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decifrando a teoria queer nos contos de marcelino freire

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Anais Eletrônicos do IV Seminário Nacional Literatura e CulturaSão Cristóvão/SE: GELIC/UFS, V. 4, 3 e 4 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2012. ISSN: 2175-41288atualida<strong>de</strong> seria a relação instável, provisória, momentânea e sem vínculos afetivos,<strong>de</strong>stacando abertamente, fora do armário, o sexo pelo sexo como fundamental eessencial.Célio conheceu Beto na estação <strong>de</strong> trem, sem setembro. Morenobonito. Celio acariciou o membro <strong>de</strong> Beto no aperto vespertino, nobalanço ferroviário. Beto gozou na mão do veado. Encabulado,mascou seu chiclete, <strong>de</strong>sceu e nem olhou para trás, para Célio...Quando acordou, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tanto prazer, cadê aquele amor? Omenino saiu na madrugada. Evaporou-se. Como? Célio viu se casaestava tudo em or<strong>de</strong>m. As caçarolas intactas, os ossos continuavam ámostra. Ora, que menino mais capeta! Só sobrou o chiclete,acredita?...Não aguentei ficar em casa sozinho, e vim tomar um cafécom você. Essa bosta <strong>de</strong> tristeza que bate no coração da gente, <strong>de</strong>repente. Que <strong>de</strong>smantelo. Bem que Roberto Carlos <strong>de</strong>veria cortar essecabelo. E eu, nascer sem coração, repetiu. É sem coração. (FREIRE,2005, p. 59, 62 e 63).Nesse trecho, fica evi<strong>de</strong>nte a relação entre o homem e a bicha, os quaismantêm uma relação puramente sexual, na qual o homem que se diz hétero seenvolve com as bichas para se satisfazer sexualmente, sem manter ligação afetiva,porém a bicha permanece na situação enquanto objeto <strong>de</strong> prazer, portanto apresentasecomo <strong>de</strong>tentora <strong>de</strong> sentimento e afetivida<strong>de</strong>s. Esse sentimento <strong>de</strong>senvolve aoponto <strong>de</strong> se transformar em paixão, amor “Essa bosta <strong>de</strong> tristeza que bate no coraçãoda gente, <strong>de</strong> repente”, mas esse amor não é correspondido <strong>de</strong>vido ao fato doshomens apenas usufruírem sexualmente, sem manter um relacionamento, pois esseshomens jamais se viriam numa relação afetiva com outros homens, <strong>de</strong>nominadosbichas. Marcelino <strong>de</strong>clara em seu conto a influente presença escancarada das relações<strong>queer</strong> entre homens e bichas, sendo o homem no papel <strong>de</strong> dominador, “o macho”, e abicha, como dominada, “a fêmea”. Como acrescenta Fry:Chamamos esse sistema <strong>de</strong> hierárquico porque a relação sexual se dá entrenão iguais: o "homem" penetra e domina a "bicha", que é passiva, dominada.O ser que penetra é o masculino, dominante, enquanto que o ser penetrado éefeminado, dominado, inferior. O "homem" po<strong>de</strong> ter relações com outros

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