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INVESTIGAÇÃO DO EFEITO DO TEOR DE INTERSTICIAIS SOBRE O GRAU DESENSITIZAÇÃO EM AÇOS INOXIDÁVEIS FERRÍTICOS A 600°C1AbstractCarlos Augusto Serna­Giral<strong>do</strong>Doutor em Engenharia Metalúrgica pela EPUSP. E­mail: caserna@usp.brCristiane Reis I<strong>de</strong>Aluna <strong>de</strong> Graduação em Engenharia <strong>de</strong> Materiais da EPUSP. E­mail: cristiane.i<strong>de</strong>@poli.usp.brRodrigo MagnaboscoProfessor Doutor <strong>do</strong> Centro Universitário da FEI. E­mail: rodrmagn@fei.edu.brClarice Terui KunioshiDoutora em Ciência e Tecnologia Nuclear­Materiais pelo IPEN/CNEN­SPE­mail: clarice.kunioshi@poli.usp.brNeusa Alonso­FalleirosProfessora Doutora da EPUSP. E­mail: neusa.alonso@poli.usp.brThe purpose of this work was investigate the effect of carbon and nitrogen in 17%Cr ferriticstainless steels (16%Cr­0.04%C­0.032%N; 17.2%Cr­0.02%C­0.0062%N; 18.5%Cr­0.008%C­0.0213%N) on <strong>de</strong>gree of sensitization (DOS). These steels were solution annealed at 1200°C andquenched in water. Isothermal treatments were carried out at 600°C between 5 minutes and 16hours. The Double Loop Electrochemical Potentiokinetic Reactivation test (DL­EPR) were carrie<strong>do</strong>ut in 0.5M H 2 SO 4 solution at (25 ± 2)°C. The DOS was evaluated through the ratio betweenmaximum anodic current <strong>de</strong>nsity in reversion, i r , and activation, i a . The microstructural examinationof specimens was carried out in optical and scanning electron microscopy after metallographicetching with Vilella’s reagent. The results showed DOS variation with time. Maximum values ofDOS were obtained for each steel, followed by its reduction. The intensity of DOS and its kineticswere different in function of carbon and nitrogen content in steels.Key­words: Ferritic stainless steel. Intergranular corrosion. Sensitization. Electrochemicalreactivation potentokinetic test.ResumoO objetivo <strong>do</strong> presente trabalho foi investigar o <strong>efeito</strong> <strong>do</strong> <strong>teor</strong> <strong>de</strong> carbono e nitrogênio em açosinoxidáveis ferríticos com 17%Cr (16%Cr­0,04%C­0,032%N; 17,2%Cr­0,02%C­0,0062%N;18,5%Cr­0,008%C­0,0213%N) <strong>sobre</strong> o <strong>grau</strong> <strong>de</strong> sensitização (GS). Os aços foram solubiliza<strong>do</strong>s a1200°C e resfria<strong>do</strong>s em água. Tratamentos isotérmicos foram realiza<strong>do</strong>s a 600°C entre 5 minutos e16 horas. Foi realiza<strong>do</strong> o ensaio <strong>de</strong> reativação eletroquímica potenciodinâmica <strong>de</strong> ciclo duplo (DL­EPR) em solução 0,5M H 2 SO 4 a (25 ± 2)°C. O GS foi medi<strong>do</strong> através da relação entre as<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> correntes anódicas máximas nas etapas <strong>de</strong> reversão, i r , e ativação, i a . O examemicroestrutural <strong>do</strong>s corpos­<strong>de</strong>­prova foi realiza<strong>do</strong> nos microscópios óptico e eletrônico <strong>de</strong> varreduraapós ataque metalográfico com reagente Vilella. Os resulta<strong>do</strong>s mostram variação <strong>do</strong> GS com otempo. Um máximo <strong>de</strong> GS foi obti<strong>do</strong> para cada aço e, posteriormente, foi observada diminuição <strong>do</strong>GS. A intensida<strong>de</strong> <strong>do</strong> GS e o tempo <strong>de</strong> ocorrência variou em função <strong>do</strong>s <strong>teor</strong>es <strong>de</strong> carbono enitrogênio nos aços.Palavras­chave: Aços inoxidáveis ferríticos. Corrosão intergranular. Sensitização. Técnicaseletroquímicas potenciodinâmicas.


