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Viveiros Educadores Plantando Vida - Ministério da Educação

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<strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong><strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>Organização:Gustavo Nogueira LemosRenata Rozendo Maranhão


ministério do meio ambientesecretaria de articulação institucional e ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia ambientaldepartamento de educação ambiental<strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong><strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>Organização:Gustavo Nogueira LemosRenata Rozendo Maranhãobrasília, janeiro de 2008


© 2008 <strong>Ministério</strong> do Meio AmbienteQualquer parte desta publicacão pode ser reproduzi<strong>da</strong>, desde que cita<strong>da</strong> a fonte.Tiragem: 5.000 exemplaresPresidenteLuís Inácio Lula <strong>da</strong> Silva<strong>Ministério</strong> do Meio AmbienteMarina SilvaSecretaria de Articulação Institucional e Ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia AmbientalHamilton Pereira <strong>da</strong> SilvaDepartamento de <strong>Educação</strong> AmbientalMarcos Sorrentino<strong>Ministério</strong> do Meio Ambiente, Departamento de <strong>Educação</strong> AmbientalEsplana<strong>da</strong> dos <strong>Ministério</strong>s – Bloco B, sala 553Cep: 70068-900 – Brasília / DFTel: 55 61 - 3317 1207Fax: 55 61 - 3317 1757e-mail: educambiental@mma.gov.brOrganização:Gustavo Nogueira LemosRenata Rozendo MaranhãoRevisão:Dario NoletoAna Luisa Castelo BrancoEduardo Lyra RochaJosé Vicente de FreitasMarcos SorrentinoPhilippe Pomier LayrarguesProjeto gráfico, capa e ilustrações:Masanori OhashyI<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Pedra Produções Gráficas LTDADiagramação:Alexandre Lemos (estagiário)I<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Pedra Produções Gráficas LTDAFotos:Gustavo Nogueira LemosEduardo Lira RochaInstituto de Permacultura, Organização, Ecovilas e Meio Ambiente - IPOEMAGrupo de Trabalho de Apoio a Reforma Agrária - GTRA/UnB.Catalogação na fonte: Centro de Informação e Documentação-CID Ambiental /MMAB823vBrasil. <strong>Ministério</strong> do Meio Ambiente. Secretaria de Articulação Institucional e Ci<strong>da</strong><strong>da</strong>niaAmbiental. Departamento de <strong>Educação</strong> Ambiental.<strong>Viveiros</strong> educadores: plantando vi<strong>da</strong>. - Brasília: MMA, 2008.84 p.; 23 cm.ISBN 978-85-7738-092-3I. Título. II. <strong>Educação</strong> ambiental.CDU 37:504


Agradecemos especialmente à On<strong>da</strong>lva Serrano quecom seu profundo conhecimento e larga experiência devi<strong>da</strong> contribuiu de forma inspiradora e complementarna idealização <strong>da</strong> proposta dos “<strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong>”.A leitura atenta e crítica de um documento por elaproduzido, repleto de aspectos humanitários, princípiose conceitos do pensamento sistêmico, foi fun<strong>da</strong>mentalpara a elaboração dessa publicação.Maiores informações sobre este documento podemser acessa<strong>da</strong>s na íntegra pelo endereço eletrônicowww.mma.gov.brCarinhosamente,Equipe DEA


SUMÁRIOApresentação......................................................... 8O que são viveiros educadores........................... 10Os viveiros e sua contextualizaçãona reali<strong>da</strong>de brasileira....................................... 15A estrutura organizacional e operacionalde um viveiro educador........................................ 18Equipe pe<strong>da</strong>gógica.................................................20O Projeto Político-Pe<strong>da</strong>gógico..........................22O Viveiro e a Escola 26, Segurança Alimentar 28, Inclusão Social 31,Profissionalização e Geração de Trabalho e Ren<strong>da</strong> 33, Arborização Urbana 36,O Viveiro como Instrumento de Organização Social de Comuni<strong>da</strong>dese Assentamentos Rurais 38,Pesquisa e Desenvolvimento 40,Comércio Solidário41, A Realização de Parcerias e a Sustentabili<strong>da</strong>de do Viveiro Educador 44.Procedimentos técnicos necessáriospara a implementação de um viveiro................... 46Escolha do Local 48, Estruturas Necessárias para a Condução <strong>da</strong>s Ativi<strong>da</strong>des 52,Como Realizar a Coleta de Sementes 56, A Escolha <strong>da</strong>s Sementes 59, Secagem<strong>da</strong>s Sementes 59, Como Armazenar suas Sementes 60, A Gincana comoEstratégia de Coleta 60, Quais são as Ativi<strong>da</strong>des Envolvi<strong>da</strong>s no dia-a-diado Viveiro? 62, Plantio <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>s em campo 74.Anexos.................................................................... 81ReferÊncias Bibliográficas................................ 86


<strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>ApresentaçãoO Departamento de <strong>Educação</strong>Ambiental do <strong>Ministério</strong> do MeioAmbiente procura desenvolver programas,projetos e ações pauta<strong>da</strong>spela perspectiva de cultivar a vi<strong>da</strong> ea felici<strong>da</strong>de de viver, estimulando aparticipação popular individual e coletivanessa direção.Esses programas, projetos eações têm por finali<strong>da</strong>de contribuirpara a formação de ci<strong>da</strong>dãs e ci<strong>da</strong>dãosque busquem cotidianamentea construção de socie<strong>da</strong>des sustentáveis,aprendendo e educando emsua prática.É ca<strong>da</strong> vez mais evidente a necessi<strong>da</strong>de<strong>da</strong> participação popular emprocessos que busquem inverter alógica do desenvolvimento acompanhado<strong>da</strong> degra<strong>da</strong>ção ambiental.O envolvimento em ações dessanatureza oportuniza a reflexão sobreos fatos, razões e interesses pelosquais nossa socie<strong>da</strong>de seguiu nessadireção. Refletir sobre tais aspectos éessencial para questionarmos as escolhasfeitas e compreendermos queé possível trilhar outros caminhos,calcados pela soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de, pelauniversalização <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>,pela valorização do ambiente, e doser humano, como sujeito atuante naconstrução de um mundo melhor.A problemática ambiental é extremamentecomplexa, envolve emsua raiz questões de caráter social,econômico, político e cultural, edeve ser encara<strong>da</strong> de forma ampla,conjugando esforços nas mais diferentesfrentes de atuação, para queas transformações almeja<strong>da</strong>s tornem-sereali<strong>da</strong>de.Nesta jorna<strong>da</strong> é importanteutilizarmos de forma intencional econsciente os espaços e estruturasexistentes em nossa socie<strong>da</strong>de compotencial para a formação de educadorase educadores ambientaiscapazes de irradiar pró ativi<strong>da</strong>de ecomprometimento, e com isso, contagiarca<strong>da</strong> vez mais pessoas dispostasa contribuir.Espaços e estruturas educadorassão aquelas que demonstram,ou podem demonstrar, alternativasviáveis para a sustentabili<strong>da</strong>defrente ao modelo hegemônico dedesenvolvimento, possibilitando oaprendizado vivenciado, dialógico equestionador acerca <strong>da</strong>s temáticasnelas abor<strong>da</strong><strong>da</strong>s.<strong>Viveiros</strong> florestais, ciclovias, hortasorgânicas, faixas de pedestre,jardins de ervas medicinais, salas verdes,museus, centros de educaçãoambiental entre outras, são exem-


Apresentaçãoplos de estruturas e espaços quepodem assumir esse papel.O processo de aprendizagemdesencadeado pela utilização intencionaldestas estruturas buscaproporcionar a reflexão crítica sobreos diferentes aspectos que a cercam,estimulando as pessoas a realizaremações em prol do bem estar coletivo,assim como, a rever valores, métodose objetivos.O que transforma uma estruturasimples, utiliza<strong>da</strong> cotidianamente deforma desapercebi<strong>da</strong>, em uma estruturacheia de significados e aprendizados,é a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s relações quese mantém com ela e dentro dela.Nesse sentido, um bom exemplo deestrutura que poderia ter apenas umcaráter produtivo, ou mesmo comercial,mas apresenta um enorme potencialeducador, é o viveiro florestal.O projeto “VIVEIROSEDUCADORES” busca estimular,orientar e apoiar a implementaçãode viveiros florestais como espaço deaprendizagem, estimulando os viveirosjá existentes a perceberem, valorizareme a incorporarem a dimensãoeducadora em suas ativi<strong>da</strong>des.Destina-se a educadoras e educadoresambientais, viveiros florestaisem ativi<strong>da</strong>de, grupos e instituiçõesorganizados que possam deflagrar esseprocesso em suas comuni<strong>da</strong>des, e ain<strong>da</strong>,a todos que tenham interesse emse aprofun<strong>da</strong>r na temática e contribuirpara a transformação de sua reali<strong>da</strong>de.Pretende-se assim <strong>da</strong>r mais umpasso para efetivar o alcance <strong>da</strong><strong>Educação</strong> Ambiental crítica e emancipatória,atendendo a crescente deman<strong>da</strong>por subsídios que orientem,técnica e pe<strong>da</strong>gogicamente a produçãode mu<strong>da</strong>s e o plantio de árvorescomo um processo continuado deaprendizagem, extrapolando a perspectivapontual que tem caracterizadohistoricamente essa ativi<strong>da</strong>de.Reflorestar as áreas nativas degra<strong>da</strong><strong>da</strong>se requalificar os espaçosurbanos é um desafio enorme enecessário, que deve ser abraçadopor todos. Trata-se de uma deman<strong>da</strong>prioritária em todo o planeta, sejapela importante função que a vegetaçãoexerce na manutenção dosrecursos hídricos e regulação do ciclohidrológico, pela proteção e fertilizaçãodos solos, pela perpetuação<strong>da</strong> fauna silvestre, ou ain<strong>da</strong>, por estimulara reflexão sobre que medi<strong>da</strong>spodemos tomar frente ao eminenteavanço do aquecimento global.Nosso desejo é que os <strong>Viveiros</strong><strong>Educadores</strong> sejam mais do que umapolítica pública, indo além, comoinstrumentos populares de transformação,enraizados em to<strong>da</strong> a socie<strong>da</strong>debrasileira, contribuindo para oresgate e a construção <strong>da</strong> “culturado plantar”, presentes tanto nascomuni<strong>da</strong>des rurais, quanto no meiourbano, em suas instituições, escolas,bairros e lares, fortalecendo asrelações pessoais, os laços afetivos, ecativando ca<strong>da</strong> vez mais pessoas dispostasa refletir e agir na direção deum mundo mais justo e equilibradopara todos.


10<strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>O que são viveiros <strong>Educadores</strong>?<strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> são espaçosde produção de mu<strong>da</strong>s de espéciesvegetais onde, além de produzi-las,desenvolve-se de forma Intencional,processos que buscam ampliar aspossibili<strong>da</strong>des de construção de conhecimento,exercitando em seusprocedimentos e práticas, reflexõesque tragam em seu bojo, o olharcrítico sobre questões relevantespara a <strong>Educação</strong> Ambiental como:ética, soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de, responsabili<strong>da</strong>desocioambiental, segurança alimentar,inclusão social, recuperaçãode áreas degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s entre outraspossibili<strong>da</strong>des.São espaços onde a produção demu<strong>da</strong>s é trata<strong>da</strong> como porta de entra<strong>da</strong>para reflexões mais profun<strong>da</strong>ssobre as causas e possibili<strong>da</strong>des deenfrentamento para a problemáticasocioambiental.Um viveiro florestal pode ser umasimples fábrica de mu<strong>da</strong>s, conduzidometodicamente, sem estabelecernenhum tipo de reflexão acerca <strong>da</strong>complexi<strong>da</strong>de envolvi<strong>da</strong>.No entanto, ao refletir-se intencionalmentesobre a forma comoo ser humano tem se relacionadocom o ambiente, as causas e efeitosdos problemas socioambientaisvividos, assim como, as diferentespossibili<strong>da</strong>des de atuação, o processode produção de mu<strong>da</strong>s passa ater outro significado, mais amplo eprofundo.A produção de mu<strong>da</strong>s e o plantiode árvores são temas geradoresbastante eficientes. Por meio deles épossível estimular o alcance <strong>da</strong> compreensãosistêmica que a questãoambiental exige.Desde que conduzido de formape<strong>da</strong>gógica e questionadora, o viveiropode estimular o surgimento denovas iniciativas que complementeme fortaleçam a atuação de grupos einstituições que desenvolvem processosde <strong>Educação</strong> Ambiental em todoo país.O que diferencia o viveiroflorestal convencional deum viveiro educador é a intençãode utilizá-lo comoespaço de aprendizagem,orientado por elementose procedimentos pe<strong>da</strong>gógicosdestinados a formação<strong>da</strong>s pessoas que com eleinteragem.


12<strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>Para tanto, é necessário estruturar-se,e caminhar na direção <strong>da</strong>construção de um projeto políticope<strong>da</strong>gógico que oriente a conduçãode todo o processo.É nesse movimento de construçãocoletiva, em que as diversas possibili<strong>da</strong>desde abor<strong>da</strong>gem e aprendizagemsão explora<strong>da</strong>s e organiza<strong>da</strong>scom o intuito de despertar o espíritocrítico, que o viveiro passa a ter suadimensão educadora exercita<strong>da</strong>.Há no território brasileiro umagrande diversi<strong>da</strong>de de tipos de viveirosdestinados à produção de mu<strong>da</strong>sde inúmeras espécies vegetais. Elespodem ter caráter e destinação variável,apresentando diferentes modosde produção e objetivos.Existem viveiros destinados àprodução comercial, para o autoconsumo,com finali<strong>da</strong>de de inclusãosocial, com caráter técnico-científico,além <strong>da</strong> finali<strong>da</strong>de educativa, sejaem uma perspectiva de formação deeducadores ambientais ou mesmoprofissionalizante.Alguns são altamente tecnificadose automatizados, enquantooutros são simples, com baixo investimentoem capital, e totalmenteoperacionalizados manualmente. Noentanto, todos os tipos de viveirossão capazes de assumir um carátereducador, desde que adequa<strong>da</strong>menteconduzidos.As ações propostas pelos gruposenvolvidos com o viveiro devem desencadearo surgimento de projetosque tenham poder de influência etransformação <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de emque está inserido, exercitando a posturaativa e ci<strong>da</strong>dã dos envolvidos.Nesse sentido, o viveiro educadorpode desempenhar um importantepapel em processos de educaçãoambiental, tendo como objetivocontribuir para a viabilização <strong>da</strong>stransformações socioambientais necessáriasao resgate <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de devi<strong>da</strong> e do bem estar humano.Nesta publicação pretende-seapresentar alguns elementos necessáriospara a utilização de viveirosflorestais como espaços educadores,abor<strong>da</strong>r ain<strong>da</strong>, de forma clara eabrangente, os aspectos relacionadosa sua função produtiva.“Podemos caracterizar umviveiro florestal como umespaço estruturado, comcaracterísticas próprias,destinado à produção, proteçãoe manejo de mu<strong>da</strong>s atéque tenham i<strong>da</strong>de e tamanhosuficientes para resistiremàs condições adversas domeio e terem um crescimentosatisfatório quando planta<strong>da</strong>sem definitivo“(PAIVA, 2000).


14<strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>


15Os viveiros e sua contextualizaçãona reali<strong>da</strong>de brasileiraO Brasil é conhecido mundialmentepor sua rica diversi<strong>da</strong>de deecossistemas e biomas naturais: conseqüênciade sua grande diversi<strong>da</strong>declimática e geofísica. Nessa heterogenei<strong>da</strong>deambiental e também cultural,a complexi<strong>da</strong>de e diversi<strong>da</strong>desão bastante amplia<strong>da</strong>s, exigindopara uma adequa<strong>da</strong> contextualizaçãodos viveiros educadores em todoo território, a construção de umaproposta aberta e flexível, a<strong>da</strong>ptávela to<strong>da</strong> essa diversi<strong>da</strong>de de cenários ede contextos locais.Existem hoje no país inúmerosviveiros conduzidos por órgãosgovernamentais como SecretariasEstaduais ou Municipais de MeioAmbiente, órgãos ligados aouso e gestão <strong>da</strong> água, além deUniversi<strong>da</strong>des e Institutos dePesquisa e Ensino. Outros são conduzidospor empresas priva<strong>da</strong>s quedesejam assumir sua responsabili<strong>da</strong>desocioambiental, ou ain<strong>da</strong>, empresasque possuem algum passivoambiental e desejam associar a suaimagem os aspectos positivos que aativi<strong>da</strong>de traz.Diversos assentamentos ruraisprovenientes do processo desencadeadopela Reforma agrária apresentamviveiros florestais, seja pelanecessi<strong>da</strong>de de recuperação de suasáreas degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s, para a produçãode madeira, frutos e outros bens deconsumo florestais, ou ain<strong>da</strong>, para acomercialização de mu<strong>da</strong>s.A socie<strong>da</strong>de civil organiza<strong>da</strong>também atua no enfrentamentodos problemas socioambientais quecontribuem para a per<strong>da</strong> <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>dede vi<strong>da</strong>, sendo uma <strong>da</strong>s grandesincentivadoras <strong>da</strong> implementação deviveiros.A produção de mu<strong>da</strong>s nativas,frutíferas e ornamentais é uma rentávelativi<strong>da</strong>de empresarial. Ca<strong>da</strong>vez mais surgem viveiros com perfilcomercial buscando conquistar essesmercados.É crescente o número de médiose grandes produtores rurais que, emvirtude <strong>da</strong> excessiva e irresponsávelmaximização <strong>da</strong> produção, ou mesmopelo desconhecimento de suas<strong>da</strong>nosas conseqüências, degra<strong>da</strong>ramas áreas de preservação permanente ereserva legal de suas proprie<strong>da</strong>des. Ehoje, para conseguir licenças ambientaisjunto aos órgãos competentes,são obrigados a adequar suas proprie<strong>da</strong>desà legislação vigente e executar arecomposição <strong>da</strong>s áreas degra<strong>da</strong>s.Outra categoria de consumidoresde mu<strong>da</strong>s nativas que tem ca<strong>da</strong> vez


16<strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>mais absorvido parte <strong>da</strong> produçãocomercial, é a <strong>da</strong>s grandes empresasdo setor primário, como as siderúrgicas.Estas esmpresas causam grandeimpacto e degra<strong>da</strong>ção, e para obtero licenciamento dos órgãos competentes,necessitam realizar a chama<strong>da</strong>“compensação ambiental”.To<strong>da</strong>via, apesar de to<strong>da</strong> essa diversi<strong>da</strong>dede viveiros existentes, emgeral, não há uma conectivi<strong>da</strong>de entreeles, uma ação coordena<strong>da</strong> queos una e potencialize a ação de ca<strong>da</strong>um. Informações como o número deviveiros existentes, o tipo de mu<strong>da</strong>sque produzem, a capaci<strong>da</strong>de instala<strong>da</strong>de produção e quais já atuam emuma perspectiva educadora são difíceisde ser obti<strong>da</strong>s, o que representaum grande desafio na conduçãodesse processo de forma articula<strong>da</strong>.No entanto, todos esses viveirostêm um enorme potencial para tornarem-seeducadores, desde que sereestruturem com o intuito de incorporara dimensão pe<strong>da</strong>gógica aoprocesso, despertando nos gruposenvolvidos o olhar crítico, o aprendizadodialógico e o espírito coletivodiante <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de socioambiental.Nesse sentido, é imprescindíveldesenvolver políticas públicas queincorporem a dimensão educadora àprodução de mu<strong>da</strong>s, potencializandoos processos de restauração <strong>da</strong> vegetaçãonativa, de requalificação doambiente urbano e melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>dede vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> população.


