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A imagem de um território - Minha Terra

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Directora: Cristina Cavaco www.lea<strong>de</strong>r.pt II Série | Nº 53 - 2008Abismo <strong>de</strong> Sicó (Pombal) / <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> SicóEm DestaqueA <strong>imagem</strong><strong>de</strong> <strong>um</strong> território<strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó<strong>Terra</strong>s<strong>de</strong> SicóP 12 Fim-<strong>de</strong>-semana nas <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> SicóP 3 Dinamizar e valorizar territórios rurais por intermédio do MarketingP 4 e 5 Entrevista a Nuno JordãoP 6 e 7 Investir no marketing territorial da região <strong>de</strong> Sicó


Dinamizar e valorizar territóriosrurais por intermédio do MarketingO Marketing parece estar na moda e é, por vezes, apresentado comoúnica via para garantir a competitivida<strong>de</strong> n<strong>um</strong> mundo que se caracterizapela globalização, seja em que área for, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os produtos <strong>de</strong> cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong>massa, aos serviços, i<strong>de</strong>ias e i<strong>de</strong>ologias, sejam elas políticas ou religiosas,até às próprias pessoas (o ícone pop “Madona” é ilustrativo disso, mastambém os atletas <strong>de</strong>sportivos e os políticos gerem a sua “<strong>imagem</strong> <strong>de</strong>marca” para atingir <strong>um</strong> “valor <strong>de</strong> mercado acrescido”). Do mesmo modo,o Marketing po<strong>de</strong> ser aplicado aos territórios, sejam eles localida<strong>de</strong>s,regiões ou países.Contudo, continuam a existir <strong>um</strong>a série <strong>de</strong> equívocos acerca do termo,que <strong>de</strong>vem ser esclarecidos para <strong>de</strong>monstrar os reais benefícios que asabordagens do Marketing, se utilizadas <strong>de</strong> modo a<strong>de</strong>quado, po<strong>de</strong>m trazer,consi<strong>de</strong>rando sempre o contexto específico da sua aplicação. O Marketingnão se <strong>de</strong>ve confundir com a Publicida<strong>de</strong>, <strong>um</strong>a vez que esta é só <strong>um</strong>acomponente operacional, embora importante, <strong>de</strong> todo <strong>um</strong> processo sistemáticoque se inicia por <strong>de</strong>finições estratégicas, nomeadamente pela clara<strong>de</strong>finição do mercado-alvo e do posicionamento que se preten<strong>de</strong> atingirneste mercado, face a propostas da concorrência. Po<strong>de</strong>mos assim dizerque o Marketing correspon<strong>de</strong> a <strong>um</strong>a orientação <strong>de</strong> planeamento e gestão,a <strong>um</strong> processo sistemático, ao qual se associa <strong>um</strong> conjunto <strong>de</strong> técnicas eferramentas disponíveis para atingir <strong>de</strong>terminados objectivos. Ora, se osobjectivos forem mal <strong>de</strong>finidos, o que sobretudo no contexto do Marketingterritorial po<strong>de</strong> revelar-se dramático, ou se o instr<strong>um</strong>entário do Marketingnão for utilizado do modo mais bem fundamentado e na sequência lógicanecessária, os resultados po<strong>de</strong>m ser longe <strong>de</strong> satisfatórios.Como já referido, o Marketing po<strong>de</strong> ser utilizado também no contexto doplaneamento e da gestão dos territórios, sejam eles al<strong>de</strong>ias, cida<strong>de</strong>s, regiões,países ou até continentes. Aliás, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>-se que cada território aplica, <strong>de</strong>forma mais ou menos consciente, sistemática e a<strong>de</strong>quada, ferramentas <strong>de</strong>marketing, procura atrair resi<strong>de</strong>ntes, investidores e visitantes e criar <strong>um</strong>a“<strong>imagem</strong> <strong>de</strong> marca” que resulta, <strong>de</strong> modo indirecto, em mais-valias n<strong>um</strong>conjunto <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> actuação, sejam elas económicas, sociais ou culturais.Assim, importa compreen<strong>de</strong>r que os territórios competem, actualmente àescala global, por habitantes, activida<strong>de</strong>s e recursos, existindo, para alémdisso, até concorrência no interior dos próprios espaços geográficos.Ashworth e Voogd (1994) <strong>de</strong>finem o marketing territorial como “processopelo qual as activida<strong>de</strong>s locais [e/ou regionais] estão relacionadas, namedida do possível, com os <strong>de</strong>sejos dos cons<strong>um</strong>idores alvo. A intenção éa maximização do funcionamento eficiente, ao nível social e económico, daárea em questão, <strong>de</strong> acordo com objectivos mais vastos <strong>de</strong>finidos.”Ora, este processo não é fácil, <strong>um</strong>a vez que o próprio produto é simultaneamentesuporte geográfico <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s e <strong>um</strong> produto complexo,incluindo <strong>um</strong> conjunto <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s, produtos, serviços e infra-estruturasque servem as funções resi<strong>de</strong>ncial, económica, social, cultural, <strong>de</strong> lazere turismo, sendo difícil <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar quer o produtor quer o promotor<strong>de</strong>ste “produto”, <strong>de</strong>vido a <strong>um</strong>a elevada fragmentação da oferta. Tambémos públicos-alvo são diversos e têm interesses e motivações distintos, nemsempre fáceis <strong>de</strong> conciliar, nomeadamente: os resi<strong>de</strong>ntes, os visitantes(turistas ou excursionistas), os agentes económicos (do sector primário,da indústria, do comércio e outros serviços), os investidores, as organizaçõessem fins lucrativos, os organismos públicos, os políticos, etc. Isto é,o mesmo espaço está sujeito à “venda múltipla” a grupos diferentes pormotivos diferentes, resultando não poucas vezes em conflitos (Ashworth& Voogd, 1994).É neste contexto que se sugere <strong>um</strong> “Marketing integrado e sustentável doterritório”, com base n<strong>um</strong>a integração <strong>de</strong> todos os stakehol<strong>de</strong>rs (interessadose afectados pelo <strong>de</strong>senvolvimento local/regional) para a <strong>de</strong>finiçãoda estratégia do marketing territorial, na medida do possível através dacriação <strong>de</strong> “re<strong>de</strong>s territoriais”, reconhecendo a relevância dos diversosactores locais e regionais. Ora, na medida em que os actores locais/regionaisreconhecem que são <strong>um</strong>a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interesses com objectivoscomuns, po<strong>de</strong>m obter gran<strong>de</strong>s benefícios se souberem coor<strong>de</strong>nar-se e<strong>de</strong>senvolver <strong>um</strong>a estratégia conjunta, alocando recursos, que sobretudono contexto rural são frequentemente escassos, para <strong>um</strong> fim com<strong>um</strong>.Igualmente importante é a <strong>de</strong>finição da estratégia com base n<strong>um</strong> bomconhecimento das especificida<strong>de</strong>s do território e das suas populações, dosaspectos únicos a preservar (sobretudo ao nível do ambiente e da cultura) edas capacida<strong>de</strong>s e potencialida<strong>de</strong>s existentes e por explorar. Actualmente,é consensual que o tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento territorial mais a<strong>de</strong>quado éo que se <strong>de</strong>signa <strong>de</strong> “<strong>de</strong>senvolvimento sustentável”, i.e. respon<strong>de</strong>ndo “àsnecessida<strong>de</strong>s das gerações presentes sem comprometer a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> satisfazer essas mesmas necessida<strong>de</strong>s às gerações futuras” (RelatórioBrundtland, 1987), <strong>um</strong>a vez que se consi<strong>de</strong>ra que <strong>de</strong>senvolvimento económico,coesão social, integrida<strong>de</strong> cultural e protecção do ambiente sãointer<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e indissociáveis.Importa ainda referir outra especificida<strong>de</strong> do marketing territorial nomeadamentea relevância das “imagens”, dado que os produtos e serviçosassociados aos territórios são complexos e, por vezes, difíceis <strong>de</strong> <strong>de</strong>finire promover (por exemplo: a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida n<strong>um</strong> local, a visita <strong>de</strong> <strong>um</strong>centro histórico ou a atractivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong>a vila para a realização <strong>de</strong> compras,associadas a outras finalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> lazer). Neste contexto, conseguircriar associações positivas e distintivas na mente dos públicos-alvo é <strong>de</strong>relevância estratégica, na medida em que permite atingir <strong>um</strong> posicionamentofavorável no mercado e face à concorrência. É fundamental para<strong>de</strong>senvolver <strong>um</strong>a <strong>imagem</strong> <strong>de</strong> marca, marca essa que serve para i<strong>de</strong>ntificarclaramente <strong>um</strong> produto ou território, para dar garantias sobre a sua qualida<strong>de</strong>e para personalizar, transmitir <strong>um</strong>a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> própria, com a qualo público se possa i<strong>de</strong>ntificar (Kapferer e Thoenig, 1991).Geralmente, a <strong>imagem</strong> <strong>de</strong> marca tem <strong>um</strong>a gran<strong>de</strong> importância para atomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> compra, quando essa compra implica alg<strong>um</strong> risco,quando o produto é <strong>de</strong> difícil avaliação, quando o produto é usado empúblico, tem <strong>um</strong> valor <strong>de</strong> prestígio associado e é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importânciapessoal. Todas estas características aplicam-se perfeitamente aos territórios,<strong>um</strong>a vez que estão geralmente associados elevados riscos às <strong>de</strong>cisões<strong>de</strong> escolher <strong>um</strong> local para morar, investir, fazer negócio, e mesmo fazerférias. Por outro lado, como já referido, <strong>um</strong> território é algo bem complexoe <strong>de</strong> difícil avaliação. Para além disso, estas imagens projectadas têm tantomaior impacto positivo, quanto melhor transmitirem <strong>um</strong>a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> dolugar, isto é correspon<strong>de</strong>m àquilo que mais distingue este lugar/território<strong>de</strong> outros e àquilo com que a próprio população se i<strong>de</strong>ntifica e <strong>de</strong> quese orgulha. Se isto for o caso, esta <strong>imagem</strong> <strong>de</strong> marca territorial po<strong>de</strong> tornar-sen<strong>um</strong>a visão estratégica orientadora e incentivadora para a própriadinâmica <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do território.Consequentemente, esta <strong>imagem</strong> não <strong>de</strong>veria ser <strong>de</strong>finida “no gabinete”,por parte dos técnicos e/ou políticos mais habilidosos, mas envolvendo,mais <strong>um</strong>a vez, todos os stakehol<strong>de</strong>rs do território, e compreen<strong>de</strong>ndo operfil e as aspirações da própria comunida<strong>de</strong>. Como a <strong>imagem</strong> <strong>de</strong> marca doterritório que se preten<strong>de</strong> projectar não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>masiado distante darealida<strong>de</strong> e como são os actores no terreno quem moldam esta realida<strong>de</strong>,<strong>um</strong>a participação dos mesmos neste processo é <strong>de</strong>sejável para garantirque haja efectivamente <strong>um</strong>a i<strong>de</strong>ntificação com esta marca territorial e <strong>um</strong>correspon<strong>de</strong>nte envolvimento na sua concretização e dinamização.Po<strong>de</strong> concluir-se que <strong>um</strong>a abordagem sistemática e integrada <strong>de</strong> marketing,orientada para a sustentabilida<strong>de</strong> do território é <strong>um</strong> processo complexo,com fortes implicações para o futuro, <strong>de</strong> elevada responsabilida<strong>de</strong> e, sefor bem realizada, com muito potencial para a dinamização do território,atraindo novos públicos e motivando os já existentes. Sobretudo os territóriosrurais, integrando geralmente <strong>um</strong> conjunto <strong>de</strong> agentes económicos,sociais e culturais <strong>de</strong> pequena escala, relativamente pobres em recursos,territórios caracterizados por alg<strong>um</strong>a fragilida<strong>de</strong> ambiental e sociocultural,embora, a esse nível, igualmente <strong>de</strong>tentores <strong>de</strong> recursos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> atracçãoturística e valor intrínseco, <strong>um</strong> planeamento e <strong>um</strong>a gestão cuidadosado território tornam-se fundamentais. Assim, <strong>um</strong>a abordagem integradae sistemática <strong>de</strong> marketing territorial que vise o <strong>de</strong>senvolvimento sustentávelpo<strong>de</strong> contribuir para a criação <strong>de</strong> <strong>um</strong> território rural multifunctional,mais coeso, eficaz e eficiente, que consiga distinguir-se <strong>de</strong> outros através<strong>de</strong> reais vantagens competitivas, nomeadamente através da cooperação,criação <strong>de</strong> sinergias, apostas estratégicas nos recursos mais valiosos edistintivos dos seus territórios e nos segmentos <strong>de</strong> mercado específicosque valorizam mais o que o território po<strong>de</strong>rá oferecer.Elisabeth KastenholzDirectora do Mestrado em Gestão e Planeamento em TurismoUniversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> AveiroNº 53 - 2008 | pessoas e lugares


em DestaqueNuno Jordão“Aposta na i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>é o caminho certo”Assessor principal da Direcção-Geral <strong>de</strong> Agricultura e Desenvolvimento Rural, foi gestor doprograma LEADER II e subdirector regional da Agricultura <strong>de</strong> Trás-os-Montes e Alto Douro.Engenheiro Agrónomo, com formação profissional na área <strong>de</strong> extensão rural, acrescentouainda o Master of Business Administration (MBA), com especialização em Marketing.A <strong>imagem</strong> do território, a marca, o marketing territorialsão conceitos cada vez mais utilizados...O conceito <strong>de</strong> marketing tem evoluído bastante. Tendo começadocomo área <strong>de</strong> conhecimento que se <strong>de</strong>dicava à relação entre as empresasprodutivas e o seu mercado progressivamente foi alargando oseu âmbito para organizações não produtivas, como os hospitais, porexemplo, e, posteriormente, também a outras áreas como a da políticae, actualmente, começa já a surgir o marketing ajustado a territórios, omarketing territorial. Neste momento, estou a <strong>de</strong>senvolver <strong>um</strong> trabalho<strong>de</strong> investigação em marketing, com base n<strong>um</strong> diferencial semântico. I<strong>de</strong>ntificamossegmentos <strong>de</strong> mercado em termos das diferentes atitu<strong>de</strong>s emrelação ao mundo rural. Procuramos que as pessoas associem <strong>um</strong>a série<strong>de</strong> pares <strong>de</strong> palavras ou conceitos como guerra-paz, fartura-escassezetc. ao mundo rural, <strong>de</strong> modo a i<strong>de</strong>ntificar se são valores positivos ounegativos. Não temos ainda os inquéritos todos feitos, mas po<strong>de</strong>mos jáverificar que existe <strong>um</strong>a visão positiva generalizada, quer em meio urbanoquer em meio rural quer entre jovens quer entre adultos. O Marketingpermite tirar maior partido <strong>de</strong>sse reconhecimento <strong>de</strong> que a ruralida<strong>de</strong>tem <strong>um</strong> valor mesmo económico. É certo que estamos habituados, porexemplo, a ir a <strong>um</strong> <strong>de</strong>terminado sítio e gabarmos muito a paisagem,e, no entanto, não pagar nada por isso. É evi<strong>de</strong>nte que não po<strong>de</strong>mos,<strong>de</strong> <strong>um</strong> dia para o outro começar a cobrar bilhetes para “ven<strong>de</strong>r” essapaisagem mas muitos países sobretudo do Norte concebem processosque directa ou indirectamente proporcionam <strong>um</strong>a remuneração paraas pessoas que garantem essa paisagem. Se aquela paisagem é bonita,é porque há pessoas que estão a mantê-la bonita e isso <strong>de</strong>ve ser pago.Desta forma po<strong>de</strong>-se proporcionar <strong>um</strong> acréscimo <strong>de</strong> rendimento quepermite a essas pessoas viverem melhor, continuarem ali e não saírem.Por exemplo, o turismo é <strong>um</strong>a forma <strong>de</strong> o fazer. Outra coisa que mepreocupa é que em certas situações há valores locais tão atractivos quecomeçam a ser explorados economicamente por pessoas que não sãodo mundo rural e que beneficiam pouco esse mundo rural que é quem,no fundo, oferece o espectáculo.É importante que os benefícios fiquem no mundo rural?As amenida<strong>de</strong>s do mundo rural têm <strong>um</strong> valor económico, às vezes sembenefícios para a gente que ali vive e produz esse valor. Se toda a gentesaísse, o mundo rural tornar-se-ia n<strong>um</strong> <strong>de</strong>serto e per<strong>de</strong>r-se-iam muitasdas coisas que as pessoas apreciam. É preciso manter a <strong>de</strong>mografia ouestimular até <strong>um</strong> eventual pequeno crescimento.No que consiste este trabalho <strong>de</strong> marketing territorialnos territórios?Fundamentalmente em i<strong>de</strong>ntificar em cada território quais os factorescom valor económico, que possam atrair pessoas e também quais sãoos segmentos <strong>de</strong> mercado interessados nessas amenida<strong>de</strong>s, qual o seuperfil. Isto feito, é preciso <strong>de</strong>senhar <strong>um</strong>a estratégia que ponha <strong>um</strong>a coisaarticulada com a outra, o território com o seu mercado, organizar programasque atraiam esses segmentos, ao longo <strong>de</strong> todo o ano, <strong>de</strong> forma aproporcionar <strong>um</strong> rendimento mais ou menos constante. Há pouco tempo,li <strong>um</strong> excelente trabalho da professora Elisabete Figueiredo em quese questionava: “Quantas al<strong>de</strong>ias históricas po<strong>de</strong>mos suportar?”. Penso,todavia, que há lugar para todas, quando falamos em nichos e segmentos<strong>de</strong> mercado, vamos encontrar pessoas com preferências distintas. Muitasdas nossas regiões rurais têm raízes históricas diferentes. Temos, porexemplo, as gravuras do Côa que tem 10 mil anos ou mais, e próximo,na zona <strong>de</strong> Lamego, a ligação à história da fundação <strong>de</strong> Portugal e aindapróximo, em Almeida, <strong>um</strong>a ligação à guerra peninsular... São interessesdiferentes. Cada <strong>um</strong>a tem a sua especificida<strong>de</strong>.Quando fala na necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar os valores <strong>de</strong><strong>um</strong> território temos a história mas existem outros?O artesanato, os produtos agrícolas ou alimentares <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, a gastronomia,a paisagem, a biodiversida<strong>de</strong>, aspectos geológicos particulares,a etnologia, as festas, as tradições, os trajes, a música...Na estratégia <strong>de</strong> marketing, também é importantetransmitir a <strong>imagem</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> mundo rural em mudança emo<strong>de</strong>rnização?O artesanato, por exemplo, assenta em conceitos estéticos, mas anteseram utilitários. Ao longo da sua história, foram evoluindo. Mantiveram<strong>um</strong>a certa tradição na matéria-prima que utilizam e na maneira <strong>de</strong> fazer,mas tem <strong>de</strong> se adaptar o <strong>de</strong>sign às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada época. Acho quenão é <strong>de</strong>svirtuar, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se mantenha essa genuinida<strong>de</strong> dos materiaise na maneira <strong>de</strong> fazer, dando-lhes utilida<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas. Como muitos jáestão a fazer. Será <strong>um</strong>a maneira <strong>de</strong> a<strong>um</strong>entar as vendas, encontrar a justacomposição do marketing mix: produto, preço, promoção e distribuição.As pessoas, geralmente, associam o marketing só à promoção, masele começa no produto. Quando estou a fazer e adaptar <strong>um</strong> utensílioa <strong>um</strong>a utilida<strong>de</strong>, é <strong>um</strong> trabalho <strong>de</strong> marketing também. É torná-lo maisapetecível. Um tecido que foi feito para <strong>um</strong>a época, agora po<strong>de</strong>rá teroutras utilida<strong>de</strong>s, mas o tecido continua a ser necessário. É <strong>um</strong>a questão<strong>de</strong> o adaptar a outras possibilida<strong>de</strong>s. Depois, em marketing não há ateoria económica do preço. O preço não resulta do encontro da ofertae procura, o preço é o que as pessoas estão dispostas a pagar. Tem <strong>de</strong>ser a<strong>de</strong>quado àquele segmento. Depois, há a distribuição. Os produtos<strong>de</strong> cada território que po<strong>de</strong>m ser postos no mercado, por exemplo,artesanato e agro-alimentares, <strong>de</strong>vem ser colocados em pontos <strong>de</strong> vendaa<strong>de</strong>quados. A noção do marketing é ter essa percepção.Ou seja, é necessário encontrar as respostas maisacertadas?É trabalhar os valores que temos e fazê-los chegar a quem os quer utilizar,da melhor maneira. Tem <strong>de</strong> se saber quem está interessado em conheceresse tipo <strong>de</strong> coisas, o que posso fazer no produto para o melhorar, qualo preço que as pessoas estão dispostas a pagar, e os canais para chegaràquelas pessoas.É preciso ter capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> selecção <strong>de</strong>sses canais <strong>de</strong>distribuição?O Marketing nas gran<strong>de</strong>s multinacionais é fácil. Fazem estudos e análisesnesse sentido. No meio rural é mais difícil. Mas, <strong>de</strong> qualquer maneira, há<strong>um</strong>a história <strong>de</strong> experiências e conhecimento do tipo <strong>de</strong> visitante quetem <strong>de</strong> ser analisada. Há pequenos hotéis em zonas rurais que estãopraticamente vazios durante todo o ano e <strong>de</strong>pois vivem na aberturada caça. Podiam começar a ver melhor qual é o perfil do caçador. É a“atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> marketing”, adaptar o produto e o preço àquele tipo <strong>de</strong>pessoa, a distribuição e o canal a utilizar. É preciso ver como chegoàquelas pessoas. Depois a promoção po<strong>de</strong> ser feita na televisão ou emrevistas especializadas, <strong>de</strong> história ou <strong>de</strong> viagens, no Pessoas e Lugares,para atingir o segmento que interessa. pessoas e lugares | Nº 53 - 2008


