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Set-Out - Sociedade Brasileira de Oftalmologia

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282Ferraz PRP, Sugano DM, Fernan<strong>de</strong>s CLprecisão pois foram coletados a partir <strong>de</strong> informaçõesdadas pelos responsáveis pelas crianças. Cinco (83%)<strong>de</strong>les não relataram avaliação médica prévia ao períodoe apenas 1 (16,7%) criança apresentou ida<strong>de</strong> do diagnósticoaos seis meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, porém, segundo informaçãocoletada, foi adotada conduta expectante.Cinquenta e 67% das crianças apresentaramacuida<strong>de</strong> visual pós-operatória melhor que 0,4 <strong>de</strong> olho direitoe esquerdo respectivamente. Esses dados são compatíveiscom um estudo brasileiro em que 48% das criançaspseudofácicas por catarata bilateral operadas entre 4 e 10anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, obtiveram boa acuida<strong>de</strong> visual 9 . Este resultadotambém é compatível com um estudo envolvendo 22pacientes, em que 46,8% apresentaram boa acuida<strong>de</strong> visualpós-operatória 3 . <strong>Out</strong>ros estudos obtiveram os melhoresresultados na acuida<strong>de</strong> visual pós-operatória <strong>de</strong> criançascom ida<strong>de</strong> mais avançada tanto para diagnóstico quantopara cirurgia 7,10 . Esses estudos porém não relatam os dadosda acuida<strong>de</strong> visual pré-operatória das crianças avaliadas.Neste estudo o índice <strong>de</strong> função sensorial obtidofoi satisfatório. Apenas uma (16,7%) criança não apresentouestereopsia ao teste <strong>de</strong> Titmus e fusão nos testes<strong>de</strong> luzes <strong>de</strong> Worth. As outras 5(83%) crianças apresentaramestereopsia e fusão nos testes. Duas (33%) apresentaramestereopsia grosseira (3000 segundos <strong>de</strong> arco) e3(50%) boa (menor ou igual a 400 segundos <strong>de</strong> arco);sendo que 2(33,3%) <strong>de</strong>stas apresentaram 200 segundos<strong>de</strong> arco. Este dado difere da maior parte da literatura,em que a binocularida<strong>de</strong> foi atingida por menor porcentagem<strong>de</strong> pacientes e seus resultados ainda são consi<strong>de</strong>radoslimitados; porém é compatível com dados <strong>de</strong> estudosemelhante com crianças operadas por catarata unilateral3,10-12 .Estudos mostram que as seis primeiras semanas<strong>de</strong> vida representam um período sensível para o <strong>de</strong>senvolvimentoda binocularida<strong>de</strong>, e, que o grau <strong>de</strong> privaçãovisual que ocorre pela catarata nesse período, <strong>de</strong>terminavariações em seu prognóstico. <strong>Out</strong>ros, relatam queesse período ocorre do terceiro ao sexto mês do períodopós-natal 10,13 .Um outro fator <strong>de</strong>terminante à binocularida<strong>de</strong> éa acuida<strong>de</strong> visual. Estudos antigos apontam que quandoa AV binocular varia entre 20/200 e 20/20, a estereopsiamuda proporcionalmente 14 . Zubcov et al apontam que apreservação da estereopsia precisa <strong>de</strong> pelo menos AV<strong>de</strong> 20/100 (0,20) do pior olho 6 .Apenas 1 (16,7%) criança<strong>de</strong>ste estudo não obteve visão melhor que 0,20; sendoesta a única criança a não apresentar estereopsia ao teste<strong>de</strong> Titmus, nem fusão às luzes <strong>de</strong> Worth.As cataratas bilaterais têm melhor prognósticovisual em relação às cataratas unilaterais 3,4,10 . Todos ospacientes avaliados apresentavam catarata bilateral, amaioria (50%) dos casos corticais e/ou nucleares e/ ousubcapsulares, seguida pela pulverulenta(33,3%). Essesdados diferem na literatura pelo fato da localização daopacida<strong>de</strong> (classificação da catarata) variar entre osestudos. Um estudo aponta 27,3% <strong>de</strong> catarata nuclear e40% <strong>de</strong> catarata subcapsular posterior 3 .Nenhuma criança avaliada apresentou cataratatotal ou polar posterior, tidos como os tipos <strong>de</strong> catarataque mais causam ambliopia pela literatura 4 .Assim, os bons índices <strong>de</strong> função sensorialbinocular dos pacientes <strong>de</strong>ste estudo po<strong>de</strong>m ser atribuídosa três fatores: a não serem incluídos pacientes queapresentavam <strong>de</strong>svio ocular prévio ou nistagmo, a todasas cataratas serem bilaterais e à apresentação da opacida<strong>de</strong>limitante à visão ter sido em ida<strong>de</strong> mais tardia, nãointerferindo no período <strong>de</strong> aprendizagem dabinocularida<strong>de</strong>.No entanto, obtivemos diferença estatística significativaapenas entre as acuida<strong>de</strong>s visuais pré e pós operatórias.As outras variáveis que correlacionamos nãoapresentaram significância estatística, provavelmente<strong>de</strong>vido à amostra reduzida, dado que na literatura, o resultadovisual <strong>de</strong> olhos operados <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da ida<strong>de</strong> <strong>de</strong>início da catarata, ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> início da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> da opacida<strong>de</strong>e ida<strong>de</strong> da realização da cirurgia 4,10 . <strong>Out</strong>ros estudosapontam significância estatística entre AV e funçãobinocular, entre AV e ida<strong>de</strong> da cirurgia 3, 10 .Houve neste estudo, alta incidência <strong>de</strong> opacida<strong>de</strong><strong>de</strong> cápsula posterior pós-operatória (67%). Um estudomostrou 31,5% <strong>de</strong> opacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cápsula posterior, porém,essas crianças foram submetidas à lensectomia eimplante <strong>de</strong> lente intraocular sem vitrectomia anterior,enquanto nossos pacientes foram submetidos àfacoemulsificação com implante <strong>de</strong> lente intraocular 10 .<strong>Out</strong>ro estudo (22 olhos) obteve 56% <strong>de</strong> opacida<strong>de</strong><strong>de</strong> cápsula posterior, porém a técnica cirúrgica adotadavariava <strong>de</strong>vido à abordagem <strong>de</strong> três tipos <strong>de</strong> catarata(congênita, do <strong>de</strong>senvolvimento e traumática) 6 .CONCLUSÕESNeste estudo, crianças portadoras <strong>de</strong> catarata congênitaou infantil precoce <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento lento e<strong>de</strong> catarata infantil tardia, apresentaram bom prognósticovisual. A maioria apresentou função binocular apóscirurgia com implante <strong>de</strong> lente intraocular, mesmo emida<strong>de</strong> avançada para cirurgia. Houve diferençaestatíticamente significante entre as acuida<strong>de</strong>s visuaisRev Bras Oftalmol. 2009; 68 (5): 278-83

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