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OBJETIVO ESTRATÉGICO B. Reduzir as pressões diretas sobre ...

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Objetivo estratégico B. <strong>Reduzir</strong> <strong>as</strong> <strong>pressões</strong> diret<strong>as</strong><strong>sobre</strong> biodiversidade e promover o uso sustentávelMeta 5 - Até 2020, a taxa de perdade todos os habitats nativos, inclusiveflorest<strong>as</strong>, terá sido reduzida em pelomenos a metade e, na medida dopossível, levada a perto de zero, e adegradação e fragmentação terãosido reduzid<strong>as</strong> significativamente.Para esta edição do Anuário Mata Atlântica 2013 sãoapresentados os dois últimos resultados do Atl<strong>as</strong>dos Remanescentes Florestais da Mata Atlânticada Fundação SOS Mata Atlântica e do InstitutoNacional de Pesquis<strong>as</strong> Espaciais (INPE), abrangendoos períodos de 2010/2011 e 2011/2012. O Anuário2012, , apresentou os dados disponíveis naquelaoc<strong>as</strong>ião, ou seja, aqueles referentes ao período2008-2010.Para o período 2010-2011, dos 13.312 ha desmatadosna Mata Atlântica, 12.822 ha correspondem aosdesflorestamentos, 435 ha à supressão de vegetaçãode restinga e 56 ha à supressão de vegetação demangue (Tabela 3). Restaram somente 7,9% deremanescentes florestais em fragmentos acima de100 hectares representativos para a conservação dabiodiversidade. Considerando todos os pequenosfragmentos de floresta natural acima de 3 hectares,o índice chega a 13,32%.Para o período 2010 – 2011, da área total do biomaMata Atlântica (1.315.460 km2 ) foram avaliados nolevantamento 1.224.751 km2, o que correspondea cerca de 90%. Foram analisados os Estados doEspírito Santo, Goiás, Min<strong>as</strong> Gerais, Mato Grosso doSul, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, SantaCatarina e São Paulo e Bahia. Devido à cobertura denuvens, que prejudicam a captação de imagens vi<strong>as</strong>atélite, foram avaliados parcialmente os Estadosda Bahia (57%), de Min<strong>as</strong> Gerais (58%) e do EspíritoSanto (36%). Nos demais Estados do Nordeste queestão dentro dos limites do bioma – Alago<strong>as</strong>, Ceará,Paraíba, Pernambuco, Piauí, Sergipe e Rio Grandedo Norte – a análise foi impossibilitada devidoa ocorrência de nuvens. Apesar d<strong>as</strong> condiçõesclimátic<strong>as</strong> nem sempre favoráveis, em cada uma d<strong>as</strong>edições a avaliação tem sido feita com mais agilidadee maior precisão, validando os desmatamentos emimagens recentes de alta resolução e com trabalhosde campo.Tabela 3. Desflorestamentos – período 2010 – 2011 (ha)UFÁrea UFÁrea Originaldo BiomaOs estados avaliados em situação mais crítica foramBahia e Min<strong>as</strong> Gerais, <strong>sobre</strong>tudo <strong>as</strong> regiões commat<strong>as</strong> sec<strong>as</strong>. Em Min<strong>as</strong> Gerais, os desflorestamentosocorreram na região agora chamada de “triângulodo desmatamento”, onde já foram identificadosvários desflorestamentos no período anterior.Nesta região, <strong>as</strong> florest<strong>as</strong> nativ<strong>as</strong> estão sendotransformad<strong>as</strong> em carvão e substituíd<strong>as</strong> poreucalipto para atender a demanda d<strong>as</strong> usin<strong>as</strong>siderúrgic<strong>as</strong>.Para a última edição do Atl<strong>as</strong>, 2011 – 2012, pelaprimeira vez foi possível avaliar todos os 17estados do bioma. A edição mais recente marcatambém a inclusão de nov<strong>as</strong> cl<strong>as</strong>ses que serãomonitorad<strong>as</strong> pelo Atl<strong>as</strong>, tais como Campos deAltitude Naturais, Refúgios Vegetacionais, Áre<strong>as</strong> deVárzea e Dun<strong>as</strong>, que são formações naturais nãoflorestais ,m<strong>as</strong>, essenciais para manutenção doambiente natural e biodiversidade em su<strong>as</strong> áre<strong>as</strong>de ocorrência. Os levantamentos estão em cursoe um mapa preliminar do Bioma Mata Atlântica jáfoi elaborado e é apresentado neste documento.Essa nova versão do Atl<strong>as</strong> inclui o mapeamentoda vegetação de várzea e a identificação da matagaleria e mata ciliar, que ocorrem no entorno dosrios. O relatório técnico pode ser obtido em http://www.sosma.org.br/wp-content/uploads/2013/06/atl<strong>as</strong>_2011-2012_relatorio_tecnico_2013final.pdf.Da área total de 130.973.638 hectares apresentadosno Mapa da Área de Aplicação da Lei da MataAtlântica, 81% foram avaliados no período, 7%%UFRemanescentes Florestais2010 20111º MG* 58.697.565 27.235.854 46% 3.087.045 6.3392º BA* 56.557.948 18.875.099 33% 2.408.648 4.4933º MS* 36.193.583 6.366.586 18% 969.684 5884º SC 9.591.012 9.591.012 100% 2.322.891 5685º ES* 4.614.841 4.614.841 100% 512.590 3646º SP 24.873.203 16.918.918 68% 2.642.468 2167º RS 28.403.078 13.759.380 48% 1.132.084 1118º PR 20,044.406 19.667.485 98% 2.429.652 719º RJ 4.394.507 4.394.507 100% 861.086 9210º GO 34.127.082 1.051.422 3% 33.614 33FONTE: Atl<strong>as</strong> dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, 2010-2011.Decremento(período2010-2011)foram parcialmente avaliados em decorrência deimagens parcialmente cobert<strong>as</strong> por nuvens e 12%não foram possíveis de serem avaliados devido aindisponibilidade de imagens.Para a atual edição do Atl<strong>as</strong> (2011-2012) o totalde supressão de vegetação nativa atingiu 23.548hectares, qu<strong>as</strong>e o dobro verificado no períodoanterior (Tabela 4). dos quais 21.977 ha correspondema desflorestamentos. Na Mata Atlântica o total devegetação de mangue mapeado em 2012 correspondea 224.954 ha, sendo que 17 ha foram suprimidosno último período. Esta situação foi detectada emPernambuco. Para a vegetação de Restinga, cuja áreacorrespondente, mapeada em 2012, é de 570.690hectaresA maior supressão identificada foi de 1.554hectares no município fluminense de São João daBarra (RJ) em função do Super Porto do Açu, indicandoque obr<strong>as</strong> de infraestrutura ainda constituem um dosmaiores vetores de ameaça ao bioma.Comparando a supressão da floresta nativa nosmesmos 10 estados mapeados no período anterior(2010 – 2011) houve um aumento de 29% na taxa dedesmatamento.Min<strong>as</strong> Gerais, Bahia, Piauí e Paraná são os Estadoscom situação mais crítica. Min<strong>as</strong> é o campeão dodesmatamento pela quarta vez consecutiva, sendoresponsável por 10.752 hectares, o que significa aperda da metade do bioma aí existente. Acusa aindaincremento de impressionantes 70% na taxa dedesmatamento no Estado em relação ao períodoAnuário Mata Atlântica 2013 - 31


Gráfico 7. Histórico do desmatamento e média exponencialFonte: Atl<strong>as</strong> dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica/INPE), 2011 a 2012.O aumento do desmatamento registrado para oúltimo período é uma preocupante reversão natendência observada desde o início d<strong>as</strong> mediçõesem 1985, Ao longo destes anos houve períodosde maior inflexão, notadamente, em 2005-2008e entre 2008-2010. Mais recentemente, a quedana taxa média anual de desmatamento entre operíodo 2008-2010 e o período 2010-2011, foi de53%. O aumento na taxa média anual registrado é omaior dos últimos cinco anos. Uma série de motivospodem explicar estes registros: maior amparo legale aplicação da lei, aumento fiscalização, materialde apoio ao monitoramento mais eficiente (ex.imagens), maior participação da sociedade,diminuição da área original dentre outr<strong>as</strong>.No entanto, na comparação entre os dois últimosperíodos, houve o incremento de 29% na taxa dedesmatamento, o que significa um inadmissívelretrocesso na política de combate ao desmatamento.Os vetores de pressão <strong>sobre</strong> os remanescentes daMata Atlântica continuam diversos e persistentes,notadamente, m<strong>as</strong> não exclusivamente, ao longo daregião costeira e irradiando d<strong>as</strong> grandes metrópoles.Obr<strong>as</strong> de infraestrutura de grande porte, tais comoportos e entorno, constituem atuais e potenciaisameaç<strong>as</strong> ao bioma e ecossistem<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociados. Emum momento onde questões relativ<strong>as</strong> à mitigaçãoe adaptação às mudanç<strong>as</strong> climátic<strong>as</strong> ressaltam aimportância de se manter e restaurar a saúde dosecossistem<strong>as</strong>, esta infraestrutura verde é dilapidada.O investimento na proteção de manguezais, porexemplo, provê uma eficiente barreira para protegercidades e negócios localizados na zona costeira, deinundações e tempestades. Um c<strong>as</strong>o advindo dainiciativa privada demonstrou que investimento de1,4 milhões de dólares na manutenção de uma áreaúmida natural para tratar seus efluentes é muitomais efetivo do que o de infraestrutura tradicional,cujo custo seria de mais de 40 milhões de dólares 16 .Como não há uma valoração do capital natural,muit<strong>as</strong> decisões são tomad<strong>as</strong> sem <strong>as</strong> melhoresinformações, com perda de recursos financeiros enaturais. (Para mais informações em Valoração doCapital Natural ver meta 2)A oitava edição do Atl<strong>as</strong> apresenta progressosrelevantes possibilitados pelo aprimoramentocontínuo e pelo uso d<strong>as</strong> melhores técnic<strong>as</strong>. Comoconsequência, tem-se maior detalhamento dosdados e mais amplo acesso e compreensão d<strong>as</strong>informações levantad<strong>as</strong>. Além do que, promovemcomo desejado um monitoramento mais preciso,ações mais focad<strong>as</strong> e estratégic<strong>as</strong> para se cumprir alei que visa a proteção do bioma.A nova legenda do Atl<strong>as</strong> , como já destacado,inclui agora cl<strong>as</strong>ses tais como Campos de AltitudeNaturais, Refúgios Vegetacionais, Áre<strong>as</strong> deVárzea e Dun<strong>as</strong>, que são formações naturais nãoflorestais m<strong>as</strong> essenciais para manutenção doambiente natural e que p<strong>as</strong>sam a ser igualmentemonitorad<strong>as</strong>. Há também uma mudança no critériode identificação d<strong>as</strong> formações florestais no sentidode incluir no mapeamento áre<strong>as</strong> de mata ciliar commaior precisão. Isso permite maior detalhamentono monitoramento dos impactos d<strong>as</strong> mudanç<strong>as</strong>decorrentes d<strong>as</strong> alterações no Código Florestal,16 The New Business Imperative: Valuing Natural Capital http://www.corporateecoforum.com/valuingnaturalcapital/. Acessado em 9/10/2013.bem como constituirá suporte para se acompanhara implementação do Cad<strong>as</strong>tro Ambiental Rural(CAR) e o Programa de Regularização Ambiental(PRA). O estudo apresenta ainda a versão preliminardo Mapa do Bioma Mata Atlântica com a inclusãod<strong>as</strong> formações não florestais.Figura 3. Área de abrangência do Atl<strong>as</strong> conforme LeiFederal 11.428/2006FONTE: Área de abrangência do Atl<strong>as</strong>, conforme Lei Federal11.428/2006 e Decreto 6.660/2008 (SOS Mata Atlântica/ INPE,2012).Especificamente no Piauí, que teve seu mapeamentorealizado pela primeira vez em 2012, <strong>as</strong> áre<strong>as</strong> dedun<strong>as</strong> sem cobertura de restinga herbácea foramdiferenciad<strong>as</strong> em uma cl<strong>as</strong>se específica de dun<strong>as</strong>.Essa nova cl<strong>as</strong>se deverá ser padronizada paraos outros estados em futur<strong>as</strong> versões do Atl<strong>as</strong>para permitir uma análise mais detalhada dosecossistem<strong>as</strong> costeiros <strong>as</strong>sociados à Mata Atlântica(Para mais em ambiente costeiro ver meta 10).A delimitação do bioma em consonância com aLei da Mata Atlântica é essencial para protegervegetações que em algum<strong>as</strong> situações ficamsujeit<strong>as</strong> a uma verificação em escala adequada.Por solicitação da Secretaria de Meio Ambiente doPiauí, o IBGE revisou e identificou com precisão <strong>as</strong>Florest<strong>as</strong> Estacional Decidual e Semidecidual (Cartade Vegetação São Francisco) como Mata Atlântica.A presença do bioma é registrada na região Sul doEstado e em área próxima a Teresina.Na pesquisa, Indicadores de DesenvolvimentoSustentável (IDS – 2012), o IBGE apresenta pelaprimeira vez dados de desmatamento para a MataAtlântica. O resultado é de que restam menosde12% da área original, sendo 11,26% de florest<strong>as</strong> e0,47 % de mangues e resting<strong>as</strong>. São dados similaresencontrados por Ribeiro et al., 2009, que indicarama floresta remanescente entre 11,4 e 16% relativoao território original do bioma. De 1,8 milhão km2,sobraram 149,7 mil km². A área desmatada chegaa 1,13 milhão km2 (88% do original). Os dados sereferem ao ano de 2010. É importante notar que adiferença entre os números, refere-se a metodologiaempregada pel<strong>as</strong> instituições envolvid<strong>as</strong> n<strong>as</strong>mensurações.GRÁFICO 8. Desmatamento da Mata AtlânticaFONTE: Indicadores de Desenvolvimento Sustentável – IBGE2012.Anuário Mata Atlântica 2013 - 35


