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Érica Flávia Motta e Patrícia Malheirosque, nessas ocasiões, se sente livre da sua obsessão e tem a ilusãode que a situação está sob controle, porém, se surgir a vontadeincontrolável, nada mais importa e se rende novamente à compulsãoseguida pelo sentimento de culpa. Numa tentativa de resgatara autoestima, pensa que, talvez, não tenha se prejudicadotanto. Com efeito, quando está triste por ser gordo, come maisainda, porque comer gera, inconscientemente, felicidade, aconchegoe proteção.Para Dowling (1988), a dificuldade de controlar o consumode alimento está ligada, geralmente, à necessidade do indivíduode controle externo, ou seja, das normas rígidas de uma dieta,por exemplo. Sendo assim, esse indivíduo não possui naturalmente,o autocontrole e, se não se observar constantemente, passaa comer demais e o resultado aparece no corpo, assim como osofrimento ao se dar conta do aumento de peso.Para encerrar esta parte, retomamos as ideias de Azevedo(2004), referente à perda de controle do compulsivo alimentar.O autor comenta que a obesidade é evidentemente marcada poruma forma de evitar o mal-estar associado à sensação de fome.Nos casos mais graves, a compulsão alimentar faz com que essasensação seja abolida rapidamente, sem que haja por parte docompulsivo qualquer preocupação com o gosto do alimento oucom o prazer obtido através da alimentação. O que importa ésentir-se cheio, podendo, muitas vezes, haver o desenvolvimentode outras condutas compulsivas ou de outras práticas compensatórias.A comida parece ser, então, repetidamente utilizada comoum recurso para conter o sofrimento, sendo vivenciada imaginariamentecomo o objeto capaz de sanar a angústia suscitada pelo238 |In Focus 3 - Unimar
Obesidade: o excesso de peso como sintomavazio incorporado. E o próprio sintoma compulsivo demonstraa impossibilidade de preenchimento, remetendo sempre a umnovo movimento de satisfação.4 Contribuições da psicanálise para a obesidadeA psicanálise é o nome de um procedimento para a investigaçãode processos mentais que são quase inacessíveis poroutro modo...FreudA partir de agora, pretende-se citar a questão da obesidadecomo sintoma que mostra uma lógica subjacente ao comer, comsignificado, muitas vezes, além da necessidade de cura clinica, deum pedido implícito de socorro.Para tanto, esta pesquisa se apoia nas formulações de CristianeSeixas apresentadas em sua tese de mestrado em CiênciasHumanas e Saúde, da Universidade do Rio de Janeiro: “Comer,demandar, desejar: considerações psicanalíticas sobre o corpo eo objeto na obesidade”, publicada em 2009. Nela, a obesidade étomada como objeto de estudo diante da questão do corpo queé entendido pela psicanálise além da moldura corporal feita pelasociedade, como um corpo recortado pela linguagem e resultanteda complexa operação de configuração de imagem através dainstalação da alteridade. A importância que o corpo ganhou naatualidade tem, sem dúvida, efeitos na constituição do eu, sejapela densidade identitária que o corpo passa a oferecer ao sujeito,seja pela impossibilidade de identificar-se a um corpo com o qualse está sempre descontente.In Focus 3 - Unimar | 239
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Érica Flávia Motta e Patrícia Malheirosque, nessas ocasiões, se sente livre da sua obsessão e tem a ilusãode que a situação está sob controle, porém, se surgir a vontadeincontrolável, nada mais importa e se rende novamente à compulsãoseguida pelo sentimento de culpa. Numa tentativa de resgatara autoestima, pensa que, talvez, não tenha se prejudicadotanto. Com efeito, quando está triste por ser gordo, come maisainda, porque comer gera, inconscientemente, felicidade, aconchegoe proteção.Para Dowling (1988), a dificuldade de controlar o consumode alimento está ligada, geralmente, à necessidade do indivíduode controle externo, ou seja, das normas rígidas de uma dieta,por exemplo. Sendo assim, esse indivíduo não possui naturalmente,o autocontrole e, se não se observar constantemente, passaa comer demais e o resultado aparece no corpo, assim como osofrimento ao se dar conta do aumento de peso.Para encerrar esta parte, retomamos as ideias de Azevedo(2004), referente à perda de controle do compulsivo alimentar.O autor comenta que a obesidade é evidentemente marcada poruma forma de evitar o mal-estar associado à sensação de fome.Nos casos mais graves, a compulsão alimentar faz com que essasensação seja abolida rapidamente, sem que haja por parte docompulsivo qualquer preocupação com o gosto do alimento oucom o prazer obtido através da alimentação. O que importa ésentir-se cheio, podendo, muitas vezes, haver o desenvolvimentode outras condutas compulsivas ou de outras práticas compensatórias.A comida parece ser, então, repetidamente utilizada comoum recurso para conter o sofrimento, sendo vivenciada imaginariamentecomo o objeto capaz de sanar a angústia suscitada pelo238 |<strong>In</strong> <strong>Focus</strong> 3 - <strong>Unimar</strong>