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Estudos da Mata Atlântica - Ministério do Meio Ambiente

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Fazen<strong>do</strong> e Aprenden<strong>do</strong>Doze projetos financia<strong>do</strong>spelo PDA, <strong>do</strong>ze histórias decomuni<strong>da</strong>des que lutam paramelhorar sua quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>,mu<strong>da</strong>n<strong>do</strong> o meio em que vivem.Comuni<strong>da</strong>des que já entenderama importância <strong>da</strong> preservaçãoambiental para o futuro de seusfilhos e de uma parte lin<strong>da</strong> desteBrasil que quase foi destruí<strong>da</strong> umdia: a <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>.O que deu certo e o que deuerra<strong>do</strong> nesses <strong>do</strong>ze projetos?Como eles poderão sobreviverapós o fim <strong>do</strong>s contratos? Queações devem ser implementa<strong>da</strong>spara que as comuni<strong>da</strong>des seorganizem ca<strong>da</strong> vez mais emtorno de objetivos comuns?Que lições o PDA, as instituiçõesexecutoras desses projetos,os governos e as própriascomuni<strong>da</strong>des podem tirar dessas<strong>do</strong>ze experiências?São respostas para essas questõesque essa publicação pretendeapresentar, mostran<strong>do</strong> que ondehá organização, união, vontadepolítica e sonho de mu<strong>da</strong>nça,o futuro acontece. Não comoum prêmio de loteria, mas peloesforço e abnegação <strong>do</strong>s queacreditam num mun<strong>do</strong> melhor,arregaçam as mangas e tratam deconstruí-lo. Erran<strong>do</strong> e acertan<strong>do</strong>,mas fazen<strong>do</strong>. Que os errosaqui apresenta<strong>do</strong>s sirvam deobstáculos a serem transpostos.E que os acertos sirvam deexemplo.5


IntroduçãoEste estu<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> em 2002, no contextode elaboração <strong>do</strong> novo componente<strong>do</strong> PDA volta<strong>do</strong> exclusivamente para a <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong>. Seu objetivo imediato era oferecersubsídios à Missão de Avaliação desse novocomponente pelos financia<strong>do</strong>res, realiza<strong>da</strong>em setembro de 2002. A proposta <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>é verificar lições, impactos e resulta<strong>do</strong>sjá alcança<strong>do</strong>s e tentar responder a umaquestão básica: vale a pena seguir? Para suarealização, decidiu-se por uma avaliação decampo de <strong>do</strong>ze projetos, em diferentes regiões<strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, realiza<strong>da</strong> em agostode 2002. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s nestapublicação referem-se, portanto, à <strong>da</strong>ta derealização <strong>do</strong>s trabalhos em campo.A avaliação <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ze projetos mostra quevaleu a pena investir. Os benefícios quepermanecem para as comuni<strong>da</strong>des, famíliase para o meio ambiente são evidentes. Naslições aprendi<strong>da</strong>s fica claro também que,embora haja alguns erros, os acertos sãomaiores. E podem inspirar um novo jeito deconviver com a <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, um biomaque em apenas cinco séculos perdeu cercade 93% <strong>da</strong> sua área cobertura original esofreu incontáveis baixas em sua rica biodiversi<strong>da</strong>de.Embora tenham caráter demonstrativo, osprojetos são, para as comuni<strong>da</strong>des e famíliasenvolvi<strong>da</strong>s, a maneira de resolver umproblema, não um “piloto”. Quan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s seapropriam <strong>da</strong> proposta, ela passa a ser a umnovo jeito de enfrentar a reali<strong>da</strong>de. O projetoé seu cotidiano, sua vi<strong>da</strong> real. O caráterdemonstrativo pode ficar mais ou menosevidente na maneira como aquela reali<strong>da</strong>deem transformação é utiliza<strong>da</strong> – para experimentosfeitos pelos produtores envolvi<strong>do</strong>s,para demonstração concreta a novos interessa<strong>do</strong>s...O mais importante, porém, é queo impulso vital <strong>do</strong>s projetos vem de sua ca-6


ioma, como manejo de florestas secundárias,recuperação de ecossistemas costeiros,recuperação de áreas degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s por meiode SAFs, ampliação de áreas protegi<strong>da</strong>sem torno <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des de conservação erecuperação de mananciais, entre outras.Projetos propostos por extratos bastantediversifica<strong>do</strong>s <strong>da</strong> população: quilombolas,pesca<strong>do</strong>res artesanais, produtores familiares,mora<strong>do</strong>res de zonas urbanas.Abrange, portanto, um amplo universo deinteração com o meio ambiente – compon<strong>do</strong>um panorama ambiental, cultural esocial bastante diversifica<strong>do</strong>. Alguns projetossituam-se em áreas que ain<strong>da</strong> mantêmrazoável cobertura florestal, outros em regiõesmais desmata<strong>da</strong>s e outros ain<strong>da</strong> emambientes altamente degra<strong>da</strong><strong>do</strong>s. Tambémforam considera<strong>da</strong>s possíveis vinculaçõestemáticas com as novas linhas propostaspara o componente.paci<strong>da</strong>de de resolver os problemas que osprodutores estão viven<strong>do</strong>, e isso vai além <strong>do</strong>caráter demonstrativo. Isso é o real.Contexto e meto<strong>do</strong>logiaForam seleciona<strong>do</strong>s <strong>do</strong>ze projetos emdistintas áreas <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> (<strong>da</strong> Bahiaao Rio Grande <strong>do</strong> Sul), <strong>do</strong> universo de 44iniciativas apoia<strong>da</strong>s pelo PDA ao longo deoito anos. A seleção desses projetos procurouoferecer uma amostra representativa de recuperação<strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, li<strong>da</strong>n<strong>do</strong> com ecossistemase públicos bastante diversifica<strong>do</strong>s.A avaliação considerou um leque de ativi<strong>da</strong>desque, em seu conjunto, propõemnovos modelos de uso e conservação <strong>do</strong>A meto<strong>do</strong>logia utiliza<strong>da</strong> foi a de visita acampo, precedi<strong>da</strong> de análise de <strong>do</strong>cumentos(relatórios e outros <strong>do</strong>cumentos deprojeto). Ca<strong>da</strong> uma dessas iniciativas foivisita<strong>da</strong> por uma dupla de avalia<strong>do</strong>res. Asduplas foram forma<strong>da</strong>s por uma pessoa <strong>da</strong>equipe <strong>do</strong> PDA e outra <strong>da</strong> Secretaria de Biodiversi<strong>da</strong>dee Florestas ou <strong>da</strong> Coordenaçãode Agroextrativismo, <strong>do</strong> MMA. Ca<strong>da</strong> uma<strong>da</strong>s cinco duplas visitou <strong>do</strong>is ou mais projetos,de acor<strong>do</strong> com roteiro estabeleci<strong>do</strong> emreunião de planejamento.InstrumentosPara subsidiar o trabalho em campo foi elabora<strong>do</strong>um detalha<strong>do</strong> roteiro de avaliação(em anexo). Esse roteiro foi discuti<strong>do</strong> comto<strong>da</strong> a equipe de avalia<strong>do</strong>res, e envia<strong>do</strong>antecipa<strong>da</strong>mente a to<strong>do</strong>s os projetos7


visita<strong>do</strong>s. Como guia para a observação<strong>do</strong>s avalia<strong>do</strong>res, o roteiro previa questõesrelaciona<strong>da</strong>s ao desempenho <strong>do</strong> projeto equestões dirigi<strong>da</strong>s ao impacto <strong>da</strong> execução.Havia questões mais diretas e questõesmais abertas. Não era um questionário,mas um guia para orientar o olhar <strong>do</strong>savalia<strong>do</strong>res, buscan<strong>do</strong> valorizar, além <strong>do</strong>s<strong>da</strong><strong>do</strong>s objetivamente verificáveis, aspectosmais subjetivos, relaciona<strong>do</strong>s à opinião <strong>do</strong>senvolvi<strong>do</strong>s, tanto beneficiários como executorese parceiros. Procurou-se observaros projetos em seu contexto, entenden<strong>do</strong>que essas iniciativas fazem parte, na maioria<strong>da</strong>s vezes, de processos mais amplos, cujahistória começa antes e continua depois <strong>da</strong>execução <strong>do</strong> projeto financia<strong>do</strong> pelo PDA.Entrevistas, conversas informais, visitas àsáreas de atuação direta, reuniões e registrosfotográficos e em vídeo foram os meiosutiliza<strong>do</strong>s pelas equipes para recolher as informações.As duplas de avalia<strong>do</strong>res procuraramcriar situações participativas envolven<strong>do</strong>executores e beneficiários, parceirose outras instituições atuan<strong>do</strong> na área.Na volta <strong>do</strong> campo, ca<strong>da</strong> dupla de avalia<strong>do</strong>reselaborou os seu relatórios de avaliaçãode forma consensual. O resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong>strabalhos foi debati<strong>do</strong> em reunião entre aequipe <strong>do</strong> PDA e os convi<strong>da</strong><strong>do</strong>s que forama campo, quan<strong>do</strong> se definiu a forma de sistematização<strong>da</strong> informação recolhi<strong>da</strong>.Eixos de sistematizaçãoFoi decidi<strong>do</strong> sistematizar as informaçõesnos seguintes eixos temáticos: fatores queinfluenciam no êxito <strong>do</strong>s projetos; principaisproblemas enfrenta<strong>do</strong>s em sua execução;benefícios; políticas públicas; gênero;estratégias de difusão; sustentabili<strong>da</strong>de; elições. Ca<strong>da</strong> eixo é objeto de um capítulodeste <strong>do</strong>cumento.8


Os Doze Projetos Avalia<strong>do</strong>s9


BahiaRecomposiçãoFlorestalem Áreas Rurais(Reflorar)O reflorestamento de áreas de nascentes trouxe de volta a água. Esse tem si<strong>do</strong> oprincipal ganho trazi<strong>do</strong> pelo Reflorar, de acor<strong>do</strong> com os beneficiários.O Projeto Recomposição Florestal em ÁreasRurais (Reflorar) tem como objetivo a recuperaçãode áreas degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s por meio dereflorestamento <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> em cincomunicípios <strong>do</strong> Recôncavo Baiano (Amargosa,Elísio Medra<strong>do</strong>, Santa Terezinha, São Miguel<strong>da</strong>s <strong>Mata</strong>s e Varze<strong>do</strong>). É executa<strong>do</strong> peloGrupo Ambientalista <strong>da</strong> Bahia (Gambá) emarticulação com os sindicatos de trabalha<strong>do</strong>resrurais (STR), os quais representamum universo de aproxima<strong>da</strong>mente 20 milagricultores.A iniciativa tornou-se referência na regiãopor sua capaci<strong>da</strong>de de propor parcerias,articulan<strong>do</strong> ações conjuntas com <strong>Ministério</strong>Público, Banco <strong>do</strong> Nordeste, Polícia Militar,Ongs e com secretarias municipais deeducação, visan<strong>do</strong> discutir um modelo dedesenvolvimento para a região, com focona questão ambiental. Um processo quecontribuiu para o fortalecimento <strong>da</strong> organizaçãosocial local e para a criação de novasenti<strong>da</strong>des, assim como para o aumento deinterlocução com as prefeituras.As maiores dificul<strong>da</strong>des encontra<strong>da</strong>s parasua realização relacionam-se com o altocusto de manutenção <strong>da</strong>s áreas planta<strong>da</strong>s,que são contraparti<strong>da</strong> <strong>do</strong>s produtores, ea falta de um banco de sementes para otrabalho de reflorestamento. Porém, a suaexecução aju<strong>do</strong>u a promover mu<strong>da</strong>nçassignificativas, a principal delas sen<strong>do</strong> o aumento<strong>do</strong> volume e <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de de águanas áreas refloresta<strong>da</strong>s; mas também a geraçãode emprego e de ren<strong>da</strong> e a redução<strong>da</strong>s feiras de animais silvestres na região,<strong>do</strong> desmatamento e <strong>da</strong> caça. A consciência<strong>da</strong> importância <strong>do</strong> reflorestamento, a partir<strong>da</strong> questão <strong>da</strong> água e <strong>da</strong> lenha, é ca<strong>da</strong> vezmaior entre os agricultores participantes <strong>do</strong>projeto.10


Espírito SantoConservação eRecuperaçãode EcossistemasCosteirosA consoli<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> Parque Estadual Paulo César Vinha e o esta<strong>do</strong> de conservação <strong>da</strong>silhas são os principais benefícios deixa<strong>do</strong>s pelo projeto.O Projeto Avaliação e Recuperação deEcossistemas Costeiros, realiza<strong>do</strong> pela AssociaçãoVilavelhense de Proteção Ambiental(Avidepa) nos municípios de Vila Velha eSetiba, no Espírito Santo, teve como foco arecuperação ambiental <strong>da</strong> restinga na áreacontinental e insular <strong>do</strong> litoral sul desseesta<strong>do</strong>.Implementa<strong>do</strong> entre os anos de 1995 e2000 nas áreas de influência <strong>da</strong> Área dePreservação Ambiental (APA) de Setiba e<strong>do</strong> Parque Paulo César Vinha, este projetofoi concebi<strong>do</strong> como possibili<strong>da</strong>de para aAvidepa trabalhar na difusão <strong>da</strong> vegetaçãonativa de restinga, por meio <strong>da</strong> utilização detecnologias alternativas para a recuperação<strong>da</strong>s áreas. Representou também a possibili<strong>da</strong>de,para a população, de um convíviomais próximo e respeitoso com essa vegetaçãoaltamente degra<strong>da</strong><strong>da</strong> pela extraçãode areia e pela pressão imobiliária existentenos locais de implantação <strong>do</strong> projeto.O viveiro desempenhou papel fun<strong>da</strong>mentalna recuperação ambiental e o vínculo <strong>do</strong>projeto com o <strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Meio</strong> <strong>Ambiente</strong>(MMA) favoreceu a criação de uma parceriaentre a Avidepa, a Secretaria Estadual de<strong>Meio</strong> <strong>Ambiente</strong> e a empresa priva<strong>da</strong> responsávelpela duplicação <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> VilaVelha-Guarapari, que margeia o Parque.Porém, mu<strong>da</strong>nças no ambiente políticoestadual fizeram com que o convênio coma Avidepa terminasse, interrompen<strong>do</strong> otrabalho. A forma de trabalho <strong>da</strong> Avidepa,considera<strong>da</strong> pela equipe de avalia<strong>do</strong>rescomo muito isola<strong>da</strong> e centraliza<strong>da</strong><strong>do</strong>ra,foi aponta<strong>da</strong> como a causa <strong>da</strong>s principaisdificul<strong>da</strong>des enfrenta<strong>da</strong>s pelo projeto. AAvidepa teve problemas para conseguir oenvolvimento de outras ONGs, assim como<strong>da</strong> população, na manutenção <strong>do</strong>s benefíciose <strong>da</strong> continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s ações <strong>do</strong> projeto.Portanto, a principal dificul<strong>da</strong>de <strong>do</strong> projetorefere-se à continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s ações.11


Minas GeraisDesenvolvimento RuralSustentável e Conservação<strong>do</strong>s Remanescentes de<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> no Entorno<strong>da</strong> RPPN <strong>Mata</strong> <strong>do</strong> SossegoO maior ganho até o momento foi a redução <strong>da</strong> mão de obra em 40%, na conversão <strong>da</strong>monocultura de café para o plantio diversifica<strong>do</strong>.OO Projeto Desenvolvimento Rural Sustentávele Conservação <strong>do</strong>s Remanescentes de<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> no Entorno <strong>da</strong> RPPN <strong>Mata</strong><strong>do</strong> Sossego tem como objetivo colaborarna conservação <strong>do</strong>s remanescentes de<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> na região <strong>do</strong> entorno <strong>da</strong>RPPN <strong>Mata</strong> <strong>do</strong> Sossego, na Zona <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> deMinas Gerais. Utilizou-se, para isso, a experimentaçãoe a disseminação de práticas sustentáveisde manejo <strong>do</strong>s recursos naturais,levan<strong>do</strong> em consideração o conhecimento<strong>da</strong> população local, assim como processosde comunicação ambiental.Executa<strong>do</strong> pela Fun<strong>da</strong>ção Biodiversitas nomunicípio de Simonésia, o projeto envolveua difusão de práticas agroecológicas juntoàs comuni<strong>da</strong>des locais. A Biodiversitas desenvolvevários projetos de manejo de uni<strong>da</strong>desde conservação, sen<strong>do</strong> que a RPPN<strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>do</strong> Sossego teve como gera<strong>do</strong>r <strong>da</strong>sua criação a proteção <strong>do</strong> mono-carvoeiro(Brachyteles arachnoides). O projeto, cria<strong>do</strong>a partir desse mote, atinge 167 famílias quedesenvolvem práticas adequa<strong>da</strong>s de manejo<strong>do</strong> solo, tais como cobertura , adubaçãoverde e introdução de elemento arbóreo,implanta<strong>da</strong>s junto com a cultura <strong>do</strong> caféem 42 uni<strong>da</strong>des demonstrativas.Para sua implantação, a Fun<strong>da</strong>ção formouquatro comissões temáticas, a partir <strong>do</strong>sresulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Diagnóstico Rápi<strong>do</strong> Participativo(DRP), o que destaca a exemplarabor<strong>da</strong>gem participativa a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong>. As comissõesimplanta<strong>da</strong>s são: Estra<strong>da</strong>s, Saúde,Educação e Terra Fraca. Esse processo, apesarde louvável, promove um excesso de deman<strong>da</strong>s,às quais a enti<strong>da</strong>de não consegueresponder.Como principal benefício já identifica<strong>do</strong>,os agricultores apontam a diminuição <strong>da</strong>mão-de-obra nas culturas <strong>do</strong> café consorcia<strong>do</strong>e orgânico, o que vem estimulan<strong>do</strong> acontinui<strong>da</strong>de e a ampliação <strong>do</strong> trabalho. Ainiciativa conta com parceiros locais, comoo Sindicato <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res Rurais (STR),uma ONG e a prefeitura local. Também desenvolveparceria com o Projeto Doces <strong>Mata</strong>s,uma cooperação entre Biodiversitas, aagência de cooperação técnica <strong>do</strong> governoalemão (GTZ), Ibama e Instituto Estadual deFlorestas de Minas Gerais.12


Minas GeraisEducação e RecuperaçãoAmbiental <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> noVale <strong>do</strong> Rio DoceBenefícios principais: mostrar a viabili<strong>da</strong>de de reflorestar uma área extremamentedegra<strong>da</strong><strong>da</strong>; formar massa crítica na população e ter ótimo resulta<strong>do</strong> em captação derecursos.OO Projeto Educação e Recuperação Ambiental<strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> no Vale <strong>do</strong> RioDoce nasceu <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de ampliaras áreas de conservação e uso sustentável<strong>do</strong> município de Aimorés, em Minas Gerais,que atualmente conta com apenas 0,3% decobertura florestal. Realiza<strong>do</strong> pelo InstitutoTerra, tem como ativi<strong>da</strong>des principais a recuperaçãode áreas degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s e a realizaçãode cursos de educação ambiental por meio<strong>da</strong> implantação e consoli<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> Centrode Educação e Recuperação Ambiental, quefunciona dentro <strong>da</strong> RPPN Fazen<strong>da</strong> Bulcão.Por ser executa<strong>do</strong> em uma região com altoíndice de degra<strong>da</strong>ção, um <strong>do</strong>s pontos fortes<strong>do</strong> projeto é a parte demonstrativa, quevisa influenciar a comuni<strong>da</strong>de a promovermu<strong>da</strong>nças na relação com o meio ambiente.Dessa forma, beneficia diretamente 62famílias, proporcionan<strong>do</strong> o plantio de 350mil mu<strong>da</strong>s de espécies varia<strong>da</strong>s em 170hectares.Ao contrário <strong>da</strong> maioria <strong>do</strong>s projetos apoia<strong>do</strong>spelo PDA, que têm uma base socialdefini<strong>da</strong>, este realiza ativi<strong>da</strong>des de desenvolvimentocomunitário e social para umpúblico bastante diversifica<strong>do</strong> e encontraas dificul<strong>da</strong>des típicas <strong>da</strong> fase de sensibilizaçãoinicial e um difícil processo deelaboração de alternativas para uma regiãototalmente <strong>do</strong>mina<strong>da</strong> pela pecuária.No entanto, a existência <strong>da</strong> iniciativa demonstraque é viável reverter a situação dedegra<strong>da</strong>ção ambiental a partir de um trabalhofocaliza<strong>do</strong> no reflorestamento, e que acaptação de recursos para essa finali<strong>da</strong>de épossível, ten<strong>do</strong> em vista que o Instituto Terraconseguiu alavancar com essa iniciativavários apoios nacionais e internacionais.13


São PauloImplantar e Viabilizar aReserva Extrativista <strong>do</strong>Bairro MandiraSua grande contribuição tem si<strong>do</strong> o apoio à gestão <strong>do</strong> desenvolvimento ambiental eeconomicamente sustentável <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de, no contexto de uma reserva extrativista.O Projeto Implantar e Viabilizar a ReservaExtrativista <strong>do</strong> Bairro Mandira envolve diretamente48 famílias em uma área de 1.200hectares <strong>do</strong> bairro Mandira, no municípiode Cananéia, litoral de São Paulo. Essas famíliasmobilizaram-se em torno <strong>da</strong> AssociaçãoReserva Extrativista <strong>do</strong> Bairro <strong>do</strong> Mandiracom o objetivo de criar e viabilizar umareserva extrativista nessa região, caracteriza<strong>da</strong>pela ocorrência de manguezais comalta produtivi<strong>da</strong>de biológica.Como forma de promover a quali<strong>da</strong>de devi<strong>da</strong> <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res locais, além <strong>da</strong> implantaçãolegal e física <strong>da</strong> Reserva Extrativista, oprojeto prevê a criação, o manejo e a comercializaçãode ostras, já que a principal fontede ren<strong>da</strong> dessas famílias é a exploração derecursos naturais encontra<strong>do</strong>s nos manguezaise nos corpos d’água contíguos àssuas áreas tradicionais de habitação.Se, por um la<strong>do</strong>, a homologação <strong>da</strong> reservaextrativista esbarrou na morosi<strong>da</strong>deoficial, por outro a estação depura<strong>do</strong>ra ea comercialização de ostras estão em ummomento muito favorável, depois que aprópria comuni<strong>da</strong>de assumiu a direção <strong>do</strong>snegócios. Impulsiona<strong>do</strong> por um detalha<strong>do</strong>plano de negócios financia<strong>do</strong> pelo Funbio,o empreendimento mantém uma carteirade clientes e fornece seus produtos comregulari<strong>da</strong>de, principalmente para a Baixa<strong>da</strong>Santista.Os coletores obtiveram um ganho financeiroreal protegen<strong>do</strong> uma magnífica áreade mangue. A comuni<strong>da</strong>de respeita asmedi<strong>da</strong>s mínimas para coleta, mesmo nasestruturas de engor<strong>da</strong>, e tem garanti<strong>do</strong>uma considerável redução no esforço deexploração desse recurso.15


São PauloGestão AmbientalParticipativa eDesenvolvimentoEconômico <strong>do</strong> Quilombode IvaporunduvaBuscar opções para a monocultura <strong>da</strong> banana, incluin<strong>do</strong> a diversificação com o palmitojussara, é o grande avanço deste projeto, situa<strong>do</strong> em uma região onde essa ativi<strong>da</strong>derepresenta forte vetor de desmatamento.O Projeto Gestão Ambiental Participativa eDesenvolvimento Econômico <strong>do</strong> Quilombode Ivaporunduva foi implementa<strong>do</strong> pelaAssociação Quilombo de Ivaporunduva,em El<strong>do</strong>ra<strong>do</strong>, São Paulo, em parceria com oInstituto Socioambiental (ISA), como partede uma estratégia de reconhecimento,regularização e desenvolvimento de áreasremanescentes de quilombos na região<strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Ribeira, onde este quilombo éreferência.A iniciativa visa promover a melhoria <strong>da</strong>quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> e a conservação ambientaldessa área. Por isso, a associação realizou,de maneira participativa e com forte apoiode parceiros, um plano de gestão territorialcom enfoque ecológico e econômico. Apartir dele, iniciou o processo de enriquecimentode áreas altera<strong>da</strong>s, semean<strong>do</strong> opalmito Jussara (Euterpes edulis) em 200hectares, como forma de se contrapor àdinâmica regional basea<strong>da</strong> na exploraçãoclandestina de palmito.Começou também a substituição <strong>do</strong> sistemade produção de banana <strong>do</strong> convencionalpara o orgânico, assim como a certificaçãodesses plantios. Em parceria com a Universi<strong>da</strong>dede Campinas (Unicamp), construiue instalou uma uni<strong>da</strong>de de pós-colheita debanana e promoveu estu<strong>do</strong>s sobre a cadeiaprodutiva desse produto.A associação incentivou, por meio de capacitaçõese treinamentos, a produção deartesanato com a fibra de bananeira. Alémdisso, o projeto tem investi<strong>do</strong> em educaçãoambiental na escola e no núcleo urbano <strong>da</strong>comuni<strong>da</strong>de, por meio de ações de coletaseletiva de lixo e de sua destinação corretano aterro <strong>da</strong> região.16


