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História Oral com espíritos? A construção de narrativas visionárias e ...

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História, imagem e <strong>narrativas</strong>N o 10, abril/2010 - ISSN 1808-9895 - http://www.historiaimagem.<strong>com</strong>.brIntroduçãoAtualmente, quando se reivindica que as novas tecnologias sejam usadas para o<strong>de</strong>sfrute <strong>de</strong> todos e não só <strong>de</strong> uma minoria e o respeito à diversida<strong>de</strong> é uma exigência <strong>de</strong>qualquer projeto <strong>de</strong>mocrático, parece elucidativo para simbolizar esse momento, encontrar um“preto-velho”, ou seja, um “espírito” que costuma ser estigmatizado e proibido <strong>de</strong> semanifestar nas chamadas “mesas kar<strong>de</strong>cistas” 1 realizando palestras semanais pela internet,reunindo pessoas que vivem em várias partes da Terra (no Brasil, nos EUA, em Portugal e aténo Japão) para possibilitar, gratuitamente, uma singular forma pós-mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong> animagogia,ou seja, <strong>de</strong> educação espiritualista para aqueles que a<strong>com</strong>panham 2 e seguem os seusensinamentos.A manifestação espiritual <strong>de</strong> Pai Joaquim <strong>de</strong> Aruanda, que é muito criticada por váriosa<strong>de</strong>ptos do espiritismo, nos ajudou a <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r um fato significativo: o fosso que existeentre os textos kar<strong>de</strong>quianos, ou seja, escritos por Allan Kar<strong>de</strong>c, e os textos <strong>de</strong> seusseguidores, os “kar<strong>de</strong>cistas”. Em nenhum <strong>de</strong> seus livros Kar<strong>de</strong>c afirma ter criado uma novareligião e sua preocupação concentra-se em estudar sistematicamente as diferentes formas <strong>de</strong>intercâmbio <strong>com</strong> os “espíritos”, o que <strong>de</strong>nomina <strong>com</strong>o “manifestações espíritas”. Nessesentido, ao ler seus estudos espiritualistas notamos que muito mais do que criar uma novadoutrina religiosa, Kar<strong>de</strong>c estabeleceu um método para entrevistar “espíritos”, <strong>de</strong>finindo umroteiro para conduzir as reuniões mediúnicas voltadas para estudos <strong>com</strong> os chamados “seresincorpóreos”.Em suma, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>mos a tese <strong>de</strong> que ele criou o que po<strong>de</strong>ríamos chamar <strong>de</strong> História<strong>Oral</strong> <strong>com</strong> os “espíritos” ou a Espiritologia. FERREIRA (1994), MONTENEGRO (1992),BOM MEIHY (1996) e tantos outros historiadores, antropólogos e <strong>com</strong>unicadores sociaisvêm se <strong>de</strong>bruçando sobre essa técnica <strong>de</strong> pesquisa qualitativa, mas, em nenhum momento, seaperceberam que, se é verda<strong>de</strong> que os “espíritos” existem, obviamente que po<strong>de</strong>riam serentrevistados, <strong>com</strong>o fez Kar<strong>de</strong>c no século XIX.1 No meio kar<strong>de</strong>cista brasileiro acredita-se que “índios” e “pretos-velhos” são espíritos “inferiores”, “primitivos”e “selvagens” e que <strong>de</strong>vem ser proibidos <strong>de</strong> se manifestarem nos chamados “centros espíritas” ou, então,“doutrinados”.2 Anualmente, no mês <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro, seguidores dos ensinamentos do “espírito” em questão se reúnem em umacida<strong>de</strong> brasileira para discutir e difundir a psicosofia transmitida por ele. Em 2009, o encontro foi na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Uberlândia/MG.2

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