1. Introdução2Existe um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> evidências experimentais que sustentam a <strong>teor</strong>ia <strong>de</strong> empobrecimentono <strong>teor</strong> <strong>de</strong> cromo como a principal causa <strong>de</strong> corrosão intergranular em aços inoxidáveis ferríticos(BOND, 1969; DEMO, 1971; FRANKENTAL, PICKERING, 1973; LEE et alii., 1985;STREICHER, 1973). Nesses materiais, resfriamentos rápi<strong>do</strong>s até a temperatura ambiente, a partir<strong>de</strong> 900°C, não impe<strong>de</strong>m a precipitação <strong>de</strong> carbonetos e/ou nitretos ricos em cromo nos contornos <strong>de</strong>grão. Ao re<strong>do</strong>r <strong>de</strong>sses precipita<strong>do</strong>s, são formadas regiões pobres em cromo, as quais, se não atingemo <strong>teor</strong> mínimo <strong>de</strong> cromo (12%) para produzir passivida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>m ser atacadas por meios agressivose produzir corrosão intergranular. Essa condição é normalmente <strong>de</strong>nominada sensitização e po<strong>de</strong>ocorrer durante processamentos termomecânicos ou por soldagem.Dos elementos <strong>de</strong> liga presentes nos aços inoxidáveis ferríticos, o carbono é o elemento maisimportante relaciona<strong>do</strong> com a resistência à corrosão intergranular. Teores <strong>de</strong> 0,01%C sãosuficientes para produzir sensitização nesses aços (FOLKHARD, 1988). Nesse senti<strong>do</strong>, po<strong>de</strong> sepensar que diminuin<strong>do</strong> o <strong>teor</strong> <strong>de</strong> carbono, o aço apresente maior resistência à corrosão intergranular.No entanto, trabalhos encontra<strong>do</strong>s na literatura reportam que aços inoxidáveis ferríticos, com baixos<strong>teor</strong>es <strong>de</strong> elementos <strong>intersticiais</strong>, são susceptíveis a severa corrosão intergranular (BOND, 1969;ARAI, et alli., 1987; TULLMIN et alii., 1990). Além disso, reduzir o <strong>teor</strong> <strong>de</strong> elementos <strong>intersticiais</strong>a níveis inferiores a seus limites <strong>de</strong> solubilida<strong>de</strong> resultaria em uma prática economicamente inviável(GORDON, VAN BENNEKOM, 1996). A sensitização também po<strong>de</strong> ser reduzida adicionan<strong>do</strong>elementos estabiliza<strong>do</strong>res tais como titânio, nióbio, e/ou zircônio. Esses elementos formamcarbonetos e/ou nitretos mais estáveis, em elevadas temperaturas, que os carbonetos e/ou nitretos <strong>de</strong>cromo, reduzin<strong>do</strong> apreciavelmente a sensitização (TOMARI elii al., 1982; OGWU, DAVIES,1997).Os tratamentos térmicos, por outro la<strong>do</strong>, melhoram a resistência à corrosão intergranular <strong>do</strong>s açosinoxidáveis ferríticos. Esses tratamentos são normalmente especifica<strong>do</strong>s entre 650°C e 800°C(VILLAFUERTE, KERR, 1992). Nessas temperaturas, a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> difusão <strong>do</strong> cromo na ferritaé suficientemente elevada para permitir sua difusão, homogeneizan<strong>do</strong> as regiões empobrecidas. Nafaixa <strong>de</strong> temperaturas entre 500°C e 650°C, a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> difusão <strong>do</strong> cromo é reduzida (DEMO,1971), sen<strong>do</strong>, portanto, necessários maiores tempos <strong>de</strong> tratamento para se recuperar a resistência àcorrosão intergranular.O presente trabalho tem como objetivo estudar o <strong>efeito</strong> <strong>do</strong>s elementos <strong>intersticiais</strong>, carbono enitrogênio, na resistência à corrosão intergranular <strong>de</strong> aços inoxidáveis ferríticos com <strong>teor</strong>es <strong>de</strong>17%Cr após tratamento isotérmico a 600°C.2. Materiais e Méto<strong>do</strong>sA tabela 1 apresenta a composição química <strong>do</strong>s aços estuda<strong>do</strong>s. Nota­se principalmente osdiferentes <strong>teor</strong>es <strong>de</strong> elementos <strong>intersticiais</strong>, carbono e nitrogênio.Tabela 1. Composição química <strong>de</strong> aços inoxidáveis ferríticos. O aço com 16%Cr foi <strong>do</strong>ação