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Boletim SBH Setembro/2013 - Sociedade Brasileira de Hepatologia

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| Seção Sinusoi<strong>de</strong>s Hepáticos |<strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong>: Em seu Estado, a hepatiteC é a forma mais prevalente?Adalgisa (MA): Não temos estudos <strong>de</strong>prevalência das hepatites virais no Estadodo Maranhão, mas no ambulatório doNúcleo <strong>de</strong> Estudos do Fígado (NEF) doHospital Universitário da Universida<strong>de</strong>Fe<strong>de</strong>ral do Maranhão, que é o únicoserviço <strong>de</strong> referência do Estado, a hepatitecrônica pelo vírus C é, sim, a maisfrequente.Thor (AC): Por incrível que pareça, nomeio da Amazônia, sim, há mais vírusC que B. No Acre, a prevalência <strong>de</strong> anticorpoanti-HCV é <strong>de</strong> 4,2%, enquanto a <strong>de</strong>HBsAg é <strong>de</strong> 3,6%. No ambulatório, vemosmais hepatite C.Ana Ruth (AM): No Amazonas, não!Nosso gran<strong>de</strong> problema, <strong>de</strong> fato, é a hepatiteB, especialmente <strong>de</strong>vido à sua associaçãocom o vírus <strong>de</strong>lta. Nos municípiossituados nas calhas dos rios Juruá, PurusVamosfalar <strong>de</strong>outrosvírus?Mário Reis Álvares-da-Silva (RS)e Médio Amazonas, o chamado quadriláterodas hepatites, a prevalência <strong>de</strong> HBsAgvaria entre 9,7 a 20,3%, uma taxa altíssima.E mais: em torno <strong>de</strong> 15% <strong>de</strong>les sãotambém portadores <strong>de</strong> anti-HDV, o queaumenta o risco <strong>de</strong> morte por doençacrônica progressiva e hepatite fulminante.Juan Miguel (RO): Nós também temosmais vírus B. No Ambulatório Especializado<strong>de</strong> Hepatite <strong>de</strong> Rondônia, nos últimos5 anos, aten<strong>de</strong>mos 13.748 pacientes, dosquais 1.457 pacientes novos <strong>de</strong> Hepatite Be 655 pacientes novos <strong>de</strong> Hepatite C.<strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong>: Como está organizada aatenção às hepatites virais não C?Thor (AC): Os profissionais e o serviço <strong>de</strong>referência, com ambulatório, internação ehospital-dia, são os mesmos para todas ashepatites.Adalgisa (MA) e Juan Miguel (RO):No nosso serviço também. A atenção aosoutros tipos <strong>de</strong> hepatites obe<strong>de</strong>ce o mesmoFala-se muito em hepatite C. Com os inibidores <strong>de</strong> protease(fi nalmente!) sendo fornecidos pelo Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>,fala-se mais ainda em hepatite C. O <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> foi ao Norte eao Meio-Norte do país para discutir as hepatites virais.Entrevista com Adalgisa Ferreira (MA), Ana Ruth Araújo (AM),Juan Miguel Salcedo (RO) e Thor Dantas (AC)fluxo da hepatite C.Thor (AC): Infelizmente, o processo <strong>de</strong>solicitação, autorização e liberação dosmedicamentos para as hepatites são feitosem local distante, na central <strong>de</strong> medicamentosexcepcionais do Estado, o que dificultamuito a vida do paciente. Estamostrabalhando para trazê-lo para <strong>de</strong>ntro doserviço.Ana Ruth (AM): A assistência aos portadoresdas formas crônicas <strong>de</strong> hepatite associadasaos vírus B e Delta é centralizadana capital do Estado, o que causa gran<strong>de</strong>dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso ao tratamento.<strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong>: Alguma dificulda<strong>de</strong>específica no diagnóstico ou tratamentoda hepatite Delta?Ana Ruth (AM): Sim, a primeira gran<strong>de</strong>dificulda<strong>de</strong> é o acesso aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>especializados. Gran<strong>de</strong> parte dos portadores<strong>de</strong> hepatite B e Delta é proce<strong>de</strong>ntedo interior do Estado, e seu <strong>de</strong>slocamentopo<strong>de</strong> levar <strong>de</strong> três a cinco dias <strong>de</strong> viagem<strong>de</strong> barco. Coari, Eirunepé e Lábrea, municípiosdo quadrilátero das hepatites, estãotentando se organizar para aten<strong>de</strong>r oscasos, mas há os problemas <strong>de</strong> distância eainda falta <strong>de</strong> estrutura. Em se tratandoespecificamente do diagnóstico, o protocolodo Ministério da Saú<strong>de</strong> exige examesque não estão disponíveis no SUS, como omarcador Anti-HDV IgM e o HDV-RNAquantitativo. A biópsia hepática tambémesbarra em dificulda<strong>de</strong>s: da distribuição <strong>de</strong>agulhas à escassez <strong>de</strong> médicos-patologistas.O monitoramento do tratamento é muitodifícil, pois na falta <strong>de</strong> biologia molecularpara HDV, muitas vezes o único padrão<strong>de</strong> que dispomos são as transaminases, ouseja, praticamente nada. Como monitorarentão esses pacientes? Como <strong>de</strong>terminar oend-point do tratamento? Adalgisa (MA):No Maranhão temos pesquisado hepatiteDelta somente nos últimos anos, especialmente<strong>de</strong>pois que fizemos um estudoem portadores do HBV e i<strong>de</strong>ntificamosalguns casos. Curiosamente eram indivíduosprovenientes <strong>de</strong> uma mesma regiãogeográfica do Estadoe tinham um genótipodiferente do <strong>de</strong>scritona Amazônia. Apesardisso, ainda temosdificulda<strong>de</strong>s, pela faltados testes sorológicose pela inexistência <strong>de</strong>exames <strong>de</strong> biologiamolecular.Thor (AC): O diagnósticoé uma situaçãoinsustentável: afalta <strong>de</strong> biologia molecularé inadmissívelhoje em dia. Nossaúnica ferramentadiagnóstica ainda é oanti-HDV total. Já notratamento, não temosdificulda<strong>de</strong>s: temosinterferon peguiladoe, quando necessário,entecavir ou tenofovir.Juan Miguel (RO): Nos últimos cincoanos, graças ao <strong>de</strong>senvolvimento da nossapesquisa e pós-graduação, <strong>de</strong>senvolvemostécnica “in house” <strong>de</strong> biologia molecularpara PCR qualitativo, quantitativo egenotipagem do vírus Delta no laboratório.Atualmente, não temos problemasno diagnóstico e tratamento da hepatiteDelta. Gostaríamos <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r oferecer oServiço para todos os Estados vizinhos!<strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong>: De um modo geral, abiologia molecular parece ainda umproblema: só para o vírus Delta? E abiópsia, ainda um gargalo?Thor (AC): A biópsia não. Dispomos comfacilida<strong>de</strong> em nosso serviço. Biologia molecularé um problema para o vírus Delta,não para os vírus B e C, salvo um ou outro<strong>de</strong>sabastecimento temporário.Ana Ruth (AM): Pois eu consi<strong>de</strong>ro abiópsia hepática e também a biologiamolecular como os principais gargalos naabordagem das hepatites B e Delta, emespecial no que diz respeito à genotipagemdos vírus. Segundo pesquisas o genótipodo vírus Delta da região amazônica é omais agressivo em todo o mundo, mas nãodispomos do exame. As biópsias não estãodisponíveis em centros mais remotos, enão há uma organização <strong>de</strong> protocolos eserviços, ou <strong>de</strong> capacitação <strong>de</strong> profissionaisem vários níveis.Adalgisa (MA): Não temos biópsia hepáticaem nível ambulatorial, mas temosdisponível leito específico para o procedimento,com uma espera não muito longa.Os testes básicos para HCV e HBV estãodisponíveis no LACEN-MA.Juan Miguel (RO): A biópsia hepáticanão é um gran<strong>de</strong> gargalo em Rondônia,embora nós não façamos no próprioserviço, mas no Hospital <strong>de</strong> Base da Secretaria<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do Estado. A BiologiaMolecular dos vírus B e C são feitas noLACEN do Estado.<strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong>: E o vírus da hepatite E?É um problema em seu Estado?Thor (AC): Infelizmente não temos amenor i<strong>de</strong>ia. Não há estudos epi<strong>de</strong>miológicosno Acre, e também não temos oexame na rotina LACEN. Suspeito queseja <strong>de</strong> ocorrência não negligenciável,dada a frequência com que vemos hepatitesagudas “não A, não D”.Juan Miguel (RO): Eis uma perguntasem resposta por falta <strong>de</strong> estudos soroepi<strong>de</strong>miológicosno nosso Estado, mas, emgeral, não é gran<strong>de</strong> o número <strong>de</strong> pacientescom hepatite aguda não A não D, que<strong>de</strong>mandariam investigação.Adalgisa (MA): Não temos i<strong>de</strong>ntificadocasos <strong>de</strong> hepatite E. Temos até pesquisado,solicitando exames para serem realizadosem São Paulo, especialmente em casos <strong>de</strong>hepatites agudas <strong>de</strong> causa in<strong>de</strong>terminada.Ana Ruth (AM): Também não tenhocomo respon<strong>de</strong>r, uma vez que não hásorologia para Hepatite E na re<strong>de</strong> <strong>de</strong> assistência.É possível que sua prevalência sejamaior do que se possa imaginar.62 | <strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong><strong>Boletim</strong> <strong>SBH</strong> | 63

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