas mais retrógrados reagiram,forçando sucessivas prorrogações desse prazo,adiando assim, de 11.12.2008 para 11.06.2012 aentra<strong>da</strong> em vigor <strong>da</strong> exigência.Enquanto isso forçaram a aprovação de modificaçõesao Código Florestal pelo Congresso Nacional, cujotexto contemplando ampla anistia aos passivosambientais e estímulos para novos desmatamentosteve vetos parciais e edição <strong>da</strong> Medi<strong>da</strong> Provisória571/12. A MP, além de não resolver os problemasto texto aprovado no Congresso, trouxe maisflexibilizações, contemplou ampla anistia a todosos desmatamentos ilegais realizados antes de 22de julho de 2008 e reduziu em até 80% a obrigaçãode recuperar APPs em áreas “consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>s” deocupação agropecuária.A PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS NAIMPLEMENTAÇÃO DA CDBEm âmbito estadual São Paulo é um dos estadosmais avançados em termos de integração dos temasligados à biodiversi<strong>da</strong>de nos diferentes órgãos degoverno. Para agilizar a gestão ambiental no estado,em 2007, foram criados 21 Projetos AmbientaisEstratégicos, que trabalham agen<strong>da</strong>s ambientaisem diferentes áreas, como lixo mínimo, esgototratado, quali<strong>da</strong>de do ar e <strong>da</strong>s águas superficiaise subterrâneas, ecoturismo, educação ambiental,descentralização <strong>da</strong> política ambiental em parceriacom municípios, redução <strong>da</strong> queima <strong>da</strong> palha <strong>da</strong>cana-de-açúcar, recuperação <strong>da</strong>s matas ciliares elicenciamento ambiental unificado. Para que estesprojetos atinjam suas metas, a Secretaria do MeioAmbiente trabalha integra<strong>da</strong> com outros órgãosdo governo do estado, além de firmar parceriascom prefeituras, setor privado, organizações nãogovernamentaise instituições de ensino e pesquisa.Como instância regional, o Estado de São Pauloexerce papel pioneiro a exemplo dos Decretos51.170/2005 e 53.336/2008, que instituírama certificação dos programas e projetos <strong>da</strong>administração pública estadual. Além disso, tambéminstituiu a Política Estadual de Mu<strong>da</strong>nças Climáticasem 2009, impulsionando a promulgação <strong>da</strong> PolíticaNacional de Mun<strong>da</strong>nças Climáticas. Nessa lei, oestado instituiu instrumentos como o Pagamentopor Serviços Amientais e a meta de redução de 20%dos índices de emissão de 2005. São Paulo tambémé pioneiro em estabelecer medi<strong>da</strong>s de proteção dosecossistemas marinhos através de um ZoneamentoMarinho com áreas de exclusão de pesca.Para permitir um monitoramento <strong>da</strong> situação<strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de no Estado, a Secretaria doMeio Ambiente lançou em 2010 a publicação“Biodiversi<strong>da</strong>de no Estado de São Paulo”, mostrandoos avanços já alcançados e um panorama <strong>da</strong>situação atual em relação aos objetivos e metas <strong>da</strong>CDB. Essa é uma importante iniciativa que deveriaser adota<strong>da</strong> por todos os demais estados <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong>.Anuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 67


Outro exemplo de integração e trabalho em parceriavem de Santa Catarina, onde, sob a coordenação <strong>da</strong>APREMAVI e tendo como parceiros a Fun<strong>da</strong>ção doMeio Ambiente - FATMA e o ICMBio, desenvolve-seo projeto “Integração e Capacitação de Conselhos eComuni<strong>da</strong>des na Gestão Participativa de Uni<strong>da</strong>desde Conservação (UCs) Federais e Estaduais –Oeste de SC e Centro Sul do PR”, com apoio doSubprograma Projetos Demonstrativos - PDA <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> do Ministério do Meio Ambiente. O projetorealiza a capacitação dos gestores e comuni<strong>da</strong>desdo entorno de 04 UCs federais e 02 estaduais,localiza<strong>da</strong>s próximas geograficamente: FlorestaNacional de Chapecó, situa<strong>da</strong> nos municípios deChapecó e Guatambu (SC), Estação Ecológica <strong>Mata</strong>Preta em Abelardo Luz (SC), Parque Nacional <strong>da</strong>sAraucárias em Passos Maia e Ponte Serra<strong>da</strong> (SC),Refúgio de Vi<strong>da</strong> Silvestre dos Campos de Palmaslocalizado em Palmas e General Carneiro (PR),Parque Estadual <strong>da</strong>s Araucárias em Galvão e SãoDomingos (SC) e Parque Estadual Fritz Plaumann,Concórdia (SC). Trabalhos nesta mesma linha sãodesenvolvidos também pelo Instituto de Pesquisas<strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> – Ipema, no Espírito Santo e peloInstituto Mater Natura, no Paraná.A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTOCIENTÍFICOAs instituições de ensino e pesquisa tempapel fun<strong>da</strong>mental em produzir e transmitirconhecimento de quali<strong>da</strong>de para aumentar o graude consientização e incorporação <strong>da</strong>s questõesambienbtais no dia-a-dia de ca<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>dão. Poroutro lado, a adoção de discursos e práticas nadireção <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong>de por parte dos governosem todos os níveis e nos diversos âmbitos de poder(Legislativo, Executivo, Judiciário e MinistérioPúblico) é igualmente fun<strong>da</strong>mental e imprescindívelpara a busca do desenvolvimento sustentável.De acordo com a publicação “Avaliação do Estadodo conhecimento <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de Brasileira”(Lewinsohn, T.M., 2005) a <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> é oconjunto de ecossistemas melhor conhecido eque tem o maior número dos táxons avaliados deplantas, vertebrados e invertebrados terrestres.Outro importante inventário geral é a “Lista deEspécies <strong>da</strong> Flora do Brasil”, (MMA, 2010) com maisde 40.000 plantas dos diversos biomas nacionais.O livro “Plantas <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>” (Stehmann et al,2009) traz a listagem