12.07.2015 Views

Set-Out - Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Set-Out - Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Set-Out - Sociedade Brasileira de Oftalmologia

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Fixação iriana <strong>de</strong> lentes <strong>de</strong> câmara posterior para o tratamento da afacia285INTRODUÇÃOAs lentes intra-oculares (LIOs) historicamentetêm sido utilizadas para substituir o cristalinoapós a cirurgia <strong>de</strong> catarata 1 .Na ausência <strong>de</strong> suporte capsular a<strong>de</strong>quado queimpeça o implante da LIO no saco ou sulco capsular, amesma po<strong>de</strong> ser implantada na câmara anterior (CA)ou posterior (CP) através <strong>de</strong> diferentes técnicas. Na câmaraanterior existe a opção <strong>de</strong> implante <strong>de</strong> LIO comhastes flexíveis abertas apoiadas no ângulo, LIO <strong>de</strong> capturairiana (íris claw) e LIO <strong>de</strong> fixação retro-pupilar. Nacâmara posterior as opções consistem em fixar a LIO àesclera e à íris 2 .Por um longo período <strong>de</strong> tempo as LIOs <strong>de</strong> câmaraanterior (CA) foram o tipo predominantemente utilizadopara o tratamento da afacia na ausência <strong>de</strong> suportecapsular. Nos anos 80, tornou-se evi<strong>de</strong>nte que as LIOS<strong>de</strong> CA estavam associadas com várias complicaçõescomo perda irreversível <strong>de</strong> células endoteliais levandoà ceratopatia bolhosa, seqüelas inflamatórias intratáveis,e<strong>de</strong>ma macular cistói<strong>de</strong>, dano das estruturas angulares,sinéquias anteriores, bloqueio pupilar, atrofia <strong>de</strong> íris ehifema 3 . Atualmente com novo <strong>de</strong>sign, as LIOs <strong>de</strong> CAtêm ressurgido como opção terapêutica.Técnicas utilizando sutura para fixar lentes <strong>de</strong>câmara posterior foram então <strong>de</strong>senvolvidas. Em 1976,McCannel <strong>de</strong>screveu o uso <strong>de</strong> suturas <strong>de</strong> fixação uvealpara estabilizar as LIOs <strong>de</strong> câmara posterior 4 . Em 1994Siepers a aprimorou, possibilitando a confecção do nósem a necessida<strong>de</strong> da abertura da câmara anterior eexposição iriana 5 . Tal técnica, associada a um método<strong>de</strong> fixação iriana <strong>de</strong> LIO dobrável através <strong>de</strong> uma pequenaincisão corneana <strong>de</strong>scrita por Condon em 2003,eliminou a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incisões maiores que as necessáriasnas cirurgias atuais <strong>de</strong> catarata, minimizandoo trauma cirúrgico 6 .As fixações esclerais foram <strong>de</strong>senvolvidas maisrecentemente em relação às fixações irianas. Malbranet al. foi o primeiro a <strong>de</strong>screver a fixação escleral transsulcoem afácicos 7 .Apesar da fixação escleral ser tecnicamente menosexigente em relação à fixação iriana, esta associadaa um risco maior <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> sinéquia anterior periférica,glaucoma e hemorragia intra-ocular pela passagemda agulha e sutura através do corpo ciliar. Complicaçõestardias estão relacionadas à erosão da sutura atravésda esclera e conjuntiva que po<strong>de</strong>m secundariamentelevar a endoftalmite, por promover uma rota <strong>de</strong> entradados microorganismos da superfície ocular 8 .A vantagem da técnica <strong>de</strong> fixação iriana incluiuma correção óptica perto do ponto nodal, menor risco<strong>de</strong> sinéquia periférica anterior, um menor risco <strong>de</strong> lesãoendotelial (quando comparada com as LIOs-CA) e apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabilização da lente pelo suco ciliar.Como não se move muito durante a flutuação do tamanhoda pupila, a íris periférica consiste em uma plataformasegura para a fixação da sutura 8 .A seleção da LIO e a técnica empregada para acorreção <strong>de</strong> afacia em pacientes com ausência <strong>de</strong> apoiocapsular a<strong>de</strong>quado continuam a ser uma controversa.As estruturas angulares, a anatomia da íris, a presença<strong>de</strong> antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> glaucoma e a ida<strong>de</strong>, são consi<strong>de</strong>raçõesimportantes que <strong>de</strong>vem ser feitas na seleção apropriadado método e da técnica <strong>de</strong> fixação. (9)O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho é avaliar os resultados<strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> fixação iriana <strong>de</strong> câmara posteriorem pacientes afácicos e compará-los a literaturaexistente.MÉTODOSEm um estudo prospectivo, aprovado pelo comitê<strong>de</strong> ética e pesquisa da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina do ABC,foram selecionados oito pacientes do Ambulatório <strong>de</strong>Catarata do Instituto <strong>de</strong> Olhos da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicinado ABC, que foram submetidos à cirurgia <strong>de</strong> cataratahá pelo menos três meses e não tiveram a lente intraocularimplantada no ato cirúrgico <strong>de</strong>vido a complicaçõesintra-operatórias com ausência <strong>de</strong> suporte capsulara<strong>de</strong>quado.Estes pacientes, após o consentimento informado,foram submetidos à avaliação clínica pré-operatória, eavaliação oftalmológica completa incluindo potencial<strong>de</strong> acuida<strong>de</strong> visual. Foram estabelecidas como critério<strong>de</strong> exclusão outras morbida<strong>de</strong>s oculares associadas(glaucoma, doença retiniana ou corneana), íris incompatívelcom o procedimento (discoria, <strong>de</strong>sinserção ouatrofias setoriais importantes) e ausência <strong>de</strong> prognóstico<strong>de</strong> melhora da acuida<strong>de</strong> visual.O po<strong>de</strong>r da lente intra-ocular (LIO) foi calculadopara a colocação no saco capsular sem nenhum ajusteno po<strong>de</strong>r, utilizando-se biometro (Ocuscan RXP ® -Alcon) pela técnica <strong>de</strong> contato e fórmula SRK-T.Após a anestesia peribulbar, é confeccionada aincisão principal tipo clear córnea <strong>de</strong> 3,5 mm e infundidocloreto <strong>de</strong> carbacol 0,1mg/ml na CA para produzirmiose.Quando necessário, é realizado vitrectomia anterior/posteriorcom o objetivo <strong>de</strong> propiciar um espaçoRev Bras Oftalmol. 2009; 68 (5): 284-90

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!