Há <strong>um</strong> défice <strong>de</strong> articulação entre as própriasentida<strong>de</strong>s?Falta organização. Quando falamos em turismo rural não é só alojamento.Passa por produtos que só po<strong>de</strong>m ser usufruídos no local, como o patrimónioou a paisagem. Há a tendência para se criar <strong>um</strong>a agência ou <strong>um</strong>acentral <strong>de</strong> reservas, e isso dispersa muito. E se calhar, não há <strong>um</strong> sítio naInternet que tenha a opção <strong>de</strong> se po<strong>de</strong>r ver tudo o que há para fazer nomundo rural. Em Espanha e França essa visão já começa a existir.Alg<strong>um</strong>as associações têm trabalhado a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> marca.Po<strong>de</strong>-se falar em marcas associadas a <strong>um</strong> território?Para <strong>um</strong> território com <strong>um</strong>a certa unida<strong>de</strong>, a marca é <strong>um</strong>a forma <strong>de</strong> se diferenciar.Há casos <strong>de</strong> sucesso espantosos. Não é, no entanto, <strong>um</strong>a receitapara resolver todos os problemas. Tem <strong>de</strong> ser pon<strong>de</strong>rado caso a caso, atéo próprio nome da marca em si. Por exemplo, em Trás-os-Montes, discute-semuito que nome adoptar, se Trás-os-Montes ou Nor<strong>de</strong>ste. No meuimaginário, há <strong>um</strong>a associação do Nor<strong>de</strong>ste à pobreza, mas até po<strong>de</strong> corrermuito bem. É preciso fazer estudos para ver qual é a melhor <strong>de</strong>signaçãopara a marca da região, que <strong>de</strong>pois se po<strong>de</strong> associar a produtos.Esta possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver <strong>um</strong>a marca po<strong>de</strong>ser <strong>um</strong> exemplo <strong>de</strong> <strong>um</strong>a estratégia a replicar noutrosterritórios?Os mecanismos da razão que levam as pessoas a gostar das coisas sãomuito psicológicos. Têm a ver com memórias, por vezes subconscientes,que têm muita importância. É <strong>um</strong>a boa i<strong>de</strong>ia as marcas serem usadaspara atrair pessoas para <strong>um</strong> território, mas <strong>de</strong>ve ser feito com cuidado. Écomo o estudo que estamos a fazer do referencial semântico. É colocarnomes diferentes e ver ao que é que a pessoa as associam. É perceberas percepções das pessoas. Para alguns po<strong>de</strong> não fazer sentido e paraoutros fazer muito sentido. Essas questões têm <strong>de</strong> ser testadas.Em que assenta a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> território?A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> território assenta primeiro na história, <strong>de</strong>pois naunida<strong>de</strong> territorial e n<strong>um</strong>a certa homogeneida<strong>de</strong> no tipo <strong>de</strong> clima, biologia,paisagem, gastronomia, hábitos, cultura... Criam <strong>um</strong>a <strong>de</strong>terminadai<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, que se relaciona com a história. As pessoas que vivem naqueleterritório foram construindo <strong>um</strong>a história local. A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>-se<strong>de</strong>finir apesar <strong>de</strong> ser difusa. Conservam-se <strong>de</strong>terminados valores que setornam específicos e isso faz a diferença. A noção <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> também<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da zona. Como em Trás-os-Montes, que tem a <strong>Terra</strong> Fria e a<strong>Terra</strong> Quente, o Planalto Mirandês, o Barroso, o Douro e ainda mais.Reconhecem-se inúmeras i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntro daquela i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> maior.A tendência é, cada vez mais, diferenciar <strong>de</strong> modo a encontrar o tal segmentoa que se quer chegar. Mas tem <strong>de</strong> haver <strong>um</strong> equilíbrio. Noutrossítios, <strong>um</strong> território mais vasto tem <strong>um</strong>a maior unida<strong>de</strong>. Portugal tem essaparticularida<strong>de</strong>, é <strong>um</strong> país pequeno mas com muitas especificida<strong>de</strong>s.Tendo as regiões a sua própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> muitoespecífica, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>um</strong> mercado global diluem-se...Diluem-se, mas o objectivo não é atrair milhares <strong>de</strong> pessoas. A apostana especificida<strong>de</strong> e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> própria, por muito pequena que seja <strong>um</strong>aregião, é o caminho certo.A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> territorial po<strong>de</strong> produzir-se? Po<strong>de</strong> serimposta a partir <strong>de</strong> fora?Até se po<strong>de</strong> inventar completamente. São os tais problemas éticos quese encontram no Marketing. Po<strong>de</strong>-se inventar até a própria história,rescrevê-la e fundamentá-la. Eu não recomendo que se faça isso porque,para além <strong>de</strong> não ser honesto, creio que não é necessário, pelo menosem Portugal.Temos estado centrados no apelo ao visitante, masquando se fala em marketing territorial há também omarketing orientado para a população local e novosresi<strong>de</strong>ntes...O apelo ao visitante é a forma <strong>de</strong> se evoluir, promovendo a disponibilização<strong>de</strong> rendimentos entre <strong>um</strong>a população mais vasta. Po<strong>de</strong>-se estimularesse apelo <strong>de</strong> forma a gerar rendimentos, que é o que se preten<strong>de</strong>.Quando falo em atrair visitantes é também porque não há outra forma<strong>de</strong> fazer. As pessoas locais, quando vêem outras pessoas interessadas,ficam elas próprias mais orgulhosas. A<strong>um</strong>enta a auto-estima e a<strong>um</strong>entao rendimento graças a esse fluxo. Esse fenómeno já aconteceu muito emPortugal. Em 15 anos a auto-estima das populações rurais a<strong>um</strong>entou.O mundo rural também não é sinónimo <strong>de</strong> estagnação.Há novas funcionalida<strong>de</strong>s que se po<strong>de</strong>m encontrar?As novas tecnologias trazem <strong>um</strong>a força enorme para o mundo rural.Tem <strong>de</strong> ser feito com equilíbrio e respeito. As novas tecnologias abremas portas para <strong>um</strong> gran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> trabalho, que po<strong>de</strong> ajudar a fixarpopulações e a parar este processo <strong>de</strong> êxodo rural. Há sintomas emvários países da Europa <strong>de</strong> <strong>um</strong>a certa inversão <strong>de</strong> sentido. Creio quenão é só a tecnologia que po<strong>de</strong> criar oportunida<strong>de</strong>s e gerar emprego.Começa a haver <strong>um</strong> novo fenómeno que são os novos rurais. Algunsjovens urbanos <strong>de</strong>ixam a cida<strong>de</strong> e r<strong>um</strong>am para o campo. A questão éhaver possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emprego ou po<strong>de</strong>rão sempre beneficiar dasnovas tecnologias <strong>de</strong> informação.Esta mudança <strong>de</strong> mentalida<strong>de</strong>s e o orgulho que aspessoas manifestam pelas suas raízes já será reflexo <strong>de</strong>alg<strong>um</strong> trabalho <strong>de</strong> marketing?É principalmente reflexo do LEADER, <strong>um</strong> programa excepcional. Há 15anos, quando se falava em <strong>de</strong>senvolvimento rural significava meter <strong>um</strong>afábrica no meio rural. Não haviam outras soluções. A gran<strong>de</strong> virtu<strong>de</strong> doLEADER foi criar valor a partir dos produtos endógenos, daquilo quese faz localmente, a partir dos valores locais. O marketing territorial ébasear o <strong>de</strong>senvolvimento nestes recursos. Eu estou muito ligado aomundo rural e vejo que há <strong>um</strong>a enorme diferença <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong> nas pessoas.Creio que é <strong>um</strong> processo que partiu do LEADER. Começou a haver <strong>um</strong>amudança na maneira <strong>de</strong> pensar das pessoas. Hoje há <strong>um</strong>a perspectivamuito diferente e melhor para quem está no mundo rural.O LEADER foi <strong>de</strong>cisivo nesta mudança <strong>de</strong> <strong>imagem</strong> daruralida<strong>de</strong>?O programa LEADER está a ser subestimado. Estes conceitos todos <strong>de</strong>bottom-up, âmbito territorial, integrado e, baseado nos valores endógenos,foram <strong>um</strong>a autêntica revolução. Não havia nada parecido. Depois ofacto da gestão ser feita pela socieda<strong>de</strong> civil, apareceu pela primeira vez,apesar das muitas dúvidas. Por isso começou por ser <strong>um</strong> programa poucodotado financeiramente. Mas, em toda a Europa teve <strong>um</strong> sucesso fora <strong>de</strong>série, consi<strong>de</strong>rado por muitos observadores como o programa europeucom melhor relação benefício/custo, para além <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada <strong>um</strong>aabordagem inovadora e hoje ter passado para o mainstream.Entrevista e fotografia <strong>de</strong> João LimãoNº 53 - 2008 | pessoas e lugares


em <strong>de</strong>stAqueInvestir no marketingterritorial da região <strong>de</strong> SicóOs espaços rurais, <strong>de</strong> fraca <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, dispõem quase sempre <strong>de</strong> <strong>um</strong>conjunto <strong>de</strong> amenida<strong>de</strong>s susceptíveis <strong>de</strong> contribuir positivamente parao crescimento da economia <strong>de</strong>sses territórios.Entre essas amenida<strong>de</strong>s encontram-se, é claro, os produtos agro-alimentares<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, cuja produção tem vindo cada vez mais a recebersinais encorajadores do mercado e está em harmonia com a nova visãoda PAC (Política Agrícola Com<strong>um</strong>) e o conceito <strong>de</strong> Europa Rural quetem sido ass<strong>um</strong>ido pela Comissão Europeia (1997).Face ao <strong>de</strong>clínio das activida<strong>de</strong>s agrícolas, esses produtos são hoje emdia consi<strong>de</strong>rados como recursos mobilizáveis para suscitar processos<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local sustentáveis. Contudo, a situação actual namaior parte das áreas rurais caracteriza-se pela existência <strong>de</strong> <strong>um</strong>a teia <strong>de</strong>factores e obstáculos <strong>de</strong> diversa or<strong>de</strong>m (sociais, <strong>de</strong>mográficos, etc.) quepo<strong>de</strong>m con<strong>de</strong>nar ao fracasso as políticas que precisamente visam criar ascondições para o <strong>de</strong>senvolvimento das activida<strong>de</strong>s nessas áreas.Esse é, pelo menos parcialmente, o diagnóstico que é razoável fazer emrelação à região <strong>de</strong> Sicó, on<strong>de</strong> <strong>um</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento articuladoe coerente tarda em emergir, com o natural prejuízo que daí <strong>de</strong>correpara este território e as suas gentes. O breve retrato económico e socialque a seguir se apresenta corrobora esse diagnóstico e abre a porta a<strong>um</strong>a breve reflexão sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>, a par doutras medidas,apostar também n<strong>um</strong>a política mais efectiva <strong>de</strong> marketing territorial queprojecte além região <strong>um</strong>a <strong>imagem</strong> capaz <strong>de</strong> atrair visitantes e facilite oescoamento dos produtos locais.Gran<strong>de</strong> Rota 26 / <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> SicóUm território em busca <strong>de</strong> mais e melhor <strong>de</strong>senvolvimentoO territórioA região <strong>de</strong> Sicó situa-se a sudoeste da região Centro e esten<strong>de</strong>-se porcerca <strong>de</strong> 1.500 km 2 , abrangendo a totalida<strong>de</strong> dos municípios <strong>de</strong> Penela,Ansião, Alvaiázere, Con<strong>de</strong>ixa, Soure e Pombal, em torno do maciço daSerra <strong>de</strong> Sicó, a que se <strong>de</strong>ve o nome da região.A morfologia <strong>de</strong>ste território tem características específicas que se <strong>de</strong>vemessencialmente à presença <strong>de</strong> rochas calcárias e aos processos <strong>de</strong>evolução cársica do relevo. O clima é do tipo mediterrânico, caracterizadopor Verões quentes e secos e Invernos com temperaturas suavese bastante pluviosos.A <strong>de</strong>mografiaA região <strong>de</strong> Sicó é <strong>um</strong>a região com características rurais e, tal como asoutras zonas rurais do país, tem assistido, especialmente após a década <strong>de</strong>60, a <strong>um</strong>a importante diminuição na população. Os dados dos três últimosrecenseamentos (1981, 1991 e 2001) mostram que a população resi<strong>de</strong>ntetem vindo a diminuir em todos os municípios que a compõem, à excepção<strong>de</strong> Pombal e Con<strong>de</strong>ixa, que registaram, entre 1991 e 2001 a<strong>um</strong>entos <strong>de</strong>10 e 18 por cento, respectivamente. A este acréscimo <strong>de</strong> população nãoserão alheias a proximida<strong>de</strong> com os centros urbanos <strong>de</strong> Leiria e Coimbra,respectivamente, e as boas acessibilida<strong>de</strong>s que os servem e os tornam<strong>um</strong>a alternativa muito atractiva à residência nessas cida<strong>de</strong>s.A estrutura etária da população traduz <strong>um</strong> índice <strong>de</strong> envelhecimento queultrapassa significativamente o da região Centro e do país, e é particularmentepreocupante nos municípios <strong>de</strong> Alvaiázere, Penela e Soure.O saldo natural (diferença entre nascimentos e óbitos) tem-se mantidonegativo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da década <strong>de</strong> 90 nos seis municípios, à excepção<strong>de</strong> Con<strong>de</strong>ixa, que registou, apesar <strong>de</strong> muito baixos, valores positivospara este indicador em alguns anos (2000, 2002 e 2004).Relativamente aos níveis <strong>de</strong> instrução, os dados dos censos <strong>de</strong> 2001mostram que a população resi<strong>de</strong>nte sem qualquer nível <strong>de</strong> instruçãooscilava entre os 17,2 por cento em Con<strong>de</strong>ixa e os 21,2 por cento emPombal, valores claramente acima da média da região Centro (15,5 porcento) e ainda mais da média nacional (14,4 por cento).A economiaO Índice Concelhio <strong>de</strong> Po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Compra é revelador da posição <strong>de</strong>sfavorecidaque, no contexto da zona Centro, esta região ocupa. Os valoresmais recentes (relativos a 2005) são em todos os casos bastante inferioresà média da região Centro (83,9), com excepção <strong>de</strong> Con<strong>de</strong>ixa, que atingiujá <strong>um</strong> valor muito próximo <strong>de</strong>ste (82,3). Os restantes municípios evi<strong>de</strong>nciamdiferenças muito acentuadas, principalmente Alvaiázere (60,2) ePenela (53,5). Ainda assim, a evolução tem sido favorável, caminhando-sen<strong>um</strong>a tendência <strong>de</strong> convergência para a média da região Centro.O sector primário absorvia, em 2001, cerca <strong>de</strong> seis por cento da populaçãoempregada, o que traduz <strong>um</strong>a redução drástica relativamente aorecenseamento <strong>de</strong> 1991, em que este valor ascendia a 19 por cento. Opeso do sector em Sicó é, actualmente, semelhante ao da região Centro(7 por cento) e ao do país (5 por cento).No que diz respeito à constituição <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>s, em 2006 apenas Alvaiázereregistou <strong>um</strong>a taxa <strong>de</strong> iniciativa superior à da região Centro (7 porcento contra 6,2); Soure apresenta o valor mais baixo <strong>de</strong> todos (3,7 porcento). Em Con<strong>de</strong>ixa, esse indicador ass<strong>um</strong>iu <strong>um</strong> valor particularmenteelevado em 2005, <strong>de</strong> 8,4 por cento, superior em 3,2 pontos percentuaisao da NUT II Centro.Investir na <strong>imagem</strong> ajudará a <strong>de</strong>senvolver a região <strong>de</strong> SicóNas últimas décadas, o mundo rural tem assistido a <strong>um</strong> <strong>de</strong>créscimoprogressivo da sua população, que parte para os meios urbanos embusca <strong>de</strong> <strong>um</strong> melhor nível <strong>de</strong> vida. pessoas e lugares | Nº 53 - 2008


