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avaliação da chuva do hidroestimador para modelagem hidrológica ...

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AVALIAÇÃO DA CHUVA DO HIDROESTIMADOR PARA MODELAGEMHIDROLÓGICA NA REGIÃO DA BACIA DO RIO GRANDEClaudinéia Brazil Sal<strong>da</strong>nha 1 ; Adriano Rolim <strong>da</strong> Paz 1 ; Daniel Allasia 1 ; Walter Collischonn 1 &Daniel Barrera 2RESUMO --- Estimativas de precipitação a partir de <strong>da</strong><strong>do</strong>s de satélite têm se torna<strong>do</strong> ca<strong>da</strong> vez maisusuais. As estimativas são úteis, principalmente, <strong>para</strong> áreas com baixa densi<strong>da</strong>de de postospluviométricos e <strong>para</strong> sistemas de previsão e alerta contra inun<strong>da</strong>ções. Tais estimativas sãoespacialmente distribuí<strong>da</strong>s no espaço (formato de grade) e, conseqüentemente, têm grande potencialde uso <strong>para</strong> <strong>modelagem</strong> <strong>hidrológica</strong> distribuí<strong>da</strong>. Toman<strong>do</strong> a área <strong>da</strong> bacia <strong>do</strong> Rio Grande (MG-SP)<strong>para</strong> estu<strong>do</strong>, foram analisa<strong>da</strong>s as estimativas de <strong>chuva</strong> diárias gera<strong>da</strong>s pelo Hidroestima<strong>do</strong>r,consideran<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> contínuo de três anos (2003 a 2005). A performance <strong>da</strong>s estimativas foirelativamente baixa <strong>para</strong> o propósito de <strong>modelagem</strong> <strong>hidrológica</strong>, no que diz respeito à capaci<strong>da</strong>dede detecção <strong>da</strong> ocorrência diária de <strong>chuva</strong> e <strong>do</strong> total precipita<strong>do</strong>. Variação espacial <strong>do</strong> desempenho<strong>da</strong>s estimativas ocorre em virtude <strong>da</strong> topografia, com piores resulta<strong>do</strong>s nas áreas mais eleva<strong>da</strong>s. Aausência de correção por orografia no algoritmo desta versão e o fato <strong>da</strong> bacia estu<strong>da</strong><strong>da</strong> estar situa<strong>da</strong>no limite <strong>da</strong> área <strong>para</strong> a qual foi calibra<strong>do</strong> o algoritmo podem ter contribuí<strong>do</strong> <strong>para</strong> a baixaperformance. Recomen<strong>da</strong>-se analisar a aplicabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s estimativas <strong>do</strong> Hidroestima<strong>do</strong>r em áreasde relevo menos acentua<strong>do</strong> e mais distantes <strong>do</strong>s limites <strong>da</strong> área de calibração.ABSTRACT --- Estimative of precipitation from satellite <strong>da</strong>ta become usual nowa<strong>da</strong>ys. The <strong>da</strong>tasupply useful information, mainly, in areas with low density of raingauges and for flooding warningsystems. Such estimates are spacially distributed and, consequently, have large potential to be usedfor distributed hidrological modeling. Focusing in the area of the Rio Grande basin (MG-SP) for thestudy, the <strong>da</strong>ily estimates of rainfall generated by the Hydro-estimator have been analyzed,considering a continuous period of three years (from 2003 to 2005). The performance of theestimates were relatively low for the purpose of hydrological modeling, specially for the skill ofdetecting the occurrence of <strong>da</strong>ily rainfall and the rainfall amount itself. Spatial variability of theperformance of the estimatives occurred in related to the topography, with worse results in the morehilly areas. The absence of orography correction formulation in this version of the algorithm, andthe fact that the studied basin was situated in the limit of the area for which the algorithm wascalibrated could have largely contributed for the low performance. It is recomended the analysis ofthe applicability of the hydro-estimator in more plain areas and closer to the calibration area.Palavras-chave: hidroestima<strong>do</strong>r, estimativa de <strong>chuva</strong>, sensoriamento remoto.1 Instituto de Pesquisas Hidráulicas, Universi<strong>da</strong>de Federal <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul. Av. Bento Gonçalves, 9500. Campus <strong>do</strong> Vale, Setor 5, CEP 91501-970. Porto Alegre, RS. e-mail: neiabrazil@yahoo.com.br; adrianorpaz@yahoo.com.br; <strong>da</strong>llasia@gwpsu<strong>da</strong>merica.org; collischonn@iph.ufrgs.br2 Universi<strong>da</strong>d de Buenos Aires, Departamento de Ciencias de la Atmósfera y los Océanos, CONICET, Ciu<strong>da</strong>d Universitaria, 1428, Buenos Aires,Argentina. Email: barrera@at.fcen.uba.ar.XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 1


