uma elite. Há também o chamado po<strong>de</strong>r invisível (menciona máfias,organizações secretas <strong>de</strong> particulares e mesmo serviços secretos oficiais,ambas infensas a qualquer tipo <strong>de</strong> controle). Tampouco se conseguiu educarplenamente o cidadão, sobrevivendo apatia política e <strong>de</strong>sinteresse pela coisapública. O <strong>de</strong>senvolvimento da socieda<strong>de</strong> trouxe problemas que somentetécnicos e especialistas po<strong>de</strong>m resolver. Verificou-se também crescimentocontínuo dos aparelhos burocráticos. Finalmente, as liberda<strong>de</strong>s e aautonomia da socieda<strong>de</strong> civil elevaram o nível das <strong>de</strong>mandas sociaisenquanto o aparelho político <strong>de</strong>mocrático age <strong>de</strong> forma lenta: "a <strong>de</strong>mocraciatem a <strong>de</strong>manda fácil e a resposta difícil; a autocracia, ao contrário, está emcondições <strong>de</strong> tornar a <strong>de</strong>manda mais difícil e dispõe <strong>de</strong> maior facilida<strong>de</strong>para dar respostas". Segue-se a avaliação:"Pois bem, a minha conclusão é que as promessas não cumpridas eos obstáculos não-previstos <strong>de</strong> que me ocupei não foram suficientes para"transformar" os regimes <strong>de</strong>mocráticos em regimes autocráticos. Adiferença substancial entre uns e outros permaneceu. O conteúdo mínimo doestado <strong>de</strong>mocrático não encolheu: garantia dos principais direitos <strong>de</strong>liberda<strong>de</strong>; existência <strong>de</strong> vários partidos em concorrência entre si; eleiçõesperiódicas a sufrágio universal, <strong>de</strong>cisões coletivas ou concordadas ... outomadas com base no princípio da maioria e, <strong>de</strong> qualquer modo sempre apósum livre <strong>de</strong>bate entre as partes ou entre os aliados <strong>de</strong> uma coalizão egoverno. Existem <strong>de</strong>mocracias mais sólidas e menos sólidas, maisinvulneráveis e mais vulneráveis; existem diversos graus <strong>de</strong> aproximaçãocom o mo<strong>de</strong>lo i<strong>de</strong>al, mas mesmo a <strong>de</strong>mocracia mais distante do mo<strong>de</strong>lo nãopo<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> modo algum confundida com um estado autocrático e menosainda com um totalitário".Explicita que se havia ocupado <strong>de</strong> problemas internos. Quanto àsameaças externas à <strong>de</strong>mocracia, lembra que não se registram guerras entreEstados <strong>de</strong>mocráticos.Antes <strong>de</strong> concluir, Bobbio consi<strong>de</strong>ra ainda a suposição <strong>de</strong> que,sendo a <strong>de</strong>mocracia um conjunto <strong>de</strong> procedimentos, não dispõe <strong>de</strong> apeloscapazes <strong>de</strong> fomentar o aparecimento <strong>de</strong> cidadãos ativos. Na verda<strong>de</strong>,entretanto, a <strong>de</strong>mocracia promoveu e promove i<strong>de</strong>ais com que não contou ahumanida<strong>de</strong> ao longo <strong>de</strong> sua história. O primeiro <strong>de</strong>les é a tolerância e, osegundo, a não-violência. Afirma: "Jamais esqueci o ensinamento <strong>de</strong> KarlPopper segundo o qual o que distingue essencialmente um governo<strong>de</strong>mocrático <strong>de</strong> um não-<strong>de</strong>mocrático é que apenas no primeiro os cidadãospo<strong>de</strong>m livrar-se <strong>de</strong> seus governantes sem <strong>de</strong>rramamento <strong>de</strong> sangue." Assim,o adversário <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser um inimigo (que <strong>de</strong>ve ser eliminado) passando adispor da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> chegar ao governo.O terceiro i<strong>de</strong>al consiste na renovação gradual da socieda<strong>de</strong>através do <strong>de</strong>bate das idéias. Explicita: "Apenas a <strong>de</strong>mocracia permite aformação e a expansão das revoluções silenciosas, como foi por exemplonestas últimas décadas a transformação das relações entre os sexos - quetalvez seja a maior revolução dos nossos tempos".Finalmente, o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> fraternida<strong>de</strong>: "gran<strong>de</strong> parte da históriahumana é uma história <strong>de</strong> lutas fratricidas. Na sua Filosofia da História,2 6
2 7Hegel <strong>de</strong>fine a história como "um imenso matadouro". Po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>smentilo?E prossegue: "Em nenhum país do mundo o método <strong>de</strong>mocrático po<strong>de</strong>perdurar sem tornar-se um costume".Referências BibliográficasBOBBIO, Norberto. O futuro da <strong>de</strong>mocracia (1984). Traduçãobrasileira, rio <strong>de</strong> Janeiro, Paz e Terra, 1986.COSTA PORTO, Walter. Dicionário do voto (1995). 2ª ed., Rio <strong>de</strong>Janeiro, Top Books, 2002.DAHL, Robert, Sobre a <strong>de</strong>mocracia (1998). Tradução brasileira,Brasília, Ed. UnB, 2001.HUNTINGTON, Samuel P. A terceira onda (1991). Traduçãobrasileira, São Paulo, Editora Ática, 1994.OLIVEIRA TORRES, João Camilo. Os construtores do Império.São Paulo, Cia. Editora Nacional, São Paulo, 1968 (Brasiliana, vol. 340).PAIM, Antonio. Evolução do pensamento político brasileiro. BeloHorizonte, Itatiaia, 1989 (Organizador, em colaboração com VicenteBarreto).____. A discussão do Po<strong>de</strong>r Mo<strong>de</strong>rador no Segundo Império. Rio<strong>de</strong> Janeiro, Editora Central da Universida<strong>de</strong> Gama Filho, 1994.____. Partidos políticos e sistemas eleitorais no Brasil. Rio <strong>de</strong>Janeiro, Editora Central da Universida<strong>de</strong> Gama Filho, 1994.Representação política, grupos <strong>de</strong> pressão e lobbies. Textos <strong>de</strong>Edmund Burke, John Stuart Mill, Benjamin Constant, Silvestre PinheiroFerreira, Marco Maciel e Leda Boechat Rodrigues. Brasília, <strong>Instituto</strong>Tancredo Neves, 2002.(A) Reforma do Voto. Seminário patrocinado por ILB, UNILEGIS,IADF. Brasília, Senado Fe<strong>de</strong>ral, 2005.SOARES, Paulino José (Viscon<strong>de</strong> do Uruguai). Ensaio sobre odireito administrativo com referência ao Estado e instituições peculiares doBrasil (1ª tiragem, 1862). 3ª ed., Brasília, Ministério da Justiça, 1997.VÉLEZ RODRIGUES, Ricardo. Castilhismo, uma filosofia daRepública (1980). 2ª ed., Brasília, Senado Fe<strong>de</strong>ral, 2000.2008)(Transcrito <strong>de</strong> Estudos eleitorais. Brasília. Vol. 3, nº 1, jan/abr.
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