ParanáManejo Regenerativo deEcossistemas Associa<strong>do</strong>sà <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>A maior contribuição <strong>do</strong> projeto é na formação de capital humano – agricultoresexperimenta<strong>do</strong>res, com alto nível técnico e profun<strong>da</strong> consciência social, política eambiental. Destaque para a meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong> “mutirão-escola”.OO Manejo Regenerativo de Ecossistemas to. O projeto desenvolveu também um amploprograma de capacitação para agricul-Associa<strong>do</strong>s à <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> – Projeto deDesenvolvimento Sustenta<strong>do</strong> para PequenosAgricultores nas Florestas de Araucáriatores e técnicos nesse modelo de manejo.O aspecto mais relevante desse projeto foi,<strong>da</strong> Região Centro-Sul <strong>do</strong> Paraná é realiza<strong>do</strong>sem dúvi<strong>da</strong>, a meto<strong>do</strong>logia que priorizoupela Assessoria e Serviços a Projetos emao máximo a participação de agricultorasAgricultura Alternativa (AS-PTA) nos municípiosde São Mateus <strong>do</strong> Sul e Bituruna,e agricultores e incorporou princípios teóricosà medi<strong>da</strong> que a prática de implantação<strong>do</strong>s SAFs avançava. Os dias de campo,Paraná. Seu objetivo é desenvolver sistemasprodutivos basea<strong>do</strong>s na erva-mate (Ilexchama<strong>do</strong>s de mutirão-escola, em que osparaguaiensis) integra<strong>do</strong>s ao manejo regenerativo<strong>da</strong>s florestas de araucária. Trata-sepróprios produtores trabalham as áreas jáimplanta<strong>da</strong>s e capacitam os convi<strong>da</strong><strong>do</strong>s,<strong>da</strong> forma encontra<strong>da</strong> para contribuir parativeram excelentes resulta<strong>do</strong>s. Dessa forma,romper o ciclo de degra<strong>da</strong>ção ambientalos produtores envolvi<strong>do</strong>s no projeto possuem,hoje, excelente nível técnico.desse ecossistema, propician<strong>do</strong> ganhos aosprodutores rurais <strong>da</strong> região.Além disso, a sua execução proporcionou aBaseia-se na implementação de uni<strong>da</strong>desabertura de novas áreas de atuação – pordemonstrativas de sistemas produtivoregenerativosde erva-mate em áreas deexemplo, a medicina alternativa, a partirde fitoterapia e de méto<strong>do</strong>s alternativos depequenos agricultores, utilizan<strong>do</strong> méto<strong>do</strong>sdiagnóstico e tratamento, com a formaçãoparticipativos. A linha de trabalho a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong>de agentes de saúde, especialmente entreintegra viveiros de produção de mu<strong>da</strong>s demulheres e jovens.erva-mate com uni<strong>da</strong>des de beneficiamen-17


ParanáParticipação Comunitáriana Recuperação de ÁreasAltera<strong>da</strong>s na Floresta<strong>Atlântica</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>ParanáAlavancar três projetos de seqüestro de carbono na área de Guaraqueçaba é um pontopositivo, assim como o apoio à criação <strong>do</strong> Pólo de Agricultura Orgânica no município.O Projeto Participação Comunitária na Recuperaçãode Áreas Altera<strong>da</strong>s na Floresta<strong>Atlântica</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná visava promovera conservação <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> pormeio de processos socialmente participativos,ambientalmente sustentáveis e economicamenteviáveis. Para isso, a Socie<strong>da</strong>dede Pesquisa em Vi<strong>da</strong> Selvagem e EducaçãoAmbiental (SPVS), instituição proponente,trabalhou na recuperação <strong>da</strong> mata ciliarao longo <strong>do</strong> Rio Cachoeira, na APA de Guaraqueçaba,localiza<strong>da</strong> na porção norte <strong>do</strong>esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná.As grandes dificul<strong>da</strong>des enfrenta<strong>da</strong>s naexecução devem-se principalmente à metasuperestima<strong>da</strong> em relação ao número decomuni<strong>da</strong>des envolvi<strong>da</strong>s e aos processospouco participativos. Tais aspectos influenciaramnegativamente, causan<strong>do</strong> um certodescrédito <strong>da</strong> enti<strong>da</strong>de perante os agricultorese parceiros. Porém, no momento<strong>da</strong> realização deste estu<strong>do</strong>, a SPVS vinhacontornan<strong>do</strong> a situação por meio de açõesvolta<strong>da</strong>s ao desenvolvimento sustentável ecom maior participação <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des.A execução <strong>do</strong> projeto foi importante, sobretu<strong>do</strong>,para reforçar o envolvimento <strong>da</strong>scomuni<strong>da</strong>des na concepção e na elaboraçãode propostas. A grande aprendizagem<strong>do</strong> projeto é justamente ter mostra<strong>do</strong> aimportância de reforçar o envolvimento e aparticipação <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des na concepçãoe na elaboração de propostas. Outro ganhotambém foi a influência sobre políticasmunicipais, no que se refere à importância<strong>do</strong> desenvolvimento de ativi<strong>da</strong>des volta<strong>da</strong>sà recuperação de matas ciliares e à organização<strong>do</strong>s agricultores, visan<strong>do</strong> à criação deum pólo de agricultura orgânica. A execução<strong>do</strong> projeto aju<strong>do</strong>u a SPVS a alavancarum projeto significativo de ação climáticaque envolve a aquisição e conservação decerca de 20 mil hectares na região.18


Santa CatarinaManejo deEnriquecimento deFlorestas Secundárias<strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>Aumento de ren<strong>da</strong> para os produtores com enriquecimento <strong>da</strong>s florestas secundárias é amarca <strong>da</strong> Apremavi.O Projeto Manejo de Enriquecimento deFlorestas Secundárias <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> foiproposto com a finali<strong>da</strong>de de promover adefesa, a preservação e a recuperação <strong>da</strong><strong>Mata</strong> atlântica na região <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Itajaí,buscan<strong>do</strong> a participação <strong>do</strong>s proprietáriosem ativi<strong>da</strong>des de manejo de enriquecimentode florestas secundárias e educaçãoambiental, como forma de agregar valor àsflorestas secundárias, para a melhoria <strong>da</strong>quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> dessa população.Com perfil inova<strong>do</strong>r quanto ao uso sustentável<strong>da</strong>s florestas secundárias <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong>, o projeto promoveu o uso racional<strong>do</strong>s recursos florestais em diversas pequenasproprie<strong>da</strong>des de Atalanta, em SantaCatarina, envolven<strong>do</strong> 117 famílias em suasativi<strong>da</strong>des.Conduzi<strong>do</strong> pela Associação de Preservação<strong>do</strong> <strong>Meio</strong> <strong>Ambiente</strong> <strong>do</strong> Alto Vale <strong>do</strong>Itajaí (Apremavi), o projeto desenvolveuativi<strong>da</strong>des de capacitação de agricultorese técnicos; manejo em áreas de florestasecundária; criação de viveiros de plantasnativas; e produção de materiais didáticose de divulgação sobre méto<strong>do</strong>s e técnicasde manejo. Contribuiu, ain<strong>da</strong>, para a organização<strong>do</strong>s agricultores beneficiários, fomentan<strong>do</strong>a criação de novas associações locais,como a Associação Semente <strong>do</strong> Futuro, aAssociação Agroecológica e a Associaçãode Pousa<strong>da</strong>s.19


Rio Grande <strong>do</strong> SulRecuperação de <strong>Mata</strong>sCiliares com Espécies deInteresse MedicinalOs movimentos de trabalha<strong>do</strong>ras rurais têm grande potencial para contribuir com osobjetivos <strong>do</strong> PDA, especialmente quan<strong>do</strong> estes articulam-se com a melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>dede vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s populações locais nas áreas <strong>da</strong> alimentação e <strong>da</strong> saúde .O Projeto Recuperação <strong>da</strong>s <strong>Mata</strong>s Ciliarescom Espécies de Interesse Medicinal surgiucom a finali<strong>da</strong>de de iniciar o debate sobre aimportância <strong>da</strong> preservação e <strong>da</strong> recuperação<strong>da</strong>s matas ciliares e <strong>do</strong>s conhecimentostradicionais sobre a flora nativa <strong>da</strong> regiãoabrangi<strong>da</strong> pelos municípios de Mampituba,Morrinhos <strong>do</strong> Sul, Torres, Dom Pedro de Alcântara,Três Cachoeiras e Maquiné, no RioGrande <strong>do</strong> Sul, especialmente no que serefere ao seu potencial na manutenção e narecuperação <strong>da</strong> saúde <strong>da</strong> população.O projeto foi conduzi<strong>do</strong> pela parceria entrea Associação <strong>do</strong>s Colonos Ecologistas <strong>da</strong>Região de Torres (ACERT) e o Movimento deMulheres Trabalha<strong>do</strong>ras Rurais <strong>da</strong> RegiãoLitorânea (MMTR) e teve como principaisativi<strong>da</strong>des a recuperação <strong>da</strong>s matas ciliarese o manejo de espécies medicinais. Trabalhacom 20 grupos de mulheres, atingin<strong>do</strong> diretamentecerca de 200 famílias, com cursos,reuniões e distribuição de uma cartilha,além <strong>do</strong> plantio de áreas de matas ciliares.A execução dessa experiência fortaleceuclaramente a organização e a participação<strong>da</strong>s agricultoras. Dos projetos apoia<strong>do</strong>spelo PDA este é um <strong>do</strong>s que mais se destacaramao garantir essa participação. E ain<strong>da</strong>contribuiu para uma maior percepção<strong>da</strong> importância <strong>da</strong> água como recurso epara o início <strong>da</strong> discussão sobre legislaçãoambiental. Outro importante resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong>projeto é a ampliação <strong>do</strong> uso de fitoterápicosentre as famílias envolvi<strong>da</strong>s, as quais revelammelhoria na saúde familiar e reduçãonos gastos com farmácia.20


Rio Grande <strong>do</strong> SulManejo Agroflorestalna Região de TorresA participação <strong>do</strong>s agricultores ecologistas na gestão <strong>do</strong> projeto tem si<strong>do</strong> fun<strong>da</strong>mentalpara a incorporação <strong>do</strong>s seus objetivos na prática cotidiana <strong>do</strong>s atores envolvi<strong>do</strong>s naimplementação.OO Projeto Manejo Agroflorestal na Regiãode Torres foi proposto pelo Centro Ecológico(CE) com o objetivo de promover areconstituição <strong>da</strong> vegetação original pormeio de práticas agroflorestais nos municípiosde Mampituba, Morrinhos, Torres,Dom Pedro Alcântara, Três Cachoeiras eMaquiné, no Rio Grande <strong>do</strong> Sul, por meio depráticas agroflorestais. A idéia era aumentara cobertura florestal e conectá-la com osremanescentes florestais ain<strong>da</strong> existentes. Aestratégia proposta para isso foi convertero sistema tradicional de produção de bananas,cultura central na região, ao sistemaorgânico, favorecen<strong>do</strong> a comercializaçãoem merca<strong>do</strong>s diferencia<strong>do</strong>s.O projeto articula diretamente 75 famílias eé gerencia<strong>do</strong> por um comitê composto porrepresentantes <strong>da</strong>s diversas associaçõesparticipantes, de grupos de agricultoresecologistas e <strong>do</strong> Centro Ecológico. Além <strong>da</strong>implantação <strong>do</strong> novo paradigma de cultivo,os agricultores estruturaram uma uni<strong>da</strong>dede beneficiamento de banana que, após encontrarmerca<strong>do</strong> para banana-passa, <strong>do</strong>cese geléias, começa a produzir suco de açaí apartir <strong>da</strong> semente <strong>da</strong> Jussara, palmeira bastanteameaça<strong>da</strong> na região.Os principais desafios que os agricultoresecologistas e o Centro Ecológico têm pelafrente são vencer a resistência de algunsprodutores ao elemento arbóreo no bananale atender às deman<strong>da</strong>s <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> deforma organiza<strong>da</strong>, sem comprometer a sustentabili<strong>da</strong>deambiental <strong>da</strong>s áreas planta<strong>da</strong>se <strong>do</strong>s remanescentes de <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>na região. Porém, os resulta<strong>do</strong>s ambientaisjá se tornam visíveis: é possível observaraumento na biodiversi<strong>da</strong>de dentro <strong>do</strong>s bananais,assim como a diminuição <strong>do</strong> uso deagrotóxicos.21


Ativi<strong>da</strong>des principais ecumprimento de metasDDos <strong>do</strong>ze projetos estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s, a grandemaioria – quase nove projetos (8,76), ou73% <strong>do</strong> total – atingiram de 81 a 100% <strong>da</strong>smetas previstas. Essa análise foi feita consideran<strong>do</strong>o perío<strong>do</strong> previsto para alcance <strong>da</strong>smetas no momento <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> – os projetosnão estavam to<strong>do</strong>s no mesmo patamar deexecução, haven<strong>do</strong> aqueles já termina<strong>do</strong>s,outros em sua fase final e outros ain<strong>da</strong> naprimeira parte de seu cronograma de realizaçãode ativi<strong>da</strong>des. O gráfico abaixo demonstraum alto grau de cumprimento demetas, com 10,92 projetos alcançan<strong>do</strong> de61 a 100% <strong>da</strong>s metas, e apenas um projeto,que representa 9% <strong>do</strong> universo pesquisa<strong>do</strong>,com baixo grau de cumprimento de metas– que realizou entre 21% e 40% <strong>do</strong> previsto.To<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>ze projetos realizaram ativi<strong>da</strong>desde educação ambiental, emboracom conceitos diferentes. A maioria deles(83%) trabalhou com reflorestamento,capacitação em técnicas agroecológicase ativi<strong>da</strong>des relaciona<strong>da</strong>s a uni<strong>da</strong>des deconservação. Ações relaciona<strong>da</strong>s a sistemasagroflorestais foram desenvolvi<strong>da</strong>s em 75%<strong>do</strong>s projetos analisa<strong>do</strong>s, e 25% deles trabalharamcom beneficiamento e comercialização<strong>da</strong> produção. O gráfico ao la<strong>do</strong> mostraa ocorrência <strong>da</strong>s principais ativi<strong>da</strong>des noconjunto <strong>do</strong>s projetos estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s.22


1. Êxito e insucesso:Na pista <strong>do</strong>s fatoresdeterminantesOOs <strong>do</strong>ze projetos visita<strong>do</strong>s nos dão pistassobre quais fatores decisivamente colaborampara o êxito de uma iniciativa ou cujaausência contribui para o insucesso de umaexperiência. Claro que sempre há o imponderável.Há condições que são subjetivas enão se deve menosprezar o papel que têmas pessoas no êxito ou no fracasso de umprojeto. E pessoas são mun<strong>do</strong>s; trazem característicasúnicas e podem desequilibrarsituações.Também é sabi<strong>do</strong> que não se pode trataresses aspectos de êxito ou de insucessocomo absolutos. Ca<strong>da</strong> projeto é um universoonde tu<strong>do</strong> acontece mistura<strong>do</strong>. Emcertas condições, alguns fatores colaborammais para o êxito que em outras. Nenhumprojeto está isento de situações que dificultamsua implementação. No entanto,é possível identificar fatores que sempresomam nos processos e aqueles que devemser evita<strong>do</strong>s.24O estu<strong>do</strong> desses <strong>do</strong>ze projetos aponta algumaspistas, descritas a seguir.


Encontrar a motivação certaA motivação é um fator fun<strong>da</strong>mental paraque as pessoas “comprem” a idéia <strong>do</strong> projetoe efetivamente se envolvam em sua realização.Se o projeto insiste em motivaçõesque não coincidem com as necessi<strong>da</strong>des oucom os sonhos <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des e pessoasenvolvi<strong>da</strong>s, vai ter muita dificul<strong>da</strong>de parafuncionar. Isso envolve:Responder a questões prementesNos casos estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s, uma motivaçãoacerta<strong>da</strong> se dá quan<strong>do</strong> o projeto buscaresponder a questões que são prementespara as comuni<strong>da</strong>des. No projeto Reflorar, apalavra motiva<strong>do</strong>ra é “água”; no projeto <strong>da</strong>AS-PTA e também no Reflorar, a questão é anecessi<strong>da</strong>de de lenha; é uma necessi<strong>da</strong>de etem funciona<strong>do</strong> como um forte motiva<strong>do</strong>r.No caso <strong>do</strong>s guarani, por exemplo, a motivaçãoé sobretu<strong>do</strong> cultural, fruto de suacosmovisão: escatologicamente, buscam aTerra Sem Males e a destruição <strong>da</strong> naturezaé o mais distante que pode haver disso. NoMandira, o projeto surgiu como uma reação<strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de ao risco que o uso abusivo<strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong> meio natural – no caso, aextração de ostras – poderia trazer para elespróprios, num futuro não muito distante.Responder à questão econômicaEsta é outra forte motivação detecta<strong>da</strong>.Isso pode significar que o projeto propõealguma possibili<strong>da</strong>de de retorno econômicopara as pessoas envolvi<strong>da</strong>s, seja em aumentode ren<strong>da</strong> ou em economia (deixar degastar, ou gastar menos em certos itens).Quatro <strong>do</strong>s projetos visita<strong>do</strong>s estabeleceramobjetivos claramente defini<strong>do</strong>s nosenti<strong>do</strong> <strong>do</strong> aumento de ren<strong>da</strong> <strong>da</strong>s famíliasenvolvi<strong>da</strong>s: o de Mandira, produção, beneficiamentoe comercialização de ostras; o <strong>do</strong>sguarani, exploração <strong>do</strong> eco-etno-turismo; ode Ivaporunduva, destina<strong>do</strong> a agregar valorà produção de banana; e o <strong>da</strong> AS-PTA, deprodução, beneficiamento e comercialização<strong>da</strong> erva-mate.Outros definiram objetivos que indiretamenterepresentavam ganho econômico,seja por aumento de ren<strong>da</strong> ou por diminuiçãode gastos: o <strong>do</strong> MMTR, com os cursose plantios que possibilitam melhoria alimentare manejo de plantas medicinais; o<strong>do</strong> Centro Ecológico, com os quintais agroflorestais;o <strong>da</strong> Biodiversitas, com melhoriaalimentar e redução de gastos com insumosquímicos para o café.Alguns ain<strong>da</strong>, como o Reflorar e o <strong>da</strong> Apremavi,derivaram para ativi<strong>da</strong>des gera<strong>do</strong>rasde ren<strong>da</strong> ou de economia para as famílias:ecoturismo e organização para escoamento<strong>da</strong> produção, no caso <strong>da</strong> Apremavi, e o trabalhocom SAFs que possam produzir lenhaa partir <strong>do</strong> manejo <strong>da</strong>s árvores, além de frutase de outros produtos economicamenteatraentes para os produtores, no caso <strong>do</strong>Reflorar, em que o projeto foi incorporan<strong>do</strong>ca<strong>da</strong> vez mais esse elemento de SAF a partirde reflexão sobre a prática.Responder a desejos e sonhosO projeto “decola” mais facilmente quan<strong>do</strong>consegue chegar naquele ponto escondi<strong>do</strong>que faz o coração <strong>da</strong>s pessoas bater commais entusiasmo. Quan<strong>do</strong> toca em questõesprofun<strong>da</strong>s e queri<strong>da</strong>s pelas pessoas. Quan<strong>do</strong>lhes propõe uma janelinha para realizarseus sonhos. Quan<strong>do</strong> lhes traz alegria e prazer.Alguns depoimentos colhi<strong>do</strong>s duranteas avaliações revelam esse sentimento:25


“Esperamos ver nossos filhos falan<strong>do</strong> a língua,conservan<strong>do</strong> a cultura e fican<strong>do</strong> nestelugar” (depoimento guarani)“É bonito ver as flores, os passarinhos, ficarna sombra <strong>da</strong> mata… Morar na roça e nãoter isso, não tem graça” (Lili, parceira e lídersindical, Reflorar, Bahia)Participação e apropriação <strong>da</strong>proposta pela comuni<strong>da</strong>deParticipaçãoIdealmente, deve ser efetiva desde a concepção,passan<strong>do</strong> pelo planejamento, execução,monitoria e avaliação <strong>da</strong>s ações <strong>do</strong>projeto. Na prática, situações concretas departicipação a partir <strong>da</strong> etapa de planejamentosão mais freqüentes <strong>do</strong> que a partir<strong>da</strong> concepção.Dos <strong>do</strong>ze projetos visita<strong>do</strong>s, sete 1 fazemreferência explícita a esse fator e um outro,o Reflorar, reconhece que o projeto estáin<strong>do</strong> bem porque, embora não tenha si<strong>do</strong>pensa<strong>do</strong> com os beneficiários, desenvolveupráticas de avaliação conjunta e foi “a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>”pela comuni<strong>da</strong>de e por suas enti<strong>da</strong>desrepresentativas.Essa participação envolve toma<strong>da</strong> dedecisões, pelo menos em alguns níveis,de forma conjunta. Os níveis podem variarde acor<strong>do</strong> com o tipo de instituiçãoproponente/executora e com a próprianatureza <strong>do</strong> projeto. Há situações em queisso se faz dentro <strong>da</strong> própria comuni<strong>da</strong>de,quan<strong>do</strong> esta é a executora e a proponente<strong>do</strong> projeto; e outras em que o processo sedá entre a instituição proponente, os responsáveispela assistência técnica e os executoresdiretos. Decidir de forma conjunta éfun<strong>da</strong>mental para que as pessoas se sintammais “<strong>do</strong>nas” <strong>do</strong> projeto.O uso de meto<strong>do</strong>logias que favoreçam aparticipação é um fator identifica<strong>do</strong> comoextremamente importante nesses oitoprojetos. Ca<strong>da</strong> grupo ou enti<strong>da</strong>de encontrasuas próprias meto<strong>do</strong>logias; o que importaé que de fato sejam instrumentos para facilitara participação informa<strong>da</strong> <strong>da</strong>s pessoas.No caso <strong>do</strong>s guarani, por exemplo, a execução<strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des propostas no projetotem funciona<strong>do</strong> bem porque tem segui<strong>do</strong>a lógica e a estrutura guarani de tomardecisões e realizar tarefas. O CTI – Centrode Trabalho Indigenista, responsável pelaproposta, tem ti<strong>do</strong> a sensibili<strong>da</strong>de e a maturi<strong>da</strong>dede se a<strong>da</strong>ptar a essa lógica.O exercício de levantar as deman<strong>da</strong>s como uso de um instrumento participativo dediagnóstico é reconheci<strong>do</strong> como um fatorpositivo, embora possa gerar alguma frustraçãopela brecha entre a quanti<strong>da</strong>de dedeman<strong>da</strong>s e necessi<strong>da</strong>des e a capaci<strong>da</strong>deatual <strong>do</strong> projeto de <strong>da</strong>r respostas a elas.Vale a pena refletir sobre o papel <strong>do</strong>s projetospontuais nesses processos. É muitoimportante não perder de vista que, emtrabalhos com comuni<strong>da</strong>des, e, sobretu<strong>do</strong>,com comuni<strong>da</strong>des tradicionais e indígenas,os processos são longos e os projetos representamapenas episódios que catalisam aação em determina<strong>do</strong>s momentos. É fun<strong>da</strong>mentalpensar na perspectiva de processos,mais além <strong>do</strong> horizonte <strong>do</strong>s projetos.1 Sâo eles: Ivaporunduva, AS-PTA, Mandira, Guarani/CTI, Centro Ecológico, MMTR e Biodiversitas.26