1 - INTRODUÇÃOO emprego de sistemas sensores remotos <strong>para</strong> estimativa de variáveis climatológicas tem setorna<strong>do</strong> ca<strong>da</strong> vez mais comum. Estimativas de cobertura e temperatura <strong>da</strong>s nuvens, temperatura <strong>da</strong>superfície, albe<strong>do</strong>, vapor d’água atmosférico, aerossóis, perfis verticais de temperatura e umi<strong>da</strong>deatmosféricos, água precipitável e <strong>chuva</strong> são alguns <strong>do</strong>s produtos atualmente obti<strong>do</strong>s viasensoriamento remoto.Dentre os produtos estima<strong>do</strong>s via sensoriamento remoto, alguns deles são monitora<strong>do</strong>s ouestima<strong>do</strong>s tradicionalmente por sistemas pontuais instala<strong>do</strong>s na superfície <strong>do</strong> terreno, como redes depluviômetros e pluviógrafos. Entretanto, no caso <strong>da</strong> <strong>chuva</strong>, a existência de instrumentos demonitoramento na superfície, em quanti<strong>da</strong>de suficiente em termos de abrangência e densi<strong>da</strong>deespacial adequa<strong>da</strong>s, são considera<strong>da</strong>s raras. A Organização Meteorológica Mundial recomen<strong>da</strong> umadensi<strong>da</strong>de específica de postos de monitoramento de <strong>chuva</strong> por km 2 em função <strong>da</strong> topografia <strong>do</strong>terreno e o intervalo de tempo de integração requeri<strong>do</strong> (diário, mensal, anual, etc.). Regiões dedifícil acesso, como áreas de mata fecha<strong>da</strong> ou morros são as menos monitora<strong>da</strong>s.Além de suprir a falta de informações em regiões com pouco monitoramento, o sensoriamentoremoto permite obter estimativas de <strong>chuva</strong> em tempo real e de forma espacialmente distribuí<strong>da</strong>, degrande utili<strong>da</strong>de <strong>para</strong> sistemas de alerta e controle de cheias e inun<strong>da</strong>ções. Sistemas de ra<strong>da</strong>r têmsi<strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>s com essa finali<strong>da</strong>de, mas com a limitação <strong>do</strong> alcance <strong>da</strong> área monitora<strong>da</strong>. Poroutro la<strong>do</strong>, o uso de imagens de satélite tem a vantagem <strong>da</strong> extensa área de abrangência. O tipo deinformação gera<strong>da</strong> por estimativas a partir de imagens de satélite é de grande potencial de uso <strong>para</strong>estu<strong>do</strong>s envolven<strong>do</strong> <strong>modelagem</strong> <strong>hidrológica</strong> distribuí<strong>da</strong>, por representar a variabili<strong>da</strong>de espacial <strong>da</strong>precipitação.A estimativa de <strong>chuva</strong> acumula<strong>da</strong> a partir de imagens periódicas de satélite geoestacionáriogeralmente se dá indiretamente a partir <strong>da</strong> temperatura de brilho <strong>do</strong> topo <strong>da</strong>s nuvens. Estatemperatura está relaciona<strong>da</strong> à altura de nuvem e ao seu desenvolvimento vertical e,conseqüentemente, à intensi<strong>da</strong>de de <strong>chuva</strong> gera<strong>da</strong> em células convectivas (Scofield, 1987).Destacam-se os produtos deriva<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong>s satélites GOES (Geostationary OperationalEnvironmental Satellite; Vicente et al. 1998; Kuligowski, 2002; Scofield e Kuligowski, 2003;Barrera et al., 2001; Barrera, 2007), METEOSAT (Meteorological Satellite; Tarruela e Jorge,2002). Outras técnicas utilizan <strong>da</strong><strong>do</strong>s de sensor pasivo de microon<strong>da</strong>s e ra<strong>da</strong>r <strong>do</strong> satélite TRMM(Tropical Rainfall Measurement Mission; Collischonn, 2006; Collischonn et al., 2005).A técnica denomina<strong>da</strong> Autoestima<strong>do</strong>r (Vicente et al. 1998; Scofield, 2001) foi originalmentedesenvolvi<strong>da</strong> <strong>para</strong> estimar <strong>chuva</strong>s de altas intensi<strong>da</strong>des decorrentes de sistemas convectivos demesoescala com topos de nuvens cúmulus altos e frios (menos de –60º C). São utiliza<strong>da</strong>s peloXVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 2


Autoestima<strong>do</strong>r imagens de radiâncias <strong>da</strong> ban<strong>da</strong> infravermelha <strong>do</strong> satélite GOES centra<strong>da</strong> em10,7µm (denomina<strong>da</strong> canal 4), que é transforma<strong>da</strong> mediante a equação inversa de Planck emtemperatura <strong>da</strong> superfície radiante ou temperatura de brilho. Nesta meto<strong>do</strong>logia, uma funçãoempírica relaciona a temperatura <strong>do</strong> topo <strong>da</strong> nuvem com a intensi<strong>da</strong>de de precipitação na sua base,determina<strong>da</strong> por ra<strong>da</strong>r. A técnica foi posteriormente modifica<strong>da</strong> mediante algoritmos que tentamdeterminar a produção de <strong>chuva</strong> em sistemas de nuvens complexos, com presença de nimbostratuscom nuvens convectivas imersas neles (Scofield e Kuligowski, 2003). Essa versão, que se conheceatualmente como hydro-estimator ou Hidroestima<strong>do</strong>r, foi também desenvolvi<strong>da</strong> e implementa<strong>da</strong> naUniversi<strong>da</strong>d de Buenos Aires (Barrera et al., 2001, 2003; e Barrera, 2007) a partir <strong>da</strong> informaçãopublica<strong>da</strong> pelos autores de NOAA/NESDIS (Scofield e Kuligowski, 2003).A versão <strong>do</strong> Hidroestima<strong>do</strong>r desenvolvi<strong>da</strong> na Universi<strong>da</strong>de de Buenos Aires foi calibra<strong>da</strong> <strong>para</strong>as condições e estrutura <strong>da</strong> precipitação sobre a porção sul <strong>da</strong> América <strong>do</strong> Sul (ao sul de 20º delatitude). Este artigo procura avaliar sua performance em detectar a ocorrência de <strong>chuva</strong>s na área <strong>da</strong>bacia <strong>do</strong> Rio Grande, entre os Esta<strong>do</strong>s de Minas Gerais e São Paulo. Avalia-se, também, aconcordância entre a quanti<strong>da</strong>de de <strong>chuva</strong> estima<strong>da</strong> e a <strong>chuva</strong> observa<strong>da</strong> pela rede de pluviômetros.O foco principal <strong>da</strong> análise é o potencial uso <strong>da</strong> estimativa de <strong>chuva</strong> <strong>do</strong> Hidroestima<strong>do</strong>r <strong>para</strong><strong>modelagem</strong> <strong>hidrológica</strong> distribuí<strong>da</strong>.2 – ESTIMATIVA DE CHUVA DO HIDROESTIMADOR2.1 DescriçãoO Hidroestima<strong>do</strong>r é uma a<strong>da</strong>ptação <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> autoestima<strong>do</strong>r, que foi idealiza<strong>do</strong> <strong>para</strong>previsões de curto prazo com o objetivo de prever inun<strong>da</strong>ções provoca<strong>da</strong>s por <strong>chuva</strong>s fortes,provoca<strong>da</strong>s por cumulonimbus. Porém nos sistemas complexos as torres cumuliformes estãogeralmente imersas em mantos de nimbostratus (embedded convection), os quais também produzem<strong>chuva</strong> ain<strong>da</strong> que com intensi<strong>da</strong>de muito menor. O Hidroestima<strong>do</strong>r é uma modificação <strong>do</strong>Autoestima<strong>do</strong>r feita com o propósito de estimar a <strong>chuva</strong> mesmo que haja uma componenteestratiforme. Para tal componente, efetua-se uma análise de textura <strong>do</strong>s topos <strong>da</strong>s nuvens. Para ca<strong>da</strong>pixel estu<strong>da</strong><strong>do</strong> se analisa seu entorno em uma janela de 15 x 15 ou 50 x 50 pixels, que correspondeà extensão típica de um mesosistema convectivo. Define-se o índice Z de desenvolvimentoconvectivo relativo ao pixel considera<strong>do</strong> pela expressão:( ) σz = − Tb , (1)µcentralonde µ e σ são a média e o desvio padrão <strong>da</strong> temperatura nos pixels <strong>da</strong> janela considera<strong>da</strong>, e Tb centralé a temperatura <strong>do</strong> pixel estu<strong>da</strong><strong>do</strong>.XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 3


