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ARTIGO ORIGINAL 259Avaliação de Sistema de Leitura Portátil (SLP)para Baixa Visão Desenvolvido no BrasilEvaluation of System Portable Reading (SPR)for Low Vision Developed in BrazilVagner Rogério dos Santos 1 , Eliana Cunha Lima 2 , Adriana Berezovsky 3 , Paulo Schor 4 , Ricardo Uras 5 ,Rubens Belfort Junior 6RESUMOObjetivo: A proposta deste estudo é avaliar a eficácia e eficiência em uma série decasos do protótipo de um equipamento nacional de magnificação para leitura. Métodos:Participaram deste estudo 30 pacientes na faixa etária entre 9 e 80 anos (17 dosexo masculino). Foi desenvolvido um aparelho portátil, patenteado pela UNIFESP(PI#020050145260), com um sistema de captura de imagens acoplado a um monitor de5,6 polegadas proporcionando um aumento de 15 X. Foram analisadas a eficácia daacuidade visual e a eficiência de leitura após a utilização do protótipo proposto. Resultados:Seis pacientes (20%) apresentaram AV 8M, 12 pacientes (40%) apresentaramAV 6M, 7 pacientes (23,3%) apresentaram 5 M, 5 pacientes (16,7%) apresentaram 4M.A média de acuidade visual antes da utilização do SLP medida pela tabela LHNV-1logMAR foi de 5,75M e após a utilização 100% dos pacientes atingiram a eficácia deAV J1.Conclusão: O protótipo do SLP mostrou-se um recurso alternativo no processo deinclusão social das pessoas com baixa visão com diferentes níveis de resíduo visual.Também pode proporcionar incentivo psicológico, permitir conforto, mobilidade e independênciaàqueles que necessitam de uma leitura mais prolongada e maior distânciade trabalho.Descritores: Baixa visão/reabilitação; Desenho de equipamento;biomédica; Leitura; Qualidade de vida; BrasilEngenharia1Tecnólogo em Mecânica de Precisão, Preceptor do Curso de Tecnologia Oftálmica da Universidade Federal de São Paulo –UNIFESP – São Paulo (SP), Brasil.2Ortoptista, Coordenadora do Setor de Reabilitação Visual da Fundação Dorina Nowill para Cegos. São Paulo (SP), Brasil.3Doutora, Professora Adjunto do Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP – São Paulo(SP), Brasil.4Livre-docente, Professor Afiliado e Chefe do Setor de Bioengenharia do Departamento de Oftalmologia da Universidade Federalde São Paulo – UNIFESP – São Paulo (SP), Brasil.5Professor Adjunto do Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP – São Paulo (SP), Brasil.6Livre-docente, Professor Titular do Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP – São Paulo(SP), Brasil.Recebido para publicação em: 11/8/2008 - Aceito para publicação em 8/6/2009Rev Bras Oftalmol. 2009; 68 (5): 259-63
260SantosVR, Lima EC, Berezovsky A, Schor P, Uras R, Belfort Junior RINTRODUÇÃOAOrganização Mundial de Saúde (OMS) estimouem 2002 a existência de 161 milhões dedeficientes visuais na população mundial, dosquais 37 milhões eram cegos e 124 milhões com visãosubnormal.De acordo com a “International statisticalclassification of diseases, injuries and causes of death”,décima revisão (ICD-10), define-se visão subnormalou baixa visão quando a acuidade visual é inferior a 6/18, mas igual ou melhor do que 3/60, ou apresentar umaredução de campo visual, de tal forma que ele se tornemenor do que 20° no melhor olho e com a melhor correçãopossível (1) .Esses indivíduos apresentam dificuldades deleitura e aprendizado, necessitando de adaptaçõesambientais em escolas e bibliotecas e da utilizaçãode recursos ópticos, não ópticos e/ou eletrônicos queproporcionem melhor aproveitamento do seu resíduovisual. Tal necessidade pode caracterizar-se como umproblema de saúde pública, pois, nos países de terceiromundo e em desenvolvimento, a falta de verbaspúblicas é notória, o que inviabiliza a compra de recursosespeciais por escolas e bibliotecas públicas (2) .A inclusão de pessoas com deficiência é de sumaimportância nas sociedades organizadas. Para tal, a disponibilidadede ajudas técnicas que possibilitam mobilidade,independência, acesso à informação e ao estudoé um fator de grande impacto para acelerar a inclusãosocial e cultural das pessoas com deficiência visual.No âmbito das ajudas técnicas, vale ressaltarque, com