A fragmentação é uma característica muitomarcante do atual estado do bioma cuja dinâmicae efeitos deletérios devem ser estudados emprofundidade para se reconectar fragmentos,promover a restauração da vegetação nativa eainda reverter quadros de extinção de espécies.É importante registrar a expressiva contribuiçãocientífica do Laboratório de Ecologia da Paisageme Conservação (LEPAC) do Instituto de Biociênci<strong>as</strong>da USP para melhor entendimento e manejodos fragmentos florestais no bioma. Para lista depublicações, ver meta 19. Para o fenômeno d<strong>as</strong>florest<strong>as</strong> vazi<strong>as</strong>, ver meta 12.Vale reforçar, pela gravidade dos fatos que,embora se tenha observado nos últimos anosque o desmatamento no bioma seguia uma linhadescendente, observa-se um retrocesso nesteultimo período de 2011-2012 e a existência desituações insustentáveis como são os c<strong>as</strong>os jádestacados acimados estados de Min<strong>as</strong> Gerais eBahia que permanecem no topo da lista nos últimosanos. Os dados indicam a perda de 6.339 e 4.686hectares respectivamente. Uma d<strong>as</strong> florest<strong>as</strong> maisric<strong>as</strong> do planeta continua virando lenha.A avaliação qualitativa dos remanescentes é de sumaimportância para que a meta seja atingida uma vezque há claros indícios sem que, contudo, haja umadimensão exata, do fenômeno de empobrecimentod<strong>as</strong> florest<strong>as</strong>. Como conter a degradação destesambientes sem polític<strong>as</strong> públic<strong>as</strong> efetiv<strong>as</strong> deconservação e fiscalização implementad<strong>as</strong> de formaintegrada pel<strong>as</strong> três instanci<strong>as</strong> de governo e dadosque possam orientar estratégi<strong>as</strong> custo- efetiv<strong>as</strong>?Destaca-se a urgência e importância de ampliarn<strong>as</strong> três esfer<strong>as</strong> de governo o sistema de áre<strong>as</strong>protegid<strong>as</strong>, a fiscalização, educação e mobilizaçãodos diversos segmentos sociedade para o combateao desmatamento, sendo necessário para tantoproduzir uma b<strong>as</strong>e de dados eficiente e que tenhaatualização contínua de modo a subsidiar polític<strong>as</strong>públic<strong>as</strong> e atuar efetivamente na recuperação daMata Atlântica e redução de desmatamento.No c<strong>as</strong>o do Nordeste,o monitoramento realizadopara a última edição do Atl<strong>as</strong>, 2011 – 2012,contribuipara atender demanda fundamental derealização do mapeamento e monitoramentoda Mata Atlântica em todos os estados, gerandoinformações no mesmo nível daquel<strong>as</strong> produzid<strong>as</strong>em outr<strong>as</strong> regiões <strong>sobre</strong> a integralidade dos estadosenvolvidos no domínio da Mata Atlântica. Estadoscomo Alago<strong>as</strong>, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí,Sergipe e Rio Grande do Norte ainda possuem áre<strong>as</strong>significativ<strong>as</strong> de remanescentes florestais e abrigamrica biodiversidade endêmica e ameaçada.Ainda no mês de abril de 2013 pesquisadoresda Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)e Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)publicaram a descoberta de uma nova espécie deporco-espinho, que recebeu o nome de Coendousperatus, no estado de Pernambuco. Organizaçõescomo a AMANE e o CEPAN possuem uma b<strong>as</strong>e dedados significativa <strong>sobre</strong> o bioma na região e devemdisponibilizar esses dados em redes virtuais. O apoioao desenvolvimento de pesquis<strong>as</strong> permanentes<strong>sobre</strong> o bioma na região é fundamental para quese tenha, de fato, uma fotografia da Mata Atlânticano Br<strong>as</strong>il. Importante destacar a articulação d<strong>as</strong>redes sociais e instituições na produção dess<strong>as</strong>informações, nesse c<strong>as</strong>o, o Corredor da MataAtlântica do Nordeste, que envolve os estados doRio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alago<strong>as</strong>,Sergipe e Bahia, conta com uma rede de gestoresde Unidades de Conservação que contabilizammais de 600 participantes.Também é fundamental para a conservação dosremanescentes florestais a recuperação da MataAtlântica, evitando o desmatamento, <strong>as</strong> polític<strong>as</strong>de educação ambiental a melhoria dos sistem<strong>as</strong>de licenciamento, <strong>as</strong> polític<strong>as</strong> de estimulo àconservação e de uso sustentável da biodiversidade.DESTAQUES DA META• Na a última edição do Atl<strong>as</strong>, 2011 – 2012, foi possível pela primeira vez, avaliar todos os 17estados do bioma e foram também incluíd<strong>as</strong> para monitoramento nov<strong>as</strong> cl<strong>as</strong>ses de formaçõesnaturais não florestais tais como Campos de Altitude Naturais, Refúgios Vegetacionais, Áre<strong>as</strong> deVárzea e Dun<strong>as</strong>;• Na edição do Atl<strong>as</strong> 2011-2012, comparando-se a supressão da floresta nativa nos mesmos 10estados mapeados no período anterior (2010-2011) verifica-se que houve um aumento de 29% nataxa de desmatamento, significando um grande retrocesso;• Obr<strong>as</strong> de infraestrutura ainda constituem um dos maiores vetores de ameaça ao bioma;• Min<strong>as</strong> Gerais, Bahia, Piauí e Paraná são os Estados com situação mais crítica em relação às tax<strong>as</strong>de desmatamento.• O Estado de Min<strong>as</strong> Gerais é o campeão do desmatamento pela quarta vez consecutiva, sendoresponsável por 10.752 hectares, o que significa metade da perda do bioma. Acusa aindaincremento de impressionantes 70% na taxa de desmate no Estado em relação ao período anterior,principalmente na região chamada de “triângulo de desmatamento” onde <strong>as</strong> florest<strong>as</strong> nativ<strong>as</strong>estão sendo transformad<strong>as</strong> em carvão e substituíd<strong>as</strong> por eucalipto;• O estado do Paraná também entra como destaque negativo pelo aumento de 50% na taxa dedesmate;• Os destaques positivos são Espírito Santo e Mata Grosso do Sul, que tiveram redução dedesmatamento de 93% e 92% respectivamente;• Segundo pesquis<strong>as</strong> do IBGE (Indicadores de Desenvolvimento Sustentável-2012) referente aodesmatamento, restam 12% da área original sendo 11,26% de florest<strong>as</strong> e 0,47 % de mangues eresting<strong>as</strong>;• Por solicitação da Secretaria de Meio Ambiente do Piauí, o IBGE revisou e identificou com precisão<strong>as</strong> Florest<strong>as</strong> Estacional Decidual e Semidecidual (Carta de Vegetação São Francisco) como MataAtlântica. A presença do bioma é registrada na região Sul do estado e na área próximo a Teresina.• A fragmentação é uma característica muito marcante do atual estado do bioma cuja dinâmica eefeitos deletérios devem ser estudados em profundidade para se reconectar fragmentos, promovera restauração da vegetação nativa e ainda reverter quadros de extinção de espécies.• Progressos relevantes e uso de melhores técnic<strong>as</strong> na elaboração do Atl<strong>as</strong> Mata Atlântica (SOSMata Atlântica/ INPE) permitirão maior detalhamento no monitoramento dos impactos d<strong>as</strong>mudanç<strong>as</strong> decorrentes d<strong>as</strong> alterações no Código Florestal, bem como constituirá suporte para seacompanhar a implementação do Cad<strong>as</strong>tro Ambiental Rural (CAR) e o Programa de RegularizaçãoAmbiental (PRA).• Maior rigor e fiscalização na certificação de produtos florestais e no combate efetivo aodesmatamento;• Urgência e importância de ampliar, n<strong>as</strong> três esfer<strong>as</strong> de governo, a criação e implantaçãode áre<strong>as</strong> protegid<strong>as</strong>, a fiscalização, a educação, <strong>as</strong> polític<strong>as</strong> de estímulo à conservação e usosustentável da biodiversidade e mobilização dos diversos segmentos sociedade para o combateao desmatamento;DESAFIOS QUEPERMANECEMAnuário Mata Atlântica 2013 - 37


• Produção de b<strong>as</strong>e de dados eficiente e que tenha atualização contínua de modo a subsidiar polític<strong>as</strong>públic<strong>as</strong> e atuar efetivamente na recuperação da Mata Atlântica e redução de desmatamento;• Monitoramento dos impactos d<strong>as</strong> mudanç<strong>as</strong> decorrentes d<strong>as</strong> alterações no Código Florestal;• Implementação dos Planos Municipais da Mata Atlântica, do Cad<strong>as</strong>tro Ambiental Rural (CAR) edo Programa de Regularização Ambiental (PRA);• Valoração do Capital Natural na contabilidade publica e privada.• Ampliação do Sistema de Áre<strong>as</strong> Protegid<strong>as</strong> (municipais , estaduais e federal) terrestres, costeir<strong>as</strong>e marinh<strong>as</strong>;• Mapeamento e monitoramento contínuo da evolução da cobertura vegetal nativa em todos osestados e região costeira- marinha;• Campanha de mobilização para o combate efetivo ao desmatamento e á impunidade.Meta 6 - Até 2020, o manejo e capturade quaisquer estoques de peixes,invertebrados e plant<strong>as</strong> aquátic<strong>as</strong>serão sustentáveis, legais e feitoscom aplicação de abordagensecossistêmic<strong>as</strong>, de modo a evitar <strong>as</strong>obrexploração, colocar em prática,planos e medid<strong>as</strong> de recuperaçãopara espécies exaurid<strong>as</strong>, fazer comque a pesca não tenha impactosadversos significativos <strong>sobre</strong> espéciesameaçad<strong>as</strong> e ecossistem<strong>as</strong> vulneráveis,e fazer com que os impactos dapesca <strong>sobre</strong> estoques, espécies eecossistem<strong>as</strong> permaneçam dentro delimites ecológicos segurosSegundo o Boletim Estatístico da Pesca eAquicultura – 2010, a produção de pescado doBr<strong>as</strong>il, para o ano de 2010, foi de 1.264.765 t,registrando-se um incremento de 2% em relaçãoa 2009, quando foram produzid<strong>as</strong> 1.240.813 t depescado. A pesca extrativa marinha continuousendo a principal fonte de produção de pescadonacional, sendo responsável por 536.455 t (42,4%do total de pescado), seguida, sucessivamente,pela aquicultura continental (394.340 t; 31,2%),pesca extrativa continental (248.911 t; 19,7%) eDESAFIOS QUE PERMANECEMaquicultura marinha (85.057 t; 6,7%). A produçãoda pesca extrativa continental fechou com umacréscimo de 3,9% em relação a 2009 (BRASIL, 2012).Este acréscimo, entretanto, precisa ser analisadocom cautela, pois novos estoques continuam sendoexplorados, em detrimento do colapso de outros,especialmente n<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> mais r<strong>as</strong><strong>as</strong>.Não foram identificad<strong>as</strong> estatístic<strong>as</strong> por baciahidrográfica que pudessem subsidiar o quadroatual da pesca na Mata Atlântica, sendo que,inclusive grande parte dos dados é apresentadade forma agregada, ou seja, sob a designação depescado, sem discriminação da origem (marinhoou água doce). Os dados por região atestam queo Norte é responsável pela metade da pescaextrativa continental. A segunda região com maiorparticipação foi o nordeste, sendo Maranhão (25.944t), Bahia (17.670 t) e Ceará (11.635 t) os principaisprotagonist<strong>as</strong>. As demais regiões, agrupad<strong>as</strong>representaram apen<strong>as</strong> 16,6% (BRASIL, 2012).Embora não haja dados por bacia e superposiçãocom os limites do bioma, <strong>as</strong> estatístic<strong>as</strong> apresentad<strong>as</strong>indicam pela produção nos estados que a pescana Mata Atlântica não tem grande contribuiçãonacional, seja porque seus estoques já foram<strong>sobre</strong>explorados, a estatística pesqueira subestimaa produção da pesca artesanal, ou porque a poluiçãod<strong>as</strong> águ<strong>as</strong> e o desequilíbrio causado pel<strong>as</strong> espéciesinv<strong>as</strong>or<strong>as</strong> exótic<strong>as</strong> frustram o desenvolvimentodesta atividade econômica. Esses são alguns dosfatores de ameaça identificados ao longo destedocumento.Cabe destacar que a partir do início de 2012 oPrograma Nacional de Monitoramento Pesqueiro,conduzido pelo Ministério da Pesca e Aquiculturafoi interrompido em qu<strong>as</strong>e todo o país. Sem estesdados, não é possível fazer uma gestão mínima paraa pesca sustentável, o que inviabiliza totalmente ocumprimento desta meta.Os ecossistem<strong>as</strong> aquáticos da Mata Atlântica, entreeles os rios, lagos e lago<strong>as</strong>, estuários e manguezais,possuem uma ictiofauna rica e variada <strong>as</strong>sociada àfloresta, que lhe proporciona proteção e alimento.A característica marcante da sua ictiofauna éseu grau de endemismo, resultante do processode evolução histórica d<strong>as</strong> espécies em áre<strong>as</strong>geomorfologicamente isolad<strong>as</strong>. De acordo coma obra referencial de 2007, Peixes de Água Doceda Mata Atlântica: Lista Preliminar d<strong>as</strong> Espécies eComentários <strong>sobre</strong> a Conservação dos Peixes deÁgua Doce Neotropicais são 309 espécies, sendo267 endêmic<strong>as</strong> da Mata Atlântica e 49 oficialmenteameaçad<strong>as</strong> em divers<strong>as</strong> categori<strong>as</strong> de ameaçaconforme <strong>as</strong> definições da IUCN (União Mundial paraa Natureza) e do Ibama (Instituto Br<strong>as</strong>ileiro de MeioAmbiente e dos Recursos Naturais Renováveis).O ICMBio é o responsável pelo processo de Avaliaçãodo Estado de Conservação da Fauna Br<strong>as</strong>ileira. Comoo conjunto de peixes de água doce corresponde aqu<strong>as</strong>e 3.000 espécies descrit<strong>as</strong>, <strong>as</strong> avaliações sãofeit<strong>as</strong> por recortes. Em 2011 foi realizada a I Oficinade Avaliação do Estado de Conservação de PeixesContinentais, com foco n<strong>as</strong> espécies da ecorregiãodo São Francisco e da família Rivulidae (peixesanuais), Em 2012, o recorte foi para <strong>as</strong> ecorregiõesdo Alto Paraná e Iguaçú.Na interface entre os ecossistem<strong>as</strong> terrestres emarinhos, a zona costeira abrange importantessistem<strong>as</strong>, como os já mencionados manguezais,estuários, lagun<strong>as</strong> e lago<strong>as</strong>. A relevância da funçãoecológica destes é expressa na prevenção deinundações, da intrusão salina e da erosão costeira;a proteção contra tempestades, a reciclagem denutrientes e de substânci<strong>as</strong> poluidor<strong>as</strong>, a provisãodireta ou indireta de habitats e os recursos paravári<strong>as</strong> espécies que são explorad<strong>as</strong>.Os mangues, reconhecidos como importanteberçário de peixes e outros animais aquáticos estãosendo destruídos em todo o mundo até quatro vezesmais rápido do que <strong>as</strong> outr<strong>as</strong> florest<strong>as</strong>. Estima-se queaproximadamente 25% dos manguezais br<strong>as</strong>ileirosjá tenham sido destruídos (PRATES, 2012).São muit<strong>as</strong> <strong>as</strong> ameaç<strong>as</strong> <strong>sobre</strong> os ecossistem<strong>as</strong>aquáticos do bioma, inclusive algum<strong>as</strong> del<strong>as</strong> sendomais ou menos significativ<strong>as</strong>, conforme a região:salin<strong>as</strong>, carcinicultur<strong>as</strong>, rizicultur<strong>as</strong>, agrotóxicos,desmatamentos, <strong>sobre</strong>pesca, pesca predatória,expansão urbana, falta de saneamento básico einv<strong>as</strong>ão de espécies exótic<strong>as</strong>, grandes obr<strong>as</strong> deinfraestrutura em ambientes prioritários paraconservação. Acidentes ambientais, principalmentecom produtos químicos e petroquímicosembarcados, impactam tanto os oceanos como <strong>as</strong>áre<strong>as</strong> costeir<strong>as</strong>.Para <strong>as</strong> espécies inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong> aquátic<strong>as</strong> não foramidentificados dados que pudessem fornecer umquadro atual da situação na Mata Atlântica, aexemplo d<strong>as</strong> tilápi<strong>as</strong> e alg<strong>as</strong> cujo problema éb<strong>as</strong>tante conhecido. Para <strong>as</strong> espécies ameaçad<strong>as</strong>de extinção, existe o Plano de Ação Nacional paraa Conservação d<strong>as</strong> Espécies Aquátic<strong>as</strong> Ameaçad<strong>as</strong>(PAN). O PAN da Bacia do Rio Paraíba do Sul, porexemplo, tem por objetivo recuperar e manter <strong>as</strong>espécies aquátic<strong>as</strong> ameaçad<strong>as</strong> de extinção da baci<strong>as</strong>ituada nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro eMin<strong>as</strong> Gerais. O PAN abrange 17 espécies aquátic<strong>as</strong>constantes da atual lista nacional da faunaameaçada de extinção e du<strong>as</strong> constantes da listado estado de São Paulo, sendo dez de peixes, umade quelônio, três de crustáceos e três de moluscoscontinentais. O uso inadequado dos agrotóxicose de efluentes químicos e orgânicos nos corposhídricos é abordado na Meta 8. O tema extinção deespécies é abordado na Meta 12.Algum<strong>as</strong> atividades de pesca local, mesmo quede pequena escala, possuem característic<strong>as</strong>predatóri<strong>as</strong>, como o uso do compressor, arr<strong>as</strong>to defundo (balão) e redes caçoeir<strong>as</strong> (Pinheiro et al., 2010), necessitando de ordenamento específicos para arealidade de cada local.No geral, <strong>as</strong> caus<strong>as</strong> d<strong>as</strong> extinções no meio aquáticocontinental são a degradação do habitat e aintrodução de espécies, e em segundo patamar aexploração predatória. A tendência é a manutençãodos vetores de ameaça. Necessita-se conhecermais <strong>sobre</strong> esse tema, porque ele é bem menosAnuário Mata Atlântica 2013 - 39


