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História Oral com espíritos? A construção de narrativas visionárias e ...

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História, imagem e <strong>narrativas</strong>N o 10, abril/2010 - ISSN 1808-9895 - http://www.historiaimagem.<strong>com</strong>.brAllan Kar<strong>de</strong>c, pseudônimo do pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, ésem dúvida o criador da História <strong>Oral</strong> <strong>com</strong> os espíritos. Segundo ele, o espiritismo surgiu paraser uma ciência capaz <strong>de</strong> estudar, em tese, a vida ativa após a morte e a relação do mundoespiritual <strong>com</strong> o material, tendo <strong>com</strong>o heurística básica a fenomenologia mediúnica, ou seja, aentrevista <strong>com</strong> os “espíritos”, supostamente, as almas dos mortos que se manifestariamatravés dos médiuns.Ou seja, o espiritismo, conforme a <strong>de</strong>finição kar<strong>de</strong>quiana, é um importante e aindaatual método <strong>de</strong> pesquisa para se estudar todos e quaisquer fenômenos sociais ou metafísicose não uma doutrina religiosa. Em outras palavras, seria uma ciência experimental ou <strong>de</strong>observação que <strong>de</strong>riva, obviamente, em uma filosofia <strong>de</strong> cunho moral que o próprio Kar<strong>de</strong>cafirma não ser nova, pois tal filosofia se encontra dispersa através dos ensinamentos dosprincipais mestres espiritualistas da humanida<strong>de</strong>, no Oci<strong>de</strong>nte e no Oriente.Em suma, o espiritismo kar<strong>de</strong>quiano tem duas faces: a científica e a filosófica. Suaobra que, no Brasil, se transformou em religião, forneceu os instrumentos para que pesquisassobre quaisquer assuntos fossem realizadas junto aos “espíritos”. Qualquer pessoa liberta <strong>de</strong>preconceitos po<strong>de</strong> constatar que Kar<strong>de</strong>c possuía, <strong>com</strong>o já salientamos, uma mentalida<strong>de</strong>científica. Seu objetivo era o <strong>de</strong> estudar todos os fatos sociais e metafísicos através daconsulta aos “espíritos”, mesmo afirmando que estes não sabiam tudo.Porém, para se <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r o alcance e o uso da História <strong>Oral</strong> <strong>com</strong>o recurso para acoleta <strong>de</strong> dados, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> estarmos diante <strong>de</strong> um narrador encarnado ou<strong>de</strong>sencarnado, é importante lembrarmos algumas reflexões sobre o valor da narrativa, segundoBENJAMIM. Em “O Narrador. Consi<strong>de</strong>rações sobre a obra <strong>de</strong> Nikolai Leskov”, elevalorizou a narração <strong>com</strong>o um processo <strong>de</strong> aprendizagem para o que narra e para quemescuta. Porém, ele acreditava que esta era uma arte em vias <strong>de</strong> extinção nos mundostecnológicos. Provavelmente, ele nunca imaginou que os “espíritos”, sobretudo, os “pretosvelhos”,usariam a tecnologia para narrar seus “causos”. É importante salientar que os“pretos-velhos”, ao contrário dos “espíritos” filósofos ou literatos não escrevem, ou seja, não“psicografam”. Os “pretos-velhos” apenas utilizam a narrativa oral, através <strong>de</strong> seusrespectivos médiuns, para se <strong>com</strong>unicar <strong>com</strong> os “vivos”.BENJAMIN i<strong>de</strong>ntificou dois grupos <strong>de</strong> narradores: os que viajam e os que conhecemprofundamente as histórias e as tradições <strong>de</strong> seu país. Estamos, agora, diante <strong>de</strong> um terceiro4

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