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O efeito do tamanho de grão austenítico no número de orientações ...

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O <strong>efeito</strong> <strong>do</strong> <strong>tamanho</strong> <strong>de</strong> <strong>grão</strong> <strong>austenítico</strong> <strong>no</strong> <strong>número</strong> <strong>de</strong> <strong>orientações</strong>das variantes <strong>de</strong> martensita em ligas i<strong>no</strong>xidáveis com <strong>efeito</strong> <strong>de</strong>memória <strong>de</strong> formaJorge OtuboDoutor, Prof. Adjunto, ITA/CTA, jotubo@ita.brPaulo Roberto MeiDoutor, Prof. Titular, UNICAMP/FEM/DEMA, pmei@fem.unicamp.brNelson Batista <strong>de</strong> LimaDoutor, IPEN/CCTM, nblima@ipen.brMarilene Morelli SernaDoutor, CCTM/IPENEguiberto GallegoDoutor, CCTM/IPENResumoO Efeito <strong>de</strong> Memória <strong>de</strong> Forma em ligas i<strong>no</strong>xidáveis está associa<strong>do</strong> àtransformação martensítica não termoelástica γ (cfc) ↔ ε (hc).Trabalhos recentes <strong>do</strong> grupo têm <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> que o <strong>tamanho</strong> <strong>de</strong> <strong>grão</strong>da fase austenítica é um <strong>do</strong>s parâmetros importantes <strong>no</strong> grau <strong>de</strong>recuperação <strong>de</strong> forma bem como em outras proprieda<strong>de</strong>s como a tensão<strong>de</strong> escoamento, dureza e teor <strong>de</strong> martensita induzida. Usan<strong>do</strong> atécnica <strong>de</strong> EBSD, este trabalho mostra que além <strong>do</strong>s parâmetrosacima menciona<strong>do</strong>s, o <strong>número</strong> <strong>de</strong> <strong>orientações</strong> das variantes damartensita <strong>de</strong>cresce com o <strong>de</strong>créscimo <strong>do</strong> <strong>tamanho</strong> <strong>de</strong> <strong>grão</strong>.Palavra Chave: Ligas I<strong>no</strong>xidáveis, Tamanho <strong>de</strong> Grão, Efeito <strong>de</strong>Memória <strong>de</strong> Forma, Difração <strong>de</strong> Elétrons Retro­espalha<strong>do</strong>s, EBSDAbstractThe shape memory effect of stainless shape memory alloy isassociated to <strong>no</strong>n­thermolastic g (CFC) ↔ e (HCP) martensitictransformation. Recent results by authors group have <strong>de</strong>monstratedthat the parent austenite grain size is a important parameter onthe <strong>de</strong>gree of shape recovery and also in some others propertiessuch as yield stress, hardness and volume fraction of thermalmartensite. Using EBSD, this work shows that besi<strong>de</strong> the abovementioned parameters, the number of martensite variant orientationalso <strong>de</strong>pends on the grain size <strong>de</strong>creasing as the grain size<strong>de</strong>creases.Key Word: Stainless shape memory alloy, Grain size, Shape Memory,Electron Back Scattering Diffraction, EBSD


1. IntroduçãoO <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ligas i<strong>no</strong>xidáveis com <strong>efeito</strong> <strong>de</strong> memória <strong>de</strong>forma (EMF) iniciou­se na década <strong>de</strong> 90 basea<strong>do</strong>s em trabalhosanteriores sobre Fe­Mn e Fe­Mn­Si [Sato, 1982, 1986 e 1988, Enami,1975 e Shiming, 1991]. Em comum essas ligas apresentam atransformação martensítica não termoelástica γ (cfc) ↔ ε (hc) queé a base <strong>do</strong> EMF. A liga Fe­Mn­Si é uma liga <strong>de</strong> baixo custo comrecuperação <strong>de</strong> forma em tor<strong>no</strong> <strong>de</strong> 2% e portanto apenas razoável.Além disso, tem a <strong>de</strong>svantagem <strong>de</strong> difícil trabalhabilida<strong>de</strong> e baixaresistência à corrosão o que inviabiliza muitas aplicações. Nadécada <strong>de</strong> 90 iniciaram­se as pesquisas <strong>no</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ligasi<strong>no</strong>xidáveis <strong>no</strong> senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> sanar os problemas acima cita<strong>do</strong>s