Um valor positivo de Z indica que a Tb central é inferior à média <strong>da</strong> janela e, portanto, conclui-seque o topo <strong>da</strong> nuvem no pixel central está mais alto <strong>do</strong> que o entorno. Considera-se que háconvecção no pixel em análise quan<strong>do</strong> Z > 1,5, e que a proporção de nuvens estratiformes no pixelaumenta a medi<strong>da</strong> que Z diminui seu valor, sen<strong>do</strong> Z = 0 <strong>para</strong> um pixel com nuvens totalmenteestratiformes. Para Z < 0, considera-se que não ocorre precipitação no pixel.A intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>chuva</strong> é estima<strong>da</strong> mediante uma função exponencial deriva<strong>da</strong> de um ajusteempírico entre valores de intensi<strong>da</strong>de de precipitação na base <strong>da</strong> nuvem (estima<strong>do</strong> com ra<strong>da</strong>res) e atemperatura de brilho <strong>do</strong> topo <strong>da</strong>s nuvens, as quais são obti<strong>da</strong>s através <strong>da</strong> função inversa de Plank.Através <strong>do</strong>s ra<strong>da</strong>res meteorológicos é estima<strong>da</strong> a intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> precipitação que são integra<strong>da</strong>sespacialmente sobre a superfície de ca<strong>da</strong> pixel.A equação original <strong>da</strong> meto<strong>do</strong>logia foi calibra<strong>da</strong> a partir de medições que se iniciaram emplanícies centrais e regiões adjacentes ao Golfo <strong>do</strong> México (Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s), quan<strong>do</strong> as condiçõesem superfície se caracterizavam por uma alta umi<strong>da</strong>de relativa. Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s ao calcular aintensi<strong>da</strong>de de precipitação em ca<strong>da</strong> intervalo de temperatura de 1°, entre 195 K e 260 K, podem serobserva<strong>do</strong>s na Figura 1-a.(a) (b)Figura 1. (a) Relação entre precipitação <strong>do</strong> ra<strong>da</strong>r e temperatura estima<strong>da</strong> pelo GOES-8 (Fonte:Vicente et al., 1998); (b) Área (em cinza) <strong>para</strong> a qual foi calibra<strong>da</strong> a versão <strong>do</strong> Hidroestima<strong>do</strong>rdesenvolvi<strong>da</strong> na Universi<strong>da</strong>de de Buenos Aires e utiliza<strong>da</strong> neste estu<strong>do</strong>.A linha pontilha<strong>da</strong> representa o valor médio <strong>da</strong> intensi<strong>da</strong>de <strong>para</strong> ca<strong>da</strong> intervalo de temperaturae a linha cheia é o ajuste regressivo, <strong>da</strong><strong>do</strong> pela relação empírica entre a intensi<strong>da</strong>de de precipitação(R) na base <strong>da</strong> nuvem estima<strong>da</strong> pelo ra<strong>da</strong>r meteorológico e a temperatura de brilho (T) <strong>do</strong> topo <strong>da</strong>nuvem (estima<strong>da</strong> a partir <strong>do</strong> canal 4 <strong>do</strong> satélite GOES):111,2R = 1,1183⋅10⋅ exp( −0,036382 ⋅T)(2)XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 4


sen<strong>do</strong> R a intensi<strong>da</strong>de de precipitação em mm/h e T a temperatura absoluta em Kelvin.A versão <strong>do</strong> Hidroestima<strong>do</strong>r utiliza<strong>da</strong> neste trabalho foi desenvolvi<strong>da</strong> na Universi<strong>da</strong>de deBuenos Aires (Barrera et al., 2001; Barrera et al., 2003; Barrera, 2007) a partir <strong>da</strong> informaçãopublica<strong>da</strong> pelos autores <strong>do</strong> NOAA/NESDIS (Scofield e Kuligowski, 2003). A calibração dessaversão <strong>do</strong> Hidroestima<strong>do</strong>r foi específica <strong>para</strong> as condições e estrutura <strong>da</strong> precipitação sobre a partesul <strong>da</strong> América <strong>do</strong> Sul, conforme área de abrangência indica<strong>da</strong> na Figura 1-b. A sua operaçãoiniciou em setembro de 2002 e, desde então, existem estimativas <strong>da</strong> precipitação a ca<strong>da</strong> vez queuma imagen GOES é gera<strong>da</strong> (aproxima<strong>da</strong>mente 40 imagens por día).2.2 Avaliações anteriores <strong>do</strong> Hidroestima<strong>do</strong>rAs avaliações <strong>da</strong> técnica <strong>do</strong> Hidroestima<strong>do</strong>r disponíveis na literatura são foca<strong>da</strong>s na estimativade <strong>chuva</strong>s intensas relativas a eventos específicos, que constitui o propósito <strong>da</strong> formulação <strong>da</strong>técnica. Em geral, foram encontra<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s satisfatórios. Por exemplo, uma análisecom<strong>para</strong>tiva entre os campos de precipitação diária gera<strong>do</strong>s a partir de <strong>da</strong><strong>do</strong>s de pluviômetros e oscampos de precipitação <strong>do</strong> Hidroestima<strong>do</strong>r <strong>para</strong> a região central <strong>da</strong> Argentina, referentes à tormentade um dia específico mostraram resulta<strong>do</strong>s coerentes entre eles (Barrera, 2005). No referi<strong>do</strong> estu<strong>do</strong>,com<strong>para</strong>n<strong>do</strong> a ocorrência ou não ocorrência de <strong>chuva</strong>s de diferentes intensi<strong>da</strong>des pixel a pixel nasduas imagens, Barrera (2005) obteve uma probabili<strong>da</strong>de de detecção <strong>da</strong> ocorrência <strong>da</strong> <strong>chuva</strong>superior a 92%, com uma taxa de alarme falso <strong>da</strong> ordem de 12 a 30%. A versão <strong>do</strong> Hidroestima<strong>do</strong>rutiliza<strong>da</strong> na pesquisa menciona<strong>da</strong> foi a mesma versão usa<strong>da</strong> neste trabalho.Estimativas de <strong>chuva</strong> produzi<strong>da</strong>s por versões <strong>do</strong> algoritmo Hidroestima<strong>do</strong>r diferentes <strong>da</strong>versão argentina foram analisa<strong>da</strong>s por Gonzáles (2006), Kuligowski et al. (2006) e Yucel eKuligowski (2004). Gonzáles (2006) analisou a estimativa de <strong>chuva</strong>s durante um evento intensocom duração de 3 dias ocorri<strong>do</strong> em Porto Rico. Em tal estu<strong>do</strong>, a análise com<strong>para</strong>tiva com os <strong>da</strong><strong>do</strong>sde pluviométricos indicou que a performance <strong>do</strong> Hidroestima<strong>do</strong>r foi satisfatória, comprobabili<strong>da</strong>des de detecção <strong>da</strong> ocorrência de <strong>chuva</strong> superiores a 60% e taxas de alarme falso emtorno de 42%.Ao analisar as estimativas de <strong>chuva</strong> acumula<strong>da</strong>s ao longo de um perío<strong>do</strong> de 44 dias, Yucel eKuligowski (2004) observaram que o Hidroestima<strong>do</strong>r apresentou a tendência a subestimar o totalprecipita<strong>do</strong> nas áreas montanhosas e superestimar nas áreas de baixo relevo, relativamente aocampo de <strong>chuva</strong>s gera<strong>do</strong> por interpolação <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s de 50 estações pluviométricas no México.Kuligowski et al. (2006) avaliaram a técnica <strong>do</strong> Hidroestima<strong>do</strong>r sobre o Hawaii e uma correlaçãobaixa (0,26) foi verifica<strong>da</strong> entre as <strong>chuva</strong>s estimativas e observa<strong>da</strong>s, toman<strong>do</strong> três eventos de <strong>chuva</strong>sintensas (total de 7 dias).XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 5


