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A Questão Democrática, 2010. - Instituto de Humanidades

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3 0<strong>de</strong>trimento dos acionistas. A gran<strong>de</strong> celeuma provocada por aquela atitu<strong>de</strong>expressa bem que o capitalismo não agiu por inspiração moral.Adicionalmente, as pessoas têm aptidões que não se apren<strong>de</strong>m naescola. As habilida<strong>de</strong>s constituem um dom natural. Uns têm boa audição, quedapara a música ou aprendizado <strong>de</strong> línguas. Outros, habilida<strong>de</strong>s manuais; nessamatéria, muitos são simplesmente <strong>de</strong>sastrados. E assim por diante.Algumas <strong>de</strong>ssas aptidões distinguem os empreen<strong>de</strong>dores, notadamentea criativida<strong>de</strong> e a disposição <strong>de</strong> correr riscos. Estudiosos chamam a atenção parao papel que teria <strong>de</strong>sempenhado, na emergência da Revolução Industrial, odispositivo legal consagrador da proprieda<strong>de</strong> dos inventos. Por tudo isto, oprogresso material não po<strong>de</strong> prescindir da existência <strong>de</strong> condições estimuladorasda inventivida<strong>de</strong>.Do que prece<strong>de</strong>, toda tentativa <strong>de</strong> impor igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> resultados achasefadada ao fracasso. Pela razão muito simples <strong>de</strong> que a socieda<strong>de</strong> que a adoteprivar-se-á da presença <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dores, con<strong>de</strong>nando a respectiva população apadrões <strong>de</strong> renda mesquinhos, como se verificou na Rússia Soviética.Na atualida<strong>de</strong>, no Oci<strong>de</strong>nte, nenhuma organização política respeitáveladvoga abertamente a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> resultados. O máximo que se permitem seussimpatizantes é insistir em que o capitalismo norte-americano é odioso, cabendoà Europa <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a todo custo o Estado Protetor. Mas, ao fazê-lo, recomenda-seque ajam com cautela a fim <strong>de</strong> não matar a galinha dos ovos <strong>de</strong> ouro, isto é, aprodutivida<strong>de</strong> da empresa privada. A mesma prudência é requerida na manutenção<strong>de</strong> empresas estatais, limitada a alguns setores, por essa ou aquela razão. Afinal<strong>de</strong> contas, as ferrovias francesas funcionam maravilhosamente. Trata-senaturalmente <strong>de</strong> uma caricatura, mas não é difícil nela enxergar um retratopróximo do que seria o PS Francês.Se insistirem em tais subterfúgios para ven<strong>de</strong>r alguma forma <strong>de</strong>igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> resultados, não seria absurdo prognosticar que os socialistasfranceses vão acabar falando sozinhos.No <strong>de</strong>sdobramento da aproximação do socialismo ao liberalismo - <strong>de</strong>que resultou a proclamação da social <strong>de</strong>mocracia, como proposta distinta dosocialismo originário, no Congresso <strong>de</strong> Bad Godsberg (1959) do PSD Alemão - ospartidários da terceira via proclamam sua a<strong>de</strong>são à igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s,como se po<strong>de</strong> ver na última obra <strong>de</strong> Gid<strong>de</strong>ns <strong>de</strong>dicada ao tema (A terceira via eseus críticos; ed. Inglesa: London, Polity Press, 2000).De modo que, na discussão política recente em torno da igualda<strong>de</strong>, nãose tem notícia <strong>de</strong> que esteja sendo confrontada à liberda<strong>de</strong>.3. Os próprios partidários da dicotomia tratam <strong>de</strong> relativizá-laO pensador brasileiro Hélio Jaguaribe, <strong>de</strong>stacado representante dasocial-<strong>de</strong>mocracia em seu país natal teria oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> afirmar o seguinte:"Em diversas condições históricas, como por exemplo na crise da República <strong>de</strong>Weimar, durante o conflito final entre comunismo e nazismo, as posições <strong>de</strong>esquerda e direita eram diametralmente incompatíveis. No curso mais recente dahistória, como exemplifica o caso da Alemanha pós-guerra, essas duas posiçõesse aproximam muito e, <strong>de</strong> reciprocamente exclu<strong>de</strong>ntes, tornaram-secomplementares, embora em diferentes níveis <strong>de</strong> priorização. A esquerda mo<strong>de</strong>rnavisa ao máximo <strong>de</strong> bem-estar social, com o <strong>de</strong>corrente intento <strong>de</strong> minimização dasdiferenças sociais, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> condições compatíveis com a satisfatóriapreservação da competitivida<strong>de</strong> internacional da respectiva socieda<strong>de</strong>. A direita

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