a umcusto razoável [Inagaki, 1992, Moriya, 1991 e Yang, 1992a, 1992b e1992c]. No Brasil, o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> ligas i<strong>no</strong>xidáveis com EMF iniciouseem mea<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 90 ten<strong>do</strong> gera<strong>do</strong> i<strong>número</strong>s trabalhos [Otubo, 1994a,1994b, 1995a, 1995b, 1996a, 1996b, 1996c, 1999 e 2002, Nascimento,1999, 2002 e 2003 e Bue<strong>no</strong>, 2006].Otubo, na sua tese <strong>de</strong> <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>, verificou que a recuperação <strong>de</strong>forma e outras proprieda<strong>de</strong>s mecânicas eram muito <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong><strong>tamanho</strong> <strong>de</strong> <strong>grão</strong>. Para um mesmo tratamento termomecânico, omaterial com <strong>tamanho</strong> <strong>de</strong> <strong>grão</strong> me<strong>no</strong>r sempre apresentava melhorrecuperação <strong>de</strong> forma. Para uma <strong>de</strong>formação inicial <strong>de</strong> 4% portração, a recuperação <strong>de</strong> forma <strong>do</strong> material com me<strong>no</strong>r <strong>tamanho</strong> <strong>de</strong><strong>grão</strong> era <strong>de</strong> praticamente 80% enquanto para a liga comgranulometria grosseira, a recuperação <strong>de</strong> forma, para a mesmaporcentagem <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação, era <strong>de</strong> 65%. Após alguns ciclos <strong>de</strong>treinamento, o primeiro apresentava uma recuperação <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>95%, comparável aos melhores resulta<strong>do</strong>s publica<strong>do</strong>s na literatura ea segunda <strong>de</strong> 90%, que também po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um bomresulta<strong>do</strong>. Posteriormente, para confirmar as hipóteses <strong>do</strong> <strong>efeito</strong><strong>do</strong> <strong>tamanho</strong> <strong>de</strong> <strong>grão</strong> nas proprieda<strong>de</strong>s acima citadas, uma série <strong>de</strong>trabalhos foram feitos, <strong>de</strong>sta feita fixan<strong>do</strong>­se a composiçãoquímica. Verificou­se que quanto me<strong>no</strong>r o <strong>tamanho</strong> <strong>de</strong> <strong>grão</strong>, maiorera a recuperação <strong>de</strong> forma após <strong>de</strong>formação e posterioraquecimento. A fração volumétrica da martensita ε induzidamecanicamente era tanto maior quanto me<strong>no</strong>r o <strong>tamanho</strong> <strong>de</strong> <strong>grão</strong> e queapós o aquecimento para recuperação <strong>de</strong> forma, a fração volumétricada martensita residual era tanto maior quanto maior o <strong>tamanho</strong> <strong>de</strong><strong>grão</strong>. Além disso, verificou­se que a tensão <strong>de</strong> escoamento a 0,2%<strong>de</strong> <strong>de</strong>formação <strong>de</strong>crescia com o <strong>de</strong>créscimo <strong>no</strong> <strong>tamanho</strong> <strong>de</strong> <strong>grão</strong>. Istoé, apresenta o comportamento inverso <strong>do</strong>s materiais convencionaisditadas pela equação <strong>de</strong> Hall­Pech. Estes fatos levam a concluirque a indução e a conseqüente reversão da martensita ε éfacilitada com a diminuição <strong>do</strong> <strong>tamanho</strong> <strong>de</strong> <strong>grão</strong> comprovan<strong>do</strong> ashipóteses iniciais [Nascimento, 2002 e 2003 e Otubo, 2002]. Nestetrabalho comprova­se a hipótese <strong>de</strong> que a facilida<strong>de</strong> ou não <strong>de</strong>induzir a martensita termicamente ou mecanicamente estárelacionada ao aparecimento ou não <strong>de</strong> diversas variantes <strong>de</strong>martensita <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um mesmo <strong>grão</strong> e que o <strong>número</strong> <strong>de</strong> variantes<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>tamanho</strong> <strong>de</strong> <strong>grão</strong>.