18<strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>A estruturaorganizacional eoperacional de umviveiro educadorNa estruturação, implementação e organização deviveiros educadores, alguns aspectos são essenciaispara assegurar o alcance dos objetivos esperados.Nessa perspectiva, podemos destacar três pilaresbásicos:1. Equipe pe<strong>da</strong>gógica;2. Projeto PolíticoPe<strong>da</strong>gógico;3. Procedimentostécnicos;Estes componentes, uma vez definidos e dimensionados,serão fun<strong>da</strong>mentais para elaboração, implementaçãoe avaliação <strong>da</strong>s ações desenvolvi<strong>da</strong>s peloviveiro.


20 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>Equipe pe<strong>da</strong>gógicaO tamanho e a composição <strong>da</strong>equipe necessária para gerir umviveiro educador variam de acordocom sua dimensão, objetivos e ocontexto em que está inserido. Nãoexiste uma regra única ou arranjoideal para a composição de umaequipe, que contemple to<strong>da</strong> a diversi<strong>da</strong>dede possibili<strong>da</strong>des e situações.O importante é que a equipe tenhacaráter diverso, que valorize asparcerias em um sistema de gestãointegra<strong>da</strong> e complementar, em quefunções, competências e responsabili<strong>da</strong>dessejam partilha<strong>da</strong>s, paraque todos tenham clareza de suaatuação.O processo de formação <strong>da</strong> equipedeve estar previsto e especificadono projeto político-pe<strong>da</strong>gógico doviveiro, que por sua vez, deve serelaborado de forma participativa,com a colaboração de todos os envolvidose interessados.Ao longo do processo, é desejávelque as pessoas envolvi<strong>da</strong>s como viveiro se apropriem dos conhecimentose habili<strong>da</strong>des necessáriosà execução de outras funções,além <strong>da</strong>s que já desenvolvem, oque proporciona o aprendizado e aqualificação nas diferentes áreas deatuação.Buscando tornar o ambientedo viveiro harmônico e produtivo,e estreitar e fortalecer as relaçõespessoais, devem ser previamenteacor<strong>da</strong>dos os princípios e as normasde convivência do grupo, além dedefinir instâncias colegia<strong>da</strong>s comoespaços qualificados para a soluçãode conflitos e toma<strong>da</strong>s de decisão.Na gestão de todo o processo,será muito importante a prática <strong>da</strong>ética, <strong>da</strong> soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de, e a aberturapara o diálogo. A coerência entre osprincípios e os valores difundidos eos realmente praticados, interna eexternamente, é essencial para queo viveiro educador contribua paramu<strong>da</strong>nças efetivas, <strong>da</strong>ndo sentido epara sua existência.A seguir, apresentam-se algumasfunções importantes no processo degestão de um viveiro. Cabe destacarque este é apenas um dos possíveisarranjos, que pode, de acordo comca<strong>da</strong> contexto, ser revisto e a<strong>da</strong>ptadoa reali<strong>da</strong>de local.


Equipe Pe<strong>da</strong>gógica21Coordenador do viveiroÉ responsável por orientar o planejamento,conectando o processo de produção de mu<strong>da</strong>s ea ação pe<strong>da</strong>gógica às inúmeras outras ativi<strong>da</strong>dese processos deman<strong>da</strong>dos. O coordenador deveain<strong>da</strong> ser uma referência nas relações interpessoais<strong>da</strong> equipe.Técnico viveiristaÉ o responsável por gerir e acompanhar de pertoo processo de produção <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>s, coordenandoas ativi<strong>da</strong>des diárias envolvi<strong>da</strong>s, como: preparaçãodo substrato, irrigação, o manejo <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>se o tratamento <strong>da</strong>s plantas doentes, considerandosempre a proposta pe<strong>da</strong>gógica do viveiro.Educador ambientalÉ o responsável por coordenar, junto aos envolvidos,a elaboração, implementação e avaliaçãodo Projeto Político-Pe<strong>da</strong>gógico, buscando atenderas deman<strong>da</strong>s e especifici<strong>da</strong>des <strong>da</strong> região em queo viveiro está inserido. Outra responsabili<strong>da</strong>de doeducador ambiental é mobilizar e articular a comuni<strong>da</strong>delocal, para assumir o protagonismo emtodo o processo.VoluntáriosSão responsáveis por <strong>da</strong>r o apoio necessário àsativi<strong>da</strong>des desenvolvi<strong>da</strong>s pelas diferentes frentesde atuação do viveiro, sendo este um estágio inicialde envolvimento, no qual espera-se cativar ointeresse dos voluntários em aprofun<strong>da</strong>r-se ca<strong>da</strong>vez mais nas ativi<strong>da</strong>des, assim como, estimular oseu círculo de convivência a participar do processo.


22 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>Projeto Político-Pe<strong>da</strong>gógicoO conceito de projeto políticope<strong>da</strong>gógico há tempos é associado edebatido em processos de educaçãoformal. To<strong>da</strong>via, o seu significadoain<strong>da</strong> é desconhecido ou muito poucoutilizado por grande parte <strong>da</strong>spessoas e dos grupos que atuam nocampo “não formal” <strong>da</strong> educação.Um Projeto Político-Pe<strong>da</strong>gógico(PPP) consiste na elaboração de umaproposta educacional para determinadoespaço, grupo ou processo,apresentando desde seus referenciaisconceituais, filosóficos e políticos atéa forma como será operacionalizado.Deve ser aqui entendido nãosomente como um documento quereúne os elementos relativos aoprocesso educacional deflagrado emum viveiro, mas também como umprocesso de gestão contínua e democrática,que deve envolver todosos indivíduos, grupos e instituiçõescom os quais o viveiro dialoga e serelaciona.“É portanto um documentoidentitário, no qual os sujeitosse vêem e atuam sobreas suas deman<strong>da</strong>s e planos,que serão periodicamenterevistos e sistematicamentere-construídos”(BRASIL, 2005).


Projeto Político Pe<strong>da</strong>gógico23Na construção do PPP direcionado ao ViveiroEducador, alguns questionamentos devem ser feitoscom o intuito de estimular e orientar o planejamento<strong>da</strong> proposta pe<strong>da</strong>gógica. Entre eles destacam-se:Onde se pretende chegar com a implantação doViveiro Educador no contexto em que está inserido?Quais são os objetivos a serem atingidos?Quais são os princípios e diretrizes que irão guiara condução do viveiro?A quem se destina este viveiro?Quais são os referenciais teóricos e práticos queorientam este processo?Quais outros temas devem ser abor<strong>da</strong>dos nasreflexões do grupo?Como estabelecer as conexões necessárias entreos temas?Existem experiências exitosas?Quais são os recursos financeiros e materiais disponíveispara a execução <strong>da</strong> proposta?Com quais pessoas pretende-se conduzir as ativi<strong>da</strong>desdeman<strong>da</strong><strong>da</strong>s?Quais são as estratégias para monitorar e avaliar oprocesso?Que indicadores podem ser utilizados?As respostas a estas questões devem fornecer ossubsídios necessários para que o grupo avalie a pertinência<strong>da</strong> proposta, e reflita sobre as razões pelas quaisse envolveram no processo, assim como, se esta é a viamais eficaz para atingirem os objetivos almejados.


24 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>O plantio de árvores é apenas uma <strong>da</strong>smuitas frentes de atuação para o processode enfrentamento <strong>da</strong> ampla e sistêmica problemáticasocioambiental, não sendo, por sisó, suficiente para reverter o atual quadro dedegra<strong>da</strong>ção em que vivemos.As reflexões e ações desencadea<strong>da</strong>s apartir <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des desenvolvi<strong>da</strong>s no viveirodevem buscar estabelecer as conexões necessáriasà compreensão <strong>da</strong> radicali<strong>da</strong>de e complexi<strong>da</strong>deenvolvi<strong>da</strong> nesse processo.Uma abor<strong>da</strong>gem parcial e reducionistapode desencadear o efeito contrário ao esperadoe proporcionar uma educação ambientalsuperficial, sem o espírito crítico etransformador.Implantar viveiros educadores sem realizaruma análise conjuntural e política, assimcomo, um diagnóstico prévio, feito de formaparticipativa junto à comuni<strong>da</strong>de envolvi<strong>da</strong>,pode ocasionar a criação de estruturas subutiliza<strong>da</strong>s,e, numa perspectiva mais ampla,transformar o viveiro em um “mito” de estruturanão funcional.É imprescindível que a pertinência do viveirono contexto local seja uma deman<strong>da</strong>legitima<strong>da</strong> pela comuni<strong>da</strong>de, uma propostaembasa<strong>da</strong> nas deman<strong>da</strong>s locais, e não, umaação isola<strong>da</strong> e impositiva.Cabe destacar que o Projeto PolíticoPe<strong>da</strong>gógico deve ser aberto e flexível parapermitir que as experiências vivencia<strong>da</strong>s sejamobjeto de reflexão e sejam incorpora<strong>da</strong>s, deforma dialógica, à proposta em construção.Nesse sentido, o monitoramento e a avaliação<strong>da</strong>s ações desenvolvi<strong>da</strong>s devem ser realizadosde forma regular, para que o processoseja aprimorado permanentemente.


Projeto Político Pe<strong>da</strong>gógico25Buscando orientar a construção do PPP e facilitar a suacompreensão, é importante organizá-lo em três marcosestruturantes:O Marco ConceitualNele devem estar expressos os princípios, os valores, a ética, o sonhode futuro e a concepção de socie<strong>da</strong>de partilhados pelo grupo. É importanteenunciar os referenciais teóricos e conceituais que irão orientar as ações doviveiro, a compreensão de educação ambiental do grupo, as bases metodológicasque serão desenvolvi<strong>da</strong>s, assim como, os objetivos, papéis e missão doviveiro educador.O Marco SituacionalRefere-se ao conhecimento e sistematização <strong>da</strong>s informações sobre a reali<strong>da</strong>deem que o viveiro está inserido. Nesse sentido, observa-se a necessi<strong>da</strong>de<strong>da</strong> realização de um diagnóstico amplo, atento aos aspectos ambientais, sociais,econômicos, políticos e culturais relacionados ao território de abrangênciae sua população.Informações como o histórico de ocupação, aspectos físicos <strong>da</strong> região e ascaracterísticas <strong>da</strong> população devem estar expressos, destacando seus anseios,deman<strong>da</strong>s e priori<strong>da</strong>des e desvelando os conflitos, contradições e entraves aoprocesso. É necessário ain<strong>da</strong>, mapear as ações de educação ambiental desenvolvi<strong>da</strong>s,assim como, os potenciais parceiros, grupos e instituições que atuamna região. É com base nessas informações que as ações serão planeja<strong>da</strong>s.O Marco OperacionalÉ onde apresenta-se o planejamento <strong>da</strong>s estratégias e ações que serãodesenvolvi<strong>da</strong>s no âmbito do viveiro, enunciando de forma clara e objetiva asmetas propostas e as metodologias que serão utiliza<strong>da</strong>s para o seu alcance. Énecessário definir um cronograma de ativi<strong>da</strong>des alinhado com as metas defini<strong>da</strong>s,destacando a composição e as funções <strong>da</strong>s equipes envolvi<strong>da</strong>s, assimcomo, as bases e normas de organização e funcionamento do viveiro.É essencial explicitar as estratégias de monitoramento e avaliação que serãoutiliza<strong>da</strong>s, e ain<strong>da</strong>, definir o planejamento orçamentário, identificando osrecursos deman<strong>da</strong>dos e os disponíveis, assim como, meios para captar o quefor necessário inicialmente e um planejamento estratégico que promova a sustentabili<strong>da</strong>dedo viveiro.


26 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>Possibili<strong>da</strong>des de abor<strong>da</strong>gem e atuação naimplementação de viveiros educadoresA complexi<strong>da</strong>de e o caráter sistêmico <strong>da</strong>s questões envolvi<strong>da</strong>scom o viveiro torna essencial o uso de abor<strong>da</strong>gensinter e transdisciplinares no processo pe<strong>da</strong>gógico desenvolvido.Desse modo, recomen<strong>da</strong>-se a adoção de linhasde atuação mais diversas quanto for possível, abor<strong>da</strong>ndoquestões sociais, ambientais, econômicas, políticas, culturaise humanas. Nesse sentido, apresentamos a seguir algumaspossibili<strong>da</strong>des.O viveiro e a escolaA escola é certamente a principalestrutura educadora construí<strong>da</strong> nanossa socie<strong>da</strong>de. Porém, segundoMatarezi (2005), em muitos casos,as escolas constituem espaços padronizados,cujas formas e estruturasforam pensa<strong>da</strong>s para atenderdetermina<strong>da</strong>s funções e objetivospe<strong>da</strong>gógicos que levam a reclusão,controle e vigilância, ou seja, de regulaçãoe não necessariamente deemancipação.Buscando trazer um caráteremancipatório para o ambiente escolar,podemos utilizar como espaçoeducacional não somente a sala deaula, mas também outras estruturascomo um viveiro, uma horta,um jardim de ervas medicinais, umMaiores informações sobre como elaborar um PPP podem ser obti<strong>da</strong>s na publicação“Projeto político pe<strong>da</strong>gógico aplicado a centros de educação ambiental e a salasverdes”, disponível no portal eletrônico do <strong>Ministério</strong> do Meio Ambiente, cujoacesso pode ser feito pelo endereço: www.mma.gov.br


Projeto Político Pe<strong>da</strong>gógico27bosque de espécies nativas ou umabiblioteca, onde os alunos possamrefletir sobre novas possibili<strong>da</strong>desde atuação coletiva, bem como, emformas positivas de expressar suaspotenciali<strong>da</strong>des individuais.A presença de viveiros e hortasem espaços escolares não é nenhumanovi<strong>da</strong>de, existem inúmerosviveiros escolares no país. No entantoa abor<strong>da</strong>gem utiliza<strong>da</strong> tem,em geral, se demonstrado pontual,caracteriza<strong>da</strong> pela superficiali<strong>da</strong>de,insuficientes para atingir as transformaçõesespera<strong>da</strong>s.A utilização do viveiro como espaçode aprendizagem deve proporcionara convivência em um ambientefértil para o desenvolvimento deativi<strong>da</strong>des que trabalhem de formaampla e transversal aspectos sociais,ambientais, culturais e políticos.Esse processo deve ser continuado,e desencadear na comuni<strong>da</strong>deestu<strong>da</strong>ntil, uma relação de identi<strong>da</strong>decom o espaço com o qualconvive, interage e aprende cotidianamente,estimulando em suas ativi<strong>da</strong>deso respeito e o cui<strong>da</strong>do com oambiente e as pessoas que a cercam.Nesse sentido, o viveiro educadordeve possibilitar o desenvolvimentode ativi<strong>da</strong>des relaciona<strong>da</strong>s a to<strong>da</strong>sas disciplinas ofereci<strong>da</strong>s no currículoescolar, de forma que as questõessocioambientais sejam trabalha<strong>da</strong>stransversalmente.Ao trabalhar a educação ambientalcom crianças, adolescentese adultos nos espaços escolares, osconhecimentos ali gerados precisamser internalizados no diálogo e interaçãoentre a escola, a família e acomuni<strong>da</strong>de.O corpo docente <strong>da</strong>s escolastem, de um modo geral, uma formaçãofragmenta<strong>da</strong>, limita<strong>da</strong> por disciplinasespecíficas, que utilizam comobase o conhecimento acadêmico,restrito na maioria dos casos, aocampo teórico e cartesiano, o quedificulta a compreensão sistêmicaque a questão ambiental necessita,limitando conseqüentemente suaatuação.Estimular e instrumentalizar osprofessores para utilizar o viveirocomo espaço educador integrado aoProjeto Político Pe<strong>da</strong>gógico escolaré um dos grandes desafios desseprocesso.