completa <strong>da</strong>s 15.782 espécies<strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, distribuí<strong>da</strong>s em 2.257 gênerose 348 famílias, dos quais 132 gêneros (6%) e 7.155espécies (45%) são considerados endêmicas <strong>da</strong><strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>. Este conjunto representa cercade 5% de to<strong>da</strong> a flora mundial estima<strong>da</strong> emaproxima<strong>da</strong>mente 300.000 espécies (Judd et al,2009). Dessas espécies, na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> foramdescritas 14.522 plantas vasculares, <strong>da</strong>s quais 6.933espécies, quase metade (48%) do total conhecido,são considera<strong>da</strong>s endêmicas <strong>da</strong> região.Apesar <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> se destacar por contemplaro maior número de pesquisas e conhecimento suabiodiversi<strong>da</strong>de ain<strong>da</strong> está longe de ser plenamenteconheci<strong>da</strong>. Exemplo disto é o fato de que maisde 1.000 novas espécies de angiospermas foramdescobertas na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> nas duas últimasdéca<strong>da</strong>s o que representa 42% do total deangiospermas descritas no Brasil neste período(Sobral & Stehmann, 2009). Este último autor apontaain<strong>da</strong> que apenas nos últimos três anos mais de 300novas espécies desse grupo foram descritas para a<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, em sua grande maioria endêmicas<strong>da</strong> região.O alto grau de endemismo <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>é superado apenas por outros cinco Hot Spotsmundiais de biodiversi<strong>da</strong>de (Andes, Sun<strong>da</strong>, Baciado Mediterrâneo, Ma<strong>da</strong>gascar e Ilhas do Oceano


Indico) (Myers 2000; Mittermeier et al. 2004). Talcaracterística exige ain<strong>da</strong> mais um número elevadode especialistas e um alto grau de intercâmbiocientífico e de acessibili<strong>da</strong>de aos <strong>da</strong>dos dereferência.Algumas iniciativas contribuem para a ampliaçãodo conhecimento sobre a biodiversi<strong>da</strong>de brasileira,a exemplo do Programa de Modernização <strong>da</strong>sColeções Biológicas, do Programa Nacional deCapacitação em Taxonomia, do Programa dePesquisa em Biodiversi<strong>da</strong>de (PPBIO), do Programa deIdentificação Molecular <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de (BR-Bol),do Programa Nacional de Inventário Biológico e oSistema Nacional de Informações em Biodiversi<strong>da</strong>dee Ecossistemas (SIB BR), coordena<strong>da</strong>s ou apoia<strong>da</strong>spelo Ministério de Ciências e Tecnologia (MCT) .Dentre as iniciativas estaduais vale destacar oPrograma Biota/FAPESP, do Estado de São Paulo,programa pioneiro que integra centenas depesquisadores e que produziu o mais completolevantamento sobre a diversi<strong>da</strong>de biológica de umEstado <strong>da</strong> Federação, em sua grande área incluí<strong>da</strong>na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>. O Biota/FAPESP, que funcionacomo Instituto Virtual <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de em SãoPaulo é o referencial para a criação do programaBiota/Brasil.Outra importante iniciativa é o Projeto InventátioFlorístico-Florestal de Santa Catarina, iniciativado governo estadual, executado pela Secretariade Agricultura e Desenvolvimento Rural (SAR),Universi<strong>da</strong>de Regional de Blumenau (FURB),Universi<strong>da</strong>de Federal de Santa Catarina (UFSC) eEmpresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Ruralde Santa Catarina (EPAGRI). Entre os anos de 2005e 2010, o projeto realizou o inventário dos recursosflorestais e o levantamento florístico <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>dede to<strong>da</strong>s as plantas vasculares existentes nasflorestas catarinenses.O desenvolvimento de pesquisas científicas básicassobre a biodiversi<strong>da</strong>de, como a identificação edescrição de espécies, realizado por institutosde pesquisa e universi<strong>da</strong>des é apenas um lado<strong>da</strong> questão. Não menos importante, é o trabalhorealizado por centenas de ONGs, escolas, imprensa,internet e órgãos públicos, de traduzir em linguagemacessível e levar o conhecimento produzido aogrande público. Esse trabalho vem contribuindo deforma decisiva para o aumento do conhecimentosobre a importância e o valor <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong><strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> como desmonstram as pesquisas deopinião (vide Objetivo A).Na instância federal o Instituto Jardim Botânicodo Rio de Janeiro em aliança com o Instituto ChicoMendes de Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de (ICMBio)e a UICN, desenvolvem importante trabalhorelacionado às espécies que compõem a flora efauna <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, que compreende 2 :• avaliação, conservação e recuperação <strong>da</strong>sespécies ameaça<strong>da</strong>s de extinção;• elaboração e publicação de listas nacionaisoficiais de espécies ameaça<strong>da</strong>s;• elaboração e implementação dos planosde ação nacionais e busca de oportuni<strong>da</strong>des dedesenvolvimento de programas e projetos visandoà conservação de espécies e áreas;• capacitação e treinamento técnico nasmetodologias <strong>da</strong> UICN, elaboração de guias emanuais;• intercambio de experiências com arealização de estudos e pesquisas;• elaboração de programas para a conservação<strong>da</strong> fauna e flora brasileira, incluindo a proposta decriação do Programa Nacional de Conservação <strong>da</strong>Flora – PROFLORA;2 UICN, WWF-BRASIL e IPÊ. Metas de Aichi: Situação atual no Brasil.Ronaldo Weigand Jr; Danielle Calandino <strong>da</strong> Silva; Danielade Oliveira e Silva. Brasília,DF: UICN, WWF-Brasi e IPÊ, 2011.Anuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 69