daAcesita S.A. e os outros <strong>do</strong>is foram elabora<strong>do</strong>s na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Hokkai<strong>do</strong>­Japão.I<strong>de</strong>ntificação % C % N % Cr % Ni % Si % Mn % P % SCr­C­N 0,040 0,032 16,0 0,23 0,32 0,37 0,033 0,0065Cr­C 0,02 0,0062 17,2 0,71 0,2 0,21 0,02 0,02Cr­N 0,008 0,0213 18,5 ­­­­­ < 0,01 0,021 0,003 0,004Os aços foram solubiliza<strong>do</strong>s a 1200°C por 20 minutos, segui<strong>do</strong> <strong>de</strong> resfriamento rápi<strong>do</strong> em água.Posteriormente foram realiza<strong>do</strong>s tratamentos isotérmicos a 600°C por tempos <strong>de</strong> 5, 10, 20, 40 e 90


minutos e 2, 3, 4, 8 e 16 horas. Foi utiliza<strong>do</strong> forno tubular marca LINDBERG com controle <strong>de</strong>temperatura por relê <strong>de</strong> esta<strong>do</strong> sóli<strong>do</strong>. Os tratamentos térmicos foram realiza<strong>do</strong>s a vácuo para evitara excessiva oxidação das amostras.Todas as amostras, após tratamentos térmicos, foram lixadas em todas suas faces até lixa #600,embutidas em baquelite e feito furo para rosca, por on<strong>de</strong> ocorre o contato elétrico necessário nosensaios eletroquímicos. Os ensaios foram realiza<strong>do</strong>s em galvanostato/potenciostato PAR(Princenton Applied Research) mo<strong>de</strong>lo 273A. O controle <strong>do</strong>s parâmetros <strong>de</strong> ensaio e o registro <strong>do</strong>sresulta<strong>do</strong>s foram feitos com auxílio <strong>do</strong> programa “Mo<strong>de</strong>l 342 Softcorr Corrosion Software v.3.2”instala<strong>do</strong> em micromputa<strong>do</strong>r acopla<strong>do</strong> ao potenciostato.O ensaio <strong>de</strong> reativação eletroquímica potenciodinâmica <strong>de</strong> ciclo duplo (DL­EPR) foi realiza<strong>do</strong> emaproximadamente 700 mL <strong>de</strong> solução 0,5M H 2 SO 4 a (25±2)°C. A solução foi preparada com água<strong>de</strong>stilada e <strong>de</strong>ionizada, e reagente padrão analítico. Como eletro<strong>do</strong> <strong>de</strong> referência foi utiliza<strong>do</strong> oeletro<strong>do</strong> <strong>de</strong> calomelano satura<strong>do</strong> (ECS) e como contra­eletro<strong>do</strong> um fio <strong>de</strong> platina. Os corpos­<strong>de</strong>prova,previamente lixa<strong>do</strong>s até lixa #600, foram imersos na solução, on<strong>de</strong> permaneceram por 5minutos antes <strong>do</strong> início da polarização, permitin<strong>do</strong> a estabilização <strong>do</strong> potencial <strong>de</strong> corrosão. Oscorpos­<strong>de</strong>­prova foram posteriormente polariza<strong>do</strong>s anodicamente até 500 mV ECS , potencial on<strong>de</strong> omaterial encontra­se passivo e imediatamente iniciada a reversão. Tanto na ativação quanto nareativação, a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> varredura empregada foi <strong>de</strong> 1,67 mV/s. Finaliza<strong>do</strong> o ensaio foram li<strong>do</strong>sdiretamente <strong>do</strong> programa os valores das máximas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> corrente nas etapas <strong>de</strong> reversão, i r ,e <strong>de</strong> ativação, i a . O <strong>grau</strong> <strong>de</strong> sensitização foi medi<strong>do</strong> através <strong>do</strong> quociente i r /i a . Os ensaios foramrepeti<strong>do</strong>s no mínimo 6 vezes.O exame microestrutural foi realiza<strong>do</strong> em microscópios óptico e eletrônico <strong>de</strong> varredura (MEV)marca Philips XL­30, após ensaio DL­EPR e ataque metalográfico com reagente Vilella (1 g <strong>de</strong>áci<strong>do</strong> pícrico, 5 mL <strong>de</strong> HCl, e 100 mL <strong>de</strong> etanol), a fim <strong>de</strong> se observar a forma e distribuição <strong>do</strong>sprecipita<strong>do</strong>s presentes após tratamento isotérmico.3. Resulta<strong>do</strong>s e DiscussãoA figura 1 apresenta uma curva típica obtida após ensaio DL­EPR para o aço Cr­N solubiliza<strong>do</strong> etrata<strong>do</strong> isotermicamente a 600°C por 40 minutos. Observa­se que na ascensão <strong>do</strong> potencial