Para fazer face a esta realida<strong>de</strong>, <strong>um</strong>a solução que tem vindo a ganhara<strong>de</strong>ptos passa pelo aproveitamento das características específicas daszonas rurais: a paisagem, o clima, a natureza, as potencialida<strong>de</strong>s parao turismo e, em particular, os produtos agro-alimentares <strong>de</strong> elevadaqualida<strong>de</strong>. Na verda<strong>de</strong>, em muitas <strong>de</strong>stas regiões existem produtostradicionais <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> com características únicas e que representam<strong>um</strong>a vantagem competitiva que po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve ser explorada.No caso da região <strong>de</strong> Sicó existe, como é sabido, <strong>um</strong> conjunto <strong>de</strong> produtos<strong>de</strong> elevada qualida<strong>de</strong> em que se <strong>de</strong>stacam o Queijo do Rabaçal, oazeite, o mel e o vinho. O reconhecimento da sua qualida<strong>de</strong> permitiu,aliás, a alguns <strong>de</strong>les, a utilização <strong>de</strong> <strong>um</strong>a Denominação <strong>de</strong> Origem Protegidaou <strong>um</strong>a Indicação Geográfica Protegida.Para aproveitar este potencial <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento associado aos produtosendógenos, é importante a aceitação da população local. Ora, sobeste aspecto, a consolidação da <strong>imagem</strong> <strong>de</strong> Sicó parece facilitada pelaforte i<strong>de</strong>ntificação que as populações locais têm com os símbolos daregião. É, aliás, i<strong>de</strong>ia consensual entre os resi<strong>de</strong>ntes que a valorizaçãodos produtos endógenos é essencial para preservar a história e a cultura<strong>de</strong>ste território.Por outro lado, a notorieda<strong>de</strong> dos produtos <strong>de</strong> Sicó embora limitada,extravasa os limites da região, o que também favorece a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong>políticas orientadas para a promoção <strong>de</strong> <strong>um</strong>a <strong>imagem</strong> associada aosrecursos endógenos.Assim sendo, parece que Sicó reúne todos os requisitos necessáriospara implementar <strong>um</strong>a estratégia <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento assente nos seusactivos endógenos e, em particular, nos produtos agro-alimentares <strong>de</strong>elevada qualida<strong>de</strong>, já que estes são verda<strong>de</strong>iros ex-libris da região, quelhes garantem a diferenciação face a outros territórios. Um programa<strong>de</strong> marketing territorial consequente <strong>de</strong>veria reflectir essa visão.Além disso, enquanto <strong>imagem</strong> <strong>de</strong> marca <strong>de</strong> Sicó, estes produtos têm<strong>um</strong> papel <strong>de</strong>terminante na competitivida<strong>de</strong> da região, funcionando comomotor do <strong>de</strong>senvolvimento que produz <strong>um</strong> efeito <strong>de</strong> arrastamento sobreoutras activida<strong>de</strong>s, como a comercialização e o turismo, e com reflexossobre o nível <strong>de</strong> vida das populações locais.A promoção da <strong>imagem</strong> da região <strong>de</strong>verá ainda passar pelo reforço <strong>de</strong>outros dos seus pontos fortes, nomeadamente dos que se associam àsboas acessibilida<strong>de</strong>s (A1, IC2, IC3 e IC8) e aos seus recursos naturais. Oambiente natural da região, muito bem preservado, é também <strong>de</strong>terminantepara a <strong>imagem</strong> <strong>de</strong> Sicó, e po<strong>de</strong>rá ser <strong>um</strong> activo muito importantena promoção <strong>de</strong> <strong>um</strong> turismo natural assente em caminhadas, nos <strong>de</strong>sportosradicais ou na espeleologia. E a esta forma <strong>de</strong> turismo acresceainda <strong>um</strong> turismo cultural em torno dos legados da civilização romanapresentes na região.Além disso, em Sicó existe <strong>um</strong> conjunto <strong>de</strong> práticas tradicionais, tantonas activida<strong>de</strong>s agro-pecuárias como no artesanato, na gastronomia ena cultura popular, que dão igualmente <strong>um</strong> contributo importante paraa <strong>imagem</strong> da região.A <strong>imagem</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> território <strong>de</strong>ve traduzir <strong>um</strong>a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e <strong>um</strong> conjunto<strong>de</strong> tradições que se vão preservando ao longo do tempo. Apostar natradição e na qualida<strong>de</strong> é <strong>um</strong> investimento e não <strong>um</strong>a <strong>de</strong>spesa sem retorno,e é essa perspectiva que <strong>de</strong>ve ser seguida na <strong>de</strong>finição da <strong>imagem</strong>dos territórios e, em particular, da região <strong>de</strong> Sicó.É claro que a organização <strong>de</strong> <strong>um</strong> programa <strong>de</strong> marketing territorial quetenha por referência <strong>um</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável, supõeque à partida seja possível gerar entre os agentes <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentoenvolvidos e, em particular, entre os municípios <strong>um</strong>a cooperação forte eactuante. Sem esse esforço colectivo em prol <strong>de</strong> <strong>um</strong>a região que se repartepor vários municípios será muito difícil inverter a tendência <strong>de</strong> <strong>de</strong>sertificaçãoe <strong>de</strong>pauperização a que assistimos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> há muito. Nesse sentido,<strong>um</strong>a forte aposta na valorização da <strong>imagem</strong> da região po<strong>de</strong>rá constituir<strong>um</strong> catalisador <strong>de</strong> benefícios nomeadamente económicos, mas po<strong>de</strong>ráconstituir também <strong>um</strong> elemento <strong>de</strong> reforço da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> colectiva e <strong>um</strong>aban<strong>de</strong>ira na qual os agentes <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento regional se revejam.Henrique AlbergariaInstituto <strong>de</strong> Estudos Regionais e Urbanos / Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> CoimbraA Marca “Sicó” n<strong>um</strong> Plano <strong>de</strong> NegóciosA <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó - Associação <strong>de</strong> Desenvolvimento e as Caixas <strong>de</strong> CréditoAgrícola Mútuo <strong>de</strong> Ansião e Pombal constituíram <strong>um</strong>a empresa, <strong>de</strong>nominadaSICÓGEST - Promoção e Desenvolvimento do Sicó, Lda, dando seguimentoao <strong>de</strong>safio lançado oportunamente entre parceiros <strong>de</strong> implementar <strong>um</strong> Plano<strong>de</strong> Negócios para o território «SICÓ» como <strong>um</strong> capital <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentointegrado associado a <strong>um</strong>a marca promocional.A empresa centrará a sua actuação em quatro gran<strong>de</strong>s áreas:1 – Gestão da Marca SicóImplementar <strong>um</strong> conceito <strong>de</strong> marca «SICÓ» “certificação informal” com <strong>um</strong>rigoroso ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> especificações. Será <strong>um</strong> conceito transversal, abrangendo<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os Agro Negócios ao alojamento, restauração, artesanato,entre outros.Incentivar o uso da marca como meio <strong>de</strong> comunicação do território, garantindoqualida<strong>de</strong> e especificida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vendo ser a médio prazo <strong>um</strong>a fonte <strong>de</strong>receita importante para a empresa.Criação <strong>de</strong> <strong>um</strong> conselho regulador da marca.Participação em feiras temáticas e gerais com a marca «SICÓ».2 – Agro NegócioA SICÓGEST funcionará como intermediário entre a produção e a comercialização,ass<strong>um</strong>indo <strong>um</strong> papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>fensor e garante dos produtores <strong>de</strong> Sicó.Compra, venda e exportação <strong>de</strong> produtos «SICÓ»; exploração <strong>de</strong> lojas efabrico <strong>de</strong> produtos «SICÓ».Exploração e dinamização dos espaços <strong>de</strong> comercialização «SICÓ».3 – Gestão e Promoção Turística do TerritórioExploração da Gran<strong>de</strong> Rota 26, com a dinamização e organização <strong>de</strong> passeiospe<strong>de</strong>stres, provas <strong>de</strong> BTT, etc;Formação na área da oferta turística;Criação, gestão e comercialização <strong>de</strong> pacotes turísticos em parceria com osgestores do património, alojamento e restauração.4 – Apoio ao Investimento e Empreen<strong>de</strong>dorismoCriação <strong>de</strong> <strong>um</strong>a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> gabinetes <strong>de</strong> apoio à preparação e acompanhamento<strong>de</strong> projectos <strong>de</strong> investimento no território, prestando serviços na formalização<strong>de</strong> candidaturas a fundos nacionais e comunitários.Fonte: www.terras<strong>de</strong>sico.ptCanhão do Vale do Poio (Pombal) / <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> SicóNº 53 - 2008 | pessoas e lugares


em DestaqueI<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s hidropónicasRaízes culturais flutuantes, apoiadas em substratos inertesCom <strong>um</strong>a chamada <strong>de</strong> atenção <strong>de</strong>sta amplitu<strong>de</strong>, gran<strong>de</strong> é o risco <strong>de</strong>encontrar nas linhas que se seguem <strong>um</strong> conjunto <strong>de</strong> incorrecções que<strong>um</strong> sociólogo po<strong>de</strong>rá colocar no texto ao falar <strong>de</strong> agricultura e, em particular,da ciência agronómica <strong>de</strong> cultivar plantas sem solo. Mas <strong>de</strong>s<strong>de</strong>que, ainda no LEADER II, contactei com <strong>um</strong> conjunto <strong>de</strong> professoresque n<strong>um</strong>a escola secundária <strong>de</strong> Abrantes com os seus alunos estavam a<strong>de</strong>senvolver <strong>um</strong>a estufa, on<strong>de</strong> o sistema <strong>de</strong> cultivo em experiência eraprecisamente a hidroponia, o interesse ficou latente.Foi <strong>um</strong> tema que me <strong>de</strong>ixou curioso, pois para <strong>um</strong> sociólogo a quemexplicaram que ao longo dos tempos muitas foram as teorias sobre opapel da socieda<strong>de</strong> na construção da individualida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>pois ver emmo<strong>de</strong>lo experimental a construção <strong>de</strong> indivíduos vegetais que coloca asraízes, no sentido mais profundo que a palavra tem, n<strong>um</strong> ambiente emcompleta suspensão ou n<strong>um</strong> substrato inerte que em ambos os casosao individuo nada acrescenta...Ver <strong>um</strong>a planta crescer n<strong>um</strong> contexto como este, sem querer formularjuízos <strong>de</strong> valor, não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser assustador mas também <strong>um</strong>a visão dopotencial <strong>de</strong> conceitos e reflexões que este tema encerra.Mas, afinal <strong>de</strong> contas, o que é que isto tem a ver com os temas do<strong>de</strong>senvolvimento rural e, em particular, na sua componente <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>h<strong>um</strong>ana e social? O tema não era novo na minha cabeça,mas sinceramente ainda não tinha reflectido sobre o assunto. Assim,Procissão dos Fogaréus (Sardoal) / Paulo Sousa (CMS)sem pretensiosismo <strong>de</strong>cidi colocar estas palavras para exprimir o quepara mim é <strong>um</strong> ponto <strong>de</strong> partida para <strong>um</strong> tema que importa assinalar eestimular a reflexão.Na realida<strong>de</strong>, quando falamos <strong>de</strong> território, falamos <strong>de</strong> <strong>um</strong>a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>,com inúmeros aspectos distintivos e autónomos, mas que encontrasuporte e se sustenta pelas suas raízes... Foi este pormenor que mefez tomar consciência das duas perspectivas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento evalorização territorial que estão ao dispor dos agentes locais e que, emúltima instância, se po<strong>de</strong>m retratar nestes duas práticas <strong>de</strong> cultivo. Por<strong>um</strong> lado, <strong>um</strong> mo<strong>de</strong>lo em que a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> território é o substratorico e natural para a sua própria estratégia <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.... Poroutro, <strong>um</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento que, por exemplo, promove oenvolvimento e a dinamização dos agentes com a organização <strong>de</strong> eventoscuja relação com o local não é evi<strong>de</strong>nte, forte ou mesmo existente.“O que é que Óbidos tem a vercom chocolate” e “Cannes com cinema...?”Um gran<strong>de</strong> amigo, aquando da organização do 1º Festival Nacional doGelado em Abrantes escreveu no seu blogue pessoal, citando eu <strong>de</strong>memória, “o que é que Óbidos tem a ver com chocolate, o que é queo Porto tem a ver com cinema fantástico, o que é que Amadora tem aver com banda <strong>de</strong>senhada, Cannes com cinema...?”Não me interessa a resposta, nem a mim nem a ele...Interessa-me sim a “prática <strong>de</strong> cultivo” e os resultados obtidos. Foi <strong>um</strong>dia maravilhoso em Abrantes, as crianças divertiram-se, as famílias conviveram,os gulosos <strong>de</strong>liciaram-se, os comerciantes empenharam-se ea cida<strong>de</strong> naquele sábado ganhou a coragem <strong>de</strong> acreditar, e empresáriose agentes públicos uniram-se n<strong>um</strong>a nova dinâmica <strong>de</strong> revitalização doseu centro urbano, tendo-se seguido <strong>um</strong> conjunto <strong>de</strong> outras iniciativasdiferentes mas em torno do mesmo objectivo com<strong>um</strong>.Nada <strong>de</strong> novo, mas também nada <strong>de</strong> velho! N<strong>um</strong> contexto inerte reuniram-seos necessários nutrientes e o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentogerminou... E em última instância, sendo esse o fim do nosso trabalho,aos territórios cabe a mestria <strong>de</strong> articular para além das culturas tambémos métodos culturais a utilizar para atingir os objectivos.Inúmeras são as histórias e muitas as alegorias sobre as sementes eo processo <strong>de</strong> germinação, mas nesta fase <strong>de</strong> transição do programaLEADER não posso <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> afirmar a alegria, felicida<strong>de</strong> e orgulho <strong>de</strong> verflorescer no meio rural português <strong>um</strong> conjunto significativo <strong>de</strong> projectosque mudaram realida<strong>de</strong>s, alteraram cursos e minimizaram impactes <strong>um</strong>pouco por todo o país.Aos colegas que em 2000 começaram o percurso e, sobretudo, pelohomem que no início em Portugal soube semear futuro, não po<strong>de</strong>mos<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong>, na nossa vida, nos nossos projectos e na dinâmica das nossasestratégias territoriais, encontrar os melhores solos para as raízes on<strong>de</strong>o LEADER sempre procurou a inspiração para fazer <strong>de</strong>senvolvimentoe promover a sustentabilida<strong>de</strong> h<strong>um</strong>ana em meio rural.A todos quantos estejam envolvidos no próximo período <strong>de</strong> programação<strong>de</strong>ixo o apelo para que não esqueçam as raízes do LEADER.Pedro SaraivaTagus - Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Interior pessoas e lugares | Nº 53 - 2008


Territóriosrizomatosa e bolbosa, nomeadamente, orquí<strong>de</strong>as, narcisos, lírios-roxos,entre outras espécies que só aqui são encontradas. Por isso, a associação<strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó preten<strong>de</strong> criar <strong>um</strong> Centro <strong>de</strong> Interpretação da Flora daSerra <strong>de</strong> Sicó. Um projecto, em parceria com a Escola Tecnológica, Artísticae Profissional <strong>de</strong> Pombal, que visa a construção <strong>de</strong> <strong>um</strong> Horto-Sicó,com todas as espécies catalogadas da flora da Serra <strong>de</strong> Sicó.Na fauna, o bufo-real ocupa <strong>um</strong> lugar <strong>de</strong> relevo. Entre as aves marcampresença ainda a poupa, o milhafre-preto, a águia-cobreira e o peneireiro--com<strong>um</strong>. Entre os mamíferos, para além <strong>de</strong> várias espécies <strong>de</strong> morcegos,contam-se javalis e raposas. Nos rios Anço, Nabão e Dueça, as espéciespiscícolas mais comuns são a carpa, o barbo e o ruivaco.Devido a esta gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> habitats com substrato calcário,incluindo habitats prioritários, as <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó (cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> doMaciço <strong>de</strong> Sicó) integram a Re<strong>de</strong> Natura 2000 – Sítio Sicó/Alvaiázere.Com cerca <strong>de</strong> 32.000 hectares, este sítio (da Lista nacional <strong>de</strong> Sítios aoabrigo da Directiva Habitats – 92/43/CEE) inclui, para além das importantesáreas contínuas <strong>de</strong> carvalhais e azinhais sobre calcários em Portugal,<strong>um</strong>a das maiores colónias do país <strong>de</strong> morcegos-<strong>de</strong>-peluche (Miniopterusschreibersii). O rio Nabão é o único local <strong>de</strong> ocorrência confirmada dalampreia-pequena, espécie classificada como ameaçada.Zona <strong>de</strong> Intervenção LEADER+Cores e sabores <strong>de</strong> SicóNa região <strong>de</strong> Sicó encontram-se diversos vestígios da presença h<strong>um</strong>anapré-histórica, mas foi sobretudo a ocupação romana que mais marcou estaregião. A 12 quilómetros das ruínas da antiga cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Conímbriga, a Villaromana do Rabaçal (concelho <strong>de</strong> Penela) permite compreen<strong>de</strong>r a presençaromana na região, quer através <strong>de</strong> <strong>um</strong>a visita ao espaço-museu/centro<strong>de</strong> interpretação, quer ao sítio arqueológico (Lugar da Or<strong>de</strong>m/Rabaçal)que inclui a residência senhorial, o balneário, a área rústica e os sistemaselevatórios <strong>de</strong> água.Paralelamente ao projecto “Villas Romanas” (no sentido <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificarno território <strong>um</strong> conjunto <strong>de</strong> “villas romanas”, a somar ao eixo Conimbriga-Rabaçal-Santiagoda Guarda), a associação <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó preten<strong>de</strong>avançar com a criação <strong>de</strong> <strong>um</strong> parque temático associado à romanizaçãopara a promoção turística, envolvendo os municípios e o Museu Monográfico<strong>de</strong> Conimbriga.Outrora mar profundo (há 190-200 milhões <strong>de</strong> anos), Sicó é igualmente<strong>um</strong>a região rica em fósseis marinhos (amonites, belemnites, <strong>de</strong>ndrites,pectiní<strong>de</strong>os, terebratulí<strong>de</strong>os, crinói<strong>de</strong>s, lamelibrânquios e foraminíferos).Muito <strong>de</strong>ste património natural da região, encontra-se reunido e classificadona Casa-Museu <strong>de</strong> Fósseis <strong>de</strong> Sicó. O espaço, localizado na al<strong>de</strong>ia daGranja, freguesia <strong>de</strong> Santiago da Guarda, concelho <strong>de</strong> Ansião, é proprieda<strong>de</strong>da Igreja Paroquial <strong>de</strong> Santiago da Guarda, e foi recuperado com oapoio do programa LEADER+, através da associação <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó.Outras das gran<strong>de</strong>s riquezas das <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó são os produtos locais,nomeadamente, queijo do Rabaçal, vinho, azeite e mel. Proveniente damistura dos leites <strong>de</strong> cabra e ovelha, o queijo do Rabaçal é <strong>um</strong> queijocurado, <strong>de</strong> pasta semidura a dura, que mantém a forma tradicional <strong>de</strong>fabrico e revela características atribuíveis ao leite, beneficiando do usoda Denominação <strong>de</strong> Origem Protegida (DOP).O vinho, cuja área geográfica <strong>de</strong> produção se limita aos concelhos <strong>de</strong>Alvaiázere, Ansião, Con<strong>de</strong>ixa-a-Nova, Penela, Soure, alg<strong>um</strong>as freguesias<strong>de</strong> Pombal, Miranda do Corvo e Figueiró dos Vinhos, tem na sua origemos solos <strong>de</strong> origem argilo-calcária, <strong>de</strong> diferentes nuances com pequenosafloramentos <strong>de</strong> xisto, das encostas solarengas da Serra <strong>de</strong> Sicó com <strong>um</strong>clima frio e húmido no Inverno e quente e seco no Verão. Nos vinhostintos predominam as castas Alfrocheiro Preto, Baga, Bastardo, Rufete,Trinca<strong>de</strong>ira e Touriga Nacional; nos brancos, as castas Fernão Pires, Rabo<strong>de</strong> Ovelha, Arinto e Cerceal.O azeite, obtido <strong>de</strong> azeitonas da varieda<strong>de</strong> Galega, é ligeiramenteespesso, muito frutado, com cor amarela ouro, por vezes esver<strong>de</strong>ada.Acompanha a tradição da gastronomia da região (cabrito e borrego,doces tradicionais) e é essencial na conservação dos enchidos, em potes<strong>de</strong> barro, bem como do queijo Rabaçal que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> curado, surge nomercado em pequenos frascos com azeite e ervas aromáticas.O mel (Mel Serra da Lousã DOP), cuja área geográfica <strong>de</strong> produção incluio concelho <strong>de</strong> Penela, é <strong>um</strong> mel <strong>de</strong> cor acentuadamente escura, saborintenso e alta viscosida<strong>de</strong> e alg<strong>um</strong>a adstringência <strong>de</strong>vido ao néctar dasurzes, predominantes na flora da Serra da Lousã.Sabores e cores <strong>de</strong> Sicó que fazem das <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó <strong>um</strong> território,<strong>um</strong>a marca… Uma marca que a <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó - Associação <strong>de</strong> Desenvolvimentotem vindo a apostar, através da valorização dos produtosendógenos, do património e das tradições...Paula Matos dos SantosFontes: Romão, F. e Barreiros, P., Percursos na Serra <strong>de</strong> Sicó, Ca<strong>de</strong>rnos QUERCUS,Coimbra, 1999; http://terrassico.lac.pt; http://www.terras<strong>de</strong>sico.pt; INE1No âmbito do Programa <strong>de</strong> Iniciativa Comunitária LEADER+, a Zona <strong>de</strong> Intervenção da<strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó - Associação <strong>de</strong> Desenvolvimento exclui as freguesias <strong>de</strong> Pombal (concelho<strong>de</strong> Pombal), Con<strong>de</strong>ixa-a-Nova e Con<strong>de</strong>ixa-a-Velha (concelho <strong>de</strong> Con<strong>de</strong>ixa-a-Nova).Solar dos Con<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Castelo Melhor (Ansião) / Paula Matos dos SantosBuracas do Casmilo (Con<strong>de</strong>ixa-a-Nova) / <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó10 pessoas e lugares | Nº 53 - 2008


<strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> SicóAssociação <strong>de</strong> DesenvolvimentoQuando o LEADER chega ao território Sicóem 1992, já existia <strong>um</strong> plano <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentoestratégico <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1988 que, por suavez, já tinha sido apresentado em Bruxelas àDirecção-Geral da Agricultura e DesenvolvimentoRural, em 1990. Na origem da i<strong>de</strong>ia<strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó, associação <strong>de</strong> direito privado,encontra-se “<strong>um</strong> homem com muitavisão”, Liduino Matos Borges, economista <strong>de</strong> origem açoriana,que, mais tar<strong>de</strong>, viria a tornar-se o seu primeiro coor<strong>de</strong>nadorLEADER. Quando arranca o programa, já tinham sido iniciadosdiversos estudos com a Escola Superior Agrária <strong>de</strong> Coimbrae/ou a Direcção Regional <strong>de</strong> Agricultura, nomeadamente sobreo queijo do Rabaçal, os vinhos e o mel da região. O LEADERrevela-se a componente financeira <strong>de</strong> <strong>um</strong> caminho previamentetraçado. Na altura, a entida<strong>de</strong> gestora era a Associação <strong>de</strong>Municípios da Serra <strong>de</strong> Sicó - ADSICÓ, <strong>um</strong>a das primeirasassociações <strong>de</strong> municípios do país, que reunia exactamenteos seis concelhos da futura <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó - Associação <strong>de</strong>Desenvolvimento. Esta última nasce, em 1995, em virtu<strong>de</strong> dosconstrangimentos do LEADER II, incompatíveis com o mo<strong>de</strong>lo<strong>de</strong> gestão original. ADSICÓ dá origem à <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó. A Zona<strong>de</strong> Intervenção mantém-se, integrando os municípios <strong>de</strong> Alvaiázere,Ansião, Con<strong>de</strong>ixa-a-Nova, Penela, Pombal e Soure. Estesseis territórios partilham a Serra <strong>de</strong> Sicó. Distingue com <strong>um</strong> seloin<strong>de</strong>lével 32 freguesias rurais. É <strong>um</strong> elemento <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>tão forte e evi<strong>de</strong>nte que levou os seis municípios a unirem-se<strong>de</strong>baixo do mesmo chapéu, n<strong>um</strong>a lógica intermunicipal queperdura até hoje. O espírito <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação quer-se fértil, daía criação <strong>de</strong> <strong>um</strong>a <strong>imagem</strong> que passa em primeira instância por<strong>um</strong> trabalho <strong>de</strong> preservação e valorização dos produtos locaistradicionais. Organiza-se a produção, nascem agrupamentos <strong>de</strong>produtores e, finalmente, obtém-se a tão <strong>de</strong>sejada certificaçãoDOP (Denominação <strong>de</strong> Origem Protegida) e IGP (IndicaçãoGeográfica Protegida) <strong>de</strong> produtos como o queijo do Rabaçal,os vinhos, o mel e o azeite.Órgãos sociaisAssembleia Geral: Presi<strong>de</strong>nte Câmara Municipal <strong>de</strong> Alvaiázere | 1º Secretário Crédito Agrícola <strong>de</strong> Ansião | 2º Secretário Câmara Municipal <strong>de</strong>Penela | Direcção: Presi<strong>de</strong>nte Câmara Municipal <strong>de</strong> Ansião | Vice-Presi<strong>de</strong>nte Câmara Municipal <strong>de</strong> Con<strong>de</strong>ixa-a-Nova | Secretário Câmara Municipal<strong>de</strong> Penela | Tesoureiro Crédito Agrícola <strong>de</strong> Pombal | Vogal Câmara Municipal <strong>de</strong> Pombal | Conselho fiscal: Presi<strong>de</strong>nte Câmara Municipal<strong>de</strong> Soure | Vice-Presi<strong>de</strong>nte Crédito Agrícola <strong>de</strong> Ansião | Secretário Escola Tecnológica <strong>de</strong> PombalAssociadosCâmara Municipal (C.M.) <strong>de</strong> Alvaiázere, C.M. <strong>de</strong> Ansião, C.M. <strong>de</strong> Con<strong>de</strong>ixa-a-Nova, C.M. <strong>de</strong> Penela, C.M. <strong>de</strong> Pombal, C.M. <strong>de</strong> Soure, A<strong>de</strong>pombal- A<strong>de</strong>ga Cooperativa <strong>de</strong> Pombal, ADILCAN - Associação <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e Iniciativas Locais do Concelho <strong>de</strong> Ansião, ADILPOM- Associação <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e Iniciativas Locais do Concelho <strong>de</strong> Pombal, APPACDM - Associação Portuguesa <strong>de</strong> Pais e Amigos do CidadãoDeficiente Mental <strong>de</strong> Soure, Associação Casa do Povo Maçãs <strong>de</strong> D. Maria, Associação <strong>de</strong> Produtores Florestais do Concelho <strong>de</strong> Ansião,Cooperativa Agrícola <strong>de</strong> Alvaiázere, Caixa <strong>de</strong> Crédito Agrícola Mútuo <strong>de</strong> Pombal, Caixa <strong>de</strong> Crédito Agrícola Mútuo <strong>de</strong> Serras <strong>de</strong> Ansião, Caixa<strong>de</strong> Crédito Agrícola Mútuo <strong>de</strong> Vila Nova <strong>de</strong> Anços, Cercipenela - Cooperativa para a Educação e Reabilitação <strong>de</strong> Crianças Inadaptadas, Coprorabaçal- Cooperativa <strong>de</strong> Produtores <strong>de</strong> Queijo Rabaçal, ETAP - Escola Tecnológica e Artística <strong>de</strong> Pombal, Flopen - Associação <strong>de</strong> Produtorese Proprietários Florestais do Concelho <strong>de</strong> Penela, Sicó Formação SA - Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ensino Profissional SA, Liga <strong>de</strong> Amigos <strong>de</strong> Conímbriga,Vinisicó - Associação <strong>de</strong> Vitivinicultores da ADSICÓPDL LEADER+Valorizar os produtos locaisEntretanto, a experiência po<strong>de</strong>ria seguir o seu curso normal.Antes pelo contrário, se a ADSICÓ <strong>de</strong>u origem à <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong>Sicó, esta, por sua vez, vai agora dar origem à Sicógeste. Alógica é empresarial e serve para sustentar o projecto damarca “Sicó”, engendrado pela <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó. A marca “Sicó”que se quer voluntária e inquestionavelmente informal, mascom regras, nasce do cansaço das burocracias morosas dosprocessos <strong>de</strong> certificação formais. A marca aparece tambémcomo <strong>um</strong>a adaptação da experiência irlan<strong>de</strong>sa <strong>de</strong> <strong>um</strong> Grupo <strong>de</strong>Acção Local (GAL) LEADER <strong>de</strong> West Cork que engendrou aFuchsia Brand (marca Fuchsia). David Leandro, actual directorexecutivo da <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó, acompanhou este projecto <strong>de</strong>s<strong>de</strong>o LEADER I. Entretanto, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> marca na <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicófoi crescendo e ganhando condições <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>. ASicóGest vai ser a entida<strong>de</strong> responsável pela gestão da marca“Sicó”. Rui Benzinho, actual coor<strong>de</strong>nador da ETL e futurogestor da SicóGest explica, “a SicóGest vai criar condiçõespara que a marca se sustente. Quem a<strong>de</strong>re à marca, vaiconstituir <strong>um</strong> conselho regulador, controlado pelos próprios<strong>de</strong>tentores da marca. No fundo, auto-fiscalizam-se.” Refira-seque esta socieda<strong>de</strong> por quotas conta com capitais sociais da<strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó (48 por cento), por via das comparticipaçõesfinanceiras dos seis municípios associados da ADL, e das Caixas<strong>de</strong> Crédito Agrícola <strong>de</strong> Ansião e Pombal (restantes 52 porcento). Nas palavras <strong>de</strong> David Leandro, a marca “Sicó” vaiser vendida e negociada. Enquanto a <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó ass<strong>um</strong>e aresponsabilida<strong>de</strong> da aplicação da marca, a SicóGest promoveos produtos e produtores, <strong>de</strong>tentores da marca, associadosao território. Este <strong>de</strong>sdobramento parece indicar o caminhopara a auto-sustentabilida<strong>de</strong> da ADL.<strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> SicóLargo dos Celeiros, 33105-326 Redinha – PombalTelefone: 236 912 113/4 | Fax: 236 912 115E-mail: geral@terras<strong>de</strong>sico.ptInternet: www.terras<strong>de</strong>sico.ptEquipa Técnica LocalRui BenzinhoCoor<strong>de</strong>nadorNatural <strong>de</strong> Angola, chega a Portugale a Pombal com 18 meses. Recém-licenciadoem Gestão e AdministraçãoPública pelo Instituto Superior <strong>de</strong> Ciências Sociais e Políticas,entra, em 1996, para a <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó. Inicia-se então <strong>um</strong>aascensão profissional <strong>de</strong>ntro da associação: primeiro é estagiário,<strong>de</strong>pois <strong>de</strong>sempenha funções na área administrativa,contabilística/financeira, dali passa para técnico do grupo <strong>de</strong>acção local e, há dois anos, ass<strong>um</strong>e o cargo <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadorda equipa técnica local. Mas este périplo não pára aqui, poisa próxima etapa anunciada é a saída da <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó e oingresso na SICOGESTE. Apesar da mudança, não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong>ser <strong>um</strong>a continuação lógica do trabalho <strong>de</strong>senvolvido. Oobjecto “promoção do território através dos seus produtos”mantém-se, os fins, eles, passam a ser lucrativos e os fundosnão comunitários. “Des<strong>de</strong> o LEADER II, acompanhei istosempre com paixão. De facto, existe <strong>um</strong> território, produtos,mas nada estava trabalhado: a organização, a certificação, acriação <strong>de</strong> agrupamentos <strong>de</strong> produtores”, (…) mas “compersistência e convicção, consegue-se ultrapassar muitasvicissitu<strong>de</strong>s presentes nos territórios <strong>de</strong>sfavorecidos”. E osresultados estão patentes, segundo o coor<strong>de</strong>nador, “o trabalhofeito até hoje é muito importante, já temos restauração,produtos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e alojamento”.Rui ClaraTécnicoNatural <strong>de</strong> Coimbra, Rui Clara iniciaa activida<strong>de</strong> profissional na ADSICÓ,on<strong>de</strong> acompanha sucessivamente oLEADER I, o Centro Rural e a Medida Agris 7.1. Em 1998vai para a <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó. Na terceira edição do LEADER, RuiClara recupera a ligação com o programa, enquanto técnico<strong>de</strong> acompanhamento dos projectos. No LEADER, há cerca<strong>de</strong> 15 anos, qualifica o trabalho <strong>de</strong> “aliciante e diversificado”.Quanto aos benefícios do programa para o território, RuiClara coloca a tónica na preservação e valorização dos produtostradicionais locais, tais como o Queijo Rabaçal, o vinho,o mel, o azeite, sem esquecer a exploração do potencialturístico. Para além do LEADER, refere que “a <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicótem <strong>um</strong>a particularida<strong>de</strong>, o território Sicó existe”.Ilda CostaAdministrativaNatural <strong>de</strong> Coimbra, resi<strong>de</strong> em Con<strong>de</strong>ixa-a-Nova,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que regressoucom os pais <strong>de</strong> França. O interesseass<strong>um</strong>ido pela área informática, ditou a escolha <strong>de</strong> formaçõesprofissionais. Depois <strong>de</strong> <strong>um</strong> primeiro emprego no município<strong>de</strong> Con<strong>de</strong>ixa, vai para a ADSICÓ em 1992, on<strong>de</strong> permaneceaté à criação da <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó. No quadro das suas funçõesactuais <strong>de</strong> administrativa, sublinha que prefere o contactodirecto com os promotores. E confessa estar entusiasmadacom o novo r<strong>um</strong>o da associação.A <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó elegeu como tema fe<strong>de</strong>rador do seu Plano<strong>de</strong> Desenvolvimento Local (PDL) LEADER+, a “Promoção evalorização dos produtos tradicionais, do turismo ambientale da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida em meio rural”. Para sustentar <strong>um</strong>tema tão abrangente, o PDL LEADER+ da <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicóprojectou oito medidas estratégicas: Acções <strong>de</strong> divulgação,qualificação e reforço da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso aos mercadosdos produtos endógenos (1); O turismo por <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó(2); A qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida em meio rural – “<strong>Terra</strong> sã, naturezaintacta e águas limpas” (3); Formação técnica e sensibilizaçãodos produtores em áreas diversificadas e ajudas à contratação(4); I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> sociocultural (5); Implementação do PDL naZona <strong>de</strong> Intervenção da <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó (6); Engenharia Financeira(7) e Funcionamento do GAL (8).No fundo, res<strong>um</strong>indo <strong>um</strong> pouco, preten<strong>de</strong>-se: dar continuida<strong>de</strong>ao trabalho realizado com e para os produtores noLEADER I e II; promover e divulgar as potencialida<strong>de</strong>s turísticas,bem como as infra-estruturas criadas durante o LEADERI e II; sensibilizar, preservar e valorizar o ambiente naturalenvolvente; sensibilizar os produtores para os benefícios dacomplementarida<strong>de</strong> entre saberes e métodos tradicionais <strong>de</strong>fabrico e competências e técnicas inovadoras; revitalizar epromover encontros culturais e <strong>de</strong>sportivos, artes e ofíciostradicionais n<strong>um</strong>a perspectiva <strong>de</strong> união das gerações.Falando da Cooperação, esta segue <strong>um</strong> curso praticado noLEADER II, caracterizado por <strong>um</strong>a boa relação entre as oitoassociações <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local (ADL) da Beira Litoral, eque se materializa, nomeadamente, na adopção <strong>de</strong> <strong>um</strong>a estruturacom<strong>um</strong> para o Vector 2 do PDL <strong>de</strong> cada <strong>um</strong>a das ADL.De acordo com dados da <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó, entre 01 <strong>de</strong> Outubro<strong>de</strong> 2001 e 31 <strong>de</strong> Janeiro 2008, o investimento total aprovadoera <strong>de</strong> 5.357.570,87 euros (dos 4.612.766 euros, inicialmenteprogramados no PDL), correspon<strong>de</strong>nte a 151 projectos,distribuídos, segundo os critérios financeiros <strong>de</strong> rigor noprograma LEADER+, como segue: 77 projectos no valortotal <strong>de</strong> 2.598.757,85 euros na Medida 1 (Investimentos); 74projectos no valor total <strong>de</strong> 2.037.590,06 euros na Medida 2(Acções Imateriais) e 721.222,96 na Medida 4 (Despesas <strong>de</strong>funcionamento do GAL).Textos <strong>de</strong> Maria do Rosário AranhaNº 53 - 2008 | pessoas e lugares 11


