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A Questão Democrática, 2010. - Instituto de Humanidades

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4 6Os Tigres Asiáticos e a moral confucianaPara <strong>de</strong>senvolver pesquisas sobre o que <strong>de</strong>nominou <strong>de</strong> "culturaeconômica", Peter Berger - o festejado autor <strong>de</strong> A revolução capitalista - criou naUniversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Boston o Institute for the Study of Economic Culture. Oconjunto das pesquisas <strong>de</strong>senvolvidas pelo <strong>Instituto</strong> foram resumidas na obra TheCulture of Entrepreneurship (San Francisco, ICS Press, 1991). Abrangeramvárias partes do mundo. Neste tópico, registrarei os resultados relativos aosTigres Asiáticos.A primeira constatação do <strong>Instituto</strong> consistiu em dar-se conta <strong>de</strong> que ali<strong>de</strong>rança dos empreendimentos estava em mãos dos chineses. Segundo dadosdivulgados pelo <strong>Instituto</strong> Internacional <strong>de</strong> Geopolítica, acerca do que veio a ser<strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> diáspora chinesa - fuga do país <strong>de</strong>pois da vitória dos comunistas -, nos primeiros anos da década <strong>de</strong> noventa havia no Su<strong>de</strong>ste Asiático 21 milhões<strong>de</strong> chineses (sem contar Taiwan e Hongkong), achando-se as maioresconcentrações na Indonésia (6 milhões), Tailândia (5 milhões) e Malásia (5milhões), correspon<strong>de</strong>ndo respectivamente a 4%, 10,3% e 33,3% das populaçõesdaqueles países. Em Cingapura, os chineses são mais <strong>de</strong> 70% (1,9 milhões). Oschineses emigrados para os Estados Unidos, no mesmo período, são 2 milhões;450 mil para o Canadá e 300 mil para a América Latina. A Europa recebeu 550mil.No Su<strong>de</strong>ste Asiático, em cerca <strong>de</strong> três décadas, os chineses passaramsucessivamente da agricultura para o comércio e <strong>de</strong>ste para a indústria e osistema financeiro. Naquela região (ainda com exclusão <strong>de</strong> Taiwan e <strong>de</strong>Hongkong), mais <strong>de</strong> cem bancos são inteira ou parcialmente controlados porchineses da diáspora. Banqueiros chineses sediados em Cingapura encontram-seentre os maiores do mundo. Chineses da diáspora <strong>de</strong>têm entre 60 e 70% do capitalprivado da Indonésia e da Malásia e pelo menos 90% dos investimentosindustriais na Tailândia. A mesma gente formou cerca <strong>de</strong> 60 conglomerados, cadaum faturando anualmente alguns bilhões <strong>de</strong> dólares. Tomados em conjunto, oschineses da diáspora e os <strong>de</strong> Taiwan e Hongkong respon<strong>de</strong>m por 50% do conjuntodos investimentos estrangeiros realizados na China Continental <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a abertura<strong>de</strong>sta para o exterior. Estima-se em US$ 25 bilhões os investimentos fixos quehaviam realizado na antiga pátria até 1994.O <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Peter Berger montou uma vasta pesquisa para entrevistaressa li<strong>de</strong>rança chinesa nos diversos países e não apenas no Su<strong>de</strong>ste Asiático.Verificou-se <strong>de</strong> pronto uma distinção básica entre a nossa moralida<strong>de</strong> oci<strong>de</strong>ntal eas dos chineses. Esta é basicamente <strong>de</strong> natureza familiar. Assim, encaminharam oinquérito na direção das famílias. A conclusão central é <strong>de</strong> que as diversasfamílias teriam em comum a religião <strong>de</strong> Confúcio, tornando-se patente que estafavorece a acumulação capitalista e o espírito empresarial. Do conjunto dainvestigação efetivada, o <strong>Instituto</strong> para o Estudo da Cultura Econômica extraiesta conclusão: "Não há <strong>de</strong>senvolvimento sem empresários; não há empresáriossem gran<strong>de</strong>s mudanças <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m moral; não há moral sem religião." Assim, faltouà África, <strong>de</strong> um modo geral, bem como aos outros países asiáticos, uma basemoral compatível com o <strong>de</strong>senvolvimento econômico.Esclareça-se que os relatórios do mencionado <strong>Instituto</strong> não minimizamo papel das políticas públicas no <strong>de</strong>senvolvimento dos Tigres Asiáticos. Mas<strong>de</strong>staca também que o Estado somente interferiu no processo para ajudar aosempresários, não tendo absorvido funções na esfera produtiva, como se <strong>de</strong>u no

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