Boletim SBH Setembro/2013 - Sociedade Brasileira de Hepatologia

| Seção Células de Kupffer |HEPATOLOGISTASNA RUAA HORAÉ AGORA!José Eymard Medeiros Filho (PB)As últimas semanas fizeram o paísdespertar. A massa nas ruas, a necessidadede mudanças, os velhosproblemas em todos os setores... Maso desejo de mudar renova os ares e a esperança dopovo brasileiro, incluindo os médicos.Poucos dias depois, a decepção para a classe: uma“presidenta” (assim esse ser se autodefine) frustra asesperanças e a luta de toda uma classe e parte paraum confronto em que todos (principalmente a população)só têm a perder.Hora de refletir, hora de lutar, hora de mudar.E a Hepatologia? Quais as nossas necessidades?Hora de aproveitar e botar o bloco na rua, e fazeracontecer aquilo que precisamos para crescer. Odiagnóstico já temos: poucos hepatologistas noBrasil, baixo acesso da população a médicos especialistasou capacitados a cuidar das doenças do fígado,escassa estrutura de trabalho, programas de captaçãode órgãos e transplante hepático insuficientes para ademanda do país... Muitos são os gargalos, difícil atésaber por onde começar.Talvez o melhor seja começar pelo começo: aformação de hepatologistas. No modelo anterior,residência muito demorada, pouco atrativa paraquem já tinha quatro anos de Clínica Médica eGastroenterologia. A mudança, se ainda não ideal,deixa a formação mais rápida. Será eficaz? Ampliao acesso direto da Clínica Médica, permite a Infectologia,mas não torna o egresso especialista.Hepatologia especialidade. Uma necessidadeainda longe de realidade. Mas temos que tambémentender que o modelo válido para um grandepolo talvez não seja o mais adequado a pequenas emédias cidades, onde o mercado pode não permitira sobrevivência apenas de consultório. A Hepatologianão tem muitos procedimentos, e o principaldeles (a biópsia hepática) é mal remunerado. Comoconciliar esse dois modelos? Especialista em Hepatologiaa quem fizer dois anos de residência vindos daClínica Médica (muito útil para quem quer se fixarnos grandes polos) seria o modelo. Mas tambémformar o especialista através do ano opcional deHepatologia para quem já fizer dois anos de Gastroenterologia,aproveitando a base instalada e as afinidadesestruturais, o que permitiria a quem vai paraos pequenos e médios centros exercerem os procedimentosem Endoscopia Digestiva.Nesse contexto, a definição da especialidade e domodelo que contemple a maior e melhor formação denovos recursos humanos, a atuação junto a gestores dasaúde (federal, estadual e municipal) para realizaçãode concursos específicos para abertura de serviços emHepatologia, a incorporação de novas tecnologias ea remuneração por procedimentos que nós hepatologistasrealizamos (biópsia hepática, radiofrequência,alcoolização, elastografia) são campos que precisamosenquanto Sociedade pautar como prioritários paranosso próximo exercício.Vem para a rua você também, pois como diz música:quem sabe faz a hora e não espera acontecer. •54 | Boletim SBHBoletim SBH | 55