3 – METODOLOGIA DE ANÁLISE DOS CAMPOS DE CHUVA3.1 Índices de performanceTratan<strong>do</strong> de forma binária a ocorrência/não ocorrência de um determina<strong>do</strong> evento, bem comoa estimativa de sua ocorrência ou não ocorrência, pode-se construir uma tabela de contingência <strong>da</strong>forma ilustra<strong>da</strong> na Figura 2. As grandezas “a” e “d” são a quanti<strong>da</strong>de de acertos na estimativa deocorrência e de não ocorrência <strong>do</strong> evento, respectivamente. A quanti<strong>da</strong>de “b” denota o número devezes em que foi estima<strong>da</strong> a ocorrência <strong>do</strong> evento, mas ele não aconteceu. Analogamente, o valor“c” é a quanti<strong>da</strong>de de vezes em que a ocorrência <strong>do</strong> evento foi observa<strong>da</strong>, mas sua ocorrência nãofoi estima<strong>da</strong>. A partir <strong>do</strong>s valores <strong>da</strong> tabela de contingência, diversos índices podem ser deduzi<strong>do</strong>scom enfoques diferentes quanto à <strong>avaliação</strong> <strong>da</strong> performance <strong>da</strong>s estimativas realiza<strong>da</strong>s deocorrência/não ocorrência <strong>do</strong> evento (Wilkis, 2006; Kuligowski, 2002).Quanti<strong>da</strong>de de vezes em queocorreu o evento e suaocorrência foi estima<strong>da</strong>.Quanti<strong>da</strong>de de vezes em queocorreu o evento mas suaocorrência não foi estima<strong>da</strong>.estima<strong>do</strong>não simobserva<strong>do</strong>sim nãoabcdQuanti<strong>da</strong>de de vezes em quenão ocorreu o evento massua ocorrência foi estima<strong>da</strong>.Quanti<strong>da</strong>de de vezes em quenão ocorreu o evento e suaocorrência não foi estima<strong>da</strong>.Figura 2 – Esquema <strong>da</strong> tabela de contingência com análise com<strong>para</strong>tiva <strong>do</strong>s acertos erros nasestimativas <strong>da</strong> ocorrência (“sim”) e não ocorrência (“não”) de um determina<strong>do</strong> evento.Uma vantagem clara <strong>do</strong> uso <strong>da</strong> tabela de contingência é permitir analisar a performance <strong>da</strong>estimativa sob diferentes aspectos, conforme o tipo de evento estu<strong>da</strong><strong>do</strong> e o tipo de estimativarealiza<strong>da</strong>. Por exemplo, consideran<strong>do</strong> a previsão de <strong>chuva</strong> em regiões de baixo índice pluviométricoe definin<strong>do</strong> como evento de análise a ocorrência de dia chuvoso, a previsão <strong>da</strong> não ocorrência <strong>do</strong>evento (dia sem <strong>chuva</strong>) é relativamente bem mais fácil <strong>do</strong> que a previsão <strong>da</strong> ocorrência <strong>do</strong> evento.Nesse caso, assumir um mesmo peso <strong>para</strong> os acertos <strong>do</strong> tipo “a” e <strong>do</strong> tipo “d”, não seria adequa<strong>do</strong><strong>para</strong> uma verificação <strong>da</strong> performance <strong>do</strong> preditor. Nesse senti<strong>do</strong>, alguns índices permitem umenfoque mais restrito, como o percentual de acerto em conseguir detectar a ocorrência <strong>do</strong> evento, ouseja, <strong>da</strong><strong>do</strong> que o evento foi observa<strong>do</strong>.Neste estu<strong>do</strong>, foram utiliza<strong>do</strong>s os índices de performance denomina<strong>do</strong>s proporção correta(PC), probabili<strong>da</strong>de de detecção (POD), probabili<strong>da</strong>de de falsa detecção (PFD), taxa de alarme falso(FAR), taxa de tendência (BR) e índice de sucesso crítico (CSI), cujas formulações, significa<strong>do</strong>s evariações de valores espera<strong>do</strong>s são apresenta<strong>do</strong>s no Quadro 1.XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 6


3.2 Tipos de eventos <strong>para</strong> análiseDois tipos de eventos foram considera<strong>do</strong>s, um <strong>para</strong> verificar a habili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Hidroestima<strong>do</strong>rquanto à distinção <strong>da</strong> ocorrência ou não de <strong>chuva</strong> e outro <strong>para</strong> inferir sobre sua destreza em estimara quanti<strong>da</strong>de de <strong>chuva</strong> ocorri<strong>da</strong>. No primeiro caso, tem-se uma análise <strong>do</strong> tipo <strong>chuva</strong>/não <strong>chuva</strong>,onde o evento a ser estima<strong>do</strong> é a ocorrência de <strong>chuva</strong> no dia, não importan<strong>do</strong> em qual intensi<strong>da</strong>de.Por conseqüência <strong>da</strong> formulação <strong>do</strong>s algoritmos de interpolação e de estimativa <strong>da</strong> <strong>chuva</strong>, podemser gera<strong>do</strong>s valores não nulos de <strong>chuva</strong>, mas muito próximos de zero. Para contornar isso,considera-se um limiar (Pmin), não nulo <strong>para</strong> diferenciar as classes <strong>chuva</strong> e não <strong>chuva</strong>, ou seja: seP≥Pmin, ocorreu o evento; e se P 0;Quanto mais próximo de 1melhor a performance; se > 1indica superestimativa <strong>da</strong>ocorrência <strong>do</strong> evento; se