Além disso, a UICN, ICMBio e JBRJ propõem-sea avaliar o estado de conservação e categorizaro risco de extinção de 10.000 espécies <strong>da</strong> faunabrasileira, envolvendo todos os vertebrados e partedos invertebrados, e de 40.000 espécies de floraentre 2011 e 2014.A título de exemplo pode-se citar ain<strong>da</strong> as seguintesiniciativas: Fun<strong>da</strong>ção Biodiversitas (Coordenação<strong>da</strong> Brazilian Alliance for Zero Extintion-BAZE);Fun<strong>da</strong>ção SOS <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> (Atlas <strong>da</strong> Evoluçãodos Remanescentes Florestais e EcossistemasAssociados, em conjunto com o INPE); ConservaçãoInternacional (Hot spots de Biodiversi<strong>da</strong>de,Ecossistemas Críticos, Áreas prioritárias paraConservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de Marinha, etc.);Conselho Nacional <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> (cadeias <strong>da</strong> sociobiodiversi<strong>da</strong>de e Mercado<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, Mosaicos de Áreas Protegi<strong>da</strong>s,Conservação Costeira e Marinha); WWF- Brasil(planejamento sistemático <strong>da</strong> conservação); TNC(Restauração Florestal e Pagamento por ServiçosAmbientais); IPÊ (Planejamento de Paisagem eIntegração Sócio Ambiental); Associação paraProteção <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> do Nordeste – AMANE(Florestas Urbanas, Gestão participativa de UCs,Plano de Manejo de Espécies Exóticas Invasoras emUCs públicas em PE); Centro de Pesquisas Ambientaisdo Nordeste – CEPAN (Dossiê sobre EspéciesExóticas Invasoras nos estados do Nordeste, Brejosde Altitude em Pernambuco e Paraíba, Guia Práticopara restauração na zona <strong>da</strong> mata nordestina comalta diversi<strong>da</strong>de); ISA - Instituto Socioambiental(Áreas Indígenas e Quilombos); e SPVS - pesquisade vi<strong>da</strong> selvagem, proteção de áreas naturais paraprovisão de serviços ambientais de carbono ebiodiversi<strong>da</strong>de no PR.No Nordeste o projeto “Corredor <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>do Nordeste”, coordenado pela SAVE e que tema AMANE como parceira-executora local, vemarticulando desde 2010 representantes de seisestados do nordeste (BA, SE, AL, PE, PB e RN) paradiscutir os limites do Corredor de Biodiversi<strong>da</strong>dedo Nordeste, além de propor estratégias paraimplementar ações locais, como os corredoresecológicos.No Espírito Santo, o Instituto de Pesquisas <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> - IPEMA, viabilizou publicação sobre asÁreas e Ações Prioritárias para a Conservação <strong>da</strong>Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e realizou diversosestudos para subsidiar a criação de uni<strong>da</strong>des deconservação no estado do Espírito Santo.O Mato Grosso do Sul desenvolve duas iniciativasna área de produção de conhecimento: ProgramaBiota-MS e Zoneamento Ecológico Econômico.O Programa Biota-MS, criado em dezembro de2008 a partir de um convênio envolvendo aSuperintendência de Ciência e Tecnologia de MatoGrosso do Sul e a FINEP, tem a missão de construiruma base integra<strong>da</strong> de conhecimento científico,tecnológico e de inovação no Mato Grosso do Sulpara <strong>da</strong>r suporte a toma<strong>da</strong>s de decisão em gestão<strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de. (Mais informações em http://www.biota.ms.gov.br/Iniciativa)OS CONHECIMENTOS TRADICIONAIS E ABIODIVERSIDADEHá pelo menos 231 povos indígenas no Brasil, compopulação total estima<strong>da</strong> em 600 mil pessoas.A maior concentração está na Amazônia. Na<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> existem 120 Terras Indígenas, nasquais vivem aproxima<strong>da</strong>mente 100.000 índios,de diferentes etnias. Sua contribuição para asociobiodiversi<strong>da</strong>de é impressionante. Os povosindígenas brasileiros falam mais de 180 línguase dialetos e detêm um imenso e diversificadoconhecimento tradicional, a maior parte do qualnão está oficialmente documentado (BRASIL/MMA,2010).Além dos índios há centenas de comuni<strong>da</strong>desquilombolas, caiçaras, faxinalenses, pomeranos eoutros. Tal como a maioria dos povos indígenas,essas comuni<strong>da</strong>des mantêm seus conhecimentostradicionais originais incorporados em seus meiosde vi<strong>da</strong>, inclusive o uso <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de e dosrecursos naturais (BRASIL/MMA, 2010).A representação política dos povos indígenas e<strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des tradicionais nos processos deelaboração de políticas públicas é um desafio. Aenorme diversi<strong>da</strong>de torna os processos complexos.Os processos de consultas são mais custososque para outros setores com representação mais


hierarquiza<strong>da</strong>. Para li<strong>da</strong>r com essa complexi<strong>da</strong>de,um Decreto Federal de 13 de julho de 2003 crioua Comissão Nacional para o DesenvolvimentoSustentável <strong>da</strong>s Comuni<strong>da</strong>des Tradicionais, queoferece um canal de interlocução entre o governofederal e essas comuni<strong>da</strong>des e “um fórum legítimopara proteger os interesses dessa população alvo”(Decreto 6.040 de 07 de fevereiro de 2007) (BRASIL/MMA, 2010). O desenvolvimento e a aprovação<strong>da</strong> Política Nacional para o DesenvolvimentoSustentável <strong>da</strong>s Comuni<strong>da</strong>des Tradicionais foi umdos principais <strong>resultados</strong> dessa Comissão.Políticas como o Programa Piloto para a Conservação<strong>da</strong>s Florestas Tropicais do Brasil (PPG7) apoiarame fortaleceram as enti<strong>da</strong>des representativas. Ademocracia tem permitido a organização <strong>da</strong>scomuni<strong>da</strong>des e sua familiarização com os processosde organização e representação. O desafio, quandoo país procura se estruturar para erradicar a pobrezae realizar o potencial de crescimento com base nosseus recursos