2. Procedimento ExperimentalPara este trabalho foram utilizadas duas composições: Amostra A– Fe­9Cr­5Ni­14Mn­5,5Si e amostra B – Fe­13Cr­6Ni­8Mn­5,5Si­12Co.Os lingotes <strong>de</strong> dimensões 65x65mm 2 foram elabora<strong>do</strong>s em um for<strong>no</strong> <strong>de</strong>indução a vácuo, aqueci<strong>do</strong>s a 1180°C/2h e forja<strong>do</strong>s a quente para40x40mm 2 , secciona<strong>do</strong>s longitudinalmente para 20x20mm 2 , reaqueci<strong>do</strong>sa 1100°C/1h e lamina<strong>do</strong>s a quente para vergalhão <strong>de</strong> 6x6mm 2 <strong>de</strong> cantosarre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong>s. Após a laminação, os vergalhões foram solubiliza<strong>do</strong>sa 1050°C por 40 minutos e resfria<strong>do</strong>s em água.Os materiais <strong>de</strong> partida para este trabalho são os vergalhões <strong>no</strong>esta<strong>do</strong> solubiliza<strong>do</strong> a 1040°C/40min. e amostras retiradas na suassecções transversais para análise microestrutural.Para análise metalográfica, as amostras foram polidas em pasta<strong>de</strong> diamante até 1µm, atacadas em solução <strong>de</strong> HNO 3 + HF + H 2 O.Posteriormente, para aumentar a fração volumétrica da martensita εinduzida termicamente, as amostras foram imersas em nitrogêniolíqui<strong>do</strong> por 1h e polidas em sílica coloidal para difração <strong>de</strong> raiosX e análise por elétrons retro­espalha<strong>do</strong>s.A difração <strong>de</strong> raios X para <strong>de</strong>terminação das frações volumétricasdas fases γ e ε foi realizada em um difratômetro Rigaku, mo<strong>de</strong>loMulitplex com radiação CuKα com mo<strong>no</strong>croma<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Si.A análise por difração <strong>de</strong> elétrons retro­espalha<strong>do</strong>s foirealizada com sistema <strong>de</strong> aquisição e i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>pela TexSEM Laboratories Inc e acopla<strong>do</strong> ao microscópio <strong>de</strong>varredura mo<strong>de</strong>lo XL­30 da Fei­Philips utilizan<strong>do</strong> tensão <strong>de</strong>aceleração <strong>de</strong> 20kV. A varredura para amostra A foi <strong>de</strong> 1µm/passocom a média <strong>de</strong> índice <strong>de</strong> confiança da imagem <strong>de</strong> 0,33 e média <strong>de</strong>índice <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 107.96 e para a amostra B foi <strong>de</strong> 2µm/passocom a média <strong>de</strong> índice <strong>de</strong> confiança da imagem <strong>de</strong> 0,58 e média <strong>de</strong>índice <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 140,32.3. Resulta<strong>do</strong>s e discussõesAs figuras 1 e 2 apresentam micrografias <strong>de</strong> amostrassimplesmente solubilizadas a 1050°C por 40 minutos com <strong>tamanho</strong>médio <strong>de</strong> <strong>grão</strong>s <strong>de</strong> 60µm e 180µm respectivamente para as amostras Ae B, evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> uma primeira diferença. A amostra A é aquela queem trabalhos anteriores sempre apresentou melhor recuperação <strong>de</strong>forma em comparação com a amostra B para um mesmo tratamentotermomecânico. Resulta<strong>do</strong>s anteriores mostraram que as fraçõesvolumétricas medidas por difração <strong>de</strong> raios X da martensita ε eram<strong>de</strong> 5% e 3% respectivamente para as amostras A e B [Otubo, 1996c].