Momentos de planejamento e de avaliaçãoparticipativos, quan<strong>do</strong> são sistematicamenterealiza<strong>do</strong>s, dão mais profundi<strong>da</strong>de e confiançaaos processos. Os projetos <strong>da</strong> AS-PTAe <strong>da</strong> Biodiversitas oferecem exemplos interessantesde monitoramento participativo,tanto <strong>da</strong> execução <strong>do</strong> projeto como umto<strong>do</strong>, quanto de aspectos técnicos específicos,com a utilização de meto<strong>do</strong>logiasque podem ser interessantes para outrassituações, como as meto<strong>do</strong>logias de monitoramentoparticipativo desenvolvi<strong>da</strong>s poralgumas <strong>da</strong>s instituições <strong>da</strong> rede PTA.Por outro la<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> não se dão processosparticipativos ou quan<strong>do</strong> não há essapreocupação desde o início, o projeto tendea não se desenvolver bem. O exemplomais evidente é o <strong>da</strong> SPVS, no qual esta faltade mecanismos participativos é detecta<strong>da</strong>como a principal falha. Outro projeto quenão se preocupou em garantir participaçãoe cujo trabalho de articulação foi facilmentedesmonta<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> mu<strong>do</strong>u o cenáriopolítico estadual foi o <strong>da</strong> Avidepa, demonstran<strong>do</strong>fragili<strong>da</strong>de no aspecto <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>decivil. Esse fator, alia<strong>do</strong> a outros fatores, temresulta<strong>do</strong> em per<strong>da</strong>s ou na falta de continui<strong>da</strong>de<strong>da</strong>s ações <strong>do</strong>s projetos após otérmino <strong>do</strong> financiamento.Comuni<strong>da</strong>de como sujeito principal <strong>do</strong>processoQuan<strong>do</strong>, além de participar desde a concepção<strong>do</strong> projeto, a comuni<strong>da</strong>de tambémé a responsável por sua execução ou pelagestão <strong>do</strong> empreendimento, ocorrem ganhosem segurança, em efetiva capaci<strong>da</strong>detécnica e de gestão e em auto-estima. É ocaso <strong>do</strong> Mandira e <strong>do</strong>s projeto <strong>do</strong> MMTR e<strong>da</strong> AS-PTA.Quan<strong>do</strong> não é uma comuni<strong>da</strong>de, mas umaorganização <strong>do</strong> movimento popular, <strong>do</strong>tipo MMTR, a proposta <strong>do</strong>s projetos ganhaforça de difusão pela capilari<strong>da</strong>de dessesmovimentos. O Reflorar também consideraum fator de êxito trabalhar junto com osSTRs para chegar ao produtor.OrganizaçãoPara que a participação seja efetiva ou quea gestão própria funcione bem, é fun<strong>da</strong>mentalaumentar o nível de organização<strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des ou grupos. Quan<strong>do</strong> essaorganização é forte ou se fortalece com oprojeto, a tendência é que este avance maise melhor. Exemplos claros são os projetos<strong>do</strong> MMTR, <strong>da</strong> AS-PTA e <strong>do</strong> Centro Ecológico,entre outros.A organização se reflete em processos legítimosde toma<strong>da</strong>s de decisão e em organização<strong>do</strong> trabalho de campo, ou de implementação<strong>da</strong>s ações previstas no projeto.Criação de grupos de trabalho, de comitêsgestores, de agentes multiplica<strong>do</strong>res, deresponsáveis por uni<strong>da</strong>de demonstrativas,etc., são exemplos de organização internaencontra<strong>do</strong>s por grupos ou comuni<strong>da</strong>desestrutura<strong>do</strong>s e fortaleci<strong>do</strong>s para executar asativi<strong>da</strong>des <strong>do</strong> projeto.Assistência Técnica,Capacitação e SoluçõesAdequa<strong>da</strong>sAssistência TécnicaHá distintas situações de assistência técnica:quan<strong>do</strong> ela é provi<strong>da</strong> pela enti<strong>da</strong>de proponenteou responsável pelo projeto; quan<strong>do</strong>ela é provi<strong>da</strong> pelos órgãos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, ain<strong>da</strong>27


que de forma complementar; e quan<strong>do</strong> elaé provi<strong>da</strong> pela própria comuni<strong>da</strong>de, que secapacita para isso.Uma relação de respeito e de confiançaentre a equipe técnica e a comuni<strong>da</strong>de ouos produtores é fun<strong>da</strong>mental. Exemplosmarcantes vêm <strong>do</strong>s projetos guarani/CTI,Reflorar, AS-PTA e Biodiversitas, que mostraramter desenvolvi<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong> tempouma relação de contato estreito e respeitomútuo.A proximi<strong>da</strong>de física e cultural <strong>da</strong> equipecom as comuni<strong>da</strong>des também é importante.Morar no local, ou fazer visitas sistemáticas,com tempo para realmente dialogarcom as pessoas, torna-se decisivo para oêxito <strong>da</strong>s iniciativas.Mais importante ain<strong>da</strong> parece ser o comprometimentodessas equipes técnicas.Quan<strong>do</strong> elas estão de fato engaja<strong>da</strong>s nosprocessos, os resulta<strong>do</strong>s são visíveis. Nocaso <strong>do</strong> projeto Mandira, o apoio <strong>do</strong> Institutode Pesca e <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção Florestal <strong>do</strong>esta<strong>do</strong> são destaques positivos. No caso<strong>do</strong> Reflorar, <strong>do</strong> Centro Ecológico, <strong>da</strong> AS-PTAe <strong>da</strong> Biodiversitas, a serie<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s instituiçõesparceiras na assistência técnica tornaseevidente na consistência <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>salcança<strong>do</strong>s.Mas o contrário também acontece e revelasefator decisivo para o insucesso. Há situaçõesem que a assistência técnica tem umavisão convencional, contrária muitas vezesà proposta <strong>do</strong> projeto. Isso ocorreu com aEmater na região <strong>do</strong> projeto <strong>da</strong> Biodiversitas,que se posicionou contrária ao plantiode qualquer árvore no meio <strong>do</strong> cafezal. Jáno caso <strong>do</strong> projeto desenvolvi<strong>do</strong> pela SPVS,os produtores sentiram-se aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>s epraticamente não houve assistência técnica.No projeto de Ivaporunduva, os técnicosmostram-se mais preocupa<strong>do</strong>s com a parteadministrativa <strong>do</strong> que com os desafiostécnicos <strong>do</strong> projeto. No caso <strong>do</strong> CentroEcológico, também há necessi<strong>da</strong>de de maisatenção técnica para os processos de diversificação<strong>do</strong>s bananais.Itinerário técnico adequa<strong>do</strong>A conjunção entre comuni<strong>da</strong>de organiza<strong>da</strong>,meto<strong>do</strong>logias participativas e boa equipetécnica resulta altamente favorável e costumatraduzir-se em itinerários técnicos apropria<strong>do</strong>spara os projetos. Bom exemplo vem<strong>do</strong> Mandira, em que as soluções técnicasa<strong>do</strong>ta<strong>da</strong>s têm demonstra<strong>do</strong> uma relaçãocusto-benefício favorável.Um <strong>do</strong>s papéis <strong>da</strong> equipe técnica é buscarsoluções para os desafios que o projetoassume. Como demonstrativos, to<strong>do</strong>s elesbuscam comprovar, na prática, a viabili<strong>da</strong>dede algum conceito ou meto<strong>do</strong>logia.Claramente, os projetos <strong>da</strong> Apremavi, <strong>da</strong>Biodiversitas e o Reflorar estão buscan<strong>do</strong>sistematizar suas experiências de mo<strong>do</strong> aoferecer modelos de recuperação e reflorestamentoque sejam mais viáveis para osprodutores.Por outro la<strong>do</strong>, a não realização ou descontinui<strong>da</strong>dede ações previstas, ao longo<strong>da</strong> execução <strong>do</strong> projeto, geram resulta<strong>do</strong>sinsuficientes, descrédito e frustração nascomuni<strong>da</strong>des e entre os produtores envolvi<strong>do</strong>s,como ocorreu no projeto <strong>da</strong> SPVS.Para as equipes técnicas, ter a visão e aflexibili<strong>da</strong>de para a<strong>da</strong>ptar o planejamento,enfrentar os problemas quan<strong>do</strong> surgem ebuscar as novas soluções constitui um desafiopermanente.28


Capacitação e intercâmbioO intercâmbio é uma forma de capacitação;o destaque no título se justifica por ser uminstrumento extremamente eficaz e pelopotencial que tem o PDA de incentivarintercâmbios entre o universo de projetosque apóia. Essa é uma <strong>da</strong>s vocações <strong>do</strong>PDA – demonstrar, primeiro para o universointerno <strong>do</strong>s próprios projetos, onde e comoencontrar soluções para diferentes situações,sem ter que reinventar a ro<strong>da</strong> continuamente.Esses intercâmbios são instrumentospoderosos, não só para as comuni<strong>da</strong>dese produtores rurais envolvi<strong>do</strong>s, como paraas equipes técnicas.Alguns projetos estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s ressaltam acapacitação como ativi<strong>da</strong>de principal oubase para to<strong>do</strong> o processo. Tal é o caso <strong>do</strong>sprojetos <strong>do</strong> MMTR, <strong>do</strong> Centro Ecológico, <strong>da</strong>Biodiversitas e <strong>da</strong> AS-PTA. O projeto <strong>do</strong> InstitutoTerra também investe fortemente emcapacitação, embora volta<strong>da</strong> para um públicodistinto, basicamente composto porforma<strong>do</strong>res de opinião <strong>da</strong>quela região deMinas (município de Aimorés, quase limitecom o Espírito Santo).No caso <strong>da</strong> AS-PTA, a meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong>“aprender-fazen<strong>do</strong>” em processos teóricopráticos,que se realizam nos “mutirões-escola”,destaca-se por privilegiar a expressão<strong>do</strong> conhecimento local e resulta na formaçãode agricultores-experimenta<strong>do</strong>res comalta capaci<strong>da</strong>de técnica.Articulação interinstitucionalO trabalho com enti<strong>da</strong>des <strong>do</strong> movimentopopular, ou com os sindicatos de trabalha<strong>do</strong>resrurais, tem grandes possibili<strong>da</strong>des de29


avançar, porque essas estruturas possuemgrande capilari<strong>da</strong>de e “portas de chega<strong>da</strong>”com os produtores. Pode-se observaros exemplos <strong>do</strong> Movimento de MulheresTrabalha<strong>do</strong>ras Rurais, o Centro Ecológico, aAS-PTA e o Reflorar.As parcerias são importantes e fortalecemas enti<strong>da</strong>des, poden<strong>do</strong> facilitar a execução<strong>do</strong>s projetos. Nem sempre, no entanto, issofunciona. A falta de vontade política podetransformar essas parcerias, embora formalmenteexistentes, em letra morta. Exemplo<strong>da</strong> Biodiversitas, em Minas Gerais. Mas podemser extremamente estimulantes, comonos casos <strong>da</strong> AS-PTA, <strong>do</strong> Centro Ecológico ede outros projetos.A articulação com instituições afins é fun<strong>da</strong>mental.Casos como o <strong>do</strong> Reflorar, emque o trabalho conjunto com o Ibama, coma Polícia Militar e com o <strong>Ministério</strong> Públicoestá <strong>da</strong>n<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>s concretos, ou o <strong>do</strong>sguarani, em que o <strong>Ministério</strong> Público agilizoua resolução de conflito fundiário antigoenvolven<strong>do</strong> a terra indígena, mostramque os projetos podem funcionar comopontes entre instituições e estímulo paraa formação de parcerias na resolução deproblemas.Essa articulação envolve também outrasONGs, instituições de pesquisa, universi<strong>da</strong>des,outros projetos, inclusive projetos PDA,e a participação em redes. Quan<strong>do</strong> não háessa preocupação de armar uma boa articulação,ou quan<strong>do</strong> esta não é sóli<strong>da</strong> o suficiente,repousan<strong>do</strong> nas bases de aliançaspessoais ou de uma situação política que éinstável, o risco de descontinui<strong>da</strong>de e per<strong>da</strong><strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s é muito grande, como nocaso <strong>da</strong> Avidepa.A boa articulação também pode resultarem novos financiamentos, ampliação defontes de recursos e de parceiros técnicose financeiros para o projeto, a enti<strong>da</strong>de oua comuni<strong>da</strong>de.Entorno favorávelA presença, na região, de pessoas ou gruposfavoráveis à proposta é altamente benéfica.Às vezes esses grupos e pessoas existem,mas estão desarticula<strong>do</strong>s, e o projeto funcionacomo um vetor que potencializa essaforça, como no caso <strong>do</strong> Reflorar. Outras vezes,essa situação não está <strong>da</strong><strong>da</strong> inicialmente,mas vai se crian<strong>do</strong> com a implementação<strong>do</strong> projeto.Há casos especiais, como o <strong>do</strong> InstitutoTerra, que se articula em torno <strong>do</strong> nome deSebastião Salga<strong>do</strong>, o que lhe abre muitasportas. De qualquer maneira, a presença depessoas forma<strong>do</strong>ras de opinião e que sejamfavoráveis à proposta <strong>do</strong> projeto é semprefavorável.Mas a questão <strong>do</strong> entorno se traduz tambémna mentali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> região, na culturapre<strong>do</strong>minante e na situação ambiental emque se inserem os projetos. Muitos estãolocaliza<strong>do</strong>s em situações desfavoráveis,regiões locais onde a cultura <strong>da</strong> pecuáriae <strong>do</strong> pasto pre<strong>do</strong>minam, regiões devasta<strong>da</strong>s,com poucos vestígios de mata. Mu<strong>da</strong>ra mentali<strong>da</strong>de desse entorno, pelo menosparcialmente, constitui o grande desafiodesses projetos. E o caminho para isso é o<strong>da</strong> demonstração, por um la<strong>do</strong>, e o <strong>da</strong> educaçãoambiental, por outro.30


Resulta<strong>do</strong>s concretosO efeito demonstrativo funciona como elementomotiva<strong>do</strong>r. E isso só ocorre quan<strong>do</strong> oprojeto tem resulta<strong>do</strong>s concretos para apresentar.Com resulta<strong>do</strong>s concretos, a motivaçãoaumenta, há mais adesão e começa ahaver mu<strong>da</strong>nças de mentali<strong>da</strong>de. Trabalharcom parcelas ou uni<strong>da</strong>des demonstrativasé fun<strong>da</strong>mental para que as pessoas possamver e sentir que é possível, viável e vantajosomu<strong>da</strong>r.Educação ambiental e difusãode resulta<strong>do</strong>sO trabalho de educação ambiental, que emmuitos projetos se traduz em mobilização,articulação, promoção de cursos e eventose produção de materiais didáticos ou decomunicação, é um fator prioritário parao sucesso <strong>da</strong>s iniciativas, já que promoveprocessos de mu<strong>da</strong>nça. Mu<strong>da</strong>nça de mentali<strong>da</strong>de,de hábitos, de atitudes. Mu<strong>da</strong>nçana forma de produzir.Os projetos que se pretendem demonstrativosdevem prever no orçamento recursosespecíficos para realizar essas ativi<strong>da</strong>des deeducação e de difusão de resulta<strong>do</strong>s. Estasdevem ser entendi<strong>da</strong>s de forma ampla,desde a mobilização, a articulação, o reforçoà organização, cursos, seminários, eventosdiversos, visitas, intercâmbios, produçãode materiais impressos e audiovisuais e suaveiculação e distribuição.Os projetos <strong>da</strong> AS-PTA, <strong>do</strong> MMTR, <strong>da</strong>Apremavi, <strong>do</strong> Reflorar e <strong>do</strong> Instituto Terrademonstram bem que, quan<strong>do</strong> essas ativi<strong>da</strong>dessão coloca<strong>da</strong>s de forma centralno projeto, empurram a proposta para afrente.31


2. Dificul<strong>da</strong>des e Tropeços:Enfrentamentos necessáriosEEm seu caminho, to<strong>do</strong>s os projetos enfrentamproblemas e dificul<strong>da</strong>des. Os níveis eas características desses problemas variamenormemente. A avaliação realiza<strong>da</strong> levantouessas dificul<strong>da</strong>des em grandes eixos emtorno <strong>do</strong>s quais giram as principais dificul<strong>da</strong>desvivencia<strong>da</strong>s no dia-a-dia <strong>do</strong>s projetosestu<strong>da</strong><strong>do</strong>s. No entanto, é importante lembrarque os projetos não vivenciam sempreas mesmas dificul<strong>da</strong>des ou, se as vivenciam,é sempre de forma diferente. Também ébom lembrar que as soluções variam emca<strong>da</strong> caso – afinal, ca<strong>da</strong> buraco ensina umtombo diferente.32Em relação aos proponentes eexecutoresQuan<strong>do</strong> o proponente não é o próprio executor<strong>da</strong> proposta, alguns obstáculos realmentedificultam o alcance <strong>da</strong>s metas. Entreestes se podem citar: o fato de não encontrarmecanismos apropria<strong>do</strong>s para chegarao público beneficiário de suas ações; ou


de não manter continui<strong>da</strong>de na presença enas ações; de não criar mecanismos reais departicipação <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de; ou de não tercapaci<strong>da</strong>de para estabelecer uma relaçãode confiança com a profundi<strong>da</strong>de necessária.Exemplos de projetos que enfrentaramobstáculos dessa ordem são os desenvolvi<strong>do</strong>spela Avidepa e pela SPVS, que tiveramsua continui<strong>da</strong>de comprometi<strong>da</strong>.Em relação aos projetosÉ importante saber estimar bem as metas.Quan<strong>do</strong> isso não ocorre (casos <strong>do</strong> Reflorar e<strong>da</strong> SPVS) há dificul<strong>da</strong>des na execução. Claroque este é um problema que se pode corrigir- e que, efetivamente, os projetos cita<strong>do</strong>scorrigiram - mas demonstra a necessi<strong>da</strong>dede se ter planejamentos iniciais mais realistas.Para isso, é preciso contar com técnicosexperientes, buscar exemplos práticos etrabalhar com meto<strong>do</strong>logias participativas.Dessa forma, o risco de errar fica menor.Em relação ao produtor e àcomuni<strong>da</strong>deNos projetos <strong>do</strong> Gambá/Reflorar (BA) e <strong>do</strong>Centro Ecológico (RS) detectou-se o mesmoproblema: um certo me<strong>do</strong> <strong>do</strong> produtor de“perder” sua terra (ou a possibili<strong>da</strong>de deexplorá-la) se fizer o reflorestamento. Isso sedeve, em parte, ao desconhecimento <strong>da</strong> legislaçãoambiental, mas também à desconfiançanatural <strong>do</strong> pequeno produtor familiariza<strong>do</strong>com a cultura <strong>do</strong> desmatamento.A falta de <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> pequeno produtorsobre a cadeia produtiva e sua descapitalizaçãosão fatores problemáticos para aimplementação de novas propostas.Quan<strong>do</strong> um produtor desanima e desistede seguir com o reflorestamento, gera per<strong>da</strong>de energia, de tempo e de investimentoe cria um exemplo negativo. Na região <strong>do</strong>Reflorar (Recôncavo Baiano), isso ocorremais freqüentemente com os médios egrandes proprietários. Como a maior parte<strong>do</strong>s que aderem ao projeto são pequenosproprietários, as áreas refloresta<strong>da</strong>s tambémsão pequenas, sem grande impactoem termos de escala, embora com muitoefeito demonstrativo e muito significativasno contexto em que se dão.A falta de <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> pequeno produtorsobre a cadeia produtiva e sua descapitalizaçãotambém constituem obstáculos àimplementação de propostas inova<strong>do</strong>ras.Como estas ain<strong>da</strong> precisam ser testa<strong>da</strong>s enão têm resulta<strong>do</strong>s comprova<strong>do</strong>s, os produtoressentem-se desencoraja<strong>do</strong>s, poisqualquer resulta<strong>do</strong> negativo pode comprometera sua sobrevivência imediata.Em relação àinterinstitucionali<strong>da</strong>deMuitas vezes a situação política municipalou estadual, que inicialmente era favorávelao projeto, mu<strong>da</strong>. Nesse caso, pode haverdificul<strong>da</strong>des reais graves, sobretu<strong>do</strong> se estedepende muito <strong>da</strong> parceria com o Esta<strong>do</strong>. Éo caso emblemático <strong>da</strong> Avidepa, no EspíritoSanto, em que a mu<strong>da</strong>nça <strong>do</strong> cenáriopolítico estadual fez ruir to<strong>do</strong> o trabalhoarticula<strong>do</strong> com o órgão estadual de meioambiente.No caso <strong>do</strong> projeto <strong>da</strong> Biodiversitas, emMinas Gerais, onde, apesar de estar inseri<strong>do</strong>em uma iniciativa maior – no Projeto Doces<strong>Mata</strong>s, uma articulação entre órgãos <strong>do</strong> es-33


ta<strong>do</strong> e GTZ – a execução <strong>da</strong> proposta sofreurestrições devi<strong>do</strong> ao difícil relacionamentocom as instituições estaduais (Emater e IEF),que não conseguiram incorporar uma posturae uma prática participativas, geran<strong>do</strong>dificul<strong>da</strong>des na execução <strong>da</strong> proposta. Emmenor escala, este também foi um problemaenfrenta<strong>do</strong> pelo Reflorar com a prefeiturade Amargosa (BA), que a princípioapoiava o projeto, mas depois mu<strong>do</strong>u deorientação política e retraiu-se em relaçãoao Reflorar, obrigan<strong>do</strong> a equipe a buscarnovas saí<strong>da</strong>s, mu<strong>da</strong>r sua estratégia e dirigirseus esforços para o aprofun<strong>da</strong>mento deoutras parcerias.Em relação ao uso demeto<strong>do</strong>logias participativas, àgeração e à administração dedeman<strong>da</strong>sO uso de meto<strong>do</strong>logias participativas dediagnóstico e de planejamento é, sem dúvi<strong>da</strong>,o mais acerta<strong>do</strong> no trabalho com comuni<strong>da</strong>dese famílias. No entanto, pode gerarfrustrações, porque levanta, em geral, umaquanti<strong>da</strong>de muito grande de deman<strong>da</strong>s eo projeto só pode atuar em parte delas. Oexemplo mais claro é o <strong>da</strong> Biodiversitas, masisso também ocorre no Reflorar, no projeto<strong>da</strong> AS-PTA e em outros. No entanto, soluçõescriativas são também encontra<strong>da</strong>s: no <strong>da</strong>Biodiversitas, formaram-se comissões paracomeçar a se preocupar com as diferentesdeman<strong>da</strong>s; no caso <strong>do</strong> Reflorar, o projeto incentivaos STRs a proporem novos projetoscomplementares, de produção sustentável;no <strong>da</strong> AS-PTA, o diagnóstico apontou umanova área de atuação – a saúde – e o projetoacolheu bem a proposta, forman<strong>do</strong> pessoas34


em medicina alternativa com base no usode plantas medicinais. Neste caso, o projetoampliou sua ação e ganhou mais simpatia.Em relação a respostastécnicas adequa<strong>da</strong>sAqui há várias possibili<strong>da</strong>des de tropeços: aassistência técnica pode ser desprepara<strong>da</strong>(caso Ivaporunduva); desvia<strong>da</strong> <strong>da</strong>s funçõestécnicas para outras mais administrativas,por falta de quem assuma essa parte(caso Ivaporunduva); sem compromissoou ausente (caso SPVS) ou ain<strong>da</strong> opostaà proposta <strong>do</strong> projeto (Emater, no caso <strong>da</strong>Biodiversitas).O custo de implantação e de manutenção<strong>da</strong>s áreas refloresta<strong>da</strong>s é alto para o pequenoprodutor, embora seja mais baixo queo pratica<strong>do</strong> por outras empresas no país.Encontrar soluções que tornem esse customenor e mais atraente é o grande desafio.Exemplos significativos vêm <strong>do</strong> Reflorar, <strong>do</strong>projeto <strong>do</strong> Instituto Terra e <strong>da</strong> Apremavi.Quan<strong>do</strong> a equipe técnica não conhece muitobem os produtos, cultivos ou elementos<strong>da</strong> cadeia produtiva que está manejan<strong>do</strong>,corre o risco de embarcar em propostastecnicamente inviáveis ou com custo-benefíciodesfavorável. Tal alerta vem <strong>do</strong> projetode Ivaporunduva, na questão <strong>do</strong>s bananais.Em relação a gestão ecomercializaçãoÉ importantíssimo escolher bem o gerente<strong>do</strong> empreendimento industrial/comercial,sob o risco de se perder to<strong>do</strong> o esforço produtivo<strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de. O caso de Mandiraé claro: com a demissão <strong>do</strong> gerente, que eraum profissional contrata<strong>do</strong>, os próprios cooperativa<strong>do</strong>sassumiram a responsabili<strong>da</strong>degerencial. Com isso, conseguiram estancar oproblema de improbi<strong>da</strong>de administrativa.Mas nem sempre esta solução é a mais interessante,porque não necessariamente umbom presidente de cooperativa ou de associação,ou qualquer outro de seus membros,torna-se um bom gerente de empresa. Sãoatribuições diferentes. Mas uma escolhaequivoca<strong>da</strong> <strong>da</strong> pessoa para gerenciar o negóciorepresenta, de fato, um grave risco.No projeto Mandira, a concorrência <strong>do</strong>satravessa<strong>do</strong>res e <strong>da</strong> exploração clandestinade ostras com a legaliza<strong>da</strong> ain<strong>da</strong> é umproblema que pesa na comercialização <strong>do</strong>produto.Em relação às políticaspúblicas e à atuação <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong>A burocracia estatal para obtenção de licençase registros é difícil, pesa<strong>da</strong> e lenta.Os projetos passam por experiências desanima<strong>do</strong>rasnessa via crucis, mas chegam lá.Veja-se o projeto Mandira, que conseguiupassar por to<strong>da</strong> a epopéia e ter to<strong>do</strong>s osregistros e licenças necessários. A queixa éem relação ao tamanho <strong>do</strong> esforço que sedespende nessa labuta burocrática.Outra área em que a atuação estatal é, senão omissa, pelo menos lenta, é na regularizaçãofundiária. A existência de conflitosnessa área pode impedir a implementaçãode propostas ou de partes delas. Os guaranique o digam! Quan<strong>do</strong> começavam a construirsua Casa de Cultura, tiveram a obra35


interrompi<strong>da</strong> por um suposto “<strong>do</strong>no” <strong>do</strong>terreno que fica dentro <strong>da</strong> terra indígena,o que significou um atraso grande na execução<strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des planeja<strong>da</strong>s. Tambémo projeto Mandira – em área reconheci<strong>da</strong>de quilombo – sofreu com a morosi<strong>da</strong>deburocrática nos procedimentos finais deaprovação <strong>da</strong> reserva extrativista, que éa figura legal para a proprie<strong>da</strong>de coletiva<strong>da</strong> terra, e para cuja implantação o projetocontribuiria.Em relação à ampliação oucontinui<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s propostasAlguns custos <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des previstas sãoinicialmente subsidia<strong>do</strong>s pelos projetos,mas depois, como fica a situação? É o caso<strong>da</strong> produção e <strong>da</strong> distribuição de mu<strong>da</strong>s <strong>do</strong>Reflorar. Como manter a estratégia de reflorestamentoem parceira com os proprietários<strong>da</strong>s terras, que entram com a mão-de-obra e os tratos culturais, se as mu<strong>da</strong>s e aassistência técnica, hoje subsidia<strong>da</strong>s, nãopuderem mais ser ofereci<strong>da</strong>s pelo projeto?O custo de implantação e de manutenção<strong>da</strong>s áreas refloresta<strong>da</strong>s pode ser proibitivopara o pequeno produtor descapitaliza<strong>do</strong>.É importante ter uma clara relação custobenefício.Ain<strong>da</strong> nessa linha, a falta de instrumentosde valoração econômica ou deincentivo para os produtores reflorestaremé um ver<strong>da</strong>deiro empecilho à ampliação<strong>da</strong>s propostas – não há políticas públicasque respon<strong>da</strong>m a isso. O desconto <strong>do</strong> ITR éabsolutamente insignificante e não funcionacomo motiva<strong>do</strong>r.36