28 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>É primordial, ain<strong>da</strong>, assumir osconhecimentos, conexões e princípios<strong>da</strong> transdisciplinari<strong>da</strong>de, inerentesàs questões socioambientaisenvolvi<strong>da</strong>s na sua condução.Cabe destacar, que os viveiroseducadores inseridos na escola devemoportunizar intencionalmentea realização de ativi<strong>da</strong>des em prolde uma educação ambiental crítica,transformadora e emancipatória,abor<strong>da</strong>ndo a temática socioambientalcomo estímulo a reflexões maisprofun<strong>da</strong>s.Esse processo deve proporcionaraos alunos a possibili<strong>da</strong>de de construircoletivamente a sua concepçãode desenvolvimento, pauta<strong>da</strong> na necessi<strong>da</strong>dede valorizar ca<strong>da</strong> vez maisas vertentes ambiental, social e humanana busca por uma socie<strong>da</strong>de,mais justa e sustentável.A abor<strong>da</strong>gem e vivência dequestões ambientais nas ativi<strong>da</strong>desescolares por meio de espaços e estruturaseducadoras é fun<strong>da</strong>mentalpara uma leitura mais adequa<strong>da</strong><strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, e conseqüentemente,para a transformação de atitudesnegativas, em ações mais humanas,quer repercutam positivamente nãosó na escola, mas em todos os aspectos<strong>da</strong> vi<strong>da</strong>.Segurança AlimentarA Lei Nº 11.346, de 15 de setembrode 2006, que cria o SistemaNacional de Segurança Alimentar eNutricional – SISAN, em seu art. 2ºdiz que: “A alimentação adequa<strong>da</strong> édireito fun<strong>da</strong>mental do ser humano,inerente à digni<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s pessoase indispensável à realização dos direitosconsagrados na ConstituiçãoFederal”.A quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> populaçãoestá diretamente relaciona<strong>da</strong>com a quali<strong>da</strong>de de sua alimentação,uma vez que grande parte<strong>da</strong>s doenças <strong>da</strong> nossa civilizaçãoestá relaciona<strong>da</strong> à forma como nosalimentamos.Pensar sobre segurança alimentaré refletir sobre a quali<strong>da</strong>de doprocesso de produção de alimentos,do campo à mesa. Isto pressupõe aadoção de sistemas produtivos ambientalmenteadequados, socialmentejustos, que valorizem o trabalho<strong>da</strong>s pessoas envolvi<strong>da</strong>s em to<strong>da</strong>s


Projeto Político Pe<strong>da</strong>gógico29tem como objetivos assegurar oacesso à alimentação saudável, aexpansão <strong>da</strong> produção de alimentos,a geração e distribuição de ren<strong>da</strong>, eo estímulo a iniciativas que promovamo fortalecimento <strong>da</strong> produçãolocal de alimentos e a constituiçãode rede solidárias de comercialização,pauta<strong>da</strong>s na ótica do acesso àci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia.Considerando a perspectivaemancipatória que o enfrentamentoa esta questão exige, um viveiroeducador pode tornar-se um eficienteinstrumento de ação coletiva nabusca pelo acesso a uma alimentaçãosaudável para a totali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>população brasileira, objetivo maiorde programas que atuam nessadireção.No Brasil, a produção de frutasé concentra<strong>da</strong> em grandes pólos eregiões, havendo a necessi<strong>da</strong>de degrandes deslocamentos para a suadistribuição e comercialização, o querepresenta custos extras e, em muitoscasos, o comprometimento <strong>da</strong>quali<strong>da</strong>de do alimento.Uma forma de enfrentar essaproblemática, é estimular e fortalecera produção local de alimentos,valorizando as espécies nativas e acultura alimentar de ca<strong>da</strong> região, e acomercialização local e solidária doque for produzido.Uma alternativa viável nesse sentido,é a formação de pomares dequali<strong>da</strong>de, com uma grande diversi<strong>da</strong>dede espécies, capazes de forneasetapas <strong>da</strong> produção do alimentoe sejam economicamente viáveis,proporcionando uma distribuiçãoequânime e saudável para to<strong>da</strong> apopulação.O contexto econômico internacionalglobaliza a pobreza e concentrao poder, ampliando as dispari<strong>da</strong>desentre os países desenvolvidos eem desenvolvimento, assim como,dentro deles, entre suas cama<strong>da</strong>smais ricas e carentes.As políticas públicas que promovema segurança alimentar enutricional <strong>da</strong> população brasileiradevem questionar os modelos deprodução de alimento impostos aopaís. São pacotes tecnológicos quegeram pobreza, concentram riqueza,diminuem a biodiversi<strong>da</strong>de e degra<strong>da</strong>mo ambiente, buscando transformá-losem sistemas sustentáveis deprodução.O desenvolvimento <strong>da</strong> agriculturafamiliar de base agroecológica, avalorização <strong>da</strong> flora nativa, o incentivoao agroextrativismo, o estímuloa formação de pomares domésticos,assim como, a produção de alimentospor meio de sistemas livres deorganismos geneticamente modificados,é vital para assegurar a soberaniae a segurança alimentar <strong>da</strong>spopulações do campo e <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de.Um dos grandes desafios dos<strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> é a articulaçãocom outros programas do GovernoFederal que tenham sinergia com aproposta como o Fome Zero, que


30 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>cer frutas durante to<strong>da</strong>s as estaçõesdo ano, e garantir a autonomia alimentar<strong>da</strong>s famílias.A grande maioria <strong>da</strong>s moradiasbrasileiras não dispõe de pomarem seu quintal. Por isso, as pessoasacabam comprando alimentos industrializados,de baixa quali<strong>da</strong>de ealto custo.<strong>Viveiros</strong> públicos, comerciais,comunitários ou mesmo privadospodem, em uma perspectiva educadora,contribuir para a constituiçãode pomares comunitários ou mesmoindividuais, estimulando a produçãode mu<strong>da</strong>s frutíferas, e o seu posteriorplantio.Esse processo, fortalecido pela dimensãope<strong>da</strong>gógica, poderá desencadeardiversas reflexões e abor<strong>da</strong>rem suas ativi<strong>da</strong>des questões como oresgate e a aproximação do ato deplantar, a responsabili<strong>da</strong>de socioambiental,a postura crítica e atuantediante <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de apresenta<strong>da</strong>,entre outros.Os viveiros e a comuni<strong>da</strong>de envolvi<strong>da</strong>podem se organizar, realizarfeiras e gincanas, trocar sementese mu<strong>da</strong>s, e aproximar-se uns aosoutros. Nesse processo, com o passardo tempo, todos terão acesso auma grande diversi<strong>da</strong>de de espéciesfrutíferas.Esses frutos, oferta extra de alimentos,podem representar umagrande fonte de ren<strong>da</strong>, desde que,adequa<strong>da</strong>mente processados emgeléias, sorvetes, doces, compotasentre outras possibili<strong>da</strong>des e, emsegui<strong>da</strong>, comercializados de formasolidária.Nesse processo ganha-se naquali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> alimentação, na diminuiçãodos gastos com produtosindustrializados e principalmente napromoção de saúde.A iniciativa dos viveiros educadoresnão pretende superar a questão<strong>da</strong> segurança alimentar, que envolveuma complexa problemática, masser uma ação intencional que contribuacomplementarmente para aconquista <strong>da</strong> emancipação alimentarno país.


Projeto Político Pe<strong>da</strong>gógico31Inclusão SocialO problema <strong>da</strong> exclusão socialé geralmente encarado de modoparcial, privilegiando ações assistencialistas,focando exclusivamente ageração de ren<strong>da</strong> e o emprego pormeio <strong>da</strong> profissionalização e frentesde trabalho.Tais ações, apesar de bastantepositivas, sozinhas não atingem seuobjetivo no sentido mais profundo,pois omitem a dimensão central dofenômeno, a per<strong>da</strong> <strong>da</strong> auto-estimae do sentimento de pertencimento aum grupo social organizado.A inclusão torna-se de fato eficazquando, através <strong>da</strong> participação emações coletivas, busca-se recuperara digni<strong>da</strong>de e consegue-se, alémde emprego e ren<strong>da</strong>, acesso a serviçossociais básicos de educação,saúde e moradia, tendo a oportuni<strong>da</strong>dede se expressar e interagirculturalmente.Esta difícil tarefa exige o engajamentocontínuo do governo pormeio de políticas públicas continua<strong>da</strong>se de caráter emancipatório,sobretudo na área social, permeandoas esferas federais, estaduais emunicipais.Diante <strong>da</strong> complexi<strong>da</strong>de do desafio<strong>da</strong> transformação social e amultiplici<strong>da</strong>de dos fatores envolvidos,não existe uma solução única emilagrosa para a questão.A construção de uma socie<strong>da</strong>dedemocrática e sustentável, apesardos avanços já alcançados, é um


32 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>processo lento, que requer mu<strong>da</strong>nçasestruturantes.Como enfrentar as questões adversase unilaterais <strong>da</strong> economia quelevam à exclusão social e ve<strong>da</strong>m àpopulação menos favoreci<strong>da</strong> o acessoao mercado de trabalho, à moradia,aos serviços coletivos de saúde,educação, lazer e a um ambienteequilibrado?Interagir na construção do conhecimentopara utilizá-lo de formaa transformar a reali<strong>da</strong>de, constitueseem um desafio prioritário.Buscar conhecimentos e práticasconstrutivas, calca<strong>da</strong>s na compaixão,na ética, no compromisso com obem-estar coletivo e na justiça social,é a chave para a superação dos fatoresque acarretam a exclusão social.A participação em ações desenvolvi<strong>da</strong>sno viveiro educador podemoportunizar a profissionalização, ageração de ren<strong>da</strong> e o acesso a empregose postos de trabalho, masdeve, acima de tudo, enfrentar adimensão central <strong>da</strong> exclusão social,a per<strong>da</strong> <strong>da</strong> auto-estima.A oportuni<strong>da</strong>de de conviver einteragir em um processo pe<strong>da</strong>gógicode inclusão social, por meio deum viveiro educador, pode estimularos participantes a vivenciarem o protagonismocotidiano em ações quebusquem reverter o atual quadro dedegra<strong>da</strong>ção socioambiental em quevivemos.Ações como a coleta de sementes,a produção de uma mu<strong>da</strong> ou oplantio de uma árvore, estimuladospor processos educadores coletivos eintencionais desenvolvidos no viveiro,podem trazer aos participantes osentimento de pertencimento, repercutindopositivamente na recuperação<strong>da</strong> auto-estima perdi<strong>da</strong>.É vital que as ações desenvolvi<strong>da</strong>stragam em seu bojo a coletivi<strong>da</strong>de eo pensamento sistêmico, orientandoa caminha<strong>da</strong> rumo a construção desocie<strong>da</strong>des sustentáveis, nas quais odireito a ter direitos seja reconhecidoem to<strong>da</strong> sua plenitude.As práticas desenvolvi<strong>da</strong>s noviveiro também devem estimular aatuação do grupo envolvido em conselhos,fóruns, grupos de trabalho,associações, cooperativas, enfim,em to<strong>da</strong>s as formas de organizaçãosocial com potencial de mobilizar emotivar a população a assumir suasresponsabili<strong>da</strong>des.Dessa maneira, as ações e aprendizadosdesencadeados pelo convívioem um viveiro educador podemcontribuir consideravelmente em umprocesso de inclusão social.


Projeto Político Pe<strong>da</strong>gógico33Profissionalização, geraçãode emprego e ren<strong>da</strong>Alinhar a condução <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>desdo viveiro educador às políticaspúblicas de desenvolvimento social,em especial, as de geração de trabalhoe ren<strong>da</strong>, pode proporcionarresultados extremamente positivosnos processos de profissionalizaçãodesencadeados.É um desafio enorme, que dependedo comprometimento emobilização dos diferentes atoresgovernamentais e empresariais envolvidos,e de to<strong>da</strong> a comuni<strong>da</strong>de.Podemos destacar três eixosestratégicos na busca pela profissionalizaçãoe a geração de empregoe ren<strong>da</strong>: a capacitação profissionalpauta<strong>da</strong> em aspectos pe<strong>da</strong>gógicosemancipatórios, o acesso ao créditopopular ou microcrédito e a geraçãode alternativas de mercado.Nesse processo é importanteenvolver parceiros com atuação direciona<strong>da</strong>à profissionalização, comoo Sebrae, o Senac, entre outros,procurando inserir as deman<strong>da</strong>sespecíficas <strong>da</strong>s áreas de atuação doviveiro, entre os cursos e processosde formação desenvolvidos por estasinstituições.Um viveiro conduzido como espaçode convívio solidário e voltadopara a prática de valores humanosdeve proporcionar aos envolvidosa oportuni<strong>da</strong>de de construir suaprofissionalização sobre sua própriabase vocacional de dons e habili<strong>da</strong>desnaturais.


34 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>Deve-se buscar a construção deum perfil profissional caracterizadopela busca por relações econômicase comerciais mais justas.O momento requer um esforçode formação de profissionais comprometidoscom as transformaçõessocioambientais espera<strong>da</strong>s, o queimplica no desenvolvimento e utilizaçãode metodologias e instrumentosadequados, no intercâmbio de experiênciasexitosas e na construçãocompartilha<strong>da</strong> de novos referenciais.A profissionalização desperta<strong>da</strong>a partir dos processos de formaçãodesencadeados junto aos viveiroseducadores, deve estimular jovense adultos a identificar na produçãode mu<strong>da</strong>s e suas ativi<strong>da</strong>des complementares,a possibili<strong>da</strong>des de acessoà ren<strong>da</strong>.A produção tem um custo e tambémresulta na geração de uma ren<strong>da</strong>,seja por meio <strong>da</strong> ven<strong>da</strong> <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>sproduzi<strong>da</strong>s, ou pelos inúmerosserviços e benefícios socioambientaisdesencadeados em conseqüência desua existência.Inúmeras técnicas e habili<strong>da</strong>despodem ser desenvolvi<strong>da</strong>s e fortaleci<strong>da</strong>sa partir <strong>da</strong> atuação em um viveiroeducador, desde que conduzi<strong>da</strong>sde forma intencional, com a contribuiçãode parcerias qualifica<strong>da</strong>s, edireciona<strong>da</strong>s à formação profissionale geração de novas alternativas demercado.Coleta de sementes, produção demu<strong>da</strong>s nativas, ornamentais e medicinais,recuperação de áreas degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s,técnicas de enxertia e estaquia,fruticultura, implantação desistemas agroflorestais, arborizaçãourbana, paisagismo, jardinagem, artesanato,entre outras possibili<strong>da</strong>desdevem ser busca<strong>da</strong>s e desenvolvi<strong>da</strong>s.O “ecomercado” é uma frenteain<strong>da</strong> em formação e desenvolvimentona economia atual. Essaperspectiva de relação econômicacresce a ca<strong>da</strong> dia, e diante do aceleradoritmo <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças climáticasglobais, não será mais uma frentemarginal de atuação, e sim, um padrãode comportamento consciente,estimulado e popularizado em todoo mundo.As mu<strong>da</strong>nças exigi<strong>da</strong>s nesseprocesso de conversão econômicasão de caráter estrutural e não selimitam a questões conjunturais,ain<strong>da</strong> que estas possam reorientar oprocesso.


Projeto Político Pe<strong>da</strong>gógico35O trabalho e o emprego no futurocertamente terão outra natureza,bem diferente <strong>da</strong> conheci<strong>da</strong> e pratica<strong>da</strong>atualmente.Tais transformações deman<strong>da</strong>mrecursos humanos com formaçãointegral e sistêmica, capazes de ler einterpretar a reali<strong>da</strong>de de forma crítica,com capaci<strong>da</strong>de de trabalhar emgrupo, partilhar responsabili<strong>da</strong>des einterferir em seu meio de forma responsável,criativa e sustentável.Os indivíduos que aproveitaremas oportuni<strong>da</strong>des de aprendizadoproporciona<strong>da</strong>s no viveiro educadorconstruindo novos conhecimentos,baseados na fusão de elementosacadêmicos e populares, tendem ase sobressair.Uma forma de organização coletivaque pode contribuir em todoesse processo é a constituição decooperativas. Uma cooperativa detrabalho é uma fonte de produção eprestação de serviços, administra<strong>da</strong>e geri<strong>da</strong> unicamente por seus associados,todos com os mesmos direitose obrigações.A característica autônoma, democráticae coletiva <strong>da</strong>s cooperativasfacilita o acesso a créditos, que individualmentenão poderiam ser acessados,bem como, diminui os custosgerados em processos de compra even<strong>da</strong>.Uma cooperativa de viveirospode trazer inúmeros benefícios aoscooperados, desde a diminuição doscustos de produção até a comercializaçãocoletiva do que foi produzido.É ca<strong>da</strong> vez mais necessário noenfrentamento e superação dosaspectos excludentes <strong>da</strong> economia,trabalhar de forma articula<strong>da</strong>, rompercom a lógica de ações fragmenta<strong>da</strong>se setoriza<strong>da</strong>s, que provocama sobreposição de ações similares, econsomem desarticula<strong>da</strong>mente recursose energia para o mesmo fim.O PRONAF - Programa Nacionalde Fortalecimento <strong>da</strong> AgriculturaFamiliar é outra promissora possibili<strong>da</strong>dede acesso a créditos para pequenosprodutores que preten<strong>da</strong>mconduzir viveiros educadores.O programa, que tem diversaslinhas de financiamento, fomentaem sua vertente florestal, o PRONAFFLORESTAL, a produção de mu<strong>da</strong>se o plantio de espécies florestais,apoiando os agricultores familiaresna implementação de projetos dereflorestamento, manejo sustentávelde uso múltiplo, e sistemasagroflorestais.Essa iniciativa pretende preencheruma lacuna que existe na relaçãocom a agricultura familiar, e contemplaruma categoria de produtoresque historicamente estiveram àmargem, ou pouco favorecidos, porfinanciamentos públicos.Como se vê existem inúmeraspossibili<strong>da</strong>des de profissionalizaçãoe geração de emprego e ren<strong>da</strong> associa<strong>da</strong>sao viveiro. Basta despertá-lasno seu vivenciar, refletindo e praticandode forma consciente e solidáriajunto à comuni<strong>da</strong>de na qual estáinserido.