A figura 3 apresenta imagens <strong>de</strong> elétrons retro­espalha<strong>do</strong>s para aamostra A, após imersão em nitrogênio líqui<strong>do</strong> por uma hora,apresentan<strong>do</strong> fração volumétrica <strong>de</strong> martensita ε induzidatermicamente <strong>de</strong> 67% e austenita γ residual <strong>de</strong> 33% medida pordifração <strong>de</strong> raios X. As fases ε (hc) e γ (cfc) estão tambémindicadas simbolicamente com suas respectivas <strong>orientações</strong>. Afigura 4 correspon<strong>de</strong> à amostra B cujo teor <strong>de</strong> martensita εinduzida termicamente é da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 22% e austenita nãotransformada <strong>de</strong> 78%, <strong>de</strong><strong>no</strong>tan<strong>do</strong> uma segunda gran<strong>de</strong> diferença. Istoé, material <strong>de</strong> granulometria mais fina, amostra A, com <strong>tamanho</strong> <strong>de</strong><strong>grão</strong> médio <strong>de</strong> 60µm apresenta uma transformação martensítica muitomais pronunciada que a amostra B. Uma terceira observação, objeto<strong>de</strong>sse trabalho, se refere aos mo<strong>do</strong>s da transformação martensítica.Como previsto anteriormente [Otubo, 2002], na amostra A quan<strong>do</strong> um<strong>grão</strong> se transforma, a transformação é geralmente completa e o <strong>grão</strong>como um to<strong>do</strong> apresenta orientação única, isto é, uma únicavariante <strong>de</strong> martensita aparece como indica<strong>do</strong> pela coloraçãouniforme. Já a amostra B, <strong>de</strong> granulometria mais grossseira, com<strong>tamanho</strong> <strong>de</strong> <strong>grão</strong> médio <strong>de</strong> 180µm, além <strong>de</strong> induzir me<strong>no</strong>s martensita,quan<strong>do</strong> induz, apresenta diversas variantes num mesmo <strong>grão</strong>,principalmente naqueles maiores. Por exemplo, o <strong>grão</strong> <strong>de</strong> coralaranjada, próximo ao canto superior direito, com dimensão maiorda or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 200µm, apresenta três variantes <strong>de</strong> martensita <strong>de</strong> coreslilás, rosa e vermelha e com fun<strong>do</strong> alaranja<strong>do</strong> <strong>de</strong> austenita nãotransformada com as respectivas estruturas cristalinas associadas.Alem disso, as variantes <strong>de</strong> martensita ε não “varrem” toda aextensão <strong>do</strong> <strong>grão</strong> e apresentam­se truncadas. Outros <strong>grão</strong>s maiores,<strong>de</strong>ssa mesma amostra, apresentam também diversas variantes <strong>de</strong>martensita em direções diferenciadas e truncadas. Poucas são asvariantes <strong>de</strong> martensita que atravessam <strong>de</strong> um contor<strong>no</strong> a outro. Poroutro la<strong>do</strong>, a amostra A, cujo maior <strong>grão</strong> (na área analisada), <strong>de</strong>cor lilás localizada na região central inferior, <strong>de</strong> dimensões daor<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 45µm, apresenta­se completamente transformada e com umaúnica orientação (cor única). O <strong>grão</strong> vizinho superior, um poucome<strong>no</strong>r, apresenta duas variantes <strong>de</strong> martensita (lilás escura erosa) esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>­se praticamente <strong>de</strong> um contor<strong>no</strong> a outro. Outros<strong>grão</strong>s me<strong>no</strong>res nesta mesma amostra apresentam­se completamentetransformadas, cada uma com uma única orientação. Um outro fatoque po<strong>de</strong> ser observa<strong>do</strong>, a partir das figuras geométricas daestrutura cristalina associada, é a relação <strong>de</strong> orientação entre asduas fases γ (cfc) e ε (hc). A interface entre as duas fasesapresenta a relação <strong>de</strong> Shoji­Nishiyama, ou seja, a direção//, isto é, o pla<strong>no</strong> {111} da estrutura CFC coinci<strong>de</strong> como pla<strong>no</strong> basal {0001} da estrutura HC justifican<strong>do</strong> a formação daestrutura hexagonal a partir da estrutura CFC através da passagemdas discordâncias parciais <strong>de</strong> Schockley a cada <strong>do</strong>is pla<strong>no</strong>satômicos [Nishiyama, 1978].