3. Economia, <strong>Meio</strong> <strong>Ambiente</strong>e Quali<strong>da</strong>de de Vi<strong>da</strong>:Benefícios concretosOs <strong>do</strong>ze projetos visita<strong>do</strong>s apresentam umagama de benefícios econômicos, sociais eambientais que têm reflexo imediato namelhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s populaçõesenvolvi<strong>da</strong>s. Embora seja quase semprepossível identificar claramente os indíciosdessa melhoria de quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>, nemsempre é possível quantificá-la.A melhor indicação de que os benefícios sãoreais é <strong>da</strong><strong>da</strong> pelos próprios beneficiários ouenvolvi<strong>do</strong>s na execução <strong>do</strong>s projetos – umtotal de 1.186 famílias. Foram eles que procurarammostrar as mu<strong>da</strong>nças que vieramcom as práticas trazi<strong>da</strong>s pelos projetos.Esse <strong>da</strong><strong>do</strong> suscita uma reflexão. Projetosque envolvem menos as comuni<strong>da</strong>des têmmenor impacto e benefícios menos visíveis;há uma relação direta entre trabalhar comgente, com pessoas, e a efetiva conservaçãoou recuperação <strong>do</strong> meio ambiente, trazen<strong>do</strong>ganhos para ambos: seres humanos enatureza.37


38Neste capítulo, trataremos de apontar osprincipais benefícios levanta<strong>do</strong>s pelas visitasaos projetos, categorizan<strong>do</strong>-os em: sociais,ambientais, no aumento de ren<strong>da</strong>, naeconomia em gastos e de despesas, na saúdee na alimentação, embora seja difícil – eàs vezes artificial – fazer essa categorização.Muitas vezes, o benefício é uma situaçãoglobal que mu<strong>da</strong> para melhor, sen<strong>do</strong> difícilestabelecer e isolar seus componentes. Mas,para efeito de análise, tentaremos trabalharcom as categorias cita<strong>da</strong>s acima, insistin<strong>do</strong>em que é preciso não perder a visão <strong>do</strong>to<strong>do</strong>, <strong>do</strong> conjunto, para contextualizar beme poder entender a magnitude <strong>do</strong>s benefíciosauferi<strong>do</strong>s.Ganhos sociaisVários relatórios de avaliação apontam ofortalecimento <strong>da</strong>s organizações proponentese/ou executoras e <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>desenvolvi<strong>da</strong>s como um primeiro benefíciovisível. As pessoas envolvi<strong>da</strong>s ressaltamesse aspecto como muito positivo. Além<strong>do</strong> fortalecimento <strong>do</strong> próprio grupo ou instituição,há o surgimento de novas organizações,o que também é considera<strong>do</strong> muitosignificativo. Instituições e comuni<strong>da</strong>desarticula<strong>da</strong>s, fortaleci<strong>da</strong>s e mais organiza<strong>da</strong>stendem a conseguir avançar na consecuçãode seus objetivos e a expandir experiênciasexitosas.O projeto <strong>do</strong> Movimento de Mulheres Trabalha<strong>do</strong>rasRurais, no Rio Grande <strong>do</strong> Sul,destaca o fortalecimento <strong>da</strong> auto-estima<strong>do</strong> movimento <strong>da</strong>s mulheres na região, comgrande potencial de disseminação de seusobjetivos e resulta<strong>do</strong>s junto a outros gruposno esta<strong>do</strong>, contribuin<strong>do</strong> para o própriofortalecimento <strong>da</strong> organização social <strong>do</strong>movimento de mulheres. A coordenação<strong>do</strong> projeto e as beneficiárias entrevista<strong>da</strong>savaliam que o projeto aju<strong>do</strong>u o MMTR amostrar para um público mais amplo suamissão e seus objetivos, viabilizan<strong>do</strong> comisso uma melhoria em sua estrutura e emseu funcionamento.O projeto <strong>da</strong> Apremavi (SC) destaca ofortalecimento <strong>do</strong>s produtores familiaresorganiza<strong>do</strong>s em associações. Os produtoresagroecológicos <strong>da</strong> região de influência<strong>do</strong> Centro Ecológico, no Rio Grande <strong>do</strong> Sul,também consideram que seu movimentofoi fortaleci<strong>do</strong> e que a participação <strong>da</strong>smulheres na definição <strong>do</strong> uso <strong>do</strong>s recursosnaturais nas proprie<strong>da</strong>des aumentou com oprojeto.O trabalho <strong>do</strong> Instituto Terra (MG) provocoua reestruturação de uma ONG local – Adea– e a criação de outra – Capa. O Centro Ecológico(RS) aju<strong>do</strong>u cinco novos grupos deprodutores a se organizaram por influência<strong>do</strong> projeto. O mesmo ocorreu na área deinfluência <strong>do</strong> Reflorar, no recôncavo baiano– o fortalecimento de Ongs existentes e acriação de uma nova organização ambientalistalocal.A consoli<strong>da</strong>ção e a ampliação de parceriasforam aponta<strong>da</strong>s por muitos projetos comofatores importantes para o sucesso <strong>da</strong> experiência.São reconheci<strong>da</strong>s como ganhospara as comuni<strong>da</strong>des e as instituições locais,abrin<strong>do</strong> espaços de diálogo político ede apoio técnico. Alguns exemplos, dentreoutros: a articulação regional realiza<strong>da</strong> peloReflorar (BA), ten<strong>do</strong> com os STRs como parceirosprivilegia<strong>do</strong>s e o envolvimento deOngs, instituições <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, prefeituras,Movimento de Educação de Base, associa-


ções e grupos informais; e o fortalecimento<strong>da</strong>s parcerias <strong>da</strong> SPVS (PR), incluin<strong>do</strong> Embrapa,Emater, prefeitura e secretaria municipalde meio ambiente.No caso <strong>do</strong> projeto Mandira (SP), foi potencializa<strong>da</strong>e fortaleci<strong>da</strong> a organizaçãojá existente – associação e cooperativa,consoli<strong>da</strong>n<strong>do</strong>-se sua estrutura. Além disso,houve a efetiva valorização <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de e<strong>do</strong> próprio extrativista.Para a comuni<strong>da</strong>de guarani (SP), a experiência<strong>do</strong> projeto possibilitou aumento<strong>da</strong> autoconfiança – a comuni<strong>da</strong>de já seconsidera capaz de planejar e implementarprojetos. Isso é muito significativo para umpovo que sofreu longa pressão sobre seuterritório, seus recursos, sua cultura, suacosmovisão. Além <strong>do</strong> descaso histórico <strong>do</strong>sórgãos oficiais, há uma dificul<strong>da</strong>de real deacesso a financiamentos específicos paraessas comuni<strong>da</strong>des. Dominar a linguagemde projeto e sua implementação pode significar,para esses guarani, atingir patamarde igual<strong>da</strong>de com outras comuni<strong>da</strong>des quedependem de suas próprias capaci<strong>da</strong>despara obter recursos externos.Muitas <strong>da</strong>s enti<strong>da</strong>des proponentes, ain<strong>da</strong>que não sejam as executoras diretas, tambémse identificam como beneficia<strong>da</strong>spelos projetos – seja na ampliação <strong>da</strong>sparcerias, seja no fortalecimento de seusquadros técnicos ou no avanço em meto<strong>do</strong>logiasde abor<strong>da</strong>gem e de trabalho comcomuni<strong>da</strong>des, como exemplifica a avaliação<strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong> Centro de Trabalho Indigenista(CTI) com os guarani, nesse projeto deeco-etno-turismo.Ganhos ambientaisA quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> solo melhora<strong>da</strong>, a eliminaçãoou redução <strong>do</strong> uso de adubos sintéticose de agrotóxicos, a recuperação de nascentes,o recolhimento seletivo de lixo para reciclagem,a recuperação de áreas degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s,e de matas ciliares, o enriquecimento de florestassecundárias e o efetivo aumento deáreas refloresta<strong>da</strong>s são alguns <strong>do</strong>s ganhosambientais cita<strong>do</strong>s nos relatórios.No projeto <strong>da</strong> Biodiversitas (MG), destacamsea eliminação de insumos químicos e deagrotóxicos e para o efetivo melhoramento<strong>do</strong> solo. Em Ivaporunduva (SP), o estabelecimentode áreas de proteção ambiental, derecuperação, de enriquecimento e de produçãoagrícola, defini<strong>da</strong>s em trabalho dezoneamento participativo, e a mu<strong>da</strong>nça deconsciência no espaço urbano, com a coletaseletiva <strong>do</strong> lixo, também são os ganhos maisexpressivos.No projeto <strong>do</strong> MMTR (RS) os benefíciosaponta<strong>do</strong>s pela população envolvi<strong>da</strong> são arecuperação e a proteção de matas ciliarese <strong>do</strong>s cursos d’água, bem como <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>delocal, especialmente no tocantea plantas medicinais. Isso reflete o aumentona percepção <strong>do</strong>s envolvi<strong>do</strong>s no projetosobre a importância <strong>da</strong> preservação e <strong>da</strong> recuperação<strong>da</strong>s matas ciliares e o significa<strong>do</strong><strong>da</strong>s ações <strong>do</strong> projeto para a disponibili<strong>da</strong>dee a quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s recursos hídricos.O projeto <strong>da</strong> Apremavi (SC) tem desempenha<strong>do</strong>um papel vital na manutenção <strong>do</strong>srecursos hídricos, na fertili<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s solos,na conservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de, no aumento<strong>da</strong> área de proteção <strong>da</strong> fauna silvestree na recuperação de áreas degra<strong>da</strong><strong>da</strong>se altera<strong>da</strong>s. A área total de recuperação de39


florestas implementa<strong>da</strong> pelo projeto é de107 hectares, com 185 mil mu<strong>da</strong>s planta<strong>da</strong>sem capoeiras, capoeirões e pastagens.O trabalho de enriquecimento de florestassecundárias com outras plantas nativas <strong>da</strong>região está se expandin<strong>do</strong> para mais <strong>do</strong>zeproprie<strong>da</strong>des inseri<strong>da</strong>s na Área de RelevanteInteresse Ecológico <strong>da</strong> Serra <strong>da</strong> Abelha,no município de Vítor Meirelles, Santa Catarina.O sistema agroflorestal implanta<strong>do</strong>pelo projeto permite a colheita de espéciesde alto valor agrega<strong>do</strong>, como o palmito ea erva-mate, sem prejudicar o desenvolvimentosustentável <strong>da</strong> floresta, poden<strong>do</strong>inclusive ser explora<strong>do</strong> de acor<strong>do</strong> com umplano de manejo pré-estabeleci<strong>do</strong> em áreasde reserva legal.O projeto <strong>da</strong> SPVS plantou 37 mil mu<strong>da</strong>s deespécies florestais nativas e recuperou 20hectares de mata ciliar. A iniciativa <strong>do</strong> projetomotivou a criação <strong>do</strong> Pólo de AgriculturaOrgânica, com foco em agroecologia e desenvolvimentosustentável na região. Mastalvez o benefício ambiental mais forte sejao início <strong>do</strong>s projetos de ação climática (seqüestrode carbono) que a SPVS alavancoua partir <strong>da</strong> experiência com o PDA. Esse trabalhoenvolve a aquisição e a conservaçãode cerca de 20 mil hectares, com a meta derestauração ambiental de três mil hectaresde pastagens e de matas ciliares. Para arealização desse novo projeto, a SPVS com-Com a implantação de sistemas agroflorestais,os agricultores familiares começaram acompreender quantos benefícios, além demadeira, a floresta pode aportar. A capacitaçãoem agricultura ecológica e sua difusão,junto com a consciência <strong>do</strong> valor <strong>da</strong>s florestassecundárias, são ganhos qualitativospermanentes em capital humano.O Instituto Terra (MG) já reflorestou ou enriqueceuaproxima<strong>da</strong>mente 170 hectares,numa área extremamente desmata<strong>da</strong>, comcustos médios como 312 hora/homem/hapara implantação e manutenção em áreacom aroeira e 209 h/H/Ha para áreas combraquiária. Naquela região, extremamentedegra<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>do</strong> ponto de vista ambiental, oprojeto funciona como um “farol de meioambiente”.40


prometeu-se com a promoção de açõesque contribuam para o desenvolvimentosustentável de pelo menos quinze comuni<strong>da</strong>des<strong>do</strong> entorno <strong>da</strong>s áreas adquiri<strong>da</strong>s.No conjunto, os <strong>do</strong>ze projetos reflorestaram1.111,4 hectares, com um desempenhomédio de 111 hectares por projeto, commáximo de 300 e mínimo de 3. O gráficoabaixo ilustra o comportamento <strong>do</strong>s projetosquanto a iniciativas de recuperação deáreas por meio de reflorestamento.A recuperação <strong>da</strong> restinga no litoral sul <strong>do</strong>Espírito Santo era um <strong>do</strong>s objetivos <strong>do</strong> projeto<strong>da</strong> Avidepa. Hoje, a efetiva implantação<strong>do</strong> Parque Estadual Paulo César Vinha, apesarde to<strong>da</strong> a pressão imobiliária urbana, ea conservação <strong>da</strong>s ilhas onde as an<strong>do</strong>rinhasmarinhas se reproduzem, são benefíciosque podem ser credita<strong>do</strong>s diretamente aotrabalho <strong>da</strong> Avidepa, com apoio <strong>do</strong> projetoPDA. O “marketing” <strong>da</strong> restinga funcionoue houve recuperação efetiva de algumasáreas.Entre os benefícios ambientais <strong>do</strong> projeto<strong>do</strong> Centro Ecológico estão adiminuição <strong>da</strong> contaminaçãoquímica provoca<strong>da</strong> pelo usode agrotóxicos nos bananaise maior regeneração <strong>do</strong> componentearbóreo nas diversasproprie<strong>da</strong>des em que o projetoestá sen<strong>do</strong> implanta<strong>do</strong>.Há uma efetiva valorização,recuperação e disseminaçãode conhecimentos sobre ouso de espécies madeireirase frutíferas que haviam si<strong>do</strong>despreza<strong>da</strong>s em decorrência<strong>da</strong> concentração <strong>do</strong> interessesobre a banana, geran<strong>do</strong>porcentagemdeprojetos45%40%35%30%25%20%15%10%5%0%Distribuição <strong>do</strong>s projetos quanto ao tamanho de árearecupera<strong>da</strong>. PDA-<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>.2002.40%monocultura. Um <strong>do</strong>s grandes benefíciosambientais que o projeto traz para a regiãoé que as cooperativas funcionam como núcleosde disseminação de idéias, valores etécnicas agroecológicas.No bairro Mandira, a regulamentação <strong>da</strong>ativi<strong>da</strong>de de produção de ostras significauma redução imediata na pressão irracionalsobre esse recurso, que é a principal fontede ren<strong>da</strong> de to<strong>da</strong>s as comuni<strong>da</strong>des <strong>do</strong> estuário.O aprendiza<strong>do</strong> para li<strong>da</strong>r com a erva-matedentro <strong>da</strong> floresta, o que significa uma ativi<strong>da</strong>deextrativa não <strong>da</strong>ninha, e a recuperaçãoe/ou enriquecimento de capoeira sãoos ganhos ambientais visíveis <strong>do</strong> projeto <strong>da</strong>AS-PTA. É evidente a recuperação <strong>do</strong>s solose a preservação <strong>da</strong>s nascentes nas Uni<strong>da</strong>desDemonstrativas, bem como a manutençãoe o enriquecimento <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>dedentro <strong>do</strong>s SAF.No recôncavo baiano, o trabalho <strong>do</strong> Reflorartem resulta<strong>do</strong> em alguns ganhos: a questãoambiental passou a fazer parte <strong>da</strong> agen<strong>da</strong>0% 0%10%0% 0% 0%0 a 20 21 a 40 41 a 60 61 a 80 81 a 100 101 a120121 a14010%141 a160classes de área refloresta<strong>da</strong>, em hectares40%mais de16041


42<strong>do</strong>s cinco STRs envolvi<strong>do</strong>s, além de ser discuti<strong>da</strong>mais amplamente e ter ganho espaçona imprensa etc. Houve efetiva redução<strong>da</strong>s feiras de comércio de animais silvestres,<strong>da</strong> caça e <strong>do</strong> desmatamento. A populaçãocomeçou a procurar o projeto para denunciarcrimes ambientais. A presença <strong>do</strong>projeto tem coibi<strong>do</strong> ações degra<strong>da</strong><strong>do</strong>rasna região e estimulou os órgãos públicos– Ibama, Polícia Militar, <strong>Ministério</strong> Público– a atuarem mais. Os avalia<strong>do</strong>res consideramque realmente está se crian<strong>do</strong> um pensamentonovo na região, como resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong>trabalho de educação ambiental <strong>do</strong> projeto.Isso se pode comprovar pela mu<strong>da</strong>nça nasatitudes <strong>da</strong>s pessoas – muitas denunciamcrimes ambientais, outras já se convenceramde que o reflorestamento é vital paraque continuem a ter água em suas terras.Os STRs incorporaram o tema ambientalem seus programas e os debates sobre desenvolvimentona região passam por umadiscussão ambiental, na qual se envolvematores que estão articula<strong>do</strong>s com o Reflorar.Destaca-se também o trabalho com fauna(reintrodução no ambiente natural) que oprojeto vem realizan<strong>do</strong>.Mas talvez os principais benefícios desseprojeto sejam a recuperação <strong>do</strong>s solos e<strong>da</strong>s nascentes. Nas quatro proprie<strong>da</strong>desvisita<strong>da</strong>s pelos avalia<strong>do</strong>res, houve algumtipo de melhoria no volume e na quali<strong>da</strong>de<strong>da</strong> água. Na locali<strong>da</strong>de chama<strong>da</strong> Riachão,os mora<strong>do</strong>res mostraram com orgulho apequena represa de captação com a marca<strong>do</strong> volume <strong>da</strong> água, dizen<strong>do</strong> que “nuncamais a água secou, nem na estiagem”. O trabalhode reflorestamento na encosta dessanascente foi realiza<strong>do</strong> em parceria com oSTR de São Miguel <strong>da</strong>s <strong>Mata</strong>s, com a expectativade servir a várias famílias que vivemno vale logo abaixo. Embora a quali<strong>da</strong>de eo volume <strong>da</strong> água tenham evidentementemelhora<strong>do</strong>, a expectativa de abastecimentopara as famílias <strong>da</strong> região não se cumpriutotalmente devi<strong>do</strong> a problemas internos<strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de. Uma lição que o Refloraraprendeu nesse trabalho aponta, mais umavez, para a importância <strong>da</strong> organização e <strong>da</strong>mobilização comunitárias – ações que sãoparte <strong>do</strong> que o projeto chama globalmentede educação ambiental – para que o trabalhode reflorestamento ganhe mais significa<strong>do</strong>e utili<strong>da</strong>de.


Foram planta<strong>da</strong>s mais de <strong>do</strong>is milhões demu<strong>da</strong>s pelo esforço <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ze projetos. Essenúmero não é somente o de mu<strong>da</strong>s produzi<strong>da</strong>s,mas <strong>da</strong>quelas efetivamente distribuí<strong>da</strong>spara plantio definitivo. O desempenhomédio é de 194.550 mu<strong>da</strong>s planta<strong>da</strong>s porprojeto. O gráfico abaixo mostra o comportamento<strong>do</strong>s projetos em relação ao plantiode mu<strong>da</strong>s.Aumento de ren<strong>da</strong>Poucos <strong>do</strong>s projetos visita<strong>do</strong>s atuam diretamentevisan<strong>do</strong> aumento de ren<strong>da</strong> <strong>do</strong>sprodutores – ou seja, na parte <strong>da</strong> cadeiaprodutiva que diz respeito a beneficiamentoe comercialização. Mas muitos outrostrabalham na primeira ponta dessa cadeia,ten<strong>do</strong> o aumento de ren<strong>da</strong> como perspectivaa médio prazo. Neste texto, enfocaremosos diferentes momentos - produção, beneficiamento,comercialização - ou preparação <strong>da</strong>área e operação, no caso <strong>do</strong> ecoturismo – comos detalhes ofereci<strong>do</strong>s por ca<strong>da</strong> experiência.No projeto desenvolvi<strong>do</strong>pela Biodiversitas emSimonésia, MG, surgiu ointeresse de 50 famíliasde produtores, após umseminário, pela certificaçãoorgânica <strong>do</strong> café.Seu motivo é claramenteeconômico, já que o caféorgânico consegue umpreço bem mais alto queo tradicional. Embora essenão seja um <strong>do</strong>s objetivos<strong>do</strong> projeto, seus técnicostêm apoia<strong>do</strong> o trabalhode certificação, lidera<strong>do</strong>pelo STR.No quilombo de Ivaporunduva (SP), a comercializaçãodireta <strong>da</strong> banana, eliminan<strong>do</strong>o atravessa<strong>do</strong>r, já tem resulta<strong>do</strong>s econômicosconcretos no aumento <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> <strong>do</strong>sprodutores. A caixa de banana, que era entregueao atravessa<strong>do</strong>r por R$1,50, passoua ser vendi<strong>da</strong> em São Paulo a R$4,50, <strong>do</strong>squais se desconta R$1,00 de frete. O freteé feito por um caminhão compra<strong>do</strong> comrecursos <strong>do</strong> projeto PDA. Agora os produtoresestão lutan<strong>do</strong> para ter a certificaçãoorgânica <strong>da</strong> banana, porque perceberam apossibili<strong>da</strong>de de vender seu produto commelhor preço. Esse processo está em faseinicial. Embora não haja uma estrutura debeneficiamento <strong>da</strong> banana, existe a plantade uma uni<strong>da</strong>de de pós-colheita, a ser construí<strong>da</strong>com recursos <strong>do</strong> PDA e <strong>da</strong> Unicamp,e que segue to<strong>do</strong>s os requisitos necessáriospara seu funcionamento dentro <strong>do</strong>s padrõesde sani<strong>da</strong>de. Outra fonte de ren<strong>da</strong> éo artesanato feito com fibra de bananeira;não temos quantificação dessa ven<strong>da</strong>. Finalmente,em termos ain<strong>da</strong> de produção,43