explorado do ponto de vista da conservação dabiodiversidade do que no ambiente terrestre.Este <strong>as</strong>sunto demanda um estudo de avaliaçãoda situação atual que possa emb<strong>as</strong>ar uma análisemais consistente e mais importante, estratégi<strong>as</strong> dereversão do quadro que é b<strong>as</strong>tante preocupante.É crescente a consolidação do conceito de que<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> protegid<strong>as</strong> marinh<strong>as</strong> são essenciaispara conservar a biodiversidade dos oceanos eambientes costeiros, bem como para manter eDESTAQUES DA METArestaurar a produtividade biológica, especialmentedos estoques pesqueiros. Alguns estados vemse destacando no trabalho de conservação eordenamento pesqueiro , como é o c<strong>as</strong>o do estadode São Paulo, que protegeu toda a sua costa coma criação e implantação de três Áre<strong>as</strong> de ProteçãoAmbiental Marinh<strong>as</strong>, integrad<strong>as</strong> em Mosaico deÁre<strong>as</strong> Protegid<strong>as</strong> que envolve vari<strong>as</strong> outr<strong>as</strong> unidadesde conservação da região, e tem como foco principalde seu trabalho a gestão integrada e participativa eo ordenamento pesqueiro.• O Boletim Estatístico da Pesca e Aquicultura 2010, publicado em 2012, mostrando que depoisda região norte que é responsável pela metade da pesca extrativista continental. O nordeste ésegunda região br<strong>as</strong>ileira com maior participação, sendo Maranhão (25.944 t), Bahia (17.670 t) eCeará (11.635 t) os principais protagonist<strong>as</strong> ;• O Programa Nacional de Monitoramento Pesqueiro, conduzido pelo Ministério da Pesca eAquicultura foi interrompido em qu<strong>as</strong>e todo o país no inicio de 2012, significando um retrocessona gestão para a pesca sustentável, e nos avanços para cumprimento desta meta;• Os mangues estão sendo destruídos em todo o mundo até quadro vezes mais rápido do queoutr<strong>as</strong> florest<strong>as</strong>, e estima-se que aproximadamente 25% dos manguezais br<strong>as</strong>ileiros já tenhamsido destruídos;• São muit<strong>as</strong> <strong>as</strong> ameaç<strong>as</strong> <strong>sobre</strong> os ecossistem<strong>as</strong> aquáticos do bioma, inclusive: salin<strong>as</strong>, carcinicultur<strong>as</strong>,rizicultur<strong>as</strong>, agrotóxicos, desmatamentos, <strong>sobre</strong>pesca, pesca predatória, expansão urbana, falta desaneamento básico e inv<strong>as</strong>ão de espécies exótic<strong>as</strong>, grandes obr<strong>as</strong> de infraestrutura em ambientesprioritários para conservação. Acidentes ambientais, principalmente com produtos químicos epetroquímicos embarcados, impactam tanto os oceanos como para <strong>as</strong> áre<strong>as</strong> costeir<strong>as</strong>.• É crescente a consolidação do conceito de que <strong>as</strong> áre<strong>as</strong> protegid<strong>as</strong> marinh<strong>as</strong> são essenciais paraconservar a biodiversidade dos oceanos e ambientes costeiros, bem como para manter e restaurara produtividade biológica, especialmente dos estoques pesqueiros;• Alguns estados vêm se destacando no trabalho de conservação e ordenamento pesqueiro, comoé o c<strong>as</strong>o do estado de São Paulo, que protegeu toda a sua costa com a criação e implantação de trêsÁre<strong>as</strong> de Proteção Ambiental Marinh<strong>as</strong>, integrad<strong>as</strong> em Mosaico de Áre<strong>as</strong> Protegid<strong>as</strong> que envolvevari<strong>as</strong> outr<strong>as</strong> unidades de conservação da região, e tem como foco principal de seu trabalho nagestão integrada e participativa e no ordenamento pesqueiro.• Retomar o Programa Nacional de Monitoramento Pesqueiro, conduzido pelo Ministério daPesca e Aquicultura;• Promover o ordenamento pesqueiro e o zoneamento ecológico econômico em todo territóriobr<strong>as</strong>ileiro, terrestre,costeiro e marinho, visando tornar a captura de peixes, invertebrados eplant<strong>as</strong> aquátic<strong>as</strong> sustentáveis, adotando para tanto o enfoque ecossistêmico;• Ampliar o monitoramento e a fiscalização do cumprimento da lei e d<strong>as</strong> polític<strong>as</strong> de conservaçãopara a Zona Costeira e Marinha;DESAFIOS QUEPERMANECEM• Criar e ampliar <strong>as</strong> áre<strong>as</strong> de exclusão/produção de pesca, temporári<strong>as</strong> ou permanentes,integrad<strong>as</strong> às unidades de conservação;• Ampliar <strong>as</strong> áre<strong>as</strong> protegid<strong>as</strong> costeir<strong>as</strong> e marinh<strong>as</strong>, essenciais para conservar a biodiversidadedos oceanos e ambientes costeiros, bem como para manter e restaurar a produtividadebiológica, especialmente dos estoques pesqueiros;• Monitoramento e execução de planos e medid<strong>as</strong> de recuperação para espécies de peixes,invertebrados e plant<strong>as</strong> aquátic<strong>as</strong> exaurid<strong>as</strong>;• Fomentar a pesquisa e estudos de avaliação da situação atual dos ambientes aquáticos quepossa emb<strong>as</strong>ar uma análise e formulação de polític<strong>as</strong> public<strong>as</strong> mais consistentes, com definiçãode estratégi<strong>as</strong> de reversão do quadro de degradação desses ambientes e d<strong>as</strong> pratic<strong>as</strong> e povostradicionais que os utilizam.Meta 7 - Até 2020, áre<strong>as</strong> sobagricultura, piscicultura e silvicultur<strong>as</strong>erão manejad<strong>as</strong> de forma sustentável,<strong>as</strong>segurando a conservação dabiodiversidadeO documento “A Sustentabilidade Ambientalda Agropecuária Br<strong>as</strong>ileira: Impactos, Polític<strong>as</strong>Públic<strong>as</strong> e Desafios” busca levantar <strong>as</strong> questõesbásic<strong>as</strong> relacionad<strong>as</strong> aos desafios de desenvolver <strong>as</strong>ustentabilidade ambiental do setor agropecuáriono Br<strong>as</strong>il e analisar <strong>as</strong> principais polític<strong>as</strong>atualmente desenvolvid<strong>as</strong> pelo governo federalpara esse fim (IPEA, 2012). A agropecuária teve eainda tem um papel relevante na configuraçãoe no atual estado de conservação do bioma. Asalt<strong>as</strong> tax<strong>as</strong> de substituição d<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> de vegetaçãonatural por prátic<strong>as</strong> agrícol<strong>as</strong> e de pecuária foramreduzindo ao longo do tempo, m<strong>as</strong> <strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> demanejo agrícola adotad<strong>as</strong> ou o impedimento deregeneração d<strong>as</strong> mat<strong>as</strong> ciliares são ainda muitopresentes e determinantes para a degradação dosecossistem<strong>as</strong>. Entre <strong>as</strong> prátic<strong>as</strong> condenáveis estãoaquel<strong>as</strong> vinculad<strong>as</strong> à adoção do fogo, com exceçãodo manejo feito por populações tradicionais deacordo com a lei, a erosão do solo, a sedimentação ea contaminação dos corpos d’água por agrotóxicose fertilizantes, bem como a intoxicação e morte dafauna nativa entre outros. A seguir são apresentad<strong>as</strong><strong>as</strong> polític<strong>as</strong> e os program<strong>as</strong> governamentaisrelacionados no referido estudo, acerca do manejosustentável no setor agrícola, ou agropecuário,DESAFIOS QUEPERMANECEMquando não houver desagregação. Registra-se quenão foram identificad<strong>as</strong> ações específic<strong>as</strong> por biomaou região, m<strong>as</strong> talvez no decorrer da implantaçãode alguns destes program<strong>as</strong> isto aconteça ou até jáesteja planejado.A sustentabilidade ambiental p<strong>as</strong>sou a constarexplicitamente entre os objetivos gerais dos PlanosAgrícol<strong>as</strong> e Pecuários (PAP), lançados anualmentepelo Ministério da Agricultura, Pecuária eAb<strong>as</strong>tecimento (MAPA), a partir da safra 2008-2009.Os program<strong>as</strong> governamentais estabelecidos parapromover a sustentabilidade ambiental do setoragropecuário br<strong>as</strong>ileiro são:Plano Agricultura de Baixo Carbono (ABC): comvigência até 2020, su<strong>as</strong> principais met<strong>as</strong> relacionamseà recuperação de p<strong>as</strong>tagens degradad<strong>as</strong>;implantação de sistem<strong>as</strong> de integração lavourapecuária-floresta(ILPF)e sistem<strong>as</strong> agroflorestais(SAF); promoção do sistema de plantio diretona palha(SPD); promoção da fixação biológicade nitrogênio (FBN) em substituição ao uso defertilizantes nitrogenados; e expansão da áreade florest<strong>as</strong> plantad<strong>as</strong> e ampliação do uso detecnologi<strong>as</strong> para tratamento de dejetos animais.Estima-se a necessidade de recursos da ordemde R$ 197 bilhões para o período de 2011 a 2020,sendo R$ 157 bilhões aplicados via crédito rural.Investimentos privados seriam da ordem de R$ 10bilhões, principalmente voltados para o plantiode florest<strong>as</strong>. Para o público da agricultura familiar,o Plano ABC prevê a liberação de crédito atravésde du<strong>as</strong> linh<strong>as</strong> especiais do Programa Nacional deFortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF).Anuário Mata Atlântica 2013 - 41