naturais, é não perder de vista nemdeixar de valorizar essa tradição.MOBILIZAÇÃO DE RECURSOS NACIONAIS EINTERNACIONAISOs recursos internacionais para a promoção <strong>da</strong>conservação, uso sustentável e repartição dosbenefícios <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de têm sido direcionadosao Brasil por meio de fundos multilaterais, recursosde cooperação bilateral, doações priva<strong>da</strong>s, entreoutros. O fundo multilateral mais importante paraa biodiversi<strong>da</strong>de é o Global Environment Facility(GEF), e vem crescendo a importância <strong>da</strong> iniciativaLifeweb . Uma série de agências <strong>da</strong> ONU se dedicaao tema no Brasil, incluindo o Programa <strong>da</strong>s NaçõesUni<strong>da</strong>s para o Desenvolvimento (PNUD), Programa<strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s para o Meio Ambiente (PNUMA),a Unesco, entre outras. Uma série de fundos emecanismos nacionais também tem atuado deforma significativa, como é o caso do FundoBrasileiro para a Biodiversi<strong>da</strong>de (Funbio), e iniciasea alocação de recursos internacionais por meiodo Fundo Amazônia, gerido pelo BNDES. “Recursospara o meio ambiente” abrangem uma ampla gamade ações, desde saneamento até áreas protegi<strong>da</strong>s.Embora, à primeira vista, biodiversi<strong>da</strong>de seja umtema específico, quando analisamos as metas,verificamos que também é um tema relacionadocom assuntos tão diversos quanto controle <strong>da</strong>sfontes de poluição (parte de saneamento), áreasprotegi<strong>da</strong>s, conhecimento tradicional, entre outros.Expressando justamente o crescimento amplo(incluindo saneamento) dos gastos ambientais,vemos uma expansão em to<strong>da</strong>s as esferas degoverno na última déca<strong>da</strong> (Tabela 11).Os recursos, embora estejam aumentando,não crescem na mesma proporção <strong>da</strong>sresponsabili<strong>da</strong>des. Um exemplo são “os valoresdisponíveis para uni<strong>da</strong>des de conservação tantono orçamento federal quanto nos estaduais têmsemantido significativamente abaixo dos valoresnecessários estimados. Em 2008, as UCs federaisreceberam apenas R$ 316 milhões do orçamentofederal. Além disso, a rápi<strong>da</strong> expansão <strong>da</strong> área dopaís sob proteção não está sendo acompanha<strong>da</strong>por um aumento no orçamento. Por exemplo, de2001 a 2008 a porção do orçamento do MinistérioGastos Ambientais por Entes Federados e sua EvoluçãoANO Gastos Ambientais Federais* Gastos Ambientais Estaduais - A* Gastos Ambientais Municipais - A*2000 2.595.989 2.068.137 453.8082001 4.057.069 1.899.106 371.0852002 2.049.708 6.715.498 4.075.7462003 1.406.690 5.488.952 5.682.1352004 1.583.045 5.079.516 4.906.3012005 2.554.986 5.558.193 4.469.7732006 1.838.812 6.163.383 6.357.6572007 5.155.115 5.118.493 7.536.3932008 5.420.525 6.463.239 8.187.035* Valores Constantes 2008 (IGP-DI) em RS 1.000,00 Fonte: MERICO (2009), partir de IBGE (IDS, 2008), MF/STN Contas Consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>s <strong>da</strong> União (2009)Tabela 11. Gastos ambientais por Entes Federados e sua evoluçãoAnuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 71


do Meio Ambiente destina<strong>da</strong> às uni<strong>da</strong>des deconservação federais aumentou 16,35%, enquantoque estas áreas aumentaram geograficamente78,46% (BRASIL/MMA, 2010).No caso <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, nos últimos 20 anos,uma <strong>da</strong>s mais significativas fontes de recursos ecooperação técnica tem sido o Governo Alemão,através <strong>da</strong> Agência de Cooperação Técnica Alemã(GIZ) e com a contribuição financeira do KfWEntwicklungsbank, que atualmente apoiam oProjeto “Proteção <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> II”, que écoordenado pelo Ministério do Meio Ambientee administrado pelo Fundo Brasileiro para aBiodiversi<strong>da</strong>de (Funbio). Além disso, o GovernoAlemão apoia o subprograma PDA <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>,o Projetos Corredores Ecológicos na Bahia e EspíritoSanto e alguns projetos bilaterais com estadosbrasileiros.Exemplo estadual de mobilização de recursos éo Projeto “Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de comoFator de Contribuição ao Desenvolvimento doEstado do Rio Grande do Sul/Brasil” – Projeto RSBiodiversi<strong>da</strong>de – fruto de um acordo de doação doGEF, entre Secretaria Estadual de Meio Ambientee Banco Mundial, assinado em maio de 2010 einiciado em fevereiro de 2011.No Paraná, a Secretaria do Meio Ambiente (SEMA)coordena o PROGRAMA BIOCLIMA PARANÁcujo objetivo é a Conservação e Recuperaçãode Biodiversi<strong>da</strong>de promovendo a mitigaçãoe a<strong>da</strong>ptação frente às mu<strong>da</strong>nças climáticas,contribuindo para a melhoria na quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong><strong>da</strong> população. Este programa prevê ativi<strong>da</strong>des emplanos de ação divididos nos seguintes projetos:1)Conservação <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de; 2) Recuperação<strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de; 3) Incentivos Econômicos paraa Conservação; 4) Mitigação e A<strong>da</strong>ptação frenteàs Mu<strong>da</strong>nças climáticas; 5)Educação Ambientale Capacitação; 6) Pesquisa; 7) Monitoramentoe Fiscalização. O programa prevê uma série demedi<strong>da</strong>s inovadoras, como o BIOCRÉDITO e oPagamento por Serviços Ambientais, encaminhadossob forma de Lei Estadual. Como resultado doesforço e envolvimento de diversos setores naconstrução do Programa, tendo como ênfasenovos modelo de governança por meio de fundospúblicos e privados (BIOCRÉDITO) é construídono Paraná uma rede de aliança intersetorial paraapoio ao programa BIOCLIMA PARANÁ. No Estadodo Espírito Santo o BANDES SUSTENTÁVEL é umalinha de financiamento do banco estadual paraapoiar investimentos de implantação, expansão,relocalização, modernização, diversificação,desenvolvimento