Expansores de tecido na esclerodermia em golpe de sabre - ABCCMF
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Tavares Filho JM et al.ARTIGO ORIGINAL<strong>Expansores</strong> <strong>de</strong> <strong>tecido</strong> <strong>na</strong> esclero<strong>de</strong>rmia <strong>em</strong> <strong>golpe</strong> <strong>de</strong> <strong>sabre</strong>Tissue expan<strong>de</strong>rs in the sclero<strong>de</strong>rma en coup <strong>de</strong> <strong>sabre</strong>João Me<strong>de</strong>iros Tavares Filho 1 , Ivan D<strong>em</strong>oli<strong>na</strong>ri 2 , Marcio Ar<strong>na</strong>ut Jr. 2 , Diogo Franco 3 , Talita Franco 4RESUMOIntrodução: A esclero<strong>de</strong>rmia linear, conhecida como <strong>em</strong><strong>golpe</strong> <strong>de</strong> <strong>sabre</strong> é doença incomum, atingindo cerca <strong>de</strong> 3 <strong>em</strong>cada 100.000 habitantes. A causa ainda não está totalmenteesclarecida e os tratamentos costumam direcio<strong>na</strong>r para a melhoriadas <strong>de</strong>formida<strong>de</strong>s craniofaciais. Entre as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>tratamento, preferimos a expansão <strong>de</strong> <strong>tecido</strong> <strong>de</strong> couro cabeludo.Método: Descrev<strong>em</strong>os três casos <strong>de</strong> pacientes portadores<strong>de</strong> esclero<strong>de</strong>rmia <strong>em</strong> <strong>golpe</strong> <strong>de</strong> <strong>sabre</strong>, salientando <strong>de</strong>talhes <strong>na</strong>escolha do tipo e formato dos expansores e a simplicida<strong>de</strong> doprocedimento. Resultados: As evoluções ocorreram <strong>de</strong>ntro doesperado, atingindo-se a proposta inicial <strong>de</strong> retirada das áreascomprometidas <strong>na</strong>s regiões fronto-parietais. Conclusão: A utilizaçãoda expansão tecidual foi um método eficaz <strong>na</strong> retirada <strong>de</strong>gran<strong>de</strong>s áreas <strong>de</strong> esclero<strong>de</strong>rmia <strong>em</strong> <strong>golpe</strong> <strong>de</strong> <strong>sabre</strong>, reparandoa forma e contorno do couro cabeludo e da região frontal.Descritores: Esclero<strong>de</strong>rmia localizada/cirurgia. Esclero<strong>de</strong>rmialocalizada/reabilitação. Doenças do <strong>tecido</strong>conjuntivo.ABSTRACTIntroduction: The linear sclero<strong>de</strong>rma, known as coup<strong>de</strong> <strong>sabre</strong> is unusual disease, reaching around 3:100,000inhabitants. The cause has not yet been fully clarified andthe treatments are usually direct to the improv<strong>em</strong>ent ofcraniofacial <strong>de</strong>formities. Among the possibilities of treatment,we prefer the scalp tissue expansion. Methods: We<strong>de</strong>scribe three cases with sclero<strong>de</strong>rma en coup <strong>de</strong> <strong>sabre</strong>,pointing out <strong>de</strong>tails in the choice of type and format ofexpan<strong>de</strong>rs and the simplicity of the procedure. Results:The follow-up were within expectations, reaching the initialproposal for the resection of the compromised areas.Conclusion: The use of tissue expansion is an effectiv<strong>em</strong>ethod of r<strong>em</strong>oving large areas of sclero<strong>de</strong>rma en coup<strong>de</strong> <strong>sabre</strong>, repairing the shape and contour of the scalpand forehead.Keywords: Sclero<strong>de</strong>rma, localized/surgery. Sclero<strong>de</strong>rma,localized/rehabilitation. Connective tissue diseases.1. Mestre e Doutor <strong>em</strong> Cirurgia Plástica, Professor Colaborador do Serviço<strong>de</strong> Cirurgia Plástica do Hospital Universitário Cl<strong>em</strong>entino Fraga Filho daUniversida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro (HUCFF – UFRJ), Rio <strong>de</strong> Janeiro,RJ, Brasil.2. Médico-resi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Cirurgia Plástica do HUCFF – UFRJ, Rio <strong>de</strong> Janeiro,RJ, Brasil.3. Mestre e Doutor <strong>em</strong> Cirurgia Plástica. Professor Adjunto do Serviço <strong>de</strong>Cirurgia Plástica do HUCFF – UFRJ, Rio <strong>de</strong> Janeiro, RJ, Brasil.4. Mestre e Doutora <strong>em</strong> Cirurgia Plástica. Professora Titular do Serviço <strong>de</strong>Cirurgia Plástica do HUCFF – UFRJ, Rio <strong>de</strong> Janeiro, RJ, Brasil.Correspondência: João Me<strong>de</strong>iros Tavares FilhoRua Buenos Aires, 255 – Centro – Petrópolis, RJ, Brasil – CEP 25610-140E-mail: jme<strong>de</strong>iro@compuland.com.brRev Bras Cir Craniomaxilofac 2012; 15(1): 10-210