Figura 1. Amostra A,1050°C/40min.; TG=60µmFigura 2. Amostra B,1050°C/40min.; TG=180µm.Figura 2. Amostra A, imagens <strong>de</strong> elétrons retroespalha<strong>do</strong>s,Tamanho <strong>de</strong> Grão 60µ


Figura 4. Amostra B, imagem <strong>de</strong> elétrons retroespalha<strong>do</strong>s,<strong>tamanho</strong> <strong>grão</strong> 180µmEm trabalhos anteriores havia si<strong>do</strong> mostra<strong>do</strong> que materiais comgranulometria mais fina comparadas àquelas com granulometriagrosseira apresentavam: (1) a tensão <strong>de</strong> escoamento a 0,2% <strong>de</strong><strong>de</strong>formação (tensão necessária para induzir a martensita emecanicamente) era tanto me<strong>no</strong>r quanto me<strong>no</strong>r o <strong>tamanho</strong> <strong>de</strong> <strong>grão</strong>; (2)a fração volumétrica da martensita ε induzida mecanicamente parauma mesma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação macroscópica era tanto maiorquanto me<strong>no</strong>r o <strong>tamanho</strong> <strong>de</strong> <strong>grão</strong> e que a reversão <strong>de</strong>sta martensita<strong>no</strong> aquecimento (para recuperação <strong>de</strong> forma) era tanto maior quanto


me<strong>no</strong>r o <strong>tamanho</strong> <strong>de</strong> <strong>grão</strong> e (3) sem contar o <strong>efeito</strong> <strong>do</strong> treinamento,tinha­se uma recuperação <strong>de</strong> forma, após 4% <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação portração e posterior aquecimento, <strong>de</strong> praticamente 80% e 65%respectivamente para as amostras A e B [Otubo, 1995a, 1995b,1996c, 2002 e Nascimento, 2002]. A esses da<strong>do</strong>s vem se somar osda<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s neste trabalho mostran<strong>do</strong> que a amostra A comgranulometria me<strong>no</strong>r (média <strong>de</strong> 60µm) apresenta fração <strong>de</strong> martensitatérmica induzida termicamente, após imersão em nitrogênio líqui<strong>do</strong>,3 vezes superior que a amostra B <strong>de</strong> granulometria grosseira (média<strong>de</strong> 180µm). Ogawa e Kajiwara [Ogawa, 1993] trabalhan<strong>do</strong> com ligasimilar a amostra A, através <strong>de</strong> um tratamento termomecânicoespecial, obteve recuperação <strong>de</strong> forma <strong>de</strong> 80% após <strong>de</strong>formação <strong>de</strong> 4%por tração e atribuiu o bom resulta<strong>do</strong> à formação <strong>de</strong> falhas <strong>de</strong>empilhamento <strong>de</strong> estrutura hc, em escala na<strong>no</strong>métrica, espalha<strong>do</strong>s <strong>de</strong>maneira uniforme <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> <strong>grão</strong> que funcionariam como núcleos <strong>de</strong>estrutura hc durante a <strong>de</strong>formação mecânica. Otubo, trabalhan<strong>do</strong> comamostras simplesmente solubilizadas, sem o tratamentotermomecânico especial cita<strong>do</strong> por Ogawa e Kajiwara, obteve osmesmos resulta<strong>do</strong>s para a amostra A. Uma das razões para esse bom<strong>de</strong>sempenho, além da composição química, seria a amostra Aapresentar granulometria fina [Otubo, 1996c]. Posteriormente,fixan<strong>do</strong>­se a composição química e varian<strong>do</strong>­se a granulometria <strong>do</strong>material, para uma amostra com adição <strong>de</strong> cobalto, semelhante àamostra B, os resulta<strong>do</strong>s se repetiram, isto é, amostras comgranulometria mais fina apresentaram melhores resulta<strong>do</strong>s em termos<strong>de</strong> indução da martensita mecanicamente, melhor recuperação <strong>de</strong>forma, etc. [Nascimento, 2002].A transformação martensítica direta se dá pela movimentação dasdiscordâncias parciais <strong>de</strong> Shockley que geram <strong>de</strong>formações <strong>de</strong>cisalhamento que <strong>de</strong>vem ser acomodadas elasticamente <strong>no</strong>s contor<strong>no</strong>s<strong>de</strong> <strong>grão</strong>. Essa acomodação po<strong>de</strong> ser favorecida em amostras comgranulometria mais fina que disponibiliza maior área superficial.Além disso, para que a transformação ocorra, as parciais <strong>de</strong>Shockley <strong>de</strong>vem percorrer <strong>de</strong> um