36 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>Arborização UrbanaO elevado crescimento populacionale a falta de planejamentourbano tem proporcionado inúmerosreflexos negativos para a quali<strong>da</strong>dede vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> população que vive nasci<strong>da</strong>des.Desencadear um processo dearborização de centros urbanos é,no atual contexto, uma necessi<strong>da</strong>deambiental, principalmente nas grandesci<strong>da</strong>des, onde há, em geral, umacobertura vegetal insuficiente.Além <strong>da</strong> função paisagística, asárvores planta<strong>da</strong>s amenizam umasérie de fatores negativos presentesno meio urbano.Entre suas principais contribuiçõesdestacam-se:Diminuição <strong>da</strong> poluição sonoraproduzi<strong>da</strong> pelos ruídos no trânsito efluxo de pessoas.Redução dos níveis de poluiçãoatmosférica por meio <strong>da</strong>captura de partículas sóli<strong>da</strong>s e gáscarbônico(Co2) lançado em excessono ambiente urbano.Melhoria do conforto térmicoproporcionado pelo sombreamentoadvindo <strong>da</strong>s árvores.Aumento <strong>da</strong> umi<strong>da</strong>de relativa doar.Ampliação <strong>da</strong> permeabili<strong>da</strong>de dosolo, contribuindo para a diminuição<strong>da</strong> possibili<strong>da</strong>de de enchentes eenxurra<strong>da</strong>s.Abrigo e alimento para a faunaurbana, e animais silvestres emtrânsito.Melhoria no quadro de poluiçãovisual, um dos fatores que promovemo estresse urbano.O processo de requalificação urbanapassa pela arborização de seusespaços de convívio social.


Projeto Político Pe<strong>da</strong>gógico37Esse processo tem um enormepotencial pe<strong>da</strong>gógico e proporcionaàs comuni<strong>da</strong>des envolvi<strong>da</strong>s a oportuni<strong>da</strong>dede rever a forma como suasruas, bairros, praças e lares estãoestruturados.Diversas ativi<strong>da</strong>des educativaspodem ser desencadea<strong>da</strong>s de formaintencional a partir <strong>da</strong> arborizaçãourbana.O simples ato de plantar e cui<strong>da</strong>rdo que foi plantado, desde quedevi<strong>da</strong>mente conduzido, pode despertarsentimentos de soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de,ética, coletivi<strong>da</strong>de e responsabili<strong>da</strong>desocioambiental.Nesse processo, a comuni<strong>da</strong>depode restabelecer laços a muito tempoperdidos nos grandes centros, eaproximar-se <strong>da</strong> cultura do plantar.No entanto, ao desencadearações de educação ambiental associa<strong>da</strong>sà arborização urbana, deve-seatribuir a elas um caráter crítico eemancipatório, gerando reflexõessobre os aspectos políticos, econômicose culturais ligados à questãoambiental.Desse modo, os viveiros educadorespodem ter na arborização urbanauma importante frente de atuação,proporcionando através <strong>da</strong>s práticasgera<strong>da</strong>s, o estímulo para que acomuni<strong>da</strong>de assuma uma posturaconsciente e atuante, na transformaçãodo ambiente em que vive.<strong>Viveiros</strong> conduzidos por associaçõesde moradores, centros de educaçãoambiental, escolas, prefeiturase outras instituições, podem assumirum papel de protagonismo nesseprocesso, adotando uma rua, umbairro, ou mesmo, dependendo desua dimensão, a ci<strong>da</strong>de to<strong>da</strong>.Para isso, é necessário estabelecerparcerias que assegurem elegitimem esse processo, uma vezque o poder público municipal é oresponsável legal pela arborização<strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des.Nesse sentido, deve ser busca<strong>da</strong>a articulação necessária para a anuênciae participação de secretariasmunicipais de meio ambiente, departamentosde parques e jardins, eoutros órgãos envolvidos na concretizaçãodessa iniciativa.


38 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>O viveiro como instrumentode organização socialde Comuni<strong>da</strong>des eAssentamentos RuraisTrabalhar coletivamente em assentamentose comuni<strong>da</strong>des ruraisé um grande desafio. A falta deorganização social, a dificul<strong>da</strong>de ematuar em grupo e as questões degênero que desestimulam e comprometema participação feminina,são os principais entraves para odesenvolvimento de ações coletivasno campo.Um viveiro educador pode serum eficaz instrumento de ação,capaz de promover o avanço <strong>da</strong>capaci<strong>da</strong>de de organização coletivadentro de um assentamento, sejaem pequenos viveiros implantadosindividualmente em ca<strong>da</strong> quintal oupela organização coletiva em tornode um viveiro comunitário.Um grupo pequeno de famíliaspode conduzir e administrar coletivamenteum viveiro, executando to<strong>da</strong>sas tarefas que a ativi<strong>da</strong>de necessita,sem comprometer com isso, a produçãoindividual de ca<strong>da</strong> família.Com sete famílias administrandocoletivamente um viveiro, ca<strong>da</strong> umadelas trabalhará apenas um dia porsemana, deixando os outros seisdias livres para outras ativi<strong>da</strong>desprodutivas. Cabe ressaltar que este éapenas um dos possíveis modelos deadministração de um viveiro em assentamentose comuni<strong>da</strong>des rurais.A reflexão sobre como conduzir asativi<strong>da</strong>des e envolver a comuni<strong>da</strong>deno processo deve levar sempre emconsideração o contexto local e suasespecifici<strong>da</strong>des.No início do processo, é vital criarcoletivamente, regras claras de administraçãoe convivência. Ativi<strong>da</strong>descomo coleta de sementes, produção<strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>s, manutenção do viveiroe comercialização, assim como, adivisão <strong>da</strong>s tarefas e a divisão <strong>da</strong>produção final devem ter regras bemdefini<strong>da</strong>s, de forma que as pessoasse sintam esclareci<strong>da</strong>s e seguras emtrabalhar em grupo.É importante criar e valorizarespaços de reunião que proporcionema todos a oportuni<strong>da</strong>de dese expressarem e contribuirem noprocesso.Mutirões e outras formas decooperação podem surgir a partir<strong>da</strong> aproximação gera<strong>da</strong> pelo hábitode se reunir e discutir coletivamenteestratégias de enfrentamento dosproblemas <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de.O trabalho coletivo no viveiropode gerar um vínculo de responsabili<strong>da</strong>dee confiança entre os envolvidos,de forma que com o tempo,a credibili<strong>da</strong>de esteja presente nasrelações pessoais, e esse comportamentose esten<strong>da</strong> a outros âmbitos<strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de.Um grupo pequeno de pessoasdesenvolvendo uma ativi<strong>da</strong>de desucesso, que traga melhorias para acomuni<strong>da</strong>de, é um grande exemplo,e pode influenciar o surgimento deoutras iniciativas de organização e


Projeto Político Pe<strong>da</strong>gógico39produção coletiva. Começar pequeno,mas de forma coletiva e organiza<strong>da</strong>pode trazer grandes resultadospara todos.A perspectiva educadora surgequando a ação coletiva que desencadeoua produção de mu<strong>da</strong>s éexemplar e o viveiro torna-se umareferência na comuni<strong>da</strong>de.Muitos são os casos de pessoasque além de produzirem suas parcelas, trabalhamfora, vendendo suaforça de trabalho paracomplementar a ren<strong>da</strong> <strong>da</strong>família. Um viveiro de mu<strong>da</strong>s,administrado de forma comunitáriaé uma ativi<strong>da</strong>deque não exige exclusivi<strong>da</strong>de,permitindo que as pessoasenvolvi<strong>da</strong>s possam desenvolveroutras ativi<strong>da</strong>desdurante a semana sem comisso comprometê-las.


40 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>Pesquisa e DesenvolvimentoA cultura predominante emnossa socie<strong>da</strong>de tem por hábito valorizaros saberes científicos e acadêmicos,e reduzir ou mesmo ignorar osaber popular.O conhecimento tradicional,construído nos processos cotidianosde aprendizagem, tem sido historicamente,e de forma equivoca<strong>da</strong>,relegado a um segundo plano.Para o desenvolvimento de pesquisasque tragam contribuiçõesrealmente estruturantes para a construçãode socie<strong>da</strong>des sustentáveisé necessário direcionar as linhas depesquisa para temas que busquematender as deman<strong>da</strong>s prioritárias<strong>da</strong> nossa socie<strong>da</strong>de, privilegiando oatendimento às cama<strong>da</strong>s menos favoreci<strong>da</strong>s<strong>da</strong> população.É essencial romper com a lógicae a dinâmica dos financiamentos depesquisa realizados com recursosprovenientes de grupos e segmentosempresariais que se utilizam docapital para financiar e direcionar aslinhas de estudo desenvolvi<strong>da</strong>s emcentros de pesquisa e universi<strong>da</strong>despúblicas para o interesse próprio,sem reverter para a comuni<strong>da</strong>de osavanços alcançados.Inúmeras pesquisas podem serdesenvolvi<strong>da</strong>s a partir do viveiro,utilizando como objeto de estudo osdiferentes aspectos ligados a produçãode mu<strong>da</strong>s e o plantio de árvores,assim como, acerca <strong>da</strong>s relações inter-pessoaisque são gera<strong>da</strong>s a partirdo convívio no viveiro e na relaçãocom a comuni<strong>da</strong>de na qual ele estáinserido.Procedimentos pe<strong>da</strong>gógicosinovadores, metodologias participativasde diagnóstico, materiaisalternativos para a construção deviveiros, técnicas para a quebra dedormência, germinação, secageme armazenamento de sementes,técnicas inovadoras de enxertia ereprodução vegetativa, estratégiaspara recuperação de áreas degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s,seqüestro de carbono, assimcomo, estratégias e soluções ecologicamentecorretas de convivência,prevenção e combate à formigas epatógenos específicos são apenasalgumas <strong>da</strong>s inúmeras possibili<strong>da</strong>desde pesquisa que podem ser conduzi<strong>da</strong>sutilizando a estrutura do viveiro,a produção de mu<strong>da</strong>s e o plantio deárvores como temas geradores.Cabe a esta linha de ação estabeleceros indicadores e parâmetrostécnicos, produtivos, educativos, ambientais,sociais, econômicos, institucionaise políticos a serem adotadose ou pesquisados.O grande desafio é ser capaz dereligar e integrar, de forma respeitosae complementar, os conhecimentosacadêmicos com o saber empírico,construído ao longo do tempopor diferentes gerações e culturaspara, a partir <strong>da</strong>í, conduzir ensaios,experimentos, pesquisa-ação e outrostantos processos que busquema construção coletiva de conhecimentoa serviço <strong>da</strong> coletivi<strong>da</strong>de.


Projeto Político Pe<strong>da</strong>gógico41Comércio SolidárioO Brasil, como país em processode desenvolvimento, sofre as conseqüênciasnegativas <strong>da</strong> globalizaçãodo capital. Esse fenômeno refletediretamente nos altos índices de desempregoe subemprego do país.Este quadro proporciona umcrescimento econômico de carátercaracterísticasGeração de trabalho eren<strong>da</strong>.Acesso e valorizaçãode mercados locais esolidários.Estabelecimento derelações duradouras ede confiança mútua.Pagamento de preçojusto pela produção.Resgate e valorizaçãodos sistemas de troca.Relações democráticasde trabalho.Valorizaçãodo conhecimentotradicional.Gestão compartilha<strong>da</strong>na busca pelaauto-sustentabili<strong>da</strong>de.Transparência eprestação de contas.Capacitação equalificação <strong>da</strong> equipeenvolvi<strong>da</strong>.Valorização epreservação ambiental.excludente, que provoca a elevaçãodo setor informal <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. Taisefeitos são vivenciados principalmentenas classes menos favoreci<strong>da</strong>s,que não têm acesso a conhecimentosbásicos.Muitas experiências coletivasde trabalho e de produção estãose disseminando em todo o país.São cooperativas de produção, decrédito, de serviços e de consumo,associações de produtores, empresasem regime de autogestão, bancoscomunitários e organizações populares,no campo e na ci<strong>da</strong>de.Essas iniciativas fazem parte deum processo de transformação dosmodelos econômicos atuais, em umaeconomia solidária (Singer, 2002).O comércio solidário procura criarmeios e oportuni<strong>da</strong>des para melhoraras condições de vi<strong>da</strong> e de trabalhodos produtores, especialmenteos pequenos, buscando construiruma relação mais justa entre consumidorese produtores.


42 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>Nesse processo, busca-se ultrapassaras dificul<strong>da</strong>des de comercializaçãodo atual modelo econômico,e garantir aos produtores, o acesso amercados justos, pautados em processossustentáveis.É vital que os caminhos adotadosassegurem a sustentabili<strong>da</strong>de<strong>da</strong> produção, e a transparência nacomposição do preço, que acarreteno pagamento justo pelos produtosou serviços prestados. Aprender aidentificar e dimensionar os custossociais e ambientais <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>desprodutivas se torna ferramenta significativana revisão dos custos de produçãoe, portanto, dos preços finaisno mercado.Nessa perspectiva, devem serconsiderados os valores humanos ea contribuição dos empreendimentosao bem-estar social e ambiental.Tais fatores têm se tornado ca<strong>da</strong> vezmais importantes na escolha de quemercadorias consumir.Empresas, investidores e consumidoressão agentes sociais, cujaresponsabili<strong>da</strong>de vai além <strong>da</strong> geraçãode empregos e impostos, se estendendoà promoção do bem-estare <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de.É vital que os atores sociais envolvidospassem de agentes passivosa ci<strong>da</strong>dãos atuantes e pró-ativos.Nessa perspectiva, é importante queas ativi<strong>da</strong>des desenvolvi<strong>da</strong>s pelo viveiroeducador estimulem a adoçãode práticas comerciais calca<strong>da</strong>s nosprincípios e premissas do comérciosolidário.É desejável que, na medi<strong>da</strong> dopossível, os viveiros educadores procuremse associar a outros viveiroscom o intuito de constituir redes deprodução e comércio solidário demu<strong>da</strong>s, que proporcionem o intercâmbioregional e garantam a perpetuaçãode espécies nativas, queem muitos casos se encontram emvias de extinção.A operacionalização desse processoé um desafio que deman<strong>da</strong>dedicação e comprometimento detodos e, em um primeiro momento,por questões e valores que estãoarraigados no comportamento ocidental,parece pouco provável de serviabilizado.No entanto, estimular as pessoase grupos envolvidos a buscarem aconstrução desse processo é extremamentesaudável, e pode tornar-seuma referência inovadora e positivanas relações entre viveiros.Inúmeros produtos podem sergerados e comercializados a partir<strong>da</strong> produção de um viveiro.O plantio <strong>da</strong>s diferentes mu<strong>da</strong>sproduzi<strong>da</strong>s em um viveiro podegerar, desde que adequa<strong>da</strong>menteextraídos e devi<strong>da</strong>menteprocessados, frutas secas ou innatura, doces, conservas, compotas,óleos, resinas, “garrafa<strong>da</strong>s” e umainfini<strong>da</strong>de de produtos artesanaisdesenvolvidos a partir de espécies <strong>da</strong>flora nativa.Sistemas de troca devem serincentivados, valorizando a culturalocal e a flora <strong>da</strong> região, enfatizan-


Projeto Político Pe<strong>da</strong>gógico43do ain<strong>da</strong>, o valor social agregado àprodução.Estimular e fortalecer ao longodo processo, o valor simbólico e libertário<strong>da</strong> troca, seja em feiras organiza<strong>da</strong>s,ou mesmo diretamentecom outros membros <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de,é extremamente desejável.É importante criar espaços públicose organizados onde o comérciosolidário seja priorizado. Feiras livrese pontos de ven<strong>da</strong> descentralizadossão algumas possibili<strong>da</strong>des decomercialização para os viveirosenvolvidos.Não existe ain<strong>da</strong> uma regulamentaçãoque promova a certificaçãoe o controle de quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>smu<strong>da</strong>s para o mercado interno.Como estratégia de superaçãoa essa questão, as associações ouredes de viveiros que trabalham comprodução de mu<strong>da</strong>s na perspectivado comércio solidário, devem certificaros produtos com sua própriamarca, criando um selo com nomepróprio, como forma de atestara origem dos produtos que sãocomercializados nos pontos deven<strong>da</strong> solidários.Outro aspecto que deve ser enfatizadoquando se fala em comérciosolidário é o sistema de comprascoletivo. Os produtores devem buscarnegociar coletivamente a comprade embalagens, adubos e todomaterial de consumo necessário àprodução de mu<strong>da</strong>s.Em uma perspectiva local tal medi<strong>da</strong>pode reduzir o valor do freteenvolvido no transporte, tanto <strong>da</strong>scompras quanto <strong>da</strong> distribuição <strong>da</strong>produção.Esse procedimento reduz bastanteos custos envolvidos, na medi<strong>da</strong>em que negociar coletivamente movimentavolumes maiores, facilita anegociação e possibilita uma economiaenergética acima de tudo.Como se vê, atuar coletivamentee em uma perspectiva solidária sófortalece as ações desenvolvi<strong>da</strong>spelos viveiros educadores, seja nasvertentes liga<strong>da</strong>s a produção e comercialização,ou ain<strong>da</strong> pelacaracterística humana epe<strong>da</strong>gógica que o processotem.