TerritóriosUm fim-<strong>de</strong>-semana nas <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> SicóGR 26Se é amante do pe<strong>de</strong>strianismo, ou simplesmente gosta<strong>de</strong> andar a pé, e procura no contacto com a Natureza, <strong>um</strong>retiro à azáfama da cida<strong>de</strong>, esta proposta <strong>de</strong> fim-<strong>de</strong>-semanaé para si... Prepare a mochila e parta à <strong>de</strong>scoberta da GR 26.A Gran<strong>de</strong> Rota (GR) 26, n<strong>um</strong>a extensão total <strong>de</strong> aproximadamente200 quilómetros, é constituída por nove percursos pe<strong>de</strong>stres<strong>de</strong> Pequena Rota (PR) com distâncias entre os 20 e os 30 quilómetros,cada <strong>um</strong> com a sua temática: PR 1 Rota do Paleolítico(Pombal - Redinha); PR 2 Rota da Erva-<strong>de</strong>-Santa-Maria (Redinha- Degracias); PR 3 Rota <strong>de</strong> Lapiás (Degracias - Con<strong>de</strong>ixa); PR 4Rota do Vinho <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó (Con<strong>de</strong>ixa - Rabaçal); PR 5 Rota daTalismã (Penela - Taliscas); PR 6 Rota do Queijo Rabaçal (Taliscas- Ansião); PR 7 Rota do Carvalho Cerquinho (Ansião - Pousaflores);PR 8 Rota do Azeite (Pousaflores - Almoster); PR 9 Rota daTauromaquia (Almoster - Vale).Abrangendo os seis concelhos que constituem o território “<strong>Terra</strong>s<strong>de</strong> Sicó” (Alvaiázere, Ansião, Con<strong>de</strong>ixa-a-Nova, Penela, Pombale Soure), a GR 26 tem a sua disposição <strong>de</strong> forma circular, sendopossível, por isso, iniciá-la em qualquer <strong>um</strong> dos concelhos.O projecto, realizado pela <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó - Associação <strong>de</strong> Desenvolvimento,no âmbito do Programa <strong>de</strong> Iniciativa ComunitáriaLEADER+, em parceria com o Clube Desafio Sicó e a Fe<strong>de</strong>ração<strong>de</strong> Campismo e Montanhismo <strong>de</strong> Portugal (FCMP), surge parapromover, simultaneamente, <strong>um</strong>a activida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sportiva na natureza– o pe<strong>de</strong>strianismo – e <strong>um</strong>a região – <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó.A marcação <strong>de</strong>sta Gran<strong>de</strong> Rota, cuja área encerra <strong>um</strong> vasto e ricopatrimónio natural – enquadrado na Re<strong>de</strong> Natura 2000 –, <strong>de</strong>ve-seessencialmente ao elevado potencial turístico da região e à necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> criar formas <strong>de</strong> dinamizar a activida<strong>de</strong> turística e a práticasaudável <strong>de</strong> <strong>de</strong>sporto, sem prejuízo do espaço natural. Ao mesmotempo, revitaliza caminhos antigos, com qualida<strong>de</strong>, a<strong>um</strong>entando aauto-estima das populações, e promove a educação ambiental ea prática <strong>de</strong> eco-turismo n<strong>um</strong>a perspectiva <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentorural sustentável, aliando as riquezas endógenas, nomeadamente,o queijo, o vinho, o azeite, o mel, os frutos secos e o artesanato.Muitas razões para muitos fins-<strong>de</strong>-semana nas <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó...Por isso, escolha <strong>um</strong>, com sol, e parta à <strong>de</strong>scoberta da GR 26.A proposta é a PR 5 Rota da Talismã 1 . Um percurso pe<strong>de</strong>stre,<strong>de</strong>vidamente marcado segundo as normas da FCMP, com iníciojunto ao Posto <strong>de</strong> Turismo <strong>de</strong> Penela (perto do Castelo), ligando-oao Centro <strong>de</strong> Interpretação do Sistema Espeleológico do Dueça,na povoação <strong>de</strong> Taliscas, n<strong>um</strong> total <strong>de</strong> 26 quilómetros.Chegando à vila <strong>de</strong> Penela, a 30 quilómetros <strong>de</strong> Coimbra, procureo Castelo, ex-libris da mon<strong>um</strong>entalida<strong>de</strong> do concelho, cuja construçãodata do séc. XI. O percurso inicia-se aqui, junto ao Castelo,em frente ao Posto <strong>de</strong> Turismo. A caminhada segue pela povoação<strong>de</strong> Chainça, em direcção a Zambujal, a nove quilómetros a su<strong>de</strong>steda vila <strong>de</strong> Con<strong>de</strong>ixa-a-Nova. A paisagem serrana é agreste, a vegetaçãorasga o solo a custo e as lonjuras dos campos esten<strong>de</strong>m-sein<strong>de</strong>finidamente. Daqui, volta-se ao concelho <strong>de</strong> Penela, no cenáriobucólico do vale do Rabaçal, exibindo <strong>um</strong>a vegetação predominan-Sinalização Percursos GR26 / Paula Matos dos Santostemente rasteira, <strong>de</strong>signadamente, a erva-<strong>de</strong>-santa-maria que dá osabor peculiar ao famoso Queijo do Rabaçal (ex-libris da freguesiae do concelho), e on<strong>de</strong> se encontram as ruínas da Villa Romanado Rabaçal. Situada n<strong>um</strong>a “meia-encosta” na freguesia do Rabaçal,entre <strong>um</strong>a c<strong>um</strong>eada com arvoredo e <strong>um</strong> riacho, a Villa Romanado Rabaçal integra o território da antiga civitas localizadas junto àvia romana que ligava Olisipo (Lisboa) a Bracara Augusta (Braga).Passando por aqui, é indispensável <strong>um</strong>a visita ao Espaço-Museudo Rabaçal, percorrendo a exposição permanente “Villa romanado Rabaçal: Era <strong>um</strong>a vez...”, ao Castelo do Germanelo, mandadoerguer por D. Afonso Henriques em 1142, à Igreja Matriz doRabaçal e à pequena al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Chanca, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>sfrutar<strong>de</strong> toda a beleza do vale. O percurso segue para Casas Novas – S.Sebastião. É por aqui se po<strong>de</strong>rá alcançar o Monte <strong>de</strong> Vez, do cimodo qual se <strong>de</strong>sfruta <strong>um</strong>a paisagem <strong>de</strong>sl<strong>um</strong>brante, avistando-separa além das vilas <strong>de</strong> Penela e Espinhal, o Castelo <strong>de</strong> Germaneloe as serras do Espinhal e do Rabaçal. A existência <strong>de</strong> <strong>um</strong>a capelae <strong>de</strong> <strong>um</strong> moinho <strong>de</strong> vento reconstruído são dois elementos queemprestam ao local <strong>um</strong>a beleza muito própria. Daqui parte-se paraChão <strong>de</strong> Ourique, atingindo-se, em seguida, o ponto <strong>de</strong> chegadada Rota da Talismã: Taliscas (retornando, assim, à freguesia <strong>de</strong> SãoMiguel – ponto <strong>de</strong> partida).É em Taliscas, mais exactamente em Algarinho, que se encontrao Centro <strong>de</strong> Interpretação do Sistema Espeleológico do Dueça(CISED). Uma infra-estrutura pensada e criada para apoiar a exploraçãoespeleológica no território, estimular a investigação científica,realizar acções <strong>de</strong> educação ambiental e promover o turismo ambiental.Situadas a sul da nascente do rio Dueça, a escassos metrosda EN 110, as grutas <strong>de</strong> Algarinho e Talismã têm sido exploradaspor vários grupos espeleológicos, encontrando-se ainda em fase<strong>de</strong> estudo, sendo consi<strong>de</strong>radas das maiores grutas do nosso país.Constituem, sem dúvida, <strong>um</strong> atractivo <strong>de</strong> peso para esta freguesia,on<strong>de</strong> não se po<strong>de</strong> ignorar a riqueza da Igreja <strong>de</strong> São Miguel, cujacapela-mor é toda ela revestida <strong>de</strong> talhas barrocas, o Pelourinhoque remonta à época medieval, e o já referido Castelo.Então, boa caminhada e, nunca é <strong>de</strong>mais relembrar, respeite asnormas <strong>de</strong> conduta do Pe<strong>de</strong>strianimo, nomeadamente, seguirsomente pelos trilhos sinalizados, evitar barulhos e atitu<strong>de</strong>sque perturbem a paz do local, observar a fauna à distância, nãodanificar a flora, não abandonar o lixo, não fazer l<strong>um</strong>e, respeitara proprieda<strong>de</strong> privada, ser afável com os habitantes locais. Jáagora, <strong>um</strong> conselho, não vá só. Leve a família, amigos e, é claro,a máquina fotográfica, para mais tar<strong>de</strong> recordar!Paula Matos dos Santos1Alguns dos percursos, que constituem a GR 26, encontram-se ainda emfase <strong>de</strong> sinalização.Espaço-Museu do Rabaçal (Penela) / <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicópara dormirQuintinha Catarina (TER)Relvas <strong>de</strong> São Pedro - AlvaiázereTel: 236 636 314 | 919 638 060Casa da VárzeaVárzea - Santiago da Guarda - AnsiãoTel: 236 679 057Quinta das LagoasLagoas - AnsiãoTel: 236 670 260Quinta do EspanholR. do Cubo, 23 - PenelaTel: 239 569 097quintadoespanhol@gmail.comCasa do Vale do Papo (TER)Outeiro da Ranha - PombalTel. 236 217 663www.casadovale.compara comerRestaurante “Casa da Várzea”Várzea - Santiago da Guarda - AnsiãoTel: 236 679 057Restaurante “Terreiro do Lagar”Cabeça Redonda - C<strong>um</strong>ieiraTel: 236 677 226Restaurante “Museu <strong>de</strong> Conímbriga”Museu <strong>de</strong> Conímbriga - Con<strong>de</strong>ixa-a-VelhaTel: 239 944 217Restaurante “A Forja”EN 1- km 154, Venda da Cruz - Pelariga, PombalTel: 236 211 800Restaurante “Alto da Douroana”Rua Campo da Bola - SoureTel: 239 502 649para visitarAlvaiázereMuseu Municipal <strong>de</strong> Alvaiázere, Antas do Ramalhal(Rego da Murta)AnsiãoIgreja Matriz, Casa Museu Fósseis <strong>de</strong> Sicó, Loja <strong>de</strong>Produtos <strong>de</strong> Sicó, Residência Senhorial dos Con<strong>de</strong>s<strong>de</strong> Castelo Melhor (Santiago da Guarda), IgrejaMatriz <strong>de</strong> Santiago da Guarda, Moinhos <strong>de</strong> vento/Miradouros da Melriça e do Outeiro (Santiago daGuarda)Con<strong>de</strong>ixa-a-NovaCasa Museu Fernando Namora, Nascente <strong>de</strong>Alcabi<strong>de</strong>que e Castell<strong>um</strong> Aquae, Igreja Matriz,Parque da Reserva Natural do Paul <strong>de</strong> Arzila, Grutada Lapinha, Buracas do Casmilo/Campo <strong>de</strong> Lapiás(Furadouro), Ruínas Romanas e Museu Monográfico<strong>de</strong> Conimbriga (Con<strong>de</strong>ixa-a-VelhaPenelaCastelo, Pelourinho, Igreja <strong>de</strong> São Miguel, IgrejaMatriz e Pelourinho (Po<strong>de</strong>ntes), Museu da “VillaRomana” do Rabaçal e Espaço-Museu, Castelo doGermanelo (Rabaçal), Grutas <strong>de</strong> Algarinho e Talismã(Taliscas), Centro <strong>de</strong> Interpretação do SistemaEspeleológico do Dueça, Represas naturais daLouçainha (Serra do Espinhal), Cascata da Pedra daFerida (Espinhal)PombalCastelo, Celeiro do Marquês, Igreja do Cardal,Torre do Relógio Velho, Largo do Pelourinho, PraçaMarquês <strong>de</strong> Pombal, Ponte sobre o Rio Arunca,Museu Marquês <strong>de</strong> Pombal, Museu <strong>de</strong> Arte PopularPortuguesaSoureCastelo, Igreja da Misericórdia, Museu Municipal <strong>de</strong>Soure, Pelourinho <strong>de</strong> Vila Nova <strong>de</strong> Ançospara levarQueijo Rabaçal DOP, vinho, azeite, mel (MelSerra da Lousã DOP), cabrito e borrego, ervasaromáticas, frutos secos12 pessoas e lugares | Nº 53 - 2008


em DestaqueA Rota do Linho e do OuroA história do linho e do ouro em Portugal, por razões específicas <strong>de</strong> riquezanatural e <strong>de</strong> <strong>um</strong>a tradição milenar bem enraizada, manifestou-se com gran<strong>de</strong>intensida<strong>de</strong> em alg<strong>um</strong>as terras do Minho, como são exemplo os concelhos<strong>de</strong> <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Bouro e Póvoa <strong>de</strong> Lanhoso.A forma <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ada, n<strong>um</strong> ritmo <strong>de</strong> subsistência, <strong>de</strong> proveitose <strong>de</strong> negócios familiares, <strong>de</strong>ixou para trás a inovação e mesmo a continuida<strong>de</strong><strong>de</strong>stas activida<strong>de</strong>s, provocando <strong>um</strong> enfraquecimento na esfera produtiva ecomercial e, consequentemente, na esfera <strong>de</strong>mográfica nesta região.As unida<strong>de</strong>s produtivas existentes são hoje os redutos <strong>de</strong> <strong>um</strong>a ancestralida<strong>de</strong>milenar que compete a todos nós preservar, encarando o históricocomo <strong>um</strong> exercício <strong>de</strong> recriação e reinvenção, actualizando-o à linguagemcontemporânea.O artesanato merece, assim, especial atenção, <strong>um</strong>a vez que transmite <strong>um</strong>modo <strong>de</strong> saber, arte e criativida<strong>de</strong>, na medida em que utiliza métodos ancestraisna criação e reprodução <strong>de</strong> peças, transportando-nos a <strong>um</strong> tempolongínquo que <strong>de</strong>ve ser recordado e preservado, mantendo <strong>de</strong>sta forma ai<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> povo.Um pouco por todo o país as regiões têm vindo a recuperar todas estastradições ancestrais, pois o artesanato recriado é <strong>um</strong> processo <strong>de</strong> comercializaçãoda cultura que impulsiona o turismo (Mathieson e Wall, 1990).Com efeito, é necessário que cada região saiba retirar o melhor partidodos seus recursos naturais, históricos e culturais, captando assim a máximaatenção do visitante, proporcionando-lhe o maior contacto possível com astradições e culturas locais, pois, cada vez mais, o turista procura experiênciasenriquecedoras.Actualmente, o po<strong>de</strong>r político, interessado em promover o <strong>de</strong>senvolvimentoregional e local, vê no turismo <strong>um</strong> forte aliado na busca <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>senvolvimentopelo efeito multiplicador que o mesmo exerce na economia local.A ATAHCA - Associação das <strong>Terra</strong>s Altas do Homem, Cávado e Ave emparceria com a Câmara Municipal <strong>de</strong> <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Bouro e a Câmara Municipalda Póvoa <strong>de</strong> Lanhoso e com as associações existentes neste territórios,representativas das artes do Linho e do Ouro, Pedras Brancas - Desenvolvimento,Turismo, Artesanato e Serviços, Associação <strong>de</strong> Turismo da Póvoa<strong>de</strong> Lanhoso, respectivamente, e ainda a AIORN - Associação dos Industriais<strong>de</strong> Ourivesaria e Relojoaria da Região Norte e a MMA+ - Activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>Consultadoria <strong>de</strong> Gestão, sob o financiamento da IC EQUAL, <strong>de</strong>senvolveramo Projecto Rota do Linho e do Ouro.A i<strong>de</strong>alização da Rota do Linho e do Ouro visou criar <strong>um</strong> novo recurso turísticopara a área <strong>de</strong> intervenção, baseado em dois produtos <strong>de</strong> artesanatotradicional: o ouro e o linho, com o intuito <strong>de</strong> valorizar os mesmos juntodo público em geral. A criação <strong>de</strong> <strong>um</strong>a rota turística em que os visitantespossam visitar as unida<strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong> linho e ouro, inclusive ao fim-<strong>de</strong>semanae na época turística, consi<strong>de</strong>rada baixa, e apreciar o trabalho aovivo <strong>de</strong>stas artes, po<strong>de</strong>rá proporcionar <strong>um</strong>a nova perspectiva na mente dosvisitantes, reconhecendo o verda<strong>de</strong>iro valor do produto final apresentado.Consequentemente, se a venda <strong>de</strong> artesanato é <strong>um</strong>a possibilida<strong>de</strong>, com aexistência <strong>de</strong> visitantes a probabilida<strong>de</strong> torna-se, por si só, maior.É, também, objectivo <strong>de</strong>sta parceria:– potenciar os produtos artesanais e o território em questão;– i<strong>de</strong>ntificar os espaços <strong>de</strong> produção e promoção do artesanato;– a<strong>um</strong>entar a notorieda<strong>de</strong> e o reconhecimento dos produtos artesanaise promover a sua sustentabilida<strong>de</strong>;Rota do Linho / ATAHCA– proporcionar maior visibilida<strong>de</strong> e melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida aos/àsartesãos/ãs;– criar <strong>um</strong> produto organizado que integre e relacione as artes tradicionaise as restantes activida<strong>de</strong>s económicas dos territórios, potenciandoo turismo e a sustentabilida<strong>de</strong> dos/as artesãos/ãs e dos territórios.– a<strong>um</strong>entar o turismo e fluxos turísticos, captando visitantes nacionaise internacionais.O processo <strong>de</strong> constituição da Rota do Linho e do Ouro foi longo, morosoe exigente. No entanto, recebeu a máxima atenção. Este trabalho passoupor várias etapas:– recolha <strong>de</strong> informação;– contactos com os agentes interessados;– reuniões diversas;– trabalhos no terreno;– <strong>de</strong>finição do traçado;– geo-referenciação dos pontos <strong>de</strong> interesse;– levantamento fotográfico;– caracterização dos pontos incluídos;– sinalização dos a<strong>de</strong>rentes;– comunicação e promoção necessária ao bom funcionamento damesma.A Rota do Linho e do Ouro é constituída por <strong>um</strong>a série <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s produtivas<strong>de</strong> ouro e linho. Estas foram i<strong>de</strong>ntificadas e sinalizadas na área <strong>de</strong>intervenção, Póvoa <strong>de</strong> Lanhoso e <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Bouro, sendo que <strong>de</strong>vem evi<strong>de</strong>nciar<strong>um</strong> reconhecido interesse no quadro da temática da rota.No entanto, <strong>de</strong>vem igualmente fazer parte da rota pontos <strong>de</strong> interesseturístico, tais como, o artesanato em geral, unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> alojamento, gastronomia,lazer, património natural e edificado e informações úteis quecomplementem a oferta turística e outras activida<strong>de</strong>s alternativas que osconcelhos possam proporcionar.Esta iniciativa visa enriquecer com <strong>um</strong>a maior procura turística, interna e externa,na região, a interligação <strong>de</strong> visitas, não só aos locais relacionados comouro e linho mas também a outros <strong>de</strong> cariz turístico-cultural, gastronómico,ambiental ou até mesmo <strong>de</strong> lazer. Fará com que se construa <strong>um</strong> produto turístico,organizado ou auto-organizado, apelativo e sugestivo para o visitante.A aplicação informática da rota encontra-se acessível para download no sitewww.rotasdolinhoeouro.com, através do separador Mapa. Basta seguir asinstruções <strong>de</strong> instalação.Ta<strong>de</strong>u AlvesATAHCA - Associação da <strong>Terra</strong>s Altas do Homem, Cávado e AveRota do Ouro / ATAHCAPara mais informações contactar: ATAHCA - Associação das <strong>Terra</strong>s Altas doHomem, Cávado e Ave | Tel.: 253 321 130 | Fax : 253 323 966 | E.mail :atahca@rotasdolinhoeouro.com; Associação <strong>de</strong> Turismo da Póvoa <strong>de</strong> Lanhoso| Tel/Fax.: 253633677 | E.mail: info@atpl.pt ; Pedras Brancas – Desenvolvimento,Artesanato, Turismo e Serviços | Tel./Fax: 253 351070 | E.mail:pedras_brancas@clix.ptNº 53 - 2008 | pessoas e lugares 13


