Set-Out - Sociedade Brasileira de Oftalmologia
Set-Out - Sociedade Brasileira de Oftalmologia Set-Out - Sociedade Brasileira de Oftalmologia
ARTIGO ORIGINAL 271Estesiometria corneana pós cirurgia fotorrefrativaEsthesiometry corneal after surgery photorefractiveAlessandro Perussi Garcia 1 , Fernando Antonio Gualiardo Tarcha 2 , Vicente Vitiello Neto 3 ,Edmundo Velasco Martinelle 4 , Jose Ricardo Carvalho Lima Rehder 5RESUMOObjetivo: Avaliar as alterações que ocorrem na sensibilidade corneanas após as cirurgiasde LASIK e PRK Métodos: Estudo prospectivo onde foram avaliados 60 olhos de30 pacientes submetidos a LASIK bilateral simultaneamente e mais 30 olhos de 15pacientes submetidos a PRK bilateral simultaneamente. De acordo com a quantidadede ablação intra-operatórias, os olhos foram divididos em dois grupos: Grupo 1 (menorque 40 µm) e Grupo 2 (Maior que 40 µm). A sensibilidade corneana foi medida naregião central da córnea pelo estesiometro Cochet Bonnet ® no pré operatório e após 30,90 e 180 dias da cirurgias. Resultados: A sensibilidade corneana na LASIK apresentousediminuída durante os três primeiros meses retornando as valores pré operatórios aos6 meses; E de acordo com a quantidade de ablação o Grupo 1 apresentou diferençaestatisticamente significante em relação ao Grupo 2 durante os três primeiros meses;No entanto a PRK recuperou seus valores pré operatório aos três meses e de acordocom a quantidade de ablação o Grupo 1 apresentou diferença estatisticamentesignificante somente no primeiro mês de pós operatório. Conclusão: A LASIK apresentousensibilidade menor em relação ao PRK durante os 3 primeiros meses e somenteaos 6 meses os valores da sensibilidade corneana foram similares; Os resultados tambémsugerem que a quantidade de ablação está relacionada com a diminuição dasensibilidade corneana durante os primeiros meses em ambas as técnicas cirúrgicas,principalmente na LASIK.Descritores: Miopia/fisiopatologia; Miopia/cirurgia; Córnea/inervação; Ceratomileuseassistida por excimer laser in situ; Ceratectomia fotorrefrativa; Lasers de excimer;Sensação/fisologia; Técnicas de diagnostico oftalmológico/instrumentação1Estagiário do Setor de Cirurgia Refrativa da Faculdade de Medicina do ABC - FMABC – Santo André (SP), Brasil.2Medico Colaborador do Setor Cirurgia Refrativa da Faculdade de Medicina do ABC - FMABC – Santo André (SP), Brasil.3Professor Assistente da Disciplina de Oftalmologia da Faculdade de Medicina do ABC- FMABC – Santo André (SP), Brasil.4Professor Assistente e Chefe do Setor de Cirurgia Refrativa da Faculdade de Medicina do ABC - FMABC – Santo André (SP), Brasil.5Professor Titular, Chefe da Disciplina de Oftalmologia na Faculdade de Medicina ABC - FMABC – Santo André (SP), Brasil.Trabalho Realizado no Instituto de Olhos da Faculdade de Medicina do ABC – FMABC – Santo André (SP), Brasil e na Clinica LaserOcular – Santo André (SP), Brasil.Recebido para publicação em: 18/8/2009 - Aceito para publicação em 22/9/2009Rev Bras Oftalmol. 2009; 68 (5): 271-7
272Garcia AP, Tarcha FAG, Vitiello Neto V, Martinelle EV, Rehder JRCLINTRODUÇÃOAcórnea contém uma das maiores concentrações de terminações nervosas nuas do corpohumano e, portanto, é um dos tecidos de maiorsensibilidade dolorosa do corpo humano. Sua inervaçãosensorial é vital para manter o epitélio íntegro, estimulara produção da glândula lacrimal e ajudar no reflexodo piscar. A perda ou redução da sensibilidade normalda córnea pode comprometer o reflexo do piscar, atrasara cicatrização epitelial, reduzir o reflexo lacrimal,favorecer o aparecimento de ceratite neurotrófica,necrose corneana estéril e ceratite infecciosa (1-3) .A inervação sensorial da córnea é feita pela divisãooftálmica do nervo trigêmeo de onde se ramificamos nervos ciliares longos e curtos que após penetraremno globo ocular, dirigem-se anteriormente, pelo espaçoentre esclera e coróide e na altura do corpo ciliar, dandoorigem a cerca de 60 a 80 nervos que penetram radialmentena córnea nas posições das 3 e 9 horas ao níveldos dois terços anteriores do estroma (1-5) . Como está