44com perspectivas de ganho futuro, está areintrodução <strong>do</strong> palmito jussara nas áreasde enriquecimento.O trabalho <strong>da</strong> Apremavi (SC) tem gera<strong>do</strong>emprego e ren<strong>da</strong> na região. Os produtoresagroecológicos, especialmente os hortifrutigranjeiros,já possuem um merca<strong>do</strong>garanti<strong>do</strong> nas feiras de Blumenau e de Florianópolis,chegan<strong>do</strong> até a Curitiba e a SãoPaulo. Com a comercialização direta, essesprodutores têm se sustenta<strong>do</strong> e garanti<strong>do</strong>sua independência, causan<strong>do</strong> impacto positivona economia regional. A conquista demerca<strong>do</strong> é sóli<strong>da</strong> o suficiente para garantira continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> aos produtoresorganiza<strong>do</strong>s. A estratégia <strong>do</strong> projeto écoerente na articulação <strong>do</strong>s estágios <strong>da</strong>cadeia produtiva: assistência técnica para oplantio, colheita <strong>do</strong>s produtos provenientes<strong>do</strong> enriquecimento <strong>da</strong>s matas e procura demerca<strong>do</strong>s alternativos que assimilem essaprodução. Muitos produtores trocaram aagricultura convencional – além <strong>do</strong>s produtoshortifrutigranjeiros - pela orgânica, comcultivo mínimo e valor agrega<strong>do</strong>.Outra área de geração de emprego e ren<strong>da</strong>em que a Apremavi vem investin<strong>do</strong> éo ecoturismo. Foram cria<strong>da</strong>s diversas pousa<strong>da</strong>se pesque-pagues, incrementan<strong>do</strong> aren<strong>da</strong> <strong>da</strong>s famílias envolvi<strong>da</strong>s. A Apremavitambém presta apoio técnico, construçãoe mapeamento de trilhas, reflorestamento,recuperação de áreas degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s e capacitaçãoem agroecologia como parceira <strong>do</strong>Projeto Parque <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, com recursos<strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> Nacional <strong>do</strong> <strong>Meio</strong> <strong>Ambiente</strong> e implementa<strong>do</strong>pela prefeitura.No projeto <strong>do</strong> Centro Ecológico (RS) ain<strong>da</strong>não se pode falar em aumento de ren<strong>da</strong>,mas é essa a perspectiva a médio prazo,com a diversificação <strong>do</strong>s bananais, especialmentea partir <strong>do</strong> manejo <strong>da</strong> palmeirajussara para palmito e polpa congela<strong>da</strong>.Futuramente, também espécies madeiráveispoderão ser maneja<strong>da</strong>s. A organizaçãode grupos de produtores, incentiva<strong>da</strong> peloprojeto, tem resulta<strong>do</strong> em maior capaci<strong>da</strong>dede ven<strong>da</strong> direta de seus produtos,eliminan<strong>do</strong> intermediários e assim ganhan<strong>do</strong>mais. Existe na região uma uni<strong>da</strong>de deagroindústria, construí<strong>da</strong> originalmentepara beneficiar a banana e outros produtosde origem vegetal e que agora está sen<strong>do</strong>a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> para produzir a polpa congela<strong>da</strong><strong>da</strong> jussara, semelhante ao açaí. Para a implantaçãodessa agroindústria, o governo<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> financiou um estu<strong>do</strong> de merca<strong>do</strong>e tu<strong>do</strong> indica que não há, efetivamente,problemas para colocação <strong>do</strong>s produtos.O desafio é atender às deman<strong>da</strong>s de formaorganiza<strong>da</strong> e sem comprometer a sustentabili<strong>da</strong>deambiental <strong>da</strong>s áreas.A iniciativa <strong>do</strong>s guarani (SP) é um pequenoprojeto de implantação de estrutura paraecoturismo. No momento <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, tinhamsi<strong>do</strong> executa<strong>da</strong>s as seguintes etapas:construção <strong>da</strong> casa de barcos, com a aquisição<strong>do</strong>s equipamentos correspondentes;abertura <strong>da</strong> trilha; construção parcial <strong>da</strong>casa de cultura; e aquisição de equipamentosdiversos.A meto<strong>do</strong>logia guarani é fazer ca<strong>da</strong> coisa deuma vez, em grupos organiza<strong>do</strong>s para essefim. Depois de um passo <strong>da</strong><strong>do</strong>, planejam edão o próximo. Embora não tenha si<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>nenhum estu<strong>do</strong> de capaci<strong>da</strong>de desuporte para a ativi<strong>da</strong>de de ecoturismo naárea, os técnicos <strong>do</strong> CTI, com base em <strong>da</strong><strong>do</strong>sobti<strong>do</strong>s na região, especialmente em uni<strong>da</strong>desde conservação, e em conversas com


os guarani, dimensionaram um número devisitantes de 20 a 25 por dia. Esse númeroseria viável ambiental e culturalmente,não causaria estresse para a comuni<strong>da</strong>de egeraria ren<strong>da</strong> suficiente para viabilizar o empreendimento.A questão <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> vai, naturalmente,depender <strong>do</strong> preço a ser cobra<strong>do</strong>pela visitação e <strong>da</strong> freqüência <strong>da</strong>s visitas.Os guarani sabem que só poderão ter umaidéia clara sobre a geração de ren<strong>da</strong> proporciona<strong>da</strong>por essa ativi<strong>da</strong>de depois de algumtempo de funcionamento <strong>da</strong> iniciativa. Têmuma série de aspectos a considerar a esserespeito: como será feito o agen<strong>da</strong>mento<strong>da</strong>s visitas, quem irá trabalhar em que aspectos<strong>do</strong> projeto (barqueiros, guias, apresenta<strong>do</strong>res…),quem se responsabilizarápor recolher <strong>do</strong> pagamento e como serádistribuí<strong>do</strong> o recurso. A posição <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>deé de discutir to<strong>da</strong>s essas questõesem detalhe, quan<strong>do</strong> for o momento – umacoisa de ca<strong>da</strong> vez. O projeto apoia<strong>do</strong> peloPDA é apenas a primeira etapa de um processomuito maior, que só se consoli<strong>da</strong>ráquan<strong>do</strong> as visitações estiverem ocorren<strong>do</strong>regularmente.No caso <strong>do</strong> Mandira (SP), o produtor passoua receber mais pela dúzia de ostras. Antes,o preço pratica<strong>do</strong> era de R$0,65 por dúzia,qualquer que fosse o tamanho <strong>da</strong>s ostras.Atualmente, o produtor recebe R$1,05 paraas pequenas, R$1,80 para as médias e R$2,50para as grandes. Esse preço é pago em função<strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s e <strong>do</strong>s valores aponta<strong>do</strong>spelo Plano de Negócios <strong>da</strong> Cooperativa.Os cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s ambientais foram defini<strong>do</strong>spor regras que os produtores devem respeitar,como o tamanho <strong>da</strong> ostra para acoleta e o perío<strong>do</strong> de defeso. A planta e oprocesso de depuração <strong>da</strong>s ostras segue oque há de mais adequa<strong>do</strong>. O destaque é osistema de filtragem de água <strong>do</strong> estuárioque serve para depurar as ostras. A águapassa por um filtro de sedimentos e portrês filtros biológicos, sen<strong>do</strong> um por ultravioleta. As instalações têm planta racional,favorecen<strong>do</strong> a recepção, depuração, embalageme transporte. O projeto conta comuma embarcação adequa<strong>da</strong>, caminhão ecaminhonete refrigera<strong>do</strong>s e to<strong>da</strong> a infraestruturaadministrativa necessária.A cooperativa conseguiu to<strong>do</strong>s os registrosnecessários – foi uma árdua batalha – e estátrabalhan<strong>do</strong> na marca regional de ostrasde Cananéia. O merca<strong>do</strong> clandestino ain<strong>da</strong>existe e o preço <strong>do</strong>s atravessa<strong>do</strong>res já apresentareação, embora ain<strong>da</strong> seja menor queo <strong>da</strong> Cooperativa. Ain<strong>da</strong> na área <strong>da</strong> comercialização,um erro gerencial cometi<strong>do</strong> foi acontratação de vende<strong>do</strong>res com salário fixo.Essa estratégia tem se mostra<strong>do</strong> ineficientee a cooperativa tem dificul<strong>da</strong>de para encerraros contratos, por causa <strong>do</strong>s encargostrabalhistas.Os produtores organiza<strong>do</strong>s no projeto <strong>da</strong>AS-PTA (PR) já têm algum retorno econômicoproveniente <strong>da</strong> ven<strong>da</strong> <strong>da</strong> erva-mate produzi<strong>da</strong>nas Uni<strong>da</strong>des Demonstrativas. Como projeto, houve aumento na produção e,conseqüentemente, aumento de ren<strong>da</strong>. Oprojeto tem coerência em relação à cadeiaprodutiva, utilizan<strong>do</strong> uma estratégia de trabalharprimeiro os problemas liga<strong>do</strong>s à produção– plantio, manejo, po<strong>da</strong>, recuperação;processamento para consumo interno e,depois, para o merca<strong>do</strong>.A associação especificamente cria<strong>da</strong> paraa comercialização <strong>da</strong> erva-mate já tem oregistro e to<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>cumentos que lhepermitem colocar o produto no merca<strong>do</strong>.45


A AS-PTA mantém uma pessoa que faz oacompanhamento <strong>do</strong> controle de quali<strong>da</strong>dee comercialização e o produto já tem oselo de quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Ecovi<strong>da</strong>, lança<strong>do</strong> duranteo 3º Congresso <strong>da</strong> Agricultura Familiar<strong>do</strong> Centro Sul <strong>do</strong> Paraná, em setembro de2002.Interessante notar que os produtores nãopretendem vender sua erva-mate a umpreço maior, apesar <strong>do</strong> selo Ecovi<strong>da</strong>, porconsiderarem que essa seria uma práticainjusta de preço para com o consumi<strong>do</strong>r.Em termos de beneficiamento, há duasuni<strong>da</strong>des funcionan<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> que umatem instalações suficientes para garantir oconsumo local e a outra está em processode obtenção <strong>do</strong> registro <strong>do</strong> INPI, já com to<strong>do</strong>sos requisitos sanitários exigi<strong>do</strong>s. Essasuni<strong>da</strong>des têm capaci<strong>da</strong>de para absorverto<strong>da</strong> a produção <strong>do</strong>s associa<strong>do</strong>s e de outrosagricultores orgânicos <strong>da</strong> região.Economia: gastan<strong>do</strong> menosNo projeto <strong>da</strong> Biodiversitas (MG) a diminuição<strong>da</strong> mão-de-obra no trabalho com o caféfoi estima<strong>da</strong> em 40%, de acor<strong>do</strong> com sistematizaçãofeita pelos próprios produtores.Outra economia identifica<strong>da</strong> ocorreu coma diminuição no uso de agrotóxicos, masain<strong>da</strong> não foi possível quantificar o ganhofinanceiro. A melhoria <strong>do</strong> solo aumenta asustentabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> produção e elimina anecessi<strong>da</strong>de de abrir novas áreas, o que significamenores investimentos em insumos emão-de-obra.No projeto <strong>da</strong> AS-PTA (PR), o trabalho complantas medicinais e medicina fitoterápicateve um reflexo direto na economia familiar,com redução de gastos com remédios.Outra fonte de economia foi a reativação<strong>do</strong>s barbaquás (estruturas tradicionais debeneficiamento <strong>da</strong> erva-mate) que estáfornecen<strong>do</strong> erva-mate processa<strong>da</strong> para asfamílias.O projeto Reflorar (BA) gerou emprego eren<strong>da</strong> na comuni<strong>da</strong>de contratan<strong>do</strong> um grupode viveiristas e técnicos locais. Emborao projeto não tenha caráter econômico eas experiências de reflorestamento comSAFs sejam apenas um aspecto meto<strong>do</strong>lógicoexperimenta<strong>do</strong> com alguns produtores,pode-se dizer que já há, para algunsparceiros envolvi<strong>do</strong>s no reflorestamento,ganhos não-financeiros, como a lenha, porexemplo. Ter lenha disponível pela po<strong>da</strong>de árvores planta<strong>da</strong>s no SAF significa umaeconomia para o produtor, que tem quecomprá-la de terceiros. Afinal, praticamentenão existe mais lenha disponível na região.Outro benefício direto, considera<strong>do</strong> o maisimportante pela maioria <strong>do</strong>s parceiros, é amanutenção e a recuperação de nascentes.Quan<strong>do</strong> a água volta a surgir com volumee quali<strong>da</strong>de há um ganho imediato para oprodutor. Pode-se destacar ain<strong>da</strong> algumasáreas de SAF com produção inicial e parcelasaproveita<strong>da</strong>s para plantio de culturas anuais.Viven<strong>do</strong> melhor: boaalimentação e mais saúdeAs famílias <strong>da</strong>s trabalha<strong>do</strong>ras rurais envolvi<strong>da</strong>sno projeto <strong>do</strong> MMTR (RS) têm ti<strong>do</strong> suadieta enriqueci<strong>da</strong> a partir <strong>do</strong> conhecimentosobre as potenciali<strong>da</strong>des <strong>da</strong> flora nativa.Também estão sen<strong>do</strong> utiliza<strong>da</strong>s as plantaspara tratamentos de saúde, com valorização,recuperação e disseminação <strong>do</strong>s conhecimentoslocais sobre seu uso.46


As cooperativas <strong>do</strong> Centro Ecológico (RS)também funcionam como distribui<strong>do</strong>ras deprodutos alimentícios de melhor quali<strong>da</strong>de;não só as famílias <strong>do</strong>s produtores vincula<strong>da</strong>sa este projeto, como as <strong>do</strong> projeto <strong>da</strong>Apremavi (SC) e to<strong>da</strong>s as que trabalhamcom agroecologia, alimentam-se com produtosmais saudáveis, como também fazemchegar ao consumi<strong>do</strong>r esses produtos livresde insumos químicos e de agrotóxicos.O trabalho de recuperação <strong>do</strong> conhecimentopopular sobre plantas medicinais ea formação de agentes de saúde, que trabalhamcom bioenergia, têm ti<strong>do</strong> um impactodireto na região <strong>do</strong> projeto <strong>da</strong> AS-PTA (PR).Calcula-se cerca de dez mil atendimentospor mês, feitos por agentes forma<strong>do</strong>s noscursos ministra<strong>do</strong>s pelo projeto.Alguns aspectos de melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>dede vi<strong>da</strong> podem ser observa<strong>do</strong>s em Mandira(SP), como efeito <strong>do</strong> aumento de ren<strong>da</strong>provoca<strong>do</strong> pela comercialização <strong>da</strong>s ostrasvia cooperativa: já aparecem novas construçõesde espaços comunitários, a formaçãode um fun<strong>do</strong> de apoio a estu<strong>da</strong>ntes quepretendem fazer facul<strong>da</strong>de em São Paulo,melhorias nas casas, compra de moto parair trabalhar, antenas parabólicas e outrosequipamentos nas casas <strong>da</strong>s pessoas.47


Uma visão geral <strong>do</strong>sprincipais benefíciosO gráfico a seguir ilustra a ocorrência <strong>do</strong>sprincipais benefícios no universo <strong>do</strong>s<strong>do</strong>ze projetos. Os aspectos considera<strong>do</strong>sforam: ganho de credibili<strong>da</strong>de e visibili<strong>da</strong>de<strong>da</strong>s instituições proponentes/executoras;aumento <strong>da</strong> conscientizaçãoambiental; aumento <strong>da</strong> área refloresta<strong>da</strong>ou enriqueci<strong>da</strong>; prática <strong>da</strong> agroecologia;valorização <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de; redução<strong>da</strong> área desmata<strong>da</strong>; difusão de conhecimentosagroflorestais e agroecológicos;aumento <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> <strong>da</strong>s famílias participantes;valorização <strong>do</strong> conhecimentolocal; participação efetiva <strong>da</strong>s mulheres;aprendiza<strong>do</strong> sobre SAFs; uso de medicinaalternativa; e regularização fundiária.48


4. Políticas Públicas:Potenciali<strong>da</strong>des para provocarmu<strong>da</strong>nçasÉ importante fazer duas leituras, aqui: háresulta<strong>do</strong>s concretos de influência de projetosem políticas públicas e há também umforte potencial de lições e exemplos gera<strong>do</strong>spelos projetos, ain<strong>da</strong> subaproveita<strong>do</strong>spelo poder público.Os projetos, com seu caráter demonstrativo,apresentam, geralmente, grande potencialpara influenciar políticas públicas em to<strong>do</strong>sos níveis – municipal, estadual e federal.No entanto, uma constatação evidente é ade que um projeto, por si só, por melhoresque sejam seus resulta<strong>do</strong>s, não influenciapolíticas públicas, a menos que haja um entornofavorável para isso. A vontade políticaaqui é fun<strong>da</strong>mental. Boas experiências comentornos políticos favoráveis tendem a serassimila<strong>da</strong>s pelo poder público; mas, emsituações desfavoráveis, mesmo os bonsresulta<strong>do</strong>s podem ser aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>s e osprocessos interrompi<strong>do</strong>s.Os projetos podem também trabalhar nacriação dessa situação favorável, e o fazem,49


tanto por meio de articulações e parceriasinstitucionais com organizações governamentaise Ongs e suas redes, como pormeio <strong>do</strong> fortalecimento <strong>da</strong>s associações ecomuni<strong>da</strong>des envolvi<strong>da</strong>s.Muitos projetos apostam na assimilação<strong>da</strong>s experiências ou de partes delas por políticaspúblicas em diferentes níveis – municipal,estadual e federal – como caminhopara que os aprendiza<strong>do</strong>s e benefícios possamganhar mun<strong>do</strong>, deixan<strong>do</strong> o caráter demonstrativo,ganhan<strong>do</strong> maior abrangênciae passan<strong>do</strong> a ser práticas comuns.Mu<strong>da</strong>nças já provoca<strong>da</strong>sA Apremavi (SC) conseguiu uma licençalegal, de forma desburocratiza<strong>da</strong>, para ouso sustentável <strong>do</strong>s recursos gera<strong>do</strong>s pelasflorestas secundárias em âmbito regional;e está tramitan<strong>do</strong> uma proposta junto aoIbama autorização para o uso <strong>do</strong>s produtosflorestais obti<strong>do</strong>s mediante manejo. Produtoresassocia<strong>do</strong>s à Apremavi conseguiramrecursos junto à prefeitura municipal para aconstrução de um galpão de armazenageme para aquisição de equipamentos agrícolas.O Instituto Terra (MG) realiza, em parceiracom a prefeitura, o Projeto Aimorés, cujoobjetivo é o desenvolvimento sustentável<strong>da</strong> zona rural municipal, por meio <strong>do</strong> planejamentopor microbacias. Conseguiutambém a aprovação de uma lei municipalque destina 2% <strong>do</strong> orçamento à recuperaçãoambiental, sen<strong>do</strong> que essa alíquota aumentaráa ca<strong>da</strong> ano, até chegar a 10%. Alémdisso, a sede <strong>do</strong> Instituto situa-se em umaReserva Particular <strong>do</strong> Patrimônio Natural(RPPN), a primeira cria<strong>da</strong> para ser totalmenterecupera<strong>da</strong>.Durante o perío<strong>do</strong> de execução <strong>do</strong> projeto derecuperação <strong>da</strong> restinga no litoral sul <strong>do</strong> EspíritoSanto, a Avidepa conseguiu alguns avançosna política pública estadual, inauguran<strong>do</strong> umsistema de gestão de um Parque Estadual poruma Ong, sob coordenação de um comitêgestor deliberativo forma<strong>do</strong> por governo eOngs. Conseguiu interessantes acor<strong>do</strong>s decompensação ambiental com uma empresapriva<strong>da</strong> na região. No entanto, essa situaçãonão resistiu à mu<strong>da</strong>nça política no governo<strong>do</strong> esta<strong>do</strong>.O Centro Ecológico (RS) é um <strong>do</strong>s principaisparceiros <strong>do</strong> governo <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> na formulaçãoe implementação de políticas para a árearural. Participou <strong>da</strong> elaboração <strong>do</strong> ProgramaRio Grande Ecológico e <strong>da</strong> implantação <strong>do</strong>50


Programa de Apoio a Novos Produtos Agropecuários<strong>do</strong> esta<strong>do</strong>. Também no Rio Grande<strong>do</strong> Sul, o componente “plantas medicinais” <strong>do</strong>MMTR tornou-se referência e recebeu apoio<strong>do</strong> Programa Plantan<strong>do</strong> Saúde, <strong>do</strong> governoestadual.O trabalho <strong>da</strong> SPVS (PR) apoiou a criação <strong>do</strong>Pólo de Agricultura Orgânica de Antonina,visan<strong>do</strong> à certificação de produtos orgânicos.Seu trabalho de recuperação de matas ciliarestem si<strong>do</strong> a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> como política pública <strong>da</strong>Secretaria de <strong>Meio</strong> <strong>Ambiente</strong> local.O Reflorar (BA) conseguiu a criação de umaAPA municipal protegen<strong>do</strong> parte <strong>da</strong> única áreaain<strong>da</strong> floresta<strong>da</strong> <strong>da</strong> região. Capacitou policiaismilitares e professores <strong>da</strong> rede pública e mantémconvênio institucional e ações conjuntascom Ibama e com <strong>Ministério</strong> Público.Potenciali<strong>da</strong>desO projeto <strong>da</strong> Biodiversitas (MG) serve comoexemplo para o trabalho bem-sucedi<strong>do</strong> noentorno de uma reserva e pode contribuirmuito para políticas de implantação de corre<strong>do</strong>resecológicos na região.O trabalho que se desenvolve em Ivaporunduva(SP), com o sistema orgânico ediversificação <strong>do</strong> plantio de banana, podeservir como referência para políticas públicasregionais ambiental e socialmente maiscorretas, já que a ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> bananiculturaé, junto com a mineração, o grande vetor dedesmatamento na região.O projeto <strong>do</strong> MMTR (RS) oferece subsídiosrelevantes para a elaboração e implementaçãode políticas de promoção <strong>da</strong> fitoterapiae de formas de promoção <strong>da</strong> saúde humana,ten<strong>do</strong> por bases a família e a comuni<strong>da</strong>de.As ações <strong>da</strong> Apremavi (SC) são altamenterelevantes, geran<strong>do</strong> subsídios para a elaboraçãoe implementação de políticas de promoção<strong>da</strong> conservação e <strong>do</strong> uso sustentável<strong>da</strong>s florestas secundárias.O Instituto Terra (MG) está demonstran<strong>do</strong>práticas de recuperação e o exemplo é relevantepara políticas direciona<strong>da</strong>s a esse fimem regiões totalmente desmata<strong>da</strong>s, como ade Aimorés.O projeto <strong>do</strong> bairro Mandira (SP) apresentaenorme potencial para políticas de financiamentoe ações de proteção de manguezais,ecossistemas que ocupam grande parte <strong>da</strong>costa brasileira.O projeto <strong>da</strong> AS-PTA (PR) demonstra quepode haver políticas públicas diferentes<strong>da</strong>s atualmente em voga na região – plantiode pinus e plantio a céu aberto de ervamateargentina – em Uni<strong>da</strong>des Demonstrativasreplicáveis e de baixo custo deimplantação. Oferece exemplo de comomelhorar a ren<strong>da</strong> <strong>da</strong>s famílias com baixocusto, sem derrubar a mata e manten<strong>do</strong> abiodiversi<strong>da</strong>de.A grande relevância <strong>do</strong> projeto <strong>da</strong> SPVS(PR) para a formulação de políticas públicasadvém de sua posição em uma uni<strong>da</strong>dede conservação <strong>da</strong> importância <strong>da</strong> APA deGuaraqueçaba. Um exemplo é o des<strong>do</strong>bramentojá ocorri<strong>do</strong>, com o início de três projetosde ação climática com custo de 18,4milhões de dólares em 40 quarenta anos ecom recursos já capta<strong>do</strong>s de três empresasmultinacionais norte-americanas.No Reflorar (BA), os exemplos concretos emrelação a recursos hídricos, obtenção de lenhae recuperação de solos degra<strong>da</strong><strong>do</strong>s sãosubsídios para a elaboração de políticas pú-51


licas municipais que revertam a tendência<strong>do</strong>minante na região, de plantio de pasto. Oprojeto gerou também interessantes modelosde cursos de educação ambiental parapúblicos diferencia<strong>do</strong>s, com destaque paraos policiais militares.EstratégiasAs estratégias <strong>do</strong>s projetos para influenciarpolíticas são: estabelecer parcerias institucionaiscom órgãos <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, inclusiveprocuran<strong>do</strong> capacitar técnicos desses órgãos;influenciar forma<strong>do</strong>res de opiniãopor meio de cursos, eventos, fóruns etc.;apoiar a participação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de civil emfóruns ambientais (Condemas); apresentarresulta<strong>do</strong>s demonstrativos; produzir materiaisde difusão, educação e comunicação;e apresentar propostas concretas ao poderpúblico.Vale a pena ressaltar algumas situações: a <strong>do</strong>Instituto Terra (MG), cujo Centro de Educação(CERA) promove uma grande quanti<strong>da</strong>de decursos por ano, dirigi<strong>do</strong>s a pessoas forma<strong>do</strong>rasde opinião, tratan<strong>do</strong> de criar umamassa crítica na região. Outro destaque épara o trabalho organiza<strong>do</strong> por produtoresna região <strong>do</strong> projeto <strong>da</strong> AS-PTA (PR), que insistemem discutir com os órgãos públicos eem oferecer propostas, mesmo que até agoraestes tenham permaneci<strong>do</strong> insensíveis.Essas estratégias às vezes funcionam, às vezesnão. Muitas vezes sua eficácia só poderáser medi<strong>da</strong> em um lapso maior de tempo,já que significam formação de opinião,fortalecimento político e pressão sobre osórgãos públicos.No capítulo destina<strong>do</strong> às estratégias dereflexão e difusão de processos e resulta<strong>do</strong>s,as diferentes formas de atuar e os instrumentosutiliza<strong>do</strong>s pelos projetos serãotrata<strong>do</strong>s com mais detalhe.O gráfico abaixo ilustra o comportamento <strong>do</strong>sprojetos em relação às políticas públicas.52