em DestaqueLoja Portugal RuralEm 1998 abre em Lisboa o primeiro espaço comercial <strong>de</strong>dicado à promoçãodo mundo rural e dos territórios LEADER.A Loja Portugal Rural é <strong>um</strong> local <strong>de</strong> dinamização e divulgação do mundorural português no âmbito <strong>de</strong> <strong>um</strong>a acção <strong>de</strong> cooperação inter-territorial<strong>de</strong> iniciativa comunitária para o <strong>de</strong>senvolvimento rural do programaLEADER+. É <strong>um</strong> espaço <strong>de</strong> promoção e representação do mundo ruralportuguês em Lisboa e <strong>de</strong> apoio à animação e dinamização da comercialização<strong>de</strong> produtos locais em ambiente urbano.Uma charcutaria gourmet, <strong>um</strong>a área <strong>de</strong> artesanato, <strong>um</strong>a a<strong>de</strong>ga e <strong>um</strong>ataberna são os espaços da Loja Portugal Rural, espaços <strong>de</strong> apresentação<strong>de</strong> produtos locais em contexto urbano, promovendo a divulgação dosprodutos, produtores e territórios on<strong>de</strong> são produzidos.Várias iniciativas têm sido <strong>de</strong>senvolvidas: organização <strong>de</strong> oficinas temáticas,lançamento <strong>de</strong> novos produtos e apresentação <strong>de</strong> produtores, organização<strong>de</strong> oficinas <strong>de</strong> artes e ofícios tradicionais, cursos <strong>de</strong> iniciação à prova<strong>de</strong> produtos locais, realização <strong>de</strong> mercados <strong>de</strong> frescos, exposições, tar<strong>de</strong>s<strong>de</strong> leitura e activida<strong>de</strong>s para crianças; <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>stas iniciativas <strong>de</strong>stacamosas “Semanas Animadas”, o RE.CI.PRO.CO (RElação <strong>de</strong> CIdadania entrePROdutores e Cons<strong>um</strong>idores) e “Tachos e Panelas”. Associamos semprea comercialização <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> produzidos nos territóriosLEADER à promoção das regiões, suas gentes e culturas.A ponte entre estes dois universos, tantas vezes <strong>de</strong> costas voltadas, fez-sediariamente, quer através <strong>de</strong> acções <strong>de</strong> <strong>de</strong>gustação, quer com a presença<strong>de</strong> produtores e <strong>de</strong> agentes culturais locais relacionados com cada <strong>um</strong>adas temáticas em causa. O público a<strong>de</strong>riu <strong>de</strong> forma interessada e participativaàs iniciativas realizadas neste âmbito, interesse esse <strong>de</strong>monstradono contacto directo com os produtores, artesãos e animadores <strong>de</strong> ruae acima <strong>de</strong> tudo, na inserção <strong>de</strong> novos produtos na Loja, bem como nare<strong>de</strong> <strong>de</strong> lojas parceiras e noutros circuitos <strong>de</strong> distribuição.A moda dos produtos do mundo ruralPo<strong>de</strong>mos pois concluir que, embora distante da realida<strong>de</strong> rural e do que elarepresenta em termos <strong>de</strong> património cultural para todo o país, o públicourbano está ávido <strong>de</strong> conhecimento e <strong>de</strong> contacto com esta realida<strong>de</strong>.Pela forma como a população <strong>de</strong> Lisboa respon<strong>de</strong>u às nossas iniciativas,afigura-se-nos claro que a capital representa <strong>um</strong> importante mercado paraos produtos regionais <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, agro-alimentares e culturais.Em relação aos produtos do mundo rural muito se alterou nos últimos <strong>de</strong>zanos. Estes estão hoje presentes em diversos espaços <strong>de</strong> comercialização,acessíveis a diferentes mercados. Estão finalmente na moda.Os produtos locais estão não só nas chamadas lojas gourmet como nasgran<strong>de</strong>s superfícies. Os enchidos, queijos, pães, biscoitos que outrorafaziam parte dos “sabores esquecidos”, são hoje alvo <strong>de</strong> feiras nosgran<strong>de</strong>s e pequenos supermercados, fazem parte do cabaz <strong>de</strong> ofertadiária dos mesmos e seguindo a tendência dos biológicos começam ater <strong>um</strong> espaço “tradição” reservado nas gran<strong>de</strong>s superfícies. A ofertahoje é alargada.No entanto, o mercado irá sofrer <strong>um</strong>a retracção na procura. Não bastater bons produtos a bom preço, não basta ir à procura do mercado. Háque reinventar o mercado.Reinventar o mercado é para nós, ficar <strong>de</strong>cididamente ao lado dosclientes, antecipar-lhes os <strong>de</strong>sejos, fi<strong>de</strong>lizá-los, servindo melhor cada<strong>um</strong> dos nossos já clientes, proporcionando-lhes confiança, serviço eexperiências sensoriais positivas <strong>de</strong> conhecimento, baseadas em saborese ícones distintivos.O nosso caminho passa por <strong>um</strong>a intervenção na continuida<strong>de</strong> do que fizemosdurante estes anos, com o objectivo <strong>de</strong> associar a comercializaçãoà promoção do mundo rural, focalizando na satisfação do cliente. Fazercom que cada cliente que entra neste espaço tenha acesso a produtos<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e experiências únicas n<strong>um</strong>a aproximação cada vez maioraos territórios do mundo rural e ao que é genuíno e diferenciado.Iremos a<strong>um</strong>entar a presença dos artesãos, dos produtores, das provas,das acções <strong>de</strong> formação, da animação, do re.ci.pro.co, dos “tachose panelas”, das associações LEADER e do mundo rural.Esta é a nossa estratégia <strong>de</strong> marketing. Inovar, experimentando Portugalna Loja Portugal Rural.ProregiõesTapetes <strong>de</strong> flores do Sardoal / Proregiões“Tachos e Panelas” / Proregiões14 pessoas e lugares | Nº 53 - 2008


em DestaqueIDEIA AlentejoRe<strong>de</strong> Regional <strong>de</strong> Desenvolvimento Local/RuralOrigem e AfirmaçãoEm 1993, a experiência dos actores envolvidos no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>base territorial e a convergência <strong>de</strong> objectivos das suas intervençõestornaram óbvia a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> <strong>um</strong>a plataforma regional <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> promover e apoiar a cooperaçãoentre as entida<strong>de</strong>s e respectivos territórios <strong>de</strong> intervenção n<strong>um</strong>a perspectiva<strong>de</strong> reforço/consolidação das parcerias e representação das mesmasjunto <strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong> âmbito regional, nacional e transnacional.Nesse mesmo ano, foram lançadas as bases para a criação <strong>de</strong> <strong>um</strong> Programa<strong>de</strong> Desenvolvimento Local para o Alentejo – “Alentejo GloCal”,materializado n<strong>um</strong>a candidatura sob a forma <strong>de</strong> Subvenção Global,assente n<strong>um</strong> conjunto <strong>de</strong> pressupostos <strong>de</strong> natureza diversa, contemplando,entre outras, estratégias <strong>de</strong>: i) abordagem integrada e gestão local;ii) lógica <strong>de</strong> aplicação em re<strong>de</strong>, iii) valorização do potencial endógeno;iv) complementarida<strong>de</strong> e articulação com outros programas e v) qualificaçãodos recursos h<strong>um</strong>anos. Condicionalismos <strong>de</strong> natureza diversanão permitiram avançar com o projecto, cujo objectivo central visavacontribuir para o “a<strong>um</strong>ento da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> iniciativa local <strong>de</strong> modoa que as comunida<strong>de</strong>s se possam inserir e beneficiar das dinâmicas <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento regionais, nacionais e comunitárias”.Entre 1993 e 2000, partilhou a estrutura técnica e administrativa comalg<strong>um</strong>as entida<strong>de</strong>s suas associadas, nomeadamente, a <strong>Terra</strong>s Dentro- Associação para o Desenvolvimento Integrado e a Trilho - Associaçãopara o Desenvolvimento Rural, procurando ass<strong>um</strong>ir a representaçãodas Associações <strong>de</strong> Desenvolvimento Local (ADL) junto dos diferentesfóruns e entida<strong>de</strong>s ligadas ao <strong>de</strong>senvolvimento do Alentejo.Entre 2001 e 2004, no âmbito do Programa da Iniciativa ComunitáriaEQUAL, o Projecto “Convergências”, assente na parceria nacionalANIMAR/CÁRITAS, adquire novo fôlego ao ass<strong>um</strong>ir-se como pólo regionale entida<strong>de</strong> parceira <strong>de</strong>ste projecto. As mais-valias, <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong>staparceria alargada, e as competências institucionais/técnicas adquiridasatravés da participação neste projecto permitiram criar <strong>um</strong>a dinâmica <strong>de</strong>trabalho em re<strong>de</strong> que se tem vindo a consolidar alargando-se a outrasentida<strong>de</strong>s e estruturas <strong>de</strong> gestão nacional.Em Outubro <strong>de</strong> 2005, n<strong>um</strong>a lógica <strong>de</strong> colaboração entre entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>natureza diversa, no âmbito <strong>de</strong> <strong>um</strong> acordo entre a Associação <strong>de</strong> Municípiosdo Baixo Alentejo e Alentejo Litoral (AMBAAL) e da ADRAL (Agência<strong>de</strong> Desenvolvimento Regional do Alentejo), procurando assegurar a suaestrutura técnica e administrativa, foi criado o Gabinete IDEIA Alentejo,que funciona actualmente n<strong>um</strong> espaço cedido pela AMBAAL.Em Assembleia Geral <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 2008, sem per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista osobjectivos <strong>de</strong> partida, foi aprovado o seu Plano <strong>de</strong> Acção ass<strong>um</strong>indo <strong>um</strong>avisão estratégica traduzida nos seguintes valores/princípios:– reforçar as competências pessoais e profissionais e o empreen<strong>de</strong>dorismoempresarial e social;– alargar e consolidar os laços <strong>de</strong> cooperação e <strong>de</strong> trabalho emre<strong>de</strong>;– promover a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s, a cidadania e a inclusãosocial no âmbito das políticas nacionais e comunitárias;– <strong>de</strong>senvolver e consolidar a credibilida<strong>de</strong> e a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> actuação;– consolidar as vertentes ambiental, económica e social do <strong>de</strong>senvolvimentosustentável na região Alentejo.Representativida<strong>de</strong>A I<strong>de</strong>ia Alentejo conta, actualmente, com 20 entida<strong>de</strong>s associadas, distribuídaspelas quatro NUTS III da Região Alentejo, abrangendo no total47 concelhos. Não obstante, encontra-se ainda n<strong>um</strong> processo <strong>de</strong> alargamentoda sua base <strong>de</strong> sócios sendo <strong>de</strong> realçar o já expressivo âmbito<strong>de</strong> actuação da IDEIA Alentejo quer através dos seus sócios (colectivos)quer dos associados <strong>de</strong>stes (autarquias, associações <strong>de</strong> agricultores,associações ambientais e outras) cuja figura jurídica e objectivos são <strong>de</strong>natureza diversificada.Principais projectos/iniciativasNo âmbito das suas competências, a IDEIA Alentejo tem vindo a <strong>de</strong>senvolveracções que visam mobilizar o conjunto <strong>de</strong> intervenientes, procurandocontribuir para dar visibilida<strong>de</strong> e discutir os <strong>de</strong>safios que se colocamà coor<strong>de</strong>nação estratégica e operacional das políticas comunitárias/nacionaisatravés <strong>de</strong> <strong>um</strong>a acção concertada entre associações, empresas,autarquias, estabelecimentos <strong>de</strong> ensino superior e outros agentes como objectivo último do <strong>de</strong>senvolvimento coeso e sustentável da RegiãoAlentejo. Destacam-se entre outros os seguintes projectos/iniciativas:– Representação em Bruxelas, Visita a Instituições Comunitárias(2008)– “Avaliação <strong>de</strong> Impactos <strong>de</strong> 15 anos LEADER no Alentejo” (2007-2008)– Projecto “e-Qualificação”, IC EQUAL (2005-2007)– “Encontro <strong>de</strong> Projectos EQUAL do Alentejo e Extremadura Espanhola”(2006)– “Oficina sobre Desenvolvimento Local”, IC LEADER (2005-...)– “Encontro dos Projectos EQUAL do Alentejo” (2004)– Projecto “Convergências”, IC EQUAL (2002-2004)– Seminário “Desenvolvimento Local, Cidadania e Economia Social”,no âmbito da Presidência Portuguesa da União Europeia (2000)– Organização da Conferência Europeia “Desenvolvimento Local eCoesão social na UE”– Estudos regionais, acção-piloto, a favor dos <strong>de</strong>sempregados <strong>de</strong>longa duração– Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> inquéritos aos agricultores para a Direcção Regional<strong>de</strong> Agricultura do Alentejo (DRAA)– Apresentação <strong>de</strong> <strong>um</strong>a candidatura – “Alentejo GloCal”, Programa<strong>de</strong> Desenvolvimento Local para o Alentejo (1993).Parcerias público/privadoFace aos <strong>de</strong>safios que se colocam no contexto actual e previsível noâmbito das novas politicas comunitárias, nacionais, regionais/locais, otrabalho articulado entre o público/privado ass<strong>um</strong>e particular relevona <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> orientações estratégicas <strong>de</strong> intervenção. Procurandogarantir a representação das suas associadas, actualmente, tem assentonos seguintes órgãos:– representa as ADL do Alentejo, na Comissão <strong>de</strong> Acompanhamentodo Programa Operacional do Alentejo (PO-Alentejo)2007-2013;– Comissão Mista <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação do Plano Regional <strong>de</strong> Or<strong>de</strong>namentodo Território do Alentejo (PROT-Alentejo) ass<strong>um</strong>indo opapel <strong>de</strong> entida<strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadora da Sub-Comissão “Activida<strong>de</strong>sagro-florestais e <strong>de</strong>senvolvimento rural”;– Plataformas Supraconcelhias das Re<strong>de</strong>s Sociais:– Distrito <strong>de</strong> Beja (Esdime e Rota do Guadiana);– Distrito <strong>de</strong> Évora (<strong>Terra</strong>s Dentro e Monte);– Distrito <strong>de</strong> Portalegre (Gente).Forma JurídicaA IDEIA Alentejo - Associação para a Inovação e Desenvolvimento Integradodo Alentejo, é <strong>um</strong>a associação <strong>de</strong> direito privado, sem fins lucrativos,com a sua se<strong>de</strong> social em Beja, na Praceta Rainha Dª Leonor, n.º1.De acordo com os estatutos, tem como objecto social a promoção do<strong>de</strong>senvolvimento local no Alentejo n<strong>um</strong>a perspectiva <strong>de</strong> cooperação erepresentação das suas associadas. Neste âmbito, tem procurado fomentare consolidar boas práticas <strong>de</strong> cooperação, reunindo e potenciando otrabalho e as competências das ADL da Região Alentejo.Carolina BarrocasJoaquim AmadoIDEIA Alentejo - Associação para a Inovação e Desenvolvimento Integrado do AlentejoNº 53 - 2008 | pessoas e lugares 15


em DestaqueI<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> Local parao Desenvolvimento RuralN<strong>um</strong> mercado cada vez mais globalizado <strong>de</strong> bens, serviços e i<strong>de</strong>ias, acompetitivida<strong>de</strong> das regiões passa pela i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> factores intrínsecosdiferenciadores que sejam a base da sua <strong>imagem</strong>. Percebe-se, porisso, que quando falamos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> local, o <strong>de</strong>safio que se colocaaos diferentes agentes que actuam n<strong>um</strong> <strong>de</strong>terminado território é saberi<strong>de</strong>ntificar e promover as características fundamentais que <strong>de</strong>vem serpreservadas, diversificadas ou tornadas competitivas <strong>de</strong> modo a transformá-lasem factores <strong>de</strong> progresso.Cabe às entida<strong>de</strong>s locais a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> características que se tornemdiferenciadoras e que permitam construir <strong>um</strong>a <strong>imagem</strong> territorial coesa,reconhecida e apoiada por todos. Muitas vezes o sucesso <strong>de</strong>sta abordagempassa por <strong>um</strong> trabalho <strong>de</strong> parceria que congregue as instituiçõeslocais dos diferentes sectores que actuam no território e o modo comoutilizam os recursos endógenos e criam os seus produtos e serviços.A <strong>imagem</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> território é <strong>um</strong> elemento fundamental para o posicionamentoa nível nacional e internacional, <strong>um</strong>a vez que permite capacitaros agentes locais, criar mecanismos <strong>de</strong> atracção em diversos públicosalvo,suscitar contactos e relações com os meios <strong>de</strong> comunicação sociale apoiar a promoção e comercialização dos produtos e serviços locais<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.O programa LEADER+ possibilitou <strong>um</strong>a maior afirmação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>e da <strong>imagem</strong> dos territórios rurais, tornando-os “i<strong>de</strong>ntificáveis” na suaregião, no seu país e em toda a Europa. Nesse âmbito, <strong>um</strong> dos gran<strong>de</strong>sobjectivos tem sido a valorização das potencialida<strong>de</strong>s territoriais e dariqueza do património regional. Talvez por isso, muitos dos projectosintegrem acções <strong>de</strong> sensibilização da população para a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> territoriale para a aposta que <strong>de</strong>ve ser feita em produtos e serviços geradores<strong>de</strong> riqueza e prosperida<strong>de</strong>.As Associações <strong>de</strong> Desenvolvimento Local (ADL) têm a este nível <strong>um</strong>papel fundamental, <strong>um</strong>a vez que são constituídas por representanteslocais <strong>de</strong> vários sectores. Conseguem por isso ter <strong>um</strong>a visão estratégicada forma como a i<strong>de</strong>ntificação e comunicação das características dosterritórios rurais são indispensáveis para fundamentar a diferenciação epotenciar a diversida<strong>de</strong>. Cabe-lhes muitas vezes orientar promotorese parceiros <strong>de</strong> projectos, financiados pelo LEADER, para a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> queo essencial é a valorização <strong>de</strong> elementos promissores e a neutralização<strong>de</strong> elementos que inibem a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> local, promovendo <strong>um</strong> <strong>de</strong>senvolvimentointegrado com as características do território.A estratégia adoptada e <strong>de</strong>senvolvida pela ADREPES no âmbito doprograma LEADER+ para a construção da <strong>imagem</strong> da Península <strong>de</strong>Setúbal concertou diversas componentes: envolvimento e mobilizaçãodos agentes locais para a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> produtos e serviços âncora,organização e melhoria da oferta, dinamização e promoção conjunta einterligada.Muitos foram os projectos que apoiaram a <strong>imagem</strong> <strong>de</strong> alguns dosprodutos da região, promovidos em diversos eventos. Apresentamoscomo exemplo os seguintes sites: Queijo <strong>de</strong> Azeitão (www.arcolsa.pt),Maçã Riscadinha <strong>de</strong> Palmela (www.ca-palmela.com) e Rota <strong>de</strong> Vinhos(www.rotavinhospsetubal.com). Para além da organização e promoçãoda oferta interna, houve a preocupação <strong>de</strong> constituir diversas parceriastransnacionais que conciliassem <strong>de</strong> forma inovadora os recursos territoriaise promovessem os produtos das respectivas entida<strong>de</strong>s envolvidas.As Heranças dos Vinhos do Sul (www.winesoflife.com); Turismo Cultural(www.turismocultural.eu) e Cynara (www.cynara-online.com) sãoexemplos <strong>de</strong> projectos <strong>de</strong> cooperação que procuram unir esforços napromoção dos seus territórios.O marketing e a <strong>imagem</strong> territorial são dimensões essenciais para avalorização e posicionamento dos territórios no mercado. Importaconstruir com os actores e agentes locais <strong>um</strong>a i<strong>de</strong>ntificação com<strong>um</strong> e<strong>um</strong>a promoção conjunta que agrupe <strong>de</strong> forma eficaz a oferta <strong>de</strong> produtose serviços <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>senvolvendo estratégias <strong>de</strong> afirmaçãodas zonas rurais.Cláudia Ban<strong>de</strong>irasAdrepes - Associação para o Desenvolvimento Rural da Península <strong>de</strong> SetúbalConvento da Arrábida / AdrepesProdutos Locais / Adrepes16 pessoas e lugares | Nº 53 - 2008


