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A Questão Democrática, 2010. - Instituto de Humanidades

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3 6ocorrido na Europa, oportunida<strong>de</strong> em que tentei respon<strong>de</strong>r a esta pergunta: O<strong>de</strong>clínio dos Partidos Liberais afeta a doutrina liberal? (Cf. O liberalismocontemporâneo. 3ª edição. Londrina, Edições Humanida<strong>de</strong>s, 2007, págs.442-458)REDIRECIONAR O DEBATE SOBRE FEDERALISMO1. Encaminhamento dado à discussãoEntendo que a questão do fe<strong>de</strong>ralismo brasileiro tem <strong>de</strong> ser discutidaem termos políticos e não jurídicos. Para tanto, cumpre reconhecer que a unida<strong>de</strong>nacional é uma conquista substancial a ser preservada. Se é assim, não cabeexaltar a Confe<strong>de</strong>ração do Equador, como se tem insistido em Pernambuco, ou aRevolução Farroupilha, até hoje exaltada no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. Erammovimentos abertamente separatistas. Aqueles que os exaltam nunca conseguiram<strong>de</strong>monstrar a existência <strong>de</strong> aspiração fe<strong>de</strong>ralista generalizada sob o Império.Nesse pressuposto, qual <strong>de</strong>veria ser a nossa pauta <strong>de</strong> discussão?Parece-me que, em primeiro lugar, cumpriria esclarecer como foi possível, noSegundo Reinado, atravessarmos cerca <strong>de</strong> meio século <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> política.Nunca mais tivemos período tão largo sem golpes <strong>de</strong> Estado, insurreiçõesmilitares, presos políticos, tudo isto preservadas as liberda<strong>de</strong>s fundamentais, acomeçar da liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> imprensa.O contraste com o período republicano é flagrante.Nas quatro primeiras décadas, sob a chamada República Velha,voltaram as guerras civis e a paz política foi alcançada com o sacrifício dalegitimida<strong>de</strong> da representação, a fim <strong>de</strong> consagrar sistema <strong>de</strong> partido único,sustentado por sucessivos estados <strong>de</strong> sítio.Seguiram-se uma insurreição militar e a <strong>de</strong>rrubada do governo(Revolução <strong>de</strong> 30), <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m política generalizada que <strong>de</strong>semboca na ditadura doEstado Novo, quando pela primeira vez na história republicana o Congresso foifechado. Depois <strong>de</strong> breve interregno <strong>de</strong>mocrático, vinte anos <strong>de</strong> governosmilitares que, se não tiveram força para suprimir o Congresso, eliminaram asliberda<strong>de</strong>s fundamentais.Balanço da história: nos cerca <strong>de</strong> 120 anos <strong>de</strong> República, temos apenasum terço <strong>de</strong> convivência <strong>de</strong>mocrática (19 no interregno <strong>de</strong>mocrático 45/64 mais21 do atual ciclo pós-85).Dentro em breve completaremos 200 anos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as primeiras eleiçõesno território nacional. E até hoje não conseguimos consolidar o sistema<strong>de</strong>mocrático-representativo. A meu ver, enganam-se os que afirmam o contrário.Estamos repetindo o erro do interregno pós-Estado Novo: construir <strong>de</strong>mocraciasem partidos políticos.Será que nosso <strong>de</strong>sconforto com a <strong>de</strong>mocracia <strong>de</strong>corre da centralizaçãoe da correlata incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construir sistema fe<strong>de</strong>ral digno do nome?

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