5. Gênero:A busca de equilíbriono espaço <strong>do</strong> projetoDos <strong>do</strong>ze projetos visita<strong>do</strong>s, seis fazem referênciaespecífica à participação <strong>da</strong>s mulheres,demonstran<strong>do</strong> uma estratégia de buscade equilíbrio nas relações entre homens emulheres. Pode-se inferir que, nos outrosseis, esse aspecto não seja relevante ounão tenha havi<strong>do</strong> oportuni<strong>da</strong>de para essadiscussão. A não-relevância pode ser entendi<strong>da</strong>como a não-percepção dessa questãocomo fator de desequilíbrio ou desarmonia,que necessite uma atenção especial.Dos seis projetos cita<strong>do</strong>s, o <strong>do</strong> MMTR (RS), éum projeto implementa<strong>do</strong> apenas por mulherese não se faz menção à participaçãode homens nas ativi<strong>da</strong>des ou nas decisões.No entanto, há referência sobre como oprojeto fortaleceu a participação <strong>do</strong> Movimentoem relação a outras enti<strong>da</strong>des <strong>do</strong>movimento social na região.Nenhum projeto visita<strong>do</strong> tinha um desenhoespecífico de estratégia ou abor<strong>da</strong>gem degênero, pelo menos não de forma explícita.Mas os seis projetos cita<strong>do</strong>s – o <strong>do</strong> MMTR53


(RS); o Reflorar (BA); o <strong>do</strong> quilombo deIvaporunduva (SP); o de Mandira (SP); o <strong>da</strong>AS-PTA (PR); e o <strong>da</strong> SPVS (PR) – a<strong>do</strong>taramalguma estratégia ou abor<strong>da</strong>gem.Os aspectos observa<strong>do</strong>s foram:Presença de grupos organiza<strong>do</strong>s demulheres:- Em Ivaporunduva (SP) já existia esse grupo,que é bastante pró-ativo e desempenhaimportante papel nas discussões <strong>do</strong>projeto e em sua implementação.- Em Mandira (SP), as mulheres, ao sair <strong>da</strong>ativi<strong>da</strong>de ilegal de desmariscagem, organizaram-seem um grupo e começaram aparticipar <strong>da</strong>s discussões sobre os rumos<strong>do</strong> projeto e a promover cursos e encontrosespecíficos para mulheres.Participação em cursos, seminários,encontros e eventos:- Nos seis projetos cita<strong>do</strong>s, observa-se a forteparticipação <strong>da</strong>s mulheres em cursos,encontros e em reuniões para toma<strong>da</strong> dedecisão sobre os projetos.Temas destaca<strong>do</strong>s como preferi<strong>do</strong>s pelasmulheres:- Ivaporunduva (SP): encaminhamento <strong>da</strong>certificação <strong>da</strong> banana e artesanato;- MMTR (RS): alimentação e saúde, especialmenteplantas medicinais;- AS-PTA (PR): saúde, medicina alternativa eplantas medicinais;- SPVS (PR): produção artesanal e preservaçãode alimentos, consideran<strong>do</strong> a preparaçãode compotas e o trabalho complantas medicinais.Participação nas decisões e na implementação<strong>do</strong> projeto:- Ivaporunduva (SP): o Grupo de Mulherestem presença marcante nas reuniões dedecisão e as áreas de trabalho direto sãoo encaminhamento <strong>da</strong> certificação <strong>da</strong>banana orgânica e o artesanato;- MMTR (RS): a discussão e a implementaçãoocorrem por meio de grupos debase, nos quais há envolvimento total<strong>da</strong>s mulheres. Estas também têm umenvolvimento direto no trabalho complantas medicinais e com a recuperaçãode cursos d’água e matas ciliares;- Mandira (SP): embora já não atuem diretamenteno trabalho com as ostras, as mulheresse organizaram em torno de grupo,o qual participa <strong>da</strong>s decisões <strong>do</strong> projeto e<strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des de demarcação <strong>da</strong> reservaextrativista;- AS-PTA (PR): as mulheres participam deto<strong>do</strong> o trabalho, mas se envolvem maisnos cursos de medicina alternativa, oferecen<strong>do</strong>esse serviço ao público;- SPVS (PR): parece que participação não éo forte <strong>do</strong> projeto, o que se estende tambémàs mulheres. Estas tomam parte emcursos e ativi<strong>da</strong>des, como fazer compotase trabalhar com plantas medicinais;- Reflorar (BA): a coordena<strong>do</strong>ra de educaçãoambiental <strong>do</strong> projeto é mulher, assimcomo boa parte <strong>do</strong> grupo de educa<strong>do</strong>res.Há parceiras (proprietárias rurais) que sãomulheres – casos em que o acor<strong>do</strong> é feitocom a mulher diretamente ou com o casal.Há mulheres parceiras que são líderessindicais ou que ocupam postos importantesna comuni<strong>da</strong>de.54


É interessante observar a inexistência deplanos de capacitação <strong>da</strong>s mulheres parao exercício <strong>da</strong> direção e <strong>da</strong> liderança emsuas organizações; os temas <strong>da</strong>s capacitaçõescom maior presença de mulheres sãomuito liga<strong>do</strong>s às suas funções reprodutivas(alimentação, saúde). Por outro la<strong>do</strong>, é interessanteobservar que a relação <strong>da</strong>s mulherescom o meio ambiente e com a produçãoambientalmente sustentável é direta, umbilical,justamente porque tem a ver com afunção feminina de criar e nutrir.O potencial de um projeto demulheresObserva-se que a questão de gênero nãotem uma abor<strong>da</strong>gem clara ou privilegia<strong>da</strong>nos projetos, embora na prática existamações nesse senti<strong>do</strong>. É significativo que, nouniverso pesquisa<strong>do</strong>, a metade <strong>do</strong>s projetostivessem uma abor<strong>da</strong>gem prática de gênero,embora sem nenhum planejamento oureflexão específica.A questão de fun<strong>do</strong>, que se situa na buscade equilíbrio nas relações entre homens emulheres dentro <strong>da</strong>s organizações e nascomuni<strong>da</strong>des, parece não ser explicitamentecoloca<strong>da</strong>. Há, porém, uma inquietaçãoe tentativas de abertura de espaços paraisso. O projeto gera situações de toma<strong>da</strong> dedecisões, de mais trabalho para as pessoase gera também benefícios. Gera aprendizagens.E essas situações estão, na práticade pelo menos seis <strong>do</strong>s projetos visita<strong>do</strong>s,levan<strong>do</strong> à maior participação <strong>da</strong>s mulheres,especialmente em temas considera<strong>do</strong>smais <strong>da</strong> esfera de atuação feminina.O apoio <strong>do</strong> PDA ao projeto <strong>do</strong> MMTR estáresultan<strong>do</strong> em fortalecimento <strong>da</strong> organização<strong>do</strong> movimento de mulheres rurais<strong>da</strong> região litorânea <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul.Esse fortalecimento, que se traduz tambémem elevação <strong>da</strong> auto-estima <strong>do</strong> grupo e <strong>da</strong>smulheres individualmente, facilita a disseminação<strong>do</strong>s objetivos e resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> projetojunto a outros grupos <strong>do</strong> movimento sociale <strong>da</strong>s áreas rurais <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>. O Movimentode Mulheres Trabalha<strong>do</strong>ras Rurais em to<strong>do</strong>o esta<strong>do</strong> discute questões ambientais queantes não estavam presentes em sua pauta,leva<strong>da</strong>s pelas coordena<strong>do</strong>ras e multiplica<strong>do</strong>ras<strong>da</strong> equipe <strong>do</strong> projeto.É grande o potencial de contribuição <strong>do</strong>smovimentos de mulheres rurais – a exemplodeste projeto - aos objetivos <strong>do</strong> PDA.Analisa-se a possibili<strong>da</strong>de de sistematizar,para publicação na série Experiências <strong>do</strong>PDA, a trajetória <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is projetos atualmenteapoia<strong>do</strong>s, que foram propostos eexecuta<strong>do</strong>s por grupos de mulheres: um na<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e outro na Amazônia.55


6. Na Boca <strong>do</strong> Povo:Estratégias de reflexão e difusãode processos e resulta<strong>do</strong>sOs projetos, em geral, executam algumaestratégia de difusão de resulta<strong>do</strong>s e deprocessos. Algumas vezes essa estratégiaé explicita<strong>da</strong> no projeto, outras vezes não.Há projetos, entre os <strong>do</strong>ze estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s, quevalorizam mais esse aspecto, colocan<strong>do</strong>-ono centro <strong>da</strong> meto<strong>do</strong>logia de atuação; emoutros a difusão de resulta<strong>do</strong>s ocupa posiçãomais periférica.Observa-se também um esforço <strong>do</strong>s projetosem refletir sobre seu próprio trabalho.Esses momentos de reflexão se dão nãoapenas nos contextos de monitoria, avaliaçãoe planejamento, mas também emalguns espaços de difusão – intercâmbios,reuniões, seminários, encontros.56As estratégias a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong>s pelos projetos incluem,em geral, esforços para influenciaras políticas públicas (ver capítulo referente aesse tema). Direcionam-se também a sensibilizarpúblicos específicos, como as comuni<strong>da</strong>desescolares; outros produtores, organizaçõessimilares e comuni<strong>da</strong>des vizinhas


ou similares. Em alguns casos se lançam emdireção à comunicação mais massiva, comprodução de materiais impressos e uso <strong>da</strong>mídia.Os instrumentos utiliza<strong>do</strong>s variam: visitasprograma<strong>da</strong>s, intercâmbios, dias de campo,“mutirão-escola”, encontros, palestras, seminários,cursos e oficinas; produção e ediçãode cartazes, cartilhas, folhetos, jogos didáticose livros; vídeos e fotografias; programasde rádio; artigos em jornais.A produção desses instrumentos e a realização<strong>do</strong>s eventos estão, às vezes, previstos noorçamento <strong>do</strong> projeto, como parte de suaestratégia; outras vezes, são realiza<strong>do</strong>s comrecursos complementares, vin<strong>do</strong>s de outrasfontes. E há situações em que o projeto, sódepois de algum tempo, vê a necessi<strong>da</strong>dede buscar recursos complementares paraelaboração de produtos de difusão e partepara a captação desses recursos.Quan<strong>do</strong> a meto<strong>do</strong>logia de implementação<strong>do</strong> projeto prevê ativi<strong>da</strong>des de intercâmbio,de dias de campo, visitas, reuniões etc., adifusão e a reflexão sobre processos e resulta<strong>do</strong>sse dá naturalmente, como parte<strong>da</strong> estratégia global, dirigi<strong>da</strong> a outros produtores,comuni<strong>da</strong>des e organizações afins.As ativi<strong>da</strong>des de intercâmbio – dentro <strong>do</strong>próprio projeto, entre projetos e entre instituiçõesparceiras – são um aspecto muitovaloriza<strong>do</strong> e muito eficaz.Alguns projetos priorizam o trabalho de educaçãoambiental, tanto para o público internoou potencial <strong>do</strong> projeto como para públicosescolares diversos. O trabalho de educaçãoe de articulação pode funcionar tambémcomo oportuni<strong>da</strong>de de sistematização e dedifusão de resulta<strong>do</strong>s e processos.Em termos de sistematização de informações,há projetos que desenvolvem açõesregulares – criação e alimentação de basesde <strong>da</strong><strong>do</strong>s, por exemplo, como o <strong>da</strong> AS-PTA(PR) e o <strong>da</strong> Avidepa (ES). Outros produzemmaterial mais complexo – o livro sobre a<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, <strong>da</strong> Apremavi (SC) – e maiscientífico, como o <strong>da</strong> SPVS (PR). Os relatóriostambém são uma forma de sistematizar ainformação básica de um projeto.Um trabalho específico de marketing estásen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> pelo Instituto Terra (MG),em parceria com a WBrasil, com o objetivode produzir materiais e divulgar o trabalho<strong>do</strong> Instituto.O caminho <strong>da</strong> replicabili<strong>da</strong>depara outros grupos ecomuni<strong>da</strong>desMuitos projetos apostam na difusão <strong>da</strong> experiênciaou <strong>da</strong>s principais lições aprendi<strong>da</strong>scomo fator para que a iniciativa ganheescala, “contaminan<strong>do</strong>” outras comuni<strong>da</strong>desou grupos organiza<strong>do</strong>s, para que estes passema a<strong>do</strong>tar práticas, elementos ou aspectosexitosos. Em alguns casos, o potencialdemonstrativo <strong>do</strong> projeto está claro para ogrupo proponente/executor, que deflagraestratégias específicas de difusão; outrasvezes, o potencial existe, mas não há umesforço objetivo em explorá-lo.No caso <strong>do</strong>s guarani, o projeto apresentagrande potencial de multiplicação nasoutras 22 aldeias, somente em São Paulo.Como existe uma grande movimentaçãoentre elas, os relatos <strong>da</strong> experiência – quesão a forma de comunicação oral tradicionalindígena – tornam-se instrumentos de57


ampliação <strong>da</strong> proposta entre as diversascomuni<strong>da</strong>des desse povo.No caso <strong>do</strong> Mandira (SP), como há umagrande população de coletores de ostrasna região estuarina e uma proposta deampliação <strong>da</strong> reserva extrativista para to<strong>do</strong>o estuário, pode ser que o exemplo <strong>do</strong> projetoseja toma<strong>do</strong> como modelo para outrascomuni<strong>da</strong>des. Trata-se de uma situaçãoain<strong>da</strong> potencial.No caso <strong>do</strong> projeto <strong>da</strong> AS-PTA (PR), há ointeresse de outras comuni<strong>da</strong>des em desenvolvero manejo <strong>da</strong> erva-mate no sistemaregenerativo-produtivo e a medicinaalternativa, que já conta com mais de 150agentes forma<strong>do</strong>s, atenden<strong>do</strong> a milhares depessoas na região. O caráter multiplica<strong>do</strong>r<strong>do</strong> projeto é muito expressivo.E há situações em que produtores isola<strong>do</strong>sse interessam pelas técnicas e as “importam”para suas áreas, como ocorre na região<strong>do</strong> Reflorar (BA). A equipe <strong>do</strong> projeto étambém muito solicita<strong>da</strong> para <strong>da</strong>r apoio aoutras Ongs, a outros projetos, a prefeituras,universi<strong>da</strong>des e sindicatos rurais, não ten<strong>do</strong>mãos para atender a to<strong>do</strong>s. Outra solicitaçãoconstante, que também ocorreu com aAvidepa (ES), é a de receber estagiários, cujapassagem pelos projetos contribui para formaruma “rede” de propaga<strong>do</strong>res <strong>da</strong> idéia.58


7. Pensan<strong>do</strong> para a Frente:A sustentabili<strong>da</strong>de deprocessos e resulta<strong>do</strong>sAlgumas reflexões podem ser feitas a partir<strong>da</strong> avaliação <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ze projetos, pensan<strong>do</strong>na questão <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong>de. Uma delasé sobre o papel primordial <strong>da</strong> organização<strong>da</strong>s famílias e <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des envolvi<strong>da</strong>s– quanto mais forte, mais estrutura<strong>da</strong> foressa organização, maior é a possibili<strong>da</strong>dede que os resulta<strong>do</strong>s se sustentem depois<strong>do</strong> fim <strong>do</strong> projeto.Outro fator importante refere-se à incorporação,pelas pessoas envolvi<strong>da</strong>s, <strong>do</strong> aprendiza<strong>do</strong>que a experiência proporcionou. Umprocesso profun<strong>do</strong> de aprendiza<strong>do</strong> significamu<strong>da</strong>nça de valores e de conceitos,enfim, mu<strong>da</strong>nça de paradigma. Esse convencimentoé o grande fator de mu<strong>da</strong>nçae de garantia de que o produtor vai seguircom os novos conceitos assimila<strong>do</strong>s. Dessaforma, novas práticas passam a fazer parte<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidiana <strong>da</strong>s pessoas, em seu mo<strong>do</strong>de operar com a natureza; e isso é algo queindepende <strong>da</strong> obtenção de novos financiamentos.59


60Um primeiro caminho indica<strong>do</strong> para garantira sustentabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s e até<strong>do</strong>s processos costuma ser o de se tentartransformar as experiências demonstrativasem políticas públicas, ou influenciaressas políticas de maneira a que incorporemelementos <strong>da</strong>s experiências. Esse éum caminho, que apesar de possibilitaralguma continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s propostas, apresentariscos conjunturais fortes. Esse temaé aprofun<strong>da</strong><strong>do</strong> no capítulo sobre políticaspúblicas.Para que as influências <strong>do</strong>s projetos sobrepolíticas públicas possam perdurar, ou mesmopossam ocorrer, é necessário ter umaboa base de organização. O capital socialconstitui fator preponderante nesse cenário– a capaci<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s grupos, comuni<strong>da</strong>des eorganizações de pressionar o poder públicoe de fazer valer as lições aprendi<strong>da</strong>s. Quan<strong>do</strong>o entorno político é favorável, pode-seesperar que as experiências <strong>do</strong>s projetossejam incorpora<strong>da</strong>s e amplia<strong>da</strong>s; caso contrário,o esforço <strong>do</strong> projeto não é suficiente,por maior que seja. Pode-se também trabalharno senti<strong>do</strong> de melhorar o entorno, detorná-lo mais favorável. E quan<strong>do</strong> há envolvimento<strong>do</strong>s projetos com os movimentossociais, instituições e organizações locaisesses esforços tornam-se mais relevantes.Há questões econômicas a serem respondi<strong>da</strong>s,especialmente no que se refere a projetosde reflorestamento ou de recuperação.Um deles é o custo de recuperação porhectare, que é ain<strong>da</strong> alto e subvenciona<strong>do</strong>.Como tornar essa ativi<strong>da</strong>de sustentáveleconomicamente? A implantação de SAF seapresenta como alternativa, mas isso resolveapenas parcialmente a questão.Algumas experiências demonstram queé possível usar a captação de recursos internacionaispara subvencionar reflorestamentona <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e que há parceirosinternacionais dispostos a financiar taispropostas. Finalmente, há necessi<strong>da</strong>de deinstrumentos econômicos de valoração eincentivos que realmente tornem a ativi<strong>da</strong>deatraente para o produtor.A demonstração concreta <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong>dede se recuperar áreas a partir <strong>do</strong> reflorestamentoé fun<strong>da</strong>mental e pode servir comoestímulo para que os proprietários utilizema regeneração natural, especialmente nasAPPs, como estratégia barata de recuperaçãoe de cumprimento <strong>da</strong> lei ambiental.Enfim, nunca é demais lembrar que, namaioria <strong>do</strong>s casos estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s, o projeto, paraos grupos e organizações envolvi<strong>do</strong>s, é umaentre várias iniciativas que estes desenvolvem.A vi<strong>da</strong> continua e é bem mais ampla<strong>do</strong> que as ativi<strong>da</strong>des previstas no plano detrabalho. As famílias traçam suas estratégiasde sobrevivência, nas quais o projeto apoia<strong>do</strong>pelo PDA é mais um elemento, nemsempre o principal. Observar os projetos emseus contextos e nos planos de vi<strong>da</strong> dessascomuni<strong>da</strong>des aju<strong>da</strong> a entender sua funçãonuma aposta de sustentabili<strong>da</strong>de que vaimuito além <strong>do</strong>s limites de três ou seis anosde financiamento de uma experiência.Organização e articulação:a base que sustentaNa região <strong>do</strong> projeto Reflorar (BA), os cincoSTRs envolvi<strong>do</strong>s preocupam-se com aperspectiva de término <strong>do</strong> financiamento<strong>do</strong> PDA. Embora o Reflorar já tenha consegui<strong>do</strong>novos recursos (o apoio <strong>da</strong> Chesfpara ampliação <strong>da</strong> proposta de reflores-


tamento de parte <strong>do</strong> litoral norte baiano)e deva seguir tentan<strong>do</strong> ampliar seus parceirosfinancia<strong>do</strong>res, a melhor estratégia para aequipe <strong>do</strong> projeto é a que considera que osSTRs podem assumir um papel mais ativona continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> proposta, passan<strong>do</strong> aser, eles mesmos, proponentes de novosprojetos nessa linha de reflorestamento.Os STRs começam a entender isso e pedemassessoria ao Reflorar/Gambá.No projeto <strong>da</strong> SPVS (PR), a partir <strong>da</strong>s liçõesaprendi<strong>da</strong>s, há um esforço de apoiar a organizaçãoe a participação informa<strong>da</strong> <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des.A instituição procura fortalecera associação que foi cria<strong>da</strong> e está utilizan<strong>do</strong>instrumentos e meto<strong>do</strong>logias participativasde capacitação, diagnóstico e planejamento,sobretu<strong>do</strong> ten<strong>do</strong> em vista o novo projetode seqüestro de carbono que deverá ser implanta<strong>do</strong>na região.Os produtores de erva-mate envolvi<strong>do</strong>s noprojeto <strong>da</strong> AS-PTA (PR) tornaram-se multiplica<strong>do</strong>resem manejo de erva-mate, emSAF e em medicina alternativa e já estãocapacitan<strong>do</strong> outras pessoas. Aprenderamtambém a questionar políticas públicas estaduaise municipais que contribuem paraa degra<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> meio ambiente e para oempobrecimento <strong>da</strong>s famílias. O projetoformou agricultores e agricultoras que são,por sua vez, educa<strong>do</strong>res e forma<strong>do</strong>res deopinião.Observou-se nesse projeto que o processoavançou mais nas comuni<strong>da</strong>des mais coesas.A alta coesão <strong>do</strong>s grupos comunitáriosé um fator que facilita a continui<strong>da</strong>de <strong>do</strong>processo. Os dias de campo e manejo deSAFs são ativi<strong>da</strong>des que continuam. As Uni<strong>da</strong>desDemonstrativas recebem constantementevisitas de agricultores e técnicosinteressa<strong>do</strong>s em conhecer o projeto. Noplano <strong>da</strong> medicina alternativa, novos agentesestão sen<strong>do</strong> forma<strong>do</strong>s e o atendimentoao público aumenta. Para a comercialização<strong>da</strong> erva-mate, foi cria<strong>da</strong> uma associação queeste ano começará a vender o produto como selo Ecovi<strong>da</strong>.61


