Boletim SBH Setembro/2013 - Sociedade Brasileira de Hepatologia

| Seção Células Endoteliais |UM ÚNICO MINUTO DERECONCILIAÇÃO VALEMAIS DO QUE TODA UMAVIDA DE AMIZADEAmérico de OliveiraSilvério (GO)Em 1996, coube ao Prof. Heitor Rosa organizar a IISemana Brasileira do Aparelho Digestivo (SBAD),recém-nata, franzina, porém, congregando as sociedadesque se dedicam ao estudo do aparelho digestivo.No ano seguinte, o incansável Prof. Heitor, com auxíliodo Prof. Roberto Daher, organizou, no Rio Quente, oXIV Congresso Brasileiro de Hepatologia. Nestes doisanos, Goiás tornara-se então a “Meca” da Gastroenterologia.Agora, 17 anos depois, estamos organizando a XIISBAD, um evento consolidado e pujante, certamente omaior evento de Gastroenterologia da América Latina.Durante o evento, serão apresentadas as realizaçõescientíficas voltadas para o aparelho digestivo, projetosque estão sendo desenvolvidos nos diferentes centrosbrasileiros de ensino e de pesquisa, discutiremospontos controversos e, o que é mais importante, estaremoscompartilhando o “saber”, para tornarmos maiscoesos e consequentemente maiores. Paralelamente àsatividades científicas, o evento propiciará uma oportunidadeímpar de revermos os amigos e conhecermosnovas pessoas. Um momento de comunhão como umagrande família.Todavia, neste ano, mais uma vez está faltando alguém,a Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH).A SBH tem focado sua atenção no “hepatologista homozigoto”(HH) (N.E.: “Meu genótipo é HH. Qual é o teu?”-Boletim SBH Janeiro 2013), deixando atividades, comoa SBAD, que são voltadas ao gastro-hepatologista (GH).Com a não participação na SBAD a nossa Sociedadeperde um nobre espaço para mostrar a sua força. Deixade colaborar com a difusão dos conhecimentos sobre asdoenças do fígado. E, o que é pior, deixa de apresentar--se aos novos gastroenterologistas, que poderiam ter umbelo despertar para a nobre arte de estudar o fígado.Desde 2011, o CFM e a AMB ampliaram o escopo daatuação da Hepatologia para a Clínica Médica e aInfectologia. Ninguém em sã consciência exigirá queo colega infectologista deixe a sua especialidade-mãepor ter optado pela Hepatologia. Então, não entendo oporquê de alguns colegas criarem tantas barreiras aoshepatologistas com o genótipo GH, como se renegassema origem da nossa especialidade.Somos um país de dimensões continentais e comgrandes diferenças regionais. A realidade das grandescidades do Sul, Sudeste e algumas do Nordeste é muitodistinta das demais cidades e dos outros Estados. Essasdiferenças têm que ser compreendidas e respeitadasdentro da Sociedade.Temos que repensar o futuro. Preocupa-me o fato deque, neste ano, das 24 vagas de residência em Hepatologiaaprovadas pelo Ministério da Educação, somente7 estão ocupadas. Sabemos das dificuldades que resultaramno afastamento da SBH, todavia, temos certezade que com sobriedade, sapiência e fraternidade todosos obstáculos podem ser transpostos. Lembremos queo coração de um homem existe para reconciliar e que“um único minuto de reconciliação vale mais do quetoda uma vida de amizade (Gabriel García Marquez)”.A família do aparelho digestivo está saudosa de suafilha distante. Porém, tem a certeza de que em brevevoltaremos a caminhar juntos.68 | Boletim SBHBoletim SBH | 69