tecnológico e gerencial, que, porexemplo, proporcionem a redução <strong>da</strong>s emissões deGases de Efeito Estufa no meio-ambiente e a buscapor melhor práticas de controle ambiental.FUNDO DE RESTAURAÇÃO DA MATAATLÂNTICAO Fundo de Restauração do Bioma <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>foi instituído pelo art. 36 <strong>da</strong> Lei 11.428, de 22 dedezembro de 2006, mas ain<strong>da</strong> está pendentede regulamentação. Trata-se de importanteinstrumento para a implementação <strong>da</strong>s políticasde conservação e recuperação <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>.O Ministério do Meio Ambiente contratou umestudo sobre a importância do fundo e umaminuta de regulamentação ao Dr. Paulo Had<strong>da</strong>d,ex-Ministro <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong>. A minuta de Decreto, queatualmente está em negociação entre o MMA e aCasa Civil, propõe que o Fundo de Restauraçãodo Bioma <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> tenha natureza contábile financeira e que seus recursos sejam aplicadosatravés de duas mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des: a) reembolsáveis eb) não-reembolsáveis. A minuta de Decreto propõeain<strong>da</strong> que o Banco do Brasil seja o agente financeiroe executor e que o Fundo tenha um ConselhoDeliberativo com a participação de órgãosgovernamentais e não-governamentais.PROGRAMA NACIONAL DE CONSERVAÇÃO ERECUPERAÇÃO DA MATA ATLÂNTICAO Programa Nacional de Conservação e Recuperação<strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> – PMA é outro importantíssimoinstrumento de implementação que encontrasepronto há anos e ain<strong>da</strong> não foi oficialmenteimplantado pelo Ministério do Meio Ambiente. OPrograma, elaborado com a colaboração <strong>da</strong> Redede ONGs <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e outras organizações <strong>da</strong>socie<strong>da</strong>de civil, visa coordenar as principais políticasfederais para a <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>. Pela proposta, oprograma será executado em parceria pelo GovernoFederal, os governos dos estados, os municípios eenti<strong>da</strong>des <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de civil organiza<strong>da</strong>. O principal


objetivo do PMA é restabelecer pelo menos umterço <strong>da</strong> cobertura vegetal nativa original <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> e, com isso, garantir os serviços ambientaisque ela presta ao país, como a manutenção <strong>da</strong>sua extraordinária biodiversi<strong>da</strong>de, a garantia doabastecimento de água e a fixação de carbono e,com isto, promover a mitigação <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça doclima, bem como a diminuição <strong>da</strong> pobreza rural.O Programa <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> pretende contribuirpara três grandes objetivos <strong>da</strong> política ambientalbrasileira: a) conservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de in situ;b) mitigação <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça do clima; e, diminuição<strong>da</strong> pobreza rural.Para atingir estes objetivos, o PMA, terá duraçãoprevista de 10 anos e os seguintes componentestemáticos e transversais:1) Consoli<strong>da</strong>ção do Sistema de Uni<strong>da</strong>des deConservação;2) Recuperação de áreas altera<strong>da</strong>s e pagamentopor serviços ambientais;3) Uso Sustentável dos recursos naturais nãomadeireiros;4) Monitoramento ambiental, fiscalização eprevenção e combate a incêndios;5) Fortalecimento institucional;6) Gestão do Programa e arranjos financeiros;PLANOS MUNICIPAIS DE CONSERVAÇÃO ERECUPERAÇÃO DA MATA ATLÂNTICANo caso <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, a Lei 11.428/06 tambéminstituiu os Planos Municipais de Conservação eRecuperação <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> que devem serelaborados e implementados em ca<strong>da</strong> um dosaproxima<strong>da</strong>mente 3.500 municípios <strong>da</strong> região. OsPlanos Municipais tem um aspecto inovador e degrande importância que é a municipalização <strong>da</strong>discussão a respeito <strong>da</strong> proteção e recuperação <strong>da</strong><strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, especialmente no que concernea conservação e recuperação <strong>da</strong> <strong>Reserva</strong> Legal(RL), <strong>da</strong>s Áreas de Preservação Permanente (APPs)e a criação e implementação de Uni<strong>da</strong>des deConservação (UCs) municipais e outras açõesproativas dos Municípios. A elaboração dos planospode se <strong>da</strong>r por meio de parcerias que envolvam opoder público local, organizações <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de civile instituições acadêmicas, devendo ser aprovadospelos Conselhos Municipais de Meio Ambiente.Neste sentido, o Plano Municipal de Conservaçãoe Recuperação <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> é mais uminstrumento efetivo para alcançar o objetivo <strong>da</strong>CDB, pois se concretizado como exige a Lei, garanteo planejamento participativo, implementação etambém a capacitação e gestão de conhecimentopor parte dos ci<strong>da</strong>dãos.Os requisitos mínimos para a elaboração dos PlanosMunicipais estão previstos no Decreto 6660/08.As priori<strong>da</strong>des de conservação e recuperação <strong>da</strong>vegetação nativa e <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de defini<strong>da</strong>s noPlano Municipal tem o objetivo de servir de base paraa implementação de políticas públicas, programas,projetos e ativi<strong>da</strong>des sob a responsabili<strong>da</strong>de domunicípio. Apesar de previsto em Lei desde 2006,até o início de 2012, dos 3.500 municípios total ouparcialmente inseridos na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, apenasos municípios de João Pessoa (PB) e Maringá(PR), tinham