44 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>A realização de parceriaslocais e a sustentabili<strong>da</strong>dedo Viveiro EducadorA escassez de recursos tantofinanceiros quanto humanos parase enfrentar a problemática socioambientalé um fator que teminterferido significativamente naefetivi<strong>da</strong>de e continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s açõesdeflagra<strong>da</strong>s.A amplitude e complexi<strong>da</strong>deque a questão envolve deman<strong>da</strong>muma eleva<strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de organizaçãoe articulação para o seuenfrentamento.A interação entre o poder público,o setor privado, a socie<strong>da</strong>de civilorganiza<strong>da</strong> e a comuni<strong>da</strong>de é umarranjo promissor como alternativapara convergir esforços. Esta integraçãodeve ser busca<strong>da</strong> permanentemente,e de forma pró-ativa.Não se trata apenas <strong>da</strong> busca porrecursos financeiros, mas também,<strong>da</strong> procura por habili<strong>da</strong>des, conhecimentos,estruturas e outros subsídiosque proporcionem aos indivíduos,grupos e instituições que atuamà frente dos viveiros educadores ascondições necessárias para que eledesempenhe adequa<strong>da</strong>mente o papelque dele se espera.Nessa perspectiva, é fun<strong>da</strong>mentala realização de um mapeamentoatento aos aspectos relacionados àdiversi<strong>da</strong>de socioambiental <strong>da</strong> região,na busca por políticas públicasconvergentes, programas, projetose ações de educação ambiental eman<strong>da</strong>mento, assim como, institui-


Projeto Político Pe<strong>da</strong>gógico45ções, grupos e movimentos que possamproduzir sinergia.Em geral, em municípios muitopequenos as pessoas e instituiçõesque participam dos diferentes forose arenas onde são trata<strong>da</strong>s as questõesambientais são as mesmas. Há anecessi<strong>da</strong>de de multiplicar esforços epotencializar a capaci<strong>da</strong>de instala<strong>da</strong>no local, sob o risco de esvaziar asdiscussões desenvolvi<strong>da</strong>s no âmbitodo viveiro e nos diferentes outrosprocessos relacionados.A parceria com as diversas iniciativasconvergentes como as SalasVerdes, COM VIDAS, Coletivos<strong>Educadores</strong>, Pontos de Cultura,Fórum Lixo e Ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, Comitês deBacia entre outros, devem ser estimula<strong>da</strong>scom o intuito de criar laçosde cooperação mútuos, baseadosem princípios democráticos, e emprol de objetivos comuns.Todo esse processo deve buscarain<strong>da</strong>, a viabilização de uma amplarede de viveiros educadores estrategicamentedistribuídos e estruturadoslocal, regional e nacionalmente.Este é um sonho de futuro, a serconstruído como uma utopia possívelde ser alcança<strong>da</strong>.Diante de tamanho desafio, ficaclaro que a realização de parceriasdeve ser busca<strong>da</strong> cotidianamente,estimulando a realização de encontrospresenciais e à distância, paraintercâmbios, diálogos formaçãotécnica e pe<strong>da</strong>gógica dentre outrosprocessos que promovam o surgimentode sinergias e aprendizados apartir <strong>da</strong>s relações estabeleci<strong>da</strong>s.


46 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>Procedimentos Técnicos


Procedimentos Técnicos47Para adequar e compatibilizar os procedimentostécnicos adotados em um viveiro educador às necessi<strong>da</strong>desdeman<strong>da</strong><strong>da</strong>s na construção de socie<strong>da</strong>des sustentáveis,é importante o estudo, seleção e empregode tecnologias apropria<strong>da</strong>s, que utilizem racionalmenteos recursos naturais e energia disponíveis, causando omínimo impacto ao meio ambiente e gerando ao longodo processo benefícios sociais e ambientais.A ação produtiva não deve visar apenas os aspectosquantitativos ligados à maximização <strong>da</strong> produção edos lucros, pautados exclusivamente pela racionali<strong>da</strong>deeconômica. É necessário buscar o equilíbrio e a harmonizaçãoentre aspectos quantitativos e qualitativos,entre a racionali<strong>da</strong>de econômica e a sustentabili<strong>da</strong>deambiental.As escolhas e decisões devem basear-se em novasformas de produzir, compatibilizando o processo deaprendizado permanente com a produção comprometi<strong>da</strong>com a biodiversi<strong>da</strong>de e a sustentabili<strong>da</strong>de humana.Dentre os componentes técnicos necessáriosa uma adequa<strong>da</strong> instalação e manutençãode um viveiro lembramos comoprioritários os ITENS A SEGUIR:


48 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>Escolha do localQuando pensamos em construirum viveiro, a primeira pergunta asurgir é : Qual o local ideal?No momento <strong>da</strong> escolha, é essencialobservar os inúmeros fatoresque de alguma maneira podeminfluenciar positivamente ou negativamentea condução dos trabalhoscom o viveiro. É muito importantelevar em consideração no momento<strong>da</strong> escolha, fatores como:O lugar definido deveapresentar algumascaracterísticas básicas,com o intuito de tornar otrabalho mais eficiente,e facilitar as açõesconduzi<strong>da</strong>s no dia a dia.Abastecimento de ÁguaO fornecimento de água é essencialpara o desenvolvimento <strong>da</strong>sativi<strong>da</strong>des em um viveiro. É o principalfator a ser observado na escolhado local mais adequado para suaconstrução. A área escolhi<strong>da</strong> deveser próxima a alguma fonte segura,capaz de fornecer água de boa quali<strong>da</strong>de,livre de doenças ou produtosquímicos, e em abundância, duranteo ano todo.O abastecimento de água de umviveiro não pode ser interrompidopor longos períodos, sob o risco detodo o trabalho de produção de mu<strong>da</strong>sser perdido caso isso ocorra.


Procedimentos Técnicos49Rios, córregos, lagos, reservatóriosartificiais, cisternas, poços artesianosou água encana<strong>da</strong> <strong>da</strong> redepública são as fontes mais utiliza<strong>da</strong>s.To<strong>da</strong>via, uma boa estratégia paraquem não dispõe de locais auto-suficientesno fornecimento de água, éconstruir estruturas de captação deágua <strong>da</strong> chuva.Utiliza<strong>da</strong>s milenarmente por inúmerascivilizações, e difundi<strong>da</strong>s comgrande êxito na região do semi-árido,elas apresentam grande vocaçãoe potencial para serem utiliza<strong>da</strong>s emtodo o país.RelevoO terreno escolhido deve ser omais plano possível, facilitando ostrabalhos e a locomoção dentro doviveiro. Porém, é desejável que hajauma leve inclinação, para evitar quea água fique empossa<strong>da</strong>, e atraiaassim, fungos e outros seres quepossam vir a comprometer a saúde<strong>da</strong>s plantas.Os canteiros devem ser sempredispostos de forma perpendicularao sentido <strong>da</strong> inclinação do terreno,com o intuito de conter a veloci<strong>da</strong>de<strong>da</strong> água, e evitar a formação de erosãoentre os canteiros. Caso a áreadisponível apresente uma grandeinclinação, deve-se dividir a área doviveiro em degraus, de forma que oscanteiros fiquem sempre numa superfícieplana.Luminosi<strong>da</strong>deO viveiro tem como característicaprincipal a diminuição <strong>da</strong> intensi<strong>da</strong>dedos raios solares que incidem sobreas mu<strong>da</strong>s. To<strong>da</strong>via, o local ondeserá instalado o viveiro deve receberluz solar e calor durante todo o dia.O sol é vital em todo o processo.Os canteiros devem estar preferencialmentedispostos no sentidonascente – poente, para que as mu<strong>da</strong>sfiquem expostas de forma homogêneaaos raios solares, ao longode todo o dia.


50 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>Proteção contra o ventoNo momento <strong>da</strong> escolha é vitalobservar o comportamento dos ventospredominantes no local. Ventosfortes são capazes de derrubar oumesmo quebrar as mu<strong>da</strong>s, alémde ressecar o ambiente, tornandonecessário uma irrigação mais constante,e aumentando com isso oconsumo de água.Caso seja necessário, é interessantea formação de quebra ventosnaturais, utilizando para isso, árvoresrobustas, planta<strong>da</strong>s em duas ou trêsfileiras paralelas em volta do viveiro.É importante destacar que as árvoresutiliza<strong>da</strong>s como quebra ventonão devem sombrear o viveiro, maspermitir a boa circulação de ar. Paraisso, a distância entre as árvores eo viveiro, deve ser maior ou igual aaltura <strong>da</strong>s árvores quando adultas.As espécies escolhi<strong>da</strong>s paraformar a cortina de quebra ventodevem ser a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s as condições<strong>da</strong> região, e apresentar algumas característicascomo: alta flexibili<strong>da</strong>de,folhagem perene, crescimento rápido,copa bem forma<strong>da</strong> e raízes bemprofun<strong>da</strong>s.


Procedimentos Técnicos51Para alcançar melhoresresultados com a proteçãodo vento, alguns cui<strong>da</strong>dosdevem ser observados:A altura <strong>da</strong> proteção contra ovento deve ser dimensiona<strong>da</strong> deacordo com o tamanho do viveiro.Quanto maior for o viveiro, mais altasdevem ser as árvores planta<strong>da</strong>s;A proteção deve ser homogêneaem to<strong>da</strong> a extensão do quebravento;É importante que não haja falhasna barreira forma<strong>da</strong> pelo quebravento, com o intuito de evitar o afunilamento<strong>da</strong> corrente de ar;O quebra vento deve estar posicionadoperpendicularmente à direçãodos ventos predominantes naregião.Acesso ao viveiroO viveiro deve estar em um localde fácil acesso, preferencialmenteconectado a boas estra<strong>da</strong>s, buscandofacilitar a entra<strong>da</strong> e saí<strong>da</strong> de veículos,pessoas e materiais de manutenção,e a retira<strong>da</strong> <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>s parao plantio ou comercialização.


52 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>Estruturas necessárias paraa condução <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>desAlém <strong>da</strong> estrutura do viveiro énecessário construir algumas instalaçõesque <strong>da</strong>rão suporte no processode produção de mu<strong>da</strong>s. Entre elasdestacam-se:GalpãoÉ essencial a construção de umgalpão que dê suporte ao processode produção de mu<strong>da</strong>s. É vital protegeras sementes coleta<strong>da</strong>s <strong>da</strong> açãodo vento, sol e chuva, proporcionandocondições adequa<strong>da</strong>s para o seuarmazenamento.O galpão pode ter ain<strong>da</strong> umcômodo para guar<strong>da</strong>r ferramentase materiais de consumo de formasegura. A estrutura pode ser feita dealvenaria, barro ou mesmo madeira.O importante é ser bem ventilado eseco, evitando a presença de umi<strong>da</strong>dee altas temperaturas em seuinterior.É interessante e desejável, construiruma área coberta, porém aberta,conecta<strong>da</strong> ao galpão, com o intuitode realizar de forma mais confortávele produtiva, as operaçõesde preparo do substrato (mistura deterra, areia e adubo orgânico), bemcomo o enchimento dos recipientes(saquinhos ou tubetes).


Procedimentos Técnicos53SementeiraÉ o local onde é feita a semeadura,um estágio intermediário, anteriorao plantio <strong>da</strong> mu<strong>da</strong> no saquinhoou tubete, sendo bastante indicadopara espécies com baixo índice degerminação.A sementeira é um canteiro querecebe diretamente as sementes,para que elas possam germinar, edepois, quando estiverem com oporte necessário, serem transplanta<strong>da</strong>scom facili<strong>da</strong>de para recipientesindividuais até que sejam leva<strong>da</strong>s emdefinitivo à campo.A terra utiliza<strong>da</strong> na sementeiradeve ser de preferência arenosa,para facilitar a retira<strong>da</strong> <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>sdurante a operação do transplante,também chamado de repicagem.Deve-se ain<strong>da</strong>, evitar a utilização deterras que carreguem sementes antigas,elas são indeseja<strong>da</strong>s nesse processo,uma vez que, a identificação<strong>da</strong>s sementes que foram semea<strong>da</strong>s édificulta<strong>da</strong>, e sua retira<strong>da</strong> deman<strong>da</strong>trabalho extra.É importante que haja uma proteçãolateral para o canteiro, com ointuito de evitar que no processo deirrigação a terra escorra lateralmente,e se perca um grande númerode sementes. Essa proteção podeser feita de tijolos, ripas de madeiraou bambu, bem como, qualqueroutro material que a criativi<strong>da</strong>depossibilitar.


54 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>Assim como no viveiro, é desejávelque a cobertura feita para asementeira bloqueie boa parte dosraios solares que incidem em seuinterior, proporcionando condiçõesmais favoráveis à germinação, semelhantesàs encontra<strong>da</strong>s embaixo <strong>da</strong>sárvores ou no interior <strong>da</strong>s matas.O tamanho <strong>da</strong> sementeira devevariar de acordo com a produção deseja<strong>da</strong>e a disponibili<strong>da</strong>de de espaço.To<strong>da</strong>via, a largura não deve passarde 1 metro, visando facilitar as operaçõesde semeadura e transplante(retira<strong>da</strong> de mu<strong>da</strong>s ).PátioÉ necessário, no momento deplanejamento, destinar boa parte doterreno a ser utilizado para a produçãode mu<strong>da</strong>s, para a formação dopátio.As mu<strong>da</strong>s poderão permanecerno pátio por um longo períodode tempo, até serem leva<strong>da</strong>s parao campo em definitivo. As mu<strong>da</strong>s,principalmente as de espécies nativas,ou de comportamento favorávelà alta luminosi<strong>da</strong>de, devem sertransporta<strong>da</strong>s do viveiro para o pátiomais rapi<strong>da</strong>mente, entre 2 e 4 mesesapós a germinação.


Procedimentos Técnicos55O tempo em que a mu<strong>da</strong> permaneceráno pátio vai depender <strong>da</strong>finali<strong>da</strong>de de sua utilização. Casosejam destina<strong>da</strong>s à arborização urbana,ou recuperação de áreas degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s,é desejável que as mu<strong>da</strong>spermaneçam mais tempo no pátio,para que sejam rustifica<strong>da</strong>s.As mu<strong>da</strong>s devem ficar dispostasem canteiros, como no viveiro, sendotambém necessária a construçãode uma proteção lateral que evite otombamento <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>s. A proteçãopode ser feita com arame, ou outromaterial disponível na região, tendoseapenas a preocupação de atingira metade do tamanho do saquinho.O pátio deve estar a céu aberto,e ser cercado com o intuito de evitara entra<strong>da</strong> de animais, o que podecausar grandes estragos, principalmentese o viveiro estiver situado nomeio rural.O solo do terreno a ser utilizadocomo pátio deve ser o mais porosopossível, e um pequeno desnível édesejável, para evitar o acúmulo deágua entre as mu<strong>da</strong>s, bem como oempoçamento de água <strong>da</strong> chuva ouproveniente <strong>da</strong> irrigação.Uma vez construído oviveiro quais são ospróximos passos parainiciar a produção demu<strong>da</strong>s?


56 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>Como realizar a coleta de sementes?A coleta <strong>da</strong>s sementes é oprimeiro passo no processoprodutivo de um viveiro,e por ser a produção demu<strong>da</strong>s um processo delicadoe que leva tempo, a escolhade sementes de quali<strong>da</strong>deé primordial para terseum resultado finalsatisfatório. Para isso,alguns cui<strong>da</strong>dos devem sertomados:Escolha <strong>da</strong> árvore matrizA escolha correta <strong>da</strong>s árvorespara a coleta de sementes é essencialpara o sucesso do plantio. Asárvores escolhi<strong>da</strong>s devem apresentarporte avantajado, crescimentouniforme, uma boa produção desementes, ser vigorosa e livre dedoenças.Uma boa árvore matriz não émuito jovem nem muito velha. É importanteescolher para ca<strong>da</strong> espéciea ser coleta<strong>da</strong>, o maior número possívelde árvores matriz, com o intuitode aumentar a diversi<strong>da</strong>de genética,e não sobrecarregar nenhuma delas.Estas árvores devem ser marca<strong>da</strong>scom plaquetas, ou mesmo tinturanatural, e deve ser feito um mapacom o posicionamento de ca<strong>da</strong> árvorepara orientar as coletas dos anosseguintes.


Procedimentos Técnicos57Época <strong>da</strong> coletaA época de coleta de sementesvaria de região para e região, etambém para as diferentes espécies.É importante observar o comportamento<strong>da</strong>s espécies no local ondevive, bem como, buscar pesquisas járealiza<strong>da</strong>s sobre o assunto, e obterinformações com pessoas mais experientes,ou que vivam no meio ruralem sua região.Uma vez conheci<strong>da</strong> a época defrutificação, devem ser feitas expediçõesde coleta de 15 em 15 dias,ou em intervalos menores de tempo,procurando observar o estado dematuração <strong>da</strong>s sementes, uma vezque as sementes devem ser coleta<strong>da</strong>ssomente quando estiveremquase maduras, e preferencialmenteno pé.Deve-se evitar coletar sementesverdes, que não estejam totalmentedesenvolvi<strong>da</strong>s. Estas sementesprovavelmente não germinarão,ou terão o seu desenvolvimentocomprometido.Uma forma de saber se a sementejá está no ponto de ser coleta<strong>da</strong>,é observar o momento em que assementes estão começando a cair.Este é um bom indicador de que jáestão prontas para ser coleta<strong>da</strong>s.Outra forma de sabermos se assementes estão “prontas” é observandose elas já atingiram a coloraçãodo fruto quando maduro.Quando puxamos ou tentamoscortar um ramo cheio de sementesem uma árvore, e este, não serompe com facili<strong>da</strong>de, ain<strong>da</strong> muitoligado a ela, é um indicador de queain<strong>da</strong> não é a hora de realizar a coleta,uma vez que aquelas sementesain<strong>da</strong> precisam de um contato maiorcom a árvore, para tornar-se prontaspara germinar.Espécies que gerem sementesmuito pequenas, e que se espalhamao cair, devem ser coleta<strong>da</strong>s preferencialmenteain<strong>da</strong> no pé, para evitarper<strong>da</strong>s através <strong>da</strong> ação do vento.É muito importante não coletarto<strong>da</strong>s as sementes viáveis em umaárvore. Um grande número de animaissilvestres depende <strong>da</strong>quelassementes para sobreviver, portanto,é essencial saber coletá-las, sem comisso, diminuir significativamente aoferta de alimentos para a faunalocal.


