Figura 2. Distribuição dos principais depósitos de matérias-primas para revestimento no sul e sudeste brasileiro.36 Cerâmica <strong>Industrial</strong>, 3 (4-6) Julho/Dezembro, 1998
Na Pesquisa MineralParte das deficiências da homogeneização e constânciadas matérias-primas é conseqüência da falta de conhecimentoe controle das características tecnológicas dominério na jazida, decorrentes, por sua vez, da carência depesquisa mineral prévia.O modo de tornar as variações naturais das substânciasminerais (mineralógicas, físicas e químicas) em um produtode propriedades controladas, requer a execução de estudosgeológicos e de engenharia mineral, com trabalhossistemáticos de mapeamento, sondagens, análises e ensaios,técnicas geoestatísticas de tratamento de dados emodelagem tridimensional quanti-qualitativa do depósito,o que possibilita a delimitação de corpos com isopropriedadescerâmicas (fácies cerâmicas). A escala de trabalho,densidade de malhas de pesquisa, intervalos deamostragem, tipos de análises e ensaios a serem efetuadosdependem do tipo de matéria-prima, porte dos jazimentose aplicação destinada.Muitos produtores alegam que esse caminho ideal nãotem o seu ônus devidamente reconhecido pelos consumidores(ceramistas), que selecionam os fornecedores sobretudopelo preço do produto. Esta política favorece aperenização do círculo vicioso: produto mais barato, porémsem constância de qualidade. Desta forma, é importante asensibilização dos setores empresariais sobre as relaçõesvantajosas de custo-benefício (aumento de produtividade equalidade) quando do emprego de técnicas apropriadas naavaliação e qualificação dos depósitos minerais.Na Lavra e BeneficiamentoA lavra e o beneficiamento integram a fase de produçãoprópriamente dita das matérias-primas minerais. Estasatividades devem ser planejadas e executadas em funçãodas informações obtidas na pesquisa do depósito, sendocaracterizadas pelas seguintes operações básicas: extração,estocagem, sazonamento (quando necessário), blendagem,homogeneização e beneficiamento.Nesta etapa ressalta-se a necessidade da aplicação detécnicas de estocagem, até certo ponto pouco empregadasna produção de matérias-primas cerâmicas, sobretudo nosetor de pisos via-seca. Várias formas clássicas de empilhamentoe homogeneização na mineração podem ser utilizadas,tais como método de Chevron, Windrom e CamadasInclinadas 14 .A etapa de beneficiamento pode envolver apenas opreparo de matérias-primas individualmente ou atingir atéa formulação da massa cerâmica. Na produção via-secaatual, o processamento das matérias-primas e a composiçãoda massa são mais simplificados, e podem cada vez maisser feitas fora da cerâmica, como observado no Pólo deSanta Gertrudes. Entretanto, deve-se buscar sempre umamassa cerâmica que responda às exigência dos produtos eprocessos. Nesse sentido, deve-se estar atento para algunsaspectos, tais como: rigidez no controle da distribuiçãogranulométrica do pó, que deve ser fino; promover a granulaçãodo pó; viabilizar a mistura de outras matérias-primasà massa.Nos produtos via úmida, o próprio processo de moagemgarante uma boa cominuição e homogeneização da massa,sendo que algumas cerâmicas já utilizam usinas automatizadasde mistura de matérias-primas. Neste caso, bastariaa chegada de minério com qualidade constante. Mesmoassim, embora haja maior complexidade do processo depreparo da massa, observa-se a possibilidade da produçãode massa fora das unidades cerâmicas(centrais demassa 15 ).Finalizando, é importante ressaltar que o aprimoramentona produção das matérias-primas cerâmicas constituiuma ação tripartite, envolvendo o setor produtivo,agentes do governo (órgãos e instituições de fomento eapoio creditício) e centros de pesquisa. Neste contexto, aorganização de um suporte tecnológico mais efetivo àindústria mínero-cerâmica pode se dar através da criaçãode um “Centro de Excelência na Produção de Matérias-Primas”.Um organismo desta natureza deverá funcionar emformato de uma rede, congregando os principais centros depesquisa na área. Suas ações abrangeriam o desenvolvimentode pesquisas dirigidas ao setor, a realização decursos de treinamento e capacitação, edição de manuais eapostilas, particularmente para a pequena e média empresa,e a prestação de assessoria técnica diretamente nas minas enos chãos de fábrica.AgradecimentosOs autores agradecem à Fapesp, CNPq e IPT pelo apoiorecebido no desenvolvimento deste trabalho.Bibliográfia1.Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmicapara Revestimento - ANFACER. Panorama daindústria cerâmica brasileira. São Paulo: Anfacer. 24p,1999.2.Lemos, A.; Vivona, D. Visão estratégica do setor derevestimentos cerâmicos, mercadológica e tecnológica,em busca da consolidação internacional.Cerâmica <strong>Industrial</strong> 2, 3/4, p.10-18, 1997.3.Centro Cerâmico do Brasil – CCB. Projeto plataformapara a indústria brasileira de revestimentos cerâmicos.CCB/PADCT. São Paulo (no prelo).4.Motta, J.F.M.; Tanno, L.C.; Cabral Jr, M. Argilasplásticas para cerâmica branca no Estado de São Paulo- potencialidade geológica. Rev. Bras. Geoc. 23, 2:158-173, 1993.5.Tanno, L.C.; Motta, J.F.M.; Cabral Jr. Pólos decerâmica vermelha no Estado de São Paulo: aspectosCerâmica <strong>Industrial</strong>, 3 (4-6) Julho/Dezembro, 1998 37