omaterial apresenta máxima <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente, i a , em aproximadamente –460 mV ECS eposteriormente sofre passivação. Muitas das curvas apresentaram, na ascensão <strong>do</strong> potencial, osurgimento <strong>de</strong> um segun<strong>do</strong> máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente anódica, i 2máx , o qual também po<strong>de</strong>ser atribuí<strong>do</strong> à presença <strong>de</strong> regiões pobres em cromo, entre outras causas (ALONSO­FALLEIROSet alii., 1999). Após atingir 500 mV ECS , foi realizada a reversão até o potencial <strong>de</strong> corrosão. Durantea reativação as regiões pobres em cromo são atacadas geran<strong>do</strong> a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente <strong>de</strong>reativação, i r , a qual representa a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> região pobre em cromo. O valor <strong>de</strong> i r variasensivelmente com o tempo <strong>de</strong> tratamento isotérmico (SERNA­GIRALDO, 2006).A partir <strong>do</strong>s ensaios DL­EPR foram <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s os valores <strong>de</strong> <strong>grau</strong> <strong>de</strong> sensitização (GS) ­ tabelas2 e 3.Tabela 2. GS após solubilização a 1200°C e resfriamento em água (aproximadamente 23°C).Aço inoxidável ferrítico i r /i aCr­C­N 0,0030 ± 0,0032Cr­C 0,0013 ± 0,0017Cr­N 0,0006 ± 0,00013


4600400Potencial (mVECS)2000­200­400­600i 2máxi ri a­8001E­6 1E­5 1E­4 1E­3 1E­2 1E­1Densida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente (A/cm 2 )Figura 1. Curva DL­EPR para o aço Cr­N solubiliza<strong>do</strong> e trata<strong>do</strong> a 600°C por 40 minutos.Observa­se que o aço Cr­C­N, o qual tem maiores <strong>teor</strong>es <strong>de</strong> carbono e nitrogênio na suacomposição química (tabela 1), também apresenta maior valor <strong>de</strong> GS, segui<strong>do</strong> <strong>do</strong> aço com Cr­C e,por último, o aço Cr­N. Essa diferença <strong>de</strong> valores <strong>de</strong> GS po<strong>de</strong> ser atribuída principalmente ainfluência <strong>do</strong> carbono e é justificada a partir <strong>do</strong>s precipita<strong>do</strong>s forma<strong>do</strong>s nos contornos <strong>de</strong> grão. Afigura 2, após ataque metalográfico com reagente Vilella, mostra que, durante o resfriamento apartir da temperatura <strong>de</strong> solubilização <strong>do</strong> aço Cr­N, ocorreu fina precipitação nos contornos <strong>de</strong>grãos ferríticos. Micrografias similares a da figura 2 também foram observadas para os <strong>de</strong>mais açosapós solubilização, apresentan<strong>do</strong> estruturas completamente ferríticas. A diferença <strong>de</strong> composiçãoquímica <strong>do</strong>s aços po<strong>de</strong> gerar, em função <strong>do</strong>s <strong>teor</strong>es <strong>de</strong> carbono e nitrogênio, diferentes tipos <strong>de</strong>precipita<strong>do</strong>s: carbonetos, nitretos ou carbonitretos <strong>de</strong> cromo (JACK, JACK, 1973) os quais, por suavez, gerariam diferentes regiões empobrecidas em cromo e por conseguinte, diferentes valores <strong>de</strong>GS.solubiliza<strong>do</strong>Figura 2. Micrografia mostran<strong>do</strong> finos precipita<strong>do</strong>s forma<strong>do</strong>s nos contornos <strong>de</strong> grão ferrrítico noaço Cr­N, após tratamento térmico <strong>de</strong> solubilização. Ataque metalográfico: Vilella. (MEV).Os tratamentos isotérmicos realiza<strong>do</strong>s a 600°C geraram diferentes valores <strong>de</strong> GS (tabela 3). Essesvalores foram utiliza<strong>do</strong>s para elaborar o gráfico da figura 3. A variação <strong>do</strong> GS contra o tempoapresenta um comportamento semelhante: inicialmente é observa<strong>do</strong> aumento gradativo no GS, oqual atinge um valor máximo, em tempos diferentes para cada aço e, posteriormente, observa­sediminuição no GS com o aumento no tempo <strong>de</strong> tratamento isotérmico. Esse comportamento éconsistente com o reporta<strong>do</strong> para outros aços inoxidáveis (ALONSO­FALLEIROS et alii., 1999;TEODORO, WOLYNEC, 1998).