58 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>Métodos de ColetaExistem diversos métodos de coleta,desde métodos modernos queutilizam equipamentos sofisticadosde escala<strong>da</strong> para alcançar a copa <strong>da</strong>sárvores, até métodos simples e maisacessíveis à reali<strong>da</strong>de do campo.São nesses métodos que vamos nosconcentrar.Coleta com podõesOs podões são instrumentos encontradosfacilmente em casas deferramentas, e que servem para fazera coleta dos ramos ain<strong>da</strong> no pé,podendo atingir a parte alta <strong>da</strong>s árvoresdependendo do seu tamanho.O podão é um instrumentocortante, que deve ser preso a umcabo, que pode ser um varão demadeira o mais comprido possível.É interessante utilizar madeiras levescomo cabo do podão, para facilitaro seu manuseio e transporte pelamata.Subindo na árvoreSubir nas árvores é uma outraforma muito usa<strong>da</strong> e com bonsresultados para a coleta, porém árvoresmuito altas e de difícil acessopodem dificultar a ativi<strong>da</strong>de. A pessoapode pegar as sementes diretamente,ou chacoalhar os galhos paraas sementes caírem.Para tal prática é necessário utilizarequipamentos de segurança,bem como, colocar uma lona embaixo<strong>da</strong> árvore para evitar per<strong>da</strong>s desementes.Aproveitando as sementescaí<strong>da</strong>sOutra estratégia é coletar sementescaí<strong>da</strong>s no chão, tomando sempreo cui<strong>da</strong>do de não coletar aquelaspre<strong>da</strong><strong>da</strong>s por animais, ou ataca<strong>da</strong>spor doenças, pois estas, podem contaminaras sementes saudáveis.


Procedimentos Técnicos59A escolha <strong>da</strong>s sementesDevem ser armazena<strong>da</strong>s apenasas sementes saudáveis. Devem serevita<strong>da</strong>s as sementes que estiveremataca<strong>da</strong>s por fungos, uma vez queo seu contato com as sementes saudáveispode acabar acarretando emcontaminação.Secagem <strong>da</strong>s sementesAntes do armazenamento, assementes devem passar por umprocesso de secagem, de preferênciaà meia sombra, e em peneirassuspensas, para facilitar a circulação.Outra possibili<strong>da</strong>de é a utilizaçãode lonas estendi<strong>da</strong>s ao chão, tendosempre o cui<strong>da</strong>do de isolar a área <strong>da</strong>entra<strong>da</strong> de animais, ou pessoas desavisa<strong>da</strong>s,que possam comprometero processo.Tal procedimento permite que assementes fiquem armazena<strong>da</strong>s pormais tempo e diminui a ocorrênciade doenças causa<strong>da</strong>s por fungos eoutros agentes patógenos.Deve-se evitar manter as sementesdiretamente expostas ao solintenso por longos períodos, o quepode, uma vez que elas sejam excessivamenteresseca<strong>da</strong>s, influenciarnegativamente o seu potencial degerminação.


60 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>Como armazenar suassementes?As sementes devem ser armazena<strong>da</strong>sem um local livre de umi<strong>da</strong>dee altas temperaturas. O local deveser arejado e as sementes devem sersepara<strong>da</strong>s por espécies, coloca<strong>da</strong>sem recipientes abertos, de formaque permita a circulação do ar. Édesejável colocar uma etiqueta norecipiente utilizado com o nome <strong>da</strong>espécie e a <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> coleta.A Gincana como estratégiade coletaA coleta de sementes é uma ativi<strong>da</strong>devital para o desenvolvimento<strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des do viveiro, que semelas, não tem uma razão de ser.Coletar sementes exige tempo,uma vez que as árvores lançam suassementes em diferentes épocas doano, e as distâncias entre as plantasmatrizes pode ser enorme.Quanto maior for a produção demu<strong>da</strong>s deseja<strong>da</strong>s, maior deverá ser onúmero de sementes a ser coletado,o que torna a tarefa ain<strong>da</strong> mais trabalhosa.Umaforma de dinamizar aativi<strong>da</strong>de de coleta de sementes emviveiros educadores e aumentar bastanteo número de sementes coleta<strong>da</strong>s,é realizar uma gincana de coletade sementes.


Procedimentos Técnicos61A coleta é o primeiro passo a ser<strong>da</strong>do para a produção de mu<strong>da</strong>s. Arealização de uma gincana cooperativa,que conte com a participaçãoefetiva dos grupos envolvidos com oviveiro educador, pode ser um fatoraglutinador para despertar nos participantesum olhar sistêmico sobretodo o processo.Em comuni<strong>da</strong>des rurais oumesmo no meio urbano, uma gincanade coleta de sementes é, semdúvi<strong>da</strong>, uma estratégia que podeapresentar bons resultados. Nesseprocesso, os jovens e crianças sesentem participando ativamente dotrabalho, e com isso, se estimulam aparticipar inclusive nas ativi<strong>da</strong>des demanutenção do viveiro.Deve- se criar regras claras coletivamente,de forma que todosestejam esclarecidos quanto ao regulamento.Os grupos de criançase jovens que coletarem sementesem maior diversi<strong>da</strong>de, maior quanti<strong>da</strong>de,que tenha realizado o maiornúmero de trocas de sementes comoutros grupos, ou ain<strong>da</strong> outras regrasque sejam pactua<strong>da</strong>s, devemreceber ao final do processo, algumincentivo ou prêmio de uso coletivo,que privilegie as necessi<strong>da</strong>des locaise adquirido também coletivamentepela comuni<strong>da</strong>de.É importante que haja um processoqualificado de formação dosparticipantes <strong>da</strong> gincana, de formaque todos se sintam seguros e estimuladosa iniciar a coleta, distribuindoem segui<strong>da</strong> todo o materialnecessário para a ativi<strong>da</strong>de, como:podões , sacos de papel, lonas e oque mais for necessário.A coleta deve ser estimula<strong>da</strong> emduplas ou grupos maiores, o quealém de <strong>da</strong>r bons resultados, é maisseguro e pode ain<strong>da</strong>, estreitar oslaços de amizade entre eles. A participaçãoindividual deve ser evita<strong>da</strong>,uma vez que se algum acidenteocorrer no momento <strong>da</strong> coleta, nãohaverá como prestar socorro ou pediraju<strong>da</strong>.Como as árvores lançam suassementes em diferentes épocas doano, alguém deve ficar responsávelpor centralizar o recebimento <strong>da</strong>ssementes, anotando as espécies equanti<strong>da</strong>des coleta<strong>da</strong>s, armazenando-asde forma correta até a suautilização.É importante durante a premiação,ressaltar a importância dotrabalho coletivo, e como a participaçãode todos foi primordial paraa coleta de sementes, de forma quea competição pelo prêmio fique emsegundo plano, e o espírito cooperativoseja valorizado neste momento.A gincana é uma estratégia paracoletar sementes que gera ótimosresultados, devendo ser realiza<strong>da</strong>sempre que possível.


62 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>Quais são as ativi<strong>da</strong>des envolvi<strong>da</strong>sno dia-a-dia do viveiro?Preparo do substratoO substrato é uma mistura forma<strong>da</strong>por terra, areia e alguma fontede matéria orgânica. A sua funçãoé <strong>da</strong>r sustentação e fornecer os nutrientesnecessários para o desenvolvimento<strong>da</strong> planta. Um substrato dequali<strong>da</strong>de deve ter boa drenagem,apresentar quanti<strong>da</strong>de suficientede matéria orgânica, e livre deagentes patógenos, como fungos enematóides.Para a formação do substrato,utiliza-se normalmente duas partesde terra, uma parte de areia, euma parte de matéria orgânica bemdecomposta. O esterco curtido éusado com bons resultados, e pelaSemeaduraSemeadura é o processo de plantio <strong>da</strong> semente. É quando a semente entraem contato com o solo, ou o substrato utilizado para a germinação.Em geral a semente deve ser enterra<strong>da</strong> a uma profundi<strong>da</strong>de igual aoseu diâmetro, podendo ser um pouco menos em casos de sementes muitograndes.Devemos ter em mente que uma cobertura leve demais pode deixar assementes expostas, diminuindo a quanti<strong>da</strong>de de umi<strong>da</strong>de reti<strong>da</strong>. Por outrolado, uma cobertura muito profun<strong>da</strong> dificulta a germinação e atrasa todo oprocesso.


Procedimentos Técnicos63facili<strong>da</strong>de de ser encontrado em pequenasproprie<strong>da</strong>des rurais, é o maisindicado para pequenos produtorese assentados.É bom lembrar que a terra utiliza<strong>da</strong>é diferente de região para região,sendo assim, é recomen<strong>da</strong>do aoprodutor fazer testes com diferentesquanti<strong>da</strong>des de ca<strong>da</strong> elemento nosubstrato, para definir qual a melhorproporção a ser usa<strong>da</strong> de terra, areiae matéria orgânica.É importante ressaltar que a terrautiliza<strong>da</strong> não deve conter sementesde outras espécies indesejáveispara evitar que estas germinem, ehaja nos recipientes, ou mesmo nassementeiras, uma competição pornutrientes.Métodos de SemeaduraCom o intuito de aproveitar as característicasespecíficas <strong>da</strong>s diferentesespécies vegetais cultiva<strong>da</strong>s em viveiros,algumas técnicas distintas de semeadurasão indica<strong>da</strong>s. Entre elas destacam-se:No local definitivoÉ quando se efetua o plantio diretamenteno campo. Esse tipo de plantioapresenta uma taxa de mortali<strong>da</strong>demaior do que a apresenta<strong>da</strong> nos plantiosfeitos com mu<strong>da</strong>s, pois as sementes entramem contato com as adversi<strong>da</strong>des doambiente muito cedo, enquanto ain<strong>da</strong>são muito frágeis.Este tipo de plantio não é indicadoquando o terreno a ser plantado se apresentamuito degra<strong>da</strong>do, ou a disponibili<strong>da</strong>dede sementes for pequena. É importanteressaltar que a semeadura feita


64 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>no local definitivo deve ser feita noinício <strong>da</strong> tempora<strong>da</strong> de chuva.Em embalagens individuaisÉ um método bastante utilizado,com as sementes sendo semea<strong>da</strong>sem recipientes individuais. Podemser utilizados sacos de polietileno,tubetes de plástico ou outros materiaisalternativos, como: saco deleite, garrafas PET, caixas do tipoTETRA PACK ou outros recipientesque a criativi<strong>da</strong>de e a disponibili<strong>da</strong>depermitirem. Normalmente sãocoloca<strong>da</strong>s duas ou mais sementespor recipiente, para garantir que agerminação ocorra e não se perca asemeadura.Em muitos casos, nenhumasemente germina, inutilizando o recipienteutilizado. Sendo assim, espéciesque apresentem um nível degerminação muito baixo, não devemser utiliza<strong>da</strong>s dessa forma, sendomais indicado para estas, a sementeiracomo forma de semeadura.Caso duas ou mais sementesgerminem em um mesmo recipiente,a menor delas deve ser transferi<strong>da</strong>para outro saquinho.Em sementeirasA sementeira é um canteiro feitocom o intuito de facilitar a germinaçãode sementes. Este método éideal para sementes de espécies queapresentem um baixo índice de germinação,ou então, um nível de germinaçãodesconhecido. Utilizando asementeira evita-se o possível desperdíciode recipientes caso as sementesnão germinem, além de possibilitarao viveirista a oportuni<strong>da</strong>dede fazer uma seleção <strong>da</strong>s melhoresplantas, escolhendo quais delas serãopassa<strong>da</strong>s para o saquinho.


Procedimentos Técnicos65RepicagemAs plantas que foram semea<strong>da</strong>s nasementeiras devem passar pela repicagemantes de serem leva<strong>da</strong>s para orecipiente individual. A repicagem é umprocesso de transição para as plantas queforam semea<strong>da</strong>s na sementeira.É o momento <strong>da</strong> escolha, quando oviveirista avalia as condições <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>spara serem transporta<strong>da</strong>s <strong>da</strong> sementeirapara o recipiente individual em quepermanecerão até o plantio emcampo.É na repicagem onde acontecea maior porcentagem de per<strong>da</strong>. Éuma operação delica<strong>da</strong> que deveser executa<strong>da</strong> com todo cui<strong>da</strong>do.Sendo assim, é muito importanteseguir alguns passos.Época <strong>da</strong> repicagemA época para se efetuara repicagem vai depender<strong>da</strong> espécie <strong>da</strong> planta. Emgeral, as mu<strong>da</strong>s devem serretira<strong>da</strong>s quando atingiremaltura de 3 a 7 cm, apresentando2 a 4 pares defolhas.


66 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>Cui<strong>da</strong>dos na repicagemAntes do transplante, deve-semolhar bem a sementeira para facilitara retira<strong>da</strong> <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>s;As mu<strong>da</strong>s deverão ser retira<strong>da</strong>smanualmente, sendo que a operaçãodeve ser feita delica<strong>da</strong>mente,segurando pelo coleto (região entrea raiz e o caule) para não <strong>da</strong>nificar oseu sistema radicular;Em segui<strong>da</strong> colocá-las em umrecipiente com água assim que sejamextraí<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s sementeiras, paraevitar o seu murchamento;Caso as raízes estejam enovela<strong>da</strong>s(entrelaça<strong>da</strong>s) é recomendável asua po<strong>da</strong>, utilizando para isso umatesoura de po<strong>da</strong> desinfeta<strong>da</strong> comcloro (água sanitária), colocando-asnovamente no recipiente com água;O substrato contido nos recipientesindividuais (sacos plásticos outubetes) que serão utiliza<strong>da</strong>s parao plantio, deverá ser molhado parafacilitar a operação;Na repicagem, é importante abrirum orifício no substrato do recipienteindividual, onde a planta deveráser enterra<strong>da</strong> na mesma altura emque se encontrava na sementeira;Tomar cui<strong>da</strong>do ao acomo<strong>da</strong>r asplantas no recipiente, para não enovelaras raízes;Após acomo<strong>da</strong>r a mu<strong>da</strong> deve-sepuxá-la levemente para cima, de formaa endireitar a raiz principal;Após a repicagem deve-se regaras mu<strong>da</strong>s suavemente e emabundância;É importante priorizar as manhãse os fins de tarde para esta operação,e de preferência realizá-la emdias nublados;No caso de espécies pioneiras(que crescem em pleno sol), entre15 e 30 dias após a repicagem podeser inicia<strong>da</strong> a retira<strong>da</strong> <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>s doabrigo, aumentando gra<strong>da</strong>tivamentea incidência de sol.


Procedimentos Técnicos67Espaço interno e formaçãode canteirosO canteiro é o local dentro doviveiro onde são coloca<strong>da</strong>s as mu<strong>da</strong>sem saquinhos ou tubetes, até queestejam com tamanho suficientepara serem leva<strong>da</strong>s para o pátio.Os canteiros podem ser feitosno chão, ou então suspensos. Nessecaso pode-se utilizar diferentes materiaisdisponíveis na região paraconstruir a banca<strong>da</strong> de sustentação,sendo importante destacar os benefíciosergonômicos em se manusearas mu<strong>da</strong>s na altura <strong>da</strong> cintura. Abanca<strong>da</strong> deve ser vaza<strong>da</strong> apresentandosempre pontos de escoamentopara água.A largura indica<strong>da</strong> para oscanteiros é de 1m, não devendoultrapassar 1,20 m, visando assim,proporcionar um maior confortoao manusear as mu<strong>da</strong>s. O espaçodeixado entre os canteiros para amovimentação <strong>da</strong>s pessoas, tambémchamado de ruas, deve ter pelo menos70cm, largura suficiente para apassagem de um carrinho de mão.Os canteiros devem ter bor<strong>da</strong>sque impeçam o tombamento <strong>da</strong>smu<strong>da</strong>s, podendo ser construí<strong>da</strong>scom arame, ripas de madeira oubambu, que devem ter aproxima<strong>da</strong>mente10 cm de altura.A distribuição dos canteiros dentrodo viveiro depende do seu caráter.Um viveiro que visa primordialmentea produção de mu<strong>da</strong>s paraa comercialização deve primar peloaproveitamento do espaço interno,ocupando com as mu<strong>da</strong>s o máximode área disponível.


68 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>Nesse caso, a melhor estratégiaé dispor os canteiros em linha, apresentandocanteiros de 1,20m e ruasde 0,70m entre os canteiros. Os canteirosdevem estar dispostos preferencialmentede forma perpendicularà declivi<strong>da</strong>de do terreno, com o intuitode impedir que entre as ruas seiniciem processos erosivos e futurostombamentos de mu<strong>da</strong>s.Um viveiro com caráter educador,que tenha como objetivo maior,funcionar como um instrumento pe<strong>da</strong>gógicoem ativi<strong>da</strong>des de educaçãoambiental, deve ser construído deforma que o espaço interno disponívelpara a circulação <strong>da</strong>s pessoasseja privilegiado, mesmo que paraisso, o numero total de mu<strong>da</strong>s produzi<strong>da</strong>sno viveiro seja reduzidoconsideravelmente.É importante que as pessoas possamcircular entre os canteiros comconforto e segurança. Essa medi<strong>da</strong>,que não deve ser trata<strong>da</strong> como umdetalhe, facilita e qualifica as ativi<strong>da</strong>deseducativas realiza<strong>da</strong>s no viveiro,e deve fazer parte do planejamentode todos os viveiros que tenham oobjetivo de ser um espaço educador.


Procedimentos Técnicos69Capina ManualA capina é uma ativi<strong>da</strong>de muitoimportante dentro <strong>da</strong> manutençãodo viveiro, pois como os recipientesutilizados para a produção de mu<strong>da</strong>s,e também as sementeiras, têmum tamanho limitado, o surgimentode outras plantas causa uma competiçãopelos nutrientes disponíveis.É importante monitorar as mu<strong>da</strong>sfreqüentemente, fazendo aretira<strong>da</strong> dessas plantas de formamanual e cui<strong>da</strong>dosa, tão logo sejamidentifica<strong>da</strong>s, para evitar queo desenvolvimento <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>s sejacomprometido.Isolamento de plantasdoentesUma <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des de manutençãodiária do viveiro é a observação<strong>da</strong> existência de mu<strong>da</strong>s doentes noscanteiros. Caso haja a presença demu<strong>da</strong>s ataca<strong>da</strong>s por fungos ou outrasdoenças, elas devem ser isola<strong>da</strong>sdo restante, e coloca<strong>da</strong>s em quarentena,para se evitar que outrasmu<strong>da</strong>s sejam infecta<strong>da</strong>s.Até que se identifique qual a doença,e a melhor maneira de tratá-la,deve-se manter as mu<strong>da</strong>s isola<strong>da</strong>s,para não comprometer a produçãodo viveiro.Prevenção e combate à açãode formigasA presença de grandes populaçõesde formigas é, em primeirolugar, um indicador de desequilíbrioecológico na região, e representaum sério problema no meio rural eáreas periurbanas, tanto para quemtrabalha com viveiros, quanto naprodução de alimentos.A solução definitiva no combateas formigas ain<strong>da</strong> não foi encontra<strong>da</strong>.A sabedoria tem sido conviver<strong>da</strong> forma mais harmônica possívelcom sua presença. No caso dos viveiros,a melhor saí<strong>da</strong> é a prevenção,evitando construí-los em lugaresonde haja grande concentração deformigueiros.Caso ocorra o ataque direto deformigas, a melhor estratégia é umaação integra<strong>da</strong>, com a utilização dediferentes métodos de combate aomesmo tempo.A construção de canteiros elevados,com barreiras físicas no ro<strong>da</strong>pé<strong>da</strong>s banca<strong>da</strong>s, com o intuito deimpedir a subi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s formigas atéas mu<strong>da</strong>s é uma boa estratégia. Éinteressante ain<strong>da</strong>, passar graxa nabarreira física coloca<strong>da</strong> no ro<strong>da</strong>pé,tal medi<strong>da</strong> inibe a passagem <strong>da</strong>sformigas.Paralelamente à construção doscanteiros elevados, é recomendávelo plantio de gergelim em volta do viveiro,ele inibe a ação <strong>da</strong>s formigas.