elaborado e aprovado seus PlanosMunicipais. O MMA, com apoio <strong>da</strong> cooperaçãotécnica e financeira do Governo Alemão e do Funbioestá desenvolvendo quatro projetos regionaisde mobilizacão e capacitação de prefeituraspara a elaboração de Planos Municipais <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> e sete projetos pilotos de elaboraçãodemonstrativa de Planos Municipais <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong>, contemplando municípios <strong>da</strong>s regiões Sul,Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste. Estes projetospiloto são parte de um processo de construção deconhecimento sobre a metodologia de elaboraçãoe implementação dos Planos Municipais <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong>. Esta metodologia será disponibiliza<strong>da</strong> atéfinal de 2012 pelo Ministério do Meio Ambiente,em forma de roteiro metodológico e de um manualprático de elaboração e implementação dos PlanosMunicipais <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, a todos os municípios<strong>da</strong> região.Anuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 73


CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕESA inserção <strong>da</strong>s questões relativas à proteção, conservação, recuperação e usosustentável <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de nas diferentes esferas de governo e nas diferentespolíticas públicas é fun<strong>da</strong>mental. Sem isso, torna-se difícil avançar concretamente rumoao desenvolvimento sustentável. Para alcançar essa inserção ou a transversali<strong>da</strong>de notrato <strong>da</strong> questão nos diversos órgãos e níveis do setor público e também nos diversossetores <strong>da</strong> economia é necessário conhecimento, planejamento e vontade política,além dos imprescindíveis instrumentos legais e financeiros.No caso <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, como vimos no objetivo C, os instrumentos legais já existem,mas correm sérios riscos de sofrerem retrocessos. Também vimos no Objetivo A quea população está informa<strong>da</strong> sobre a importância e urgência dos temas ambientaise disposta a fazer a sua parte. No entanto, um problema que ain<strong>da</strong> se constata é afalta de vontade política e insuficiência <strong>da</strong>s estruturas de implementação. Os órgãosfederais, assim como os estaduais têm carência de pessoal e de estrutura. Quanto aosmunicípios, o caso é mais grave, pois a absoluta maioria sequer tem Conselhos de MeioAmbiente e muito menos um órgão técnico executor de políticas ambientais em nívelmunicipal.O mais grave, porém, é que depois de déca<strong>da</strong>s de avanços sistemáticos no aprimoramento<strong>da</strong>s normas ambientais, os últimos anos tem se caracterizado por inúmeras iniciativaslegislativas, com a complacência do executivo, que tentam enfraquecer ou até revogaras normas duramente conquista<strong>da</strong>s. O exemplo mais emblemático é o Código Florestalonde as duas casas do Congresso Nacional aprovaram textos totalmente diferentes econtraditórios, tendo, ao final prevalecido o texto <strong>da</strong> Câmara dos Deputados.Os vetos parciais ao texto e a edição <strong>da</strong> Medi<strong>da</strong> Provisória 571/12 pela Presidente <strong>da</strong>República infelizmente confirmaram os retrocessos, contrariando a voz de mais de 90%dos brasileiros que dizem não querer retrocessos ambientais. A MP 571/12, além denão resolver os problemas to texto aprovado no Congresso, trouxe mais flexibilizações,contemplou ampla anistia a todos os desmatamentos ilegais realizados antes de22 de julho de 2008 e reduziu em até 80% a obrigação de recuperar APPs em áreas“consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>s” de ocupação agropecuária. A edição de Medi<strong>da</strong> Provisória tambémdevolveu a discussão ao Congresso Nacional onde, pelo menos em tese, tudo podesofrer alterações, inclusive o texto sancionado <strong>da</strong> Lei 12.651/12, mantendo assima insegurança jurídica. Os ruralistas já avisaram que vão apresentar pelo menos 50emen<strong>da</strong>s, to<strong>da</strong>s para flexibilizar e piorar ain<strong>da</strong> mais o já ruim texto sancionado.No caso específico <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> tramita na Câmara dos Deputados o PL 2.441/07que pretende modificar profun<strong>da</strong>mente Lei <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> (Lei 11.428/06) reabrindoa possibili<strong>da</strong>de de supressão de vegetação primária e a exploração generaliza<strong>da</strong> demadeira, inclusive <strong>da</strong>s espécies ameaça<strong>da</strong>s de extinção, em to<strong>da</strong> a <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>.No dia 28 de março de 2012, em virtude <strong>da</strong> mobilização <strong>da</strong>s ONGs, do Governo e <strong>da</strong>banca<strong>da</strong> ambientalista <strong>da</strong> Câmara dos Deputados, a Comissão de Meio ambiente eDesenvolvimento Sustentável rejeitou o substitutivo apresentado pelo Deputado IrajáAbreu. Os ruralistas prometeram recorrer na Comissão de Constituição e Justiça e noPlenário <strong>da</strong> Câmara. Isso mostra que a mobilização <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de tem que continuar.Outra iniciativa de retrocesso grave em an<strong>da</strong>mento no Congresso é o Projeto deEmen<strong>da</strong> Constitucional (PEC 215), aprovado na Comissão de Constituição e Justiça