freqüência, sua utilização pelos estudantesgera problemas de ordem comportamental. Sabe-seque principalmente na adolescência a aceitação dogrupo é fator determinante do comportamento de jovens.Usar um recurso óptico diferente dos óculos comuns,que não apresenta uma estética desejável, oumesmo material escolar diferente dos demais colegas,pode causar problemas de auto-estima. Em algunscasos, alunos preferem não utilizar o auxílio, por referirproblemas de rejeição oriundos de motivos estéticose emoções negativas. (2,3) A dificuldade na leituraimpacta desfavoravelmente na educação, fator primordialpara a inclusão, pois a leitura tem importante papelnas interações sociais e nas atividades produtivas,deixando à margem do sistema produtivo e culturalindivíduos capazes de produzir riquezas e de contribuirpara o desenvolvimento da sociedade impondoum alto impacto ao custo social (4-6) .Figura 1 – Paciente JM (22 anos), AV 4.0M utilizando o SLP.Cálculo dos parâmetros do monitor baseado na equação bxtgα=c.Variáveis: b= eixo perpendicular ao plano do monitor correspondentea distância de leitura de 40 cm; tgα= tangente do ânguloalfa de visão, α= ângulo de visão de 10°, c= raio do campo visual(CV). Obtém-se: 40xtgα 10º = c ↔ 7,05cm. Utilizando a equaçãoAcv=∏ x c² Variáveis: constante pi→∏ = 3,14 e c = Raio do CampoVisual temos: 3,14x 7,05² ↔ 156,202cm² que estabeleceu o critériode escolha do tamanho do monitorA proposta deste estudo é avaliar a eficácia eeficiência do protótipo de um aparelho nacional paraleitura e estudo de pacientes com baixa visão, patenteadopela UNIFESP com Patente Nacionaln°PI020050145260, projetado utilizando-se critérios dedesenvolvimento e de usabilidade.MÉTODOSEsta pesquisa segue os princípios básicos contidos nadeclaração de Helsinque e aprovada pelo Comitê de ÉticaMédica em Pesquisa do Hospital São Paulo/ UNIFESP.Foi realizado estudo no Setor de ReabilitaçãoVisual da Fundação Dorina Nowill para Cegos, no períodode 19 de março a 14 de junho de 2007.Os critérios de inclusão estabelecidos foram: indivíduoscom diagnóstico prévio de visão subnormal peladefinição da OMS, alfabetizados e anuência e assinaturado consentimento livre esclarecido.Participaram 30 pacientes na faixa etária de 9 a80 anos, sendo 17 do sexo masculino. Foram excluídos doestudo os pacientes com doenças neurológicas que pudessemafetar a coordenação motora.Equipamento: Foi desenvolvido um sistema decaptura óptico utilizando-se uma câmera “Charge-Coupled Device” (CCD) preto e branco, possibilitandoum maior controle do contraste, com lente te-Rev Bras Oftalmol. 2009; 68 (5): 259-63
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260SantosVR, Lima EC, Berezovsky A, Schor P, Uras R, Belfort Junior RINTRODUÇÃOAOrganização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (OMS) estimouem 2002 a existência <strong>de</strong> 161 milhões <strong>de</strong><strong>de</strong>ficientes visuais na população mundial, dosquais 37 milhões eram cegos e 124 milhões com visãosubnormal.De acordo com a “International statisticalclassification of diseases, injuries and causes of <strong>de</strong>ath”,décima revisão (ICD-10), <strong>de</strong>fine-se visão subnormalou baixa visão quando a acuida<strong>de</strong> visual é inferior a 6/18, mas igual ou melhor do que 3/60, ou apresentar umaredução <strong>de</strong> campo visual, <strong>de</strong> tal forma que ele se tornemenor do que 20° no melhor olho e com a melhor correçãopossível (1) .Esses indivíduos apresentam dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>leitura e aprendizado, necessitando <strong>de</strong> adaptaçõesambientais em escolas e bibliotecas e da utilização<strong>de</strong> recursos ópticos, não ópticos e/ou eletrônicos queproporcionem melhor aproveitamento do seu resíduovisual. Tal necessida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> caracterizar-se como umproblema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, pois, nos países <strong>de</strong> terceiromundo e em <strong>de</strong>senvolvimento, a falta <strong>de</strong> verbaspúblicas é notória, o que inviabiliza a compra <strong>de</strong> recursosespeciais por escolas e bibliotecas públicas (2) .A inclusão <strong>de</strong> pessoas com <strong>de</strong>ficiência é <strong>de</strong> sumaimportância nas socieda<strong>de</strong>s organizadas. Para tal, a disponibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> ajudas técnicas que possibilitam mobilida<strong>de</strong>,in<strong>de</strong>pendência, acesso à informação e ao estudoé um fator <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> impacto para acelerar a inclusãosocial e cultural das pessoas com <strong>de</strong>ficiência visual.No âmbito das ajudas técnicas, vale ressaltarque, com freqüência, sua utilização pelos estudantesgera problemas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m comportamental. Sabe-seque principalmente na adolescência a aceitação dogrupo é fator <strong>de</strong>terminante do comportamento <strong>de</strong> jovens.Usar um recurso óptico diferente dos óculos comuns,que não apresenta uma estética <strong>de</strong>sejável, oumesmo material escolar diferente dos <strong>de</strong>mais colegas,po<strong>de</strong> causar problemas <strong>de</strong> auto-estima. Em algunscasos, alunos preferem não utilizar o auxílio, por referirproblemas <strong>de</strong> rejeição oriundos <strong>de</strong> motivos estéticose emoções negativas. (2,3) A dificulda<strong>de</strong> na leituraimpacta <strong>de</strong>sfavoravelmente na educação, fator primordialpara a inclusão, pois a leitura tem importante papelnas interações sociais e nas ativida<strong>de</strong>s produtivas,<strong>de</strong>ixando à margem do sistema produtivo e culturalindivíduos capazes <strong>de</strong> produzir riquezas e <strong>de</strong> contribuirpara o <strong>de</strong>senvolvimento da socieda<strong>de</strong> impondoum alto impacto ao custo social (4-6) .Figura 1 – Paciente JM (22 anos), AV 4.0M utilizando o SLP.Cálculo dos parâmetros do monitor baseado na equação bxtgα=c.Variáveis: b= eixo perpendicular ao plano do monitor correspon<strong>de</strong>ntea distância <strong>de</strong> leitura <strong>de</strong> 40 cm; tgα= tangente do ânguloalfa <strong>de</strong> visão, α= ângulo <strong>de</strong> visão <strong>de</strong> 10°, c= raio do campo visual(CV). Obtém-se: 40xtgα 10º = c ↔ 7,05cm. Utilizando a equaçãoAcv=∏ x c² Variáveis: constante pi→∏ = 3,14 e c = Raio do CampoVisual temos: 3,14x 7,05² ↔ 156,202cm² que estabeleceu o critério<strong>de</strong> escolha do tamanho do monitorA proposta <strong>de</strong>ste estudo é avaliar a eficácia eeficiência do protótipo <strong>de</strong> um aparelho nacional paraleitura e estudo <strong>de</strong> pacientes com baixa visão, patenteadopela UNIFESP com Patente Nacionaln°PI020050145260, projetado utilizando-se critérios <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento e <strong>de</strong> usabilida<strong>de</strong>.MÉTODOSEsta pesquisa segue os princípios básicos contidos na<strong>de</strong>claração <strong>de</strong> Helsinque e aprovada pelo Comitê <strong>de</strong> ÉticaMédica em Pesquisa do Hospital São Paulo/ UNIFESP.Foi realizado estudo no <strong>Set</strong>or <strong>de</strong> ReabilitaçãoVisual da Fundação Dorina Nowill para Cegos, no período<strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> março a 14 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2007.Os critérios <strong>de</strong> inclusão estabelecidos foram: indivíduoscom diagnóstico prévio <strong>de</strong> visão subnormal pela<strong>de</strong>finição da OMS, alfabetizados e anuência e assinaturado consentimento livre esclarecido.Participaram 30 pacientes na faixa etária <strong>de</strong> 9 a80 anos, sendo 17 do sexo masculino. Foram excluídos doestudo os pacientes com doenças neurológicas que pu<strong>de</strong>ssemafetar a coor<strong>de</strong>nação motora.Equipamento: Foi <strong>de</strong>senvolvido um sistema <strong>de</strong>captura óptico utilizando-se uma câmera “Charge-Coupled Device” (CCD) preto e branco, possibilitandoum maior controle do contraste, com lente te-Rev Bras Oftalmol. 2009; 68 (5): 259-63