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A Questão Democrática, 2010. - Instituto de Humanidades

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4 4(7) Não tendo chegado a ser editado, Simon Schwartzman ocupou-se <strong>de</strong>fazê-lo: Estado Novo - um auto-retrato )arquivo Gustavo Capanema). Brasília,CPDOC/FGCV, Editora UnB, 1983.Transcrito <strong>de</strong> Curso <strong>de</strong> Direito Tributário e Finanças Públicas. SãoPaulo, Editora Saraiva, p.231- 242.ESTUDOS RECENTES SOBRE MUDANÇA SOCIALNo Brasil, o tema da mudança social nunca é discutido com a <strong>de</strong>vidaamplitu<strong>de</strong>. Atribuo a circunstância à persistente e insuperada influênciapositivista marxista, que reduz a questão ao seu aspecto político, supondo quepo<strong>de</strong>ria ser comprovada a tese <strong>de</strong> que as "revoluções" reduzem-se às situações emque se dá alternância <strong>de</strong> classe no po<strong>de</strong>r. Acredito que a simples indicação dosestudos recentes acerca do tema enunciado servirá para sugerir a pobreza dareferida postulação.Des<strong>de</strong> fins do século XVIII e começos do seguinte difun<strong>de</strong>-se a crençana possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma ciência relativa ao comportamento social (o termosociologia é bem posterior; falava-se então <strong>de</strong> ciência moral). A linhagemfrancesa (Condorcet 1743/1794 - Saint Simon 1675/1755 - Comte 1798/1857)encaminhou-se no sentido da reforma social, <strong>de</strong>sinteressando-se da medida, notadistintiva da física mo<strong>de</strong>rna que se <strong>de</strong>seja imitar, aplicando-a ao mundo social afim <strong>de</strong> <strong>de</strong>svendar seus segredos. Os ingleses, contudo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Jeremy Bentham(1748/1832), insistiram nessa dimensão do conhecimento, com a inrermediação damedida. É possível explicar a diferença, em relação aos franceses, pelo contextoprotestante da Inglaterra. As socieda<strong>de</strong>s protestantes inventaram o que seconvencionou <strong>de</strong>nominar <strong>de</strong> moral social <strong>de</strong> tipo consensual. Como o<strong>de</strong>senvolvimento do protestantismo <strong>de</strong>u-se no sentido <strong>de</strong> multiplicar o número <strong>de</strong>igrejas, sendo praticamente impossível que uma <strong>de</strong>las - mesmo dispondo dacondição <strong>de</strong> religião oficial - lograsse impor ás <strong>de</strong>mais regras <strong>de</strong> comportamentosocial, as questões nucleares e suas mudanças acabaram sendo negociadas. Só sepassa ao direito (imposição daquelas regras) quando há suficiente consenso parasuportá-lo. Subjacente a tal comportamento encontra-se a suposição <strong>de</strong> que todaação eficaz (útil) acaba por ser benéfica à socieda<strong>de</strong>.(1)Somente levando em conta esse contexto histórico po<strong>de</strong>-secompreen<strong>de</strong>r o direcionamento seguido pela corrente filosófica batizada <strong>de</strong>utilitarismo. Esta, a partir <strong>de</strong> Bentham, com vistas à felicida<strong>de</strong> geral, trata <strong>de</strong><strong>de</strong>terminar que óbices à eficácia (utilida<strong>de</strong>) das ações <strong>de</strong>vem ser eliminados.Behtham acreditava na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transformar a ética numa ciência positivada conduta humana, tão exata como a matemática. Sua atuação, voltada sobretudocontra a onipotência do Estado (em que via o principal <strong>de</strong>ntre os óbices), resultadaquela compreensão. Sendo a felicida<strong>de</strong> geral resultado <strong>de</strong> um cálculohedonístico - cuja efetivação consi<strong>de</strong>rava possível, tendo <strong>de</strong>ixado diversasindicações da maneira <strong>de</strong> realizá-lo - somente a experiência po<strong>de</strong> comprovar se asinstituições e as leis aten<strong>de</strong>m aos objetivos a que se propõem. Por isto o direito àlivre discussão e crítica é essencial à socieda<strong>de</strong>. Bentham negava que se pu<strong>de</strong>ssecomprovar historicamente a existência <strong>de</strong> um contrato originário entre o príncipe

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