5Tabela 3. GS após tratamento isotérmico a 600°C.tempo Cr­C­N Cr­C Cr­N5 minutos 0,0062 ± 0,0015 0,0002 ± 0,0004 0,0014 ± 0,000410 minutos 0,0221 ± 0,0069 0,0276 ± 0,0016 0,0074 ± 0,003020 minutos 0,0312 ± 0,0071 0,0482 ± 0,0036 0,0075 ± 0,003640 minutos 0,0692 ± 0,0201 0,0267 ± 0,0105 0,0252 ± 0,004290 minutos 0,0949 ± 0,0215 0,0042 ± 0,0015 0,0167 ± 0,00552 horas 0,02334 ± 0,0078 0,0016 ± 0,0005 0,0033 ± 0,00383 horas 0,0163 ± 0,0190 0,0075 ± 0,0065 0,0023 ± 0,00324 horas 0,0060 ± 0,0059 0 ± 0 0,0024 ± 0,00308 horas 0,0102 ± 0,0048 0,0051 ± 0,0055 0 ± 016 horas 0,0044 ± 0,0032 0,0030 ± 0,0091 0,0004 ± 0,0007O aumento no GS é <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à precipitação <strong>de</strong> fases ricas em cromo e subsequente formação <strong>de</strong>regiões pobres nesse elemento. A figura 4 apresenta micrografias típicas observadas em MEV parao aço com Cr­N após tratamento isotérmico a 600°C por diferentes tempos. Observa­se que omaterial apresenta nova precipitação, ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s precipita<strong>do</strong>s forma<strong>do</strong>s inicialmente durante oresfriamento da solubilização (figura 2). Em 20 minutos são observa<strong>do</strong>s precipita<strong>do</strong>s nos contornos<strong>de</strong> grão. Essa quantida<strong>de</strong> precipitada aumenta com o tempo <strong>de</strong> tratamento isotérmico, como po<strong>de</strong>ser observa<strong>do</strong> para os tempos <strong>de</strong> 40 e 90 minutos. Em 2 horas observa­se que os precipita<strong>do</strong>sapresentam a mesma aparência <strong>do</strong>s precipita<strong>do</strong>s observa<strong>do</strong>s nos tempos anteriores. Por último,observa­se em 16 horas significativa mudança na morfologia e distribuição <strong>do</strong>s precipita<strong>do</strong>s:caracterizam­se por serem mais grosseiros e <strong>de</strong>scontínuos (resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> coalescimento).Os precipita<strong>do</strong>s forma<strong>do</strong>s após tratamento isotérmico a 600°C mostram correlação com o aumentono GS. Resulta<strong>do</strong>s similares foram obti<strong>do</strong>s por Serna­Giral<strong>do</strong> (2006) para o aço inoxidável ferríticoUNS S43000, após tratamentos isotérmicos entre 500°C e 700°C.0,125 min10 min 20 min40 min90 min2 h 3 h4 h8 h16 hGS (ir/ia )0,10,080,060,04Cr­CCr­NCr­C­N0,020100 1000 10000 100000tempo (s)Figura 3. Variação <strong>do</strong> <strong>grau</strong> <strong>de</strong> sensitização após tratamento isotérmico a 600°C por diferentestempos para os três aços pesquisa<strong>do</strong>s.Observa­se, na figura 3, que os aços com menores <strong>teor</strong>es <strong>de</strong> carbono e nitrogênio (aços Cr­C e Cr­N), apresentam cinética <strong>de</strong> sensitização mais rápida, comparativamente ao apresenta<strong>do</strong> pelo aço Cr­C­N. Esse fato confirma as informações da literatura (BOND, 1969; ARAI et alii., 1987), as quaismencionam que, diminuin<strong>do</strong> o <strong>teor</strong> <strong>de</strong> elementos <strong>intersticiais</strong> não se melhora significativamente aresistência à corrosão intergranular <strong>do</strong>s aços inoxidáveis ferríticos. O aço Cr­C (0,02%C e0,0062%N) apresenta máximo GS em 20 minutos, enquanto que os aços Cr­N (0,008%C e