em DestaqueUm espaço <strong>de</strong> vida,cultura e participaçãoO trabalho <strong>de</strong> intervenção na Serra doCal<strong>de</strong>irão começou alguns anos antesdo arranque do programa LEADER emesmo antes da criação da In Loco.A Associação só surgiu em 1988, respon<strong>de</strong>ndoà necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prosseguir,alargar e aprofundar a intervençãoiniciada pelo Projecto Radial, lançadoem 1985 a partir da Escola Superior<strong>de</strong> Educação do Instituto Politécnico<strong>de</strong> Faro.Quem pôs em marcha o Radial, e <strong>de</strong>poiscriou a In Loco, abordou a Serran<strong>um</strong>a postura em que confluíam aconsciência da profunda marginalizaçãoa que o território tinha sido votado e daurgência <strong>de</strong> contrariar esse continuadoesquecimento do Po<strong>de</strong>r, a admiraçãopela capacida<strong>de</strong> das sucessivas geraçõesque criaram vida e cultura n<strong>um</strong> meiotão <strong>de</strong>spojado, o respeito pela resistência da gente que permaneceu nosseus povoados ou que com eles foi mantendo laços e c<strong>um</strong>plicida<strong>de</strong>s.Daí que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a primeira hora, a intervenção tenha sido <strong>de</strong>senhadacomo <strong>um</strong> projecto <strong>de</strong> investigação-acção, apostado na participação daspessoas e das entida<strong>de</strong>s locais. Não se trabalhou para, trabalhou-se com,sempre lado a lado.Assim sendo, antes <strong>de</strong> “ven<strong>de</strong>r” a Serra no exterior, apontou-se para aemergência e afirmação <strong>de</strong> <strong>um</strong>a <strong>imagem</strong> do território com que os seushabitantes se i<strong>de</strong>ntificassem e em que sentissem orgulho. Promover oterritório foi, antes <strong>de</strong> mais, <strong>um</strong>a forma <strong>de</strong> reforçar a auto-estima dos“serrenhos” – como a si próprias se <strong>de</strong>signam as pessoas da Serra doCal<strong>de</strong>irão.Mas embora exista <strong>um</strong>a gran<strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> na intervenção, há quereconhecer que o programa LEADER inaugurou <strong>um</strong>a nova etapa, aoviabilizar <strong>um</strong>a intervenção integrada e ao colocar meios <strong>de</strong> acção acrescidosao serviço <strong>de</strong>sta escolha <strong>de</strong> base.Animação localMargarida Correia (Animadora Local) e serrenha / In LocoO primeiro terá sido a criação <strong>de</strong> <strong>um</strong>a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> animação local. Pertencentesàs comunida<strong>de</strong>s locais e em contacto directo com as pessoas eentida<strong>de</strong>s das suas freguesias, as animadoras e os animadores foram,ao longo dos anos (<strong>de</strong> 1992 até ao presente), <strong>um</strong> instr<strong>um</strong>ento <strong>de</strong> sensibilizaçãoinformação, mobilização, mediação e apoio técnico. A suapresença passou a assinalar, às pessoas e entida<strong>de</strong>s locais, a disponibilida<strong>de</strong>para ouvir as suas dificulda<strong>de</strong>s, acolher as suas i<strong>de</strong>ias, apoiar assuas iniciativas e, no caso <strong>de</strong> não haver capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resposta, procurarencaminhamento a<strong>de</strong>quado. Não admira, pois, que estando tão próximodo território e da sua população, as animadoras e os animadores sejamseus arautos permanentes no exterior.Serra do Cal<strong>de</strong>irão / In Locopropostas. Também neste caso, o instr<strong>um</strong>ento <strong>de</strong> promoção do territóriofuncionou, e funciona, como <strong>um</strong> processo <strong>de</strong> afirmação e valorizaçãodos actores locais.Paralelamente, as feiras estimularam a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> iniciativa e a criativida<strong>de</strong>das gentes da Serra, favorecendo o lançamento e consolidação <strong>de</strong>outros pequenos certames: a Feira da Pão Quente e do Queijo Fresco,a Feira das Chouriças, a Feira dos Folares… que atraem <strong>um</strong> gran<strong>de</strong>número <strong>de</strong> visitantes e mobilizam as energias <strong>de</strong> muitas mulheres ehomens do Cal<strong>de</strong>irão.Produtos <strong>de</strong> comunicaçãoOs livros, os jornais, as exposições, as belas imagens da Serra, incorporadasem múltiplos suportes, têm sido outros tantos meios <strong>de</strong> apresentar oterritório às pessoas que lhe são exteriores, <strong>de</strong>spertando nelas o <strong>de</strong>sejo<strong>de</strong> o <strong>de</strong>scobrir e saborear 2 e, por outro lado, <strong>de</strong> fazer brotar e crescer <strong>um</strong>orgulho genuíno nas pessoas que o habitam ou que nele trabalham.Há que sublinhar que a afirmação do local e da sua cultura não foi planeadacomo <strong>um</strong>a forma <strong>de</strong> regresso ao passado, nem como <strong>um</strong> processo<strong>de</strong> ensimesmamento. O local e a sua cultura sempre foram encaradoscomo ponto <strong>de</strong> partida e processo <strong>de</strong> abertura, ao exterior e ao futuro.A especificida<strong>de</strong> do local afirma-se n<strong>um</strong> universo plural e a tradição é acristalização <strong>de</strong> <strong>um</strong> longo e continuado processo <strong>de</strong> criação colectiva,que não <strong>de</strong>ve – e que aliás não po<strong>de</strong> – ser interrompido. Assim se compreen<strong>de</strong>que os naturais da Serra e os estrangeiros que a escolheramcomo local <strong>de</strong> residência convivam com gran<strong>de</strong> familiarida<strong>de</strong> e alegrianas dinâmicas criadas. Assim se explica que as produções tradicionais seafirmem e viabilizam pela incorporação a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> novos saberes.Para a equipa da In Loco, promover <strong>um</strong> território começa na promoçãoda gente que nele vive e nele trabalha, porque, em seu enten<strong>de</strong>r, sócomunida<strong>de</strong>s felizes, criativas e senhoras <strong>de</strong> si po<strong>de</strong>m construir espaços<strong>de</strong> vida abertos e atractivos.Priscila SoaresIn Loco - Intervenção, Formação, Estudos para o Desenvolvimento Local1Actualmente, realizam-se a Feira da Serra da Primavera, em Tavira, a Feira da Serra <strong>de</strong>Verão, em São Brás <strong>de</strong> Alportel, e a Feira da Serra <strong>de</strong> Inverno, em Loulé.2A In Loco lançou, também, o festival sabor&arte, <strong>um</strong>a mistura bem temperada <strong>de</strong>gastronomia e produção artística.Feiras da SerraO segundo meio a referir é a Feira da Serra. Criada pela In Loco no final<strong>de</strong> 1992 em colaboração com os municípios <strong>de</strong> acolhimento 1 , a feirasempre funcionou como <strong>um</strong>a montra ou <strong>um</strong>a janela entreaberta sobre oterritório, os seus produtos, a sua cultura, a sua gente. A <strong>de</strong>scoberta faz<strong>de</strong>spontar nos visitantes o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ir, por sua conta e risco, exploraraquele universo tão próximo e tão ignorado.Para além <strong>de</strong> escoar os seus produtos e <strong>de</strong> fazer múltiplas aprendizagens(percepção das expectativas do público, afinamento <strong>de</strong> preços, técnicas<strong>de</strong> venda …), as serrenhas e os serrenhos sentem-se valorizados pelointeresse que as pessoas da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstram relativamente às suasNº 53 - 2008 | pessoas e lugares 17


em DestaqueReforçar a inteligência territorialNa nova era global em que cada vez mais vivemos colocam-se importantes<strong>de</strong>safios para as organizações, particularmente as empresas, e para osterritórios. Em relação a estes perfila-se com gran<strong>de</strong> acuida<strong>de</strong> o problemada sua valorização competitiva, remetendo-nos para a problemática dainteligência territorial e da coesão económica e social. Este tema é tantomais pertinente quanto é sabido que contrariamente àquilo que tudo fariasupor, pelo menos em termos tecnológicos, face às funcionalida<strong>de</strong>s e àubiquida<strong>de</strong> associadas às novas tecnologias da informação e da comunicação(TIC), o <strong>de</strong>senvolvimento económico e social revela-se cada vez maisassimétrico, com <strong>um</strong>a tendência muito forte <strong>de</strong> concentração nas gran<strong>de</strong>scida<strong>de</strong>s, a que Portugal não escapa. Perante esta tendência e evidência, sãonecessárias não só politicas públicas voluntaristas como <strong>um</strong>a boa articulaçãocom estratégias empresariais inteligentes que tenham em conta o potencialsubjacente ao <strong>de</strong>senvolvimento regional e local. Neste quadro, a <strong>imagem</strong>do território, traduzida n<strong>um</strong>a boa gestão da percepção, ao nível das suaspotencialida<strong>de</strong>s e oportunida<strong>de</strong>s afigura-se fundamental.Com efeito, estudos recentes do “Departamento <strong>de</strong> Negócios Sociais ePolíticos das Nações Unidas” revelam que até ao ano 2020, se as políticasestruturais <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento não forem profundamente alteradas, seintensificarão as assimetrias entre o Portugal Litoral e o Portugal Interior,perspectivando-se que cerca <strong>de</strong> 49 por cento da activida<strong>de</strong> empresarial estarálocalizada na Gran<strong>de</strong> Lisboa e 29 por cento na área metropolitana doPorto. Este <strong>de</strong>safio ao <strong>de</strong>senvolvimento regional e local, que aliás ass<strong>um</strong>epriorida<strong>de</strong>s idênticas em múltiplas regiões da União Europeia, necessita <strong>de</strong>ser enfrentado com novas i<strong>de</strong>ias e conceitos, como por exemplo, aquelesligados aos pólos regionais <strong>de</strong> inovação, <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> tecnologia,à economia <strong>de</strong> proximida<strong>de</strong> e à valorização dos produtos regionais e locais,a incentivos à fixação <strong>de</strong> talentos e à qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e à construção <strong>de</strong>re<strong>de</strong>s sectoriais, <strong>de</strong>vidamente internacionalizadas, integrando empresas,centros <strong>de</strong> saber, capital <strong>de</strong> risco, entre outros.Em síntese, impõem-se propostas específicas para as Pequenas e MédiasEmpresas (PME), sendo certo que estas, através <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> formas<strong>de</strong> cooperação diversas e com <strong>um</strong>a articulação inteligente com áreasdinâmicas do investimento directo estrangeiro (IDE) e inseridas emclusters <strong>de</strong> inovação, constituem o fulcro do a<strong>um</strong>ento da produção<strong>de</strong> bens transaccionáveis e o consequente sucesso na exportação e na<strong>de</strong>fesa do mercado interno em economia aberta, que constitui <strong>um</strong>a dasgran<strong>de</strong>s priorida<strong>de</strong>s para a economia portuguesa.Não menos importante neste quadro, é o papel que a economia local<strong>de</strong>ve <strong>de</strong>sempenhar, não só porque as preocupações <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentoexigem o acesso das populações locais aos bens e serviços que a economiae a socieda<strong>de</strong> lhes <strong>de</strong>ve proporcionar, mas sobretudo pelo facto<strong>de</strong> existir <strong>um</strong> elevado potencial ao nível da economia regional e localque está ainda muito longe <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>vidamente explorado, conhecidoe valorizado. Felizmente, têm existido nos últimos anos vários casos<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produtos e serviços locais, nomeadamente nocampo agro-alimentar, florestal e mesmo no turismo, apostando naqualida<strong>de</strong>, na diferenciação e na especificida<strong>de</strong> dos factores culturaisregionais e locais, que se têm traduzido em importantes contributospara a economia e o emprego a nível regional e local.A este propósito ass<strong>um</strong>e especial relevância a actualização e o aprofundamentoda “Carta Magna da Competitivida<strong>de</strong>”, <strong>um</strong>a iniciativa daAssociação Industrial Portuguesa - Confe<strong>de</strong>ração Empresarial (AIP-CE),no que respeita às políticas públicas e às novas estratégias empresariaisque a sustentam, ao levar a cabo <strong>um</strong> processo <strong>de</strong> colaboração comas associações sectoriais e empresariais a nível regional e local, o queconduzirá à elaboração <strong>de</strong> cartas regionais da competitivida<strong>de</strong>, equacionadasn<strong>um</strong>a perspectiva aberta em conformida<strong>de</strong> com as exigências daeconomia do conhecimento e da dinâmica competitiva global, integrandoe valorizando as potencialida<strong>de</strong>s da economia regional e local.Não <strong>de</strong>vemos esquecer que o sucesso das politicas públicas orientadaspara o <strong>de</strong>senvolvimento regional e local, mas também das iniciativasempresariais locais, face a <strong>um</strong>a economia ten<strong>de</strong>ncialmente mais <strong>de</strong>smaterializada,faz apelo a <strong>um</strong>a a<strong>de</strong>quada gestão da <strong>imagem</strong> do território, o<strong>um</strong>elhor dizendo, a <strong>um</strong>a boa gestão da percepção. A <strong>imagem</strong> e a relaçãodo território, particularmente da economia local, com os potencias interessados,sobretudo as empresas, é fundamental. Valorizar através <strong>de</strong> <strong>um</strong>aboa gestão da informação útil e da comunicação, os produtos, a cultura,os ecossistemas, as características das suas gentes, isto é, veicular <strong>um</strong>aboa <strong>imagem</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>de</strong>terminado território, é <strong>um</strong>a acto <strong>de</strong> inteligênciaterritorial que ass<strong>um</strong>e a maior importância no quadro <strong>de</strong> competiçãoactual. Por outras palavras, obriga a que as empresas e as organizaçõesem geral, mas também os territórios, <strong>de</strong>ixem <strong>de</strong> equacionar a valorizaçãoda “informação” como <strong>um</strong> recurso externo passivo, mas, pelo contrário,como <strong>um</strong>a dimensão activa da sua estratégia.André MagrinhoAIP - Associação Industrial PortuguesaPromoção e marketing territorialRoteiro do Litoral AlentejanoComo garantir <strong>um</strong>a oferta turística <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>? Eis a questão. O inícioda resposta e, pela mesma ocasião, da interrogação, encontramo-lo naADL - Associação <strong>de</strong> Desenvolvimento do Litoral Alentejano, instigadora<strong>de</strong> iniciativas locais <strong>de</strong> natureza empresarial e institucional, necessáriaspara a qualificação do território <strong>de</strong> intervenção. Daí o apoio financeiroao investimento, <strong>de</strong> acordo com critérios <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>, e daí oapoio à comercialização, promoção e divulgação <strong>de</strong> produtos e serviços,embaixadores <strong>de</strong> <strong>um</strong>a <strong>imagem</strong> territorial <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. Deste objecto àconstrução <strong>de</strong> <strong>um</strong> projecto integrado <strong>de</strong> promoção e marketing territorialbastou dar alguns passos n<strong>um</strong> caminho previamente traçado parachegar a <strong>um</strong>a etapa fundamental, a criação <strong>de</strong> <strong>um</strong>a <strong>imagem</strong> <strong>de</strong> marcaregistada LA – Litoral Alentejano, na base da garantia <strong>de</strong> <strong>um</strong>a ofertaturística <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. Neste quadro surge a Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Promoção e MarketingTerritorial, representada pelo Centro <strong>de</strong> Iniciativas Turísticas doAlentejo Litoral (CITAL), dinamizada pela ADL em parceria com actoreslocais. Territorialmente, a intervenção abrange os concelhos <strong>de</strong> Alcácerdo Sal, Grândola, Sines e O<strong>de</strong>mira.O “Roteiro do Litoral Alentejano” é <strong>um</strong> produto do projecto em questão.Propõe, nomeadamente, “percursos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta territorial pelas <strong>de</strong>zunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> paisagem, diferenciadas por elementos h<strong>um</strong>anos e naturais,que formam o conjunto harmonioso da sub-região do Litoral Alentejano:”estuário do sado, à <strong>de</strong>scoberta da serra, lagoas costeiras, percursomineiro, percurso dos antepassados, ilha do pessegueiro, subindo orio mira, ribeira do torgal, espelhos <strong>de</strong> água, pela faixa costeira. Esteselementos <strong>de</strong> riqueza e diversida<strong>de</strong> paisagística constituem em si <strong>um</strong>aóptima base <strong>de</strong> trabalho “para a prática e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> Turismo<strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong>, proporcionando o estabelecimento e a realização <strong>de</strong> rotasturísticas, que permitem transformar os recursos locais em produtosturísticos diversificados capazes <strong>de</strong> provocarem dinâmicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentoque envolvam a participação <strong>de</strong> todos os actores locais”.E mais, “ao percorrer estas Rotas irá conhecer iniciativas <strong>de</strong> base locale ao visitar, ficar, provar ou levar consigo algo do LA está a contribuirpara a sua viabilização e para a manutenção das activida<strong>de</strong>s tradicionaisem meio rural.”18 pessoas e lugares | Nº 53 - 2008