ocorrência de <strong>chuva</strong>. Nesse tipo de análise, o evento é caracteriza<strong>do</strong> pela ocorrência de <strong>chuva</strong> acimade um determina<strong>do</strong> patamar (Pmax). Por exemplo, toman<strong>do</strong> um patamar de 10 mm, o evento é ditoque ocorreu caso a <strong>chuva</strong> tenha si<strong>do</strong> superior a 10 mm (P≥Pmax), caso contrário considera-se a nãoocorrência <strong>do</strong> evento (P


de satélite pode ser fortemente influencia<strong>do</strong> pela variabili<strong>da</strong>de espacial <strong>da</strong> <strong>chuva</strong> não captura<strong>da</strong> narede de pluviômetros, em virtude <strong>da</strong> possível baixa densi<strong>da</strong>de de instrumentos. O referi<strong>do</strong> autora<strong>do</strong>tou a alternativa de gerar um novo campo de <strong>chuva</strong> correspondente às estimativas de satélite, apartir <strong>da</strong> interpolação <strong>da</strong> <strong>chuva</strong> estima<strong>da</strong> nos pixels localiza<strong>do</strong>s sobre os pluviômetros. Outrosestu<strong>do</strong>s a<strong>do</strong>taram outro procedimento, que consiste na com<strong>para</strong>ção <strong>da</strong>s estimativas de <strong>chuva</strong> <strong>do</strong>satélite especificamente nos pixels situa<strong>do</strong>s sobre os pluviômetros (González, 2006). Entretanto,como no caso deste estu<strong>do</strong> o enfoque é analisar a performance <strong>da</strong> estimativa <strong>do</strong> campo de <strong>chuva</strong>como alternativa <strong>para</strong> alimentação de um modelo hidrológico, manteve-se a abor<strong>da</strong>gem padrão,descrita nos parágrafos anteriores.3.5 Com<strong>para</strong>ção entre os campos de <strong>chuva</strong>A com<strong>para</strong>ção entre os campos de <strong>chuva</strong> observa<strong>da</strong> e estima<strong>da</strong> foi realiza<strong>da</strong> toman<strong>do</strong> pixel apixel as duas imagens referentes a ca<strong>da</strong> dia. Em um determina<strong>do</strong> dia, a ocorrência ou não <strong>do</strong> eventoem um pixel i é verifica<strong>da</strong> pela análise <strong>do</strong> valor de <strong>chuva</strong> observa<strong>da</strong> nesse pixel. Analogamente,toma-se a <strong>chuva</strong> estima<strong>da</strong> em tal pixel <strong>para</strong> definir se o evento foi estima<strong>do</strong> ou não <strong>para</strong> ocorrernesse pixel. Com<strong>para</strong>n<strong>do</strong> as duas verificações, tem-se que ocorreu um acerto (tipo “a” ou “d”) ouum erro (tipo “b” ou “c”) <strong>para</strong> o pixel i na <strong>da</strong>ta em questão. Esse procedimento de com<strong>para</strong>ção érepeti<strong>do</strong> <strong>para</strong> to<strong>do</strong>s os dias com disponibili<strong>da</strong>de de <strong>da</strong><strong>do</strong>s observa<strong>do</strong>s e estima<strong>do</strong>s. Para montar atabela de contingência e determinar os índices de performance, duas abor<strong>da</strong>gens são a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong>s: (a)integração no espaço e (b) integração no tempo, como descrito a seguir e esquematicamenteilustra<strong>do</strong> na Figura 3.3.5.1 Análise integra<strong>da</strong> no espaçoNessa abor<strong>da</strong>gem, <strong>para</strong> ca<strong>da</strong> dia <strong>da</strong> série o acerto ou erro verifica<strong>do</strong> em ca<strong>da</strong> pixel é soma<strong>do</strong>ao acerto ou erro <strong>do</strong>s demais pixels, obten<strong>do</strong>-se uma tabela de contingência específica <strong>do</strong> dia, apartir <strong>da</strong> qual são deriva<strong>do</strong>s os índices de performance correspondentes. Repetin<strong>do</strong>-se oprocedimento <strong>para</strong> to<strong>do</strong>s os dias, tem-se uma série temporal de valores de ca<strong>da</strong> índice deperformance, ca<strong>da</strong> valor referente a uma <strong>da</strong>ta, a partir <strong>da</strong> qual pode-se inferir sobre a evolução <strong>do</strong>síndices ao longo <strong>do</strong> tempo ou tomar valores médios.3.5.2 Análise integra<strong>da</strong> no tempoNa análise denomina<strong>da</strong> integra<strong>da</strong> no tempo, o número de acertos e erros ao longo <strong>do</strong> temporeferente especificamente a ca<strong>da</strong> pixel é toma<strong>do</strong> <strong>para</strong> construção <strong>da</strong> tabela de contingência. Ao final<strong>da</strong> análise tem-se uma tabela <strong>para</strong> ca<strong>da</strong> pixel e seus índices de performance deriva<strong>do</strong>s. O produtofinal é uma imagem raster <strong>para</strong> ca<strong>da</strong> índice, onde o valor <strong>do</strong> índice em ca<strong>da</strong> pixel <strong>da</strong> imagem refleteo padrão de desempenho <strong>do</strong> estima<strong>do</strong>r ao longo <strong>do</strong> tempo nessa área.XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 9


