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História Oral com espíritos? A construção de narrativas visionárias e ...

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História, imagem e <strong>narrativas</strong>N o 10, abril/2010 - ISSN 1808-9895 - http://www.historiaimagem.<strong>com</strong>.brensinamentos <strong>de</strong> Buda, Krishna, Jesus, Paulo <strong>de</strong> Tarso, Tomé etc. está intimamenterelacionado <strong>com</strong> o pós-mo<strong>de</strong>rnismo e ao mito <strong>de</strong> Hermes, o psicopompo <strong>de</strong>us do Olimpo.E, da mesma forma que a psicosofia <strong>de</strong> Emmanuel, André Luiz e outros “espíritosespíritas” exercem significativa influência no cenário espiritualista brasileiro, mobilizandomentes e corações, o mesmo <strong>com</strong>eça a acontecer <strong>com</strong> o discurso espiritualista <strong>de</strong> Pai Joaquim<strong>de</strong> Aruanda, difundido gratuitamente através da internet, graças ao trabalho abnegado <strong>de</strong> seusseguidores, durante toda a primeira década do século XXI.O imaginário constitutivo em sua relação <strong>com</strong> o absoluto (religiosus) foi objeto <strong>de</strong>estudo <strong>de</strong> importantes pesquisadores, entre eles, Georges DUMÉZIL, Mircea ELIADE eHenry CORBIN. Em seu Tratado da história das religiões, ELIADE <strong>de</strong>monstrou que todas asreligiões apresentam uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> imagens simbólicas coligidas em mitos e ritos capazes <strong>de</strong>revelar uma trans-história na qual o tempo profano é substituído pelo illud tempus.Henry CORBIN propôs o termo imaginal (imaginatio vera) para <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r afaculda<strong>de</strong> humana <strong>de</strong> atingir um universo espiritual, uma realida<strong>de</strong> divina. Em minha opinião,o transe mediúnico está associado diretamente <strong>com</strong> essa faculda<strong>de</strong>, permitindo, assim, umaampliação <strong>de</strong> consciência por parte do médium para que acesse o mundo numinoso e,conseqüentemente, seja capaz <strong>de</strong> elaborar <strong>narrativas</strong> visionárias, que chamaremos também <strong>de</strong>Psicosofia.Entrevistar “espíritos”, <strong>com</strong>o é o caso <strong>de</strong> nossa pesquisa, exige um tipo especial <strong>de</strong>imaginação que DURAND chamou <strong>de</strong> “imaginação criadora”. É ela que permitirá ao sercontemplativo, por exemplo, acessar o mundus imaginalis <strong>de</strong>stas <strong>narrativas</strong> mediúnicas.A Psicosofia <strong>de</strong> Pai Joaquim <strong>de</strong> Aruanda apresenta para o leitor uma anima-lógica quetranscen<strong>de</strong> a lógica clássica ou a dialética materialista, obviamente. Porém, se a alogia domito ou do sonho costuma ser classificada <strong>com</strong>o algo “pré-lógico”, as <strong>narrativas</strong> mediúnicasnos colocam diante do que vou chamar provisoriamente <strong>de</strong> “translogia”, cuja <strong>com</strong>preensãoexige uma abertura e uma flexibilida<strong>de</strong> mental raras no mundo contemporâneo. Sem ela não épossível <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r as <strong>narrativas</strong> visionárias presente em seus ensinamentos espiritualistas,capazes <strong>de</strong> nos remeter a uma santicida<strong>de</strong> inefável.Como foi salientado, este estudo não tem a pretensão <strong>de</strong> validar ou não os chamadosfenômenos mediúnicos. Aqui não importa se o conteúdo narrativo foi criado por um “espírito”(<strong>de</strong>sencarnado, ser incorpóreo) ou se, <strong>com</strong>o afirmam médicos e psiquiatras mo<strong>de</strong>rnos, trata-seda manifestação do próprio inconsciente (ou subconsciente) do médium.6

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