representadona figura 1.Os receptores de sensibilidade corneana são terminaçõesnervosas nuas, e estão situados na camada basaldo epitélio e no estroma corneano. As fibras nervosas dacamada basal interligam-se e às vezes se fundem pordistâncias pequenas, formando o plexo da camada basaldo epitélio.Do plexo basal, as fibras atravessam a membranade Bowman e vão fazer anastomose com as fibras nervosasque terminam no estroma superficial (1,3,4) .A sensibilidade corneana diminui com o aumentoda idade, e não é afetada pela cor da íris (1) .No procedimento do PRK a camada epitelialcorneana é removida mecanicamente, junto com suamembrana basal, seguindo-se de fotodisrupção peloexcimer laser da membrana de Bowman e porção anteriordo estroma corneano, resultando em prejuízo dasterminações nervosas no plexo dos nervos sub-epiteliaise do estroma anterior (6,7) . Na Lasik, cria-se um discosuperficial pediculado (Flap) de aproximadamente 160µm com epitélio, membrana de Bowman e estroma superficial.Somente será poupado da secção o plexo nervosoanterior que estiver no pedículo do disco. Portanto,na confecção do disco os nervos estromais superficiaissão seccionados na margem nasal e temporal se o discofor de base superior, temporal se a base for nasal e osnervos do leito estromal abaixo do disco são subseqüenteexpostos à fotoablação. Esses dois fatores, confecçãodo disco e ablação pelo laser contribuem com danos àFigura 1. Representação da Inervação Corneanainervação corneana. Kanellopoulos et al. (6) mediram asensibilidade corneana em 19 pacientes com uma médiade correção de 11,7 D no LASIK e 21 pacientes comuma média de correção de 7,5 D no PRK. A sensibilidadecorneana foi medida de 6 a 12 meses após a cirurgia.A média da sensibilidade corneana após o LASIK foi de53,6 mm significativamente maior que aqueles tratadoscom PRK que foi de 39,2 mm. Em outros estudos (8-13) asensibilidade corneana até os 6 meses permaneceu menornos pacientes submetidos ao LASIK comparados aoPRK.O presente estudo pretende avaliar o comprometimentoda sensibilidade corneana após cirurgiasfotorrefrativas e seu tempo de recuperação.OBJETIVOAvaliar as alterações que ocorrem na sensibilidadecorneana após a cirurgia deCeratomileusis In Situ assistida por Laser(LASIK) e Ceratectomia Fotorrefrativa (PRK).MÉTODOSFoi realizado estudo prospectivo com 60 olhos de30 pacientes submetidos à técnica de LASIK bilateralsimultânea e 30 olhos de 15 pacientes submetidos à técnicade PRK também bilateral simultânea. As cirurgiasforam realizadas consecutivamente no período de abrila agosto de 2007 no Setor de Cirurgia Refrativa do Serviçode Oftalmologia da Faculdade de Medicina do ABC.Os olhos foram divididos pela técnica cirúrgicaem PRK e LASIK (Gráfico 1)Rev Bras Oftalmol. 2009; 68 (5): 271-7
- Page 1: Drusas de papila evidenciadas com s
- Page 4 and 5: RevistaBrasileira deOftalmologia255
- Page 6 and 7: EDITORIAL257Excelência em cirurgia
- Page 8 and 9: ARTIGO ORIGINAL 259Avaliação de S
- Page 10 and 11: Avaliação de Sistema de Leitura P
- Page 12 and 13: Avaliação de Sistema de Leitura P
- Page 14 and 15: Avaliação da aplicabilidade e do
- Page 16 and 17: Avaliação da aplicabilidade e do
- Page 18 and 19: Avaliação da aplicabilidade e do
- Page 22 and 23: Estesiometria corneana pós cirurgi
- Page 24 and 25: Estesiometria corneana pós cirurgi
- Page 26 and 27: Estesiometria corneana pós cirurgi
- Page 28 and 29: Função visual de crianças pseudo
- Page 30 and 31: Função visual de crianças pseudo
- Page 32 and 33: Função visual de crianças pseudo
- Page 34 and 35: Fixação iriana de lentes de câma
- Page 36 and 37: Fixação iriana de lentes de câma
- Page 38 and 39: Fixação iriana de lentes de câma
- Page 40 and 41: ARTIGO ORIGINAL 291Estudo comparati
- Page 42 and 43: Estudo comparativo entre imagens ul
- Page 44 and 45: Estudo comparativo entre imagens ul
- Page 46 and 47: Estudo comparativo da ação da tox
- Page 48 and 49: Estudo comparativo da ação da tox
- Page 50 and 51: Estudo comparativo da ação da tox
- Page 52 and 53: Estudo comparativo da ação da tox