Com<strong>para</strong>ção entre Po e Peno pixel i → um acerto (“a”ou “d”) ou erro (“b” ou “c”)ANÁLISE INTEGRADA NO ESPAÇOdia 1PoPePara o dia 1,toma-se o total de“a”, “b”, “c” e “d”sobre a imagem.Um valor <strong>para</strong>ca<strong>da</strong> índicereferente aodia 1.dia 2PoPePara o dia 2,toma-se o total de“a”, “b”, “c” e “d”sobre a imagem.Um valor <strong>para</strong>ca<strong>da</strong> índicereferente aodia 2.ANÁLISE INTEGRADA NO TEMPOdia j...PoPePara ca<strong>da</strong> pixel i, toma-se ototal de “a”, “b”, “c” e “d” aolongo <strong>do</strong> tempo.Uma imagem <strong>para</strong> ca<strong>da</strong>índice de performance... ...Para o dia j,toma-se o total de“a”, “b”, “c” e “d”sobre a imagem.Po = precipitação observa<strong>da</strong>Pe = precipitação estima<strong>da</strong>Tabela deobserva<strong>do</strong>contingência:sim nãoestima<strong>do</strong>não simacbdUm valor <strong>para</strong>ca<strong>da</strong> índicereferente aodia j.Valor médio aolongo <strong>do</strong> tempo<strong>para</strong> ca<strong>da</strong> índiceFigura 3 – Esquema <strong>da</strong>s análises integra<strong>da</strong> no espaço e integra<strong>da</strong> no tempo <strong>para</strong> verificação <strong>da</strong>performance <strong>da</strong>s estimativas de <strong>chuva</strong>.4 – BACIA DO RIO GRANDEO Rio Grande é o principal afluente <strong>da</strong> parte alta <strong>do</strong> Rio Paraná e apresenta uma área dedrenagem de 145.000 km 2 , que se estende pelos Esta<strong>do</strong>s de Minas Gerais e São Paulo (Figura 4-a).Há um intenso aproveitamento hidroelétrico na bacia <strong>do</strong> Rio Grande, com uma capaci<strong>da</strong>de instala<strong>da</strong>de 7722 MW, que corresponde a aproxima<strong>da</strong>mente 11,7% <strong>do</strong> total nacional (ANEEL, 2005). Aprecipitação anual média sobre a bacia é de cerca de 1400 mm, fortemente concentra<strong>da</strong> nos mesesde Novembro a Abril.Da<strong>do</strong>s diários de 273 postos pluviométricos distribuí<strong>do</strong>s por to<strong>da</strong> a bacia <strong>do</strong> Rio Grande foramutiliza<strong>do</strong>s <strong>para</strong> caracterizar a <strong>chuva</strong> observa<strong>da</strong>, usa<strong>da</strong> como referência <strong>para</strong> <strong>avaliação</strong> <strong>da</strong>sestimativas produzi<strong>da</strong>s pelo Hidroestima<strong>do</strong>r (Figura 4-b). Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s são provenientes <strong>da</strong> base de<strong>da</strong><strong>do</strong>s HidroWeb/ANA e <strong>do</strong> SIGRHSP/DAEE, disponíveis na Internet. Os postos seleciona<strong>do</strong>s sãoos mesmos utiliza<strong>do</strong>s <strong>para</strong> obtenção de <strong>chuva</strong> observa<strong>da</strong> <strong>para</strong> <strong>modelagem</strong> <strong>hidrológica</strong> <strong>da</strong> Bacia <strong>do</strong>Rio Grande, cujo objetivo foi de previsão de vazões de curto e longo prazo (Paz et al., 2007).XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 10


A discretização <strong>da</strong> bacia em células de 0,1º x 0,1º é apresenta<strong>da</strong> na Figura 4-b. Como a área deabrangência <strong>do</strong> Hidroestima<strong>do</strong>r tem como limite ao Norte o <strong>para</strong>lelo de 20º S, a parcela <strong>da</strong> bacia <strong>do</strong>Rio Grande situa<strong>da</strong> ao Norte desse limite é excluí<strong>da</strong> <strong>da</strong> análise. Na discretização a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong>, tem-seum total de 1101 células dentro <strong>da</strong> área de abrangência <strong>do</strong> Hidroestima<strong>do</strong>r.Figura 4 – (a) Localização <strong>da</strong> bacia <strong>do</strong> Rio Grande; (b) Localização <strong>do</strong>s 273 postos pluviométricos(pontos azuis) utiliza<strong>do</strong>s e discretização <strong>da</strong> bacia na grade de resolução 0,1º x 0,1º.5 – ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO5.1 Estimativa <strong>chuva</strong>/não <strong>chuva</strong>A consideração de ocorrência de <strong>chuva</strong> ou não <strong>chuva</strong> foi caracteriza<strong>da</strong> pela ocorrência de uma<strong>chuva</strong> superior a 1 mm ou não, respectivamente. Toman<strong>do</strong> a análise integra<strong>da</strong> no espaço, onde acom<strong>para</strong>ção pixel a pixel entre as imagens <strong>para</strong> um determina<strong>do</strong> dia resulta num índice deperformance único, as estimativas de ocorrência ou não ocorrência de <strong>chuva</strong> pelo Hidroestima<strong>do</strong>rresultaram uma proporção correta (PC) de acertos de 72% <strong>para</strong> o perío<strong>do</strong> 2003 a 2005, ou seja, em72% <strong>do</strong>s dias <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> houve acerto na indicação de se tratar de um dia chuvoso ou não.Entretanto, desconsideran<strong>do</strong> os acertos de dias não chuvosos, o acerto <strong>da</strong>s estimativas foi de 15%,como denota o índice CSI. Esse desempenho relativamente baixo fica aparente também nos demaisíndices analisa<strong>do</strong>s. Dos dias chuvosos, a ocorrência de 22% (POD) deles foi detecta<strong>da</strong> ou estima<strong>da</strong>,enquanto 17% (PFD) <strong>do</strong>s dias não chuvosos foram erra<strong>da</strong>mente estima<strong>do</strong>s como dias chuvosos.Além disso, em cerca de 51% (FAR) <strong>do</strong>s dias aponta<strong>do</strong>s como chuvosos não ocorreu <strong>chuva</strong>. Oíndice BR ficou um pouco superior a 1, indican<strong>do</strong> uma leve superestimativa <strong>do</strong> número deocorrência de eventos estima<strong>do</strong>s, mas na<strong>da</strong> representa quanto à concordância entre a ocorrência e aestimativa de ca<strong>da</strong> evento.XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 11


Consideran<strong>do</strong> ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s anos isola<strong>da</strong>mente, não ocorre grande variação nos resulta<strong>do</strong>s, masde mo<strong>do</strong> geral no ano de 2003 houve um maior número de acertos total (PC=78%) e de acertos <strong>da</strong>ocorrência de <strong>chuva</strong> (CSI=20%). Nesse ano, a ocorrência de <strong>chuva</strong>s foi mais freqüentementeestima<strong>da</strong> (superestimativa de 2,34 pelo índice BR), o que conduziu por um la<strong>do</strong> a mais acertos naestimativa de dias chuvosos, mas por outro levou a um maior número de detecções erra<strong>da</strong>s ealarmes falsos. As estimativas durante o ano de 2005 apresentaram comportamento oposto: omissãode ocorrência de dias chuvosos (BR=0,46), resultan<strong>do</strong> em menor índice de acertos de dias chuvosos(CSI=12%), mas reduzin<strong>do</strong> a taxa de alarme falso e a probabili<strong>da</strong>de de falsa detecção.Consideran<strong>do</strong> a análise integra<strong>da</strong> no tempo, onde a performance <strong>da</strong> estimativa em ca<strong>da</strong> pixel éindividualmente avalia<strong>da</strong>, tem-se que a probabili<strong>da</strong>de de detecção variou de 20 a 60% ao longo <strong>da</strong>região analisa<strong>da</strong> (Figura 5), enquanto o índice CSI variou de 10 a 50% (Figura 6). Para ambos osíndices, em algumas regiões valores muito superiores ao valor médio integra<strong>do</strong> no espaço (Tabela1) foram alcança<strong>do</strong>s. Niti<strong>da</strong>mente, observa-se que o desempenho mais fraco <strong>do</strong> Hidroestima<strong>do</strong>rocorreu nas áreas de relevo mais acentua<strong>do</strong>, próximas às cabeceiras <strong>do</strong> Rio Grande. Uma possíveljustificativa <strong>para</strong> isso é que na versão <strong>do</strong> Hidroestima<strong>do</strong>r analisa<strong>da</strong> não há correção <strong>da</strong> estimativaem função <strong>da</strong> orografia. Quanto aos índices que dizem respeito à tendência à falsa detecção ealarme falso, os resulta<strong>do</strong>s não apresentaram um padrão de variação espacial, como exemplifica<strong>do</strong><strong>para</strong> o índice FAR (Figura 7).Tabela 1 – Resulta<strong>do</strong>s <strong>da</strong> análise integra<strong>da</strong> no espaço <strong>da</strong> estimativa <strong>chuva</strong>/não <strong>chuva</strong> <strong>do</strong>Hidroestima<strong>do</strong>r sobre a bacia <strong>do</strong> Rio Grande.Índice 2003 2004 2005 2003 a 2005PC (proporção correta) 0,78 0,70 0,71 0,72POD (probabili<strong>da</strong>de de detecção) 0,35 0,20 0,16 0,22PFD (probabili<strong>da</strong>de de falsa detecção) 0,24 0,16 0,13 0,17FAR (taxa de alarme falso) 0,62 0,48 0,43 0,51BR (taxa de tendência) 2,34 0,94 0,46 1,11CSI (índice de sucesso crítico) 0,20 0,14 0,12 0,15XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 12