Programa de Desenvolvimento da AgriculturaOrgânica (Pró-Orgânico): O PAP 2012-2013 foiespecífico <strong>sobre</strong> a agricultura orgânica, definindoestratégi<strong>as</strong> para apoiar e desenvolver a transiçãoagroecológica e sistem<strong>as</strong> orgânicos de produção.O estabelecimento de uma política voltada para aagricultura orgânica concretizou-se recentementecom a criação da Política Nacional de Agroecologiae Produção Orgânica (PNAPO), Decreto 7.794/2012,instituída com o objetivo de integrar, articular eadequar polític<strong>as</strong>, program<strong>as</strong> e ações indutor<strong>as</strong> datransição agroecológica e da produção orgânicae de b<strong>as</strong>e agroecológica, contribuindo para odesenvolvimento sustentável e a qualidade devida da população, por meio do uso sustentáveldos recursos naturais e da oferta e consumo dealimentos saudáveis. Entre <strong>as</strong> diretrizes da novapolítica está a conservação dos ecossistem<strong>as</strong>naturais e recomposição dos ecossistem<strong>as</strong>modificados, por meio de sistem<strong>as</strong> de produçãoagrícola e de extrativismo florestal b<strong>as</strong>eados emrecursos renováveis, com a adoção de métodose prátic<strong>as</strong> culturais, biológic<strong>as</strong> e mecânic<strong>as</strong>, quereduzam resíduos poluentes e a dependência deinsumos externos para a produção. O próximo p<strong>as</strong>sopara a efetivação da PNAPO é a elaboração do PlanoNacional de Agroecologia e Produção Orgânica, emque serão estabelecid<strong>as</strong> <strong>as</strong> estratégi<strong>as</strong> de ação emet<strong>as</strong>, d<strong>as</strong> quais dependerão os resultados futurosdessa política. O documento não aponta valoresestimados para a implementação da política ou aestrutura de financiamento para viabilizá-la.Programa Nacional de Fortalecimento da AgriculturaFamiliar - PRONAF: visando promover prátic<strong>as</strong>ambientalmente mais sustentáveis, foram criad<strong>as</strong>algum<strong>as</strong> linh<strong>as</strong> especiais de crédito, genericamentechamad<strong>as</strong> de PRONAF Verde. Devido ao baixodesempenho deste programa, foi criado o PRONAFSustentável (2009) cuja metodologia somenterecentemente foi instituída (Portaria MDA 9/2012).Programa Federal de Apoio à RegularizaçãoAmbiental de Imóveis Rurais: denominado ProgramaMais Ambiente (Decreto 7.029/ 2009), coordenadopor um comitê gestor liderado pelo MMA. A principalinovação desse programa foi a criação do Cad<strong>as</strong>troAmbiental Rural (CAR) como parte integrante doSistema Nacional de Informações <strong>sobre</strong> o MeioAmbiente (SINIMA). O novo Código Florestal ratificaa instituição do CAR, p<strong>as</strong>sando a considerá-lo comoprincipal instrumento de regularização ambientald<strong>as</strong> propriedades rurais (ver mais <strong>sobre</strong> o CAR nameta 15).Na criteriosa avaliação do IPEA, o verdadeiro potencialde transição do modelo tradicional de agriculturapara um mais sustentável, quando observada àperspectiva do produtor, implica em ficar claro se oscustos adicionais serão compensados pelo aumentodos retornos financeiros. Resistênci<strong>as</strong> à inovação eriscos certamente não são imprevisíveis. Além disso,os sistem<strong>as</strong> ambientalmente mais sustentáveis,como os sistem<strong>as</strong> integrados de produção, sistem<strong>as</strong>orgânicos, agroflorestais e outros, são consideradosmais complexos, mais difíceis de administrar eexigem mão de obra mais capacitada. A ofertade crédito é importante para cobrir est<strong>as</strong> lacun<strong>as</strong>,m<strong>as</strong> não é suficiente, pois a orientação técnica, aestruturação e o acesso a novos mercados e mesmoo regime tributário precisam ser repensados. Damesma maneira que o atual sistema agrícola éresultado de pesquis<strong>as</strong> e maciços investimentosdurante décad<strong>as</strong>, a transição para um novo modelocertamente não prescindirá do mesmo esforço.Uma subcomissão especial da Comissão deSeguridade Social e Família da Câmara dosDeputados, concluído ao final de 2011, estudou ouso de agrotóxicos no país 17 . Uma d<strong>as</strong> constataçõesdo estudo é que a produção agrícola que utilizamétodos alternativos para o controle de prag<strong>as</strong> edoenç<strong>as</strong> que podem atingir <strong>as</strong> lavour<strong>as</strong> ainda nãorecebe um tratamento adequado e nem qualquerincentivo por parte do Estado. Enquanto osagrotóxicos recebem uma série de incentivos fiscaisda União e Estados, relacionados inclusive a grandesisenções na cobrança de ICMS, IPI, Contribuição parao Financiamento da Seguridade Social (COFINS) ePrograma de Integração Social (PIS), os métodos etecnologi<strong>as</strong> relacionados à agroecologia não têm amesma variedade de incentivos. Desta maneira, adisputa em livre mercado, entre os produtos obtidospor est<strong>as</strong> diferentes metodologi<strong>as</strong> de produçãoagrícola ficam <strong>as</strong>sim ainda mais prejudicad<strong>as</strong>.Outro setor intensivo em recursos naturais, <strong>as</strong>ilvicultura, tem no c<strong>as</strong>o br<strong>as</strong>ileiro expressão global17 Relatório da Subcomissão Especial <strong>sobre</strong> o Uso de Agrotóxicos esu<strong>as</strong> Consequênci<strong>as</strong> à Saúde. Nov 2011. http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=EB54512D51AD83EC0594CC8D97B06FC9.node2?codteor=946095&filename=Tramitacao-REL+3/2011+CSSF. Acessado em 4/3/2013.pelos números envolvidos. Segundo a AssociaçãoBr<strong>as</strong>ileira de Produtores de Florest<strong>as</strong> Plantad<strong>as</strong>(ABRAF), em seu anuário estatístico com ano b<strong>as</strong>e2011, o Br<strong>as</strong>il possui sete milhões de hectares deflorest<strong>as</strong> plantad<strong>as</strong> dos quais 69,6% são de plantiosde Eucalipto, 23,4% de plantios de Pinus e 7 % complantios de outros gêneros.Embora os dados apresentados a seguir, oriundosda pesquisa Produção da Extração Vegetal e daSilvicultura (IBGE, 2011) não serem recortados porbioma, é amplamente conhecido que <strong>as</strong> maioresextensões de florest<strong>as</strong> plantad<strong>as</strong> estão localizad<strong>as</strong>na Mata Atlântica. Esta informação pode ser dealguma forma visualizada por meio da lista deestados relacionados. Se muitos deles não estão100% inseridos nos limites do bioma, grande partede seus territórios estão. Para expressar o setor emnúmeros, seguem alguns dados:Papel e celulose (madeira em tora): a indústriabr<strong>as</strong>ileira de celulose e papel está entre os principaisfabricantes mundiais. A produção de madeiraem tora para papel e celulose, em 2011, foi de75.882,049 m³, o que significou um crescimento de8,7% em relação a 2010. O principal estado produtoré São Paulo com uma produção de 18. 932.703 m³.O segundo maior produtor é a Bahia (17. 187,851m³), seguido por Santa Catarina (10. 398, 753 m³³),Paraná (9. 672, 361 m³), Min<strong>as</strong> Gerais (6. 180, 518m³), Mato Grosso do Sul (5. 116, 058 m³), EspíritoSanto (4. 243, 081 m³), Rio Grande do Sul (2. 446,518 m³) e Pará (1. 562, 000 m³).Outros usos (madeira em tora): a produção demadeira em tora para outr<strong>as</strong> finalidades, em 2011,foi de 49. 970. 760 m³; 8,7% superior à obtida em2010. O Paraná, com uma produção de 18. 020. 996m³ é o maior estado produtor. O segundo estadoé São Paulo (10. 005, 257 m³), seguido por SantaCatarina (9. 608, 531 m³), Rio Grande do Sul (5. 036,946 m³) e Min<strong>as</strong> Gerais (3. 036 ,852 m³).Carvão Vegetal: o principal estado produtor é Min<strong>as</strong>Gerais (3. 351, 614 tonelad<strong>as</strong>), que corresponde a81% da produção nacional, seguido pelos Estadosdo Maranhão (353, 151 tonelad<strong>as</strong>) e da Bahia (161055 tonelad<strong>as</strong>).Lenha: os Estados do Rio Grande do Sul (14. 364 067m³), Paraná (13. 052, 932 m³), Santa Catarina (8. 322,064 m³), São Paulo (6. 757, 195 m³) e Min<strong>as</strong> Gerais (4.671, 518 m³) são os principais produtores e, juntos,respondem por 91,2% do total nacional. No rankingdos 20 maiores municípios produtores, o Paranáfigura com quatro municípios, sendo TelêmacoBorba o principal município produtor.Conforme levantamento do Atl<strong>as</strong> de RemanescentesFlorestais da Mata Atlântica, áre<strong>as</strong> desmatad<strong>as</strong> emMin<strong>as</strong> Gerais estão sendo ocupad<strong>as</strong> por plantiode eucalipto, <strong>sobre</strong>tudo para ab<strong>as</strong>tecimento desiderúrgic<strong>as</strong> e guseir<strong>as</strong>. Substituição praticada emlarga escala no p<strong>as</strong>sado, não deveria mais ter espaçoatualmente quando se sabe que a extensão deáre<strong>as</strong> degradad<strong>as</strong> e sem uso comercial são imens<strong>as</strong>no país.Existem atualmente dois sistem<strong>as</strong> de certificaçãoflorestais reconhecidos internacionalmente eatuantes no Br<strong>as</strong>il: Conselho Br<strong>as</strong>ileiro de Manejo(Forest Stewardship Council - FSC) e o ProgramaBr<strong>as</strong>ileiro de Certificação Florestal (CERFLOR).A certificação é um indicador do bom manejoflorestal. O Diálogo Florestal Br<strong>as</strong>ileiro, iniciativainspirada no The Forests Dialogue, vem desde2005 abrindo espaços de diálogo e cooperaçãoentre <strong>as</strong> empres<strong>as</strong> do setor florestal, organizaçõesda sociedade civil e academia. Com a participaçãoefetiva d<strong>as</strong> maiores empres<strong>as</strong> do setor no país e commais de uma centena de instituições, organizadoem oito fóruns regionais, o Diálogo Florestal temproduzido estudos e documentos e encaminhadodiretrizes para o equacionamento dos principaisp<strong>as</strong>sivos do setor.Se os grandes grupos empresariais já possuem acertificação florestal, o mesmo não se pode dizerdos pequenos e médios proprietários, muitos delesfornecedores daquel<strong>as</strong> empres<strong>as</strong>. O processo decertificação junto a credenciadores independentesainda é um processo caro, <strong>sobre</strong>tudo para a adesãode pequen<strong>as</strong> e médi<strong>as</strong> propriedades. Por estemotivo, fez-se necessário o desenvolvimento depadrões que contemplem a realidade dos pequenosprodutores florestais no Br<strong>as</strong>il e no mundo, ochamado Padrão para Pequenos Produtores deFlorest<strong>as</strong> Plantad<strong>as</strong>. B<strong>as</strong>eado em documento queenvolveu consulta pública no ano de 2012, o FSC-Br<strong>as</strong>il já encaminhou sua contribuição ao FSCInternacional para aprovação 18 .18 http://www.florest<strong>as</strong>certificad<strong>as</strong>.org.br/. Acessado em 11/3/2013.Anuário Mata Atlântica 2013 - 43


• Efetivação da PNAPO e elaboração do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica,estabelecendo estratégi<strong>as</strong> de ação e met<strong>as</strong>;• Programar investimentos na sustentabilidade da produção agropecuária, como esforço pararedução d<strong>as</strong> emissões e mitigação d<strong>as</strong> mudanç<strong>as</strong> climátic<strong>as</strong>;• Combater efetivamente o desmatamento do bioma e fomentar pratic<strong>as</strong> agroflorestais sustentáveis;• Continuação dos program<strong>as</strong> governamentais estabelecidos para promover a sustentabilidadeambiental do setor agropecuário br<strong>as</strong>ileiro, como: Plano Agricultura de Baixo Carbono (ABC);Programa de Desenvolvimento da Agricultura Orgânica (Pró-Orgânico; PRONAF e ProgramaFederal de Apoio à Regularização Ambiental de Imóveis Rurais;• Recuperar áre<strong>as</strong> de p<strong>as</strong>tagem degradad<strong>as</strong> e aumentar áre<strong>as</strong> com o sistema integração Lavoura-Pecuária-Floresta;• Combater os incentivos lesivos e ampliar a oferta de incentivos e creditos para os sistem<strong>as</strong>ambientalmente mais sustentáveis,<strong>as</strong>segurando a orientação técnica, a estruturação e o acesso anovos mercados;.• Repensar o regime tributário para pratic<strong>as</strong> sustentáveis;• Programar investimentos na sustentabilidade da produção agropecuária, como esforço pararedução d<strong>as</strong> emissões e mitigação d<strong>as</strong> mudanç<strong>as</strong> climátic<strong>as</strong>;• Estudar, monitorar e combates o impacto de espécies inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong> relacionad<strong>as</strong> à psicultura esilvicultura no bioma.Meta 8 - Até 2020, a poluição, inclusiveresultante de excesso de nutrientes, terásido reduzida a níveis não prejudiciaisao funcionamento de ecossistem<strong>as</strong> eda biodiversidadeDe acordo com a Política Nacional do MeioAmbiente (Lei 6.938/ 1981) poluição é a degradaçãoda qualidade ambiental resultante de atividadesque direta ou indiretamente: a) prejudiquem <strong>as</strong>aúde, a segurança e o bem-estar da população;b) criem condições advers<strong>as</strong> às atividades sociais eeconômic<strong>as</strong>; c) afetem desfavoravelmente a biota;d) afetem <strong>as</strong> condições estétic<strong>as</strong> ou sanitári<strong>as</strong> domeio ambiente; e) lancem matéri<strong>as</strong> ou energiaem desacordo com os padrões ambientaisestabelecidos.Quais fontes de poluição são ou tendem a ser<strong>as</strong> mais significativamente impactantes <strong>sobre</strong> abiodiversidade e os ecossistem<strong>as</strong>? Respost<strong>as</strong> paraesta pergunta devem ser melhor explorad<strong>as</strong>. Asameaç<strong>as</strong> e os impactos resultantes de vetores deDESAFIOS QUE PERMANECEMpoluição são muitos, e, com efeito, seria b<strong>as</strong>tantedifícil e dispendioso o monitoramento de todoseles no mesmo nível de intensidade e abrangênciageográfica. Embora os dados disponíveis nãosejam os mais adequados para o escopo destedocumento, por não serem p<strong>as</strong>síveis de recortepor bioma ou ainda por não serem mais recentes,infere-se pelos dados macro e pelo conhecimentoempírico que há três vetores principais de poluiçãode impacto significativo na biodiversidade da MataAtlântica. São eles: o uso excessivo de fertilizantese notadamente de agrotóxicos; a disposiçãoinadequada de resíduos sólidos em destinos comolixões e o lançamento de esgoto sem tratamento narede hídrica.Devido ao fato de o Br<strong>as</strong>il ser o maior consumidorde agrotóxicos do mundo e o quarto colocadoem uso de fertilizantes, a poluição causada porest<strong>as</strong> substânci<strong>as</strong> é preocupante, embora poucomonitorada. A “Intensificação Química”, conformetermo usado no Panorama Global de Químicos 19do PNUMA (Programa d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> para o19 Global Chemicals Outlook. 2012. http://www.unep.org/hazardoussubstances/UNEPsWork/Mainstreaming/GlobalChemicalsOutlook/tabid/56356/Default.<strong>as</strong>px. Acessado em 5/2/2013.Meio Ambiente) significa que os produtos químicossintéticos estão rapidamente se tornando os maioresconstituintes de fluxos de resíduos e poluição aoredor do mundo, aumentando <strong>as</strong>sim a exposiçãodos seres humanos e dos habitats a riscos químicos.Segundo estudos referenciais de ROCKSTROM et. al.(2009) a humanidade já ultrap<strong>as</strong>sou alguns limitesque mantêm o sistema do planeta funcionado.São eles a perda de biodiversidade, <strong>as</strong> mudanç<strong>as</strong>climátic<strong>as</strong>, o ciclo do nitrogênio e o ciclo do fósforosendo que nos dois últimos c<strong>as</strong>os, devido ao usoexcessivo de fertilizantes.Os fertilizantes trazem ganhos econômicos ede produtividade, m<strong>as</strong> também apresentamimplicações ambientais que não são aindacompletamente avaliad<strong>as</strong>, estando <strong>as</strong>sociados àeutrofização 20 dos rios e lagos, à acidificação dossolos, à contaminação de aquíferos e reservatóriosde água, e à geração de g<strong>as</strong>es <strong>as</strong>sociados ao efeitoestufa. O fósforo, por exemplo, quando escorrepara os corpos d’água, é o principal causador daeutrofização, ou “morte dos lagos”. Os agrotóxicospor sua vez, podem ser persistentes, móveis e tóxicosno solo, na água e no ar. Tendem a acumular-se nosolo e na biota, e seus resíduos podem chegar àságu<strong>as</strong> superficiais por escoamento e às subterrâne<strong>as</strong>por lixiviação, além de dificultar ou impedir otrânsito de animais, polinizadores e dispersoresde sementes. O equilíbrio na administração destesinsumos é fundamental para se evitar impactosambientais e à saúde humana.Como exemplo, pode-se citar o aumento nadisponibilidade de nitrogênio devido a açõesantropogênic<strong>as</strong> (consumo de combustíveis fósseis,uso na agricultura e na indústria) cuj<strong>as</strong> implicaçõestêm afetado ecossistem<strong>as</strong> em todo o mundo.A maior parte do nitrogênio transformado pelaação humana é perdida no ar, águ<strong>as</strong> e solo comimpactos em c<strong>as</strong>cata. O nitrogênio é um recursochave para a humanidade e seu uso precisa serotimizado diminuindo-se a sua perda (ELSER, 2011;GALLOWAY et al, 2008). Nos cursos d´água, baixosníveis de oxigênio são encontrados devido a alt<strong>as</strong>concentrações de matéria orgânica, principalmentefósforo e nitrogênio provenientes da agriculturae de esgotos, com efeitos <strong>sobre</strong> a biodiversidade20 Aumento da concentração de nutrientes, especialmente por substânci<strong>as</strong>orgânic<strong>as</strong> e inorgânic<strong>as</strong> de fósforo (P) e nitrogênio (N), nos ecossistem<strong>as</strong>aquáticos, que têm como consequência o aumento de su<strong>as</strong> produtividades.aquática e também <strong>sobre</strong> a pesca. Uma d<strong>as</strong> met<strong>as</strong>do Plano ABC (Meta 6) é justamente a promoção dafixação biológica de nitrogênio em substituição aouso de fertilizantes nitrogenados .Estes desequilíbrios têm sido objeto de estudo emcentros de pesquisa de referência em vários países,com especial destaque para a produção científica doCentro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA) /USP. O CENA tem se dedicado ao estudo dos diversosimpactos ambientais promovidos pela cultura dacana-de-açúcar, cuja extensão é significativa naMata Atlântica. Um desses impactos é provocadopelo uso da vinhaça (subproduto do refino doálcool) como fertilizante para a cultura. A vinhaçaé rica em nitrogênio que como já mencionado, emexcesso na água de rios e lagos altera a composiçãoquímica e a biodiversidade presente. A fuligem dacana, por sua vez, acidifica o solo e a água.Devido ao modelo de desenvolvimento daagricultura br<strong>as</strong>ileira é crescente o uso defertilizantes e agrotóxicos. De acordo com o IDS(IBGE, 2012) os fertilizantes mais comercializados sãoos macronutrientes nitrogênio, fósforo e potássio.O Sudeste apresentou a maior comercializaçãode fertilizantes por unidade de área (208,1 kg/ha),acima da média br<strong>as</strong>ileira. Entre os agrotóxicos,os herbicid<strong>as</strong> respondem por mais de 50% doconsumo (quantidade entregue ao comércio e nãodiretamente aos produtores).Uma d<strong>as</strong> constatações do relatório da subcomissãoespecial da Comissão de Seguridade Social eFamília da Câmara dos Deputados, anteriormentecitado, é que falta ao poder público conhecimento<strong>sobre</strong> o <strong>as</strong>sunto uma vez que <strong>as</strong> informações <strong>sobre</strong>a quantidade produzida, importada, exportada,comercializada e utilizada são produzid<strong>as</strong>pelo próprio mercado. Indicou ainda que nãohá instrumentos que permitam monitorar osagrotóxicos desde a f<strong>as</strong>e de produção até o consumofinal pelo produtor rural. Apesar da regulamentaçãoda Lei dos Agrotóxicos (Lei 7802/1989) 21 ter previstoa obrigatoriedade de criação do Sistema deInformações <strong>sobre</strong> Agrotóxicos (SAI), este nunca foiimplantado .21 Devido a toxicidade e a escala de uso, o país possui uma ampla coberturade norm<strong>as</strong> legais <strong>sobre</strong> agrotóxicos. A Lei 7802/1989 é o referencial maisimportante, pois rege o processo de registro. Cabe ao Ibama realizar aavaliação do potencial de periculosidade ambiental de todos os agrotóxicosregistrados no Br<strong>as</strong>il.Anuário Mata Atlântica 2013 - 47