- Page 54 and 55: Síndrome do ápice orbitário caus
- Page 56 and 57: Síndrome do ápice orbitário caus
- Page 58 and 59: ARTIGO DE REVISÃO 309Avaliação o
- Page 60 and 61: Avaliação ocular multimodal em do
- Page 62 and 63: Avaliação ocular multimodal em do
- Page 64 and 65: Avaliação ocular multimodal em do
- Page 66 and 67: Avaliação ocular multimodal em do
- Page 68 and 69: 319garismos arábicos entre parênt
ARTIGO ORIGINAL 271Estesiometria corneana pós cirurgia fotorrefrativaEsthesiometry corneal after surgery photorefractiveAlessandro Perussi Garcia 1 , Fernando Antonio Gualiardo Tarcha 2 , Vicente Vitiello Neto 3 ,Edmundo Velasco Martinelle 4 , Jose Ricardo Carvalho Lima Reh<strong>de</strong>r 5RESUMOObjetivo: Avaliar as alterações que ocorrem na sensibilida<strong>de</strong> corneanas após as cirurgias<strong>de</strong> LASIK e PRK Métodos: Estudo prospectivo on<strong>de</strong> foram avaliados 60 olhos <strong>de</strong>30 pacientes submetidos a LASIK bilateral simultaneamente e mais 30 olhos <strong>de</strong> 15pacientes submetidos a PRK bilateral simultaneamente. De acordo com a quantida<strong>de</strong><strong>de</strong> ablação intra-operatórias, os olhos foram divididos em dois grupos: Grupo 1 (menorque 40 µm) e Grupo 2 (Maior que 40 µm). A sensibilida<strong>de</strong> corneana foi medida naregião central da córnea pelo estesiometro Cochet Bonnet ® no pré operatório e após 30,90 e 180 dias da cirurgias. Resultados: A sensibilida<strong>de</strong> corneana na LASIK apresentousediminuída durante os três primeiros meses retornando as valores pré operatórios aos6 meses; E <strong>de</strong> acordo com a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ablação o Grupo 1 apresentou diferençaestatisticamente significante em relação ao Grupo 2 durante os três primeiros meses;No entanto a PRK recuperou seus valores pré operatório aos três meses e <strong>de</strong> acordocom a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ablação o Grupo 1 apresentou diferença estatisticamentesignificante somente no primeiro mês <strong>de</strong> pós operatório. Conclusão: A LASIK apresentousensibilida<strong>de</strong> menor em relação ao PRK durante os 3 primeiros meses e somenteaos 6 meses os valores da sensibilida<strong>de</strong> corneana foram similares; Os resultados tambémsugerem que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ablação está relacionada com a diminuição dasensibilida<strong>de</strong> corneana durante os primeiros meses em ambas as técnicas cirúrgicas,principalmente na LASIK.Descritores: Miopia/fisiopatologia; Miopia/cirurgia; Córnea/inervação; Ceratomileuseassistida por excimer laser in situ; Ceratectomia fotorrefrativa; Lasers <strong>de</strong> excimer;Sensação/fisologia; Técnicas <strong>de</strong> diagnostico oftalmológico/instrumentação1Estagiário do <strong>Set</strong>or <strong>de</strong> Cirurgia Refrativa da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina do ABC - FMABC – Santo André (SP), Brasil.2Medico Colaborador do <strong>Set</strong>or Cirurgia Refrativa da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina do ABC - FMABC – Santo André (SP), Brasil.3Professor Assistente da Disciplina <strong>de</strong> <strong>Oftalmologia</strong> da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina do ABC- FMABC – Santo André (SP), Brasil.4Professor Assistente e Chefe do <strong>Set</strong>or <strong>de</strong> Cirurgia Refrativa da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina do ABC - FMABC – Santo André (SP), Brasil.5Professor Titular, Chefe da Disciplina <strong>de</strong> <strong>Oftalmologia</strong> na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina ABC - FMABC – Santo André (SP), Brasil.Trabalho Realizado no Instituto <strong>de</strong> Olhos da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina do ABC – FMABC – Santo André (SP), Brasil e na Clinica LaserOcular – Santo André (SP), Brasil.Recebido para publicação em: 18/8/2009 - Aceito para publicação em 22/9/2009Rev Bras Oftalmol. 2009; 68 (5): 271-7