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<strong>da</strong> Câmara dos Deputados em março de 2012, que pretende transferir ao legislativo(uma prerrogativa hoje do executivo) a demarcação de terras indígenas e também oreconhecimento de terras quilombolas e a criação de uni<strong>da</strong>des de conservação.To<strong>da</strong>s essas iniciativas tem origem na chama<strong>da</strong> “Banca<strong>da</strong> Ruralista” e tem comoobjetivo esvaziar a legislação para anistiar degra<strong>da</strong>dores, perdoar multas de crimesambientais, e permitir novos desmatamentos, além de invialibilizar a criação deuni<strong>da</strong>des de conservação e o reconhecimento e demarcação de terras indígenase quilombolas. Ou seja, caso alguma dessas iniciativas logre êxito, no caso <strong>da</strong><strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, não apenas trará dificul<strong>da</strong>des mas inviabilizará completamente ocumprimento <strong>da</strong>s Metas <strong>da</strong> CDB para 2020.No que tange ao conhecimento sobre a importância e valor <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de podeseafirmar que na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> já existe um bom nível de estudos e pesquisas einúmeras iniciativas em an<strong>da</strong>mento, tanto nos setores públicos, quanto nas ONGs,instituições acadêmicas e também na iniciativa priva<strong>da</strong>. Isso já se reflete na percepçãogeral que a socie<strong>da</strong>de tem sobre a biodiversi<strong>da</strong>de e sobre a importância do meioambiente, como vimos no Objetivo A. É claro que novos investimentos e novasiniciativas devem ser apoia<strong>da</strong>s para ampliar esse conhecimento.Quanto aos Planos de Ação, já existem iniciativas importantes em nível federal comoo mapa “Áreas Prioritárias para a Conservação, Utilização Sustentável e Repartiçãode Benefícios <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de Brasileira” reconhecido pelo Decreto 5.092/2004,a Agen<strong>da</strong> Nacional de Desenvolvimento (AND), o Plano Nacional de Promoção <strong>da</strong>sCadeias de Produtos <strong>da</strong> Sociobiodiversi<strong>da</strong>de (PNPSB) e a Estratégia e o Plano de AçãoNacional de Biodiversi<strong>da</strong>de para as Metas de AICHI 2020, em elaboração.No caso específico <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> um instrumento importante, elaborado comampla participação mas ain<strong>da</strong> não institucionalizado, é o Programa Nacional deConservação e Recuperação <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> – PMA, que encontra-se em análiseno Ministério do Meio Ambiente. Outro instrumento imprescindível é o Fundo deRestauração do Bioma <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> foi instituído pelo art. 36 <strong>da</strong> Lei 11.428/2006,mas ain<strong>da</strong> não regulamentado. A proposta de Decreto também aguar<strong>da</strong> decisão dogoverno. O Fundo é de suma importância para a implantação do PMA e tambémpara apoiar os municipios na elaboração e implementação dos Planos Municipaisde Conservação e Recuperação <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, igualmente criados pela Lei11.428/2006.No âmbito dos estados existem diferentes níveis de implementação e de instrumentos.Alguns estados, a exemplo de São Paulo, já elaboraram planos de ação para as metas<strong>da</strong> CDB e outros ain<strong>da</strong> nem pensaram nisso. Diversos estados já tem legislaçãode ICMS-Ecológico e sobre Pagamento de Serviços Ambientais, mas quase todoscarecem de estrutura de pessoal e recursos.É recomendável que tanto os estados (aqueles que ain<strong>da</strong> não o fizeram) assim comoos municípios, elaborem, de forma participativa, seus planos estaduais e municipaisem relação às metas <strong>da</strong> CDB.Quanto aos municípios <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> é recomendável que na elaboração dosPlanos Municipais de Conservação e Recuperação <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> considerem asmetas <strong>da</strong> CDB e estabeleçam ações e ativi<strong>da</strong>des para alcançá-las.


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TABELADE SIGLASADI - Ação Direta de Inconstitucionali<strong>da</strong>deAGEVAP – Agência <strong>da</strong> Bacia do Rio Paraíba do SulAMANE - Associação para Proteção <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>do NordesteAND - Agen<strong>da</strong> Nacional de DesenvolvimentoANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural eBiocombustíveisAPA - Área de Proteção AmbientalAPEMB - Associação dos Produtores Ecológicos doMaciço de BaturitéAPP - Área de Preservação PermanenteApremavi - Associação de Preservação do MeioAmbiente e <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong>BMU - Ministério do Meio Ambiente, <strong>da</strong> Proteção <strong>da</strong>Natureza e Segurança Nuclear <strong>da</strong> RepúblicaFederal <strong>da</strong> AlemanhaBNDES - Banco Nacional de DesenvolvimentoEconômico e SocialCAT - Grupo Conexão Abrolhos-Trin<strong>da</strong>deCDB - Convenção sobre Diversi<strong>da</strong>de BiológicaCDES - Conselho de Desenvolvimento Econômico e SocialCepan - Centro de Pesquisas Ambientais do NordesteCEPEMA - Centro de Capacitação e Pesquisa em MeioAmbiente <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de São PauloCEPLAC - Comissão Executiva do Plano <strong>da</strong> LavouraCacaueiraCERFLOR - Certificação FlorestalCGEN - Conselho de Gestão do Patrimônio GenéticoCI-Brasil - Conservação Internacional BrasilCNBB - Conferência Nacional dos Bispos do BrasilCNI - Confederação Nacional <strong>da</strong> IndústriaCNUC - Ca<strong>da</strong>stro Nacional de Uni<strong>da</strong>des de ConservaçãoCONAB - Companhia Nacional de AbastecimentoCONABIO - Comissão Nacional de Biodiversi<strong>da</strong>deCONAMA - Conselho Nacional do Meio AmbienteCONCAFÉ - Cooperativa dos Cafeicultores EcológicoCOP - Convention of the PartiesCOPAM - Conselho Estadual de Política AmbientalCSR - Centro de Sensoriamento RemotoCUT - Central Única dos TrabalhadoresEMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaEPAGRI - Empresa de Pesquisa Agropecuária e ExtensãoRural de Santa CatarinaFATMA - Fun<strong>da</strong>ção do Meio AmbienteFBC - Fun<strong>da</strong>ção Brasil Ci<strong>da</strong>dãoFINEP - Financiadora de Estudos e ProjetosFSC - Forest Stewardship CouncilFUNBIO - Funbio - Fundo Brasileiro para a