Ainda segundo o mesmo relatório, a deficiênciagovernamental nessa área é tal que <strong>as</strong> últim<strong>as</strong>estatístic<strong>as</strong> nacionais <strong>sobre</strong> contaminaçõesambientais por agrotóxicos datam de 2002 econstam da Pesquisa de Informações Básic<strong>as</strong>Municipais (MUNIC), realizada pelo IBGE (InstitutoBr<strong>as</strong>ileiro de Geografia e Estatística). Apesar dadef<strong>as</strong>agem dos dados eles são aqui apresentadospelo impacto constatado nos estados deabrangência da Mata Atlântica. Com o aumento doconsumo de fertilizantes e agrotóxicos ao longodos últimos anos, notadamente a partir de 2010com o aumento d<strong>as</strong> exportações de commoditiesagrícol<strong>as</strong>, conclui-se sem grande esforço que <strong>as</strong>ituação atual é no mínimo muito preocupante.Dos 5.560 municípios br<strong>as</strong>ileiros consultados 16,2%indicaram que a poluição da água provocada poragrotóxico ou fertilizante era um problema. Na BaciaCosteira do Sul, 31% dos municípios registrarampoluição da água por agrotóxicos, e n<strong>as</strong> baci<strong>as</strong> doRio da Prata e Costeira do Sudeste, a proporção foide 19%. Note-se que tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> baci<strong>as</strong> destacad<strong>as</strong>tem <strong>sobre</strong>posição com o bioma Mata Atlântica(Figura 3). Em termos de contaminação de solo poruso de agrotóxicos e fertilizantes, 20,7% municípiosdeclaram-se afetados por esse problema. Oestado com a maior proporção de municípioscom contaminação foi Santa Catarina (56%),integralmente inserido na Mata Atlântica. Estima-seque apen<strong>as</strong> 30% do total de agrotóxicos aplicadosfiquem na planta, sendo que o restante irá causarcontaminação no ambiente. Os efeitos negativosdesses produtos nos ecossistem<strong>as</strong> naturais ecultivados incluem a morte de polinizadores ede organismos que controlam <strong>as</strong> populações deprag<strong>as</strong>, além de afetar a microbiologia do solo,causando também prejuízos às lavour<strong>as</strong> (PINHEIROe FREITAS, 2010).Em 2011 foi apresentado na Câmara Federal umprojeto de lei (PL 1950/2011) que propunha ocontrole da produção e do consumo de agrotóxicospor meio de vigilância eletrônica e sanitária.Considerado como burocracia desnecessária, oprojeto foi rejeitado em caráter conclusivo no iníciode 2013 22 .Figura 4. Mapa d<strong>as</strong> Baci<strong>as</strong> Hidrográfic<strong>as</strong> Br<strong>as</strong>ileir<strong>as</strong>.Soma-se à contaminação da rede fluvial poragrotóxico, o lançamento de esgoto domésticoe industrial. A poluição causada por esgoto, porexemplo, acarreta o acúmulo de matéria orgânicae com isso o aumento do nitrogênio na águaem níveis que comprometem a manutenção dabiodiversidade aquática e o consumo humano.Em termos de esgotamento sanitário, em 2009cerca de 80% dos moradores em áre<strong>as</strong> urban<strong>as</strong>e 25% na área rural eram providos de rede geralcoletora de esgoto ou fossa séptica. No entanto,é preciso tratar o esgoto coletado. Em dez anos(1995-2005), o percentual de esgoto tratado, emrelação ao coletado, aumentou significativamentede 8,7% para 61,6%. Em 2008 o patamar atingiu66,2%, sendo Centro-Oeste (88,9%), Nordeste (86%)e Sul (78,8%), <strong>as</strong> regiões com maiores índices detratamento. O Sudeste tratava apen<strong>as</strong> 58,5% dosesgotos coletados. É importante destacar aqui osnúmeros apresentados se referem ao percentual deesgoto tratado em relação ao coletado. Portanto,alguns dos valores elevados podem aparecerem decorrência de uma baixa coleta de esgotos(IBGE, 2011). O esgotamento sanitário permaneceum dos maiores problem<strong>as</strong> socioambientais dopaís e certamente afeta vários ecossistem<strong>as</strong> umavez que historicamente os rios são destino doesgoto o que se tornou ainda mais grave com ocrescimento desordenado d<strong>as</strong> cidades e a formaçãode conturbações b<strong>as</strong>tante presentes no bioma.pesquisa da Fundação SOS Mata Atlântica. Entrejaneiro e dezembro de 2012 o Programa Rede d<strong>as</strong>Águ<strong>as</strong> analisou 30 rios de nove Estados br<strong>as</strong>ileirose nenhum obteve resultado satisfatório. Dos 30corpos d’água monitorados, 70% foram cl<strong>as</strong>sificadoscomo “regular” e 30% no nível “ruim”. “Nenhum dospontos de coleta conseguiu a soma necessária paraalcançar o nível “bom” ou ótimo”. Desse total, 26foram analisados pela primeira vez. Entre os riosjá analisados em outros anos, três pioraram seusíndices e um se manteve na mesma cl<strong>as</strong>sificação.O levantamento, que se utiliza de 14 parâmetrosfísico-químicos, entre eles transparência, lixo e odor,cl<strong>as</strong>sifica a qualidade d<strong>as</strong> águ<strong>as</strong> em cinco níveis depontuação: péssimo (de 14 a 20 pontos), ruim (de21 a 26 pontos), regular (de 27 a 35 pontos), bom(de 36 a 40 pontos) e ótimo (acima de 40 pontos).O objetivo deste monitoramento é a mobilizaçãono setor de recursos hídricos e do tema junto àsociedade por meio de atividades de educaçãoambiental e em redes sociais. Demonstra-se tambémque cenários desfavoráveis podem ser revertidospor meio do envolvimento da comunidade localna gestão participativa da bacia e com medid<strong>as</strong> derestauração. Na bacia dos Rios Piracicaba/ Capivari/Jundiaí, o projeto Água d<strong>as</strong> Florest<strong>as</strong> restaurou 217hectares de APP em 13 propriedades transformandoos indicadores de qualidade de água. Em 2010 oprojeto da Fundação SOS Mata Atlântica identificou14 dos 28 pontos de coleta como de qualidade ruim,enquanto os outros 14 foram cl<strong>as</strong>sificados comoregular. Após três anos, apen<strong>as</strong> um ponto continuacl<strong>as</strong>sificado como ruim, 21 pontos com qualidaderegular, próxima a bom e dois pontos cl<strong>as</strong>sificadoscomo bom. Em muitos c<strong>as</strong>os, o acompanhamentodo cidadão acerca da qualidade ambiental no seuestado é possível por meio da internet. No Estadodo Rio de Janeiro, por exemplo, o INEA possui bancode dados online onde é possível selecionar o local(baía, rio, praia), o período e os parâmetros para seter informações <strong>sobre</strong> qualidade da água e do ar.Para mais informações consultar: http://200.20.53.7/dadosaguaweb.Para qualidade do ar, consultar:http://www.inea.rj.gov.br/fma/qualidade-arrapido.<strong>as</strong>p?cat=65Figura 5. Banco de Dados online para busca daqualidade da água, INEA-RJOutro <strong>as</strong>pecto da poluição ambiental que temproporções consideráveis refere-se ao lixo. APolítica Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) (Lei12.305/10), instituída há dois anos, é sem dúvidauma grande diretriz para a reversão de um quadroque é reconhecidamente grave. Segundo a PesquisaNacional de Saneamento Básico (IBGE, 2010)99,96% dos municípios br<strong>as</strong>ileiros têm serviçosde manejo de resíduos sólidos, m<strong>as</strong> 50,75% delesdispõem seus resíduos em vazadouros; 22,54% ematerros controlados; 27,68% em aterros sanitários.Esses mesmos dados apontam que 3,79% dosmunicípios têm unidade de compostagem deresíduos orgânicos; 11,56% têm unidade de triagemde resíduos recicláveis; e 0,61% têm unidade detratamento por incineração.O primeiro p<strong>as</strong>so para se atingir a meta de extinçãodos lixões até 2014, a elaboração por todos osmunicípios do Plano de Gestão de Resíduos Sólidosaté agosto de 2012, foi concretizada por apen<strong>as</strong>cerca de 10% dos municípios segundo registros doMMA 23 . Os chamados lixões possuem conhecidosimpactos não só ambientais, m<strong>as</strong> também em termosde saúde pública, na medida em que contaminamo solo e o lençol freático com substânci<strong>as</strong> tóxic<strong>as</strong>,além de produzirem g<strong>as</strong>es nocivos. Uma situaçãoque bem ilustra o impacto da degradação de corposhídricos é a alteração do equilíbrio populacional devári<strong>as</strong> espécies. O cágado-de-hogei (Mesoclemmyshogei), por exemplo, espécie de quelônio endêmicada bacia do Rio Carangola (Min<strong>as</strong> Gerais) sofreu22 http://www2.camara.leg.br/camaranotici<strong>as</strong>/notici<strong>as</strong>/AGROPECUARIA/438345-CAMARA-REJEITA-SISTEMA-DE-CONTROLE-DA-PRODUCAO-E-CONSUMO-DE-AGROTOXICOS.html. Acessado em 5/2/2013.Ainda <strong>sobre</strong> a poluição d<strong>as</strong> águ<strong>as</strong>, dados <strong>sobre</strong> emcidades foram recentemente apresentados por23 http://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-politica-nacional-deresiduos-solidos/Acessadoem 22/4/2103.Anuário Mata Atlântica 2013 - 49