No Mandira (SP), a Associação Reserva Extrativista<strong>do</strong> Bairro Mandira e a Cooperativa<strong>do</strong>s Coletores de Ostras de Cananéia são asestruturas organizativas <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>deque se fortaleceram. Prova disso é o reconhecimentopúblico, com a conquista <strong>do</strong>Prêmio internacional Iniciativa Equatorial. Acomuni<strong>da</strong>de conta com mais de uma liderança,o que é um bom signo para o futuro<strong>da</strong>s organizações comunitárias; e esse amadurecimentoorganizacional forma umabase para que a aventura <strong>da</strong> exploraçãosustentável <strong>da</strong> área, geran<strong>do</strong> ren<strong>da</strong> e respeitan<strong>do</strong>o meio ambiente, continue.Os guarani (SP) estão executan<strong>do</strong> to<strong>da</strong>s asetapas <strong>do</strong> projeto – definem e agen<strong>da</strong>mas ativi<strong>da</strong>des, compram os materiais, sãoresponsáveis pela coleta de imagens emvídeo e pela definição <strong>do</strong>s materiais de divulgação,fazem levantamento de preços eentrega <strong>da</strong>s prestações de conta ao Banco<strong>do</strong> Brasil. Para isso, a comuni<strong>da</strong>de se organizousegun<strong>do</strong> sua forma tradicional, comreuniões convoca<strong>da</strong>s pelo cacique e definiçõesfeitas no debate entre to<strong>do</strong>s, com acriação de grupos específicos por ativi<strong>da</strong>de.Também firmaram um acor<strong>do</strong> de parceriacom a prefeitura municipal para produçãode materiais e divulgação <strong>do</strong> projeto juntoàs municipali<strong>da</strong>des vizinhas.No projeto <strong>do</strong> Centro Ecológico (RS) foi cria<strong>do</strong>um Comitê Gestor, integra<strong>do</strong> por to<strong>da</strong>sas associações participantes mais o CentroEcológico, proponente <strong>do</strong> projeto, que resultouem fortalecimento <strong>do</strong> processo organizativo<strong>do</strong>s agricultores ecologistas <strong>da</strong>região. O projeto mantém intercâmbio comtrês outros projetos PDA em Santa Catarinae no Rio Grande <strong>do</strong> Sul. O Centro Ecológicodesenvolve há mais de uma déca<strong>da</strong> trabalhode apoio à organização de produtoresecologistas e de formação de associações,ten<strong>do</strong> consegui<strong>do</strong> grande reconhecimentoentre agricultores familiares e movimentossociais.Além de ser um <strong>do</strong>s principais parceiros naformulação e implementação <strong>da</strong>s políticas<strong>do</strong> atual governo <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> para a árearural, o Centro Ecológico é um <strong>do</strong>s articula<strong>do</strong>resde três redes que reúnem enti<strong>da</strong>desnão-governamentais de assessoria e deagricultores(as) familiares: a Rede TecnologiasAlternativas-Sul, a Rede Solidária deProdução e Circulação de Produtos Ecológicos<strong>do</strong> Litoral Norte <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul eSul de Santa Catarina e a Rede Biodiversi<strong>da</strong>de.Também coordena a Rede Sementes <strong>da</strong>Região Sul. No campo <strong>da</strong> política ambientalgaúcha, o Centro Ecológico participa deuma Câmara Técnica liga<strong>da</strong> à Secretaria <strong>do</strong><strong>Meio</strong> <strong>Ambiente</strong>, responsável por analisar alegislação estadual para o setor. O CentroEcológico também participa <strong>do</strong> Comitê <strong>da</strong>Reserva <strong>da</strong> Biosfera <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, quese sobrepõe parcialmente à área de atuação<strong>da</strong> enti<strong>da</strong>de no Rio Grande <strong>do</strong> Sul.Por outro la<strong>do</strong>, a falta de continui<strong>da</strong>de e areversão mesmo <strong>do</strong>s processos vivi<strong>do</strong>s aolongo <strong>do</strong> projeto <strong>da</strong> Avidepa (ES) deixammargem a algumas considerações. Umaé que as mu<strong>da</strong>nças políticas no esta<strong>do</strong>podem interromper ou mesmo reverterprocessos que estavam estabeleci<strong>do</strong>s combase em alianças conjunturais. Outra é queo isolamento <strong>da</strong> organização “<strong>do</strong>na” <strong>do</strong>projeto não cria nenhuma base social parareivindicação <strong>da</strong> proposta, mesmo quan<strong>do</strong>a situação política torna-se adversa. Houveuma interessante experiência de gestão deum parque estadual por uma Ong e uma62


oa negociação com a empresa priva<strong>da</strong> responsávelpela Ro<strong>do</strong>via <strong>do</strong> Sol, obrigan<strong>do</strong>-aa várias ações de compensação ambiental.No entanto, tu<strong>do</strong> isso ruiu com a mu<strong>da</strong>nçapolítica e com a falta de base social <strong>da</strong> Avidepa,inclusive junto a outras Ongs locais.Na região de Aimorés-MG, onde está o InstitutoTerra, alguns produtores começam ase sensibilizar com a possibili<strong>da</strong>de de alternativasde diversificação e demonstraminteresse na continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> cooperação. OInstituto tem apoia<strong>do</strong> a formação de umaassociação comunitária, por entender que épreciso criar esse tipo de base social.Em Santa Catarina, o projeto <strong>da</strong> Apremavitambém aposta na organização <strong>do</strong>s produtores.Decorrentes <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des <strong>do</strong> projetoforam cria<strong>da</strong>s três novas associações:Agroecológica, de Pousa<strong>da</strong>s, e Semente <strong>do</strong>Futuro. A coordenação e a equipe técnica<strong>do</strong> projeto têm a função de formar multiplica<strong>do</strong>resde informações e meto<strong>do</strong>logias deenriquecimento de florestas, e o fazem pormeio de dias de campo, reunin<strong>do</strong> de 30 a 40agricultores por vez.As mulheres organiza<strong>da</strong>s no MMTR (RS) têmdesenvolvi<strong>do</strong> uma forte rede de parceriascom instituições governamentais e não governamentais,que se manifesta em apoiosconcretos, como equipamentos, viabilizaçãode cursos e assessoria técnica. O MMTRtrabalha fortemente na linha de cursos,reuniões e encontros e um <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s éo número de proprietários rurais que disponibilizamparte de seus terrenos para a implementaçãode módulos demonstrativos.A já sóli<strong>da</strong> organização <strong>do</strong> quilombo de Ivaporunduva(SP) propicia um comprometimentototal com os objetivos <strong>do</strong> projeto. A perspectivapara a comuni<strong>da</strong>de é seguir em seu planode vi<strong>da</strong>, <strong>do</strong> qual o projeto é uma parte.Na região de Simonésia (MG), o trabalhoparticipativo tem gera<strong>do</strong> formas de organizaçãonas comuni<strong>da</strong>des para responderàs deman<strong>da</strong>s identifica<strong>da</strong>s no DRP – criação<strong>da</strong>s comissões de estra<strong>da</strong>s, educação, saúdee terra fraca. O envolvimento <strong>do</strong>s produtoresna monitoria técnica de resulta<strong>do</strong>s<strong>do</strong> projeto <strong>da</strong> Biodiversitas permite inferirque está haven<strong>do</strong> um processo formativoprofun<strong>do</strong> e que essas novas práticas devempermanecer. O projeto também aposta narede de parcerias e na organização <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>deslocais, trabalhan<strong>do</strong> em estreitacolaboração com o STR e com a Associação<strong>do</strong>s Amigos Protetores <strong>da</strong>s <strong>Mata</strong>s de Simonésia.Sustentabili<strong>da</strong>de econômicaUma questão recorrente a to<strong>do</strong>s os projetosé a de como manter as ativi<strong>da</strong>des, que nomomento recebem subsídios após o término<strong>do</strong> projeto. Alguns caminhos aponta<strong>do</strong>spara isso:As organizações buscam novos financiamentos,amplian<strong>do</strong> parcerias e frentes detrabalho – novos projetos ou ampliação deobjetivos e de metas. Exemplos: o projetoMandira (SP), o Reflorar (BA), o <strong>da</strong> SPVS (PR)e o <strong>do</strong> Instituto Terra (MG), este último comfortíssimo trabalho de captação de recursose impressionante volume de parcerias nacionaise internacionais.Outro caminho para a sustentabili<strong>da</strong>deconsiste em desenvolver ativi<strong>da</strong>des <strong>do</strong>próprio projeto que resultem em ingressode recursos, de forma a manter o processo63


desencadea<strong>do</strong> pelo projeto. É o caso <strong>do</strong>empreendimento <strong>do</strong> bairro Mandira (SP),onde as parcerias técnicas devem continuaratuan<strong>do</strong> para que os futuros custos recorrentessejam arca<strong>do</strong>s pelos produtores pormeio de sua cooperativa. Na Apremavi (SC),40% <strong>do</strong>s recursos necessários à sua operacionalizaçãoadvêm <strong>da</strong> ven<strong>da</strong> de mu<strong>da</strong>s.É interessante observar os custos <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>desde reflorestamento ou recuperaçãoapresenta<strong>do</strong>s por diferentes projetos.O Instituto Terra (MG) apresenta um customédio de 312 hora/homem/hectare paraimplantação e manutenção em áreas comforte incidência de aroeira; e de 209 h/H/hapara áreas de braquiária.O custo médio de uma Uni<strong>da</strong>de Demonstrativa<strong>do</strong> projeto <strong>da</strong> AS-PTA (PR) é de 327dólares. Como uma UD tem em média 400plantas de erva-mate, que produzem emtorno de 50 kg a ca<strong>da</strong> <strong>do</strong>is anos, a R$0,25 oquilo, ca<strong>da</strong> UD teria uma ren<strong>da</strong> de R$2.500/ano, o que supera de longe o custo de implantação.O Reflorar (BA) calcula um custo médio deimplantação e manutenção de área refloresta<strong>da</strong>,com cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s expressivos nos <strong>do</strong>isprimeiros anos, de R$2.500 por hectare.Esse custo inclui plantio, cerca, adubaçãoorgânica, tratos culturais. Embora ain<strong>da</strong> sejaum custo alto para o pequeno produtor, ébem menor que os preços pratica<strong>do</strong>s porempresas de reflorestamento.Uma dificul<strong>da</strong>de óbvia é valorar a relaçãocusto/benefício de projetos de recuperação,em que não há preocupação produtivadireta, mas simplesmente a recomposição<strong>da</strong> floresta (ou <strong>da</strong> restinga, no caso <strong>da</strong> Avidepa,no Espírito Santo). Quanto vale umhectare de biodiversi<strong>da</strong>de? E de belezapaisagística?64


8Aprender Encurta o Caminho:LiçõesEm to<strong>da</strong>s as partes deste estu<strong>do</strong> encontram-selições aprendi<strong>da</strong>s pelos projetosem sua prática cotidiana. Lições que servemaos próprios projetos, aos produtores,às comuni<strong>da</strong>des envolvi<strong>da</strong>s, ao esta<strong>do</strong> emseus diferentes níveis (municipal, estadual efederal) e a instituições diretamente vincula<strong>da</strong>sao PDA e aos financia<strong>do</strong>res/<strong>do</strong>a<strong>do</strong>res.Embora algumas <strong>da</strong>s lições que destacaremosneste capítulo já tenham si<strong>do</strong> objetode maior aprofun<strong>da</strong>mento em algumaoutra parte deste estu<strong>do</strong>, trataremos de<strong>da</strong>r aqui uma visão geral. Categorizamos aslições em grupos temáticos.De olho nos benefícios- Alguns projetos iniciaram suas propostascentra<strong>do</strong>s apenas no aspecto de recuperaçãoe preservação ambiental. Com aexperiência acumula<strong>da</strong> aprenderam queessas propostas são mais bem aceitasquan<strong>do</strong> estão atrela<strong>da</strong>s à oferta de alternativaseconômicas aos beneficiários.65


Por exemplo, o custo de implantação ede manutenção de SAFs tem si<strong>do</strong> maisfacilmente assimila<strong>do</strong> pelos produtoresque o <strong>do</strong> reflorestamento sem uma preocupaçãoeconômica imediata. Tratan<strong>do</strong>sede reflorestamento, é importante haverprojetos produtivos que complementema estratégia de recuperação ambiental e,melhor ain<strong>da</strong>, quan<strong>do</strong> as comuni<strong>da</strong>des,grupos ou enti<strong>da</strong>des representativas sãoproponentes desses projetos complementares.- Os projetos aprenderam, em suas estratégiasde implantação e de difusão,que benefícios visíveis funcionam comoforte elemento motiva<strong>do</strong>r. Nesse senti<strong>do</strong>,ter áreas já implanta<strong>da</strong>s que funcionemcomo demonstrativas torna-se fun<strong>da</strong>mental– os benefícios e o cálculo econômicode aumento de ingressos ou de diminuiçãode custos de produção ganhama confiança <strong>do</strong> produtor e podem atrairnovos interessa<strong>do</strong>s, como demonstramos exemplos <strong>da</strong> AS-PTA (PR), Reflorar (BA)e Apremavi (SC).- Muitos projetos conseguiram avançarquan<strong>do</strong> houve diminuição nos custosde produção, que funciona efetivamentecomo elemento motiva<strong>do</strong>r. Uma lição parao desenho de projetos que se baseiam noconvencimento <strong>do</strong> produtor: é importanteque a proposta técnica sempre se preocupecom a diminuição <strong>do</strong>s custos de produção.Por exemplo, observou-se, pelos <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong>monitoramento participativo feito pelosprodutores no projeto <strong>da</strong> Biodiversitas, quea introdução de práticas agroecológicas nasculturas de café reduz sensivelmente a mãode-obra<strong>do</strong>s agricultores, e isso é um <strong>do</strong>sfatores de êxito <strong>da</strong> proposta.Aspectos técnicos e produtivos- Os resulta<strong>do</strong>s concretos <strong>do</strong>s projetoslevam a algumas constatações por parte<strong>do</strong>s produtores envolvi<strong>do</strong>s, <strong>do</strong> tipo: opasto não é a melhor utilização <strong>da</strong> terranaquela região; o volume e a quali<strong>da</strong>de<strong>da</strong> água dependem <strong>da</strong> presença <strong>da</strong>s árvores;o reflorestamento, o SAF ou os méto<strong>do</strong>sorgânicos melhoram as condições<strong>do</strong> solo; é possível produzir sem agrediro meio ambiente (banana, café…); a práticade cobertura permanente <strong>do</strong> soloe a regeneração de espécies florestaismelhoram a ciclagem <strong>da</strong> água no ecossistema;o sombreamento <strong>do</strong>s bananais,com a introdução de outras espécies, nãoprejudica sua quali<strong>da</strong>de.- Uma lição aprendi<strong>da</strong> é que a agroecologiaapresenta resulta<strong>do</strong>s interessantespara a pequena produção rural a curto,médio e longo prazos. Para o PDA, issotambém serve de nortea<strong>do</strong>r. O programadeve incorporar mais e melhor a agroecologiaem suas estratégias e avançar emsistematizações de experiências que trabalhamcom esse méto<strong>do</strong>. Uma conclusão<strong>do</strong> projeto <strong>da</strong> Biodiversitas, por exemplo,é que a transformação <strong>da</strong> monocultura decafé com práticas agroecológicas é viávele traz benefícios em curto prazo.- Outro aprendiza<strong>do</strong> refere-se à importânciade esclarecer o produtor sobre as vantagense desvantagens <strong>da</strong> passagem <strong>do</strong>sistema de produção convencional para oorgânico. Isso pode significar menor custode produção, mas carregar o risco de reduzira produtivi<strong>da</strong>de, como ocorre comos bananais no projeto de Ivaporunduva(SP).66


- O uso racional <strong>do</strong>s recursos florestaisaponta um incremento volumétrico significativoem relação a fragmentos florestaisnão enriqueci<strong>do</strong>s. Exemplo, entreoutros, <strong>da</strong> Apremavi (SC).- A recuperação de restinga apresentaresulta<strong>do</strong>s interessantes no litoral sul<strong>do</strong> Espírito Santo; esses resulta<strong>do</strong>s e ameto<strong>do</strong>logia de recuperação devem sersistematiza<strong>do</strong>s e divulga<strong>do</strong>s. O PDA deveexigir <strong>do</strong>s parceiros mais efetivi<strong>da</strong>de nassistematizações de informação e na difusão<strong>da</strong>s experiências, sobretu<strong>do</strong> quan<strong>do</strong>fazem parte <strong>da</strong> proposta <strong>do</strong> projeto.Organização, articulação e financiamento- Movimentos organiza<strong>do</strong>s que tenhamcapilari<strong>da</strong>de e a confiança <strong>do</strong>s produtores,como os sindicatos de trabalha<strong>do</strong>resrurais ou o MMTR, constituem excelentesparceiros. A disseminação <strong>do</strong>s objetivos<strong>do</strong> PDA e <strong>do</strong>s projetos apresenta maioreficiência, efetivi<strong>da</strong>de e eficácia quan<strong>do</strong>os realiza<strong>do</strong>res são ou trabalham diretamentee de forma orgânica com os movimentossociais.- Por outro la<strong>do</strong>, os movimentos popularese suas enti<strong>da</strong>des representativas, como osSTRs, devem ser mais propositivos, apresentan<strong>do</strong>novos projetos complementarese toman<strong>do</strong> a si a responsabili<strong>da</strong>depela continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s propostas. Comisso, conseguem avançar além <strong>do</strong> impulsoinicial proporciona<strong>do</strong>, muitas vezes,por organizações de assessoria e apoioou por Ongs ambientalistas. No caso <strong>do</strong>Reflorar (BA), foi um grande salto de consciênciapara os STRs quan<strong>do</strong> perceberamque podiam ser, de fato, proponentes deiniciativas que dessem continui<strong>da</strong>de aotrabalho de reflorestamento e recuperaçãoambiental inicia<strong>do</strong> pelo Gambá.No entanto, a fragili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s pequenasOngs locais para captação de recursosdificulta a execução de novas propostascomplementares que surgem ao longo <strong>da</strong>execução <strong>do</strong>s projetos.- A efetivação de parcerias é fun<strong>da</strong>mentalpara o sucesso <strong>da</strong>s iniciativas; no entanto,é bom precisar o que significam essas parcerias.Algumas vezes, os produtores envolvi<strong>do</strong>ssão chama<strong>do</strong>s parceiros; outrasvezes, os parceiros são as instituições deassessoria técnica ou os co-financia<strong>do</strong>res.Para o bom funcionamento de uma parceria,não basta a sua formalização, maso real comprometimento <strong>do</strong>s envolvi<strong>do</strong>scom a proposta.- O nível de organização <strong>do</strong>s produtoresvai se refletir no melhor ou pior desempenho<strong>do</strong>s projetos. Um <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res éjustamente a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s parcerias queo grupo consegue alavancar e manter.Quan<strong>do</strong> a organização é fraca ou inexistente,há que se investir primordialmentenesse aspecto. Não há como avançar emexperiências <strong>do</strong> tipo PDA sem investir nofortalecimento <strong>da</strong>s organizações. Se estasnão se fortalecem, ou se as articulaçõesnão são sóli<strong>da</strong>s e amplas o suficiente,a iniciativa se debilita e tende a morrercom o fim <strong>do</strong> financiamento ou com asmu<strong>da</strong>nças políticas no entorno.- A colaboração <strong>da</strong>s prefeituras, quan<strong>do</strong>existe, é sempre um fator importante(Biodiversitas/MG).- Mesmo que o PDA não represente umafonte maior de recursos para reflorestamento,pode servir para <strong>da</strong>r início ao67


68projeto e qualificá-lo para acessar outrosfinanciamentos (exemplos: Instituto Terra,Avidepa).- Projetos de reflorestamento em áreas particularessão viáveis e têm grande potencialpara atrair financiamento. O melhorexemplo disso vem <strong>do</strong> Instituto Terra, emMinas Gerais. Municípios e empresas podemser envolvi<strong>do</strong>s em projetos de reflorestamento;e existem boas perspectivaspara a captação de recursos internacionaisdestina<strong>da</strong>s a iniciativas na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>.Educação, informação, valores e mu<strong>da</strong>nçacultural- Medi<strong>da</strong>s coercitivas combina<strong>da</strong>s a açõesde educação realmente fazem diminuir oscrimes ambientais, haja vista o exemplo<strong>do</strong> Reflorar (BA).- Para que a legislação ambiental não sejapercebi<strong>da</strong> pelas instituições proponentes,pelos executores e pelos agricultoresfamiliares como um fator restritivo à liber<strong>da</strong>deindividual, mas como um conjuntode regras que viabilizam um melhor uso<strong>do</strong>s recursos naturais e a melhoria <strong>da</strong> suaquali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>, é necessário trabalharcom estratégias de informação social eculturalmente adequa<strong>da</strong>s ao público-alvoe com disponibilização de insumos técnicose financeiros compatíveis, que tornemoperacionalizável a transição tecnológica.Isso é o que alguns projetos demonstram:o <strong>da</strong> Apremavi (SC), o <strong>da</strong> AS-PTA (PR), o <strong>do</strong>Reflorar (BA) e o <strong>da</strong> Biodiversitas (MG).- O acesso à informação efetivamente potencializamu<strong>da</strong>nças de postura e aquisiçãode valores. Por isso, é importante forneceraos agricultores informações sobreas áreas de reserva legal e de preservaçãopermanente e incorporar o cumprimento<strong>da</strong>s leis no planejamento <strong>da</strong>s ações nasproprie<strong>da</strong>des, de forma que o produtorperceba, na prática, as vantagens. A disseminaçãode conhecimentos práticossobre o manejo sustentável <strong>do</strong>s recursosflorestais, e de como incorporá-los aosistema de produção <strong>da</strong> pequena proprie<strong>da</strong>derural, inclusive como fonte deren<strong>da</strong>, é fun<strong>da</strong>mental para a viabilizaçãoe consoli<strong>da</strong>ção de projetos com agricultoresfamiliares.- Nas práticas educativas, a combinaçãoentre cursos teóricos e práticas concretastem um efeito muito maior. E fica acentua<strong>da</strong>a importância <strong>do</strong> trabalho de educaçãoambiental nos projetos, entendi<strong>do</strong>de forma ampla – cursos, intercâmbios,produção de materiais de difusão e deeducação, enfim, um trabalho de convencimento<strong>da</strong>s populações diretamente envolvi<strong>da</strong>se <strong>do</strong> entorno. Quan<strong>do</strong> o entornoé trabalha<strong>do</strong> com meto<strong>do</strong>logias específicas– como o caso <strong>do</strong>s cursos para policiaisna área <strong>do</strong> Reflorar/BA, ou nos cursospara forma<strong>do</strong>res de opinião promovi<strong>do</strong>spelo Instituto Terra, em Minas Gerais – aproposta ganha em possibili<strong>da</strong>des de sucesso,de continui<strong>da</strong>de e de ampliação.- Projetos de reflorestamento em áreasdegra<strong>da</strong><strong>da</strong>s geram simpatia popular(Avidepa/ES, Reflorar/BA, Instituto Terra/MG) e a introdução de práticas agroecológicastraz mu<strong>da</strong>nças amplas de visão,como referi<strong>do</strong> nos projetos <strong>da</strong> AS-PTA(PR), <strong>do</strong> MMTR (RS), <strong>da</strong> Biodiversitas (MG)e de Ivaporunduva/SP. Os produtoresgostam <strong>da</strong>s árvores e desenvolvem umanova abor<strong>da</strong>gem não só <strong>da</strong> agricultura,mas também <strong>do</strong> meio ambiente. E essa


nova maneira de conviver com a naturezaé o maior ganho e a melhor garantia desustentabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> proposta, ao longo <strong>da</strong>vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> família.- Por outro la<strong>do</strong>, uma reflexão que faz oReflorar (BA) é de que a proposta de reflorestamentoencontra uma dificul<strong>da</strong>de deordem cultural, de mentali<strong>da</strong>de, já que naregião a terra desmata<strong>da</strong> e planta<strong>da</strong> compasto tem, simbolicamente, mais valorque a terra com mata. A mata é considera<strong>da</strong>“mato”, na<strong>da</strong>; e o pasto é considera<strong>do</strong>benfeitoria. Para mu<strong>da</strong>r essa mentali<strong>da</strong>de– que não se sustenta em indica<strong>do</strong>reseconômicos, já que está demonstra<strong>do</strong> abaixa rentabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> pecuária nessascondições, e estu<strong>do</strong>s comparativos mostramclaramente a desvantagem dessemodelo em relação ao <strong>da</strong> diversificação– é necessário um trabalho amplo, queinclui, como um elemento central, investimentoem educação ambiental.Políticas públicas e atuação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>- O projeto, por si, não é suficiente parainfluenciar em escala mais ampla; depende,para isso, de uma abertura no la<strong>do</strong>governamental. Embora a formação deparcerias seja uma estratégia importante,essas – mesmo quan<strong>do</strong> sóli<strong>da</strong>s - não sãosuficientes para influenciar políticas públicasalém <strong>do</strong> nível local. Nos exemplosestu<strong>da</strong><strong>do</strong>s, trabalhar com prefeituras (nívelmunicipal) é mais fácil, mais concretoe mais viável que trabalhar com esta<strong>do</strong>s(nível estadual). Além disso, em ca<strong>da</strong> instituiçãoparceira a chave está em encontrarpessoas certas, com motivação pessoal.- A falta de políticas públicas que dêemsustentação e continui<strong>da</strong>de à proposta<strong>do</strong>s projetos pode significar per<strong>da</strong> derecursos e de tempo, geran<strong>do</strong> descrençae desgaste na socie<strong>da</strong>de. Como colocamclaramente os responsáveis pelo projeto<strong>da</strong> AS-PTA (PR), embora sua proposta seja69