0,0213%N) e Cr­C­N (0,040%C e 0,032%N) apresentam esse máximo em 40 e 90 minutos,respectivamente. Por outro la<strong>do</strong>, a <strong>de</strong>rivada da curva GS em função <strong>do</strong> tempo, no trecho <strong>de</strong>recuperação, é maior para o aço com eleva<strong>do</strong> <strong>teor</strong> <strong>de</strong> <strong>intersticiais</strong>, o que torna o tempo <strong>de</strong> tratamentopara recuperação o mesmo, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong>s <strong>teor</strong>es <strong>de</strong> carbono e nitrogênio; esse comportamento éuma evidência <strong>de</strong> que a recuperação é controlada pela difusão <strong>de</strong> cromo, não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong>s <strong>teor</strong>es<strong>de</strong> <strong>intersticiais</strong>.620 minutos 40 minutos90 minutos2 horas16 horasFigura 4. Precipita<strong>do</strong>s observa<strong>do</strong>s em MEV para o aço Cr­N após solubilização e tratamentoisotérmico a 600°C. De 20 minutos a 2 horas os contornos <strong>de</strong> grão são totalmente envolvi<strong>do</strong>s pelosprecipita<strong>do</strong>s. Em 16 horas os precipita<strong>do</strong>s são mais grosseiros e mostram <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>(coalescimento).Outro fato importante a se consi<strong>de</strong>rar é quanto à intensida<strong>de</strong> <strong>do</strong> GS obti<strong>do</strong> para cada aço, a qualparece ser diretamente proporcional ao <strong>teor</strong> <strong>de</strong> carbono, e não tanto assim ao <strong>teor</strong> <strong>de</strong> nitrogênio. O


aço Cr­C­N apresenta praticamente o <strong>do</strong>bro <strong>do</strong> valor <strong>de</strong> GS <strong>do</strong> aço Cr­C, o qual, por sua vez,também apresenta o <strong>do</strong>bro <strong>do</strong> GS <strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong> pelo aço Cr­N. Os precipita<strong>do</strong>s forma<strong>do</strong>s duranteos tratamentos isotérmicos seriam, principalmente, carbonetos <strong>de</strong> cromo tipo Cr 23 C 6 , o qual geramaior empobrecimento em cromo que o nitreto <strong>de</strong> cromo Cr 2 N (STREICHER, 1973).Sabe­se que o processo <strong>de</strong> precipitação e sensitização é controla<strong>do</strong> pela difusão <strong>do</strong> cromo. Nessesenti<strong>do</strong>, a 600°C, a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> difusão <strong>do</strong> cromo em aços inoxidáveis ferríticos com 17%Cr é <strong>de</strong>3,33x10 ­14 cm 2 /s (ARAI et alii., 1987), enquanto que a difusão <strong>do</strong> carbono e <strong>do</strong> nitrogênio são3,27x10 ­7 cm 2 /s e 1,87x10 ­7 cm 2 /s, respectivamente (HONEYCOMBE, 1982). A partir dacomposição química (tabela 1), nota­se que os aços apresentam ligeira variação no <strong>teor</strong> <strong>de</strong> cromo.Segun<strong>do</strong> Hodges (1971), o aumento no <strong>teor</strong> <strong>de</strong> cromo aumenta o fluxo <strong>de</strong>sse elemento, o queacelera os processos <strong>de</strong> sensitização e recuperação. No presente trabalho, esse <strong>efeito</strong> <strong>do</strong> <strong>teor</strong> <strong>de</strong>cromo não foi observa<strong>do</strong>, o que mostra que as diferenças <strong>de</strong> <strong>teor</strong> <strong>de</strong> cromo entre os aços estuda<strong>do</strong>snão interfiriu nas conclusões <strong>sobre</strong> o <strong>efeito</strong> <strong>do</strong>s elementos <strong>intersticiais</strong>.O <strong>efeito</strong> <strong>do</strong> carbono