Figura 5 – Probabili<strong>da</strong>de de detecção (POD) <strong>da</strong> estimativa de ocorrência de <strong>chuva</strong>/não <strong>chuva</strong> peloHidroestima<strong>do</strong>r sobre a bacia <strong>do</strong> Rio Grande, toman<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> de 2003 a 2005.Figura 6 – Índice de sucesso crítico (CSI) <strong>da</strong> estimativa de ocorrência de <strong>chuva</strong>/não <strong>chuva</strong> peloHidroestima<strong>do</strong>r sobre a bacia <strong>do</strong> Rio Grande, toman<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> de 2003 a 2005.Figura 7 – Taxa de alarme falso (FAR) <strong>da</strong> estimativa de ocorrência de <strong>chuva</strong>/não <strong>chuva</strong> peloHidroestima<strong>do</strong>r sobre a bacia <strong>do</strong> Rio Grande, toman<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> de 2003 a 2005.5.2 Estimativa quantitativa de <strong>chuva</strong>A verificação <strong>do</strong> ponto de vista quantitativo <strong>da</strong> <strong>chuva</strong> estima<strong>da</strong> pelo Hidroestima<strong>do</strong>r foirealiza<strong>da</strong> toman<strong>do</strong> apenas os dias em que ocorreu <strong>chuva</strong> e sua ocorrência foi estima<strong>da</strong>, com aressalva de que o valor de 1 mm foi a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> como valor mínimo <strong>para</strong> caracterizar que se trata deum dia chuvoso. Os resulta<strong>do</strong>s <strong>da</strong> análise integra<strong>da</strong> no espaço, onde to<strong>da</strong> a região é analisa<strong>da</strong> porum único valor <strong>do</strong>s índices <strong>para</strong> ca<strong>da</strong> dia, são ilustra<strong>do</strong>s na Figura 8. Analisou-se a performance emestimar uma <strong>chuva</strong> superior a determina<strong>do</strong> patamar (Pmax). Nos gráficos <strong>da</strong> referi<strong>da</strong> figura, ca<strong>da</strong>XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 13


ponto representa um patamar a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> <strong>para</strong> análise (2, 5, 10, 15, ..., 95 mm). A interpretação é aseguinte (por exemplo, <strong>para</strong> Pmax = 15 mm): (i) o evento a ser estima<strong>do</strong> é a ocorrência de <strong>chuva</strong>maior <strong>do</strong> que 15 mm; (ii) PC = 0,72 indica 72% de acerto em distinguir se ocorreu ou não <strong>chuva</strong>maior <strong>do</strong> que 15 mm; (iii) POD = 0,17 indica que, <strong>do</strong>s dias em que ocorreu <strong>chuva</strong> maior <strong>do</strong> que 15mm, em 17% deles foi estima<strong>da</strong> uma <strong>chuva</strong> dessa magnitude. A proporção correta de acertos deocorrência ou não <strong>do</strong> evento aumenta com o aumento <strong>da</strong> faixa de <strong>chuva</strong> considera<strong>da</strong>, por que aestimativa <strong>da</strong> não ocorrência dessa <strong>chuva</strong> torna-se mais fácil e ocorre com muito mais freqüência <strong>do</strong>que os eventos chuvosos. A mesma justificativa é aplica<strong>da</strong> <strong>para</strong> explicar o decréscimo <strong>da</strong>probabili<strong>da</strong>de de falsa detecção. Por outro la<strong>do</strong>, a taxa de tendência é sempre superior a 1,indican<strong>do</strong> uma superestimativa <strong>do</strong> número de ocorrências de <strong>chuva</strong>s acima de ca<strong>da</strong> patamar,varian<strong>do</strong> de 1 a 5 vezes. Aumentan<strong>do</strong> o patamar <strong>da</strong> <strong>chuva</strong> analisa<strong>da</strong>, a probabili<strong>da</strong>de de detecçãodiminui e a taxa de alarme falso aumenta.1.0Proporção correta (PC)1.0Taxa de alarme falso (FAR)0.50.50.00 20 40 60 80 100Pmax (mm), em P>Pmax0.00 20 40 60 80 100Pmax (mm), em P>Pmax1.0Probabili<strong>da</strong>de de detecção (POD)1.0Índice de sucesso crítico (CSI)0.50.50.00 20 40 60 80 100Pmax (mm), em P>Pmax0.00 20 40 60 80 100Pmax (mm), em P>Pmax1.0Probabili<strong>da</strong>de de falsa detecção (PFD)10.0Taxa de tendência (BR)0.55.00.00 20 40 60 80 100Pmax (mm), em P>Pmax0.0BR = 10 20 40 60 80 100Pmax (mm), em P>PmaxFigura 8 – Índices de performance na análise integra<strong>da</strong> no espaço <strong>da</strong> estimativa quantitativa de<strong>chuva</strong> <strong>do</strong> Hidroestima<strong>do</strong>r: eventos de diferentes magnitudes (P>Pmax).Os resulta<strong>do</strong>s <strong>da</strong> análise integra<strong>da</strong> no tempo novamente ressaltam a grande variabili<strong>da</strong>deespacial <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s em termos <strong>do</strong>s índices de performance obti<strong>do</strong>s, e que a questão <strong>da</strong> orografiapode ser uma <strong>da</strong>s causas <strong>da</strong> baixa performance <strong>do</strong> Hidroestima<strong>do</strong>r. Por exemplo, a probabili<strong>da</strong>de dedetecção variou entre 0 e 60% e o índice de sucesso crítico variou de 10 a 50% ao longo <strong>da</strong> bacia <strong>do</strong>Rio Grande, toman<strong>do</strong> o patamar de 15 mm (Figuras 9 e 10), ten<strong>do</strong> ocorri<strong>do</strong> os valores mais baixosprincipalmente nos pixels próximos ao divisor topográfico <strong>da</strong> bacia, nas partes de maior elevação.XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 14