drástica diminuição da população a ponto de serrecl<strong>as</strong>sificada como criticamente em perigo (CR)pela avaliação do PAN Paraíba do Sul.O quadro identificado infelizmente não é animador,não tendo sido identificada tendência de melhoriana escala espacial e temporal necessária. O controledo uso de fertilizantes e agrotóxicos encontra forteresistência. Os níveis de saneamento básico têmaumentado, m<strong>as</strong> ainda de maneira insuficientee com grandes diferenç<strong>as</strong> regionais. Há tambéma consideração de que a reversão do quadro dedesequilíbrio d<strong>as</strong> espécies de fauna aquática emgrande parte pode se dar pela cessão d<strong>as</strong> fontesDESTAQUES DA METApoluentes, m<strong>as</strong> existem situações onde trabalhosmais específicos de recuperação d<strong>as</strong> condiçõesambientais serão necessários para o resgate depopulações em estado crítico de ameaça. Um<strong>as</strong>pecto que merece destaque é a introdução davisão sistêmica da gestão de resíduos com a noçãode responsabilização (recebedor-responsável) quefoi contemplada na PNRS. Ainda que o controlee a fiscalização sejam necessários, ainda que ocomando poluidor-pagador tenha seu espaço,denota-se um amadurecimento na gestão no quediz respeito a responsabilização dos vários atoresenvolvidos no ciclo de vida dos produtos.• Os três vetores principais de poluição e de impacto significativo na biodiversidade da Mata Atlântic<strong>as</strong>ão o uso excessivo de fertilizantes e notadamente de agrotóxicos; a disposição inadequada deresíduos sólidos em destinos como lixões e o lançamento de esgoto sem tratamento na redehídrica;• Os níveis de saneamento básico têm aumentado, m<strong>as</strong> ainda de maneira insuficiente e comgrandes diferenç<strong>as</strong> regionais e com efeitos negativos <strong>sobre</strong> a biodiversidade aquática e também<strong>sobre</strong> a pesca;• A edição do IBGE, 2011 reforça que esgotamento sanitário permanece um dos maiores problem<strong>as</strong>socioambientais do país afetando vários ecossistem<strong>as</strong> já que historicamente os rios são destino doesgoto;• Segundo pesquis<strong>as</strong> realizad<strong>as</strong> pela Fundação SOS Mata Atlântica, entre janeiro e dezembro de2012 o Programa Rede d<strong>as</strong> Águ<strong>as</strong> analisou 30 rios de nove Estados br<strong>as</strong>ileiros e nenhum obteveresultado satisfatório;• Na Bacia Hidrográfica dos Rios Piracicaba/ Capivari/ Jundiaí,em São Paulo, o projeto Água d<strong>as</strong>Florest<strong>as</strong> restaurou 217 hectares de APP em 13 propriedades transformando os indicadores dequalidade de água;• No Estado do Rio de Janeiro o INEA disponibilizou um banco de dados online onde é possívelselecionar o local (baía, rio, praia), o período e os parâmetros para se ter informações <strong>sobre</strong>qualidade da água e do ar;• O Estado com a maior proporção de municípios com contaminação por uso de agrotóxicos efertilizantes foi Santa Catarina (56%), integralmente inserido na Mata Atlântica;• De acordo com o IDS (IBGE, 2012) o Sudeste apresentou a maior comercialização de fertilizantespor unidade de área (208,1 kg/ha), acima da média br<strong>as</strong>ileira. Entre os agrotóxicos, os herbicid<strong>as</strong>respondem por mais de 50% do consumo;• O Relatório da Subcomissão Especial da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dosDeputados indicou que não há instrumentos que permitam monitorar os agrotóxicos desde a f<strong>as</strong>ede produção até o consumo final pelo produtor rural;• O projeto de lei 1950/2011 que propunha controle da produção e consumo de agrotóxicos foiconsiderado como burocracia desnecessária e rejeitado no inicio de 2013;• A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (IBGE, 2010) constatou que 99,96% dos municípiosDESTAQUESDA METAbr<strong>as</strong>ileiros têm serviços de manejo de resíduos sólidos, m<strong>as</strong> 50,75% deles dispõem seusresíduos em vazadouros; 22,54% em aterros controlados; 27,68% em aterros sanitários;• Registros do MMA mostram que o primeiro p<strong>as</strong>so para se atingir a meta de extinção doslixões até 2014, a elaboração por todos os municípios do Plano de Gestão de Resíduos Sólidosaté agosto de 2012, foi concretizada por apen<strong>as</strong> cerca de 10% dos municípios;• Ampliar significativamente os serviços de saneamento ambiental em todos os municípios, comespecial atenção para a coleta e tratamento dos esgotos;• Criação e implantação do Sistema de Informações <strong>sobre</strong> Agrotóxicos (SAI), previsto comoobrigatoriedade pela Lei dos Agrotóxicos (Lei 7802/1989), permitindo que sejam monitorados osagrotóxicos desde a f<strong>as</strong>e de produção até o consumo final pelo produtor rural, e estabelecida umapolítica efetiva de fiscalização e combate às pratic<strong>as</strong> não sustentáveis;• Implementar a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) (Lei 12.305/10) que é sem dúvidauma grande diretriz para a reversão de um quadro reconhecidamente grave.• Mobilização do setor de recursos hídricos e dos diversos segmentos da sociedade, por meio deatividades de educação ambiental e em redes sociais, buscando o envolvimento da comunidadelocal na gestão participativa d<strong>as</strong> baci<strong>as</strong> hidrográfic<strong>as</strong>, provendo a gestão integrada dos recursosnaturais;• Ampliação do monitoramento e controle d<strong>as</strong> fontes de poluição;• Fomentar a elaboração por todos os municípios do Plano de Gestão de Resíduos Sólidos,destacando prioridade para redução e reciclagem dos resíduos.Meta 9 - Até 2020, espécies exótic<strong>as</strong>inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong> e seus vetores terão sidoidentificad<strong>as</strong>, espécies prioritári<strong>as</strong>terão sido controlad<strong>as</strong> ou erradicad<strong>as</strong>e medid<strong>as</strong> de controle de vetoresterão sido tomad<strong>as</strong> para impedir suaintrodução e estabelecimentoAs espécies exótic<strong>as</strong> inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong> são hoje considerad<strong>as</strong>a segunda maior causa de perda de biodiversidade,ficando atrás apen<strong>as</strong> do desmatamento. O Br<strong>as</strong>ilcontou por algum tempo com uma B<strong>as</strong>e de DadosNacional de Espécies Exótic<strong>as</strong> Inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong>, o I3N Br<strong>as</strong>il,parte da rede temática de espécies exótic<strong>as</strong> inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong>da IABIN (Rede Inter Americana de Informação<strong>sobre</strong> Biodiversidade) cujo representante no Br<strong>as</strong>ilé o MMA. Desenvolvido pelo Instituto Hórus, obanco foi resultado de um esforço de revisão eDESAFIOS QUE PERMANECEMmelhoria d<strong>as</strong> informações e acesso para o usopúblico e infelizmente encontra-se desativado. Oprojeto previa que pesquisadores que possuemdados <strong>sobre</strong> espécies exótic<strong>as</strong> inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong> pudessemcontribuir. Cada informação recebida deveriap<strong>as</strong>sar por revisão técnica antes de ser incorporadaà b<strong>as</strong>e de dados e sempre vinculada à fonte. Destaforma, em c<strong>as</strong>o de dúvid<strong>as</strong>, questionamentos ounecessidades de mais informação <strong>sobre</strong> algumdado, a fonte poderia ser indicada ou consultadaem busca de esclarecimentos.De acordo com o banco de dados nacionalde espécies exótic<strong>as</strong> inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong>, no país foramregistrad<strong>as</strong> 386 espécies exótic<strong>as</strong> inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong> e 11.263ocorrênci<strong>as</strong> de inv<strong>as</strong>ão (LEÃO et al. , 2011).Para plant<strong>as</strong> existem 117 espécies reconhecid<strong>as</strong>como estabelecid<strong>as</strong> com potencial inv<strong>as</strong>orou inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong> e um número desconhecido deplant<strong>as</strong> introduzid<strong>as</strong> (ZENNI e ZILLER, 2011).Espécies estabelecid<strong>as</strong> são aquel<strong>as</strong> que estãoAnuário Mata Atlântica 2013 - 51


se reproduzindo localmente, enquanto queinv<strong>as</strong>or<strong>as</strong> são aquel<strong>as</strong> que estão se reproduzindoe se disseminando além dos locais onde foramintroduzid<strong>as</strong>. Dentre <strong>as</strong> plant<strong>as</strong> exótic<strong>as</strong> inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong>mais relevantes e com ocorrência na Mata Atlântica,podem ser citad<strong>as</strong> o Artocarpus heterophyllus eo Hedychium coronarium na floresta ombrófiladensa; a Hovenia dulcis na floresta ombrófila mistae floresta estacional semidecidual do rio Paraná, oPinus taeda e o Pinus elliottii na floresta ombrófilamista e a Tecoma stans n<strong>as</strong> florest<strong>as</strong> estacionaissemideciduais e deciduais.A inv<strong>as</strong>ão do Pinus,principalmente do Sul e Sudeste é b<strong>as</strong>tante críticatendo sidos constatados quadros alarmantes emunidades de conservação, além de terr<strong>as</strong> privad<strong>as</strong>no Vale do Ribeira, em São Paulo. FOTOSO conhecimento <strong>sobre</strong> inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong> exótic<strong>as</strong>, plant<strong>as</strong>ou animais, é altamente heterogêneo no país. Porrazões históric<strong>as</strong> de ocupação e uso econômico,além de maior número de levantamentos botânicos,a Mata Atlântica se destaca em termos de registros.Na figura 3, observa-se um provável forte viés deamostragem para <strong>as</strong> regiões Nordeste e Sudeste,enquanto que uma falta de informações para <strong>as</strong>regiões Central e Norte.As inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong> exótic<strong>as</strong> são vetores muito claros, porvezes agressivos e de difícil manejo, de distúrbiose perda de biodiversidade na Mata Atlântica quepor razões históric<strong>as</strong> foi a porta de entrada deespécies econômic<strong>as</strong> que acabaram por dominarextens<strong>as</strong> áre<strong>as</strong>, inclusive aquel<strong>as</strong> destinad<strong>as</strong> aconservação. Os atuais planos de manejo deLírio do Brejo - Hedychium coronariumunidades de conservação ou su<strong>as</strong> revisões devemconsiderar ações de controle d<strong>as</strong> inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong> e paraCaramujo Africano - Animalia molluscaFigura 6. Localidades com ao menos um registrode ocorrência de espécies exótica inv<strong>as</strong>ora (pontospretos) cad<strong>as</strong>trado no banco de dados I3N atédezembro de 2010. A maioria d<strong>as</strong> localidades possuiapen<strong>as</strong> um registro por espécie, m<strong>as</strong> há espéciescom vários registros. Os eixos representam latitude(vertical) e longitude (horizontal).isso precisam também gerar conhecimento. MACIEL(2011) pesquisou métodos mecânicos efetivos decontrole do lírio do brejo (Hedychium coronarium)no Parque Estadual Turístico do Alto do Ribeira(PETAR), esta espécie foi registrada em mais de 30unidades de conservação (UC) no Br<strong>as</strong>il, e concluiuque a retirada manual (arranquio) é uma boa opção.Outra importante contribuição para o <strong>as</strong>suntono último período foi o lançamento do livro“Espécies Exótic<strong>as</strong> Inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong> no Nordeste do Br<strong>as</strong>il:Contextualização, Manejo e Polític<strong>as</strong> Públic<strong>as</strong>”,publicado pelo Centro de Pesquis<strong>as</strong> Ambientaisdo Nordeste (CEPAN), em parceria com o InstitutoHórus com o apoio da (AMANE).A publicação contextualiza o problema d<strong>as</strong>espécies exótic<strong>as</strong> inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong> na região Nordestedo Br<strong>as</strong>il, bem como busca orientar gestores etomadores de decisão no manejo adequado dest<strong>as</strong>espécies e na construção de uma estratégia degoverno capaz de prevenir e mitigar os impactosnegativos de espécies inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong> <strong>sobre</strong> a populaçãohumana, economia e meio ambiente, por meiodo planejamento e execução de ações articulad<strong>as</strong>entre os setores do governo e a sociedade civil.Estão listad<strong>as</strong> 69 espécies de animais e 51 espéciesexótic<strong>as</strong> inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong> ou potencialmente inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong>encontrad<strong>as</strong> nos sete estados nordestinos. O livropode ser obtido em: http://cepan.org.br/uploads/file/arquivos/6b89ddc79ee714e00e787138edee8b79.pdfNesse contexto, a AMANE, em parceria com oInstituto Hórus, desenvolveu divers<strong>as</strong> iniciativ<strong>as</strong><strong>sobre</strong> o tema. Em 2009 e 2010 foram capacitados 150gestores de Unidades de Conservação nos estadosdo Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,Pernambuco, Alago<strong>as</strong>, Sergipe e Bahia, <strong>sobre</strong>vários tem<strong>as</strong> relacionados a gestão de Unidadesde Conservação, dentre eles uma disciplina <strong>sobre</strong>Espécies Exótic<strong>as</strong> Inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong>. O <strong>as</strong>sunto seguiu comgrande repercussão entre os gestores em redesvirtuais. Por conta disso foram elaborados planosde manejo <strong>sobre</strong> espécies exótic<strong>as</strong> inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong> emUnidades de Conservação de Proteção Integralno Estado de Pernambuco (REBIO Saltinho, ESECCaetés, Parque Estadual de Dois Irmãos - RPPN PedraD´Anta) e na ESEC Murici, no estado de Alago<strong>as</strong>. Emtod<strong>as</strong> ess<strong>as</strong> Unidades os gestores foram treinadospara a sua implementação.No Estado de Pernambuco ess<strong>as</strong> ações têmtido estreita parceria com a Secretaria de MeioAmbiente e Sustentabilidade – SEMAS. Em 2012foi realizado um mutirão no PEDI e na ESEC Caetés,com a participação de mais de 100 pesso<strong>as</strong>,de diversos setores como estudantes, órgãosde policiamento e meio ambiente, técnicos deUnidades de Conservação, e Corpo de Bombeiros.Em 2012 foi elaborada uma cartilha <strong>sobre</strong> o tema,com o apoio do Fundo Estadual de Meio Ambientede Pernambuco (FEMA). Um desdobramentoextremamente positivo foi a criação do Programade Controle de Espécies Exótic<strong>as</strong> pelo conselho daESEC Caetés, a ser desenvolvido a partir de 2013.Vários estados possuem su<strong>as</strong> própri<strong>as</strong> list<strong>as</strong> e açõesespecífic<strong>as</strong> de controle e erradicação de espéciesexótic<strong>as</strong> inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong>. No Rio de Janeiro, estão sendodelineados planos de ação para combater <strong>as</strong>principais espécies listad<strong>as</strong> para o Estado. Em2012 o INEA, em parceria com o Instituto Pri-Mat<strong>as</strong>e divers<strong>as</strong> outr<strong>as</strong> instituições, iniciou o processode captura e translocação da população de micoleão-da-caradourada, que se encontra no ParqueEstadual da Serra da Tiririca, levando-os de voltapara reintrodução em áre<strong>as</strong> de Mata Atlântica noSul da Bahia, seu hábitat natural. Oitenta indivíduosjá foram relocados e 28 estão em quarentena noCentro de Primatologia do Estado do Rio de Janeiro.Em São Paulo o CONSEMA - (Conselho Estadual doMeio Ambiente) deliberou norma (02/2011) quedispõe <strong>sobre</strong> a elaboração e a atualização da lista deespécies exótic<strong>as</strong>. Aos órgãos estaduais competentescaberá encaminhar ao CONSEMA proposta de listade espécies exótic<strong>as</strong> com potencial de bioinv<strong>as</strong>ãono Estado de São Paulo, e de norm<strong>as</strong>, elaborad<strong>as</strong>Anuário Mata Atlântica 2013 - 53