também po<strong>de</strong> ser observa<strong>do</strong> nos aços Cr­C­N (0,040%C) e Cr­C (0,02%C).Esses aços não só apresentam maior GS em relação à condição solubilizada, como tambémapresentam maior velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sensitização para os tempos entre 5 e 20 minutos (figura 3). Oaumento no GS para o aço Cr­C­N <strong>de</strong>ve­se provavelmente à disponibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> carbono na matrizferrítica para continuar precipitan<strong>do</strong>, principalmente como carboneto <strong>do</strong> tipo M 23 C 6 . Por outro la<strong>do</strong>,no aço Cr­N (0,008%C e 0,0213%N), po<strong>de</strong>r­se­ia esperar a precipitação <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> cromo, Cr 2 N;no entanto, a estequiometria <strong>do</strong> nitreto envolve menor consumo <strong>de</strong> cromo <strong>do</strong> que a <strong>do</strong> carboneto;além disso, a solubilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> nitrogênio é maior <strong>do</strong> que a <strong>do</strong> carbono (HONEYCOMBE, 1982), etais fatos explicariam a razão <strong>do</strong> maior tempo necessário para se atingir o máximo GS no aço Cr­N.4. ConclusõesOs aços inoxidáveis ferríticos com <strong>teor</strong>es variáveis <strong>de</strong> carbono e nitrogênio (16%Cr­0,04%C­0,032%N; 17,2%Cr­0,02%C­0,0062%N; 18,5%Cr­0,008%C­0,0213%N) são susceptíveis àcorrosão intergranular após tratamento isotérmico realiza<strong>do</strong> a 600°C. O aumento no <strong>teor</strong> <strong>de</strong> carbonoaumenta o valor máximo <strong>de</strong> <strong>grau</strong> <strong>de</strong> sensitização <strong>do</strong> aço. Por outro la<strong>do</strong>, o aumento <strong>do</strong> <strong>teor</strong> total <strong>de</strong><strong>intersticiais</strong> (C + N) aumenta o tempo necessário para a obtenção <strong>do</strong> máximo <strong>grau</strong> <strong>de</strong> sensitização.Tratamentos isotérmicos por tempos maiores que 2 horas melhoram significativamente a resistênciaà corrosão intergranular <strong>do</strong>s três aços estuda<strong>do</strong>s; ou seja, o tempo <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> recuperaçãomostrou­se in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> <strong>teor</strong> total <strong>de</strong> <strong>intersticiais</strong>. Maiores tempos <strong>de</strong> tratamento isotérmicogeram aglomeração e crescimento <strong>do</strong>s precipita<strong>do</strong>s forma<strong>do</strong>s nos contornos <strong>de</strong> grão.5. Agra<strong>de</strong>cimentosOs autores agra<strong>de</strong>cem a CAPES, a ANP, a ACESITA e a FEI.6. Referências BibliográficasALONSO­FALLEIROS, N. et alii. Intergranular corrosion in a martensitic stainless steel <strong>de</strong>tectedby electrochemical tests. Corrosion, v. 55, n. 8, p. 769­778, 1999.ARAI, H. et alii. Theoretical analysis of susceptibility of ferritic stainless steel to intergranularcorrosion caused by welding. Transaction of JWRI, v. 16, n. 1, p. 131­137, 1987.BOND, A.P. Mechanism of intergranular corrosion in ferritic stainless steels. Transactions of theMetallurgical Society of AIME, v. 245, p. 2127­2134, 1969.DEMO, J.J. Mechanism of high temperature embrittlement and loss of corrosion resistance in AISItype 446 stainless steel. Corrosion, v. 27, n. 12, p. 531­544, 1971.7


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