70 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>Manejo dos saquinhosAs mu<strong>da</strong>s devem ser aloja<strong>da</strong>s noscanteiros separa<strong>da</strong>s por espécies ei<strong>da</strong>de. É interessante identificá-lascom placas, indicando o nome usadona região e a <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> semeadura.As mu<strong>da</strong>s jovens devem ficar soba parte coberta do viveiro apenasenquanto não suportam a incidênciadireta dos raios solares.O sol é essencial para o desenvolvimento<strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>s, sendo desejáveltransportá-las para o pátio por voltade 2 a 5 meses.As espécies chama<strong>da</strong>s pioneiras(que tem crescimento inicial acelerado,e na natureza tem a função deproporcionar sombra para que outrasespécies possam se desenvolver)devem ser retira<strong>da</strong>s <strong>da</strong> parte cobertado viveiro mais cedo, com cerca de2 meses.Para o transporte <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>s noviveiro é indicado a utilização docarrinho de mão, o que dinamizabastante as ativi<strong>da</strong>des. Atenção ecui<strong>da</strong>do são essenciais em to<strong>da</strong>s asoperações de manuseio <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>spara evitar que <strong>da</strong>nos sejam causadosàs plantas.Mu<strong>da</strong>s pequenas devem sermanusea<strong>da</strong>s com todo cui<strong>da</strong>do, procurandosegurá-las pelo saquinho enão pela planta. Mu<strong>da</strong>s que estejammais cresci<strong>da</strong>s podem ser manusea<strong>da</strong>s,segurando-as pelo coleto (abase <strong>da</strong> planta).


Procedimentos Técnicos71IrrigaçãoÉ difícil avaliar em números exatos,a quanti<strong>da</strong>de de água que asmu<strong>da</strong>s devem receber, pois isto dependede vários fatores: porosi<strong>da</strong>dedo substrato, espécie <strong>da</strong> planta, i<strong>da</strong>de<strong>da</strong> mu<strong>da</strong>, temperatura, época doano, hora do dia, umi<strong>da</strong>de relativa,clima <strong>da</strong> região etc.A água infiltra no solo lentamente,o que significa que irrigaçõesmuito leves estarão umedecendoapenas a parte superior do saquinho,com isso, as raízes ficarãosedentas, e conseqüentemente, aplanta seca. É importante que osubstrato contido no recipiente sejamolhado uniformemente sendonecessário molhar os solos arenososcom mais freqüência.O excesso de rega pode ser ain<strong>da</strong>mais prejudicial do que a deficiênciahídrica, pois além de dificultar a circulaçãode ar, provoca a lixiviação denutrientes, favorece o surgimentosde doenças e inibe o desenvolvimento<strong>da</strong>s raízes.É recomendável irrigar as mu<strong>da</strong>sduas vezes ao dia, uma de manhãcedo e outra no fim <strong>da</strong> tarde. Otempo de irrigação vai variar, dependendodo sistema adotado. Arega deve ser feita suavemente, edistribuí<strong>da</strong> de forma homogênea,evitando esguichos fortes, ou jatosde água concentrados, que podemcausar a retira<strong>da</strong> de terra dos saquinhos,bem como a exposição docoleto (transição entre a parte aéreae terrestre <strong>da</strong> planta), o que aumentaa ocorrência de ataque de fungose outros seres que enfraquecem aplanta.Podem ser utilizados diferentesmodelos de irrigação, desde umsistema automatizado, que utilizeuma bomba de sucção hidráulica,tubos de PVC e aspersores suspensos,até um regador manual, achadofacilmente em lojas de produtosagropecuários a um preço acessível,ou mesmo uma mangueira comum,desde que em sua extremi<strong>da</strong>de sejacolocado um a<strong>da</strong>ptador tipo “chuveirinho”para que a água seja distribuí<strong>da</strong>uniformemente.É importante ressaltar que a águautiliza<strong>da</strong> para a irrigação deve estarlivre de focos de doença, agrotóxicos,ou outros elementos químicosque venham comprometer a saúde<strong>da</strong>s plantas.


72 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>RustificaçãoAntes do plantio definitivo, asmu<strong>da</strong>s devem passar pela rustificação,um processo de a<strong>da</strong>ptação àscondições adversas que as plantasvão encontrar no campo.Trinta dias antes do plantio, asmu<strong>da</strong>s devem ser expostas às condiçõesde campo. A quanti<strong>da</strong>dede água forneci<strong>da</strong> à planta deveser gra<strong>da</strong>tivamente reduzi<strong>da</strong>, e asmu<strong>da</strong>s devem ficar a pleno sol.Entretanto, no dia anterior ao plantio,a mu<strong>da</strong> deve ser bem irriga<strong>da</strong>,para garantir a aglutinação necessáriapara o torrão, evitando queele se desfaça durante o plantio. Éimportante ressaltar que não se deveencharcar o saquinho.Transporte <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>sEm casos em que seja necessárioa utilização de veículos como caminhões,caminhonetes, ou mesmobarcos, para o transporte <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>s,deve-se tomar todo o cui<strong>da</strong>dopossível, procurando diminuir aomáximo o impacto sobre as plantas,sob o risco de comprometer todo otrabalho de produção. Para isso, algunscui<strong>da</strong>dos devem ser tomados.As mu<strong>da</strong>s devem estar bem próximasumas <strong>da</strong>s outras, evitando deixarespaços entre elas, o que poderiacausar algum tombamento.Elas devem estar protegi<strong>da</strong>s dosol, chuva e do vento, que alémde ressecá-las pode quebrar algumgalho.


Procedimentos Técnicos73Caso a distância a ser percorri<strong>da</strong>seja muito grande e o tempo de viagemsuperior a 6 horas, é importantefazer uma para<strong>da</strong> para rearranjo<strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>s. A irrigação deve ser feitade 4 em 4 horas.O veículo deve trafegar em baixaveloci<strong>da</strong>de, evitando realizar manobrasbruscas. O plantio <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>sem campo, é por si só, um processoestressante para as plantas, portanto,evitar qualquer <strong>da</strong>no a elas duranteo transporte, é essencial parao seu sucesso.


74 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>Plantio <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>s em campoO terreno destinado ao plantio<strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>s deve ser devi<strong>da</strong>mentepreparado. Para facilitar a aberturados berços, a área a ser planta<strong>da</strong>deve ser roça<strong>da</strong>. Porém, não é necessárioarar ou gradear a terra, poisalterar a estrutura do solo em volta<strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>s pode ocasionar o aparecimentode erosões.O momento ideal para o plantiodefinitivo <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>s em campo é oinício <strong>da</strong> estação chuvosa, quandohá a disponibili<strong>da</strong>de de água por umlongo período, devendo-se optar pordias nublados e úmidos.Planta<strong>da</strong>s em definitivo, as plantasprecisam de água em abundância,pois ain<strong>da</strong> estão fragiliza<strong>da</strong>s, sea<strong>da</strong>ptando ao novo meio, cheio deadversi<strong>da</strong>des. Sendo assim, deve-seevitar a realização de plantios aofinal <strong>da</strong> estação chuvosa, ou emépocas secas, pois todo o trabalhode produção <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>s pode sercomprometido.Caso ocorra a disponibili<strong>da</strong>de demu<strong>da</strong>s justamente nessa época, eseja inviável irrigá-las em campo, orecomen<strong>da</strong>do é mantê-las em boascondições, sendo rega<strong>da</strong>s e protegi<strong>da</strong>sde animais, até o início <strong>da</strong> próximaestação chuvosa.


Procedimentos Técnicos75


76 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>Qual o tamanho ideal para oberço?Geralmente o local onde as mu<strong>da</strong>ssão planta<strong>da</strong>s em definitivo échamado de cova. Porém, julgamosnão ser esse o termo mais adequadopara o local onde se <strong>da</strong>rá o iníciode uma vi<strong>da</strong>. Nesse sentido propomosa utilização de “berço” comonome mais apropria<strong>da</strong> para o localque receberá as plantas jovens emdefinitivo.O tamanho dos berços, assimcomo quase tudo na natureza, nãopossui um padrão único, pré-determinado.Seu tamanho depende <strong>da</strong>finali<strong>da</strong>de do plantio, <strong>da</strong> espécie aser utiliza<strong>da</strong>, o tamanho <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>, e<strong>da</strong>s características locais.Em geral, o berço tem 60cm dediâmetro e 60 cm de profundi<strong>da</strong>de.Porém quanto maior for o seutamanho, mais facili<strong>da</strong>de as raízesencontrarão ao entrar em contatocom o solo revolvido, proporcionandoassim, um crescimento radicularmais acelerado, e com isso, um bomdesenvolvimento para a planta.Em áreas de encosta muito desnivela<strong>da</strong>s,ou que estejam degra<strong>da</strong><strong>da</strong>se sem cobertura vegetal, um cui<strong>da</strong>doa mais deve ser observado. Deveserevolver o mínimo possível o solo,abrindo berços menores, para alteraro mínimo possível a estrutura do terreno,e com isso, evitar deslizamentosque comprometam o plantio evenham a formar grandes erosões.


Procedimentos Técnicos77Espaçamento entre as mu<strong>da</strong>sO espaçamento entre as mu<strong>da</strong>sdeve possibilitar o bom desenvolvimento<strong>da</strong>s árvores, proporcionandoa penetração de luz em intensi<strong>da</strong>desuficiente e a boa circulação do ar.Esta área pode variar de acordo coma espécie, e com a finali<strong>da</strong>de doplantio.Geralmente, nos plantios emáreas degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s, usa-se um espaçamentomais adensado (2m x 2mou 3m x 3m), que promova o rápidoestabelecimento <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>s.Se o plantio tiver como intuitorecuperar uma área de pastagem,proporcionando alimento e sombrapara o rebanho, é necessário utilizarespaçamentos maiores. To<strong>da</strong>via nãoexiste uma regra única a se seguir,uma receita pré-determina<strong>da</strong>. Oimportante é caso a caso eleger amelhor medi<strong>da</strong> de acordo com o resultadoesperado.CoroamentoÉ a retira<strong>da</strong> <strong>da</strong> vegetação ao redor<strong>da</strong> mu<strong>da</strong>. Esta área é chama<strong>da</strong>de coroa, e tem tamanho variávelem função do desenvolvimento <strong>da</strong>planta.O coroamento tem por finali<strong>da</strong>deeliminar a competição entre as mu<strong>da</strong>splanta<strong>da</strong>s, e a vegetação rasteiraque geralmente se estabelece ao seuredor. Essas plantas tem, em geral,um crescimento rápido, proporcionandoo abafamento indesejável <strong>da</strong>mu<strong>da</strong> e comprometendo assim o seudesenvolvimento.


78 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>AdubaçãoUma boa adubação do “berço” é fun<strong>da</strong>mentalpara o bom desenvolvimento <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>s, principalmentese a área a ser planta<strong>da</strong> estiver degra<strong>da</strong><strong>da</strong>,em solos fracos e lixiviados, apresentandodeficiência mineral e orgânica em sua composição.O objetivo <strong>da</strong> adubação é garantir o fornecimentodos nutrientes necessários para o bom desenvolvimento<strong>da</strong>s plantas e suas raízes.Adubação OrgânicaO uso de matéria orgânica decompostaé essencial para o plantio.O mais indicado para este tipo deadubação é o esterco de gado bemcurtido, misturado com a terra retira<strong>da</strong><strong>da</strong> cama<strong>da</strong> superior do solo, naabertura <strong>da</strong> cova. O esterco além defornecer os nutrientes necessários,promove a aeração do solo, o quefavorece o bom desenvolvimento<strong>da</strong>s raízes.É recomen<strong>da</strong>do de 3 a 8 litros deesterco bem curtido, dependendodo tipo do solo e do tamanho doberço.Pode-se utilizar também juntamentecom o esterco curtido, 100gde adubo mineral a base de fósfororetirado de rocha, que é bastanteeficiente em plantios realizado emáreas altamente degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s.É importante lembrar que outrostipos de matéria orgânica podemser utilizados na adubação, sempreaproveitando os recursos disponíveisno local, desde que, devi<strong>da</strong>mentedecompostas e utilizando a observaçãoe o bom senso para determinara quanti<strong>da</strong>de a ser usa<strong>da</strong>.


Procedimentos Técnicos79CalagemA calagem é o processo no qual adicionasecalcáreo ao solo, com o intuito de tornaro seu PH favorável ao desenvolvimento <strong>da</strong>splantas. Em regiões de solos muito ácidos, acalagem proporciona um melhor crescimentopara as mu<strong>da</strong>s.A maneira correta de se fazer a calagemé primeiramente realizar a análise química dosolo, para só depois, determinar a quanti<strong>da</strong>dede calcáreo a ser utiliza<strong>da</strong>. To<strong>da</strong>via, na impossibili<strong>da</strong>dede se realizar a análise, recomen<strong>da</strong>se,para solos com alta acidez, adicionar 100g de calcário dolomítico ao berço.A calagem deve ser feita preferencialmenteum dia antes, na véspera do plantio <strong>da</strong>smu<strong>da</strong>s, com os berços já abertos, misturandoo calcáreo à terra de forma homogênea.Adubação decoberturaÉ a adubação feitaalgum tempo depois doplantio <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>, e consisteem remover parte do soloem volta <strong>da</strong> planta para introduziro adubo orgânico.É bom lembrar que adubaçõesde cobertura só serãonecessárias se o desenvolvimento<strong>da</strong>s plantas estiveraquém do esperado.


80 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>Cui<strong>da</strong>dos no plantioProceder o plantio no início <strong>da</strong> estaçãochuvosa, preferencialmente em dias nublados,observando sempre a umi<strong>da</strong>de do solo;O torrão deve ser mantido inteiro e agregado.Para isso, deve ser irrigado na véspera do plantiodefinitivo;Colocar dentro do berço a terra retira<strong>da</strong> <strong>da</strong> cama<strong>da</strong>superior solo, mistura<strong>da</strong> ao adubo, e em segui<strong>da</strong>,colocar o torrão, até que o “colo” <strong>da</strong> mu<strong>da</strong> (divisorentre a parte aérea e subterrânea <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>) esteja nomesmo nível do solo;Posicionar o torrão de forma que o caule <strong>da</strong> plantafique ereto;No caso de embalagens plásticas, devemos retirálascompletamente, cortando-a no fundo e na lateral,evitando <strong>da</strong>nificar as raízes que circun<strong>da</strong>m o torrão;Fazer o tutoramento <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>s amarrando-seestacas individuais ao lado <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>s para preveniros <strong>da</strong>nos causados pela ação dos ventos,e assim, manter o caule ereto;Depositar matéria orgânica morta (folhasverdes, capim cortado etc...), aoredor <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>, para evitar a exposiçãodo solo, bem como, manter por maistempo, temperatura e umi<strong>da</strong>de amenasem sua volta;Depois do plantio é essencial regarbem a mu<strong>da</strong>, pois ela está em um ambientenovo, enfrentando to<strong>da</strong>s as dificul<strong>da</strong>despara se estabelecer, e nesse momento,a abundância de água é primordial;As plantas são seres vivos, e como tal,recebem as energias envia<strong>da</strong>s pelas pessoasdurante o plantio, sendo assim, emanar vibraçõespositivas durante a ativi<strong>da</strong>de, podetrazer grandes resultados futuros.


Anexos81ANEXO<strong>Educação</strong> ambiental crítica, transformadora eemancipatória“Apesar de a complexi<strong>da</strong>deambiental envolvermúltiplas dimensões,verifica-se, atualmente,que muitos modos de pensare fazer <strong>Educação</strong> Ambientalenfatizam ou absolutizama dimensão ecológica <strong>da</strong>crise ambiental, como seos problemas ambientaisfossem originadosindependentemente <strong>da</strong>spráticas sociais”(LAYRARGUES, 2006).Para que possamos obter umaeducação ambiental que repercutae transforme a reali<strong>da</strong>de, temosque ampliar nossa visão para alémdo campo ambiental, uma vez que,conforme apresentado por Carvalho(2004), a natureza e os humanos,bem como a socie<strong>da</strong>de e o ambiente,estabelecem uma relação demútua interação e co-pertença, formandoum único mundo.Diante dessa perspectiva, a<strong>Educação</strong> Ambiental Emancipatóriase conjuga a partir de uma matrizque compreende a educação comoelemento de transformação socialinspira<strong>da</strong> no diálogo, no exercício<strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, no fortalecimentodos sujeitos, na criação de espaçoscoletivosde estabelecimento<strong>da</strong>s regras de convívio social, nasuperação <strong>da</strong>s formas de denominaçãocapitalistas,na compreensãodo mundo em suacomplexi<strong>da</strong>dee <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> em sua totali<strong>da</strong>de(LAYRARGUES, 2006).


