In Focus 3 - Unimar
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Érica Flávia Motta e Patrícia Malheirosto e da completude obtém a formulação da própria demanda,que se dá a partir da constatação dessa pessoa de que algo falta.Estando visível que a obesidade pode se apresentar na vidade um indivíduo, primeiramente como um conjunto de manifestaçõescorporais, é preciso pensar sobre duas questões fundamentaisque auxiliem no entendimento dessa lógica do comer: ocorpo e o objeto.Seixas (2009) aponta que, na obesidade, é evidente um sintomaque se articula através da oralidade, podendo parecer que setrata de uma falta que se operou no nível da realidade. Do pontode vista psicanalítico, é possível garantir uma relação direta comum objeto da realidade (comida), buscando a contingência queinstaura a primazia do objeto oral no enfrentamento da frustraçãoe na busca da satisfação.Seguindo esse raciocínio, a problemática do corpo se inscreveno campo psicanalítico de modo singular, visto que a psicanáliseé confrontada ao real do corpo em suas articulações com acultura, não escapando, dessa forma, à incidência da linguagem.Sem qualquer margem de dúvida, para a psicanálise não se tratado corpo biológico ou cultural, mas do corpo pulsional, do qualnão se pode isolar o puro organismo vivo e instintual.Freud em seu trabalho Pulsões e destinos da pulsão, de 1915,alavancou a pulsão 9 como um dos conceitos fundamentais quepermitiram a fundação do campo psicanalítico em oposição aocampo médico. Os estudos sobre os sintomas histéricos de con-9 Quanto ao conceito de pulsão, somente um sujeito afetado pelo inconsciente estruturadocomo uma linguagem pode ser acossado por uma pulsão e por sua exigênciade satisfação constante. Somente para um sujeito, esse modo de satisfação que traz apulsão pode ser causa de um enigma, abrindo assim as vias ao desejo (LACAN, 1985,p.42).244 |In Focus 3 - Unimar
Obesidade: o excesso de peso como sintomaversão que desafiavam a clínica médica apontavam, desde o nascimentoda psicanálise, a necessidade de constituir um estatutode corpo diferente do biológico, numa tentativa de apreenderessa estreita relação entre o corpo e o psiquismo, que diferenciaos seres humanos dos animais.Para Rabinovich (2004), a distinção fundamental que o corpoassume para a psicanálise reside no fato de que o ser humanoé essencialmente marcado pela sua inserção no campo da linguagem.O aspecto significante é o “objeto” da psicanálise: o sujeitoque a psicanálise apresenta é um sujeito dividido, fragmentado.É um sujeito que é outro, onde o significante representa umsujeito para outro significante, fixando que o ser humano estásujeito à linguagem e, assim, aprisionado em sua relação com oCampo do Outro 10 .A autora, ainda, explica que é na estrutura da linguagemque advém o sujeito do inconsciente, submetido à lei do significanteque lhe é preexistente, enfatizando a subordinação dosujeito ao Campo do Outro e, consequentemente, sua alienaçãofundamental ao significante.A essa questão é possível acrescentar as palavras de Carvalhoe Martins (2004), de que a analise da relação de objeto acaracteriza como propulsora da relação do sujeito com o mundo.Ou seja, o sujeito está sempre se relacionando com o mundo (ooutro) através do desejo de um objeto.10 Freud afirmou que o ser humano não nasce com uma unidade mental equivalenteao “eu”, mas com um certo caos resultado do corpo ainda fragmentado e que, para estaunidade ser apreendida, é necessário um esquema mental. Lacan, por sua vez, afirmouque esse esquema mental é antecipado para o sujeito por um Outro, antes mesmo desua capacidade motora se expressar. Esse Outro está além de uma dimensão imaginária,sendo o portador de diversos significantes. Quem primeiro ocupa esse lugar deOutro, para a criança, é aquele que exerce a função materna (BATTAGLIA, 2009).In Focus 3 - Unimar | 245
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Obesidade: o excesso de peso como sintomaversão que desafiavam a clínica médica apontavam, desde o nascimentoda psicanálise, a necessidade de constituir um estatutode corpo diferente do biológico, numa tentativa de apreenderessa estreita relação entre o corpo e o psiquismo, que diferenciaos seres humanos dos animais.Para Rabinovich (2004), a distinção fundamental que o corpoassume para a psicanálise reside no fato de que o ser humanoé essencialmente marcado pela sua inserção no campo da linguagem.O aspecto significante é o “objeto” da psicanálise: o sujeitoque a psicanálise apresenta é um sujeito dividido, fragmentado.É um sujeito que é outro, onde o significante representa umsujeito para outro significante, fixando que o ser humano estásujeito à linguagem e, assim, aprisionado em sua relação com oCampo do Outro 10 .A autora, ainda, explica que é na estrutura da linguagemque advém o sujeito do inconsciente, submetido à lei do significanteque lhe é preexistente, enfatizando a subordinação dosujeito ao Campo do Outro e, consequentemente, sua alienaçãofundamental ao significante.A essa questão é possível acrescentar as palavras de Carvalhoe Martins (2004), de que a analise da relação de objeto acaracteriza como propulsora da relação do sujeito com o mundo.Ou seja, o sujeito está sempre se relacionando com o mundo (ooutro) através do desejo de um objeto.10 Freud afirmou que o ser humano não nasce com uma unidade mental equivalenteao “eu”, mas com um certo caos resultado do corpo ainda fragmentado e que, para estaunidade ser apreendida, é necessário um esquema mental. Lacan, por sua vez, afirmouque esse esquema mental é antecipado para o sujeito por um Outro, antes mesmo desua capacidade motora se expressar. Esse Outro está além de uma dimensão imaginária,sendo o portador de diversos significantes. Quem primeiro ocupa esse lugar deOutro, para a criança, é aquele que exerce a função materna (BATTAGLIA, 2009).<strong>In</strong> <strong>Focus</strong> 3 - <strong>Unimar</strong> | 245