<strong>Expansores</strong> <strong>de</strong> <strong>tecido</strong> <strong>na</strong> esclero<strong>de</strong>rmia <strong>em</strong> <strong>golpe</strong> <strong>de</strong> <strong>sabre</strong>INTRODUÇÃOA esclero<strong>de</strong>rmia é uma doença do colágeno que po<strong>de</strong> sercaracterizada como um conjunto <strong>de</strong> alterações que <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>mo endurecimento da pele e a fibrose ou retração dos <strong>tecido</strong>ssubcutâneos. Habitualmente é dividida <strong>em</strong> forma sistêmica, quepo<strong>de</strong> levar a alterações graves, e <strong>em</strong> forma localizada (on<strong>de</strong> nãocostumam haver alterações à distância). Na forma localizada,encontramos a variante linear, que costuma ser chamada <strong>de</strong>esclero<strong>de</strong>rmia <strong>em</strong> <strong>golpe</strong> <strong>de</strong> <strong>sabre</strong> 1 .Trata-se <strong>de</strong> doença rara, on<strong>de</strong> um dos artigos com maiorcasuística 2 relata 82 casos no período <strong>de</strong> 33 anos. Costuma-seaceitar incidência média <strong>de</strong> 2,7 casos por 100.000 habitantes.Nesse estudo, não se observou predileção por sexo e a média<strong>de</strong> ida<strong>de</strong> dos acometidos foi <strong>de</strong> 18 anos 2 .De etiologia ainda não totalmente revelada, t<strong>em</strong>os apresentaçõesque variam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> peque<strong>na</strong>s placas localizadas atéextensas <strong>de</strong>formações craniofaciais, com consequências estéticasimportantes. À medida que a doença avança, observamosatrofia dos fâneros e glândulas sebáceas, além <strong>de</strong> alterações <strong>na</strong>cor da pele (hipo ou hiperpigmentação).Ainda não há tratamento clínico específico para a doença eas propostas cirúrgicas são para corrigir as <strong>de</strong>formida<strong>de</strong>s faciais.Entre estas t<strong>em</strong>os ressecções segmentadas, enxertia <strong>de</strong> gordurae a utilização <strong>de</strong> expansores <strong>de</strong> <strong>tecido</strong> 3-8 .Figura 1 – Paciente do sexo f<strong>em</strong>inino, 36 anos. A: Aspecto préoperatório<strong>de</strong> esclero<strong>de</strong>rmia <strong>em</strong> <strong>golpe</strong> <strong>de</strong> <strong>sabre</strong>. B: Planejamentoper-operatório para avançamento do retalho expandido. C: Áreacruenta após ressecção da região comprometida pela esclero<strong>de</strong>rmia.D: Pós-operatório imediato. E: Pós-operatório <strong>de</strong> 30 dias.ACBDMÉTODONo período <strong>de</strong> 2002 a 2008, realizamos o tratamentocirúrgico <strong>de</strong> três pacientes portadores <strong>de</strong> esclero<strong>de</strong>rmia linearunilateral. Para tal, foram <strong>em</strong>pregados expansores <strong>de</strong> <strong>tecido</strong>.Dois pacientes eram do sexo masculino e um do f<strong>em</strong>inino,sendo que a ida<strong>de</strong> variou entre 8 e 36 anos. Todos os pacientesapresentavam doença estável.Os expansores utilizados foram selecio<strong>na</strong>dos <strong>de</strong> acordo coma área a ser tratada, levando-se <strong>em</strong> conta a curvatura da cabeça,a extensão da lesão e os volumes disponíveis <strong>de</strong> expansores.Sendo assim, optamos por expansores do tipo longitudi<strong>na</strong>lmentecurvo, com volume máximo <strong>de</strong> 400 ml (Silimed®).A fase <strong>de</strong> expansão iniciou-se a partir da segunda s<strong>em</strong>a<strong>na</strong><strong>de</strong> pós-operatório e foi realizada s<strong>em</strong>a<strong>na</strong>lmente por cerca <strong>de</strong>12 s<strong>em</strong>a<strong>na</strong>s. Não se ultrapassou o limite máximo <strong>de</strong> 400 mle as cirurgias foram indicadas a partir do momento <strong>em</strong> que alargura da área expandida (transversalmente) apresentava, pelomenos, duas vezes a largura da área a ser ressecada.RESULTADOSFigura 2 – Paciente com 8 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. A: Aspectopré-operatório. B: Pré-operatório imediato. C: Pós-operatórioimediato. D: Pós-operatório <strong>de</strong> 6 anos.AEBA paciente do sexo f<strong>em</strong>inino tinha sua lesão restrita aocouro cabeludo e os pacientes do sexo masculino apresentavamalterações que se estendiam do couro cabeludo à fronte.Não houve complicações ou intercorrências que interferiss<strong>em</strong>com o objetivo fi<strong>na</strong>l <strong>de</strong> retirada das lesões cutâneas.Os pacientes <strong>de</strong>monstraram satisfação com os resultados(Figuras 1 e 2). Um paciente apresentava ainda peque<strong>na</strong> lesãoresidual frontal, mas consi<strong>de</strong>rou-se satisfeito e recusou a realização<strong>de</strong> novo procedimento (Figura 3).O acompanhamento pós-operatório variou <strong>de</strong> 8 meses a10 anos.CDRev Bras Cir Craniomaxilofac 2012; 15(1): 10-211