BibliografiaNetsArte sempre nova nos mosaicos romanos das Estações do Ano em PortugalPessoa, Miguel (texto); Ferreira, Delfim; Oliveira, Mário <strong>de</strong>; Pinto, António(fotografia); Edição bilingue da <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó; Maia 2005.Co-financiamento LEADER+/<strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó, FEOGA Orientação e MADRP; Apoio Município <strong>de</strong> PenelaEste estudo e a exposição itinerante “Estações do Ano nos mosaicos romanos <strong>de</strong> Portugal– Marcas perenes da pedra e do vidro em exposição e animação”, que lhe está associada, são oresultado <strong>de</strong> <strong>um</strong>a cooperação amigável e solidária entre Portugal, Itália, Suécia, Castilha e França.Aqui se <strong>de</strong>screvem os sete pavimentos das Estações do Ano <strong>de</strong>scobertos até ao momento emPortugal. Suce<strong>de</strong>m-se a <strong>de</strong>scrição, i<strong>de</strong>ntificação e imagens dos conjuntos das Estações do Ano:Villa romana <strong>de</strong> Rabaçal, Penela; Villa romana <strong>de</strong> Pisões, Beja; Villa romana <strong>de</strong> Cardílio, TorresNovas; Conimbriga Domus do Repuxos, Con<strong>de</strong>ixa-a-Velha; Villa romana <strong>de</strong> Santa Vitória doAmeixial, Estremoz; Villa romana <strong>de</strong> Arneiro <strong>de</strong> Maceira-Lis, Leira. “Os locais aqui tratadoscontêm obras que os transformam em centros na periferia e são, <strong>de</strong> alg<strong>um</strong> modo, símbolos<strong>de</strong> <strong>um</strong> esplêndido isolamento pois, como nos diz Fernando Pessoa, «O universal é o local semfronteiras».”Uma selecção das melhores práticas do LEADER+Observatório Europeu dos Territórios Rurais; Edição Comissão Europeia; Itália2008.Esta publicação quer realçar as aplicações mais bem sucedidas das estratégias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentolocal financiadas pelo LEADER+. Para esse efeito o Contact Point LEADER+ realizou<strong>um</strong>a análise SWOT, nos Estados-membros, sobre a situação das boas práticas, tendo comoprincipais parceiros neste exercício as Unida<strong>de</strong>s das Re<strong>de</strong>s Nacionais. Verificou-se que o melhorcritério <strong>de</strong> avaliação e selecção das boas práticas é a boa aplicação da “abordagem LEADER”:assente no nível local, ascen<strong>de</strong>nte, em parceria, inovadora, integrada, em re<strong>de</strong> e cooperação,com financiamento e gestão local. Acrescentou-se-lhe mais dois critérios europeus, referentesà característica europeia do LEADER: transferabilida<strong>de</strong> e sustentabilida<strong>de</strong>. Entre os 15 paísesem análise, as melhores práticas eleitas para representar Portugal são da responsabilida<strong>de</strong> daRu<strong>de</strong> - Associação <strong>de</strong> Desenvolvimento Rural, com o projecto <strong>de</strong> “Instalação <strong>de</strong> quatro estaçõesmeteorológicas automáticas” e da ADAE - Associação <strong>de</strong> Desenvolvimento da Alta Estremadura,com o projecto “Do sonho à realida<strong>de</strong>”. Refira-se que cada ficha <strong>de</strong> projecto é constituídapelos seguintes elementos: contexto, razão <strong>de</strong> ser <strong>um</strong> exemplo <strong>de</strong> boas práticas e <strong>de</strong>scrição doprojecto (historial sucinto, activida<strong>de</strong>s principais, produtos e resultados concretos, problemasencontrados/lições aprendidas, valor acrescentado LEADER+, duração e orçamento).Memória – Marca H<strong>um</strong>ana <strong>de</strong> 26 freguesias do concelho <strong>de</strong> Ton<strong>de</strong>laMartins, José Rui (textos); Teles, Carlos (fotografias); Miguel Torres (Coor<strong>de</strong>nação<strong>de</strong> Recolha); Edição ACERT – Associação Cultural e Recreativa <strong>de</strong> Ton<strong>de</strong>la; 2006.Co-financiamento LEADER+/ADICES, Apoio Câmara Municipal <strong>de</strong> Ton<strong>de</strong>laAcompanhado por <strong>um</strong> DVD, este memorial <strong>de</strong> rostos h<strong>um</strong>anos, marcados pelo tempo, oriundosdas 26 freguesias do concelho <strong>de</strong> Ton<strong>de</strong>la, retrata os testemunhos <strong>de</strong> 18 homens e 8 mulheres,“<strong>um</strong>a recolha que, não sendo exaustiva, se centrou no lado h<strong>um</strong>ano <strong>de</strong> gente simples que, comas suas recordações, se torna portadora <strong>de</strong> sinais importantes, normalmente omitidos pelaHistória (essa que se escreve com H gran<strong>de</strong>...). O método <strong>de</strong> reunir informação traduziu-se emencontros informais on<strong>de</strong> se captaram imagens e sons (ví<strong>de</strong>o, fotografia e registo sonoro), bemcomo apontamentos que possibilitaram <strong>um</strong>a transmissão fiel da riqueza das conversas”. SegundoMiguel Torres, longe <strong>de</strong> se tratar <strong>de</strong> <strong>um</strong> ponto <strong>de</strong> chegada, esta recolha constitui <strong>um</strong> ponto <strong>de</strong>partida, “<strong>um</strong> mo<strong>de</strong>sto contributo para <strong>um</strong> trabalho <strong>de</strong> investigação absolutamente necessário.Qualquer evolução ou mudança reclama, pois, o entendimento da nossa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> histórica,sustentando-se na valorização h<strong>um</strong>ana do passado construído enquanto grupo.”Carvalhal… e peras! - Viagens por memórias e paisagensBjorkman, Agneta (fotografias); Perdigão, Teresa (textos); Edição das autoras;Lisboa 2008.Apoio do Núcleo <strong>de</strong> Cultura, Desporto e Melhoramentos do Carvalhal e da Lea<strong>de</strong>rOesteÉ <strong>um</strong> livro i<strong>de</strong>alizado pela fotógrafa e artista plástica Agneta Bjorkman, que durante anos residiuna freguesia do Carvalhal (Bombarral) e quis <strong>de</strong>ixar como herança à freguesia que a acolheu<strong>um</strong>a obra que prevaleça no tempo. Convidou a antropóloga Teresa Perdigão para a acompanharnas suas muitas viagens pelo sítio, contactar com as pessoas e escrever os textos. Estas viagens<strong>de</strong>correram ao longo das quatro estações do ano <strong>de</strong> 2007 que, aliás, ilustram os quatro capítulosdo livro. A freguesia do Carvalhal tem, assim, à sua disposição <strong>um</strong> livro que é, como diz a ProfessoraAdriana Nogueira, no prefácio, “<strong>um</strong> testemunho do estado da freguesia do Carvalhal, em2007, mas que não se fica por este valor doc<strong>um</strong>ental antropológico. Antes pelo contrário: sãomuitas as leituras que nos permite”. Quem quiser usá-lo como roteiro turístico da freguesia,<strong>de</strong>le fará bom proveito: não faltam referências a restaurantes, cafés, locais <strong>de</strong> lazer domingueirosou sazonais, activida<strong>de</strong>s agrícolas, paisagens, gentes, músicas. Quem quiser usá-lo para consultahistórica, lerá com prazer a súmula dos proprietários da Torre, a história da banda ou a evoluçãodos moinhos. Quem quiser conhecer as festas, po<strong>de</strong>rá saber quando são os círios, pedir pelopão-por-Deus, dançar nas associações ou no Musicoeste.www.in-loco.ptA Associação In Loco – Intervenção,Formação, Estudos parao <strong>de</strong>senvolvimento local tem <strong>um</strong>novo site. N<strong>um</strong> <strong>de</strong>sign <strong>de</strong>puradoaparece <strong>um</strong>a página branca comcinco janelas em perspectiva sobrea In Loco, o Território, osProjectos, os Serviços e a Doc<strong>um</strong>entação.Na homepage, <strong>de</strong>baixo<strong>de</strong> <strong>um</strong>a fotografia on<strong>de</strong> surge oslogan “Pensar Global, Agir Local”figuram as mesmas cinco divisões.A “In Loco”, em fundo castanho, subdivi<strong>de</strong>-se em: “Da visão à acção”,com <strong>um</strong> esquema-res<strong>um</strong>o interactivo; cinco “Objectivos estratégicos”;cinco “Eixos estruturantes”: Animação, Capacitação, Organização,Investigação; “Historial” e “Equipa”. O “Território”, azul, contémos seguintes elementos: “Mapa”; “Base <strong>de</strong> Dados do Território”,com motor <strong>de</strong> pesquisa; “Galeria <strong>de</strong> Fotos” e “Percursos pe<strong>de</strong>stres”em formato PDF para download. Ver<strong>de</strong> são os “Projectos”, on<strong>de</strong> seencontra a “Lista” dos projectos; a “Organização dos projectos” poreixos estruturantes <strong>de</strong> intervenção e objectivos estratégicos; “Re<strong>de</strong>s eParcerias” e o “Fór<strong>um</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate” interactivo. Em terracota estão os“Serviços”. E, finalmente, a “Doc<strong>um</strong>entação”, quinto elemento, vestido<strong>de</strong> vermelho, tem “Biblioteca Online”; “Legislação”, arr<strong>um</strong>ada por 16áreas temáticas, possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> download <strong>de</strong> doc<strong>um</strong>entos em PDFe motor <strong>de</strong> pesquisa; <strong>um</strong> pequeno catálogo <strong>de</strong> “Edições In Loco” e“Doc<strong>um</strong>entos”. A cada passo, o site propõe “a versão <strong>de</strong> impressão”e a hipótese <strong>de</strong> “enviar a <strong>um</strong> amigo” o doc<strong>um</strong>ento em análise.www.genuineland.comGenuineland é o site bilingue(português/inglês) da Re<strong>de</strong> Europeia<strong>de</strong> Turismo <strong>de</strong> Al<strong>de</strong>ia, <strong>um</strong>projecto <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentoturístico sustentável assente napromoção <strong>de</strong> <strong>um</strong>a oferta turística<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> em meio rural e<strong>de</strong>s<strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2003, apoiado peloprograma comunitário Interreg IIIC. Genuineland abre, essencialmente, janelas sobre as “Regiões” dare<strong>de</strong>: Alentejo, Arad, Lapónia, Lomza, Trentino; as “Al<strong>de</strong>ias” a visitar,on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rá encontrar diversas informações sobre as al<strong>de</strong>ias eleitas:<strong>um</strong>a pequena introdução, a situação geográfica na região, hipóteses <strong>de</strong>alojamento, eventos locais e contactos úteis; e propostas <strong>de</strong> “Activida<strong>de</strong>s”para agenda ou intemporais. Refira-se que aqui se encontrarão<strong>de</strong>stacadas <strong>um</strong> conjunto <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> animação ligadas ao Turismodo Imaginário, às tradições <strong>de</strong> cada comunida<strong>de</strong>, à sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>,aos seus mon<strong>um</strong>entos, com recurso aos mon<strong>um</strong>entos megalíticos,às lendas sobre bruxaria, às tradições celtas e lendas da Transilvânia,etc. No fundo todo o património <strong>de</strong> cultura tradicional que permitediferenciar estas al<strong>de</strong>ias, esta Re<strong>de</strong>, <strong>de</strong> outras al<strong>de</strong>ias, <strong>de</strong> outras re<strong>de</strong>s.Mais janelas ainda po<strong>de</strong>rão ser encontradas na página em inglês, nomeadamentesobre: “Cultura e Tradição”; “Gastronomia”; “Artesanato”e “Natureza” das cinco regiões.www.confagri.ptO Portal da Confe<strong>de</strong>ração das CooperativasAgrícolas e do CréditoAgrícola <strong>de</strong> Portugal, CCRL - Portalda CONFAGRI, estrutura <strong>de</strong>cúpula representativa do universocooperativo agrícola do nossopaís, com a finalida<strong>de</strong> essencial<strong>de</strong> contribuir para o crescimentoe <strong>de</strong>senvolvimento equilibrado eeficaz do Sector Cooperativo e,em especial, da Agricultura portuguesa,preten<strong>de</strong> ser <strong>um</strong> instr<strong>um</strong>entofundamental <strong>de</strong> informação ediálogo para os interessados pelosSectores Agrícola e Cooperativo.O Portal foi lançado em 2003, continuando em 2008 a ser <strong>um</strong>a referênciano sector cooperativo agrícola e a apostar na divulgação actualizadae frequente das principais políticas que hoje condicionam a Agriculturae o Mundo Rural português, divulgando as suas mensagens e tomadas<strong>de</strong> posição bem como <strong>de</strong>dicando espaços às activida<strong>de</strong>s, produtos eserviços das Associadas da CONFAGRI.Dentro do Portal encontram-se sites especialmente <strong>de</strong>dicados atemáticas específicas, ligadas ao mundo rural, como sejam a “políticaagrícola” e o “ambiente”, com bastante informação sistematizada.Em <strong>de</strong>staque no Portal e respectivos sites, po<strong>de</strong> encontrar notícias,apoios ao <strong>de</strong>senvolvimento rural e doc<strong>um</strong>entos técnicos actualizados,entre outros.Nº 53 - 2008 | pessoas e lugares 19


Produtos e ProdutoresJornadas Mágicas <strong>de</strong> Sicó/I Festival Internacional <strong>de</strong> Magia <strong>de</strong> RuaSicó <strong>um</strong> território <strong>de</strong> magiaFicha TécnicaAlberto <strong>de</strong> Figueiredo, Doctor Marrax, Jean Philippe Atcho<strong>um</strong>, JJ, MaloMalíssimo e Peter War<strong>de</strong>ll. São mágicos. Vieram <strong>de</strong> Espanha, Alemanha,França, Inglaterra e EUA para fazer das <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó <strong>um</strong> território <strong>de</strong> magia...Ao longo <strong>de</strong> três dias, 85 espectáculos<strong>de</strong> magia levaram a 67 locais distintos das<strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó cerca <strong>de</strong> 12.000 visitantes.A maratona “mágica” que <strong>de</strong>correu, emsimultâneo, nos dias 7, 8 e 9 <strong>de</strong> Setembro<strong>de</strong> 2007 nos seis concelhos que constituemo território “<strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó” – Alvaiázere,Ansião, Con<strong>de</strong>ixa-a-Nova, Penela, Pombale Soure, foi <strong>um</strong>a iniciativa promovida pela<strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó - Associação <strong>de</strong> Desenvolvimento,no âmbito da sua missão <strong>de</strong> apoio àpromoção turística e cultural das <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong>Sicó, com o apoio do Programa <strong>de</strong> IniciativaComunitária LEADER+, em parceria comos seis municípios do território e o Ayuntamiento<strong>de</strong> Zamora.As Jornadas Mágicas <strong>de</strong> Sicó, que nascemem articulação com o Festival <strong>de</strong> Magia <strong>de</strong>Zamora que se realiza naquela cida<strong>de</strong> espanholahá 14 anos, arrancaram na sexta-feira,dia 7, com a inauguração da exposição “14años <strong>de</strong> Jornadas Internacionales <strong>de</strong> Magia<strong>de</strong> Zamora”, patente durante os três diasna Residência Senhorial, em Santiago daGuarda, freguesia do concelho <strong>de</strong> Ansião. Aomeio dia, a magia aconteceu, pela primeiravez, em simultâneo, nas freguesias <strong>de</strong> Alvaiázere(junto ao Posto <strong>de</strong> Turismo), Ansião(na Praça do Município), Pombal (no Largodo Cardal), Soure (Largo do Município),Con<strong>de</strong>ixa-a-Nova (no Mercado Municipal)e Penela (na Praça da República), pela mãodos seis gran<strong>de</strong>s nomes da magia mundialconvidados para o efeito, respectivamente,Doctor Marrax (Alemanha), JJ (Inglaterra),Peter War<strong>de</strong>ll (Inglaterra), Malo, Malíssimo(EUA), Jean Philippe Atcho<strong>um</strong> (França) eAlberto <strong>de</strong> Figueiredo (Espanha).Às 15 horas, a magia já acontecia no MuseuMunicipal <strong>de</strong> Alvaiázere, no Largo do Mercado<strong>de</strong> Alvorge, no Largo da Igreja <strong>de</strong> Ilha, noJardim <strong>de</strong> Alfarelos, no Largo do Palácio daJustiça <strong>de</strong> Con<strong>de</strong>ixa-a-Nova, na praia fluvial<strong>de</strong> Espinhal. Às 17 horas, no anfiteatro <strong>de</strong>Alvaiázere, na Praça Costa Rêgo <strong>de</strong> Avelar,na Praça Luís Meneses <strong>de</strong> Louriçal, no Largoda Junta <strong>de</strong> Freguesia <strong>de</strong> Tapeus, na Praçada República <strong>de</strong> Con<strong>de</strong>ixa-a-Nova, na Rua<strong>de</strong> Coimbra em Penela. Às 19 horas, noanfiteatro <strong>de</strong> Maçãs <strong>de</strong> D. Maria, na zona<strong>de</strong> lazer <strong>de</strong> Chão <strong>de</strong> Couce, no Largo doRossio <strong>de</strong> Guia, no Largo da Igreja <strong>de</strong> Gesteira,na Urbanização Nova Conímbriga <strong>de</strong>Con<strong>de</strong>ixa-a-Nova, na Praça da República<strong>de</strong> Espinhal.Nos dias 8 e 9, às mesmas horas, noutroslocais, noutras freguesias dos seis concelhosdas <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó, lá estavam os mágicosAlberto <strong>de</strong> Figueiredo, Doctor Marrax,Jean Philippe Atcho<strong>um</strong>, JJ, Malo Malíssimo ePeter War<strong>de</strong>ll que, quase por artes mágicas,apareciam e <strong>de</strong>sapareciam em diferenteslugares...Um <strong>de</strong>safio “mágico”Um <strong>de</strong>safio, próprio dos gran<strong>de</strong>s espectáculos<strong>de</strong> magia, não só para os mágicos, comopara os muitos dos resi<strong>de</strong>ntes e visitantesque, seguindo o “programa-<strong>de</strong>-mão”, procuravamassistir às performances <strong>de</strong> todos osmágicos. Um dos objectivos da organizaçãoera precisamente este: levar as pessoas a conhecernovos locais, promovendo a região.Foi também esta simultaneida<strong>de</strong>, real, o<strong>de</strong>safio lançado à empresa do mágico Luís <strong>de</strong>Matos, responsável pela produção das JornadasMágicas <strong>de</strong> Sicó. Em nota <strong>de</strong> imprensada Associação, Luís <strong>de</strong> Matos (director artísticodo evento) afirmou tratar-se “<strong>de</strong> <strong>um</strong>aexigência ímpar” na sua carreira enquantodirector e produtor, “mas o território aque pertence, a vonta<strong>de</strong> dos promotorese a qualida<strong>de</strong> dos mágicos escolhidos lhegarantiram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início a tranquilida<strong>de</strong>necessária para expor <strong>um</strong>a vez mais as suascapacida<strong>de</strong>s no mundo das artes mágicas”.No fim-<strong>de</strong>-semana seguinte, 15-16, <strong>um</strong>a<strong>de</strong>legação da <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó <strong>de</strong>slocou-se àcida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Zamora para participar nas XIVJornadas Internacionales <strong>de</strong> Magia <strong>de</strong> Zamora,c<strong>um</strong>prindo <strong>um</strong> dos objectivos <strong>de</strong>finidos:“o estabelecimento <strong>de</strong> <strong>um</strong>a plataforma <strong>de</strong>promoção <strong>de</strong> dois eventos, potenciando <strong>um</strong>protocolo <strong>de</strong> colaboração institucional paraque as Jornadas <strong>de</strong> Sicó e as Jornadas <strong>de</strong> Zamorapassem a ter <strong>um</strong>a promoção conjunta,limando as tradicionais fronteiras a favor <strong>de</strong><strong>um</strong> <strong>de</strong>safio europeu único (...)”.Para a <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó, as Jornadas Mágicas <strong>de</strong>Sicó tiveram <strong>um</strong>a boa a<strong>de</strong>são das populaçõese atraíram muitos visitantes, confirmando<strong>um</strong> dos objectivos traçados pela <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong>Sicó para o evento que era a <strong>de</strong>scentralizaçãoestratégica dos eventos, obrigando opúblico a <strong>um</strong>a mobilida<strong>de</strong> pelo território,dando-o a conhecer em quase toda a suaextensão. “Se alg<strong>um</strong>as dúvidas pu<strong>de</strong>ssemexistir quanto ao impacto e à oportunida<strong>de</strong>da organização das Jornadas Mágicas <strong>de</strong>Sicó, a a<strong>de</strong>são das populações e dos muitosvisitantes aos espectáculos <strong>de</strong> magia <strong>de</strong> rua<strong>de</strong>sfizeram todas as dúvidas”.Confirmado o êxito e avaliados os resultados,a <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó e o mágico Luís <strong>de</strong>Matos anunciaram, <strong>de</strong> imediato, a vonta<strong>de</strong>mútua da realização das II Jornadas Mágicas<strong>de</strong> Sicó. O evento está agendado para os dias5, 6 e 7 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2008, reafirmandoas <strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó como <strong>um</strong> território <strong>de</strong>magia.Paula Matos dos Santos<strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> SicóPessoas e LugaresJornal <strong>de</strong> Animação da Re<strong>de</strong>Portuguesa LEADER+II Série | N.º 53 - 2008Proprieda<strong>de</strong>INDE - Intercooperação eDesenvolvimento, CRLRedacçãoINDEAv. Frei Miguel Contreiras, 54 - 3º1700-213 LisboaTel.: 21 843 58 70 / Fax: 21 843 58 71E-mail: pl@in<strong>de</strong>.ptMensárioDirectoraCristina CavacoConselho EditorialCristina Cavaco/INDE, FranciscoBotelho (membro honorário), Gestor doPrograma LEADER+, Luís Chaves/<strong>Minha</strong><strong>Terra</strong>, Maria do Rosário Serafim/DGADR,Rui Veríssimo Batista/DGADRRedacçãoJoão Limão, Maria do Rosário Aranha,Paula Matos dos SantosColaboraram neste númeroAndré Magrinho (AIP), Carolina Barrocas(IDEIA Alentejo), Cláudia Ban<strong>de</strong>iras(Adrepes), Elisabeth Kastenholz(Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro), HenriqueAlbergaria (Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra),Joaquim Amado (IDEIA Alentejo), PedroSaraiva (Tagus), Priscila Soares (In Loco),Proregiões, Ta<strong>de</strong>u Alves (ATAHCA),<strong>Terra</strong>s <strong>de</strong> Sicó,PaginaçãoDiogo Lencastre (INDE), Marta Gafanha(INDE)ImpressãoDiário do MinhoRua <strong>de</strong> Santa Margarida, n.º 44710-306 BragaImpresso em Junho <strong>de</strong> 2008DistribuiçãoDGADR - Direcção-Geral <strong>de</strong>Agricultura e Desenvolvimento RuralRe<strong>de</strong> Portuguesa LEADER+Tapada da Ajuda - Edifício 11349-018 LisboaTelf.: 21 361 32 57 / Fax: 21 361 32 77Tiragem6.000 exemplaresDepósito Legalnº 142 507/99Registo ICSnº 123 607Os artigos assinados exprimem a opinião dosseus autores e não necessariamente a doproprietário e Conselho Editorial <strong>de</strong>ste jornal.Comissão EuropeiaPrograma LEADER+Comissão EuropeiaPrograma LEADER+

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