Figura 9 – Probabili<strong>da</strong>de de detecção (POD) <strong>da</strong> estimativa de ocorrência/não ocorrência de <strong>chuva</strong>maior <strong>do</strong> que 15 mm pelo Hidroestima<strong>do</strong>r, toman<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> de 2003 a 2005.Figura 10 – Índice de sucesso crítico (CSI) <strong>da</strong> estimativa de ocorrência/não ocorrência de <strong>chuva</strong>maior <strong>do</strong> que 15 mm pelo Hidroestima<strong>do</strong>r, toman<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> de 2003 a 2005.6 – CONCLUSÕESEste artigo analisou as estimativas de <strong>chuva</strong> <strong>da</strong> versão <strong>do</strong> Hidroestima<strong>do</strong>r produzi<strong>da</strong> pelaUniversi<strong>da</strong>de de Buenos Aires. Tais estimativas têm resolução espacial (0,1º x 0,1º) e temporal(estimativas a ca<strong>da</strong> 30 minutos integra<strong>da</strong>s <strong>para</strong> valores diários) suficientes <strong>para</strong> servir como entra<strong>da</strong><strong>para</strong> <strong>modelagem</strong> <strong>hidrológica</strong> distribuí<strong>da</strong>. O algoritmo Hidroestima<strong>do</strong>r foi proposto visan<strong>do</strong>principalmente o monitoramento de <strong>chuva</strong>s intensas em tempo real, enquanto a análise realiza<strong>da</strong>neste trabalho viso seu uso de forma contínua, como é necessário <strong>para</strong> a <strong>modelagem</strong> <strong>hidrológica</strong>,ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s referentes a três anos completos.Os resulta<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s análises toman<strong>do</strong> a área <strong>da</strong> bacia <strong>do</strong> Rio Grande indicaram relativamentebaixa performance <strong>do</strong> Hidroestima<strong>do</strong>r na detecção <strong>da</strong> ocorrência de <strong>chuva</strong>s diárias e na estimativaquantitativa <strong>do</strong> total diário precipita<strong>do</strong>, pelo menos no que diz respeito à proposição <strong>do</strong> uso <strong>do</strong>scampos de <strong>chuva</strong> estima<strong>do</strong>s <strong>para</strong> <strong>modelagem</strong> <strong>hidrológica</strong> distribuí<strong>da</strong>.Na com<strong>para</strong>ção com campos de <strong>chuva</strong> gera<strong>do</strong>s por interpolação <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s de pluviômetros,observou-se grande variação espacial <strong>da</strong> performance <strong>da</strong>s estimativas de <strong>chuva</strong>, as quaisapresentaram niti<strong>da</strong>mente pior desempenho nas regiões de cabeceira <strong>da</strong> bacia, onde o terreno éXVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 15


astante eleva<strong>do</strong>. Supõe-se que a ausência de uma correção orográfica no algoritmo <strong>do</strong>Hidroestima<strong>do</strong>r, na versão argentina utiliza<strong>da</strong>, tenha influencia<strong>do</strong> seu desempenho. Outro ponto adestacar é que a bacia estu<strong>da</strong><strong>da</strong> está localiza<strong>da</strong> no limite norte <strong>da</strong> área <strong>para</strong> a qual o algoritmo foicalibra<strong>do</strong> e, provavelmente, resulta<strong>do</strong>s melhores sejam constata<strong>do</strong>s mais ao centro dessa área.AGRADECIMENTOSParte desta pesquisa foi financia<strong>da</strong> pela FINEP/CT-Hidro; ao CNPq pela concessão de bolsade Doutora<strong>do</strong> aos <strong>do</strong>is primeiros autores e de Pós-Doutora<strong>do</strong> ao terceiro autor.BIBLIOGRAFIAANEEL, Agência Nacional de Energia Elétrica (2005). “Atlas de Energia Elétrica <strong>do</strong> Brasil”, 2ªed., Brasília, Brasil.BARRERA, D.F. (2005). “Análisis com<strong>para</strong>tivo de los mapas de precipitación obteni<strong>do</strong>s a partirde <strong>da</strong>tos pluviométricos y de estimaciones satelitales”, in Actas <strong>do</strong> IX Congreso Nacional deMeteorología, Buenos Aires.BARRERA, D.F. (2007). “The generation of synthetic brightness temperature images to improverainfall estimation from GOES satellite”, in Proceedings of Predictions in Ungauged Basins: PUBKick-off, IAHS Publication N o 309, c.13, pp. 113-120. Brasília, Brasil.BARRERA, D.; MARCUZZI, E.; NAUMANN, G. (2001). “Desarrollo del software de un SistemaOperativo de estimación de precipitación a partir de imágenes GOES”, in Actas del IX CongresoLatinoamericano e Ibérico de Meteorología, Buenos Aires, Argentina.BARRERA, D.; Zucarelli, G.; Ceirano, E. (2003). “Una técnica satelital de estimación de lluviacomo herramienta de pronóstico hidrológico: Aplicación a la tormenta del 22 al 25 de abril de2003 sobre Santa Fe y Entre Ríos”, in Anais <strong>do</strong> XV Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos,Curitiba, Brasil.BARRERA, D.F.; CEIRANO, E.B.; ZUCARELLI, G.V. (2007). “Differences in area-averagedrainfall depth over a mid-size basin from two remote sensing methods of estimating precipitation”,in Proceedings of Predictions in Ungauged Basins: PUB Kick-off, IAHS Publication N o 309, c.14,pp. 121-128. Brasília, Brasil.COLLISCHONN, B. (2006). “Uso <strong>da</strong> precipitação estima<strong>da</strong> por satélite em um modelohidrológico distribuí<strong>do</strong>”. Dissertação de Mestra<strong>do</strong>. IPH-UFRGS, Porto Alegre (RS), 196 p.COLLISCHONN, W.; ALLASIA, D.; SILVA, B.; TUCCI, C. (2007). “The MGB-IPH model for largescale rainfall runoff modeling”. Hydrological Sciences Journal (in press).COLLISCHONN, B.; COLLLISCHONN, W.; SILVA, B.; TUCCI, C., (2005). “Simulação<strong>hidrológica</strong> <strong>da</strong> bacia <strong>do</strong> rio São Francisco usan<strong>do</strong> precipitação estima<strong>da</strong> pelo satélite TRMM:XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 16


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