82 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>A ação emancipatória é o meioreflexivo, crítico e auto-crítico contínuo,pela qual podemos rompercom a barbárie do padrão vigentede socie<strong>da</strong>de e de civilização, em umprocesso que parte do contexto societárioem que nos movimentamos,do “lugar” ocupado pelo sujeito, estabelecendoexperiências formativas,escolares ou não, em que a reflexãoproblematizadora <strong>da</strong> totali<strong>da</strong>de,apoia<strong>da</strong> numa ação consciente epolítica, propicia a construção de suadinâmica. Educar é emancipar a humani<strong>da</strong>de,criar estados de liber<strong>da</strong>dediante <strong>da</strong>s condições que nos colocamosno processo histórico e propiciaralternativas para irmos além detais condições (ADORNO, 2000).No âmbito do que chamamos de<strong>Educação</strong> Ambiental Emancipatória,poderíamos incluir outras denominaçõescomo sinônimo ou concepçõessimilares: <strong>Educação</strong> AmbientalCrítica; <strong>Educação</strong> Ambiental Popular;<strong>Educação</strong> Ambiental Transformadora(LOUREIRO, 2004). Nesse sentido,tomamos essas denominações comosinônimas ao longo dessa cartilha.A concepção de <strong>Educação</strong>Ambiental Crítica destaca (segundoIzabel Cristina de Moura Carvalho-2004) as seguintes funções <strong>da</strong> educaçãoambiental:Promover a compreensão dosproblemas sócio-ambientais em suasmúltiplas dimensões: geográficas,históricas, biológicas, sociais e subjetivas;considerando o ambientecomo o conjunto <strong>da</strong>s inter-relaçõesque se estabelecem entre o mundonatural e o mundo social, mediadopor saberes locais e tradicionais;além dos saberes científicos.Contribuir para a transformaçãodos atuais padrões de uso e distribuiçãodos bens ambientais emdireção a formas mais sustentáveis,justas e solidárias de vi<strong>da</strong> e de relaçãocom a natureza.Formar uma atitude ecológicadota<strong>da</strong> de sensibili<strong>da</strong>de estética,ética e políticas sensíveis a identificaçãodos problemas e conflitos queafetam o ambiente em que vivemos;Implicar os sujeitos <strong>da</strong> educaçãocom a solução ou melhoria destesproblemas e conflitos através deprocessos de ensino-aprendizagem;formais ou não formais que preconizama construção significativade conhecimentos e a formação deuma ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia ambiental;Atuar no cotidiano escolar e nãoescolar, provocando novas questões,situações de aprendizagem e desafiospara a participação na resoluçãode problemas, buscando articularescola com os ambientes locais eregionais onde estão inseri<strong>da</strong>s;Construir processos de aprendizagemsignificativa, conectando aexperiência de vi<strong>da</strong> e os repertóriosjá existentes com questões e experiênciasque possam gerar novosconceitos e significados para quemse abre à aventura de compreendere se deixar surpreender pelo mundoque o cerca;


Anexos83Situar o educador como partedo processo educativo, sobre tudo,um mediador de relações sócioeducativas, coordenador de ações,pesquisas e reflexões escolares e/oucomunitárias, que oportunizemnovos processos de aprendizagenssociais, individuais e institucionais, éparte fun<strong>da</strong>mental de uma educaçãoemancipatória e transformadora.A questão ambiental é complexa,trans e interdisciplinar, posto quena<strong>da</strong> se define em si, mas em relações,em contextos espaço / tempo.As metodologias a serem aplica<strong>da</strong>sem um processo transformador devemser abertas, flexíveis, dialéticas erelativas, integrando teoria e prática,sistematizando e agindo sobre processosconexos e integrados.A existência de diferentes níveisde percepção, de consciência e delógicas exige a pratica dialógica parasuperar essas diferenças e encontrarconsensos, superar conflitos eperceber complementari<strong>da</strong>des quepossibilitam acordos, parcerias econstruções coletivas harmônicas,em beneficio do todo.Nesse contexto, as práticaseducativas devem apontar parapropostas pe<strong>da</strong>gógicas centra<strong>da</strong>sna mu<strong>da</strong>nça de hábitos, atitudes epráticas sociais, desenvolvimento decompetências, capaci<strong>da</strong>de de avaliaçãoe participação dos educandos.Entendemos que falar em <strong>Educação</strong>Ambiental crítica e emancipadora éafirmar a educação como uma pe<strong>da</strong>gogia<strong>da</strong> práxis, do pensar e agir coerentes,do diálogo entre os saberescientíficos e os saberes populares,como elemento de transformaçãosocial, com movimento integradode mu<strong>da</strong>nça de valores, com açãopolítica democrática e reestruturação<strong>da</strong>s relações econômicas, inspira<strong>da</strong>no fortalecimento dos sujeitos, noexercício <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, para a superação<strong>da</strong>s formas de dominação,compreendendo o mundo em suacomplexi<strong>da</strong>de como totali<strong>da</strong>de.Portanto, “a educação ambientalcrítica é uma proposta volta<strong>da</strong> paraum processo educativo desveladore desconstrutor dos paradigmas <strong>da</strong>socie<strong>da</strong>de moderna com suas “armadilhas”e engajado no processode transformações <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>desocioambiental, construtor de novosparadigmas constituídos por umanova socie<strong>da</strong>de ambientalmente sustentável”(GUIMARÃES, 2006).Pesquisa ação participanteEm função dos contornos e <strong>da</strong>scaracterísticas que deve assumir umviveiro educador, a pequisa-açãoparticipanteapresenta-se comoaquela que atende, no seu desenvolvimento,as expectativas de interaçãoentre o viveiro e os grupos deatores sociais envolvidos, uma vezque o planejamento de intervençãode um viveiro educador deve serdefinido pela voz e ação dos sujeitosenvolvidos, pois são eles que conhe-


84 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>cem e vivenciam o cotidiano do localonde residem. Nesse caso, a pesquisanão é concebi<strong>da</strong> restritamentecomo estudos acadêmicos, mascomo prática cotidiana, por meio deestudos, planejamento, intervençõese avaliação, que podem envolver cotidianamenteto<strong>da</strong>s as pessoas.Dessa forma, é importante queum viveiro educador obtenha a responsabili<strong>da</strong>dede promover entreos seus distintos públicos a práticade pesquisar e agir participativamenteem prol do bem comum, <strong>da</strong>melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>, <strong>da</strong>proteção e recuperação do meio ambiente.Para tanto, é importante oenvolvimento dos diversos segmentossociais presentes na região deabrangência do viveiro, envolvendo<strong>da</strong>s instituições proponentes, aosseus trabalhadores, dos visitantes desuas instalações, aos receptores desuas mu<strong>da</strong>s/plantas, dos moradoresdo seu entorno, à população emgeral.A literatura costuma atribuir onascimento <strong>da</strong> pesquisa-ação distribuindoos créditos entre Kurt Lewin,psicólogo, John Dewey, educador,e o antropólogo John Collier, todoscom vi<strong>da</strong> intelectual que se situa naprimeira metade do século passado.Em termos gerais, a característica<strong>da</strong>quilo que concebiam comopesquisa-ação estava vincula<strong>da</strong> aum envolvimento com a reali<strong>da</strong>deconcreta, segui<strong>da</strong> por uma reflexãocrítica e autocrítica e uma avaliaçãodos resultados.A partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 70 novasreflexões surgiram sobre esse conceitoe ocorreu um aprofun<strong>da</strong>mentoepistemológico e metodológicoo que acarretou na definição denovos procedimentos. Esse movimentoredundou no surgimentode uma diversi<strong>da</strong>de dos tipos depesquisa-ação, assim como, foi seentrecruzando com a pesquisa dotipo participante, chegando, hoje,a possibili<strong>da</strong>de de pesquisa do tipoação-participante. Apesar de nãomergulharmos nesse mundo conceitualde forma extensiva, pois não énosso objetivo principal, cabe dizerque as fronteiras que separam essaspossibili<strong>da</strong>des são tênues.De acordo com Thiollent (2000),a pesquisa-ação é um tipo de pesquisasocial com base empírica queé concebi<strong>da</strong> e realiza<strong>da</strong> em estreitarelação com uma ação ou com aresolução de um problema coletivo.Dentro deste contexto, os pesquisadorese os participantes representativos<strong>da</strong> situação ou do problema estãoenvolvidos de modo cooperativoou participativo.Por sua vez, o pesquisador brasileiroDemo (1989) define a pesquisa-açãocomo uma mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>dealternativa de pesquisa qualitativaque exige, e não pode abrir mão,<strong>da</strong> participação. Este mesmo autor,destaca que a pesquisa prática “estáliga<strong>da</strong> à práxis, ou seja, à práticahistórica em termos de usar conhecimentocientífico para fins explícitosde intervenção”.


Anexos85Neste sentido, Haguete (1987)ressalta que em determinados momentos<strong>da</strong> pesquisa, o processoeducativo atinge to<strong>da</strong>s as partes envolvi<strong>da</strong>s,sendo que pesquisadores eparticipantes interagem na dialéticado processo ensino/aprendizagemconstituindo-se uma via de mão duplana busca <strong>da</strong> práxis.Na pesquisa participante a relaçãode participação <strong>da</strong> práticacientífica no trabalho desafia o pesquisadora ver e compreender os sujeitose seus mundos a partir de umtrabalho social e político que, constituindoa razão <strong>da</strong> prática, constituiigualmente a razão <strong>da</strong> pesquisa”(Brandão,1987).Da complexi<strong>da</strong>de de aspectosque envolvem a pesquisa participativa,o envolvimento <strong>da</strong> equipeconstitui-se num dos elementos deseu alicerce. Essa aproximação sedá a partir do momento em quese vislumbra uma convergência deatitudes favoráveis à perseguição deobjetivos comuns (HAGUETE,1987).Nessa caminha<strong>da</strong> o pesquisadorcoloca-se como sujeito, juntamentecom o grupo interessado, e a serviçonão do grupo mas <strong>da</strong> prática política<strong>da</strong>quele grupo (BRANDÃO, 1987).Uma vez apresentado, em termosgerais, os conceitos de pesquisaaçãoe pesquisa participativa ou participante,apresentamos um referencialque trabalha a fusão <strong>da</strong>s duas perspectivas,o que vem a constituir umapesquisa do tipo ação-participativa.Sato (1997) denomina pesquisa-ação-participativao processo depesquisa, no qual os grupos sociais“investigam, conjunta e sistematicamente,um <strong>da</strong>do ou uma situaçãocom o objetivo de resolver um determinadoproblema, ou para a toma<strong>da</strong>de consciência, ou ain<strong>da</strong> paraa produção de conhecimentos, sobum conjunto de ética aceito mutuamente”.Dessa forma, a pesquisa édesenvolvi<strong>da</strong> junto ao grupo de pesquisae, as decisões sobre as açõessão toma<strong>da</strong>s coletivamente. O diálogoentre o pesquisador e o grupo eo trabalho participativo, estabelecemuma relação entre o conhecimentopopular e o científico, uma troca desaberes (Vasconcellos, 1997).Nos quadros <strong>da</strong> <strong>Educação</strong>Ambiental, principalmente no âmbitofederal, alguns programas estãoalicerçados na pesquisa-ação-participativa,em que estudo, coleta eanálise de <strong>da</strong>dos, reflexão, prática deaprendizagem e ensino, tornam-secomponentes fun<strong>da</strong>mentais no processode formulação, implementaçãoe avaliação de políticas públicas.


86 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>Referências BibliográficasADORNO, T.W. <strong>Educação</strong> eemancipação. 2ed. São Paulo,2000. IN LOUREIRO, C.F.B. Trajetóriae fun<strong>da</strong>mentos <strong>da</strong> educaçãoambiental. São Paulo: Cortez, 2004.BRANDÃO, C.R. (ed.). Repensandoa pesquisa participante. 3 ed. SãoPaulo, Brasiliense, 1987.BRASIL. MINISTÉRIO DO MEIOAMBIENTE. Diretoria de <strong>Educação</strong>Ambiental. Projeto PolíticoPe<strong>da</strong>gógico Aplicado a Centrosde <strong>Educação</strong> Ambiental e às SalasVerdes – Manual de Orientação.Fábio Deboni <strong>da</strong> Silva. Brasília, 2005.CARVALHO, I.C.M. <strong>Educação</strong>Ambiental: a formação do sujeitoecológico. São Paulo: Cortez, 2004.256p.DEMO, P. Metodologia científica emciências sociais. São Paulo: Atlas,1989.GUIMARÃES, M. Armadilhaparadigmática na educaçãoambiental. IN: LOUREIRO, C.F.B.;LAYRARGUES, P.P.; CASTRO, R.S.(orgs.). Pensamento complexo,dialética, e educação ambiental. SãoPaulo: Cortez, 2006.HAGUETE, T. M. F. Metodologiaqualitativa na sociologia. 3. ed.Petrópolis: Vozes, 1987.LAYRARGUES, P.P. Muito além <strong>da</strong>natureza: educação ambiental ereprodução social. IN: LOUREIRO,C.F.B.;LAYRARGUES, P.P.; CASTRO, R.S.(orgs.). Pensamento complexo,dialética, e educação ambiental.São Paulo: Cortez, 2006.LOUREIRO, C.F.B. Trajetóriae fun<strong>da</strong>mentos <strong>da</strong> educaçãoambiental. São Paulo: Cortez, 2004.MATAREZI, J. Estruturas e Espaços<strong>Educadores</strong>: Quando espaços eestruturas se tornam educadores.In: FERRARO JÚNIOR, L.A. (Org.).Encontros e Caminhos: Formaçãode educadoras (es) ambientais ecoletivos educadores. <strong>Ministério</strong>do Meio Ambiente, Diretoria de<strong>Educação</strong> Ambiental. Brasília, 2005.PAIVA, H.N.; GOMES, J.M. <strong>Viveiros</strong>Florestais. Viçosa: Universi<strong>da</strong>deFederal de Viçosa, 2000.


Referências Bibliográficas87Sato, M. <strong>Educação</strong> para o ambienteamazônico. São Carlos, SP.: 1997.225 p. Tese de Doutorado emCiência Biológicas/Ecologia/<strong>Educação</strong>Ambiental – UFSCar, 1997.SINGER, P. Introdução à economiasolidária. São Paulo, Fun<strong>da</strong>çãoPerseu Abramo, 2002. 126p.THIOLLENT, M. Metodologia <strong>da</strong>pesquisa-ação. 10. ed. São Paulo:Cortez, 2000.VASCONCELOS, H. S. R. A pesquisaaçãoem projetos de educaçãoambiental. In: PEDRINI, S.G. (Org).<strong>Educação</strong> ambiental: reflexões epráticas contemporâneas. 3. ed.Petrópolis: Vozes, 1997.BIBLIOGRAFIAS RECOMENDADASALTIERI, M. Agroecologia; adinâmica produtiva <strong>da</strong> agriculturasustentável Porto Alegre, UFRGS1998, 110 p.BOFF, Leonardo. Saber Cui<strong>da</strong>r. SãoPaulo: Vozes,1999, 199 p.BROTTO, Fábio Otuzi. Jogoscooperativos. São Paulo:Cooperação. 1999.BUARQUE, S. C. Construindo odesenvolvimento local sustentável:Metodologias de planejamento. Riode Janeiro: Garamond, 2002.CARNEIRO, J.G.A. Produção e controlede quali<strong>da</strong>de de mu<strong>da</strong>s florestais.Curitiba: UFPR/FUPEF, 1995.FERRREIRA, F.A . Patologia Florestal– principais doenças florestais noBrasil. Viçosa: SIF. 1989.FRANÇA, F. S. Problemática deviveiro e produção de mu<strong>da</strong>s.Piracicaba, DS/ESALQ/USP, 1984.66pFREIRE, Paulo. Pe<strong>da</strong>gogia <strong>da</strong>Autonomia: saberes necessários àprática educativa. Rio de Janeiro (RJ):Editora Paz e Terra LTDA, 1996.Fruticultura em áreas urbanas:arborização com plantas frutíferas.Instituto Campineiro de EnsinoAgrícola, 1997.HANZI, Marsha. Permacultura. Osítio abun<strong>da</strong>nte. Co-criando com anatureza. Lauro de Freitas: EdiçõesAlecrim, Gráfica Santa Helena.LORENZI, H. (1992). Árvoresbrasileiras: manual de identificaçãoe cultivo de plantas arbóreas nativasdo Brasil. São Paulo: Plantarum.MANUAL DO TÉCNICO FLORESTAL.Apostila do Colégio Florestal de Irati.Campo largo. INGRA S.A. 4 vol.1986.MORIN, Edgar. Saberes Globaise Saberes Locais – o olharinterdiscplinar. Rio de Janeiro:Garamond, 2000, 75p.NUTTALL, Carolyn. Agrofloresta paracrianças. Uma sala de aula ao arlivre. Lauro de Freitas: Instituto dePermacultura <strong>da</strong> Bahia, 1999.


88 <strong>Viveiros</strong> <strong>Educadores</strong> <strong>Plantando</strong> <strong>Vi<strong>da</strong></strong>PINA-RODRIGUES, F. C. M. (Coord.)Manual de análise de sementesflorestais. Campinas, 1988.PRIMAVESI, A. Manejo ecológico depragas e doenças. Nobel, 1994Produção e Controle de Quali<strong>da</strong>dede Mu<strong>da</strong>s Florestais. Curitiba, UFPR/FUPEF, 1995. 451p.SANTOS, Milton. A urbanizaçãobrasileira. São Paulo: Hucitec. 1994.SATO, Michèle. <strong>Educação</strong> ambientalatravés de meios interativos. In EducadorAmbiental, vol. V, n. 17, 7 - 8,1998.VIVAN, Jorge Luiz Agriculturae Florestas: Princípios deuma Interação Vital-Guaíba:Agropecuária, 1998 - 207 p.Ela está no horizonteMe aproximo dois passos e ela se afasta dois passosCaminho dez passos e o horizonte corre dez passosPor mais que eu caminhe, jamais a alcançareiPara que serve a utopia? Serve para isto, para fazer caminhar(Eduardo Galeano)

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