contor<strong>no</strong> a outro e se varrerlateralmente. Segun<strong>do</strong> Otubo, quanto me<strong>no</strong>r o <strong>tamanho</strong> <strong>de</strong> <strong>grão</strong>, me<strong>no</strong>ré distância que as parciais <strong>de</strong> Shockley <strong>de</strong>vem percorrer paraatingir os contor<strong>no</strong>s <strong>de</strong> <strong>grão</strong>s. Se a granulometria é grosseira, adistância a ser percorrida pelas parciais <strong>de</strong> Shockley é maior emuitas vezes, é energeticamente favorável nuclear uma outravariante para aliviar a tensão <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação gerada pelatransformação [Otubo, 2002]. Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s neste trabalhocomprovam essas hipóteses preliminares. A amostra A, comgranulometria média <strong>de</strong> 60µm, apresenta­se com quase 70% <strong>de</strong>martensita induzida termicamente, com a maioria <strong>do</strong>s <strong>grão</strong>sapresentan<strong>do</strong> variante com orientação única enquanto, aquela comgranulometria grosseira, amostra B com 180µm, apresenta <strong>grão</strong>s,principalmente os maiores, com várias variantes <strong>de</strong> martensita <strong>de</strong>diferentes <strong>orientações</strong> e, muitas vezes sem atingir o contor<strong>no</strong> <strong>de</strong><strong>grão</strong>. Além disso, a fração volumétrica <strong>de</strong> martensita induzidatermicamente foi apenas <strong>de</strong> 22%. Po<strong>de</strong>­se concluir, portanto, quegranulometria fina favorece o movimento <strong>de</strong> ida e volta dasdiscordâncias parciais <strong>de</strong> Shockley, portanto, favorecen<strong>do</strong> umamelhor recuperação <strong>de</strong> forma.


4. ConclusõesUtilizan<strong>do</strong> a técnica <strong>de</strong> retro­espalhamento <strong>de</strong> elétrons,microscopia ótica e difração <strong>de</strong> raios X, pô<strong>de</strong>­se complementar ecomprovar hipóteses levantadas em trabalhos anteriores explican<strong>do</strong>as razões <strong>do</strong> melhor ou pior <strong>de</strong>sempenho em termos <strong>de</strong> <strong>efeito</strong> <strong>de</strong>memória <strong>de</strong> forma em função <strong>do</strong> <strong>tamanho</strong> <strong>de</strong> <strong>grão</strong> <strong>do</strong> material.Amostra <strong>de</strong> granulometria mais fina, amostra A, apresentou fraçãovolumétrica <strong>de</strong> martensita ε induzida termicamente por imersão emnitrogênio líqui<strong>do</strong> <strong>de</strong> 67% contra 22% da amostra B <strong>de</strong> granulometriamais grosseira.Dentro <strong>de</strong> um mesmo <strong>grão</strong>, quan<strong>do</strong> ocorre, a transformaçãomartensítica geralmente é completa e com a variante apresentan<strong>do</strong>uma única orientação para material com granulometria fina enquantoaquela com granulometria grosseira, quan<strong>do</strong> se transforma, aparecemvárias variantes e as mesmas muitas vezes são truncadas nãoalcançan<strong>do</strong> o contor<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>grão</strong>.Observou­se também que a interface austenita martensita obe<strong>de</strong>cea relação <strong>de</strong> Shoji­Nishiyama, ou seja, //. Amovimentação <strong>de</strong>ssa interface faz aparecer ou <strong>de</strong>saparecer a fasemartensítica, seja ela induzida termica ou mecanicamente.Agra<strong>de</strong>cimentosÀ FAPEPSP pelo apoio financeiro a esse projeto, processo00/09730­1, CT INFRA 03/2003, CT PROINFRA 01/2005/153.Ao CNPq, à Villares Metals SA, à UNICAMP e ao CTA/ITA pelo apoioao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ligas com Efeito <strong>de</strong> Memória <strong>de</strong> Forma.ReferênciasBue<strong>no</strong>, J. C., Nascimento, F. C., Otubo, J., Lepienski, C. M., andMei, P. R.; 2006, “Phase i<strong>de</strong>ntification by optical metallographywith na<strong>no</strong>in<strong>de</strong>ntation in stainless shape memory alloys”, Advancesin Materials and Processing Tech<strong>no</strong>logies – AMPT 2006, July 30 –August 03, 2006, Las Vegas, Nevada, USA.Enami, K., Nagasawa, A. e Nen<strong>no</strong>, S.; “Reversible shape memoryeffect in Fe­base alloys”, Scripta Metallurgica, 9, 941­948,1975.


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