sustentável economicamente <strong>do</strong> pontode vista <strong>do</strong> sistema de produção, é necessárioapoio e incentivo governamentalpara financiar e difundir as técnicas demanejo.- Por outro la<strong>do</strong>, onde os projetos tipo PDAjá criaram uma nova mentali<strong>da</strong>de e acumularamresulta<strong>do</strong>s concretos, fica maisdifícil que os projetos de desenvolvimentomunicipal continuem ignoran<strong>do</strong> oucontradizen<strong>do</strong> os critérios ambientais.- Os projetos podem funcionar como elementospropulsores para agilizar processosde regularização fundiária.- O trabalho com comuni<strong>da</strong>des no entornode uma UC tem maiores chances desucesso quan<strong>do</strong> incorpora as ativi<strong>da</strong>deseconômicas principais dessas comuni<strong>da</strong>des.É possível transformar comuni<strong>da</strong>desem alia<strong>da</strong>s e parceiras <strong>da</strong>s UCs.- A falta de instrumentos econômicos devaloração ou de incentivo à ativi<strong>da</strong>de dereflorestamento é um grande empecilhoà ampliação <strong>da</strong>s propostas. A deduçãoque pode ser feita <strong>do</strong> ITR é algo tão insignificanteque não chega a representarnenhum estímulo.- As estratégias que os projetos têm usa<strong>do</strong>para influenciar políticas públicas – parceriascom órgãos públicos, formação deopinião, participação em fóruns e espaçosde decisão, apresentação de resulta<strong>do</strong>sdemonstrativos e de propostas concretasao poder público – muitas vezes dependemde um tempo maior para demonstraremsua eficácia, já que se trata de formaçãode opinião, fortalecimento políticoe capaci<strong>da</strong>de de pressão.Participação e gestão- Um <strong>do</strong>s aspectos observa<strong>do</strong>s é que, ondehá participação, os modelos técnicosdesenvolvi<strong>do</strong>s tendem a ser econômicae socialmente mais apropria<strong>do</strong>s à reali<strong>da</strong>de<strong>da</strong>s famílias envolvi<strong>da</strong>s. Portanto, éimprescindível a mobilização e o envolvimento<strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des desde a concepção,o diagnóstico e o planejamento <strong>do</strong>sprojetos.- Quan<strong>do</strong> se envolvem com empreendimentoseconômicos, as comuni<strong>da</strong>destendem a escolher entre <strong>do</strong>is caminhos:capacitar-se e ter <strong>do</strong>mínio sobre o funcionamento<strong>do</strong> processo produtivo comoum to<strong>do</strong>, <strong>da</strong> produção à carteira de clientes,ou contratar profissionais externospara o trabalho gerencial. No caso <strong>do</strong>projeto Mandira, só depois que a associaçãoe a cooperativa tiraram o gerente contrata<strong>do</strong>e tomaram a si o trabalho é que ainiciativa foi para a frente. No entanto, nãose deve generalizar essa solução. Pode serque o caminho <strong>do</strong> meio se mostre maiseficaz: contratar pessoas especializa<strong>da</strong>s,sim, mas também procurar capacitar-se;monitorar to<strong>do</strong> o processo, como formade fiscalizar mas também de aprender; eprocurar contratar pessoas com algum nívelmais profun<strong>do</strong> de comprometimentocom a proposta coletiva.- A gestão de um projeto pode significar,para grupos e comuni<strong>da</strong>des que o fazempela primeira vez, uma grande oportuni<strong>da</strong>dede aprendiza<strong>do</strong> em gerência e oreconhecimento <strong>da</strong> própria capaci<strong>da</strong>de.Caso, por exemplo, <strong>do</strong> projeto guarani.- A participação <strong>do</strong>s beneficiários na gestão<strong>do</strong> projeto é fun<strong>da</strong>mental para que70


ele seja efetivamente incorpora<strong>do</strong> em seuimaginário e em sua prática cotidiana demanejo <strong>do</strong>s recursos naturais. Afinal, é pormeio dessa participação direta que se dáa apropriação <strong>da</strong> proposta pelos envolvi<strong>do</strong>s,os quais saem <strong>da</strong> condição de merosbeneficiários para ser os promotores/executores/<strong>do</strong>nos <strong>da</strong> iniciativa.- A abor<strong>da</strong>gem participativa desde oinício, desde o diagnóstico, é a meto<strong>do</strong>logiamais acerta<strong>da</strong>. No entanto, podegerar alguma frustração, uma vez queos instrumentos participativos, tipo DRP,podem levar a um amplo espectro dedeman<strong>da</strong>s identifica<strong>da</strong>s. Essas deman<strong>da</strong>squase nunca podem ser to<strong>da</strong>s absorvi<strong>da</strong>spelo projeto, que atua apenas em umaparte <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, mas que é, naquelemomento, o fator mais estrutura<strong>do</strong> e commaiores capaci<strong>da</strong>des de articulação e deorganização. Por isso, é importante pensarem processos e não somente em projetospontuais, quan<strong>do</strong> se trata de intervençõescom comuni<strong>da</strong>des.- O monitoramento participativo é uma peçachavepara o envolvimento <strong>do</strong>s produtorese para medir os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s projetos. Jáse têm meto<strong>do</strong>logias participativas comprova<strong>da</strong>menteeficientes para diagnóstico,planejamento, monitoramento e avaliação– como demonstram os projetos <strong>da</strong> Biodiversitas(MG) e <strong>da</strong> AS-PTA (PR).- É fun<strong>da</strong>mental a participação de grupossociais organiza<strong>do</strong>s no desenvolvimento<strong>do</strong>s trabalhos, para que haja uma basereal para a continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s ações ousustentabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s, comofica evidente nos projetos estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s.Assistência Técnica- A assistência técnica permanente, acompanhan<strong>do</strong>passo a passo a implantação<strong>do</strong> projeto, aumenta não só suas chancesde sucesso como promove uma maiorinteração técnico/agricultor, melhoran<strong>do</strong>a relação entre ambos e aumentan<strong>do</strong> acredibili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> técnico e <strong>da</strong> instituição– ver, por exemplo, os <strong>do</strong>is projetos <strong>do</strong>Paraná analisa<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong>.- A meto<strong>do</strong>logia de incorporar princípiosteóricos à medi<strong>da</strong> que a prática avançaconstitui processo motiva<strong>do</strong>r e revitaliza<strong>do</strong>r<strong>da</strong> coesão sócio-cultural <strong>do</strong> grupo.Além disso, possibilita a expressão <strong>do</strong>conhecimento local. O uso desse tipode meto<strong>do</strong>logia (o “mutirão-escola” <strong>da</strong>AS-PTA) resulta em agricultores experimenta<strong>do</strong>rescom segurança técnica eprofundi<strong>da</strong>de conceitual.- Parcerias técnicas com comprometimentoreal podem ser soluções mais efetivasque a contratação de técnicos pelos proponentes<strong>do</strong>s projetos. Porém, o comprometimento<strong>da</strong>s instituições parceiras sóse materializa no efetivo compromisso<strong>da</strong>s pessoas, <strong>do</strong>s técnicos envolvi<strong>do</strong>s. Éevidente a dificul<strong>da</strong>de de trabalhar comórgãos públicos, como a Emater e o IEFna parceria com a Biodiversitas, em MinasGerais. Pode ser que a dificul<strong>da</strong>de <strong>do</strong>stécnicos dessas instituições em a<strong>do</strong>tarposturas e práticas mais participativas econdizentes com os parâmetros ambientaisderive não apenas de um problemade vontade política, mas de uma questãode mentali<strong>da</strong>de - uma cultura arraiga<strong>da</strong>, naqual não cabem esses parâmetros. Nessescasos, a assistência técnica, objeto <strong>da</strong>s parcerias,não ocorre de forma eficiente.71


72- Por outro la<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> os técnicos – contrata<strong>do</strong>spelos projetos, ou <strong>da</strong>s instituiçõesde apoio - conhecem bem a reali<strong>da</strong>desocial e cultural <strong>da</strong> população com quetrabalham, e têm respeito por elas, o planejamentoparticipativo pode realmentefuncionar. Não se trata apenas <strong>da</strong> aplicaçãopura e simples de meto<strong>do</strong>logias ditasparticipativas, mas <strong>da</strong> postura <strong>do</strong>s técnicosenvolvi<strong>do</strong>s (caso guarani é bem claro).Organizações de mulheres- Os movimentos de mulheres trabalha<strong>do</strong>rasrurais têm um grande potencialpara contribuir com os objetivos <strong>do</strong> PDA,especialmente quan<strong>do</strong> estes aparecemarticula<strong>do</strong>s com a melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>dede vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s populações locais nos campos<strong>da</strong> alimentação e <strong>da</strong> saúde familiar ecomunitária.Relação inicial com o pequeno produtor- Há uma desconfiança típica e natural<strong>do</strong>s pequenos proprietários em assinarqualquer papel que “comprometa” suaproprie<strong>da</strong>de; há um certo temor de perdera área refloresta<strong>da</strong> ou a liber<strong>da</strong>de deexplorá-la. É importante considerar essetemor, inicial e típico, ao propor ao pequenoprodutor fazer reflorestamento.Alguns aprendiza<strong>do</strong>s diretos para o PDAe para financia<strong>do</strong>res- Os projetos financia<strong>do</strong>s, em geral, têm umdetermina<strong>do</strong> papel dentro de processosmaiores. É muito importante não perderde vista que, em trabalhos com comuni<strong>da</strong>des,e sobretu<strong>do</strong> com comuni<strong>da</strong>destradicionais e indígenas, os processos sãolongos e os projetos agem apenas comocatalisa<strong>do</strong>res <strong>da</strong> ação em determina<strong>do</strong>smomentos. É fun<strong>da</strong>mental pensar naperspectiva de processos, mais além <strong>do</strong>horizonte <strong>do</strong>s projetos.- As propostas <strong>do</strong>s projetos, que são partede processos maiores, necessitam tempopara maturação. Esse tempo em geral nãocoincide com o tempo <strong>do</strong> financiamento. Éimportante, para as agências financia<strong>do</strong>ras,perceber a real necessi<strong>da</strong>de de tempo paramaturação <strong>da</strong>s experiências e compreendero papel <strong>do</strong>s projetos nessa evolução.- Seria interessante que o PDA – e outrasagências financia<strong>do</strong>ras – procurasseminserir em seus manuais operacionaisalguns indica<strong>do</strong>res sobre os pontos quetornaram exitosos os projetos estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s(aqueles aspectos que se podem generalizare, obviamente, que se podem transformarem indica<strong>do</strong>res). Esta seria a formade levar os proponentes a li<strong>da</strong>r, desde omomento de elaboração <strong>da</strong> proposta,com questões relevantes que podeminfluenciar positivamente no sucesso <strong>da</strong>siniciativas e fornecer subsídios para a formulaçãode políticas.− É importante que grupos e organizaçõescom pequena capaci<strong>da</strong>de acumula<strong>da</strong> emgestão de projetos possam adquirir, compequenos projetos, essa experiência. Essasjanelinhas que abrem oportuni<strong>da</strong>despara os que estão inician<strong>do</strong> fortalecemsua auto-estima e a confiança para se lançaremem experiências mais desafia<strong>do</strong>rase abrangentes.− O conjunto de projetos representa umariqueza meto<strong>do</strong>lógica – em termos de meto<strong>do</strong>logiasparticipativas de planejamento,monitoria e avaliação – que pode ser objetode sistematização por parte <strong>do</strong> PDA.


AnexoRoteiro para apresentação <strong>do</strong>relatório1. Apresentação- Nome <strong>da</strong> Instituição Proponente/Executora- Título <strong>do</strong> projeto- Local <strong>da</strong> implementação <strong>do</strong> projeto (comuni<strong>da</strong>de, município, esta<strong>do</strong>)- Nome <strong>do</strong> Consultor- Perío<strong>do</strong> <strong>da</strong> Visita- Condições de realização <strong>da</strong> visita- Méto<strong>do</strong>s e instrumentos utiliza<strong>do</strong>s para levantamento <strong>da</strong>s informações- Pessoas ou grupos sociais ouvi<strong>do</strong>s, entrevista<strong>do</strong>s e visita<strong>do</strong>s pelo consultor- Data <strong>do</strong> Relatório- Descrição <strong>da</strong> Enti<strong>da</strong>de visita<strong>da</strong>, <strong>do</strong> projeto e <strong>do</strong> contexto, incluin<strong>do</strong> caracterização ambientale sócio-econômica (equipamentos, infra-estrutura, etc.)73


2. Espelho <strong>do</strong> projeto e seus resulta<strong>do</strong>sPara apresentação <strong>do</strong>s objetivos, ativi<strong>da</strong>des, resulta<strong>do</strong>s e outras informações ou avaliaçõesrelevantes, o consultor deverá fazer uso <strong>do</strong> quadro abaixo, onde estão incluí<strong>do</strong>s os seguintesitens:1. Problema identifica<strong>do</strong> que gerou a iniciativa de Projeto (Contexto e Justificativa)2. Objetivo geral <strong>do</strong> Projeto3. Objetivos específicos4. Ativi<strong>da</strong>des programa<strong>da</strong>s por objetivo específico5. Ativi<strong>da</strong>des realiza<strong>da</strong>s por objetivo específico – a análise <strong>do</strong>cumental prévia a i<strong>da</strong> ao campoé fun<strong>da</strong>mental, visto que vários projetos reviram suas programações iniciais em decorrênciade: planejamentos mal prepara<strong>do</strong>s ou fatores imponderáveis; início de fato diferente<strong>da</strong>quele previsto no projeto; super ou sub orçamentação; sobras de recursos decorrentede mu<strong>da</strong>nças cambiais (o que permitiu em vários casos ampliar o antes previsto) etc.6. Resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s por objetivo específico e ativi<strong>da</strong>des relaciona<strong>da</strong>s7. Observações outrasESPELHO DO PROJETO E SEUS RESULTADOS (MODELO)Problema identifica<strong>do</strong> que gerou a iniciativa (*):Objetivo geral <strong>do</strong> projeto (*):Objetivos específicos(*)Ativi<strong>da</strong>des programa<strong>da</strong>spor Objetivo Específico (*)Ativi<strong>da</strong>des realiza<strong>da</strong>s porObjetivo Específico (*)Resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>spor Objetivo EspecíficoObservações1.2.3.4.(*) Itens a serem respondi<strong>do</strong>s pelo consultor com base na leitura <strong>do</strong> projeto.74


3. Resumo <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s essenciais (responder em poucas linhas,caracterizan<strong>do</strong> a resposta além <strong>do</strong> sim ou não).a) Ativi<strong>da</strong>de principal <strong>do</strong> Projetob) Número de famílias envolvi<strong>da</strong>s e beneficia<strong>da</strong>sc) Tamanho <strong>da</strong> área planta<strong>da</strong> ou refloresta<strong>da</strong> em hectaresd) Número de mu<strong>da</strong>s planta<strong>da</strong>se) Qual foi a contribuição <strong>do</strong> Projeto para a organização social?f ) Houve um planejamento participativo? De que maneira?g) Identificar e caracterizar a participação de mulheres e jovens.h) Houve uma estratégia / abor<strong>da</strong>gem de gênero? Como?i) Benefícios principais detecta<strong>do</strong>sj) Problemas principais detecta<strong>do</strong>sk) Relevância para elaboração de políticas publicasl) Houve transferência <strong>da</strong> experiência para:• políticas públicas• outras iniciativasCaracterizar a transferência, em caso positivo, ou, se não houve, dizer o porquêm) O projeto conseguiu outros financiamentos através <strong>da</strong> experiência PDA:• créditos• <strong>do</strong>ação• outrosn) Houve retorno econômico para os produtores? Caracterizaro) Percentagem <strong>da</strong>s metas atingi<strong>da</strong>s4. Roteiro de questões a serem avalia<strong>da</strong>sa) Gestão e aspectos institucionais1. Fazer uma análise comparativa entre os propósitos <strong>do</strong> projeto e seus resulta<strong>do</strong>s e comoesses resulta<strong>do</strong>s contribuíram para os objetivos constantes <strong>da</strong> proposta aprova<strong>da</strong> e paraos objetivos <strong>do</strong> Subprograma PDA.75


2. Identificar o que foi bem sucedi<strong>do</strong> na implementação e de que forma esses elementos influenciaramo projeto.3. Identificar o que não funcionou na implementação e de que forma esses fatores negativosinfluenciaram o projeto.4. Comparar as avaliações que executores e a comuni<strong>da</strong>de envolvi<strong>da</strong> têm <strong>do</strong> projeto e <strong>da</strong>sformas de participação.5. Verificar se a comuni<strong>da</strong>de executora monitorou o projeto e se houve ajustes a partir <strong>da</strong>monitoria, inclusive mu<strong>da</strong>nças de rumo no projeto.6. De que forma o projeto contribuiu para o fortalecimento ou consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>s instituiçõesparticipantes (gestão técnica, administrativa e financeira; toma<strong>da</strong> de decisões; participaçãointerna <strong>da</strong> equipe).7. Contextualizar o aporte <strong>do</strong> PDA dentro <strong>da</strong> experiência, tentan<strong>do</strong> preencher os seguintescampos:Custo total <strong>do</strong> projetoPerío<strong>do</strong> Custo total <strong>do</strong> projetoAportes recebi<strong>do</strong>s Contraparti<strong>da</strong>Aporte <strong>do</strong> PDAb) Aspectos ambientais1. Identificar possíveis ameaças internas e externas à saúde <strong>do</strong>s ecossistemas nos locais deimplementação <strong>do</strong> projeto e suas causas; que ativi<strong>da</strong>des representam essas ameaças; e oque foi feito pelo projeto para contê-las.2. Verificar se houve mu<strong>da</strong>nça de percepção e de atitude <strong>do</strong>s participantes <strong>do</strong> projeto emrelação às ameaças aos ecossistemas nos locais de implementação <strong>do</strong> projeto.3. Verificar se o projeto está localiza<strong>do</strong> em área de influência de Uni<strong>da</strong>de de Conservação ecomo se relaciona com a mesma.4. Verificar se os executores <strong>do</strong> projeto conhecem a legislação ambiental.5. Verificar se os executores observam as áreas de preservação permanente e reservas legais.6. Comparar número de uni<strong>da</strong>des demonstrativas realmente manti<strong>da</strong>s pelos produtores com onúmero indica<strong>do</strong> na proposta inicial <strong>do</strong> projeto (explicar os casos de aumento ou declínio).7. Verificar em que medi<strong>da</strong> o projeto promoveu a diversificação e a adequação <strong>da</strong>s combinações<strong>da</strong>s espécies, seus limites e potenciali<strong>da</strong>des agronômicas, interações ecológicas(manejo de fauna etc.).76


8. Verificar o desempenho <strong>do</strong> projeto nas técnicas de manejo de solos, recursos hídricos erecursos florestal.9. Verificar a relação <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de proposta com a base de recursos naturais (capaci<strong>da</strong>de desuporte).10. O méto<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong> para atingir os resulta<strong>do</strong>s ambientais foi eficiente? Existe méto<strong>do</strong> menosdispendiosos para atingir esses resulta<strong>do</strong>s?c) Aspectos Sociais1. Observar as características e formas de organização <strong>do</strong>s grupos beneficiários e perspectivasde engajamento na continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s ações <strong>do</strong> Projeto.2. Verificar como se dá a participação <strong>da</strong>s mulheres e jovens na execução <strong>do</strong> projeto.3. Situação fundiária <strong>da</strong>s áreas de implementação <strong>do</strong> projeto.4. Analisar a compatibili<strong>da</strong>de entre o trabalho <strong>da</strong> família nos cultivos anuais de alimentos,emprego temporário em outras ativi<strong>da</strong>des e assistência aos SAFs, quan<strong>do</strong> for o caso.5. Verificar o conteú<strong>do</strong> e a freqüência de assistência técnica recebi<strong>da</strong> pelos beneficiários,quem prestou o serviço e a proprie<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s orientações repassa<strong>da</strong>s; destacar meto<strong>do</strong>logiasinteressantes.6. Verificar os efeitos sobre consoli<strong>da</strong>ção (ou não) <strong>do</strong>s grupos comunitários.7. Verificar os impactos sobre a quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> (ren<strong>da</strong>, saúde, educação, dieta, lazer).d) Aspectos econômicos (quan<strong>do</strong> for o caso)1. Avaliar a coerência <strong>do</strong> projeto na articulação <strong>do</strong>s diferentes estágios <strong>da</strong> cadeia produtiva(plantio/produção/processamento-fornecimento-merca<strong>do</strong>).2. Verificar como as ativi<strong>da</strong>des econômicas se inserem no processo de educação ambiental; ecomo a conscientização ambiental tem influencia<strong>do</strong> na forma de exploração <strong>do</strong>s recursosnaturais.3. Verificar se houve estu<strong>do</strong> de desenvolvimento <strong>do</strong> produto, controle de quali<strong>da</strong>de e acompanhamentotécnico especializa<strong>do</strong> no processo industrial.4. Verificar a adequação <strong>da</strong>s plantas <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des de beneficiamento às metas de produção(recepção e acondicionamento de matéria-prima, armazenamento <strong>do</strong>s produtos processa<strong>do</strong>s,adequação de maquinaria, espaço de trabalho, higienização etc.).5. Verificar a adequação de uso <strong>do</strong> suporte técnico-administrativo e de transporte para ofuncionamento <strong>da</strong> infra-estrutura geral <strong>do</strong> Projeto.6. Analisar a apresentação <strong>do</strong>s produtos (embalagem, logomarcas, informações sobrecomposição/ingredientes utiliza<strong>do</strong>s) e a coerência desses elementos com os merca<strong>do</strong>spretendi<strong>do</strong>s.77


7. Identificar se há registros <strong>do</strong>s produtos nos órgãos de vigilância sanitária, Departamentode Defesa e Inspeção Vegetal <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>da</strong> Agricultura ou outros.8. Averiguar se existe controle e <strong>do</strong>cumentação <strong>do</strong>s custos de produção e monitoramentode preços de merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>s produtos gera<strong>do</strong>s pelo Projeto.9. Identificar as estratégias de comercialização emprega<strong>da</strong>s pelo projeto e suas inserçõesde merca<strong>do</strong>; analisar oportuni<strong>da</strong>des e dificul<strong>da</strong>des geográficas e de infra-estrutura para oescoamento <strong>da</strong> produção aos merca<strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res deseja<strong>do</strong>s.10. Identificar possíveis impactos <strong>do</strong> projeto na economia local/regional.11. Verificar quais são os merca<strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s produtos <strong>do</strong> projeto.12. Investigar se há outras linhas de financiamento (fun<strong>do</strong> perdi<strong>do</strong>, comerciais) que propiciema continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des <strong>do</strong> projeto e se são acessíveis.13. Identificar se o projeto teve acesso a outras linhas de financiamento; quais e para quefinali<strong>da</strong>des.14. O sistema de produção apoia<strong>do</strong> (seja por financiamentos direto <strong>do</strong> projeto ou por assistênciatécnica/treinamento) é financeiramente viável para o produtor? (relação custo/benefício; lucro; financiamento através de empréstimos <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>).15. No caso de rentabili<strong>da</strong>de financeira <strong>do</strong> sistema de produção: se o financiamento nãotivesse si<strong>do</strong> a fun<strong>do</strong> perdi<strong>do</strong>, e sim através de empréstimos financeiros, haveria tambémrentabili<strong>da</strong>de?16. Qual o eventual grau de subvenção necessário para tornar o sistema de produção sustentável?17. Os futuros custos recorrentes para assegurar a continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> produção poderão serarca<strong>do</strong>s pelos produtores (sustentabili<strong>da</strong>de futura sem subvenções adicionais)?e) Aspectos Específicos de SAFs (quan<strong>do</strong> for o caso)1. Identificar e caracterizar o modelo de SAF utiliza<strong>do</strong>.2. Qual é a área total implementa<strong>da</strong> pelo projeto?3. Qual é a área media por proprie<strong>da</strong>de?4. Identificar as funções principais <strong>do</strong> SAF utiliza<strong>do</strong> na estratégia <strong>do</strong> projeto e <strong>do</strong> produtor(recuperação de solos, ren<strong>da</strong>, alimentação, preservação de nascentes)5. Identificar as interações <strong>do</strong>s SAFs com as demais ativi<strong>da</strong>des desenvolvi<strong>da</strong>s na proprie<strong>da</strong>de.6. Identificar a satisfação <strong>do</strong>s participantes <strong>do</strong> projeto em relação a custo/benefício no empregode mão-de-obra na implementação de SAFs.78


f) Relações Interinstitucionais e Políticas Públicas1. Identificar se executores e proponentes fizeram parcerias com enti<strong>da</strong>des locais e/ou regionaispor ocasião <strong>da</strong> execução <strong>do</strong> projeto e se essas parcerias continuam ativas após aconclusão <strong>do</strong> projeto.2. Verificar se existem outras parcerias institucionais e financeiras.3. Verificar se o projeto influenciou alguma política pública em âmbitos local e regional.4. Verificar se o projeto oferece exemplos ou lições que podem ser usa<strong>da</strong>s nas políticas públicas.5. Verificar se projeto teve acesso a outros financiamentos ou créditos.6. Averiguar se o projeto se relaciona com outras iniciativas de educação ambiental. E emque âmbito.7. Verificar se o projeto mantém intercâmbio com outros projetos.8. Verificar a natureza e efetivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> assistência técnica presta<strong>da</strong> aos beneficiários.9. Verificar se existem relações com redes.g) Lições Aprendi<strong>da</strong>s e Disseminação1. Identificar as lições que esses grupos já aprenderam e de que forma foram apropria<strong>da</strong>spelos participantes <strong>do</strong> projeto.2. Verificar se outras comuni<strong>da</strong>des no entorno <strong>do</strong> projeto demonstraram interesse em desenvolverativi<strong>da</strong>des semelhantes ao projeto e se se pode referir a isso como efeito multiplica<strong>do</strong>r.3. Identificar que ativi<strong>da</strong>des <strong>do</strong> projeto continuam sen<strong>do</strong> realiza<strong>da</strong>s após sua conclusão esuas perspectivas de continui<strong>da</strong>de.4. Verificar as estratégias de difusão de resulta<strong>do</strong>s e meto<strong>do</strong>logias utiliza<strong>da</strong>s no projeto.5. Identificar a estratégia de educação ambiental a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> no projeto.79


SUBPROGRAMA PROJETOS DEMONSTRATIVOSSetor Comercial SulQuadra 6 - Bloco A - Ed. Sofia2º An<strong>da</strong>rCep 70.300-500Brasília - DFFone: 61.325-5224Fax: 61.223-0763E-mail: p<strong>da</strong>@mma.gov.br<strong>Ministério</strong> <strong>do</strong> <strong>Meio</strong> Ambi-

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