para os filhos o pedaço de terra em que se produzia os alimentos para a sobrevivência dafamília.As famílias que aparecem nesses inventários representam a maioria de lavradorescasados, exceto pelo tamanho da família. É certo que muitos lavradores tinham em média 2filhos, mas a maioria tinham de 3 a 5 filhos. Os filhos mais velhos acompanhariam o pai notrabalho da roça.Um dado importante de nossa pesquisa é quanto à cor dos chefes de família além daposse de escravos dos lavradores de Santa Rita do Turvo, de acordo com a lista nominativa:Tabela 9:Distribuição dos chefes de família segundo Cor (Homens)Cor Número de casosHomens PorcentagemBranco 95 31,9%Crioulo 12 4,02%Índio 1 0,33%Pardo 135 45,30%Preto 3 1,00%TOTAL 246 82,5%Fonte: Arquivo Público Mineiro.Coleção Mapas de População. Santa Rita doTurvo, Termo de Mariana 1831. Caixa 02, Documento 26, mimeo.Tabela 10:Distribuição dos chefes de família segundo Cor (Mulheres)Cor Número de casosMulheres PorcentagemBranco 24 8,05%Crioulo 5 1,68%Índio 0 0%Pardo 23 7,72%Preto 0 0%TOTAL 52 17,5%Fonte: Arquivo Público Mineiro.Coleção Mapas de População. Santa Rita doTurvo, Termo de Mariana 1831. Caixa 02, Documento 26, mimeo.14
Gráfico 4: Lavradores – distribuição da posse de escravos (Homens e Mulheres)100Número de lavradores806040200Apenas 1escravoEntre 2 e5Entre 6 e9Entre 10a 20Mais de20Fonte: Arquivo Público Mineiro.Coleção Mapas de População. Santa Rita do Turvo,Termo de Mariana 1831. Caixa 02, Documento 26, mimeo.A maioria da população, e também dos lavradores, era de cor parda. A posse deescravos entre esses homens concentra-se na faixa de 2 a 5 escravos como podemos ver. Aoinferirmos sobre as duras condições de vida da população de nossa amostra, informaçãoque pôde ser deduzida também através dos instrumentos de trabalho indicadores dotrabalho da roça, não devemos esquecer que os inventários representavam uma minoria depessoas que tinham algo a deixar. Ainda é importante lembrar que, em nenhum dosinventários analisados, os falecidos deixaram dívidas ou mesmo capital em forma dedinheiro a receber. Por meio dessas informações acreditamos que esses lavradores levavamuma vida pobre e a preocupação com a distribuição da herança não se fazia por ser ela demuitos bens ou capital, e sim por serem mantenedoras da família rural.Outra questão importante é quanto a posse de escravos pelos lavradores. Referimonosa aquisição de escravos por meio da compra, o que poderia significar certo acúmulo decapital por parte dos lavradores. Como as informações apresentadas aqui não nos levampara esse caminho, acreditamos que a posse de escravos, pequena como verificamos nográfico, fosse resultado de partilhas nas heranças transmitidas a gerações futuras. Assim, aposse de um pequeno número de escravos, como no caso de Santa Rita do Turvo, poderiase reduzir ainda mais na geração seguinte, o que explicaria a posse de apenas 1 cativo entreos lavradores.No inventário de Ignácia ocorre algo ainda mais interessante no que tange adistribuição da sua herança entre os herdeiros. Ignácia não tinha dívidas. As despesasgeradas com o seu funeral foram pagas pelo seu inventariante, que teve ressarcido seusgastos no inventário. Não havia capital em dinheiro a ser repartido, portanto escravos einstrumentos de trabalho compunham a herança de seus irmãos e sobrinhos. Por exemplo, auma das irmãs de Ignácia, também falecida, coube um terço da herança, mas ela deixoucinco filhos e de fato eram eles quem receberiam o legado. A soma do valor dos escravosrecebido por cada um dos herdeiros ou ultrapassava ou faltava no valor total que deveriamreceber. Assim, um escravo no valor de 300 mil réis ultrapassou o valor a ser recebido porum dos herdeiros, e este deveria “tornar”, ou seja, devolver o excedente para compor apartilha de um outro herdeiro.15