Biodiversi<strong>da</strong>deFUNCATE - Fun<strong>da</strong>ção de Ciência, Aplicações eTecnologia EspaciaisFURB - Universi<strong>da</strong>de Regional de BlumenauGambá - Grupo Ambientalista <strong>da</strong> BahiaGEE - Gases de efeito estufaGEF - Global Environment FundGIZ - Deutsche Gesellschaft für InternationaleZusammenarbeit (GIZ) GmbHGSPC - The Global Strategy for Plant ConservationIBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dosRecursos Naturais RenováveisIBDF - Instituto Brasileiro de Desenvolvimento FlorestalIBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e EstatísticaIBOPE - Instituto Brasileiro de Opinião Pública eEstatísticaICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação <strong>da</strong>Biodiversi<strong>da</strong>deICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadoriase ServiçosIDH - Índice de Desenvolvimento HumanoIDPA - Índice de Desempenho de Política Pública deMeio AmbienteIEMA - Instituto Estadual de Meio AmbienteImazon - Instituto do Homem e Meio Ambiente<strong>da</strong> AmazôniaINCAPER - Instituto Capixaba de Pesquisa, AssistênciaTécnica e Extensão RuralINPE - Instituto Nacional de Pesquisas EspaciaisIPAM - Instituto de Pesquisa Ambiental <strong>da</strong> AmazôniaIPÊ - Instituto de Pesquisas EcológicasIPEMA - Instituto de Pesquisas <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>ISA - Instituto SocioambientalISER - Instituto de Estudos <strong>da</strong> ReligiãoITPA - Instituto Terra de Preservação AmbientalJBRJ - Jardim Botânico do Rio de JaneiroKfW – Kreditanstalt fuer WiederaufbauM.N.E. - Monumento Natural EstadualMAPA - Ministério <strong>da</strong> Agricultura, Pecuária


e AbastecimentoMCT - Ministério <strong>da</strong> Ciência, Tecnologia e InovaçãoMDA - Ministério de Desenvolvimento AgrárioMDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria eComércio ExteriorMDS - Ministério do Desenvolvimento Social e Combateà FomeMMA - Ministério do Meio AmbienteMME - Ministério de Minas e EnergiaMONA - Monumento NaturalMP - Medi<strong>da</strong> ProvisóriaMPOG - Ministério do Planejamento, Orçamento e GestãoOAB - Ordem dos Advogados do BrasilONG - Organização Não GovernamentalP.E. - Parque EstadualPARNA - Parque NacionalPARNAM - Parque Nacional MarinhoPDA - Subprograma Projetos DemonstrativosPEC - Projeto de Emen<strong>da</strong> ConstitucionalPGPM - Política de Garantia de Preços MínimosPIB - Produto Interno BrutoPL - Projeto de LeiPMA - “Programa Nacional de Conservação e Recuperação<strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> – Programa <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> “PNAP - Programa Nacional de Formação emAdministração PúblicaPNB - Política Nacional de Biodiversi<strong>da</strong>dePNMC - Política Nacional de Mu<strong>da</strong>nças ClimáticasPNPSB - Plano Nacional de Promoção <strong>da</strong>s Cadeias deProdutos <strong>da</strong> Sociobiodiversi<strong>da</strong>dePNUD - Programa <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s para oDesenvolvimentoPNUMA - Programa <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s para oMeio AmbientePPBIO - Programa de Pesquisa em Biodiversi<strong>da</strong>dePPG7 - Programa Piloto para Proteção <strong>da</strong>s FlorestasTropicais do BrasilPROBIO - Projeto de Conservação e UtilizaçãoSustentável <strong>da</strong> Diversi<strong>da</strong>de Biológica BrasileiraPROFLORA - Programa de Plantio Comercial eRecuperação de FlorestasPromata - Projeto de Proteção <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> emMinas GeraisPSA - Pagamentos por Serviços AmbientaisRBMA - <strong>Reserva</strong> <strong>da</strong> <strong>Biosfera</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>RDS - <strong>Reserva</strong> de Desenvolvimento SustentávelREAPI - Rede Ambiental do PiauíREBIO - <strong>Reserva</strong> BiológicaRENCTAS - Rede Nacional de Combate ao Tráfico deAnimais SilvestresRESEX - <strong>Reserva</strong> ExtrativistaREVIS e/ou RVS - Refúgio de Vi<strong>da</strong> SilvestreREVIZEE - Programa de Avaliação do PotencialSustentável dos Recursos Vivos <strong>da</strong> Zona EconômiaExclusiva BrasileiraRL - <strong>Reserva</strong> LegalRPPN - <strong>Reserva</strong> Particular do Patrimônio NaturalSAVE - Socie<strong>da</strong>de para a Conservação <strong>da</strong>s Aves do BrasilSEAPA - Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária eAbastecimento de Minas GeraisSEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e PequenasEmpresasSEMA - Secretaria Especial de Meio AmbienteSisnama - Sistema Nacional do Meio AmbienteSLIMF - Small and Low Intensity Managed ForestsSNUC - Sistema Nacional de Uni<strong>da</strong>des de Conservação<strong>da</strong> NaturezaSPVS - Socie<strong>da</strong>de de Pesquisa em Vi<strong>da</strong> Selvagem eEducação AmbientalTNC - The Nature ConservancyUC - Uni<strong>da</strong>de de ConservaçãoUFMG - Universi<strong>da</strong>de Federal de Minas GeraisUFSC - Universi<strong>da</strong>de Federal de Santa CatarinaUFV - Universi<strong>da</strong>de Federal de ViçosaUICN - International Union for Conservation of NatureWWF - World Wide Fund for NatureAnuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 87


Anuario <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> 2012 - 89AnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnAnuauauauauauauauauauauauauauauauauauauauauauau ririririririririririririririr o MaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaMaM tatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatAtltltltltltltltltltltltltltltltltltltltltltltltlt ânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânânântititititititititititititititititititititititititititititititititititititititititititititititititititititititititititititititit cacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacacaca 2010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101010101012 - 89898989898989898989898989898989898989898989898989898989898989

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