levando-se em consideração, dentre outros critériostécnicos, o histórico de inv<strong>as</strong>ão da espécie, os riscosao meio ambiente e à saúde pública, bem como <strong>as</strong>implicações econômic<strong>as</strong> pertinentes. A atualizaçãoda lista se dará sempre que os órgãos responsáveisentenderem necessário. Em 2012 o Instituto deBotânica de São Paulo lançou o guia de campo d<strong>as</strong>Plant<strong>as</strong> Exótic<strong>as</strong> Inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong> da Reserva Biológicado Alto da Serra de Paranapiacaba que possui 13trilh<strong>as</strong> históric<strong>as</strong>. O guia pode ser obtido em: http://www.ibot.sp.gov.br/publicacoes/virtuais/guia%20de%20campo.pdfA Lista Oficial de Espécies Exótic<strong>as</strong> Inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong>de Santa Catarina foi estabelecida em 2012DESTAQUES DA META(Resolução CONSEMA 8/2012) e deverá ser revistaem intervalos máximos de dois anos. Caberá àFundação do Meio Ambiente do Estado de SantaCatarina (FATMA), no âmbito do Programa Estadualde Espécies Exótic<strong>as</strong> Inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong> (PEEEI) regulamentarnorm<strong>as</strong> e procedimentos para licenciamento,monitoramento, fiscalização, controle e erradicaçãode espécies exótic<strong>as</strong> inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong> listad<strong>as</strong> na resoluçãonum prazo máximo de dois anos. A lista completade fauna e flora do Estado pode ser acessada em:http://www.institutohorus.org.br/download/marcos_legais/Res_CONSEMA_SC_Lista_Oficial_2012.pdfA tendência de identificação, regulamentaçãoe implementação de ações no âmbito estadualé b<strong>as</strong>tante positiva e precisa ser reforçada comarticulações interestaduais e no nível federal, umavez que a ameaça é imensa, extrapolando os limitesgeopolíticos. Em alguns c<strong>as</strong>os já são constatadosprejuízos evidentes em áre<strong>as</strong> protegid<strong>as</strong>,competindo com espécies nativ<strong>as</strong>, além de produzirdanos às atividades econômic<strong>as</strong>. Há situações,inclusive, já considerad<strong>as</strong> de difícil reversão, comono c<strong>as</strong>o dos peixes, a exemplo do Rio Ribeira deIguape, no sul do Estado de São Paulo. Este fatopromove lentidão na detecção e incorporação dotema na agenda pública ambiental e econômica.• As espécies exótic<strong>as</strong> inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong> são hoje considerad<strong>as</strong> a segunda maior causa de perda debiodiversidade, ficando atrás apen<strong>as</strong> do desmatamento;• No país foram registrad<strong>as</strong> 386 espécies exótic<strong>as</strong> inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong> e 11.263 ocorrênci<strong>as</strong> de inv<strong>as</strong>ão (LEÃOet al. , 2011);• O conhecimento <strong>sobre</strong> inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong> exótic<strong>as</strong>, plant<strong>as</strong> ou animais, é altamente heterogêneo no país,sendo que a Mata Atlântica possui o maior número de levantamentos botânicos e se destaca emtermos de registros;• A Mata Atlântica por razões históric<strong>as</strong> foi a porta de entrada de espécies econômic<strong>as</strong> que acabarampor dominar extens<strong>as</strong> áre<strong>as</strong>, inclusive aquel<strong>as</strong> destinad<strong>as</strong> a conservação;• A tendência de identificação, regulamentação e implementação de ações para erradicação deespécies exótic<strong>as</strong> inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong> no âmbito estadual é b<strong>as</strong>tante positiva;• Foi lançado o livro “Espécies Exótic<strong>as</strong> Inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong> no Nordeste do Br<strong>as</strong>il: Contextualização, Manejoe Polític<strong>as</strong> Públic<strong>as</strong>”, publicado pelo Centro de Pesquis<strong>as</strong> Ambientais do Nordeste (CEPAN), emparceria com o Instituto Hórus com o apoio da (AMANE);• No Rio de Janeiro, estão sendo delineados planos de ação para combater <strong>as</strong> principais espécieslistad<strong>as</strong> para o Estado. Em 2012 o INEA, em parceria com o Instituto Pri-Mat<strong>as</strong> e divers<strong>as</strong> outr<strong>as</strong>DESTAQUES DAMETAinstituições, iniciou o processo de captura e relocação da população dedo mico-leão-da-caradourada,levando-os de volta para reintrodução em seu hábitat natural; • A Lista Oficial deEspécies Exótic<strong>as</strong> Inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong> de Santa Catarina foi estabelecida em 2012 (Resolução CONSEMA8/2012);• Em Pernambuco, em 2012, foi elaborada uma cartilha <strong>sobre</strong> o tema, com o apoio do FundoEstadual de Meio Ambiente de Pernambuco (FEMA) e criado o Programa de Controle de EspéciesExótic<strong>as</strong> pelo conselho da ESEC Caetés;• Em São Paulo o CONSEMA (Conselho Estadual do Meio Ambiente) deliberou norma (02/2011)que dispõe <strong>sobre</strong> a elaboração e a atualização da lista de espécies exótic<strong>as</strong>.• Elaborar a lista d<strong>as</strong> espécies inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong> prioritári<strong>as</strong> e seus vetores nos 17 Estados da MataAtlântica estadual e os planos de manejo para prevenção, erradicação ou controle d<strong>as</strong> mesm<strong>as</strong>;• Reforçar a tendência de identificação, regulamentação e implementação de ações no âmbitoestadual com articulações interestaduais e no nível federal, considerando que a ameaçaextrapola os limites geopolíticos e são constatados prejuízos evidentes em áre<strong>as</strong> protegid<strong>as</strong> eem atividades econômic<strong>as</strong>;• Agilizar a detecção e incorporação do tema na agenda pública ambiental e econômica.Meta 10 - Até 2015, <strong>as</strong> múltipl<strong>as</strong> <strong>pressões</strong>antropogênic<strong>as</strong> <strong>sobre</strong> recifes de corale demais ecossistem<strong>as</strong> impactados pormudanç<strong>as</strong> de clima ou acidificaçãooceânica terão sido minimizad<strong>as</strong> paraque sua integridade e funcionamentosejam mantidosA fronteira mais expressiva da Mata Atlântica é oambiente marinho, inclusive do qual derivou seunome. A interface do bioma terrestre e marinhoé expressa pelos ambientes costeiros, sendovários deles cl<strong>as</strong>sificados como <strong>as</strong>sociados à MataAtlântica - mangues, resting<strong>as</strong>, campos salinos eáre<strong>as</strong> aluviais, além da vegetação nativa d<strong>as</strong> ilh<strong>as</strong>costeir<strong>as</strong> e oceânic<strong>as</strong> (Decreto 6.660/2008). As zon<strong>as</strong>costeir<strong>as</strong> e marinh<strong>as</strong> provêm serviços essenciaiscomo alimentos, manutenção do clima, purificaçãoda água, controle de inundações e proteção costeira,além do uso recreativo e espiritual (ver Meta 14).Cerca de 30% d<strong>as</strong> espécies que constroem os recifesde coral estão ameaçad<strong>as</strong>. Recifes de coral e manguessão considerados especialmente vulneráveis àsDESAFIOS QUEPERMANECEMmudanç<strong>as</strong> climátic<strong>as</strong> por sua fragilidade e limitadacapacidade de adaptação, de forma que os danospodem ser irreversíveis. Abrolhos na costa dosEstados da Bahia e do Espírito Santo possui a maisextensa área de recifes de coral do Br<strong>as</strong>il, com tod<strong>as</strong><strong>as</strong> 18 espécies de corais construtores de recifesque habitam os substratos recifais do país, sendometade endêmica de noss<strong>as</strong> águ<strong>as</strong>. Para a regiãohá atualmente proposta de ampliação do ParqueNacional Marinho de Abrolhos, além da criação deuma Área de Proteção Ambiental (APA), um Refúgioda Vida Silvestre (REVIS) e de uma Reserva deDesenvolvimento Sustentável (RDS) (PRATES, 2012).Esta região de Abrolhos e sua extensão pela CadeiaVitória-Trindade, vem sendo proposta pela RBMApara ser reconhecida pela UNESCO como a primeiraReserva da Biosfera Marinha do Br<strong>as</strong>il. Ver tambémmeta 11.Em 2012/2013 estudo de caracterizaçãopreliminar da região de Abrolhos e da CadeiaVitoria Trindade, elaborado pela Reserva daBiosfera da Mata Atlântica- RBMA em parceriacom AQUA-AMBIENTAL e a Associação AmbientalVoz da Natureza, relata que o efeito sinérgico dapresença de elevada diversidade de ambientescosteiros e oceânicos junto às únic<strong>as</strong> característic<strong>as</strong>Anuário Mata Atlântica 2013 - 55


geomorfológic<strong>as</strong> e oceanográfic<strong>as</strong> proporcionama ocorrência de uma altíssima biodiversidade naregião. Alguns atributos de destaque em relaçãoà biodiversidade são: presença do maior e maisdiverso ecossistema de recifes de coral do AtlânticoSul, maior sítio reprodutivo de balei<strong>as</strong> Jubarte doAtlântico Sul, maior diversidade e endemismode peixes recifais do Atlântico sul, importânci<strong>as</strong>ingular para diferentes espécies de tartarug<strong>as</strong>e aves marinh<strong>as</strong>, entre outros. Considerandotodos os ecossistem<strong>as</strong> da região, é encontradagrande diversidade e abundância de peixes,corais, invertebrados bentônicos, macroalg<strong>as</strong>,cetáceos, tartarug<strong>as</strong> marinh<strong>as</strong>, aves marinh<strong>as</strong>, entreoutr<strong>as</strong> inúmer<strong>as</strong> espécies de diferentes grupos.Muit<strong>as</strong> dest<strong>as</strong> espécies possuem importânci<strong>as</strong>ocioeconômica, outr<strong>as</strong> são considerad<strong>as</strong>carismátic<strong>as</strong>, contudo, algum<strong>as</strong> se encontram emprocesso de <strong>sobre</strong>-explotação e outr<strong>as</strong> em riscode extinção eminente. Outro fator importante éque <strong>as</strong> espécies não se distribuem uniformementena região e muit<strong>as</strong> relacionad<strong>as</strong> à recifes de coraisocorrem principalmente em Abrolhos, enquantoespécies de característic<strong>as</strong> subtropicais ocorremprincipalmente no Espírito Santo e muit<strong>as</strong> espéciesendêmic<strong>as</strong> são encontrad<strong>as</strong> somente na CadeiaVitória-Trindade ou no Banco dos Abrolhos.Algum<strong>as</strong> espécies merecem um importantedestaque, pois são considerad<strong>as</strong> espéciesformador<strong>as</strong> dos principais habitats que suportama biodiversidade da região. Espécies de coraisendêmic<strong>as</strong> do Br<strong>as</strong>il são <strong>as</strong> principais construtor<strong>as</strong>do ecossistema recifal do Banco dos Abrolhos,considerado como o maior e mais rico ecossistemade recifes de corais r<strong>as</strong>os do Atlântico Sul (Leão etal., 2003)Na zona costeira, a implantação de estrutur<strong>as</strong>portuári<strong>as</strong> e de processamento e tratamento deóleo e gás resultam na supressão e transformaçãode ambientes naturais e na alteração da estrutur<strong>as</strong>ocioeconômica d<strong>as</strong> populações costeir<strong>as</strong> locais,com efeitos negativos mais intensos naquel<strong>as</strong>comunidades tradicionais e dependentes dosambientes naturais. Estes grandes vetores detransformação demandam o acompanhamentoconstante e rigoroso de empreendimentos públicose privados, visando influenciar na adoção deprátic<strong>as</strong> construtiv<strong>as</strong> e condicionantes ambientaisque resguardem <strong>as</strong> populações e os ecossistem<strong>as</strong>costeiros e marinhos.Torna-se urgente e necessária a elaboração dezoneamentos ecológicos e econômicos nestaregião coma definição de aptidões d<strong>as</strong> áre<strong>as</strong>, emconsonância com <strong>as</strong> fragilidades dos ecossistem<strong>as</strong>e relevância dos serviços ambientais prestados.A supressão dos habitats marinhos promovidos porprojetos portuários junto à costa e pela mineraçãode bancos de rodolitos e alg<strong>as</strong> calcári<strong>as</strong> tornamainda mais urgente medid<strong>as</strong> de planejamentoespacial marinho e de planejamento sistemáticopara a conservação.Segundo estudos do professor Mauro Maida, daUniversidade Federal de Pernambuco (UFPE), dosrecifes de corais identificados entre o Rio Grandedo Norte e o sul da Bahia, 80% foram perdidos nosúltimos 50 anos. A poluição industrial, o despejode esgoto e de adubo (levado pelos rios) são osresponsáveis pela morte dos corais, principalmenten<strong>as</strong> regiões marinh<strong>as</strong> d<strong>as</strong> grandes cidades doNordeste. O desmatamento da Mata Atlântica e demangues e a retirada de calcário dos corais para aconstrução civil acentuaram o problema. O Planode Ação Nacional para a Conservação dos Recifesde Corais, conduzido pelo ICMBio (Instituto ChicoMendes de Conservação da Biodiversidade) teráinicio em 2013, já estando disponíveis documentospreparatórios como a matriz de planejamento e ade monitoramento 24 .Importante publicação lançada em 2012 peloMinistério do Meio Ambiente foi o Documento“Panorama da Conservação dos Ecossistem<strong>as</strong>Costeiros e Marinhos Br<strong>as</strong>ileiros”. Esse panoramaconsidera a relevância econômica, ambiental esocial da zona costeira e d<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> marinh<strong>as</strong> sobjurisdição br<strong>as</strong>ileira, apresentando <strong>as</strong> ações depolític<strong>as</strong> públic<strong>as</strong> dos últimos 20 anos destinad<strong>as</strong>à gestão. Trás bem descrito o marco regulatóriobr<strong>as</strong>ileiro para a região costeira e marinha. Aprimeira dess<strong>as</strong> norm<strong>as</strong> foi a Lei nº 7.661, de 16 demaio de 1988, que determina a elaboração do PlanoNacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC),queacaba de completar seus 25 anos, e que tem porobjetivo “orientar a utilização racional dos recursosna Zona Costeira, de forma a contribuir para elevara qualidade da vida da população e para proteçãodo patrimônio natural, histórico, étnico e cultural.24 http://www.icmbio.gov.br/portal/comunicacao/notici<strong>as</strong>/60-faunabr<strong>as</strong>ileira.html?limitstart=0.Acessado em 22/4/2013.De maneira geral, o Br<strong>as</strong>il não tem avançado deforma significativa no cumprimento desta meta,havendo apen<strong>as</strong> algum<strong>as</strong> polític<strong>as</strong> setoriaisisolad<strong>as</strong>, que sozinh<strong>as</strong> não serão capazes de mudaro cenário de “múltipl<strong>as</strong> <strong>pressões</strong> antropogênic<strong>as</strong>DESTAQUES DA META<strong>sobre</strong> recifes de coral”. Ademais, <strong>as</strong> dificuldadesde cumprir a Meta 6, tem relação direta com o nãocumprimento desta meta 10, já que a <strong>sobre</strong>pescaameaça diretamente a saúde dos recifes de coral.• Cerca de 30% d<strong>as</strong> espécies que constroem os recifes de coral estão ameaçad<strong>as</strong>. Recifes de coral emangues são considerados especialmente vulneráveis às mudanç<strong>as</strong> climátic<strong>as</strong>;• O Banco de Abrolhos nos Estados da Bahia e do Espírito Santo possui a mais extensa área derecifes de coral do Br<strong>as</strong>il, com tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> 18 espécies de corais construtores de recifes que habitamos substratos recifais do país, sendo metade endêmica de noss<strong>as</strong> águ<strong>as</strong>;• Pesquis<strong>as</strong> realizad<strong>as</strong> na região do Banco de Abrolhos e da Cadeia Vitoria Trindade constatamalguns atributos de destaque em relação à biodiversidade como a presença do maior e maisdiverso ecossistema de recifes de coral do Atlântico Sul, maior sítio reprodutivo de balei<strong>as</strong> Jubartedo Atlântico Sul, maior diversidade e endemismo de peixes recifais do Atlântico sul, importânci<strong>as</strong>ingular para diferentes espécies de tartarug<strong>as</strong> e aves marinh<strong>as</strong>, entre outros;• Existe grande preocupação de proteção dos importantes ambientes br<strong>as</strong>ileiros de recifes decoral e muit<strong>as</strong> propost<strong>as</strong> e iniciativ<strong>as</strong> de criação e ampliação de unidades de conservação e outr<strong>as</strong>áre<strong>as</strong> protegid<strong>as</strong> para estes ambientes que ainda não receberam a devida prioridade d<strong>as</strong> instanci<strong>as</strong>governamentais;• Como vetores de pressão dos ambientes de recifes de corais, destacam-se o despejo de esgoto, oturismo desordenado, a <strong>sobre</strong>pesca, a implantação de estrutur<strong>as</strong> portuári<strong>as</strong> e de processamentoe tratamento de óleo e gás que em geral resultam na supressão e transformação de ambientesnaturais e alteração da estrutura socioeconômica d<strong>as</strong> populações costeir<strong>as</strong> locais, com efeitosnegativos mais intensos naquel<strong>as</strong> comunidades tradicionais e dependentes da conservação esustentabilidade dos ambientes naturais;• Destaques positivos foram os avanços d<strong>as</strong> pesquis<strong>as</strong> cientific<strong>as</strong>, a mobilização do terceiro setorem defesa destes ambientes, a elaboração do Plano de Ação Nacional para a Conservação dosRecifes de Corais, conduzido pelo ICMBio que deverá iniciar em 2013 e a publicação em 2012pelo Ministério do Meio Ambiente do Documento “Panorama da Conservação dos Ecossistem<strong>as</strong>Costeiros e Marinhos Br<strong>as</strong>ileiros”.• Fomentar a continuidade e ampliação d<strong>as</strong> pesquis<strong>as</strong>, estudos e monitoramentos realizadosnos ambientes costeiros e marinhos;• Ampliação do Sistema de Áre<strong>as</strong> Protegid<strong>as</strong> Costeir<strong>as</strong> e Marinh<strong>as</strong> e retomada imediataespecialmente dos processos referentes à criação d<strong>as</strong> UCs na região do Banco de Abrolhos e daCadeia Vitoria Trindade, bem como da Reserva da Biosfera Marinha;• Desenvolvimento de ferrament<strong>as</strong> de planejamento espacial marinho, efetivados por umprocesso integrado e participativo, tornando-se possível analisar, conjuntamente, <strong>as</strong> b<strong>as</strong>es deinformações <strong>sobre</strong> custos/ benefícios e os diferentes cenários para uso e preservação de áre<strong>as</strong>costeir<strong>as</strong> e marinh<strong>as</strong>;• Educação ambiental em relação a importância da conservação do s ambientes de recifes decoral;• Ampliação da fiscalização e monitoramento;DESAFIOS QUEPERMANECEMAnuário Mata Atlântica 2013 - 57


Objetivo estratégico BCONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES GERAIS<strong>Reduzir</strong> <strong>as</strong> <strong>pressões</strong> <strong>sobre</strong> a biodiversidade talvezseja o desafio de maior envergadura dentretodos os objetivos da CDB. O desafio global nãoé desacoplado de questões b<strong>as</strong>tante complex<strong>as</strong>,inclusive amplamente apresentad<strong>as</strong> e discutid<strong>as</strong>por oc<strong>as</strong>ião da Conferência <strong>sobre</strong> DesenvolvimentoSustentável, a RIO+20, em um dos seus eixosprincipais, a economia verde. Sem entrar no debate<strong>sobre</strong> a economia verde ser capaz ou até suficientepara rever padrões de produção e consumo, odebate p<strong>as</strong>sa muito pela noção de modelo dedesenvolvimento, bem estar humano, combate àdesigualdade e redução da pobreza. O aumento deiniciativ<strong>as</strong> visando a promoção do uso sustentávelda biodiversidade são inegáveis, m<strong>as</strong> não podemse constituir como algo marginal, paralelo. O ritmod<strong>as</strong> alterações ambientais é grande e precisa seracompanhado e respondido com a mesma pressae senso de urgência.Atualmente o Br<strong>as</strong>il conta com algum<strong>as</strong> fontes deanálise e divulgação de dados de desmatamentossendo el<strong>as</strong> o IBGE (2010), MMA/ Projeto deMonitoramento do Desmatamento nos Biom<strong>as</strong>Br<strong>as</strong>ileiros por Satélite (período 2008/2009); aAtl<strong>as</strong> da Mata Atlântica realizado pela SOS & INPE(período 2010/2011 e 2011/2012) e por algunsestados, conforme já citado.A evolução no mapeamento e monitoramento dobioma é grande. Para se ter uma ideia, o primeiromapa do Atl<strong>as</strong> dos Remanescentes Florestaisda Mata Atlântica foi desenvolvido em escala1:1.000.000. Hoje, a escala adotada é de 1:5.000.000e pela primeira vez todos os 17 estados do bioma sãocomputados. Identifica-se um notável investimentode instituições como a SOS Mata Atlântica e oINPE, em imagens de satélite e tecnologi<strong>as</strong> na áreada informação, do sensoriamento remoto e dogeoprocessamento ao longo dos últimos 23 anos.No estado de Min<strong>as</strong> Gerais, campeão dedesmatamento nos últimos quatro anos, eresponsável por cerca da metade do desmatamentoocorrido no ultimo período, apesar da atuação doMinistério Público Estadual por meio de inquéritose processos criminais, o cenário não tem sidorevertido.Embora os ecossistem<strong>as</strong> da Mata Atlântica sejammonitorados desde 1985 o bioma, não podemais prescindir de avaliações periódic<strong>as</strong> quequalifiquem os seus remanescentes sob o pontode vista da biodiversidade. Tem-se neste <strong>as</strong>pectoum claro desafio. Conforme fundamentado naliteratura, corre-se o risco b<strong>as</strong>tante tangível de seinvestir tempo e recursos valiosos na mensuraçãode florest<strong>as</strong> em grande medida vazi<strong>as</strong>, ou rumo aoesvaziamento, incapazes de se perpetuarem e deproverem funções ecossistêmic<strong>as</strong> insubstituíveis.Ou seja, tais mensurações devem ser aprevissiadosincluindo analises qualitativ<strong>as</strong> mais apurad<strong>as</strong>.Uma d<strong>as</strong> condições a ser monitorada é o descontroled<strong>as</strong> espécies exótic<strong>as</strong> inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong>, que além da perdareal de biodiversidade que acarretam, produzemperd<strong>as</strong> econômic<strong>as</strong> da ordem de bilhões dereais. Informações são cruciais para uma melhordefinição de estratégi<strong>as</strong> de controle e erradicação.Além dissoé necessário equilibrar <strong>as</strong> atividadeseconômic<strong>as</strong> que na maioria dos c<strong>as</strong>os foramresponsáveispela introdução dest<strong>as</strong> espécies, coma manutenção da integridade de ecossistem<strong>as</strong>.As polític<strong>as</strong> de prevenção e controle são aindamuito tímid<strong>as</strong> frente ao tamanho do impacto ed<strong>as</strong> ameaç<strong>as</strong>, havendo necessidade do Estado, emsu<strong>as</strong> diferentes instânci<strong>as</strong>, estar mais presente aoestabelecer critérios e monitoramento do uso dest<strong>as</strong>espécies, animais ou plant<strong>as</strong>. O destaque aqui dizrespeito às iniciativ<strong>as</strong> locais, onde o conhecimentoregionalizado é reconhecido como importanteno combate d<strong>as</strong> inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong>, seja por meio de list<strong>as</strong>estaduais ou regionais, que deem suporte paraestratégi<strong>as</strong> de monitoramento, prevenção, controleou erradicação. Não foram identificados estudos<strong>sobre</strong> os custos dos impactos e de eventuaismediad<strong>as</strong> de controle dest<strong>as</strong> espécies, porémest<strong>as</strong> perd<strong>as</strong> existem e precisam ser computadoscomo um argumento para a definição de açõesmais efetiv<strong>as</strong>. O modelo do banco I3N, b<strong>as</strong>eadono formato colaborativo e na disponibilização paraampla audiência deve ser retomado para que p<strong>as</strong>sea se constituir em uma referência nacional, hojeinexistente.A publicação de list<strong>as</strong> também é vista comoessencial para que técnicos e gestores possamelaborar procedimentos para a detecção precoce ea prevenção de inv<strong>as</strong>ões.O ambiente aquático é um dos mais impactados porespécies exótic<strong>as</strong> inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong> em função de prátic<strong>as</strong>aquícol<strong>as</strong> que pouco ou nada consideraram ospotenciais riscos e impactos ambientais. De maneirageral, o conhecimento da fauna aquática é b<strong>as</strong>tantelimitante para que seja possível apresentar umquadro da situação atual, o que se torna essencialpara qualquer programa de monitoramento dostatus destes ecossistem<strong>as</strong> bem como para seavaliar a evolução do cumprimento d<strong>as</strong> met<strong>as</strong>de biodiversidade. As estatístic<strong>as</strong> disponíveis<strong>sobre</strong> pesca e aquicultura são importantes, m<strong>as</strong>focad<strong>as</strong> no <strong>as</strong>pecto produtivo. A el<strong>as</strong> precisam seragregad<strong>as</strong> análises no sentido de se compreendercomo est<strong>as</strong> atividades estão sendo desenvolvid<strong>as</strong>em termos de dependênci<strong>as</strong> e impactos <strong>sobre</strong> oambiente natural, inclusive com recorte por baciahidrográfica. É desejável uma visão articulada d<strong>as</strong>questões econômic<strong>as</strong> e socioambientais.No <strong>as</strong>pecto do fomento à agricultura sustentável, éimportante que seja feito um levantamento e análisemais profundos do quadro d<strong>as</strong> polític<strong>as</strong> e program<strong>as</strong>existentes, de forma a conhecer melhor o cenárioatual e mensurar seus impactos atuais e potenciais.Além disso, sugere - se que o investimento emAnuário Mata Atlântica 2013 - 59


pesquisa, produção, comercialização e uso dosprodutos fitossanitários para atividades agrícol<strong>as</strong>sustentáveis. Introdução de mecanismos tributáriose de linh<strong>as</strong> de credito e financiamento público, queincentivem a produção agrícola sustentável emgrande escala no meio rural. Sabe-se que empres<strong>as</strong>do setor de alimento e varejista têm movimentadosu<strong>as</strong> cadei<strong>as</strong> de suprimento de forma a obtermatéria-prima e produtos originados da agricultur<strong>as</strong>ustentável. Por isso atuam na orientação,capacitação e estabelecimento e aplicação decritérios socioambientais de compra. Se esta éuma tendência que veio para ficar, é preciso que omercado esteja preparado para atender demand<strong>as</strong>que pressionam os fornecedores.O consumo de agrotóxicos e fertilizantes químicostende a reduzir com o avanço tecnológico porqueeste insumo chega a representar uma parteexpressiva do custo de produção, no entanto, nãose pode <strong>as</strong>sumir que a agricultura de precisão estejaou será utilizada de maneira uniforme em todoo território eliminando dr<strong>as</strong>ticamente esta fontede contaminação. Órgãos estatais responsáveispelo controle dos produtos agrotóxicos deveriaminstituir um sistema de monitoramento e avaliaçãointerinstitucional e que inclusive integre <strong>as</strong>informações existentes no âmbito federal e nosestados. Como sempre, falta fiscalização eficientejá que o arcabouço legal é considerado satisfatóriopelos especialist<strong>as</strong>. Por exemplo, os relatos <strong>sobre</strong>como, em gera,l é feita a expedição de receituárioagronômiconão são favoráveis.Outro setor abordado pela Meta 7 é o d<strong>as</strong>ilvicultura. Possuindo o Br<strong>as</strong>il uma d<strong>as</strong> maioresextensões em florest<strong>as</strong> plantad<strong>as</strong> do mundo comcertificação florestal do tipo FSC, há algum tempoo setor se depara com a dificuldade de alcançar100% de matéria-prima florestal originada demanejo certificado. O novo padrão de certificaçãoflorestal de pequenos e médios proprietários, emprocesso final de validação, possibilitaria a adesãode milhares de fomentados da indústria de papel ecelulose. Estima-se que em média, 25% da produçãode matéria-prima d<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> do setor sãooriginad<strong>as</strong> de program<strong>as</strong> com terceiros. A novidadesignifica uma potencial ampliação de florest<strong>as</strong>melhor manejad<strong>as</strong>, além da recuperação de, noconjunto, grande extensão de APP e RL (reservalegal), já que o atendimento à legislação torna est<strong>as</strong>ações condicionantes para a certificação.Pelo menos du<strong>as</strong> iniciativ<strong>as</strong> estão em execuçãovisando integrar esforços e amplificar os resultadosde proteção de biodiversidade e restauraçãoflorestal catalisados pela silvicultura. A IniciativaMosaicos Florestais Sustentáveis, capitaneada pelaConservação Internacional com participação deoutr<strong>as</strong> organizações e vári<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> do setor,tem permitido uma melhor compreensão <strong>sobre</strong><strong>as</strong> oportunidades para ampliar o conhecimentoe o monitoramento do impacto da silviculturaeconômica de larga escala <strong>sobre</strong> o capital natural.A outra iniciativa, capitaneada pela Bracelpa(Associação Br<strong>as</strong>ileira de Celulose e Papel), é aIniciativa Br<strong>as</strong>il Florest<strong>as</strong> Sustentáveis, que buscaidentificar o impacto da b<strong>as</strong>e florestal nativa(protegida e em restauração) e plantada (paraprodução de papel e celulose) <strong>sobre</strong> <strong>as</strong> met<strong>as</strong> deredução de emissões e ampliação do estoque decarbono decorrentes d<strong>as</strong> atividades agrícol<strong>as</strong> eindustriais do país, com ganhos socioambientaisefetivos.A maior produção de conhecimento <strong>sobre</strong> <strong>as</strong>ilvicultura de espécies nativ<strong>as</strong> também é umponto positivo e pode resultar que esta opção sejaconsiderada na recuperação de reserv<strong>as</strong> legais. Noentanto, adicionalmente a informações técnic<strong>as</strong>,cenários com receit<strong>as</strong> e custos, bem como o melhorentendimento dos mercados efetivos e potenciais,precisam ser mais amplamente estudados,discutidos e divulgados para que se constituam emreais alternativ<strong>as</strong>.De maneira geral, diferente do avaliado para oObjetivo Estratégico A neste ultimo período, causapreocupação <strong>as</strong> dificuldades e os retrocessosapresentados para o cumprimento deste ObjetivoEstratégico B. Embora já se constate um numeromaior de iniciativ<strong>as</strong> e ações d<strong>as</strong> instanci<strong>as</strong> estaduaise municipais, especialmente no que se refere àformulação de instrumentos de controle dos vetoresde pressão da biodiversidade, com o destaquepara controle de espécies inv<strong>as</strong>or<strong>as</strong>, constata-setambém por outro lado maior lentidão da agendados grandes empreendedores e principalmente dosetor governamental no que se refere à fiscalizaçãoe combate ao desmatamento, ao controle dapoluição, à promoção de pesquis<strong>as</strong> e sistem<strong>as</strong> deinformações, à promoção de pratic<strong>as</strong> econômic<strong>as</strong>sustentáveis, à ampliação do sistema de áre<strong>as</strong>protegid<strong>as</strong>, consolidação de marco regulatórios.Observa-se total descomp<strong>as</strong>so com a velocidade eampliação da agenda econômica não sustentávele <strong>as</strong> demand<strong>as</strong> apresentad<strong>as</strong> pela sociedade civilorganizada.Anuário Mata Atlântica 2013 - 61

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